UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS MOLDAGEM POR COMPRESSÃO A FRIO DO POLIETILENO DE ULTRA ALTO PESO MOLECULAR Bernadete Argolo Bittencourt Campina Grande Julho/2008
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS
MOLDAGEM POR COMPRESSÃO A FRIO DO POLIETILENO DE ULTRA ALTO PESO MOLECULAR
Bernadete Argolo Bittencourt
Campina Grande
Julho/2008
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS
MOLDAGEM POR COMPRESSÃO A FRIO DO POLIETILENO DE ULTRA ALTO PESO MOLECULAR
Bernadete Argolo Bittencourt
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ciência e Engenharia
de Materiais como requisito parcial à
obtenção do título de MESTRE EM
CIÊNCIA E ENGENHARIA DE
MATERIAIS
Orientadora: Profa. Dra. Edcleide Maria Araújo
Co-orientador: Prof. Dr. Tomás Jéferson Alves de Melo
Campina Grande
Julho/2008
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA UFCG
B624m
2008 Bittencourt, Bernadete Argolo.
Moldagem por compressão a frio do polietileno de ultra alto peso molecular
Ao Engenheiro de Materiais Jadeilson Porto, pelo apoio e incentivo
dados durante o período de estágio na Qualificação.
À Drª Adriane Simanke pelo apoio, amizade, iniciativa e dedicação
empenhada.
Aos estagiários da Braskem do curso de Engenharia de Materiais,
Walber Alexandre Nascimento e Luiz Fernando Belchior pelo empenho,
incentivo e dedicação que possibilitaram a conclusão da dissertação.
Ao Professor, Dr. Tomás Jéferson pela co-orientação, amizade e
incentivo.
À Professora, Drª. Edcleide Maria Araújo pela orientação, apoio e
dedicação empenhada.
II
MOLDAGEM POR COMPRESSÃO A FRIO DO POLIETILENO DE ULTRA ALTO PESO MOLECULAR
RESUMO
Neste trabalho foram investigadas quais características do polietileno
de ultra alto peso molecular (PEUAPM) conferem adequada estabilidade
dimensional e resistência a verde para peças moldadas por compressão a frio.
Para isso, foram selecionados quatro materiais de PEUAPM de dois produtores
do mercado, sendo que dois desses materiais já possuem aplicação no
mercado para utilização em compressão a frio. As amostras dos pós foram
caracterizadas através das técnicas de calorimetria exploratória diferencial
(DSC), tamanho de partícula, absorção de óleo, fluidez do pó, densidade de
compactação, densidade aparente, microscopia eletrônica de varredura (MEV).
Com as amostras foram preparados corpos de prova por moldagem por
compressão a frio para verificar a resistência a verde. A confecção das pré-
formas foi conduzida variando-se parâmetros de prensagem (pressão,
temperatura e tempo). As propriedades foram avaliadas por ensaio de tensão
de resistência a flexão, expansão, densidade a verde e microscopia eletrônica
de varredura. Ficou evidente que as características da partícula (tamanho,
distribuição de tamanho e morfologia) foram determinantes nas propriedades
das pré-formas avaliadas. O aumento da pressão e temperatura de prensagem
conduziu a uma melhor compactação, proporcionando maior valor de
resistência a verde, sendo que a temperatura teve maior impacto para uma
determinada amostra.
III
COLD COMPRESSION MOLDING OF ULTRA HIGH MOLECULAR WEIGTH POLYETHYLENE
ABSTRACT
The aim of this work was to investigate which features of ultra high
molecular weight polyethylene (UHMWPE) confer good dimensional stability
and green strength resistance to cold compression molded parts. Four different
UHMWPE grades were selected from two specific producers, where two of
them are already commercially applied to cold-compression market. Sample
powders were characterized through intrinsic viscosity, differential scanning
calorimetry (DSC), sieving analysis, oil absorption, powder flowability, tap
density, bulk density and scanning electron microscopy (SEM). Specimens
were prepared by cold-compression in order to evaluate the green-strength
characteristics. Pre form confection was conducted by varying pressing
parameters (temperature, pressure and time). Sample properties were
evaluated by flexural test, green density and SEM. It was observed that the
particle characteristics (particle size, particle size distribution and morphology)
have great influence on the pre form properties. An increase in temperature and
pressure parameters caused improvement in local specimen compaction, where
a higher value of green strength takes place.
