«Nunca pensei que a Ciência pudesse ser tão divertida… até ter lido este livro.» jeff kinney, o diário de um banana
«Muitas gargalhadas e muita ciência: o tipo de coisas inteligentes e divertidasque fazem do Jon Scieszka uma lenda.»Mac Barnett, autor de A Dupla Terrível
«Este livro tem o balanço perfeito entre ciência para cromos e humor para totós. Não vais
conseguir parar de lê-lo: é simplesmente viciante.»Booklist
já tens os meusoutros livros
geniais?
«Nuncapensei que a Ciência pudesse ser tão divertida… até ter lido este livro.»
jeff kinney,o diário de um banana
9+ISBN 978-989-8849-39-7
Literatura Juvenil
9 789898 849397
Legenda da capa:
O Frank Einstein (A) é um cientista genial e um inventor talentoso. O Klink (B) tem inteligência artificial. E o Klank (C) tem qua se inteligência artificial. Juntos criaram o Turbocérebro (D), uma invenção extraordinária que melhora to-dos os sistemas do corpo humano, aumentan-do as suas capacidades.Claro que o T. Edison, o arqui-inimigo do Frank, desenha (E) logo um plano maquiavélico para roubar o Turbocérebro e usar os seus poderes para dominar o mundo. Será que o Frank e o seu grupo de amigos vão conseguir impedir o T. Edison?
HUMANOS: NEURÓNIOS 114–15
Humanos. Nas profundezas da mais antiga selva. Verde
compacto. Eco de pios de aves. Cheiro a terra molhada.
Lama a esguichar por entre os dedos dos pés. Ar denso
o suficiente para se lhe sentir o sabor. Atrás de um
esqueleto andante. Que de repente ilumina uma rede de nervos
reluzentes, que alimentam um cérebro cintilante. À frente,
uma clareira. Aí, uma figura escura, vinda do
futuro, ergue ‑se sobre um monte de areia, gira
o braço e faz disparar uma pedra… rápido,
mais rápido, ainda mais rápido… sonha
a Janegoodall.
Rebuçado. Doce, azedo, salgado, amargo,
quen te, frio, glorioso. Rebuçado a turbo. Super‑
rebuçado vibrante, explosivo… sonha o Watson.
O rebentar aquoso das ondas do mar. Cardumes
de… daqueles peixes… não são bem peixes… que
nome é que se dá àquilo? Mamíferos com focinho
de garrafa saltam da água em arcos graciosos. A água azul‑
‑esverdeada que cobre a Terra. O sistema solar de Mercúrio,
Vénus, Marte… e aquele planeta a seguir. Dantes sabia tão bem
o nome deles como o meu… sonha o avô Al.
O embate de nuvens roxas tempestuosas sobre a es‑
trondosa e pulsante explosão de relâmpagos por
cima de um vulcão. Apanhar aquela descarga
elétrica azul e branca estrondosa. Orientá ‑la
para uma espiral contínua. Multiplicá ‑la atra‑
vés do tronco cerebral, até aos lobos cerebrais
numa bela e latejante rede dourada. A Janegoodall rejubila.
O Watson ri ‑se. O avô Al, mas o avô Al com 10 anos de idade,
não se sabe bem porquê, dança de maneira estranha… sonha o
Frank Einstein.
01010111 01001000 01011001 00100000
01000011 01001000 01001001 01000011
01001011 01000101 01001110 00100000
01010111 01001000 01011001 00111111… sonha
o Klink.
Ocorpo humano é impressionante — diz o Frank Einstein ao
ao Watson, no banco dos visitantes do campo de
basebol de Midville, enquanto observa a Janegoodall
no terreno de jogo.
Com o polegar, o Frank controla o joystick do comando do
seu mini FrankenDrone. O pequeno quadricóptero põe ‑se em
posição por cima do terreno elevado e começa a emitir imagens
para o ecrã do Frank.
A Janegoodall vira ‑se de lado para a base.
— O esqueleto é composto por um sistema
completo de ossos — maravilha ‑se o Frank.
Ela encolhe os braços junto ao peito e
levanta a perna esquerda com impulso.
