1 CENTRO UNIVERSITÁRIO GERALDO DI BIASE FUNDAÇÃO EDUCACIONAL ROSEMAR PIMENTEL DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO ESTUDO E ANALISE DE RISCOS EM GASODUTOS Segurança em Gasodutos TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Priscilla Araujo Miranda Vicente Sacramento Junior
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CENTRO UNIVERSITÁRIO GERALDO DI BIASE
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL ROSEMAR PIMENTEL
DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO
ESTUDO E ANALISE DE RISCOS EM GASODUTOS
Segurança em Gasodutos
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Priscilla Araujo MirandaVicente Sacramento Junior
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Volta Redonda, 2012CENTRO UNIVERSITÁRIO GERALDO DI BIASE
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL ROSEMAR PIMENTEL
DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO
ESTUDO E ANALISE DE RISCOS EM GASODUTOS
Segurança em Gasodutos
Priscilla Araujo Miranda (matricula)Vicente Sacramento Junior - 1400125
Renzo Verreschi MannarinoOrientador
Renzo Verreschi MannarinoCoordenador do Curso
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Volta Redonda, 2012
Agradecemos a Deus que sempre guiou nosso
meu caminho até aqui. Nossos sinceros
agradecimentos aos nossos pais que foram
guerreiros até o fim lutando ao nosso lado,
nossos familiares, à todos professores, futuros
colegas que sempre acreditaram muito no meu
trabalho e me ajudaram no que foi preciso, à
todos os meus amigos e colegas de trabalho
que de alguma maneira ajudaram para esta
realização.
Agradecemos de maneira especial a Eng. de
Segurança Maria Beatriz Caputo, o
aprendizado e com toda sua vontade de dividir
conosco seu conhecimento e ao nosso
professor orientador Renzo Mariano que
sempre deu o suporte necessário para que este
trabalho se concretizasse. Foram muitos
aqueles que contribuíram para a conquista do
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objetivo então alcançado, que confiaram no
nosso potencial para esta conquista.
OBJETIVO
Identificar os riscos potenciais nos trabalhos em gasodutos, através de um estudo dos métodos
de analise de riscos, para que se possam ser tomadas ações preventiva e decisões gerencias,
com o intuito de evitar a ocorrência de acidentes.
Conhecer os riscos do gás natural, estabelecer medidas para os trabalhadores, sistemas e
processos, visando à identificação dos riscos, perigos e aspectos ambientais relacionados com
o empreendimento de instalação de um gasoduto.
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RESUMO
O transporte de gás natural entre as fontes de produção e centros de consumo é realizado através de navios, caminhões e dutos. Entretanto, os dutos tornaram-se o preferencial, devido a razões econômicas e de segurança. Duto é a designação da ligação de tubos destinados ao transporte de petróleo e seus derivados. Os dutos que transportam gás natural das fontes produtoras até os centros consumidores são chamados de Gasodutos. O Gás Natural é uma mistura de hidrocarbonetos leves, mais leve que o ar. Apresenta riscos de asfixia, incêndio e explosão. A falha de uma tubulação pode trazer diversos prejuízos para a população e propriedades próximas. Para poder se prevenir é necessária uma avaliação dos riscos. As avaliações qualitativas e quantitativas dos riscos tornaram-se importantes por controlar o nível de perigo efetivo do gasoduto. De um modo geral, os perigos estão presentes em todas as atividades, por isso é necessário identifica-los, o que pode causar danos às pessoas, à propriedade, ao meio ambiente e até à imagem de uma empresa. É necessário verificar com que frequência esse evento, uma falha, pode acontecer, ou seja, estudar a probabilidade de ocorrência daquele evento adverso, por fim, precisamos prever quais os impactos, ou quais as consequências desses eventos.
Palavras-chaves: Gasoduto, Análise de Risco, Perigo, Segurança, Gás Natural.
