Colégio Estadual Tiradentes-Rio Real/Bahia. Página 1 Módulo III I Semestre 2013 Ensino Médio A agroecologia é uma proposta de agricultura que não se limita a produção de sem uso de agrotóxicos. A ideia central é o respeito às diversidades locais e a convivência com os ecossistemas, as relações justas de comercialização e trabalho também fazem parte do modelo agroecológico. A diversificação da produção associada a utilização de técnicas e dos recursos hídricos e a baixa dependência de insumos garantem a produção de alimentos saudáveis e nutritivos,(a agroecologia procura nesse sentido,estabelecer um equilíbrio natural que vai além do (nome) manejo ecológico integrando objetivos ambientais,sociais e econômicos,propondo estratégias para o desenvolvimento rural sustentável.
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A população é o conjunto de pessoas que residem em determinado território, que pode ser uma cidade, um estado, um país ou mesmo o planeta como um todo. Ela pode ser classificada segundo sua religião, nacionalidade, local de moradia (urbana e rural), atividade econômica (ativa ou inativa) e tem seu comportamento e suas condições de vida retratados através de indicadores sociais – taxas de natalidade, mortalidade, expectativa de vida, índices de analfabetismo, participação na renda, etc. Nesta unidade, é importante não confundir população com nação, que é um conjunto de pessoas que possuem a mesma história e estão inseridas em um mesmo padrão cultural. Assim, a população de um país pode conter várias nações, como é o caso de diversos países da África, onde os colonizadores europeus estabeleceram as atuais fronteiras em função dos próprios interesses econômicos e geopolíticos. É comum também que uma nação esteja dividida em dois ou mais países, compartilhando o território nacional com povos de outras nações, o que comumente termina em divergência de interesses e sérios conflitos. Essa é a base do verdadeiro genocídio ou extermínio físico entre as tribos, que frequentemente assola a África, e dos movimentos separatistas do Leste Europeu – ex-Iugoslávia e extinta União Soviética. É importante ressaltar ainda que em uma dada população, mesmo que as pessoas tenham ideias comuns e formem realmente uma nação, há grandes contrastes no que se refere à participação dos habitantes na renda nacional, ou seja, existem as classes sociais, e daí surge a necessidade da ação do Estado para intermediar os conflitos de interesses. Em países desenvolvidos, as diferenças econômicas são atenuadas através do acesso da população de baixa renda a sistemas públicos eficientes de saúde, educação, transporte, moradia e lazer, o que é possível graças a um sistema tributário de cunho distributivo. Já nos países subdesenvolvidos, o Estado costuma estar a serviço dos interesses privados de uma minoria da população e os serviços públicos são relegados a último plano. Quanto mais acentuadas as diferenças sociais, maior a concentração da renda, maiores as distâncias entre a média dos indicadores sociais de população e a realidade em que vive a maioria dos cidadãos. Por exemplo, a expectativa de vida de um brasileiro não corresponde à média do país contabilizada no censo de 1991 (66 anos), mas à média obtida segundo sua faixa de renda. Quem recebe mais de dez salários mínimos terá uma expectativa de vida superior – 71,5 anos – à de quem vive com até um salário mínimo – 54,8 anos – e não consegue sequer se alimentar de forma digna. Ou, ainda, se a taxa de natalidade de um país for alta, é necessário considerar o que está acontecendo nas suas diferentes regiões ou classes sociais: os pobres costumam ter mais filhos que os ricos. Portanto, diante de uma tabela contendo quaisquer indicadores sociais de uma população, temos de levar em conta a forma como está distribuída a renda do país para podermos avaliar a confiabilidade da média obtida. Quando nos referimos à população de um território, podemos considerar os conceitos de populoso ou povoado, o que envolve a noção de população absoluta – número total de habitantes – e relativa – habitantes por quilômetro quadrado. Um país é considerado populoso quando o número absoluto de habitantes é alto. Por exemplo, o Brasil é o quinto país mais populoso do planeta, com cerca de 155 milhões de habitantes, mas pouco povoado, pois possui apenas 17 hab/km2. Porém, quando a análise parte do pressuposto que interessa, ou seja, da qualidade de vida da população, esses conceitos devem ser relativizados. Os Países Baixos, apesar de apresentarem uma população relativa alta – 429 hab/km2 -, possuem uma estrutura econômica e serviços públicos que atendem às necessidades dos seus cidadãos e não podem, portanto, ser considerados um país superpovoado. Já o Brasil, com uma baixa população relativa, é "muito povoado", devido à carência de serviços públicos, de empregos com salários dignos, habitações, etc. Nesse contexto, em última instância, o que conta é a análise das condições socioeconômicas da população, e não a análise demográfica.
Em 1994, o planeta contava com 5,6 bilhões de habitantes. Do início dos anos 70 até hoje, o crescimento da população mundial caiu de 2,1% para 1,60% ao ano, o número de mulheres que utilizam algum método anticoncepcional aumentou de 10% para 50% e o número médio de filhos por mulher em países subdesenvolvidos caiu de 6 para 4. Ainda assim, esse ritmo continua alto e, caso se mantenha, a população do planeta duplicará até 2050. O crescimento demográfico está ligado a dois fatores: o crescimento natural ou vegetativo, que corresponde à diferença entre nascimentos e óbitos verificada numa população, e a taxa de migração, que é a diferença entre a entrada e a saída de pessoas de um território. Considerando essas duas taxas, o crescimento populacional pode ser positivo, nulo ou negativo.O crescimento da população foi, ao longo do tempo, explicado a partir de teorias. Vejamos as principais.
Teoria de Malthus
Em 1798, Malthus publicou uma teoria demográfica que apresenta basicamente dois postulados: a) A população, se não ocorrem guerras, epidemias, desastres naturais, etc., tenderia a duplicar a cada 25 anos. Ela cresceria, portanto, em progressão geométrica (2, 4, 8, 16, 32...) e constituiria um fator variável, ou seja, que cresceria sem parar. b) O crescimento da produção de alimentos ocorreria apenas em progressão aritmética (2, 4, 6, 8, 10...) e possuiria um limite de produção, por depender de um fator fixo: o próprio limite territorial dos continentes. Ao considerar esses dois postulados, Malthus concluiu que o ritmo de crescimento populacional seria mais acelerado que o ritmo de crescimento da produção alimentar (PG x PA). Previa ainda que um dia estariam esgotadas as possibilidades de aumento da área cultivada, pois todos os continentes estariam plenamente ocupados pela agropecuária e a população do planeta continuaria crescendo. A consequência seria a fome, a falta de alimentos para abastecer as necessidades de consumo do planeta. Para evitar esse flagelo, Malthus, um pastor da igreja anglicana contrário aos métodos anticoncepcionais, propunha a sujeição moral, ou seja, que as pessoas só tivessem filhos se possuíssem terras cultiváveis para poder alimentá-los. Hoje, sabe-se que suas previsões não se concretizaram: a população do planeta não duplicou a cada 25 anos e a produção de alimentos cresceu no mesmo ritmo do desenvolvimento tecnológico. Mesmo que se considere uma área fixa de cultivo, a produção (quantidade produzida) aumenta, já que a produtividade (quantidade produzida por área -– toneladas de arroz por hectare, por exemplo) também vem aumentando sem parar. Essa teoria, quando foi elaborada, parecia muito consistente. Os erros de previsão estão ligados principalmente às limitações da época para a coleta de dados, já que Malthus tirou suas conclusões a partir da observação do comportamento demográfico em uma região limitada, com população predominantemente rural, e as considerou válidas para todo o planeta no transcorrer da história. Não previu os efeitos decorrentes da urbanização na evolução demográfica e do progresso tecnológico aplicado à agricultura. Desde que Malthus apresentou sua teoria, são comuns os discursos que relacionam de forma simplista a ocorrência da fome no planeta ao crescimento populacional. A fome que castiga mais da metade da população mundial é resultado da má distribuição, e não da carência na produção de alimentos. A atual produção agropecuária mundial é suficiente para alimentar cerca de 9 bilhões de pessoas, enquanto a população do planeta ainda não atingiu a cifra de 6 bilhões. A fome existe porque as pessoas não possuem o dinheiro necessário para suprir suas necessidades básicas, fato facilmente observável no Brasil: apesar do enorme volume de alimentos exportados, as prateleiras dos supermercados estão sempre lotadas e a panela de muitos operários e boias-frias, sempre vazia.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, foi realizada uma conferência de paz em 1945, em São Francisco, que deu origem à Organização das Nações Unidas (ONU). Na ocasião, foram discutidas estratégias de desenvolvimento, visando evitar a eclosão de um novo conflito militar em escala mundial. Havia apenas um ponto de consenso entre os participantes: a paz depende da harmonia entre os povos e, portanto, da diminuição das desigualdades econômicas no planeta. Agora, como explicar e, a partir daí, enfrentar a questão da miséria nos países subdesenvolvidos? Esses países buscaram a raiz de seus problemas na colonização do tipo exploração implantada em seus territórios e nas condições de desigualdade das relações comerciais que caracterizaram o colonialismo e o imperialismo. Passaram a propor amplas reformas nas relações econômicas, em escala planetária, que, é óbvio, diminuiriam as vantagens comerciais e, portanto, o fluxo de capitais e a evasão de divisas dos países subdesenvolvidos. Nesse contexto histórico, foi criada a teoria demográfica neomalthusiana, uma tentativa de explicar a ocorrência da fome nos países subdesenvolvidos. Ela é defendida pelos países desenvolvidos e pelas elites dos países subdesenvolvidos, para se esquivarem das questões econômicas. Segundo essa teoria, uma população jovem numerosa, resultante das elevadas taxas de natalidade verificadas em quase todos os países subdesenvolvidos, necessita de grandes investimentos sociais em educação e saúde. Com isso, diminuem os investimentos produtivos nos setores agrícola e industrial, o que impede o pleno desenvolvimento das atividades econômicas e, portanto, da melhoria das condições de vida da população. Ainda segundo os neomalthusianos, quanto maior o número de habitantes de um país, menor a renda per capita e a disponibilidade de capital a ser distribuído pelos agentes econômicos. Verifica-se que essa teoria, embora com postulados totalmente diferentes daqueles utilizados por Malthus, chega à mesma conclusão: o crescimento populacional é o responsável pela ocorrência da miséria. Ela passa, então, a propor programas de controle da natalidade nos países subdesenvolvidos e a disseminação da utilização de métodos anticoncepcionais. É uma tentativa de enfrentar problemas socioeconômicos exclusivamente a partir de posições contrárias à natalidade, de acobertar os efeitos devastadores dos baixos salários e das péssimas condições de vida que vigoram nos países subdesenvolvidos a partir de uma argumentação demográfica. Dizer que os países subdesenvolvidos desviaram dinheiro do setor produtivo para os investimentos sociais é, no mínimo, hipocrisia. A dinâmica demográfica brasileira
No último século a população brasileira multiplicou por dez: em 1900 residiam no Brasil cerca de 17 milhões de pessoas, no ano 2000 quase 170 milhões. Desde o primeiro recenseamento (1872) ocorreram várias mudanças no padrão da evolução demográfica brasileira. Até o início da década de 1930 o crescimento da população do Brasil contou com forte contribuição da imigração. A partir de 1934, com a adoção da "Lei de Cotas" que estabelecia limites à entrada de imigrantes, o aumento da população
dependeu, principalmente, do crescimento vegetativo (cv), isto é, a diferença entre as taxas
de natalidade e a de mortalidade expressa em % (por cem) ou %0 ( por mil) habitantes. No entanto, foi depois da Segunda Guerra Mundial (1939-45) que o crescimento tornou-se acelerado, devido à diminuição das taxas de mortalidade. Isso é explicado por fatores como a expansão da rede de esgoto, acesso à água encanada, campanhas de vacinação em massa, acesso a medicamentos básicos, etc. Entre 1940 a 1960 foi registrada a maior evolução das taxas de crescimento populacional, atingindo em 1960 a taxa de 2,9% a.a. (ao ano - ou 29%0 a.a.). Este período marcou a primeira fase de transição demográfica
brasileira.
A partir da década de 1960, começou a ocorrer uma desaceleração demográfica contínua: a diminuição das taxas de natalidade passou a ser maior que a das taxas de mortalidade, registrando em 2000 um crescimento demográfico de 1,6% a.a., com tendência à queda. Essa mudança no padrão do crescimento populacional brasileiro mostra uma situação típica da segunda fase de transição demográfica.