IV
PUBLICAÇÕES
BITTENCOURT et al. PEUAPM – Apresentação da Técnica de Ensaio de
Tensão Elongacional (ZST) Como uma Característica da Viscosidade de
Materiais de Ultra Alto Peso Molecular. In: Congresso Brasileiro de Polímeros, 9, 2007, Campina Grande. Campina Grande: UFCG, 2007. p. 112.
V
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS...................................................................................... I RESUMO........................................................................................................ II
ABSTRACT..................................................................................................... III
PUBLICAÇÕES............................................................................................... IV
SUMÁRIO....................................................................................................... V
ÍNDICE DE TABELAS..................................................................................... VIII
ÍNDICE DE FIGURAS..................................................................................... IX
SÍMBOLOS E ABREVIATURAS .................................................................... XI
Área Superficial BET (m2/g) 0,435±0,029 1,368±0,041 0,260±0,012 0,777±0,024
Morfologia
Partícula irregular
formada por nódulos ligados
por fibrila
Partícula irregular
formada por nódulos ligados
por fibrila
Partícula irregular
formada por nódulos ligados
por poucas fibrilas
Partícula regular formada por
nódulos subdivididos em subpartículas. Não apresenta
fibrilas DVR (%) 73 70 72 75
Expansão Axial 360h (%) 2,46 2,60 2,23 1,95
TRF (MPa) 0,91±0,02 0,95±0,12 0,29±0,01 1,36±0,10
Xc1 (±1%) 66 67 63 78
5.4. Variação dos Parâmetros de prensagem
5.4.1. Variação da Pressão
A variação da densidade a verde relativa (DVR) com a pressão de
compactação é mostrada na Figura 5.9. A densidade a verde relativa é
expressa como a razão da densidade a verde e a densidade teórica do
material. Observa-se que a densidade a verde relativa inicialmente aumenta
53
bruscamente até pressões próximas a 60 MPa, seguida de um leve incremento
até alcançar um valor de platô em 100MPa. Valores semelhantes foram
encontrados por Halldin and Kamel (1977) para amostras de PEUAPM. Cada
amostra apresentou níveis diferentes de compactação, estando
significativamente abaixo das suas densidades teóricas. As amostras A e A1
apresentaram o mesmo comportamento de compactação chegando a 83% de
sua densidade teórica. A amostra C foi a que apresentou maior valor chegando
a 92% e a amostra B foi a que obteve o mais baixo valor de compactação,
78%. Segundo Halldin and Kamel (1977), a densidade do platô é determinada,
entre outros fatores, pelas propriedades elásticas do material e da partícula, e,
pela morfologia de partícula, isto é, a habilidade de interligá-las
mecanicamente. Essa habilidade para resistir à recuperação elástica ou
expansão afetará o nível do platô. Trust et al. (1980) estudando materiais
semelhantes verificaram que essa habilidade está associada a densidade da
partícula e que partículas com morfologia fibrilar compactam melhor por gerar
partículas menos densas. De acordo com a morfologia das amostras A, A1 e B,
a amostra B por apresentar um número reduzido de fibrilas, implicou numa
estrutura de partícula mais densa e, conseqüentemente, compactou menos.
Apesar da morfologia da amostra C não apresentar fibrilas, dentre as quatro, foi
a que mostrou a melhor compactação, assim como, maior intrusão de mercúrio
(conforme Tabela 5.4), indicando um maior número de vazios e,
conseqüentemente, menor densidade, facilitando a compactação.
54
Na Tabela 5.9 estão apresentados os resultados obtidos de tensão de
resistência à flexão (TRF) e densidade a verde relativa (DVR) em função da
pressão de compactação para as amostras A, A1, B e C. A partir desses
resultados, as curvas de TRF em função da pressão de compactação foram
construídas e estão mostradas na Figura 5.10. Analisando os dados vemos que
o material B, embora tenha um aumento percentual elevado (152%), ainda
assim não conseguiria atender as condições de processamento exigidas pelo
mercado que é de 1,0 ± 0,05 MPa, isso pode ser atribuído a baixa porosidade
da partícula, dificultando a flexibilidade e interação física entre as partículas.