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ABSTRACT
The natural gas transmission between sources of production and consumption centers is performed by ships, trucks and pipelines. However, the pipelines have become the preferred, due to economic reasons and security. Duct is the name of the connection pipes for the transport of oil and its derivatives. The pipelines that transport natural gas from production sources to the consumer centers are called pipelines. Natural gas is a mixture of light hydrocarbons, lighter than air. Presents risks of suffocation, fire and explosion. The failure of a pipe can bring many losses to people and property nearby. In order to prevent is a necessary risk assessment. The qualitative and quantitative assessments of risk have become important for controlling the level of actual danger of the pipeline. In general, the dangers are present in all activities, so it is necessary to identify them, which may cause harm to people, property, environment and even the image of a company. You need to check how often this event, a failure can occur, ie, to study the probability that an adverse event, finally, we need to predict what the impact or the consequences of these events.
Key words: Gas Pipeline, Risk Analysis, Risk, Safety, Natural Gas.
2. O QUE É GÁS NATURAL..............................................................................................142.1. CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS AO GÁS NATURAL..........................142.2. CADEIA DO GÁS NATURAL DO BRASIL...........................................................17
3. TRANSPORTE DE GÁS NATURAL.............................................................................183.1. TRANSPORTE MARÍTIMO DE GÁS NATURAL ..................................................183.2. TRANSPORTE RODOVIÁRIO.................................................................................19
4. ANÁLISE DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE GASODUTOS .......................224.1. PRINCIPAIS ATIVIDADES DE UMA OBRA DE CONSTRUÇÃO E
MONTAGEM DE DUTOS ........................................................................................234.1.1. Recebimento, Inspeção e Armazenamento De Materiais .................................234.1.2. Projeto Executivo .............................................................................................234.1.3. Locação E Marcação de Faixa de Domínio e da Pista .....................................234.1.4. Abertura de Pista ..............................................................................................244.1.5. Transporte, Distribuição e Manuseio de Tubos ................................................254.1.6. Curvamento ......................................................................................................264.1.7. Revestimento Com Concreto ............................................................................274.1.8. Soldagem ..........................................................................................................284.1.9. Inspeção de Soldagem ......................................................................................284.1.10. Revestimento Externo Anticorrosivo ...............................................................274.1.11. Abertura E Preparação Da Vala .......................................................................294.1.12. Abaixamento E Cobertura ................................................................................304.1.13. Cruzamentos E Travessias ................................................................................314.1.14. Sinalização ........................................................................................................324.1.15. Proteção, Restauração Da Pista E Revegetação ...............................................334.1.16. Teste Hidrostático .............................................................................................334.1.17. Limpeza Interna E Inspeção Dimensional Interna Do Duto ............................344.1.18. Comissionamento .............................................................................................35
5. CONCEITOS ....................................................................................................................375.1. DEFINIÇÃO DE PERIGO E RISCO .........................................................................37
6. AVALIAÇÃO E GESTÃO DE RISCOS .......................................................................38
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6.1. MATRIZ DE TOLERABILIDADE DE RISCOS .....................................................39
7. TÉCNICAS DE ANÁLISE DE RISCOS UTILIZADAS PARA TRABALHOS COM GASODUTOS ...................................................................................................................417.1. TÉCNICAS DE IDENTIFICAÇÃO DE PERIGOS ..................................................42
7.1.1. Análise Histórica De Acidentes (Aha) .............................................................417.1.2. Estudo De Perigos E Operabilidade – Hazop ...................................................42
7.2. AVALIAÇÃO QUALITATIVA DE RISCOS ..........................................................437.2.1. Análise Preliminar De Riscos (APR) ...............................................................43
7.3. ANÁLISE DE CONSEQUÊNCIAS............................................................................447.3.1. Análise De Vulnerabilidade..............................................................................45
7.4. ANÁLISE DE FREQUÊNCIA....................................................................................467.4.1. Análise Por Árvore De Eventos (Aae) Ou Event Tree Analysis (Eta)..............46