Mudanças das taxas de fecundidade A razão fundamental da queda das taxas de crescimento populacional no Brasil foi a diminuição da taxa de fecundidade (média de número de filhos por mulher em idade de
procriar, entre 15 a 49 anos), que caiu de 6,3 filhos, em 1960, para 2,0 filhos, em 2006, o que significa que as famílias brasileiras estão diminuindo. Apesar do crescimento cada vez mais lento, a população brasileira deverá chegar a 183 milhões de habitantes no final de 2009. O número de brasileiros mais que dobrou em 35 anos, uma vez que em 1970 havia 90 milhões de pessoas no país. Apenas nos últimos cinco anos - 2000 e 2005 - cerca 15 milhões de habitantes foram acrescentados ao país. Urbanização e queda das taxas de crescimento O intenso processo de urbanização, verificado no Brasil principalmente a partir da década de 1960, foi o principal responsável pela redução das taxas de fecundidade e a conseqüente queda das taxas de crescimento demográfico. É na cidade que as informações e o acesso aos métodos de contra-concepção são maiores e foi justamente a partir deste período que a pílula anticoncepcional passou a ser difundida na sociedade brasileira. As mulheres engrossaram o mercado de trabalho urbano e as famílias passaram a dispor de menos tempo para se dedicar aos filhos. Além disso, na cidade as despesas com a criação e formação da criança são maiores que no meio rural, constituindo um fator inibidor para a formação de famílias numerosas. No caso das mulheres mais pobres, diante da dificuldade de terem acesso a métodos de contra-concepção, a esterilização foi a principal opção adotada. Registraram-se no Brasil casos em que a esterilização das mulheres em hospitais públicos foi realizada inclusive sem o consentimento da paciente, logo após o trabalho de parto. As alternativas de contra-concepção mais utilizadas pelas mulheres brasileiras são, respectivamente: a ligadura de trompas (esterilização), a pílula e a camisinha. Nos países desenvolvidos a ligadura de trompas é o método menos utilizado, sendo mais comum a
vasectomia, que é o processo de esterilização masculina, que pode ser reversível.
A distribuição da população por faixas de idade em um país é conseqüência das taxas de
crescimento populacional, da expectativa de vida e das migrações.
A população é geralmente agrupada em três faixas etárias:
jovens (0-17 anos); adultos (18-64 anos); e
idosos (acima de 65 anos).
Nos países desenvolvidos, a estrutura etária é caracterizada pela presença marcante da
população adulta e de uma porcentagem expressiva de idosos, conseqüência do baixo crescimento vegetativo e da elevada expectativa de vida. Essa situação tem levado a reformas sociais, particularmente, no sistema previdenciário em diversos países do mundo, já que o envelhecimento da população obriga o Estado a destinar boa parte de seus
recursos econômicos para a aposentadoria. Nos países subdesenvolvidos os jovens superam os adultos e os idosos, conseqüência do
alto crescimento vegetativo e da baixa expectativa de vida. Essa situação coloca os países subdesenvolvidos numa situação de desvantagem, particularmente os pobres que possuem famílias mais numerosas: sustentar um número maior de filhos limita as possibilidades do Estado e da família em oferecer uma formação de boa qualidade, coloca a criança no mercado de trabalho e reproduz o círculo vicioso da pobreza e da miséria ao dificultar a possibilidade de ascensão social futura. No caso do Brasil, e de outros países classificados como "emergentes", a proporção de
jovens tem diminuído a cada ano, ao passo que o índice da população idosa vem aumentando. Essa é uma das razões das mudanças recentes no sistema de previdência social, com estabelecimento de idade mínima para a aposentadoria e teto máximo para
pagamento ao aposentado.
Pirâmides etárias
A pirâmides etárias são representações gráficas (histograma) da população classificada por sexo e idade. No eixo vertical (y) estão indicadas as diversas faixas etárias, enquanto que no eixo horizontal (x) está indicada a quantidade de população: as barras da esquerda representam a população masculina e as barras da direita representam a população feminina. Observe duas pirâmides etárias correspondentes a dois países que apresentam um perfil sócio-econômico bastante diferente.
A forma da pirâmide está associada ao nível de desenvolvimento do país. As pirâmides com forma irregular, topo largo e base estreita, correspondem aos países com predomínio de população adulta e população envelhecida, caso dos países desenvolvidos que atingiram ou estão próximos de atingir a fase de estabilização demográfica. As pirâmides de base larga e
forma triangular representam países com população predominante jovem e baixa expectativa de vida, caso dos países subdesenvolvidos, em fase de crescimento acelerado, ainda na primeira fase da transição demográfica. No Brasil, a pirâmide etária tem se modificado a cada década. Sua forma revela uma situação intermediária entre as duas primeiras pirâmides apresentadas, de acordo com as alterações recentes ocorridas do padrão demográfico brasileiro. Observe estas mudanças através da sobreposição das pirâmides de 1980 a 2000.
Observação: Não existe um critério único para a distribuição da população por faixa etária; o mais adotado (inclusive pelo IBGE, atualmente) divide a população em jovens (0-14 anos), adultos (15-65 anos) e idosos (acima de 65 anos). Essa distribuição tem como critério a população ligada ao mercado de trabalho (pessoas de 15 a 65 anos, aproximadamente), empregada ou não, e as pessoas consideradas fora desse mercado (com menos de 15 anos ou mais de 65 anos, aproximadamente). Deve-se observar que, a divisão da população, em três grandes grupos etários: de 0 a 14 anos, 15 a 64 e 65 anos e mais, não é restritivo. A utilização da divisão dos tradicionais grupos etários é base para o cálculo da razão de dependência em relação à população potencialmente ativa. A razão de dependência é a relação entre a população dependente (menores de 15 anos + acima de 65 anos) e a população em idade ativa (de 15 a 64 anos), multiplicado por cem. Com relação a faixa etária dos idosos, o critério de 65 anos e mais é utilizado para a conceituação do índice de envelhecimento que é indicado pelo "número de pessoas de 65 anos e mais de idade para cada 100 pessoas menores de 15 anos de idade,
na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado."
Origens e etapas da industrialização no Brasil
A atividade industrial no Brasil teve início no período colonial. Sua história, entretanto, não se caracteriza por uma evolução sistemática. As atividades agrícolas e o extrativismo absorviam os poucos capitais e a mão-de-obra, só dando margem, naquele período, às indústrias caseiras, à agro-indústria do açúcar, a pequenas indústrias no litoral, e aos estaleiros em que se construíam embarcações de madeira.
A população extremamente rarefeita, mesmo ao longo da costa; as dificuldades de transporte, decorrentes das distâncias; o regime da escravidão e do latifúndio, e a própria política da metrópole, que proibia, em 1766, a prática do ofício de ourives, e por carta régia de 1785, todas as manufaturas de fumo, panos e bordados, foram outros tantos obstáculos a qualquer surto de manufaturas de valor. Tal situação se prolongou através do primeiro e do segundo reinado, quando ainda faltavam todos os elementos para uma indústria autônoma, concentrada e mecanizada, que procura a proximidade das fontes de energia, de matéria-prima, da clientela, dos transportes e, sobretudo, da mão-de-obra. Na verdade, só depois da transferência da corte de D. João para o Brasil foram revogados os editos que vedavam até a existência de depósitos de salitre, fechavam as fábricas têxteis e mantinham a proscrição das fundições de ferro instaladas em São Paulo e Minas. Depois da independência, o reconhecimento pelas potências européias só se tornou possível mediante a concessão de tarifas especiais para os produtos britânicos, concessão que vigorou até 1844. Um antigo empregado de firma britânica no Brasil, que conseguiu estabelecer-se e expandir seus negócios, tornando-se um homem de finanças que acompanhava o surto industrial da Europa, Irineu Evangelista de Souza, teve o descortino de tentar o caminho da indústria, sem levar em conta, entretanto, o grave obstáculo que representava o escravismo, inviável à criação de um mercado nacional. Não obstante isso, registraram-se algumas iniciativas no campo da indústria. Surgiu a fundição de tubos de encanamento de água do rio Maracanã, no Rio de Janeiro. O estaleiro montado na Ponta da Areia, em Niterói, ampliou a construção naval do país, fabricando setenta navios em pouco mais de dez anos. Ligada ao impulso dos serviços urbanos, criou-se a primeira empresa de iluminação a gás. Organizou-se uma companhia de navegação no rio Amazonas. Em 1870, estimou-se em 742 mil contos de réis, quantia avultada para a época, a produção industrial do Brasil. O governo monárquico, todavia, voltava-se mais para as obras públicas do que para prestigiar as iniciativas da indústria privada nacional e o surgimento e consolidação de um empresariado vinculado aos interesses do país. Construíram-se, desse modo, portos para atender às necessidades do comércio externo. As estradas de ferro se prolongaram, mas só a partir de 1870, vindo a interessar capitais ingleses e desempenhar um papel mais dinâmico na economia do país. Instalaram-se companhias de força elétrica, de bondes, de telefones, de luz, de telégrafos, por iniciativa do capital estrangeiro ou vindo a ser concedidas a este. No período da primeira guerra mundial, instalaram-se no Brasil cerca de 5.940 empresas industriais, compreendendo-se aí a produção de uns trinta artigos novos. Mas dentre essas indústrias não figurava a indústria mecânica nem os bens fundamentais capazes de possibilitar a criação da base industrial do país. Na década de 1940, pela primeira vez o valor da produção industrial brasileira ultrapassou o da produção agrícola, elevando-se a 13.000.000 de contos de réis, contra 8.590.000. Verdadeiramente, só na década de 1940 o Brasil logrou a primeira iniciativa industrial de vulto, que iria servir de base a uma modificação na sua estrutura econômica. Esta se verificou em face de circunstâncias criadas pela segunda guerra mundial. Necessitando instalar bases aéreas no território brasileiro para o trânsito dos seus aviões de guerra para a África e Europa, os E.U.A. negociaram a implantação de uma unidade siderúrgica que veio a constituir a Companhia Siderúrgica Nacional, pertencente ao Estado. A usina de Volta Redonda desempenhou, de fato, o papel de célula-mater da indústria pesada nacional, propiciando ao longo de sua atividade, a criação de novas indústrias e a expansão siderúrgica. Outro passo importante no sentido de uma industrialização autônoma foi a instituição do monopólio estatal do petróleo, mediante a criação da Petrobrás por meio da lei 2.004, de 3 de outubro de 1953. A descoberta do lençol petrolífero do Lobato, na Bahia, em 1937, propiciou uma modificação no código de minas e a posterior instituição do Conselho Nacional do Petróleo, a fim de orientar o problemas do ponto de vista brasileiro. Para levar adiante o processo de desenvolvimento industrial, os países adotam uma série de medidas que caracterizam suas opções. O conjunto dessas medidas e a orientação que