1
—
7
— Todo o sistema muscular que faz
mexer os ossos… — continua o Frank.
A Janegoodall dá um passo pesado em
frente.
— O sistema digestivo, que produz
ener gia para os músculos…
Ela dá um impulso com a perna direita
para se elevar.
— O sistema circulatório do coração
e do sangue que distribui essa energia…
Descontrai os braços, vira o corpo, es‑
tica e faz rodopiar o braço direito.
— E o sistema nervoso, que controla
tudo… Impressionante.
Liberta a bola de basebol da mão
di reita.
— Hum hum — concorda o Watson,
chupando, pensativamente, um rebu‑
ça do de limão azedo.
A bola voa da ponta dos dedos da
Janegoodall e atravessa os 14 metros até
à base em pouco mais de meio segundo.
O Klank balança o taco e falha.
8
Pum! A bola chega à luva do Klink.
— Primeiro strike — anuncia o Klink. — Velocidade de
trajetória: 88 quilómetros por hora.
O Frank analisa as imagens do drone e os diagramas dos
sistemas do corpo humano no ecrã do computador portátil.
— Então, para ajudarmos a Janegoodall, só precisamos de
arranjar uma invenção que torne o corpo humano um boca‑
dinho mais impressionante ainda.
A seguir ao limão azedo, o Watson come um rebuçado de
cereja doce.
— É só isso? Ah, é fácil! É só tornar o corpo humano melhor
do que já é… no dia antes das provas de aptidão! Estás doido?
— Claro que não — diz o Frank Einstein, trazendo o
FrankenDrone até ao banco para uma aterragem perfeita. —
Já estou a trabalhar em algumas ideias que tive.
O Watson mete uma bola de canela picante na boca.
— Isso é o mesmo que eu dizer que vou inventar um rebuçado
que vai saber mais a rebuçado do que já sabe.
— Exatamente — confirma o Frank.
O Klink atira a bola de basebol novamente para a Janegoodall
com o braço mecânico.
— A tua velocidade de trajetória não é má… para um
humano.
9
A Janegoodall apanha a bola, ignora a piadola do Klink e
concentra ‑se incentivando ‑se a si mesma.
— Mas para as provas de aptidão tenho de ser mais rápida.
— Atira uma para a base — apita o Klank. — Quase
consegui apanhar aquela!
O Klink gira o olho de webcam.
— Não chegaste nem lá perto.
O Frank esboça as suas ideias no caderno de apontamentos
do laboratório acerca do corpo humano:
OBSERVAÇÃO: O lançamento utiliza muitos sistemas do corpo
humano.
A Janegoodall rodopia.
HIPÓTESE: Se ao menos um dos sistemas for melhorado, os
resultados do lançamento serão melhorados.
A Janegoodall lança. O Klank balança num arco pujante.
Puuum!
— Segundo strike. Noventa quilómetros por hora — diz
o recetor Klink, atirando a bola de volta ao terreno de jogo.
EXPERIÊNCIA: Arranjar maneira de melhorar esqueleto, mús‑
culos, digestão, circulação…?
O Watson mete uma semente de girassol na boca.
— Eu devia inventar um rebuçado que contivesse todos os
sabores: azedo, doce, salgado…
10
O Frank dá um toque no joystick do comando para tornar a
pôr o FrankenDrone a voar.
— Isso até é capaz de ser boa ideia, Watson.
A Janegoodall gira o braço e lança.
— Hummm — diz o Watson. — Podia chamá ‑lo de rebuçado
SaborATudo.
O Klank fecha os olhos e balança com tanta força que co‑
meça a andar às voltas com toda a velocidade.
Tráaas!
A bola bate no taco e sai disparada. Faz um arco para o alto,
bem lá para o alto, muito por cima do muro do lado esquerdo
do campo…
O Klank rodopia.
— Acertei! Acertei! Acertei!
— Quase impossível — calcula o Klink. — Mas, sim, con‑
seguiste, não sei como, acertar.
A bola desaparece por completo para fora do Parque de
Midville Menlo.
— Ena! — diz o Frank.