7.5. AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DE RISCOS.........................................................487.6. CRITÉRIOS DE TOLERABILIDADE DE RISCOS................................................507.7. ALARP........................................................................................................................507.8. ESTIMATIVA E AVALIAÇÃO DOS RISCOS.........................................................53
8. RESULTADOS .................................................................................................................598.1. PROJETO DO GASODUTO VOLTA REDONDA X MANGARATIBA (PROJETO
FICTÍCIO)...................................................................................................................588.1.1. Caracterização Do Empreendimento.................................................................588.1.2. Normas..............................................................................................................598.1.3. Material Dos Tubos...........................................................................................598.1.4. Aspectos Construtivos......................................................................................608.1.5. Transposição Da Serra Do Piloto......................................................................618.1.6. Válvulas De Bloqueio Automático....................................................................618.1.7. Traçado Do Gasoduto Gasman Com Fotos Aéreas Do Pontos Sensíveis.........62
8.2. FREQUÊNCIAS DE FALHAS (EGIG – REFERÊNCIA DE BANCO DE DADOS)......................................................................................................................65
8.2.1. Analise Histórica Usando Os Dados Do Egig Em Estudos De Risco – Implantação Do Gasman.......................................................................................69
8.2.1.1. Interferência Externa.............................................................................718.2.1.2. Falha Na Trepanação.............................................................................728.2.1.3. Movimentação Do Solo.........................................................................72
8.2.2. Avaliação E Gestão De Riscos Em Gasoduto, Com A Nova Frequência De Falha Obtida..........................................................................................................72
8.2.3. Recálculo Do Risco Individual E Social...........................................................738.3. ANÁLISE DE RISCOS DA PRÉ-OPERAÇÃO.........................................................74
8.3.1. Analise Preliminar De Risco (Apr) Da Fase De Pré-Operação Do Gasoduto Gasman...................................................................................................................75
O tema abordado são as possíveis ferramentas para analise de risco das tarefas inerentes ao
projeto, implementação, operação e manutenção em gasodutos. Gasoduto é uma rede de
tubulações que leva o Gás Natural das fontes produtoras até os centros consumidores. O Gás
Natural é uma mistura de hidrocarbonetos leves e depois de processado se torna um gás
inodoro e incolor, e mais leve que o ar. Apresenta riscos de asfixia, incêndio e explosão.
O Duto constitui a forma mais segura e eficiente de transportar os produtos de petróleo.
Olhando em volta é possível comprovar que os dutos estão indiretamente presentes em todas
as atividades: nos automóveis, com a gasolina; nos caminhões, locomotivas e embarcações,
com o diesel; nos aviões, com o querosene; nas residências, com gás de cozinha; nas fabricas,
com a geração de energia; e nas indústrias, no suprimento de matéria prima.
A observação dos perigos e riscos existentes nas atividades com o gás natural, nos garante que
as tarefas sejam cumpridas, sem que ocorram prejuízos à saúde, ao meio ambiente e à
segurança da força de trabalho. O controle e minimização dos riscos ocupacionais é uma
tarefa diária, na qual se faz necessário o empenho de todos, na execução de suas atividades
laborais.
(...) Apesar de todos os avanços em segurança operacional, do desenvolvimento de novas tecnologias e da aplicação de possíveis penalidades e sanções, a sociedade se mostra bastante condescendente com os acidentes causados pela indústria de petróleo e gás no transporte de seus produtos. Normas mais rigorosas, novas regulamentações e maiores demandas por segurança, por parte da sociedade com certeza virão. A indústria de dutos não pode ser passiva na busca de soluções mais inovadoras. (GUEDES, Marcelino, 2009, p.33)
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Na busca da realização do projeto, preocupou-se em estabelecer o que de mais moderno os
órgãos licenciadores do Estado do Rio de Janeiro (INEA) e São Paulo (CETESB), bem como
critérios internacionais atuais.
1.1 METODOLOGIA
Para uma melhor analise, foi necessário conhecer os riscos do gás natural, o sistema de
gerenciamento de risco prescrito em toda fase da construção e operação de um gasoduto, uma
vez que se faz uma análise dos principais parâmetros que contribuem na determinação de
melhores métodos para aumentar a segurança durante as fases de planejamento, construção de
um novo gasoduto e modificação do mesmo.
Buscou-se a analise das atividades deste tipo de empreendimento, o levantamento diferentes
dos métodos utilizados para analise e compreensão dos riscos, materiais disponível para
pesquisa no programa de qualificação profissional em transporte de gás natural (PQGN),
procedimentos e Normas internas Petrobras e Transpetro, livros, apostilas, sites e experiências
profissionais, bem como banco de dados internacionais, relacionados na atividade.