Para os demais materiais, todos possuem boas propriedades mesmo na
condição mínima de pressão, sendo que o material C foi o que obteve os
melhores resultados de TRF que pode ser atribuído ao fato da maior
porosidade proporcionar uma maior flexibilidade e conseqüentemente maior
interação entre as partículas.
Figura 5.9. Curva da densidade a verde relativa (DVR) em função da pressão de
compactação.
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 1400
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
DVR
︵%
︶
Pressão de Compactação ︵MPa ︶
A A1 B C
25°C, 30 seg
55
Pressão (MPa)
TRF (MPa) DVR (%) A A1 B C
30 TRF 0,91±0,02 0,95±0,12 0,29±0,01 1,36±0,10
DVR 72,6±2,9 70,4±3,0 71,5±3,0 75,0±2,8
40 TRF 1,31±0,08 1,39±0,06 0,44±0,07 1,94±0,09
DVR 75,8±2,8 73,5±2,9 72,7±2,9 79,5±2,6
60 TRF 1,77±0,22 2,00±0,14 0,64±0,09 3,08±0,07
DVR 80,1±2,7 79,6±2,7 76,6±2,8 87,4±2,4
80 TRF 2,11±0,14 2,44±0,17 0,70±0,09 3,47±0,08
DVR 82,2±2,6 82,0±2,6 77,7±2,8 89,2±2,4
100 TRF 2,24±0,06 2,48±0,10 0,72±0,02 3,75±0,08
DVR 83,3±2,6 83,1±2,6 78,1±2,8 89,6±2,4
120 TRF 2,28±0,03 2,52±0,07 0,71±0,03 3,90±0,08
DVR 82,8±2,6 83,1±2,6 78,0±2,8 90,8±2,3
134 TRF 2,43±0,07 2,54±0,12 0,73±0,04 3,83±0,07
DVR 84,2±2,6 82,3±2,5 78,4±2,8 91,2±2,4
Aumento (%) TRF 167 168 152 182
DVR 16 17 10 22
Tabela 5.9 – TRF e DVR em função da pressão de compactação
Figura 5.10 – Curva de compressibilidade em função da TRF
30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 1400,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
TRF
︵MPa
︶
Pressão de Compactação ︵MPa ︶
A A1 B C
25°C, 30 seg
56
A Figura 5.11 mostra a relação entre densidade à verde relativa e
tensão de resistência à flexão. Observam-se nas curvas diferentes
comportamentos devido às características próprias de cada material. Além
disso, para um mesmo valor de DVR, a amostra B apresenta comportamento
inferior em relação às demais amostras, conforme também observado na
Figura 5.12.
A Figura 5.12 mostra a tensão de resistência à flexão em função do
parâmetro de densificação (DP). Quando os valores de tensão dos quatro
materiais são mostrados em função do parâmetro de densificação, os pontos
coincidem em uma única curva, independente das características de cada
material. Esse comportamento é observado porque o DP leva em consideração
as características individuais de cada partícula, tais como forma, tamanho,
distribuição. O cálculo de DP está mostrado na equação (2).
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 1000,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
TRF
︵MPa
︶DVR ︵% ︶
A
B C
A1
Figura 5.11 – Tensão de resistência à flexão (TRF) em
função da densidade a verde relativa (DVR).
57
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,00,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
TRF
︵MPa
︶
DP
A A1 B C
Figura 5.12. Curvas de compressibilidade baseadas no parâmetro de
densificação. Dados experimentais ajustados à equação (3) para
partículas de PEUAPM. Fonte: Halldin and Kamel (1977).
Pelo gráfico verifica-se uma boa correlação entre os dados
experimentais e a curva obtida para os materiais estudados por Halldin e
Kamel (1977). Apesar dos autores mencionarem que esta relação é válida para
partículas de PEUAPM irregulares, percebe-se no presente estudo que
também é válido para partículas com geometria mais regulares, visto que a
amostra C apresenta essa morfologia e atende à relação.