lhe é implícita constituem a política industrial. No caso brasileiro, a industrialização se iniciou tardiamente, o que leva o país a realizar grandes esforços, visando a diminuir a distância que o separa dos países desenvolvidos. A dependência do mercado externo e a desigual distribuição da renda, que restringe o mercado interno, constituem ainda aspectos negativos para a industrialização do país. Fatores ligados aos grandes acontecimentos econômicos mundiais, profundos movimentos políticos internos, condições peculiares da região, a política industrial seguida pelos governos - têm importância determinante em relação as avanços industriais. Na América Latina, cujos países durante longo tempo se mantiveram na posição de fornecedores de matérias-primas para clientes industriais, tornou-se evidente que a substituição das importações constituía uma exigência imperiosa para a industrialização e o desenvolvimento econômico. A partir da década de 1930 se fez sentir particularmente nesses países o enfraquecimento do setor externo. No Brasil, contudo, os sinais de debilitamento desse setor ocorreram bastante antes, após o auge da borracha amazônica, que precedeu a primeira guerra mundial. Mas o país, essencialmente agrícola, como era qualificado, simplesmente intensificou as exportações de café, reforçou o comércio de algodão e do cacau, sem vislumbrar ainda os rumos de uma política de substituição das importações. O deslocamento progressivo do centro do comércio internacional, do Reino Unido para os E.U.A., e medidas tomadas por esses dois países durante a crise, entre as quais sobressaem as fortes restrições protecionistas norte-americanas de 1930, tiveram conseqüências funestas para as economias dos países latino-americanos. A gravidade de tais reflexos, em cada país, fez-se sentir em função do coeficiente da importação e da estrutura industrial de que este já dispusesse, para nessa estrutura apoiar seus esforços de substituição das importações. Rapidamente recuperado em seguida à década de 1930, não prosseguiu de maneira favorável a evolução posterior desse coeficiente: o descenso continuou até a década de 1950. O Brasil constitui-se na América Latina no país de mais baixo coeficiente de importação, o que representou um fator decisivo para o crescimento do volume da produção industrial interna. Iniciada a expansão do incipiente parque industrial com as indústrias de bens de consumo, procurou-se atingir, nos últimos anos, uma fase mais avançada, a da produção de bens de equipamento e materiais básicos indispensáveis à aceleração do ritmo do crescimento geral. Sensíveis desequilíbrios ainda se fazem notar, principalmente nos ramos produtores de matérias-primas básicas, a exemplo do que acontece com alguns produtos siderúrgicos e químicos que demandam vultosos investimentos e alta técnica de que carece a economia nacional. Em termos absolutos, segundo o relatório anual do BID (1969), o Brasil desfrutava em 1968 do maior crescimento industrial da América Latina, tendo superada a Argentina, a partir de 1962 (a taxa de crescimento industrial do Brasil entre 1961 e 1968 era de 5,2% contra 2,5% da Argentina). Tal resultado foi obtido em virtude de um elenco de providências governamentais, incluindo isenção de impostos, abatimentos no imposto de renda e correspondentes incentivos fiscais, relativos não só às exportações, o que representou, em 1968, um aumento de 15% na produção industrial que participou com 28% do produto interno bruto. Tal posição, por sua vez, se reflete no mercado externo. Em 1970 o objetivo da economia brasileira era deixar de depender exclusivamente da substituição das importações, ultrapassar a fase da exportação de gêneros alimentícios e matérias-primas da produção primária e ampliar a pauta exportável com variados produtos industriais. As metas mínimas estabelecidas para o período 1970-1973 estabeleciam o crescimento anual de 9 a 11% para a indústria manufatureira e a mineração; 9 a 11% para a indústria siderúrgica; 7 a 9% para o setor enérgico. Influindo fortemente na composição da taxa de crescimento industrial da América Latina, em que ocupa o primeiro lugar, em 1973, o Brasil divide com a Argentina, a Colômbia e o México, a responsabilidade por 80% da produção industrial dessa parte do mundo. A grande concentração industrial na Região Sudeste
Buscando as causas que influem na distribuição espacial da atividade industrial, podem se destacar dois fatores: •fatores histórico-econômicos (mão-de-obra, capital, mercado consumidor - interno e externo
- tecnologia, transportes etc.); •fatores naturais, isto é, aqueles que derivam das condições naturais de uma certa área ou região (matérias-primas e fontes de energia, por exemplo). Após a decadência da agroindústria canavieira do Nordeste, no século XVII, e a descoberta de metais preciosos nas Minas Gerais, a Região Sudeste começou a estruturar-se como área de atração de população e de inversão de capitais. Data, inclusive, dessa época, a mudança da capital político-administrativa da colônia, de Salvador para o Rio de Janeiro, cidade mais próxima da atividade mineradora. Esse fato constitui-se de grande importância no crescimento da cidade do Rio de Janeiro e de sua área próxima, pois essa cidade tornou-se o centro de intercâmbio comercial. Através de seu porto, estabelecia-se o contato com o exterior e com as outras regiões do Brasil. Quando ocorreu a decadência da atividade mineradora, os trabalhadores das minas deslocaram-se em busca de solos mais férteis onde pudessem desenvolver uma agricultura de maior rendimento, encontrando-os no norte e nordeste de São Paulo. No início do século XIX, a cafeicultura, vinda do Rio de Janeiro, penetrava em solo paulista e, logo em seguida, atingia os solos férteis do planalto ocidental (as terras roxas). Além de atrair populações de outras regiões e áreas do Brasil, a expansão da cafeicultura requisitou mão-de-obra estrangeira, representada por imigrantes italianos, espanhóis, alemães e outros. Além disso estimulou o desenvolvimento ferroviário e a concentração financeira. A instalação da corte portuguesa no Rio de Janeiro, a partir de 1808, também contribuiu para dinamizar não só a cidade, mas também a área próxima à capital. A crise da cafeicultura de 1929/30 possibilitou que muitos recursos financeiros que eram aplicados nessa cultura fossem transferidos para a atividade industrial. Vê-se, então, que desde o século XVIII, o Sudeste foi-se estruturando como área de atração de população e de capitais, tornando-se a região concentradora da riqueza. Assim, o mercado consumidor e financeiro que aí se formou, o crescimento das cidades, principalmente São Paulo e Rio de Janeiro, o desenvolvimento ferroviário e rodoviário, ao lado de recursos naturais favoráveis (potencial hidrelétrico, recursos minerais, solos férteis) e ainda o fluxo imigratório estrangeiro que trouxe técnicas de produção influíram na concentração espacial da atividade industrial nessa região. Em tempos recentes, essa posição do Sudeste reafirmou-se, em vista de que, no governo do Presidente Juscelino Kubitcshek (1956-1961), o Plano de Metas deu ênfase à concentração industrial nessa região e particularmente em São Paulo. Os planejadores acreditavam na necessidade de se criar um grande pólo de desenvolvimento, tendo São Paulo como centro e que a partir do mesmo o desenvolvimento se propagaria, em círculos concêntricos, contagiando as outras áreas e regiões do país. Em vista dessa interpretação, o governo de JK canalizou grandes investimentos públicos em infra-estrutura (energia e transportes, além de siderúrgicas) e empréstimos para a expansão econômica de São Paulo e, em menor escala, do Rio de Janeiro e do sul de Minas Gerais. Essa orientação aprofundou ainda mais os desequilíbrios regionais já existentes e consolidou a posição do Sudeste, como a região de forte concentração industrial, financeira, populacional e de renda. Desse modo, a Região Sudeste tornou-se o centro das decisões do país, exercendo forte polarização sobre as demais regiões. Repetiam-se, assim, ao nível interno, isto é, entre as regiões do Brasil, as relações de dominação e exploração espacial, exercidas pela metrópole sobre a colônia, no passado, ou pelos países centrais (E.U.A. e países da Europa Ocidental e Japão) sobre os países periféricos (países subdesenvolvidos) na atualidade. A Região Sudeste tornou-se a produtora de manufaturados e exportadora dos mesmos para as demais regiões do país, a preços elevados e, estas, fornecedoras de mercados consumidores e de matérias-primas a preços baixos. Reproduziam-se, assim, ao nível interno, as relações coloniais do passado e do presente entre os países. Tendências da industrialização no Brasil Vem acontecendo gradualmente uma descentralização industrial, ou seja, a implantação de indústrias em outras regiões do país, e não só na Região Sudeste. Regiões que não se
encontravam no ―mapa‖ de empregos agora oferecem centenas de empregos, a mão-de-obra está sendo procurada em estados que antes as pessoas se viam obrigadas a virem para São Paulo, a fim de trabalharem. Entretanto, esta região continua centralizando e polarizando a vida econômica nacional, reproduzindo, como já foi assinalado, ao nível interno, o neocolonialismo que se manifesta nas relações espaciais internacionais: de um lado os países centrais e de outro os países periféricos ou satélites dos primeiros.
A URBANIZAÇÃO NO BRASIL
Resumo: neste capitulo será explicado como a urbanização afetou o Brasil, e contribuiu
para formar várias metrópoles em todas as regiões. Mas também contribuiu para alguns problemas sociais. Podemos afirmar que o Brasil, hoje, é um país urbanizado. Com a saída de pessoas do campo em direção às cidades, os índices de população urbana vem aumentando sistematicamente em todo o país. A parti da década de 60, as cidades passaram por um processo de dispersão espacial, à medida que novas porções do território foram sendo apropriadas pelas atividades agropecuárias. É considerável o numero de pessoas que trabalham em atividades rurais e residem nas cidades. As greves dos trabalhadores bóias-frias acontecem nas cidades, o lugar onde moram. São inúmeras as cidades que nasceram e cresceram em áreas do país que tem a agroindústria como impulso das atividades econômicas secundárias e terciárias. Em virtude da modernização do campo, assiste-se a uma verdadeira expulsão dos pobres, que encontram nas grandes cidades seu único refúgio. Como as industrias absorvem cada vez menos mão-de-obra e o setor terciário apresentam um lado moderno, que exige qualificação profissional, a urbanização brasileira vem caminhando lado a lado com o aumento da pobreza e a deterioração crescente das possibilidades de vida digna aos novos cidadãos urbanos. Os moradores da periferia, das favelas e dos cortiços tem acesso a serviços de infra-estrutura precários. O espaço urbano, quando não oferece oportunidades, multiplica a pobreza.
A REDE URBANA BRASILEIRA
Apenas a parti da década de 40, que se estruturou uma rede urbana em escala nacional. Até então, o Brasil era formado por ―arquipélagos regionais‖ polarizados por suas metrópoles e capitais regionais. A integração econômica entre São Paulo, Zona da Mata nordestina, Meio-Norte e região Sul era extremamente frágil. Com a modernização da economia, primeiro as regiões Sul e Sudeste formaram um mercado único que, depois, incorporou o Nordeste e, mais recentemente, também o Norte e o Centro-Oeste. As metrópoles concentravam os índices de crescimento urbano e econômico e detinham o poder político em grandes frações do território. É o caso de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre. As metrópoles
abrigavam, em 1950, aproximadamente 18% da população do país; em 1970, cerca de 25%; e, em 1991, mais de 30%. A medida que a infra-estrutura de transportes e comunicações foi se expandindo pelo país, o mercado se unificou e a tendência a concentração urbano-industrial ultrapassou a escala regional, atingindo o país como um todo. Assim, os grandes pólos industriais da região Sudeste, passaram a atrair um enorme contingente de mão-de-obra das regiões que não acompanharam seu ritmo de crescimento econômico e se tornaram metrópoles nacionais. Após a Revolução de 1930, que levou Getulio Vargas ao poder, até meados da décadas de 70, o governo o federal concentrou investimentos de infra-estrutura industrial na região Sudeste, que , em conseqüência, se tornou o grande centro de atração populacional do país. Os migrantes que a região recebeu eram, constituídos por trabalhadores desqualificados e malremunerados, que foram se concentrando na periferia das grandes cidades. Com o passar dos anos, a periferia se expandiu demais e a precariedades do sistema de transportes urbanos levou a população de baixa renda a preferir morar em favelas e cortiços no centro das metrópoles. A rede urbana interfere na vida das pessoas de maneiras diferentes. As pessoas de classe social mais alta podem aproveitar de tudo numa metrópole, todos os recursos estão a disposição. Mas outros que já não podem nem levar ao mercado o que produzem, são presos aos preços e as carências locais. Para estes a rede urbana não é totalmente uma realidade. As condições de determinada região determinam a desigualdade entre as pessoas. Por isso, muitos são cidadãos diminuídos ou incompletos.
AS METRÓPOLES BRASILEIRAS
As regiões metropolitanas brasileiras foram criadas por lei aprovadas no Congresso Nacional em 1973, que as definiu como ―um conjunto de municípios contíguos e integrados socioeconomicamente a uma cidade central, com serviços públicos e infra-estrutura comum‖.