É de vital importância relembrar conceitos e definições, aprendidos ao longo do curso de
engenharia de segurança do trabalho, Entender porque devemos avaliar e gerenciar os riscos,
Explicar as fases da Gestão de Riscos e Identificar a documentação que trata de Avaliação e
Gestão de Riscos.
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2 O QUE É GÁS NATURAL
O gás natural é uma energia de origem fóssil, mistura de hidrocarbonetos leves entre os quais
se destaca o metano (CH4), que se localiza no subsolo da terra e é procedente da
decomposição da matéria orgânica espalhada entre os extratos rochosos. Tal e como é
extraído das jazidas, o gás natural é um produto incolor e inodoro, não é tóxico e é mais leve
que o ar. Tanto o gás natural quanto o gás manufaturado não têm cheiro, eles são odorizados
na companhia de distribuição, para que sejam percebidos em caso de escapamentos. Além
disso, o gás natural é uma energia carente de enxofre e a sua combustão é completa, liberando
como produtos da mesma o dióxido de carbono (CO2) e vapor de água, sendo os dois
componentes não tóxicos, o que faz do gás natural uma energia ecológica e não poluente.
Uma vez extraído do subsolo, o gás natural deve ser transportado até as zonas de consumo,
que podem estar perto ou bastante distante. O transporte, desde as jazidas até estas zonas, é
realizado através de tubulações de grande diâmetro, denominadas gasodutos. Quando o
transporte é feito por mar e não é possível construir gasodutos submarinos, o gás é carregado
em navios metaneiros. Nestes casos o gás é liquefeito a 160 graus abaixo de zero reduzindo
seu volume 600 vezes para poder ser transportado. No porto receptor, o gás é descarregado
em plantas ou terminais de armazenamento e regasificação.
Sendo assim o gás permanece armazenado em grandes depósitos na pressão atmosférica e é
injetado depois na rede de gasodutos para ser transportado aos pontos de consumo. Todas
estas instalações são construídas preservando o meio ambiente, sendo em grande parte
subterrâneas favorecendo a possível restituição da paisagem.
2.1 CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS AO GÁS NATURAL
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Densidade Relativa ao Ar Atmosférico Inferior a 1. Isto significa que o gás natural é mais leve
que o ar. Assim, sempre que alguma quantidade de gás natural for colocada livre no meio
ambiente esta subirá e ocupará as camadas superiores da atmosfera.
Ainda por sua densidade, o gás natural não provoca asfixia. A asfixia ocorre quando um gás
qualquer ocupa o espaço do ar atmosférico ao nível do ser humano, impedindo que este
respire. A asfixia é a privação de oxigênio e independe da toxidade do gás em questão. Como
o gás natural não se acumula nas camadas inferiores e se dissipa rapidamente, não oferece
risco de asfixia em ambientes abertos.
O gás natural é considerado um Asfixiante Simples, ou seja, são gases inertes, porém, quando
em altas concentrações em ambientes confinados, reduzem a disponibilidade do oxigênio.
Desta forma, a substância ocupa o espaço do oxigênio, desta forma ele provoca asfixia.
Não Toxidade. O gás natural não é quimicamente tóxico. As substâncias componentes do gás
natural são inertes no corpo humano, não causando intoxicação. Porém no caso de inalação
em concentração pode provocar irritação das vias aéreas superiores, tosse espasmódica, dor de
cabeça, náusea, tonteira e confusão mental.
Tabela 1 – Composição e propriedades do gás Natural
COMPOSIÇÃO TÍPICA DO GÁS
Componente (%) Volume
METANO 88,82
ETANO 8,41
PROPANO+ 0,55
NITROGÊNIO 1,62
DIÓXIDO DE CARBONO 0,60
ALGUMAS PROPRIEDADES
DENSIDADE RELATIVA DO AR 0,62
PODER CALORÍFICO SUPERIOR (Kcal/m³)
9.400
PODER CALORÍFICO INFERIOR (Kcal/m³)
8.500
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Limite de Inflamabilidade Inferior é Alto. Isto significa que para atingir as condições de auto-
sustentação da combustão se faz necessária uma quantidade significativa de gás natural em
relação à quantidade total de ar em um ambiente. Assim, na ocorrência de um escapamento de
gás natural em um ambiente interior, as probabilidades de manutenção da combustão após a
iniciação por uma fonte externa (interruptor de luz, brasa de cigarro) são muito reduzidas. Isto
porque o gás é leve e se dissipa, dificultando o atingimento do limite de inflamabilidade
inferior, e como também o limite inferior é elevado, afastam-se ainda mais as chances de ser
atingido.