58
5.4.2. Variação da Temperatura
O conjunto (molde, amostra e prensa) permaneceu nas faixas de
temperatura definida por 30 minutos antes do inicio do ensaio. Os resultados
de tensão e densidade a verde em função da temperatura estão apresentados
na Tabela 5.10 e na Figura 5.13. Observa-se que o aumento da temperatura
aumenta a densificação do material melhorando sua resistência. Thomas et al.
(1997) obtiveram resultados semelhantes em uma amostra de PEUAPM
moldada a temperaturas de 65ºC à 125ºC. Eles verificaram que, sob pressão
constante, o aumento da temperatura aumenta a deformação das partículas no
estado sólido e também facilita a interconexão das partículas na pré-forma.
Pelo fato da temperatura influenciar na “moldabilidade” das partículas
todas as amostras tiveram um incremento na TRF e DVR conforme Tabela
5.10 e Figura 5.13. Como a amostra C possui uma estrutura mais porosa, o
que já facilita a “moldabilidade”, não se verificou um aumento significativo
quanto para a amostra B, que apresenta uma estrutura de partícula menos
porosa.
Temperatura (°C)
TRF (MPa) DVR (%) A A1 B C
25 TRF 0,91±0,02 0,95±0,12 0,29±0,01 1,36±0,10
DVR 75,24±2,76 73,07±2,60 73,72±2,75 78,83±2,35
40 TRF 1,34±0,10 1,90±0,07 0,49±0,06 2,10±0,09
DVR 77,29±2,90 80,78±2,60 75,44±2,60 85,33±2,34
60 TRF 1,52±0,09 2,06±0,17 0,73±0,10 2,35±0,14
DVR 80,24±2,80 82,63±2,62 77,65±2,40 87,59±2,35
80 TRF 2,06±0,16 2,47±0,14 0,96±0,15 2,56±0,09
DVR 82,56±2,65 84,51±2,59 78,67±2,35 89,39±2,35
Aumento (%) TRF 126 160 231 88
DVR 10 16 7 13
Tabela 5.10 – Tensão de resistência à flexão (TRF) e densidade à verde relativa
(DVR) em função da temperatura
59
Por meio da análise das micrografias na Figura 5.14, observa-se que a
influência da temperatura foi nitidamente percebida na superfície das amostras,
que ficou com aspecto de um material “plastificado”, dando uma maior
resistência na superfície do que no interior do corpo de prova. Isso ocorre
provavelmente pela maior troca térmica que acontece na região próxima ao
molde, contribuindo para uma maior deformação da partícula. Isso ficou
evidenciado para a amostra B, que apesar do efeito da densificação ter sido
menor na temperatura que na pressão o ganho na TRF foi maior. Assim, a
medida da TRF é mais dependente na superfície do corpo de prova onde se
inicia a propagação da trinca.
20 30 40 50 60 70 80 900,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
TRF
︵MPa
︶
Temperatura (°C)
A A1 B C
30MPa, 30 seg
Figura 5.13. Variação da tensão de resistência à flexão (TRF) em função da
temperatura.
60
A A1
5.4.3. Variação do Tempo
Pelos dados apresentados na Tabela 5.11 e na Figura 5.15, observa-se
um aumento mais pronunciado na TRF para a amostra C, cerca de 90
segundos para estabilização. Para as amostras A e A1 foi necessário um
tempo de 60 segundos para estabilizar o valor da TRF. A variação do tempo
para a amostra B não apresentou nenhuma contribuição, por ser um material
mais denso. De um modo geral o aumento do tempo favorece a acomodação
das partículas, devido aos espaços vazios, principalmente para materiais
compressíveis, ou seja, menos densos.
Figura 5.14. Micrografias obtidas por MEV das amostras moldadas a 80ºC.
Ampliação 500 X.