A medida que as cidades vão se expandindo horizontalmente, ocorre a conurbação, ou seja, elas se tornam contínuas, plenamente integradas, e os problemas de infra-estrutura urbana são comuns ao conjunto de municípios da metrópoles. Foram criados os conselhos deliberativos e consultivos para administrar esses problemas comuns a um conjunto de cidades. Recebe o nome de Secretária de Estado dos Negócios Metropolitanos. Na prática, acaba tomando decisões administrativas em função de determinações políticas e sob ordens do governador do estado, deixando as determinações técnicas em ultimo plano. No Brasil, são legalmente reconhecidas treze regiões metropolitanas. Duas delas São Paulo e Rio de Janeiro são nacionais. As outras onze metrópoles, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, Fortaleza, Curitiba, Belém, Baixada Santista, Vitória, São Luís e Natal, são consideradas regionais por exercerem seu poder de polarização apenas em escala regional. A baixada Santista e a região de Campinas, que, juntamente com o vale do Paraíba, formam a primeira megalópole brasileira entre São Paulo e Rio de Janeiro, agrupam um conjunto de treze cidades-satélites são administrados pelo governo do Distrito Federal. Em 1998, foi aprovado pelo Senado projeto autorizado a Presidência da Republica a instituir a Região Integrada de Desenvolvimento do Entorno. A secretaria do Entorno do Distrito Federal é responsável pela política de planejamento integrado de 42 municípios. Manaus, apesar de ter superado a cifra de um milhão de habitantes e exercer enorme poder de polarização em uma vasta área da Amazônia, não possui nenhum município a ela conurbação e poder, portanto, ser administrada apenas pelo poder municipal. EXERCÍCIO 1) O que contribuiu para a vinda de muitos para as cidades? E com que consequência? ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------2) Como se formaram os grandes pólos regionais? ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3) O que é conurbação? --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
O lixo é um dos grandes problemas ambientais das cidades A urbanização se intensificou com a expansão das atividades industriais, fato que atraiu (e ainda atrai) milhões de pessoas para as cidades. Esse fenômeno provocou mudanças drásticas na natureza, desencadeando diversos problemas ambientais, como poluições, desmatamento, redução da biodiversidade, mudanças climáticas, produção de lixo e de esgoto, entre outros. A expansão da rede urbana sem o devido planejamento ocasiona a ocupação de áreas inadequadas para a moradia. Encostas
de morros, áreas de preservação permanente, planícies de inundação e áreas próximas a rios são loteadas e ocupadas. Os resultados são catastróficos, como o deslizamento de encostas, ocasionado a destruição de casas e um grande número de vítimas fatais. A compactação do solo e o asfaltamento, muito comuns nas cidades, dificultam a infiltração da água, visto que o solo está impermeabilizado. Sendo assim, o abastecimento do lençol freático fica prejudicado, reduzindo a quantidade de água subterrânea. Outro fator agravante dessa medida é o aumento do escoamento superficial, podendo gerar grandes alagamentos nas áreas mais baixas. Outro problema ambiental urbano preocupante é o lixo. O aumento populacional causa uma maior produção de lixo, especialmente no atual modelo de produção e consumo. A coleta, destino e tratamento do lixo são questões a serem solucionadas por várias cidades. Em muitos locais, o lixo é despejado nos chamados lixões, locais sem estrutura para o tratamento dos resíduos. As consequências são: odor, proliferação de doenças, contaminação do solo e do lençol freático pelo chorume, etc. O déficit nos serviços de saneamento básico contribui para o cenário de degradação ambiental. A quantidade de esgoto doméstico e industrial lançado nos rios sem o devido tratamento é imensa. Esse fenômeno reduz a qualidade das águas, gerando a mortandade de espécies aquáticas e a redução do uso dessa água para o consumo humano. Nos grandes centros industrializados, os problemas ambientais são mais alarmantes. Nesses locais, a emissão de gases dos automóveis e das fábricas polui a atmosfera e retém calor, intensificando o efeito estufa. Com isso, vários transtornos são gerados à população: doenças respiratórias, chuvas ácidas, inversão térmica, ilhas de calor, etc. A poluição sonora e a visual também geram transtornos para a população. Os ruídos ensurdecedores e o excesso de elementos destinados à comunicação visual espalhados pelas cidades (cartazes, banners, placas, outdoors, fios elétricos, pichações, etc.) afetam a saúde dos habitantes. Portanto, diante desse cenário de diferentes problemas ambientais urbanos, é urgente a necessidade de elaboração e aplicação de políticas ambientais eficazes, além da conscientização da população. Entre as medidas a serem tomadas estão a redução da produção do lixo, a reciclagem, o tratamento adequado do lixo (incineração ou compostagem), o saneamento ambiental, o planejamento urbano, a educação ambiental, a redução da emissão de gases poluentes, entre outras.
Estrutura Fundiária e os Conflitos de Terra
Alimentar com seus frutos é o que a agricultura brasileira vem fazendo há mais de quatro
séculos, infelizmente sem a harmonia sugerida pela letra da bela canção transcrita ao lado.
Como vimos, a agricultura brasileira sempre esteve entre as principais atividades
econômicas do país. Mas o Brasil não se tornou uma potência agrícola, pois alguns dos
maiores problemas sociais brasileiros estão centralizados no campo, como a estrutura
fundiária marcada pela concentração de terras, os conflitos pela posse da terra e as
relações desiguais de trabalho.
Uma distribuição Irregular de terras
À forma como as propriedades rurais estão distribuídas, segundo suas dimensões,
denominamos estrutura fundiária. A principal característica da estrutura fundiária brasileira é
o predomínio de grandes propriedades. As origens dessa distribuição desigual de terras em
nosso país estão em seu passado colonial. As capitanias hereditárias, que inseriram o Brasil
no sistema colonial mercantilista, foram os primeiros latifúndios brasileiros: a colônia foi
dividida em quinze grandes lotes entre doze donatários.
A expansão da lavoura açucareira no litoral manteve o latifúndio como uma de suas
características, ao lado da monocultura e da escravidão da mâo-de-obra africana no sistema
É simples, isto acontece porque as pessoas estão condicionadas a consumir sempre mais, mesmo que não precisem daquele determinado produto.
O que acontece com você, quando vai a supermercados ou ainda em lojas pelo centro de sua cidade, depois de assistir comerciais na TV e em outros meios de comunicação, sobre determinado produto? Será que a propaganda não cria em você o sentimento de necessidade de possuir os produtos visualizados nos comerciais e nas lojas?
Certamente isso ocorre com muita freqüência! Na maioria das vezes, o consumo exagerado é resultado, não de necessidades do consumidor, mas sim de um processo de propaganda e marketing que atende aos interesses dos grandes empresários, que visam somente o lucro.
Consumir é ato tipicamente humano, que atende à maioria das nossas necessidades, não somente as essências, isto é, de caráter orgânico, para nossa sobrevivência, mas, também aquelas ligadas ao nosso crescimento como indivíduos pertencentes e aceitos em uma sociedade.
Nesse sentido o ato de consumir depende da sociedade em que estamos inseridos, além, é claro, da relação particular que cada indivíduo ou cada grupo dessa sociedade mantém com o consumo. Diante dessas reflexões, podemos dividir o ato de consumo em não-alienado e alienado.
O consumo alienado é o mais freqüente, pois as necessidades de consumo de uma pessoa não são reais. São artificialmente estimuladas, sobretudo, pelas propagandas dos comerciais da TV, novelas, revistas, ou seja, pelos meios de comunicação de massa: o consumo, portanto, torna-se consumismo.
É interessante refletir sobre isso para percebermos se realmente temos necessidade daquilo que nos é oferecido. Será que não estamos sendo influenciados?
O consumo não-alienado é aquele em que o indivíduo se torna um consumidor com possibilidades de livre escolha, ou seja, de escolha consciente; mesmo diante depropagandas, ele prioriza suas necessidades, preferências ou ainda opta por consumir ou não, determinado produto.
Bem, não é possível negar que a Revolução Industrial e a constante inovação tecnológica do sistema de produção estiveram a serviço do desenvolvimento da própria humanidade. Mas, no que diz respeito ao CONSUMO, em muito aumentou e estiveram a serviço do poder capitalista de produção e comercialização.
Esse processo leva-nos a refletir sobre a autonomia do pensar: será que nossos pensamentos realmente estão livres das garras da ideologia capitalista? É a garantia do exercício da cidadania que nos dá o direito de decidir livremente sobre o nosso consumo. É preciso ter bem claro o conceito do que é consumo, para podermos, então, decidir quanto às nossas verdadeiras necessidades: seja, de consumir ou não consumir determinados produtos. O exercício pleno da nossa cidadania nos diferencia de meros consumistas para consumidores conscientes.
Isso quer dizer que o direito a emprego e salário descente, livre acesso às informações e às condições de compreendê-las (boa educação), garantia de saúde e de boa qualidade de vida, bem como amparo legal para que tudo isso ocorra, são pré-requisitos para o consumo consciente. Ser cidadão não é simplesmente ter o direito de consumo, e sim ter condições para o consumo consciente e direcionado para o nosso bem-estar.
É uma relação de compra e venda do trabalho. Um indivíduo vende livremente a sua capacidade de trabalho, ou sua força de trabalho, por um determinado período de tempo mediante um pagamento previamente combinado. O que ele vai fazer, a hora de começar e de terminar a jornada (duração diária) de trabalho, a hora e a duração do intervalo para a refeição são combinados entre o indivíduo que VENDE (trabalhador) e o que COMPRA (patrão, empresário).
É o que chamamos de contrato de trabalho. Veja bem! O trabalhador não vende a sua pessoa, pois isso seria o mesmo que a escravidão. O comprador não pode dispor do vendedor como bem queira, pois ele foi contratado para fazer um determinado trabalho, especificado no contrato, e não outro qualquer.
� Comprar e Vender Trabalho
Por que alguém teria interesse em comprar a força de trabalho de outra pessoa? Essa compra, na sociedade capitalista, é feita com o objetivo de obter lucro produzindo mercadorias para serem vendidas no mercado.
O empresário possui os meios de produção: as terras, as máquinas, os equipamentos, as instalações, ou seja, tudo aquilo que é necessário para produzir, mas o empresário não pode possuir a força de trabalho necessária para que os meios de produção sejam utilizados e se efetive a produção de mercadorias. Ele não pode mais ter escravos e ninguém mais é obrigado a servir outra pessoa, pois as leis consideram as pessoas livres e iguais. Dessa forma, a única maneira de se obter força de trabalho é comprando-a.
O camponês que possuía terra e equipamentos trabalhava para si mesmo. Produzia para o seu sustento e o da sua família e, eventualmente, para vender no mercado e com isso obter dinheiro para comprar o que não produzia.
O mesmo ocorria com o artesão que possuía a sua oficina e seus instrumentos de trabalho. Ambos, camponês e artesão, trabalhavam para si mesmos com seus próprios meios de produção.
Mesmos os servos da sociedade medieval possuíam os seus instrumentos de trabalho e o direito de usarem um lote de terra para plantar. Tinham direito também ao uso coletivo das terras, embora devessem obrigações para os senhores feudais e do clero, produziam para si mesmos.
O trabalhador que está disposto a vender a sua força de trabalho é aquele que não tem condições de produzir para si mesmo. Tem a sua força de trabalho, mas lhe faltam os meios de produção. Assim, mesmo sendo livre do ponto de vista jurídico, não é verdadeiramente livre do ponto de vista econômico, pois se vê obrigado a vender a sua força de trabalho. É obrigado a trabalhar para outro para poder sobreviver.
Assim, as relações de trabalho capitalistas dependem da existência de uma massa de pessoas sem os meios de produção. Só com a existência dessa multidão de pessoas sem posses se forma um mercado de mão-de-obra.
Como o trabalhador assalariado vende a sua força de trabalho por um determinado período de tempo de cada dia, nada do que ele produz nesse tempo é dele. Os capitalistas são os donos de todos esses produtos.
Mas como os capitalistas não compraram força de trabalho nem equipamentos e matérias-primas para produzir bens de subsistência (feijão, arroz, batata...), e sim para produzir mercadorias e vendê-las no mercado com lucro, precisam transformar os produtos em dinheiro.
Os trabalhadores, por sua vez, receberam dinheiro, mas precisam comprar os bens necessários à sua subsistência. Foi para isso que venderam a força de trabalho. Trocam, então, o dinheiro por aquilo que eles próprios produziram.
Os trabalhadores não produzem apenas bens de consumo (comida, roupas, geladeiras...), mas também meios de produção, ou seja, máquinas equipamentos, ferramentas, que serão usados futuramente na produção.
Grande parte dessa produção serve apenas para substituir o desgaste, quebra etc. dos meios de produção, mas uma parte serve para aumentar a capacidade produtiva.
Essa parte da riqueza que foi acrescentada pelo aumento dos meios de produção e que não foi consumida constitui o lucro do capitalista.
Não é difícil perceber que, na medida em que o capitalista vai acumulando lucro, a capacidade de produção também cresce, pois aumenta a quantidade
de meios de produção. A qualidade desses meios também pode melhorar, quando o capitalista investe na inovação técnica.