Faixa entre os Limites de Inflamabilidade Inferior e Superior é Estreita. Significa dizer que,
embora seja difícil alcançar o limite inferior de inflamabilidade em um escapamento de gás
natural em ambiente interior, caso isso ocorra, a condição de diluição da mistura ar-gás
natural que permite a auto sustentação da combustão após um incitação inicial é rapidamente
perdida, pois logo se atinge o limite superior de inflamabilidade e o gás natural torna-se
diluente do ar.
Para o Gás Natural, os limites de inflamabilidade inferior e superior são, respectivamente, 5%
e 15% do volume. Assim, verifica-se que a promoção de uma mistura ar-gás natural nas
condições adequadas à combustão autossustentada é difícil de ocorrer aleatoriamente e
depende da intervenção humana para se realizar.
Não Explosividade. A explosão é um processo de combustão de intensidade tal que a pressão
gerada pela expansão dos gases é superior à resistência da estrutura que o comporta. Assim,
considerando que o gás natural não se acumula em ambientes internos com orifícios de
ventilação, que as condições de inflamabilidade não são facilmente atingidas e que nestas
condições a velocidade de propagação da combustão do gás natural é a menor entre os gases
combustíveis, a ocorrência de explosões por escapamento de gás é praticamente nula, a não
ser que haja uma fonte de ignição.
Não se podem desconsiderar os processos de detonação, que ocorrem em ambientes fechados,
a altas pressões e a partir de uma onda de choque provocada. Estes processos podem ocorrer
em vasos de armazenagem ou tubulações de transporte. Tratando-se de gás natural que é
sempre transportado e armazenado puro, sem contato com o ar, a ocorrência de processos
explosivos só é possível nas manobras de partida e parada do sistemas quando ar está presente
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nas tubulações e vasos. A aplicação de um gás inerte, como o nitrogênio, para realizar a purga
do ar é suficiente para eliminar os riscos;
A contribuição do metano para o aquecimento global como gás de efeito estufa deve ser
sempre considerada e os lançamentos deste gás na atmosfera devem ser evitados, entretanto,
os volumes em questão não provocam impactos ambientais.
2.2 CADEIA DO GÁS NATURAL DO BRASIL
Figura1: Cadeia de gás natural
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3 TRANSPORTE DE GÁS NATURAL
O transporte de gás natural pode ser realizado basicamente por três tipos de forma diferentes,
entre eles: Transporte marítimo (navios), Transporte Dutoviário e Transporte Rodoviário.
3.1 TRANSPORTE MARÍTIMO DE GÁS NATURAL
O gás natural para se tornar líquido é refrigerado e mantido à temperatura de -160ºC à pressão
próxima da atmosférica, exigindo um complexo sistema de armazenamento e transporte
específico para operar com o gás natural nessas condições.
Pode-se dizer que, em média, 600 m3 de gás natural quando liquefeito ocupam l m3 razão
pela qual esta é a forma mais conveniente para ser transportado em navios ou barcaças e
armazenado no terminal.
Normalmente, o terminal marítimo armazena o GNL em tanques criogênicos e o gás natural é
enviado ao sistema de transporte dutoviário com o auxílio de bombas centrífugas e
vaporizador de GNL.
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Figura 2: Navio de GNL
3.2 TRANSPORTE RODOVIÁRIO
Este tipo de transporte pode ser Gás natural Comprimido ou Liquefeito
3.2.1 GÁS NATURAL COMPRIMIDO (GNC)
O GNC é o Gás Natural comprimido e armazenado a uma pressão de 250 bar, transportado e
distribuído para regiões não-atendidas pelos gasodutos convencionais.