A A1
B C
61
Tempo (seg)
TRF (MPa) DVR (%) A A1 B C
30 TRF 0,91±0,02 0,95±0,10 0,29±0,10 1,36±0,12
DVR 72,64±2,60 72,04±2,95 68,75±2,60 75,00±2,76
60 TRF 1,22±0,15 1,44±0,10 0,19±0,15 1,92±0,10
DVR 75,11±2,58 73,28±2,77 70,03±2,40 79,73±2,76
90 TRF 1,38±0,14 1,41±0,09 0,20±0,17 2,20±0,11
DVR 75,82±2,62 73,44±2,76 70,80±2,90 81,41±2,79
120 TRF 1,36±0,12 1,45±0,13 0,31±0,16 2,21±0,08
DVR 76,05±2,60 74,45±2,40 71,47±2,79 81,36±2,35
150 TRF 1,39±0,13 1,65±0,15 0,30±0,14 2,31±0,11
DVR 76,62±2,62 75,63±2,35 72,71±2,65 81,35±2,34
Aumento (%) TRF 53 74 3 70
DVR 5 5 6 8
Figura 5.15. Variação da tensão de resistência à flexão (TRF)
em função do tempo.
30 60 90 120 1500,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
TRF
︵MPa
︶
Tempo ︵seg ︶
A A1 B C
30MPa, 25°C
Tabela 5.11 – Tensão de resistência à flexão (TRF) e densidade à verde relativa (DVR)
em função do tempo
62
Dos três parâmetros de prensagem avaliados em função da TRF
conforme a Figura 5.16, a pressão e o tempo tiveram uma maior contribuição
para a amostra C por ser a mais porosa entre as quatro amostras e, portanto a
mais compressível. Já a temperatura acarretou em um maior incremento de
TRF para a amostra B (mais densa) contribuindo para uma maior mobilidade
entre as partículas.
A densidade a verde relativa (DVR) é a relação entre a densidade a
verde pela densidade teórica. Portanto, espera-se que com aumento da
variação da pressão, bem como variação do tempo sob pressão, terá maior
ganho percentual a amostra que tiver maior capacidade de densificar. Dos três
parâmetros de prensagem avaliados em função da DVR para as amostras
analisadas conforme a Figura 5.17, a pressão foi o que apresentou a maior
contribuição na densificação, seguido da temperatura e do tempo. Porém,
avaliando separadamente a contribuição destes parâmetros em cada amostra,
verifica-se que para amostra C, a variação da pressão teve maior contribuição
(22%) na densificação, o que evidencia a maior porosidade interna deste
Figura 5.16. Efeito da pressão de compactação, temperatura e tempo na tensão de
resistência à flexão.
30 60 90 120 150
Tempo ︵seg ︶
30 MPa, 25°C
20 40 60 800,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
TRF
MPa
︶
Temperatura ︵°C ︶
30 MPa, 30 seg
20 40 60 80 100 120 140
25°C, 30 seg A A1 B C
Pressão de Compactação ︵MPa ︶
63
material. Para a amostra B, a variação foi somente de 10%, o que demonstra
que este material apresenta partículas densas, dificultando a compactação. A
variação da temperatura trouxe menor contribuição para a amostra B (7%)
devido à maior densidade de partícula. Em relação ao tempo, a amostra C,
como era de se esperar, foi a que apresentou o maior ganho (8%).
Figura 5.17. Efeito da pressão de compactação, temperatura e tempo na DVR.
30 60 90 120 150
Tempo ︵seg ︶
30 MPa, 25°C
20 40 60 80 100 120 14065
70
75
80
85
90
95
100
DVR
︵%
︶Pressão de Compactação ︵MPa ︶
25°C, 30 seg
20 40 60 80
30 MPa, 30 seg
A A1 B C
Temperatura ︵°C ︶
64
6. CONCLUSÕES
• A melhor propriedade de resistência a verde foi obtida para o material
que apresentou maior porosidade pelo ensaio de intrusão de mercúrio.
Essa maior porosidade pode estar associada à melhor capacidade da
partícula em se acomodar por gerar uma partícula mais “flexível”.
• Para a aplicação de peças que requer obtenção de pré-formas, as
amostras A, A1 e C são adequadas, pois apresentaram resistência à
flexão e boa compactação. A amostra B só atenderia a esta aplicação
com pré-formas obtidas sob pressão em temperaturas ≥ 80°C.
• O parâmetro de densificação é função direta da porosidade
interparticular que favorece a TRF.
• O aumento da pressão no processo de moldagem por compressão a frio
aumenta a TRF para pós de PEUAPM que tenham menor porosidade
interparticular, pois aumenta a densificação.