Crás! Ouve ‑se um som de vidro a partir — vindo do sítio
onde a bola desapareceu.
— O ‑ho — diz o Watson, pondo ‑se de pé num salto.
12
Ocorpo humano é fraco — diz o T. Edison ao Sr. Chimp, no
meio do seu novo e elegante edifício dos Laborató‑
rios T. Edison na Rua Menlo, enquanto liga o último
cabo elétrico ao tronco de um enorme cérebro
de vidro.
O Sr. Chimp levanta os olhos das palavras cruzadas e con‑
corda com um aceno de cabeça.
O T. Edison liga o cabo.
— As peças do corpo humano desgastam ‑se, desintegram ‑se
e morrem.
O Sr. Chimp bate com o lápis.
— Então, tens ideia do que estou a fazer? — pergunta o
T. Edison.
2
—
13
O Sr. Chimp bate novamente com o lápis e finge que está a
pensar. Revira os olhos, abana a cabeça e faz sinais:
— Pois claro que não tens ideia nenhuma. Porque o génio
inventor sou eu e eu é que tenho as ideias todas.
O T. Edison vira ligeiramente a invenção, para a ajustar com
firmeza à base.
— Estou a fazer um cérebro mais rápido, mais poderoso e
melhor do que qualquer cérebro humano.
O T. Edison liga o interruptor de corrente. O cérebro de
vidro cintila com linhas e pulsações de luz colorida.
— Estou a fazer um cérebro que não irá enfraquecer, parar de
funcionar ou desintegrar ‑se. Um cérebro que irá permitir ‑me
controlar outros cérebros…
O T. Edison estica os braços e grita com a voz esganiçada:
— Apresento ‑te… o Supercérebro do T. Edison!
O T. Edison e o Sr. Chimp observam os clarões latejantes
de luz do Supercérebro percorrendo as funções de todas as
partes do cérebro.
I D e I A N e N H u M A
14
— Ah pois! — crocita o T. Edison. — Sou o Feiticeiro de Mid…
Crás! Uma parte do telhado envidraçado estilhaça ‑se em
cem pedacinhos. Uma saraivada de vidro, e uma bola de ba‑
sebol toda esfolada cai na sala.
A bola atinge o Supercérebro do T. Edison.
O Supercérebro explode numa eclosão de faíscas às cores,
cabos e vidro de cérebro partido.
— Nãããããããããããooo! — grita o T. Edison. — O meu Super‑
cérebro! Destruíram o meu Supercérebro! Quem é que fez isto?
O Sr. Chimp segura na bola de basebol como pista óbvia.
O T. Edison começa a andar em círculos, furioso.
— Quem? Quem? Quem?
O Sr. Chimp pensa numa palavra de cinco letras para «muito
inteligente». Atira a bola de uma mão para a outra.
O cérebro do T. Edison está a trabalhar em modo sonoro.
E por fim ele percebe.
— Basebol… campo de basebol… é isso! — grita o T. Edison. —
Anda daí, Sr. Chimp! Vamos ao campo de basebol de Midville
apanhar o idiota que deu cabo da minha invenção!
O Sr. Chimp preenche a coluna 7 vertical das palavras cruza‑
das com G ‑É ‑N ‑I ‑O e sai pela porta do laboratório, no encalço
do ainda irritado T. Edison.
16
OKlink, o Klank, o Frank, o Watson e a Janegoodall rolam
aceleram e correm o mais rápido que conseguem
pela Rua Principal abaixo, viram à esquerda na Rua
do Carvalho, à direita na do Pinheiro e entram no
laboratório do Frank Einstein. Fecham a porta com estrondo
atrás deles e deixam ‑se cair no velho sofá. O Frank, o Watson
e a Janegoodall riem ‑se e ofegam.
Intrigados, o Klink e o Klank observam os seus companhei‑
ros humanos.
— Que cena é essa de inspirar ar tão rápido? — per‑
gunta o Klink.
— Nós consumimos muito oxigénio a correr assim tão de‑
pressa — explica o Frank. — Por isso, para o substituir, os
nossos corpos trabalham mais depressa do que é habitual.