� Ciência e a Inovação na indústria
No aspecto técnico, a Revolução Industrial é um processo contínuo. O reinvestimento do lucro e a competição entre os capitalistas individualmente e entre os países capitalistas entre si provocam constantes inovações e competições.
A partir de um determinado momento, houve um verdadeiro casamento entre desenvolvimento da ciência e a inovação na indústria.
Descobrimentos da ciência se transformavam rapidamente em novas máquinas, novos produtos e novas fontes de energia. A lista dessas inovações é infindável: eletricidade, petróleo, motor a explosão, produtos químicos, alimentos enlatados e pasteurizados, refrigeração, energia atômica, raio laser, informática, robótica, sementes híbridas, vacinas...
No aspecto social, as relações que os indivíduos mantém uns com os outros para produzirem os bens necessários à sobrevivência da sociedade recebem o nome de relações sociais de produção.
Os cientistas sociais deram nomes às diversas sociedades antigas e atuais a partir das relações de trabalho que encontraram nelas. Assim, temos relações de trabalho comunitárias, como nas diversas sociedades indígenas brasileiras do passado e mesmo do presente; relações de trabalho feudais, como na Europa medieval; relações de trabalho assalariadas ou capitalistas, como no Brasil atual, nos Estados Unidos e em vários outros países.
Cabe definir, antes de qualquer coisa, o significado das palavras revolução e industrialização.
� Revolução: significa uma mudança radical. No caso da Revolução ndustrial as mudanças foram em diversos setores:
• Na forma de produção: passou de manual para mecanizada.
• Na organização social: definindo as duas classes sociais: burguesia e proletariado.
• Na própria organização econômica: surgimento de bolsas de valores, grandes empresas.
• Nos meios de transporte: navios a vapor, ferrovias.
� Industrialização: é a transformação de matéria-prima em produto trabalhado para ser consumido pelo homem.
A Revolução Industrial pode ser definida como a passagem do trabalho manual (manufatura) para o trabalho realizado com máquinas (maquinofatura), utilizando-se num primeiro momento a energia a vapor. Com o passar do tempo e um maior desenvolvimento tecnológico, passou-se a utilizar outras formas de energia como: eletricidade, motor a combustão, até nossos dias com a energia nuclear, solar.
Bem, por que a Revolução Industrial aconteceu na Bem, por que a Revolução Industrial aconteceu na Bem, por que a Revolução Industrial aconteceu na Bem, por que a Revolução Industrial aconteceu na Europ Europ Europ Europa, no século XVIII? a, no século XVIII? a, no século XVIII? a, no século XVIII?
Porque houve o favorecimento de várias condições que proporcionaram novas relações sociais no Continente Europeu. Quais foram essas condições?
• Ampliação dos mercados consumidores;
• Existência de capital proveniente da atividade comercial, concentrado nas mãos da burguesia, especialmente da burguesia inglesa;
• Existência de matéria-prima; inovações técnicas;
• Grande quantidade de mão-de-obra disponível.
DESDOBRAMENTOS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
A Revolução Industrial teve início na Inglaterra, durante o século XVIII, e se espalhou por diversos países da Europa.
A maioria das fábricas se instalou próximas das minas que forneciam fonte de energia para o funcionamento das máquinas (como por exemplo, carvão) e dos portos que facilitavam a embarcação para exportação dos produtos. A mecanização da produção proporcionou diversas mudanças na Europa:
1. No aspecto econômico
• Com a Revolução Industrial, a máquina foi instalada em vários setores da produção industrial. Com isso, se pôde produzir cada vez mais, em menos tempo.
• O espírito capitalista dominou as grandes empresas industriais. Essas empresas, preocupadas com a obtenção de lucros, passaram a dominar importantes áreas comerciais de todo o mundo, através da livre concorrência. Assim, elas dominaram os mercados fornecedores de matéria-prima e os consumidores de produtos industrializados.
• Criaram-se companhias de comércio, bolsas de valores; modernizaram-se os transportes.
2. No aspecto político
• O controle da vida política passou a ser exercido pela burguesia. Esta, para se manter no poder, criou o voto censitário. Segundo essa modalidade de voto, apenas as pessoas que
possuíam certos rendimentos poderiam participar da vida política. Dessa maneira assegurou-se à burguesia toda a representação no governo e afastou-se qualquer tipo de representação popular.
• As leis sociais eram formuladas lentamente e eram manobradas, em função dos interesses dos grandes empresários industriais (burguesia).
3. No aspecto social
• As cidades cresceram rapidamente com a migração da mão-de-obra do campo para a cidade.
• As fábricas alteraram a paisagem e o equilíbrio do meio-ambiente com a poluição das suas chaminés.
• Definição de duas classes sociais: de um lado a burguesia que constitui a classe, dominante, e de outro o proletariado, classe dos trabalhadores urbanos assalariados, encarregados da produção nas fábricas.
As condições de vida da classe proletária eram péssimas.
A jornada de trabalho era de quinze horas; não havia lei trabalhista ou
qualquer regulamentação para o trabalho de mulheres e crianças.
As manifestações dos operários eram reprimidas pela polícia. Os salários eram baixos e a alimentação precária, o
que provocava a disseminação de doenças que muitas vezes levavam à morte.
Assim, aumentou a distância entre ricos e pobres (burguesia e proletários), gerando conflitos entre classes e provocando o surgimento das idéias socialistas, contrárias à desigualdade e exploração provocadas pelo capitalismo.
A idéia dos pensadores do socialismo era de formar um sistema político-econômico que trouxesse uma igualdade entre as classes sociais, tendo o Estado como poder centralizador e regulador de todas as atividades econômicas.
LIBERALISMO: É o conjunto de idéias que pregam a liberdade individual nas atividades econômicas e políticas, com a interferência mínima do Estado. Segundo o liberalismo, o Estado deve ser um mero mediador das atividades desenvolvidas pela sociedade. A propriedade dos meios de produção deve estar nas mãos de particulares (propriedade privada).
SOCIALISMO: Ideologia revolucionária que prega a tomada do poder pelo proletariado, cujos representantes deverão dirigir o Estado incorporando os meios de produção, máquinas, terras, escolas, hospitais, deverão estar disponíveis a toda a sociedade.
Atualmente, o liberalismo está sendo reativado em várias partes do mundo, com o nome de neoliberalismo (o significado é o mesmo). Isso começou a ocorrer a partir do pós-guerra (mais ou menos por volta de 1947). Hoje está mais acentuado com a globalização da economia.
Hoje, vivemos a ausência de guerras que envolvam continentes inteiros. Isso não significa que não existam conflitos no mundo, pois você ouve nos noticiários da TV que em muitos locais do planeta existem guerras por questões políticas, econômicas, étnicas e religiosas. Porém, o século XX viveu o impacto de duas grandes guerras que afetaram, principalmente, os países da Europa, parte da Ásia e da América. Essas guerras são chamadas de 1ª e 2ª Guerras Mundiais.
�Primeira Guerra Mundial (1914-1918)
Porque houve a 1ª Guerra na Europa?
• os países industrializados na Europa, passaram a disputar territórios, pois a conquista dos mesmos garantia o fornecimento de matérias-primas e mercado consumidor de seus produtos. Essa rivalidade era muito forte entre Alemanha, Inglaterra e França;
• a Rússia (na Ásia) pretendia expandir seu território para o Ocidente, ameaçando osimpérios turco e austro-húngaro;
• essas rivalidades levaram os países envolvidos a aliarem-se conforme interesses mais comuns. Assim formaram: Tríplice Entente: Inglaterra, França, Rússia; Tríplice Aliança: Itália, Áustria, Alemanha.
O governo de cada país procurava fabricar armas mais eficazes, prevenindo-se contra uma possível invasão.
O estopim da guerra foi a invasão da Sérvia pela Áustria após o assassinato do futuro imperador do Império Austro-Húngaro por um estudante sérvio.
O equilíbrio de forças entre os países envolvidos prolongou a guerra por quatro anos (1914-1918). Enquanto a Europa perdia vidas, cidades eram destruídas e a economia arrasada.
• o BRASIL passou a produzir bens de consumo, antes importados da Europa. Assim várias fábricas surgiram aqui. O Brasil não participou diretamente da guerra, mas enviou medicamentos aos participantes e auxiliou no patrulhamento do Oceano Atlântico;
• os ESTADOS UNIDOS enriqueceram com a guerra, pois tornaram-se os principais fornecedores de alimentos, armas, munições e outros artigos para a Europa, firmando-se como potência mundial;
• com a saída da RÚSSIA, os Estados Unidos entraram na guerra temendo o enfraquecimento da França e Inglaterra. Pretendiam garantir seus interesses na Europa, como por exemplo receber o pagamento das dívidas européias.
Gás asfixiante, aviões e submarinos foram utilizados nessa guerra garantindo a vitória da França, Inglaterra e Estados Unidos.
E como ficou a Europa depois da Guerra?É fácil imaginar como ficou a Europa após a guerra!
• A Alemanha, considerada culpada pela guerra, perdeu territórios e deveria pagar aos vencedores enormes quantias como indenização pelos prejuízos causados.
• Novas nações se formaram na Europa, como: Iugoslávia, Checoslováquia, Romênia, etc.
• A Europa ficou devastada pela guerra, o que ocasionou grave crise econômica e social.
Essa crise facilitou a expansão das idéias marxistas (socialistas) entre a população mais pobre, e o apoio ao Fascismo e Nazismo pelas classes média e alta. Assim, estava preparado o caminho para a 2ª Guerra Mundial.
�Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
As raízes da 2ª Guerra Mundial se encontram na primeira guerra, pois a Alemanha foi profundamente humilhada com as obrigações pela culpa do primeiro conflito, permitindo que os nazistas chegassem ao poder sob o comando de Hitler. Este pregava o desenvolvimento da Alemanha através de um sentimento nacionalista militarizado e revanchista, marcado pelo imperialismo sobre povos vizinhos.
O aparecimento do fascismo na Itália representava um apoio externo aos nazistas na Alemanha, sendo que, em ambos os casos, o receio em relação à expansão do regime soviético levou inúmeras pessoas a se tornarem adeptas de governos totalitários.
Com a crise econômica de 1929, as democracias liberais ficaram enfraquecidas, perdendo espaço para doutrinas de extrema direita que defendiam as atividades bélicas para beneficiar o país.
Na Ásia iniciou-se um choque de interesses imperialistas entre Japão e Estados Unidos. Os japoneses haviam dominado a Coréia e invadido a Mandchúria, na China, enquanto que os
norte-americanos dominavam as Filipinas, o Hawai e um número enorme de ilhas. Ficou estabelecida a aliança entre Alemanha, Itália e Japão, o chamado EIXO, o qual tentaria se impor através do conflito.
Antecedentes
Tropas italianas e alemãs participaram da Guerra Civil Espanhola, onde puderam testar sua tecnologia bélica.
Em 1938, tropas alemãs invadiram a Tchecoslováquia sob o argumento de se tratava da ocupação dos Sudetos, região de maioria alemã. Porém, no mesmo ano, a Áustria foi anexada à Alemanha.
Diante de um clima diplomático tenso, foi realizada a Conferência de Munique, na qual Hitler se comprometeu em não mais invadir outros países.
No entanto, o governo alemão e a União Soviética assinaram secretamente o Pacto Nazi-Soviético de Não-Agressão, pelo qual os dois países iriam dividir entre si a Polônia. Portanto, a Segunda Guerra era inevitável.
O Conflito
Uma vez a Alemanha invadindo a Polônia, França e Inglaterra declararam guerra ao governo nazista.
Em 1940, as tropas alemãs ocupavam quase todo o continente europeu, usando para isso a chamada ―blitzkrieg‖ (guerra relâmpago). Até mesmo a França torna-se uma nação sob ocupação alemã. A Inglaterra resistiu aos bombardeios alemães, impedindo que as forças inimigas invadissem o país.
Os Estados Unidos só entraram no conflito após o bombardeio japonês sobre a base de Pearl Harbor (07/12/1941).
Com objetivo de obter cereais, petróleo e outros recursos, Hitler ordenou a invasão sobre a União Soviética em junho de 1941. Apesar das vitórias iniciais, os alemães não contavam com a resistência soviética, o grande número de soldados na parte asiática do país e o rigor do inverno local. A partir do final daquele ano, os alemães não mais conseguiam conter o avanço soviético e começaram a sofrer uma série de derrotas.