O produto é transportado em carretas especiais, o Gasoduto Móvel, e cestas de cilindros
especialmente desenvolvidas para as demandas de indústrias, postos e plantas de
processamento, num raio de até 300 Km da unidade de compressão.
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Figura 3: Fluxograma de transporte do GNC
3.2.2 GÁS NATURAL LIQUEFEITO (GNL)
O gás natural é liquefeito através de um processo de resfriamento criogênico. A uma
temperatura de -160ºC, o gás tem seu volume reduzido em 600 vezes, e assim pode ser
armazenado em quantidades muito maiores e transportado em carretas, com capacidade de até
trinta mil m3 de GNL, para regiões não abastecidas por gasodutos.
Figura 4: Fluxograma de transporte rodoviário de GNL
3.3 TRANSPORTE DUTOVIÁRIO
A estrutura de abastecimento de petróleo e derivados interliga, através de várias modalidades
de transporte, três pontos distintos: fontes de produção, refinarias e centros de consumo.
Destes três pontos apenas as refinarias podem terá sua posição definida por estudos logísticos.
Duto é a designação genérica de instalação constituída por tubos ligados entre si, destinada à
movimentação de petróleo e seus derivados (oleodutos), e gás natural (Gasodutos). Quando
um oleoduto é utilizado para transporte de diversos tipos de produtos ele também pode ser
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chamado de poliduto. Os dutos têm uma classificação em relação ao meio que atravessam,
podendo ser classificados como dutos de Transporte ou de Transferência.
A classificação dos dutos pode ser feita pelo material de constituição: aço, materiais "não
metálicos", etc., pela sua localização em relação ao meio: enterrado, aéreo, submarino,
flutuante, pela rigidez: rígido ou flexível, pela temperatura de operação: normal ou aquecido.
Figura 5: Scraper Gasoduto GASBEL II
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4 ANÁLISE DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE GASODUTOS
O processo de construção e montagem de dutos consiste na ligação de vários tubos de
comprimento e diâmetro variável. Após a confecção do duto, este é enterrado a cerca de 1,5m
de profundidade, dependendo do tipo de solo e área da faixa.
A atividade de construção e montagem de dutos terrestres, quando comparada com a indústria
automobilística, assemelha-se a uma linha de montagem invertida. Na montagem de dutos as
pessoas não permanecem paradas nas estações de trabalhos, aguardando que os produtos se
desloquem em sua direção; ao contrario, são as pessoas que se deslocam em sua direção; ao
contrario, são as pessoas que se deslocam ao longo do traçado, divididas em equipes
especializadas, a fim de executarem suas tarefas.
4.1 PRINCIPAIS ATIVIDADES DE UMA OBRA DE CONSTRUÇÃO E MONTAGEM
DE DUTOS:
4.1.1 RECEBIMENTO, INSPEÇÃO E ARMAZENAMENTO DE MATERIAIS:
Previamente ao início da obra, é necessária a instalação dos canteiros de apoio, que servem
como ponto base para as diversas frentes de trabalho e onde ocorre a divisão dos trabalhos
que ocorrerão em determinado dia.
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Em obras de dutos são utilizados canteiros centrais de apoio além de pequenos canteiros de
apoio (áreas de montagem) que são instalados para a implantação das travessias (ex:
travessias de cursos d’água), cruzamentos (ex: cruzamentos de rodovias e ferrovias) e demais
obras especiais.
Composto por áreas adequadas para serviços de apoio logístico, serviços de manutenção,
áreas fabris (pipeshop), almoxarifados e escritórios, a área de armazenamentos de tubos
seguem vários critérios.
- o numero máximo de empilhamento de tubos, para evitar deformações e queda dos tubos;
- O espaçamento entre as pilhas de tubos, afim de garantir a circulação adequadas para
veículos pesados;
- área nivelada e com caimentos adequados para evitar acumulo de água de chuva
Figura 6: Canteiro de Recebimento e Armazenamento
4.1.2 PROJETO EXECUTIVO:
O projeto executivo, também é conhecido como detalhamento de projeto, deve ser realizado
tomando por base o projeto básico e os levantamentos de campo.