— Estou a ver — diz o Klink, fazendo uma pesquisa ins‑
tantânea acerca do sistema respiratório humano.
3
17
» Os vossos músculos empurram o diafragma para
baixo, fazendo com que os pulmões se expandam, levando
o ar para o nariz e a boca, para descer pela traqueia,
através dos brônquios…
— Exatamente — confirma o Frank, estacionando o
FrankenDrone numa prateleira por cima da bancada de
trabalho.
— … para o interior de vias aéreas mais pequenas cha‑
madas bronquíolos — continua o Klink —, que terminam
em cavidades de ar semelhantes a balões chamadas
alvéolos, rodeados pelos vasos sanguíneos mais pe‑
quenos, que se chamam capilares…
18
— … onde o ar inalado passa para o sangue e regressa
ao coração, distribuindo oxigénio para as células, tecidos e
órgãos do vosso corpo.
— Uau — diz a Janegoodall.
— Estás a brincar? — acrescenta o Watson. — Ou podias ter dito
simplesmente que estamos sem fôlego.
— Eu não estou a brincar — diz o Klink. — E porque é que
se estão a rir?
Isto faz com que o Watson e a Janegoodall se riam ainda mais.
— Acabámos de fugir de alguém com uma janela partida e prestes
a ficar muito zangado — diz o Watson.
19
ArTérIA PuLMoNAr(SANGue Do CorAÇÃo)
VeIA PuLMoNAr(SANGue PArA
o CorAÇÃo)
ALVéoLoS CAPILAreS
— Onde é que está a piada? — pergunta o Klink.
— Eu sei onde está — diz o Klank. — Tem tanta piada
como aquela do: Porque é que a galinha atraves‑
sou a estrada?
O Klink pisca uma luz verde e produz um zumbido.
— Com a informação que me forneceste, não consigo
dizer. Porque é que a galinha atravessou a estrada?
— Para chegar ao outro lado! — apita o Klank. — Ah,
ah, ah!
O Klink pisca agora rapidamente.
— O quê? E porque é que isso tem piada? Porque é
que é uma galinha? O que é que uma galinha…
O cérebro de disco rígido do Klink gira e para, gira e para.
O Frank dá um salto e bate na parte lateral da redoma de
vidro do Klink.
— Esquece a galinha. Está na hora de prosseguir com a nossa
experiência.
O Frank vasculha uma pilha de brinquedos estragados e um
monte de modelos com cores garridas.
— Ainda bem que o avô Al limpou tanto a antiga loja de
brinquedos como o velho hospital. E que acrescentou
todas estas peças espetaculares ao ferro ‑velho da oficina
ArranjoFixe!.
20
O Frank segura numa barata gigante enrolada e num modelo
exageradamente grande do ouvido humano.
— Temos tudo aquilo de que poderemos vir a precisar.
— Temos mesmo! — diz o Watson.
A Janegoodall pega num cão empalhado sem orelhas e num
modelo com veias azuis de um coração humano vermelho.
— A sério? E porque é que precisamos desta tralha toda
exatamente?
— Por causa disto — diz o Frank. — A minha primeira ideia.
OFrank abre um armário de laboratório alto e tira de lá um
esqueleto em tamanho
real.
— Eh lá! — diz o Watson.
— Que giro — diz a Janegoodall.
— Um ser humano adulto tem um
total de 206 ossos — diz o Frank.
— E usamos quase todos quando
fazemos um lançamento.
A Janegoodall dobra o úmero, o
rádio e o cúbito, os ossos ligados à
articulação do cotovelo, e assente
com a cabeça.
— Eu estava a ler acerca de
um dos inventores preferidos
do Watson… — O Frank afixa na
Parede da Ciência uma gravura
de um velhote com sobrancelhas
esquisitas e uma barba comprida
e ondulada.
O Watson lambe dois dos seus rebuçados.
— Leonardo da Vinci. — O Watson junta os rebuçados doces
e azedos num único pauzinho. — Ei! Isso ainda é um nome me‑
lhor do que SaborATudo. Vou chamar à minha nova invenção
de rebuçados os Da Vinci!