Os japoneses foram derrotados em Midway e iniciaram o seu recuo no Pacífico.
Tropas anglo-americanas derrotaram os alemães e italianos no norte da África e, posteriormente, invadiram o sul da Itália.
Em 6 de junho de 1944, ocorreu o Dia D, ocasião em que ingleses e norte-americanos invadiram a Normandia, no norte na França, derrotando os alemães no Atlântico norte. Pouco tempo depois, Paris foi libertada do domínio nazista. A partir desse momento, os alemães começaram a sofrer pressões em três frentes.
Em maio de 1945 os aliados chegaram em Berlim, ocasião em que Hitler cometeu suicídio e a Alemanha se rendeu incondicionalmente (8 de maio).
pendurado em uma praça em Milão. Para pôr fim à guerra no Pacifico, o governo norte-americano autorizou o bombardeio nuclear sobre as cidade de Hiroshima e Nagazaki, obrigando o Japão a se render em 19 de agosto de 1945.
Conseqüências
O mundo ficou dividido entre duas potências militares: Estados Unidos e União Soviética. Tal situação permitiu a criação da Guerra Fria, o conflito político ideológico entre ambas, marcando as relações internacionais até 1990.
Enquanto os países do Leste Europeu se tornaram ―satélites‖ da União Soviética, os Estados Unidos criaram o Plano Marshall para reerguer a economia da Europa Ocidental, impedindo o crescimento de partidos de esquerda na região.
A Alemanha tornou-se uma nação dividida em duas: Alemanha Ocidental (capitalista) e Alemanha Oriental (comunista).
Os criminosos de guerra foram julgados pelo Tribunal de Nuremberg.
Foi fundada a Organização das Nações Unidas,cujo objetivo principal é manter a paz e provocar o desenvolvimento e a justiça entre os povos, meta esta nem sempre atingida.
O conflito ceifou milhares de vidas, desestruturou economias e deixou profundas marcas na humanidade que podem ser sentidas ainda nos dias de hoje.
Chamamos de Revolução de 1930 o conjunto dos fatos que levou Getúlio Vargas a assumir a presidência da República.
Várias agitações ocorreram por todo país, acusando o governo federal de ter cometido fraudes nas apurações. Numa manifestação no estado da Paraíba, o candidato a vice-presidente pela chapa de Getúlio Vargas, João Pessoa, foi assassinado. Este fato aumentou ainda mais as tensões políticas.
Temendo uma guerra civil, os generais Tasso Fragoso e Mena Barreto
tomaram o poder dias antes da posse de Júlio Prestes e entregaram o governo
do Brasil a Getúlio Vargas.
Chegava ao fim o domínio político dos cafeicultores e iniciou-se um longo período em que o Brasil teve Getúlio Vargas à frente do governo.
�O GOVERNO PROVISÓRIO — 1930-1934
Getúlio Vargas, ao assumir o poder, declarou que estaria governando o Brasil temporariamente, até que a situação ―entrasse nos eixos‖. É importante lembrar que Getúlio recebeu o apoio de militares, operários, donos de fábricas, grandes proprietários de terra do Nordeste, de Minas Gerais e do sul do país (Getúlio era gaúcho), em oposição aos cafeicultores paulistas e seus aliados. Entre as primeiras medidas de Getúlio, destacam-se:
� Nomeou interventores nos governos estaduais: Getúlio substituiu por interventores de sua confiança, os governadores de estado eleitos, que o haviam apoiado no processo revolucionário.
� Dissolveu o Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado): Getúlio suspendeu as atividades dos deputados e senadores da República.
� Suspendeu a Constituição republicana de 1891: Getúlio suspendeu a Constituição, com a promessa de convocar novas eleições para deputados e senadores em breve, que formariam uma Assembléia Nacional Constituinte, encarregada de elaborar novas leis para o Brasil.
Sem Constituição (que é a lei máxima de um país) e sem deputados (encarregados da elaboração das leis), todo o poder do país ficou centralizado nas mãos de Getúlio Vargas. Isso causou descontentamento em alguns setores da população, principalmente entre os cafeicultores paulistas, que eram inimigos de Vargas.
Ao entregar o governo do Estado de São Paulo a um militar (tenente João Alberto), Getúlio causou revolta entre os industriais e comerciantes paulistas, que esperavam indicar um representante de seu partido (o PD — Partido Democrático, que havia apoiado Getúlio) para o cargo de governador.
Sentindo-se traídos, os representantes do PD uniram-se ao PRP (Partido Republicano Paulista, formado por cafeicultores), formando a Frente Única Paulista — a FUP. A Frente passou a exigir do governo federal maior autonomia para os estados (principalmente São Paulo), a nomeação de um interventor ―paulista e civil‖ para chefiar o governo do estado e a convocação imediata de eleições para a formação de uma Assembléia Nacional Constituinte para a elaboração de uma nova Constituição.
Getúlio Vargas cedeu às pressões e indicou Pedro de Toledo (que era paulista e civil) como interventor e anunciou a convocação de novas eleições. Mesmo assim, continuavam as manifestações contrárias a Getúlio.
�A CONSTITUIÇÃO DE 1934
Em 3 de maio de 1933 ocorreram as eleições para a Assembléia Nacional Constituinte, que
iniciou seus trabalhos em novembro de 1933.
Em 16 de julho de 1934 foi promulgada a nova Constituição, que continha características
diferentes da antiga Constituição republicana de 1891, com destaque para:
• criação de um salário mínimo: regulamentava o valor mínimo que um trabalhador deveria receber como salário;
• modificações no sistema eleitoral: foi criado o Supremo Tribunal Eleitoral, com a função de fiscalizar as eleições. O voto passou a ser secreto. O direito do voto passou a ser de todos os cidadãos brasileiros maiores de 18 anos, desde que alfabetizados. As mulheres também conquistaram o direito ao voto;
• nacionalização da exploração mineral: a exploração das riquezas minerais passou a ser controlada pelo governo, sendo permitida somente para brasileiros;
• regulamentação do trabalho: a Constituição de 1934 criou diversos direitos para os trabalhadores, como a regulamentação da jornada diária de 8 horas, o direito a férias anuais remuneradas, entre muitos outros.
De acordo com a Constituição de 1934, a primeira eleição presidencial após sua promulgação deveria ser de forma indireta, isto é, só votariam os membros da Assembléia Nacional Constituinte, ou seja, deputados e senadores. Getúlio Vargas foi reeleito presidente.
�O GOVERNO CONSTITUCIONAL (1934-1937)
Getúlio Vargas, eleito pelos deputados e senadores, passou a governar o Brasil de acordo com a nova Constituição. Getúlio iniciou uma nova fase em seu governo com a simpatia dos trabalhadores, que tiveram seus direitos assegurados.
Nesta época surgiram dois grandes grupos políticos com posições bem diferentes, como veremos a seguir:
• ALIANÇA LIBERTADORA NACIONAL — ALN — Formada por trabalhadores, inteIectuais, artistas e membros do Partido Comunista Brasileiro. Faziam oposição ao governo de Getúlio Vargas, isto é, eram contrários a ele. Defendiam:
- a liberdade de expressão;
- a suspensão do pagamento da dívida externa (o dinheiro destinado para o pagamento da dívida externa deveria ser aplicado na saúde, na habitação e na educação);
- a reforma agrária (as grandes propriedades que nada produzissem deveriam ser tomadas pelo governo e divididas entre os camponeses que não possuíam terras). Sofriam grande influência dos ideais comunistas.
A ALN cresceu rapidamente e em 1935 foram proibidas suas ações, sendo considerada ilegal pelo governo. Apesar de proibida, a ALN continuou a existir, promovendo reuniões e manifestações de rua para divulgar seus ideais e lutar por eles.
• AÇÃO INTEGRALISTA BRASILEIRA — AIB — Formada por pessoas da classe média, pequenos comerciantes e setores do comando do Exército, além de receber o apoio dos
grandes industriais e proprietários, que viam na AIB uma forma de combater as idéias da ALN. Defendiam:
- a centralização do poder em apenas um governante (ditadura). Sob o lema ―Deus, Pátria e Família‖, em defesa da propriedade privada, dos ―bons costumes‖ e das tradições.
- Os integralistas sofriam grande influência dos ideais nazistas.
�O GOLPE DE 1937
As tensões entre integralistas (membros da Ação Integralista Nacional) e aliancistas (membros da Aliança Libertadora Nacional) cresciam e diversas manifestações de rua se transformaram em pancadaria, que causaram centenas de feridos e diversos mortos.
A cada dia que passava, Getúlio Vargas se aproximava mais das idéias defendidas pelos integralistas, embora não assumisse publicamente simpatia por um ou outro grupo.
Aproveitando-se da situação caótica gerada pelos conflitos entre a ALN ea AIB, Getúlio Vargas armou um golpe para continuar no poder.
De acordo com a Constituição de 1934, no início do ano de 1938 deveriam ocorrer eleições para escolher o novo presidente. Getúlio agia normalmente, até que, em setembro de 1937 (menos de 6 meses antes das eleições), anunciou ter descoberto um plano chamado ―Plano Cohen‖ (que na verdade foi forjado por militares ligados a Getúlio Vargas). Segundo Getúlio,era um plano comunista para tirar dele o poder, através de greves e manifestações públicas que terminariam com sua morte.
Imediatamente, Getúlio ordenou a prisão dos principais líderes ligados aocomunismo e instalou a ditadura.
Na verdade, nunca houve o ―Plano Cohen‖. Foi apenas uma forma encontrada por Getúlio para aproveitar-se da situação e continuar no governo,com mais poderes ainda.
ECONOMIA
• Incentivo à Industrialização nacional;
• Limitação dos investimentos estrangeiros no Brasil.
POLÍTICA
• Ditadura (poder centralizado nas mãos do presidente);
• Basicamente rural, passando gradativamente para urbana;
• Fortalecimento da classe média urbana e da burguesia industrial.
FIM DO GOVERNO
• O Brasil enviou soldados para lutarem contra as ditaduras de Hitler (Alemanha) e Mussolini (Itália);
• Campanha pela deposição de Vargas incentivada pelo capital internacional.
ECONOMIA
• Abertura do mercado brasileiro para o capital internacional em especial o norte-americano (E.U.A).
POLÍTICA
• 1946 – Aprovação de nova Constituição;
• A princípio, o Partido Comunista recuperou a legalidade, mas o governo Dutra o colocou novamente na ilegalidade embora a Constituição garantisse liberdade de expressão;
• Alinhamento com os Estados Unidos;
• Rompimento das relações com a União Soviética (URSS).
SOCIEDADE
• Afirmação da sociedade urbana;
• A burguesia se constitui como classe dominante;
• Aumento da população proletária.
FIM DO GOVERNO
• Cumpriu seu mandato, deixando o governo após a eleição de Vargas.
• tentar controlar a remessa de lucros para o exterior;
• criação da Petrobrás;
• aumento do salário mínimo.
POLÍTICA
• Intervenção do governo na economia;
• Eleições livres e gerais;
• Liberdade de expressão garantida pela Constituição de 1946;
• O PCB foi mantido na ilegalidade;
• Embora tenha conquistado grande simpatia popular, não contou com o apoio dos grandes grupos econômicos (principalmente ligados ao capital estrangeiro);
SOCIEDADE
• Não houve alterações.
FIM DO GOVERNO
• Pressionado pela burguesia internacional e nacional, Vargas suicidou-se.
ECONOMIA
• Prometeu para o Brasil um desenvolvimento de 50 anos em 5 anos de governo;
• Plano de metas: maior infra-estrutura para os setores energia, transporte, alimentação, indústria de base;
• SUDENE (Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste);
• Renunciou alegando não suportar as pressões do capitalismo nacional e internacional.
ECONOMIA
Reformas de Base:
• Nacionalização das refinarias de petróleo;
• monopólio estatal sobre importação de petróleo
• regulamentação e limitação da remessa de lucro para exterior;
• desapropriação de terra para fins de reforma agrária;
• estreitamento das relações comerciais com o bloco socialista.
POLÍTICA
• Foi obrigado a governar inicialmente na forma parlamentarista de governo
• após plebiscito retomou seus poderes como presidente;
• eleições livres e gerais;
• liberdade de expressão garantida pela Constituição de 1946;
• O P.C.B. foi mantido na ilegalidade;
SOCIEDADE
• Crescimento do movimento sindical e organizações populares: estudantes camponeses, trabalhadore urbanos, Igreja Católica;
• formação de centrais de trabalhadores CGT – CONTAG;
• decretou as reformas de base: agrária, educacional entre outras.