4.1.3 LOCAÇÃO E MARCAÇÃO DE FAIXA DE DOMÍNIO E DA PISTA:
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A faixa de domínio e a pista são demarcadas topograficamente a partir da diretriz estabelecida
nos documentos de projeto.
Faixa de domínio limita a área de acesso da empresa dona do duto nas proximidades atingidas
pelo traçado deste ultimo, tanto para atividades de construção, quanto para operação e
manutenção do duto durante todo seu período de vida útil. Pista de dutos é a parcela da Faixa
de Domínio efetivamente utilizada para construção do duto.
Nessa fase, geralmente ocorre à abertura de picadas e clareiras. Há perigo de acidentes com
animais e ferimentos diversos, relacionados à atividade de desmatamento, envolvendo apenas
os executantes. Em caso de necessidade de se utilizar motosserra para a abertura de picadas,
em regiões de mata fechada, o risco de acidentes para os executantes aumenta, pois esse
equipamento é mais perigoso que o facão.
Figura 7: Estaca para marcação de pista
4.1.4 ABERTURA DE PISTA:
A abertura de pista é constituída em supressão vegetal, nivelamento, construção de pontilhões,
bueiros e estivas e remoção de entulhos.
Nessa fase, há a possibilidade de desmonte de rochas, de grande movimentação de terra e,
ainda, de se atravessar cursos d’água, comunidades e reservas florestais. É necessário verificar
interferências com vias, tubulações de água, esgoto e gás, cabos elétricos, telefônicos e de
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fibra ótica, drenos, valas de irrigação, canais e outras instalações superficiais e subterrâneas.
Nesta etapa também são feitos acessos para pista.
Tem-se um intenso deslocamento de mão de obra, equipamentos pesados, como máquinas de
terraplanagem, uso de explosivos no caso de desmonte de rochas, e também, como ocorre na
maioria das etapas, o deslocamento de ferramentas e suprimentos. Os maiores riscos de
acidentes com pessoas são os associados à utilização de máquinas de terraplenagem, ao
desmatamento e, eventualmente, ao uso de explosivos.
Figura 8: Abertura e Limpeza de Pista
4.1.5 TRANSPORTE, DISTRIBUIÇÃO E MANUSEIO DE TUBOS:
Transporte, a distribuição e o manuseio de tubos, desde o canteiro de obras ate o local de
realização dos serviços fazem parte desta etapa. O transporte implicará a utilização da malha
viária local, rodovias federais, estaduais e municipais, assim como estradas vicinais e a
própria pista.
A distribuição de tubos consiste no alinhamento dos mesmos de forma que sejam
posicionados para serem unidos em sequência. As cargas devem ser dispostas de modo que
1- Abertura de flange utilizando máquina de torque pneumática;
2- Rompimento de mangueira;
3- Conexão defeituosa, falha mecânica, falha humana; falha na operação do equipamento; equipamento em más condições de uso; falta de manutenção em equipamento.
Lesões Pessoais, Danos Materiais e Ambientais/ Erosão da faixa
Pouco Provável
Crítica Moderado 1 - Inspecionar as mangueiras, tubulações e conexões;
2 - Manter sinalizado e isolado a área da atividade em execução;
3 - Utilizar tubos, mangueiras, mangotes, conexões e instrumentos com capacidade superior ao range de operação da máquina;
4 - Utilizar conector de segurança entre as mangueiras;
5 - O serviço só poderá ser realizado por pessoas autorizadas e habilitadas;
6 - Manter afastada pessoas não envolvidas com a atividade.
Descarte de Inundação Lançamento de Alteração da Extrema Crítica Tolerável 1- Garantir a decantação dos resíduos
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água grande volume de água à altas vazões
qualidade do solo. Erosão da faixa
mente Remota
sólidos existentes na água, antes da sua reintegração ao meio ambiente, através da construção de um fosso com fundo forrado em pedras de mão (Para dutos novos).
2- Para descartes dos líquidos, deve ser utilizado o sistema de drenagem;
3- Controlar a abertura das válvulas de vent;
4- Manter caminhão vácuo em stand-by.