— Nasceu a 15 de abril de 1542 — recita o Klink. — Pintor,
escultor, inventor, músico, matemático, engenheiro e
escritor italiano.
— Eu vi este desenho que Da Vinci fez quando andava a
estudar o corpo humano — continua o Frank. — E surgiu ‑me
a ideia: duplicando o esqueleto, duplico a força!
A Janegoodall vira o fémur do esqueleto.
— O quê?
— Então eu, o Klink e o Klank temos uma ideia para uma
grande melhoria. — O Frank vasculha a pilha de brinquedos
e modelos no laboratório.
23
O Frank encontra o que procura e segura nas mãos dois
braços e duas pernas.
— Uau — diz a Janegoodall.
O Frank e o Klink prendem rapidamente os braços e as
pernas extras ao Klank.
24
— Ah pois! — diz o Klank. — Brac,os a dobrar e per‑
nas a dobrar tornam ‑me humano a dobrar!
— Hum, não me parece que funcione dessa maneira — diz a
Janegoodall. — E além do mais…
— Braços prontos! — grita o Frank.
— Pernas prontas! — grita o Klink.
— Klank pronto! — grita o Klank.
O Frank mete uma bola de basebol numa das quatro mãos
do Klank.
— Watson! Anda cá. Quero que… apanhes. Klink, tu registas
as velocidades.
O Watson pousa a invenção de rebuçado e pega na luva de
recetor.
O Klank flete todos os seus braços.
— Sou o Novo Klank Melhorado a dobrar!
— Que maravilha — diz o Klink. — Só é pena que o ta‑
manho do teu cérebro não possa ser melhorado.
— Ei — diz o Klank. — Isso é uma piada?
— Primeiro teste! — diz o Frank. — Klank, dá impulso e lança
uma bola lenta ao Watson.
O Klank dobra os quatro braços numa imitação dupla do
movimento impulsionador da Janegoodall. Dá um passo
em frente com as duas pernas esquerdas, dá balanço com
25
os dois braços direitos e faz um lançamento perfeito para
o Watson.
— Ótimo — diz o Frank. — Agora recua, dedica os quatro bra‑
ços a isso e tenta lançar um pouco mais depressa.
— Espera, espera, espera um minuto — diz o Watson. — Pre‑
ciso de me proteger. — O Watson vasculha uma pilha de tralha.
— E que tal uma máscara de proteção?
O Frank remove o fundo de uma gaiola com um murro e
entrega ‑a ao Watson.
— Ora, vá lá.
— É em prol da Ciência — diz o Frank. — E para ajudar a
Janegoodall a ganhar o lugar de lançadora inicial na qualidade
de nossa estrela dos Mud Hens de Midville.
O Watson franze o sobrolho, mas coloca a gaiola na cabeça e
aferrolha a porta oscilante. Dá um soco na luva.
— Está bem. Em prol da Ciência. E da Janegoodall. Embora
lá, dá ‑lhe com força, Klank.
O Klank torna a dar impulso. Faz o lançamento.
Puuuuum!
— Ai — diz o Watson.
— Oitenta e oito quilómetros por hora
— relata o Klink.
— Um bocadinho mais rápido — orienta o Frank.
O Klank dá impulso. E lança.
Puuuuum!
— Foooooge! — grita o Watson.
— Cento e quatro quilómetros por hora.
— Velocidade máxima! — grita o Frank.
O Klank dá impulso. O Klank dispara.
Puuuuum!
— Cento e vinte quilómetros por hora.
— Bolas! — diz o Watson. — Mas também… ups.
— Espetacular — diz a Janegoodall. — Mesmo espetacular.
Mas não foi tão espetacular quando a mão
do Klank seguiu a 120 quilómetros por
hora juntamente com a bola.
O Frank Einstein verifica o braço
maneta do Klank e abana a cabeça.
— E — acrescenta a Jane‑
goodall — nem pen‑
ses que me vais
espetar com bra‑
ços ou pernas extras.
O T. Edison entra ao ataque no parque de basebol de Midville Menlo.