FIM DO GOVERNO
• Foi deposto por um golpe militar em 31/03/1964; esse golpe resultou da união entre a burguesia nacional e internacional com setores da classe média, da Igreja e do Exército, que não apoiaram as reformas de base.
Enquanto isso, no Rio de Janeiro - Copacabana e Ipanema, a classe média se confraternizava com a burguesia. Chuva de papel picado, toalhas nas janelas, buzinaço, banda e chope. Abraços, choro de alegria, alívio pelo fim da ―desordem‖!
Os crioulos não invadiriam mais as casas das pessoas de bem! As empregadinhas voltariam a ficar de cabeça baixa! Mas, nos subúrbios, o medo substituía o chope. Ali, a revolução iria procurar os "inimigos do Brasil".
Os políticos que não concordaram com o golpe, tiveram seus mandatos cassados, isto é, perderam seus direitos políticos por dez anos.
O primeiro a ser cassado foi o ex-presidente João Goulart. Juscelino e Jânio Quadros também perderam seus direitos, para que não tentassem nenhuma aventura engraçadinha na política.
Depois, veio uma lista de milhares de pessoas que foram demitidas de empregos públicos perseguidas e arruinadas em sua vida particular.
Nenhum banqueiro, nenhum mega empresário, nenhum tubarão foi sequer chamado para depor numa delegacia.
Esses eram todos homens de bem, pessoas que amavam o próximo..., e, principalmente se o próximo fosse um bom parceiro de negócios!!
Os soldados armados de fuzis prendiam milhares de pessoas: dirigentes populares, intelectuais, políticos democratas.
Os comunistas, claro, eram perseguidos como ratos. Muitos foram presos e espancados com brutalidade. Ah! comunista era qualquer cidadão que não concordasse com o regime militar.
O primeiro a ser cassado foi o ex-presidente João Goulart. Juscelino e Jânio Quadros também perderam seus direitos, para que não tentassem nenhuma aventura engraçadinha na política.
Depois, veio uma lista de milhares de pessoas que foram demitidas de empregos públicos perseguidas e arruinadas em sua vida particular.
Nenhum banqueiro, nenhum mega empresário, nenhum tubarão foi sequer chamado para depor numa delegacia.
Esses eram todos homens de bem, pessoas que amavam o próximo..., e, principalmente se o próximo fosse um bom parceiro de negócios!!
Os soldados armados de fuzis prendiam milhares de pessoas: dirigentes populares, intelectuais, políticos democratas.
Os comunistas, claro, eram perseguidos como ratos. Muitos foram presos e espancados com brutalidade. Ah! comunista era qualquer cidadão que não concordasse com o regime militar.
A UNE (União Nacional dos Estudantes), foi proibida de funcionar e seu prédio, incendiado.
A CGT (Comando Geral dos Trabalhadores), fechada. SINDICATOS invadidos à bala.
Nas escolas e universidades, professores e alunos progressistas expulsos.
Os jornais foram ocupados por censores e muitos jornalistas postos na cadeia.
A ordem era calar a boca de qualquer oposição.
Para espionar a vida de todos os cidadãos, foi criado em 1964 o SNI (Serviço Nacional de Informações).
Havia agentes secretos do SNI em quase todos os cantos: escolas, redações de jornais, sindicatos, universidades, estações de televisão.
Microfones, filmes e ouvidos aguçados. Bastava o agente do SNI apontar um suspeito para ele ser preso.
Imagine o clima numa sala de aula! Por exemplo. Se você perguntasse, a um professor de história ―o que ele achava‖ de algo que os militares haviam decretado. Ele, apavorado, responderia algo como: ―Não acho nada‖!
Muitos alunos não concordavam e falavam abertamente. Essas pessoas desapareciam. Eram muitos os ―desaparecidos‖ naqueles tempos! O professor corria risco de ser detido caso fizesse uma crítica ao governo.
Os alunos, falando baixinho, desconfiando de cada pessoa nova; apavorados com os dedos-duros. A ditadura comprometia até as novas amizades!
O novo governo passou a governar por decreto, o chamado AI (Ato Institucional). O presidente elaborava e assinava um AI sem consultar ninguém e todos tinham que obedecer.
Em 15 de abril de 1964 era anunciado o primeiro general-presidente, que iria governar o Brasil segundo interesses do grande capital estrangeiro: HUMBERTO DE ALENCAR CASTELLO BRANCO.
Tranqüilos com a vitória do GOLPE, os generais nem se importaram com as eleições diretas para governadores dos Estados em 1965. Esperavam que o povo brasileiro em massa votasse nos candidatos apoiados pelo governo militar.
Estavam errados! Na Guanabara e em Minas Gerais venceram políticos ligados ao ex-presidente Juscelino Kubitschek. Era a resposta do cidadão brasileiro, que não aprovava o regime autoritário e defendia a democracia.
Ficava claro que, depois do golpe militar, ainda tinha muita gente que não apoiava o regime. Pois bem, os militares reagiram.
Vinte e poucos dias depois das eleições que os militares consideraram desastrosas, foi baixado o AI-2, que acabou com os partidos políticos tradicionais e instituiu eleições indiretas – agora votava-se no partido e não mais no nome do candidato (ao lado, manchete do jornal ―Folha de São Paulo‖, de 27.10.1965).
O PSD, o PTB, a UDN, foram proibidos de funcionar.
Agora, só poderiam existir dois partidos políticos: ARENA (Aliança Renovadora Nacional) e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro).
A ARENA era o partido do governo e faziam parte todos os políticos que apoiavam o regime militar em tudo o que fazia.
O MDB era o partido da oposição consentida, formado pelos que sobraram das cassações. No começo, a oposição era muito tímida.
A ditadura, querendo uma imagem democrática, permitia a existência de um partido levemente contrário, contanto que ninguém fizesse uma oposição muito forte, por isso, oposição consentida, isto é, permitida.
Naqueles tempos, brincando se dizia a verdade. Comentavam que o MDB era o partido do ―SIM‖ e a ARENA era o partido do ―SIM SENHOR‖!!
Não foram apen as líderes políticos e sindicais que foram
perseguidos pelo regime militar. Intelectuais, funcionários públicos, militares e artistas foram demitidos ou sofreram perseguições porque a ditadura os considerava perigosos. Voltava a crescer no Brasil a esquerda (termo para designar os que eram a favor da democracia e contra o regime). Nas ruas, as passeatas contra o regime militar começavam a reunir milhares de pessoas em quase todas
Esse abuso dos cidadãos fez com que os oficiais da linha-dura se irritassem e pressionassem o governo para medidas mais severas ainda.
Os militares estavam apavorados. Até onde aquilo tudo iria levar? Concluíram que precisavam endurecer mais ainda o regime. E endureceram. Por conta disso, o governo baixou o AI-5 que foi o principal instrumento de abuso da ditadura militar. Esse ato estabeleceu a censura - não poderia ser divulgada nenhuma notícia que desabonasse o governo, as passeatas eram crimes e atribui poderes quase que absolutos ao presidente militar. Se a ditadura já era ruim, agora ela piorava. E muito!
Como estratégia para enganar e unir o povo em torno dos seus objetivos, a ditadura, além do uso do aparato repressor, criava campanhas de exaltação patriótica com ampla divulgação pelos meios de comunicação, principalmente a televisão, com ―slogans‖ que diziam ―Pra frente, Brasil‖, ―Brasil, ame-o ou deixe-o‖ , ―Ninguém mais segura este país‖, e outros.
Grandes planos econômicos e projetos que se revelaram muito caros e pouco produtivos foram alvo dos governos militares. Um deles foi o início da construção da rodovia Transamazônica, que devia cortar toda a Amazônia, até o litoral do Atlântico que acabou abandonada, apesar dos milhões de dólares que nela foram investidos e do grande desmatamento que provocou.
Esses projetos, além de outros, tiveram um custo muito alto, o que serviu de justificativa para grandes empréstimos feitos pelo governo no exterior, gerando, assim, uma enorme dívida externa.
� O PROCESSO DE ABERTURA POLÍTICA
A posse do quarto presidente militar, ERNESTO GEISEL, em 15 de março de 1974 marca o começo do processo de ABERTURA DO REGIME. É claro que este não foi muito fácil! Mas, como o próprio general Geisel desejava, a abertura deveria ser lenta, gradual e segura.
De um lado estava a sociedade organizada em partidos e associações e até a própria igreja, lutando para o fim do regime e a volta da democracia e do outro lado, a linha dura do regime contra o governo e contra o processo de abertura do regime.
� A LINHA DURA
O presidente militar, General Geisel, por conta da abertura do regime, enfrentou uma
dura oposição dentro das Forças Armadas, que ficou conhecida como a linha dura do Exército, que ansiava por mais espaço dentro do governo e a permanência da repressão, que incluía prisões, julgamentos sumários e tortura, defendendo a permanência da ditadura. Esse grupo alegava que a volta da democracia poderia trazer de volta o ―perigo do comunismo‖. ERA FACHADA!!
Muitos historiadores vão além e dizem que a defesa da ditadura escondia milhares de interesses econômicos particulares. Os linha-duras realizaram diversos atos de violência e procuraram culpar os movimentos de esquerda - os grupos que lutavam para o fim do regime.
Dentre esses atos, destacaram-se dois: a morte do jornalista Wladimir Herzog (ao lado) dentro da prisão e o atentado ao Rio Centro, no Rio de Janeiro.
� ANISTIA POLÍTICA
Você estudou que milhares de pessoas foram presas por se oporem ao regime e centenas de outras foram exiladas, isto é, tiveram de sair do Brasil, para não serem presas e torturadas.
O motivo?? Por serem contra a ditadura e expressar essa opinião – eram considerados criminosos. Para defender os interesses desses cidadãos brasileiros, teve início um movimento popular onde se pedia para que o governo tirasse a acusação de crime e concedesse perdão a essas pessoas. Esse movimento foi chamado de Anistia.
Continuando o projeto de ―Abertura do Regime‖, durante o governo do presidente general JOÃO BATISTA FIGUEIREDO, em 28 de agosto de 1979, foi proposta a Lei da Anistia, que beneficiou todos os que estavam presos ou exilados desde 1961. Aproximadamente 5 mil exilados puderam retornar ao país e retomar a luta pela volta da democracia. Essa foi apenas a primeira de uma série de leis que objetivaram acabar com as injustiças cometidas pela ditadura militar brasileira ao longo de seus 21 anos.
� O FIM DO REGIME MILITAR
O Brasil não havia melhorado em nada apesar dos grandes sacrifícios impostos à população. O crescimento econômico não beneficiou as classes trabalhadoras. As regiões mais pobres do país continuavam pobres, como o Norte e o Nordeste.
O número de analfabetos, apesar dos projetos do governo para acabar com o analfabetismo, continuou aumentando. O atendimento à saúde não melhorou em quase nada. A inflação, apesar de ter sido contida por algum tempo, reapareceu com mais força.
Esse era o chamado ―milagre brasileiro‖, como passou a ser chamado o desenvolvimento econômico durante o governo do presidente general GARRASTAZU MÉDICE.
“Milagre” para poucos.
A maioria da população continuou no abandono!
Cresceram os partidos de oposição, fortaleceram-se os sindicatos e as entidades de classe.
A partir do final de 1984, já no governo do presidente general JOÃO BATISTA FIGUEIREDO (último presidente militar) o país mobiliza-se na campanha pelas Diretas Já, que pedia a volta das eleições diretas para Presidente da República.
Em março de 1983, um deputado do, agora, PMDB, Dante de Oliveira, apresentou um projeto de emenda constitucional que propunha já para o ano de 1984, eleições diretas para a Presidência da República, mas, pela pressão dos militares, a emenda não foi aprovada.
Ao longo de 1983, algumas peças-chave da política brasileira foram aderindo à tímida campanha iniciada, pelo PMDB, entre eles Lula, Leonel Brizola, Franco Montoro e Tancredo Neves, além, é claro, dos mais prestigiados políticos daquele momento — Ulysses Guimarães e Teotônio Vilela.
Estes últimos, por já serem conhecidos mesmo antes do golpe de 64, concentravam em suas figuras a aspiração do retorno à democracia.