Lançamento e recebimento de PIGs
Abertura da tampa do Lançador de PIGs
Deslocamento brusco da tampa
Pressão remanescente no interior da câmara.
Canhão não despressurizado;
Válvula com passagem;
Lesões pessoais e/ou danos materiais.
Pouco Provável
Crítica Moderado 1-Elaborar e seguir procedimento operacional de abertura de canhão;
2- Não permitir a presença de quaisquer pessoas no raio de abertura da tampa;
3- Certificar que o canhão está despressurizado;
4- Verificar se o manômetro está zerado; Está deverá permanecer zerada durante toda a operação de abertura da tampa;
5- Manter válvulas de dreno e vent do canhão abertas no momento da abertura;
Descarte de gases
Ruído excessivo
Purga dos Gases para a Atmosfera;
Abertura brusca dos vent’s de grande diâmetro
Lesão pessoal;
Poluição sonora;
Transtorno à comunidade vizinha
Pouco Provável
Marginal Tolerável 1-Abertura do Vent moderadamente, de acordo com a pressão;
2-Utilização de Protetor auricular combinado;
3-Comunicar a comunidade o serviço a ser realizado e consequências.
Pré- Secagem da Vazamento de 1- Rompimento de Lesões Pessoais, Provável Média Moderado 1 - Inspecionar as mangueiras, tubulações e
3- Falha na operação do equipamento; equipamento em más condições de uso;
Lesões Pessoais, Danos Materiais
Pouco Provável
Critica Moderado 1 - Inspecionar as mangueiras, tubulações e conexões;
2 - Manter sinalizado e isolado a área da atividade em execução;
3- Verificar se todas as conexões e vents que não serão utilizados estão fechados;
4 - O serviço só poderá ser realizado por pessoas autorizadas e habilitadas;
5 - Manter afastada pessoas não envolvidas com a atividade.
Gaseificação Explosão Mistura explosiva, causada pela
Lesões pessoais, Pouco Critica Moderado 1- Garantir que o duto esteja totalmente preenchido com gás inerte ou ar seco com
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entrada de oxigênio na linha após a inertização.
Danos Materiais Provável selo de gás inerte;
2- Na fase inicial de enchimento com gás natural, para o deslocamento dos gases contidos no duto de gás, utilizar fluxo contínuo de gás natural mantido a uma vazão , cuja velocidade de escoamento evite a laminação dos gases e minimize o tamanho da interface;
3- Manter o monitoramento dos gases através do detector multigás, para garantir a entrada do GN e a expulsão do Gás Inerte.
4- Manter Extintor no local.
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9 CONCLUSÃO
As metodologias propostas para a avaliação da área de perigo e do risco apresentam uma
análise dos principais parâmetros que contribuem na determinação de melhores métodos para
aumentar a segurança durante as fases de planejamento, construção e pré-operação de um
novo gasoduto e modificação do mesmo.
Verificamos que na implantação de um Gasoduto, é de vital importância a analise e gestão
dos riscos, em todas as fases do projeto, além dos fatores que respeitem a segurança do
trabalho, temos que levar em consideração o contexto aonde este empreendimento será
inserido e quais riscos a comunidade do seu entorno esta sendo exposta.
Durante o processo de avaliação histórica, a adoção de medidas para a redução de riscos foi
considerada nos cálculos dos Riscos Individual e Social. O presente exemplo nos mostra que
ao considerar as medidas de redução de riscos nesses cálculos, o empreendimento tornou-se
viável em termos de critérios de tolerabilidade.
Para este tipo de análise de risco é fundamental respeita as leis impostas pelos órgãos
ambientais, do país, deixando de buscar as melhores praticas utilizadas pelo mundo, um bom
exemplo é o relatório europeu de históricos de acidentes em Gasodutos, que exemplificam em
forma de dados e valores, os acidentes em gasodutos das maiores empresas europeias. Outro
aprendizado é que conhecendo o risco e muitas das vezes com medidas simples e objetivas é
possível alterar a categoria do risco, eliminando ou mitigando os seus impactos.
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10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
DO VALLE, Cyro Eyer; LAGE, Henrique. Meio Ambiente: acidentes, lições, soluções.