— Ora bem! Quem é que atirou esta bola de base‑
bol para dentro do meu laboratório, partiu o meu
telhado e destruiu a minha experiência?
O Sr. Chimp olha em torno do campo de basebol e põe ‑se
a cheirar.
Ninguém responde ao T. Edison porque não está lá ninguém.
O T. Edison dá a volta ao terreno de jogo.
— Marcas recentes na terra — observa ele. — Alguém esteve
aqui ainda agora.
O Sr. Chimp avança sobre os nós dos dedos até ao banco
dos visitantes. Pega numa semente de girassol. Olha para ela.
Espreme ‑a. Cheira ‑a. Mete ‑a na boca.
— Hummmm — diz o Sr. Chimp, ao sentir o sabor do sal.
28
O T. Edison anda pelo
campo, em busca de
pistas.
O Sr. Chimp faz es‑
talar a semente de gi‑
rassol entre o pré ‑molar
de cima e o de baixo.
Cospe a casca vazia da
semente de girassol com
um p ‑tuuu de satisfação.
O T. Edison gatinha em redor da base. Segura à luz um
pedaço de pastilha elástica.
— Ah ‑ha! Consigo isolar a saliva desta pastilha, extrair ‑lhe
o ADN, procurar a correspondência com o ADN de todas as
pessoas de Midville e identificar o destruidor de vidros!
O Sr. Chimp recosta ‑se no banco dos visitantes. Apanha
mais uma semente de girassol, mete ‑a na boca e abana
a cabeça.
— O quê? — encoleriza ‑se o T. Edison. — Consigo, pois!
Não há nenhum organismo vivo que não tenha ADN. É uma
molécula que transporta as instruções de como é formado
cada organismo. É o que todos os organismos usam para se
reproduzir.
29
O Sr. Chimp estala a semente de girassol, usando desta vez
os incisivos, e faz sinais:
O T. Edison bate com a mão na testa e continua com a
diatribe.
— E por mais que odeie admiti ‑lo, 98 por cento do ADN
humano é igual ao ADN dos chimpanzés.
e u S e I
30
PAreS De bASeS
CADeIA De FoSFATo/AÇÚCAr
O Sr. Chimp assente com a cabeça.
O T. Edison abana a pastilha elástica na direção do Sr. Chimp.
— Para de dizer isso! Se sabes assim tanta coisa, porque
é que não explicas como é que apanhamos os vândalos que
destruíram a minha invenção?
O Sr. Chimp cospe a casca com outro p ‑tuuu de satisfação.
Levanta uma luva de basebol castanha puída que encontrou
debaixo do banco. Vira a luva ao
contrário para mostrar
ao T. Edison o nome
escrito nas costas em
grandes letras pretas:
e u S e I
OFrank Einstein aperta a última porca nos dois braços
originais do Klank. O Klink lubrifica as duas pernas
originais do Klank.
O Klank suspira.
— Eu gostava dos meus brac,os e pernas novos.
— Pronto — diz o Frank —, o novo e melhorado sistema es‑
quelético não resultou. Então e se for isto?
O Frank saca de um grande cartaz de lona, desenrola ‑o e
afixa ‑o na Parede da Ciência.
— O sistema muscular. Os humanos têm mais de 650 múscu‑
los. Alguns são automáticos, como o coração e os músculos da
respiração. Outros são controlados pelos pensamentos, para
o movimento.
32
O Klink zumbe e apresenta a sua mais recente pesquisa.
— O músculo humano mais forte é o masséter, que mo‑
vimenta o maxilar. E o maior músculo humano é o glúteo
33
GLÚTeoMÁXIMo
TrÍCePS
bÍCePS
MASSéTer
o SISTeMA MuSCuLAr
máximo, que mantém o corpo ereto. Também possibilita
correr e saltar. É o músculo do rabo.
— Ah, ah, ah! — apita o Klank.
— E agora qual é a piada? — pergunta o Klink.
— Disseste músculo do rabo! Ah, ah, ah!
O Klink confirma a sua pesquisa.