• O aumento da temperatura no processo de moldagem por compressão a
frio, favorece a movimentação entre as partículas, conferindo uma maior
adesão e aumentando a TRF mesmo sem aumento significativo na
densificação. Isto é mais evidente na superfície das pré-formas que está
em contato direto com a superfície do molde.
• O aumento do tempo no processo de moldagem por compressão a frio,
acarreta em um pequeno aumento na TRF, pois permite uma melhor
acomodação das partículas, especialmente para pós de PEUAPM que
apresentem menor porosidade interparticular.
65
7. SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS
• Usar a ferramenta de planejamento experimental, usando a técnica de
compactação a frio com quatro fatores e três níveis cada, para a
amostra B, para avaliar qual desses parâmetros tem maior impacto nas
propriedades mecânicas (tensão de resistência a flexão – TRF) e na
compactação (densidade a verde). Fatores como: temperatura, pressão,
tempo (obtenção das pré–formas) e livre sinterização das pré-formas;
• Pesquisar técnicas para determinar dureza da partícula e densidade
teórica do PEUAPM, para maior compreensão das propriedades desses
materiais;
• Aplicar os modelos matemáticos (Furnas, Andreasen e Alfred) e avaliar a
eficácia para a moldagem de pré-formas de PEUAPM;
• Fazer uso de cargas em pós de PEUAPM moldados por compressão a
frio para avaliar a contribuição nas propriedades mecânicas (TRF) e na
densidade a verde.
• Usar técnica de Difração de Raios-X para determinar a estrutura
cristalina dos materiais estudados.
66
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAJARIA, S. H.; BELLARE. A. Deformation, Morphology, and Wear Behavior of
Ployethylene Used in Orthopedic Implants. Medical Plastics and Biomaterials
Magazine, Mar. 1998.
BAYÓN, J. C.; GOMES, P. T.; MOYA,S.A.; ORO,L.A.; ROSALES, M.;
DELGADO, R.S.; SANOTS, E. N.; SOLA, E.; TORRENS, H. Fundamentos y aplicaciones de la Catálisis Homogênea, p. 93-95, 2000.
Catálogo Braskem. UTEC, 2008.
Catálogo PPD Group, 1998.
Chemical Abstract. Disponível em: <http://www.cas.org/. Acesso em: 14 mai.
2008.
CLARK, K.; EHLERS, J.; WANG, L. Method for Making Articles by cold compaction Molding and the Molded Articles Prepared Thereby. US n.
6.846.869 B2, 12 Aug. 2004, 25 Jan. 2005.
COUTINHO, F. M. B.; MELLO, I. L.; MARIA, L. C. de S. Polietileno: Principais
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69
ANEXO A
• Termograma 1ª Fusão
• Termograma 2ª Fusão
70
ANEXO B
Micrografias do Pó
• Aumento 50 X Amostra A
Amostra A1
Amostra B
71
Amostra C
• Aumento 100/150 X Amostra A
Amostra A1
72
Amostra B
Amostra C
• Aumento 500 X
Amostra A
73
Amostra A1
Amostra B
Amostra C
74
• Aumento 1000 X Amostra A
Amostra A1
Amostra B
75
Amostra C
• Aumento 3000 X Amostra A
Amostra A1
76
Amostra B
Amostra C
77
Micrografias Barra – Superfície
• Aumento 100 e 500 X
Amostra A
Amostra A1
Amostra B
78
Amostra C
*a amostra C com aumento de 500X não está na mesma dimensão que as outras com o mesmo aumento – Ver escala.
Micrografias das Barras – Interior
• Amostra A Aumento 500 X
Aumento 1000 X
79
Aumento 3000 X
• Amostra B Aumento 500 X
Aumento 1000 X
80
• Amostra B Aumento 500 X
Aumento 1000 X
• Amostra C
Aumento 500 X
81
Aumento 1000 X
Micrografias da superfície da Barra moldados com temperatura de 80ºC
• Aumento 500 X Amostra A
Amostra A1
82
Amostra B
Amostra C
83
ANEXO C
• Histograma de Regularidade de Partícula
84
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