— Sim, está correto. O glúteo máximo é também co‑
nhecido como rabo. E é um músculo.
O Klank deixa ‑se cair no sofá a rir.
— Ah, ah, ah!
— Ooooooooo — zumbe o Klink.
O Frank ignora o Klink e o Klank. Pensando em voz alta, diz:
— Os músculos estão presos aos ossos por tendões. Muitos
músculos trabalham aos pares. Como no braço da Janegoodall.
Para dobrar o braço, o bíceps aperta e o tríceps descontrai.
Para endireitar o braço, o tríceps aperta e o bíceps descontrai.
— Então uns músculos maiores e mais fortes também pode‑
riam lançar a bola com mais rapidez — supõe o Watson.
A Janegoodall estuda o gráfico do sistema muscular.
— Mais uma vez, espetacular… tirando o facto de que falta
exatamente um dia para as provas de aptidão. E eu não
tenho tempo para me pôr a levantar pesos para aumentar
os músculos.
34
— Já sei! — diz o Watson. — Substituímos o teu pequeno
bíceps… pelo teu grande glúteo máximo… para ficares com um
Braço de Músculo de Rabo Superpoderoso!
— Ah, ah, ah! — O Klank começa com novas risadinhas.
A Janegoodall dá uma pancada no Watson e no Klank com
o seu boné dos Mud Hens de Midville.
— Muito engraçado. Mas precisamos de uma ideia a sério
para ganhar mais potência. Tipo… já!
— OK — diz o Frank Einstein. — Vamos voltar ao estirador.
35
Otanque blindado rola sobre um pequeno exército de
agitados insetos verde ‑néon e empurra o monster
truck roxo para um canto do laboratório.
— Já te apanhei! — grita o Watson. — Combate de
Demolição!
— Isso querias tu — diz
o Klank. Vira as rodas do
monster truck, põe ‑no em ve‑
locidade máxima e foge dali,
fazendo rodar os grandes
pneus por cima do tanque
do Watson.
36
O Frank coça a cabeça com uma mão e com a outra faz
cálculos no seu esboço.
O Watson põe o tanque em marcha ‑atrás rápida. Tenta em‑
bater no veículo do Klank, mas falha e esmigalha um pónei
com um coração às cores.
— Raaahhhhhr! — ruge um T ‑Rex perneta.
— Wee tah kah loo ‑loo — geme um Furby roxo só com um
olho, contorcendo ‑se de costas.
O Klank dá a volta ao monster truck para ficar virado para
o tanque do Watson.
O Watson vira a torre do blindado para apontar o canhão
diretamente ao veículo do Klank.
— Vá lá, rapazes — diz o Frank. — Precisamos da vossa ajuda.
O Watson e o Klank fazem a contagem decrescente em unís‑
sono: «Três… dois… um!» e atacam ‑se um ao outro de frente. O
monster truck mergulha sobre o T ‑Rex. O tanque passa o Furby
a ferro. E os quatro — monster truck, T ‑Rex, tanque e Furby —
chocam num amontoado gigante e aterram numa pilha inerte.
— Boa! — rejubila o Watson.
— Quem ganhou? — pergunta o Klank.
Debaixo da pilha de destroços, o Furby diz «Doo doo yoo
yoo» e, com um bzzzzzzt, entra em curto ‑circuito.
37
O Frank Einstein vasculha uma pilha de gráficos de medi‑
cina, modelos e cartazes.
Rói a borracha na ponta do lápis. Coça a cabeça. Reflete.
Desenrola um cartaz.
— Muito bem. Aqui está outro sistema que podíamos melho‑
rar para ganhar mais potência.
CorAÇÃo
PuLMÕeS
VeIAS
ArTérIAS
o SISTeMA CIrCuLATÓrIo
— O sistema circulatório. O coração e todos os vasos
sanguíneos que distribuem energia e oxigénio aos mús‑
culos e órgãos — relata o Klink, depois de ler instanta‑
neamente uma pilha inteira de enciclopédias médicas em
precisamente três segundos. — O sangue é bombeado do
coração através das artérias. O sangue é devolvido ao
coração através das veias.
Com o lápis roído, o Frank contorna o percurso do sangue
num diagrama de coração e pulmão.
— O coração bombeia sangue para os pulmões. Esse sangue
absorve oxigénio e regressa ao coração, para depois seguir
para o resto do corpo.
AorTA
AurÍCuLA DIreITAAurÍCuLA eSQuerDA
VeIA CAVA SuPerIor
VeIA CAVA INFerIor
VeNTrÍCuLo DIreITo VeNTrÍCuLo
eSQuerDo
VeIA PuLMoNAr
ArTérIA PuLMoNAr
A Janegoodall larga o boné em cima da mesa do laboratório.
Olha para o diagrama do coração e solta um assobio.
— Uau. O coração é uma cena marada e complicada!
— O coração humano tem mais ou menos o tamanho de
duas mãos dadas. Bate cem mil vezes por dia. Bombeia
5,5 litros de sangue a cada minuto. O ritmo cardíaco é o
som das válvulas a abrir e a fechar — acrescenta o Klink.
— E olha só estes nomes malucos — diz o Watson.
O Frank contorna mais coisas num modelo de coração em 3D:
— O sangue flui através da veia cava superior até à aurícula
direita. É bombeado para o ventrículo direito e sai para os
pulmões através da artéria pulmonar. Volta a sair dos pulmões
através da veia pulmonar até chegar à aurícula esquerda. Depois
é bombeado para o ventrículo esquerdo e sai para o corpo atra‑
vés da aorta. Simples.
O Watson remexe na sua crescente invenção de bola de
rebuçado.
— Acho que não lhe chamaria simples. E como é que melho‑
ramos isto? Ou o sistema sanguíneo?
— Assim — responde o Frank. — O sangue transporta oxi‑
génio para os músculos para conferir mais potência. Se con‑
seguirmos arranjar maneira de o sangue transportar mais
oxigénio… podemos produzir mais potência.
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— Sem me darem braços extras nem mexerem no meu glúteo
máximo — acrescenta a Janegoodall.
— Exatamente — diz o Frank.
O Watson abana a cabeça e mete a mão no bolso à procura
de uma semente de girassol para adicionar à sua invenção.
— Oh, não! — diz o Watson.
— Oh, sim — responde o Frank. — É que os glóbulos verme‑
lhos absorvem o oxigénio…
De repente, o Watson parece um pouco em pânico.
— O que eu quero dizer é: oh, não, esqueci ‑me das sementes
de girassol no campo de basebol.
— Não é hora de te preocupares com sementes de girassol,
Watson.
— Hum… mas parece ‑me que me esqueci das sementes de gi‑
rassol e da minha luva de basebol… com o meu nome lá escrito.
— Que importância é que isso tem? — pergunta o Frank.
A resposta a essa pergunta surge sob a forma de uma pan‑
cada repentina na porta do laboratório do Frank Einstein.
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«Muitas gargalhadas e muita ciência: o tipo de coisas inteligentes e divertidasque fazem do Jon Scieszka uma lenda.»Mac Barnett, autor de A Dupla Terrível
«Este livro tem o balanço perfeito entre ciência para cromos e humor para totós. Não vais
conseguir parar de lê-lo: é simplesmente viciante.»Booklist
já tens os meusoutros livros
geniais?
«Nuncapensei que a Ciência pudesse ser tão divertida… até ter lido este livro.»
jeff kinney,o diário de um banana
9+ISBN 978-989-8849-39-7
Literatura Juvenil
9 789898 849397
Legenda da capa:
O Frank Einstein (A) é um cientista genial e um inventor talentoso. O Klink (B) tem inteligência artificial. E o Klank (C) tem qua se inteligência artificial. Juntos criaram o Turbocérebro (D), uma invenção extraordinária que melhora to-dos os sistemas do corpo humano, aumentan-do as suas capacidades.Claro que o T. Edison, o arqui-inimigo do Frank, desenha (E) logo um plano maquiavélico para roubar o Turbocérebro e usar os seus poderes para dominar o mundo. Será que o Frank e o seu grupo de amigos vão conseguir impedir o T. Edison?