As Diretas Já vagarosamente iam ganhando espaço nas ruas, primeiramente nas pequenas cidades e, posteriormente, nas grandes capitais brasileiras.
Em janeiro de 1984, era dada a largada para os grandes comícios, começando por Curitiba, no dia 12 de janeiro.
Artistas famosos como Chico Buarque, Elba Ramalho e Fafá de Belém e o apresentador Osmar Santos aderiram à campanha, popularizando-a e transformando as Diretas Já num movimento de milhões.
A transição do final do regime militar se deu de forma pacífica. A eleição indireta de um presidente civil pelos deputados e senadores fechou a transição do regime.
Em 22 de abril, JOSÉ SARNEY (1985-1990) foi investido oficialmente no cargo de
Presidente do Brasil. No início do governo do presidente Sarney, o Brasil estava em profunda crise econômica, apresentando uma inflação muito alta, o que levou os meios sindicais a decretarem seguidas greves por aumentos reais de salários.
Politicamente, o governo Sarney cumpriu o compromisso de manter a democracia e encaminhar a elaboração de uma nova Constituição, que foi promulgada em 1988. A CONSTITUIÇÃO DE 1988, apesar de grandes limitações apresenta pontos importantes, como:
• Racismo passa a ser crime inafiançável.
• Fim de qualquer forma de Censura.
• Novidades nos direitos trabalhistas: jornada de trabalho semanal de 44 horas, licença-gestante de 120 dias, férias remuneradas com 1/3 a mais de salário.
• Voto dos analfabetos.
• Direito de voto aos 16 anos.
• Ampliação do poder do Congresso, que agora pode votar orçamento, emissão de moeda, etc.
•
Benefícios da Previdência Social - estendidos aos trabalhadores do campo.
Apesar dos avanços, alguns problemas sérios não foram resolvidos, como:
• A dívida externa do Brasil continuou aumentando.
• A reforma agrária não chegou a ser encaminhada, o que levou ao agravamento das lutas no campo e ao assassinato de Chico Mendes, líder dos trabalhadores rurais, em Rondônia.
• A fome e a miséria cresceram em todo o país.
A Constituição de 1988 restabeleceu as eleições diretas para presidente da República, em dois turnos.
FERNANDO COLLOR DE MELO (1990-1992) foi o primeiro
presidente eleito pelo voto direto após o regime militar. Collor, apoiado por um esquema publicitário excepcional e favorecido pela TV, venceu as eleições. A burguesia respirou aliviada.
De uma forma geral, o presidente Collor não conseguir pôr em prática muito daquilo que prometera em campanha. Sem condições de adquirir bens, a massa trabalhadora não comprava, o comércio não vendia e indústria não conseguia se livrar dos estoques. A recessão ia desgastando o governo.
Em maio de 1992, veio à público denúncias sobre ações ilícitas de
Paulo César Farias (ex-tesoureiro da sua campanha) envolvendo o presidente. A nação passou a exigir a punição dos responsáveis pelo esquema de corrupção. Tiveram início as passeatas, notadamente estudantis, que mobilizaram toda a nação. Conclamava-se o impeachment do presidente, isto é, (impedimento do presidente para governar), que foi aprovado pelo Congresso Nacional. Imediatamente, foi empossado, como presidente em exercício o vice Itamar Franco.
No final de dezembro de 1992, Collor foi julgado e condenado pelo Senado, sendo definitivamente afastado da presidência da República, e seus direitos políticos cassados por
8 anos.
Com a saída de Collor, assumiu o vice-presidente, ITAMAR FRANCO (1992-1994) que deveria completar o mandato. Seu governo foi marcado por indecisões sobre os problemas nacionais. Apenas no último ano, quando era Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, lançou um plano de combate à inflação que na ocasião alcançava níveis elevados, o Plano Real. Os resultados imediatos do Plano Real impressionaram a opinião pública em geral, favorecendo dessa forma a vitória na eleição para Presidente da República, do candidato Fernando Henrique
Cardoso, pelo PSDB (Partido Social Democrático Brasileiro).
Baseando sua campanha no êxito do plano Real, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO (1995-1998) venceu as eleições. O novo presidente assumiu o cargo em 1º de janeiro de 1995, para cumprir um mandato de quatro anos. Durante seu governo, a inflação manteve-se baixa. A manutenção dos preços era obtida pela ampla abertura do mercado a produtos estrangeiros. Nas eleições de outubro de 1998, apresentando-se como o único líder capaz de defender a estabilidade do real, conseguiu se reeleger - 2º mandato (1999-2002).
Em 2002, no final do mandato de Fernando Henrique, ocorreram eleições para deputados estaduais, federais, senadores, governadores e Presidente da República. Nessas eleições, os cidadãos brasileiros elegeram para o mandato de 2003 a 2006, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para Presidente da República.
Ligado historicamente à esquerda, LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA é eleito com mais de 60% dos votos, cerca de cinqüenta e dois milhões de votos, para o mandato de 2003 a 2006. Seu plano de governo, entre outros previa a retomada do crescimento com soberania, ampliação da democracia, inclusão social etc. Hoje, uma das tarefas mais difíceis é, certamente, a avaliação do governo atual. Se, por um lado, ainda é provável contar com decepções, por outro, as esperanças continuam...
7. (UNIVASF – JULHO/2008) Considerando diferentes hipóteses evolucionistas, analise
as afirmações abaixo e as respectivas justificativas.
1) O GAFANHOTO É VERDE PORQUE VIVE NA GRAMA! Seguindo esse raciocínio,
por viver na grama, o gafanhoto passa a produzir pigmentos verdes que o ajudam a se
confundir com o ambiente, passando essa característica para os descendentes.
2) O GAFANHOTO VIVE NA GRAMA PORQUE É VERDE! Segundo esse raciocínio,
por ser verde, o gafanhoto fica protegido dos predadores. Conseqüentemente, pode
gerar descendentes, aos quais transfere suas características.
As afirmações 1 e 2 podem ser atribuídas, respectivamente, a:
a) Lamarck e Darwin.
b) Hardy-Weinberg e Lamarck.
c) Pasteur e Redi.
d) Spallanzani e Hooke.
e) Oparin e Miller.
8. (UFPR) O hábito de colocar argolas no pescoço, por parte das mulheres de algumas
tribos asiáticas, promove o crescimento desta estrutura, representando nestas
comunidades um sinal de beleza. Desta forma temos que as crianças, filhos destas
mulheres já nasceriam com pescoço maior, visto que esta é uma tradição secular.‖
A afirmação acima pode ser considerada como defensora de qual teoria evolucionista:
a) Teoria de Lamarck
b) Teoria de Malthus
c) Teoria de Wallace
d) Teoria de Darwin
e) Teoria de Mendel
Leitura
Sucessão natural e plantas indicadoras Na natureza, os seres vivos estão em constante evolução. Sempre há necessidade de se adaptar a novas realidades, a mudanças. Assim, sobre as rochas surgem musgos e líquens, que são adaptados a essa condição. Porém, o próprio trabalho desses seres, ajudam a formar o solo e, em solos ainda rasos e compactados, eles darão lugar a outras espécies mais adaptadas, como a tiririca. Essa, com o seu desenvolvimento, ajuda a desenvolver um pouco mais o solo e acabará dando lugar a uma outra planta, como a grama branca e, assim, sucessivamente, como ilustra o esquema a seguir.
Quando queremos implantar uma cultura, normalmente enxergamos os inços como um empecilho e tratamos de eliminá-los, seja com uma enxada, ou, com venenos (herbicidas). Agindo assim, sem querer acabamos invertendo a sucessão natural. Eliminando a serralha e o picão, estamos contribuindo para compactar um pouco o solo e dando condições para o desenvolvimento do caruru e da língua-de-vaca. Depois, vem o papuã, a milhã e daqui a pouco nosso solo está tão compactado que aparecem a guanxuma, a grama branca, a tiririca... Isso explica porque em determinados campos ou roças predomina um tipo de planta e não outro e por que em uma roça é tão fácil controlar os inços e em outra é tão difícil. A palavra-chave nesse sentido é APTIDÃO. Ao longo de milhares de anos, as plantas foram se adaptando a determinados tipos de solo, clima e interações com o ambiente. Assim, quando temos um solo ácido, por exemplo, plantas que desenvolveram uma aptidão natural de desenvolvimento radicular que suporta a acidez, crescem normalmente, enquanto que outras terão dificuldades em se desenvolver, perdendo na competição, vindo a desaparecer. Assim, as plantas com essa aptidão natural podem ser "indicadoras" de solos ácidos, quando são predominantes em um ambiente. Muito há para ser descoberto nessa área. Algumas plantas são bem conhecidas como indicadoras; outras, estão em fase de observação. Enquanto isso, o agricultor ecologista vai conhecendo as plantas espontâneas de sua roça, e descobrindo o que indicam. Normalmente as plantas cultivadas são adaptadas a solos férteis e arejados e não conseguem competir com as plantas nativas, que são adaptadas ao solo que utilizamos. Porém, com o melhoramento do solo, as plantas cultivadas se "sentem em casa" e se desenvolvem tão bem que muitos agricultores não vêem problemas em deixar os inços crescerem junto com a cultura. Geralmente, os inços que ali aparecem são indicadores de solos férteis e arejados, como a serralha. Mas é bom lembrar: assim como os inços, nem todas as culturas são adaptadas a solos férteis. Muitas culturas são adaptadas a solos ácidos e pouco férteis, como a erva mate, a mandioca, o eucalipto e o pinus. Observação da natureza e aprendizado permanente de suas lições A natureza é o modelo mais evoluído que se conhece. As plantas e os animais que ocorrem
naturalmente em uma região têm a seu favor milhões de anos de adaptação.
Ao longo da história, os agricultores também foram evoluindo e se adaptando, aprendendo com as lições da natureza. Infelizmente, isso está bastante esquecido, com a introdução da agricultura convencional. Mas o fato é que, quanto mais o nosso jeito de produzir imitar o que acontece no ecossistema que predomina no lugar ou na região, maior será a biodiversidade e mais chances vamos ter de produzir sem a necessidade de usar agrotóxicos e com o mínimo de insumos que vêm de fora da propriedade, como os adubos.
Para cada ciência, os recursos utilizados são determinados por sua própria natureza. No entanto, sua apresentação deve seguir uma padronização. Este livro Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico é uma obra que proporciona critérios de organização e caracteriza a importância das principais etapas de um projeto de pesquisa, de uma pesquisa científica, de artigos científicos, ensaios e resenhas críticas, bem como relatório técnico-científico.
Este livro foi organizado para dar suporte adequado às questões metodológicas de trabalhos científicos de pesquisa em nível de graduação ou pós-graduação. Trata-se de conteúdo organizado para facilitar a produção de trabalhos conforme padrões científicos. No entanto, não há a pretensão de abranger todas as questões envolvidas em Metodologia Científica.
A disciplina Metodologia Científica, devido ao seu caráter sistêmico e inter-relacionado entre suas variáveis de estudo, deve estimular os estudantes, a fim de que busquem motivações para encontrar respostas às suas indagações, respaldadas e sistematizadas em procedimentos metodológicos pertinentes.
Esta obra tem no seu escopo o intuito de facilitar o entendimento e a aplicação das questões que envolvem a elaboração de trabalhos científicos; portanto, pode ser entendida como importante auxiliar no processo do ensino-aprendizagem que os estudantes poderão consultar para suprimir suas dúvidas quanto aos procedimentos, às técnicas e às normas de pesquisa.
Diante desse cenário de estudos e de pesquisa acadêmicos, a disciplina Metodologia Científica tem uma importância fundamental na formação do aluno e do profissional. Quando os estudantes procuram a Universidade para buscar o ―saber‖, precisamos entender que Metodologia Científica nada mais é do que a disciplina que ―estuda os caminhos desse saber‖, se entendermos que ―método‖ quer dizer caminho, que ―logia‖ quer dizer estudo e ―ciência‖, que se refere ao próprio saber.
No início deste capítulo, é oportuno ressaltar a importância da metodologia científica para os estudos acadêmicos na universidade. Primeiramente, apresentamos a definição etimológica do termo: a palavra Metodologia vem do grego ―meta‖ = ao largo; ―odos‖ = caminho; ―logos‖ = discurso, estudo.
A Metodologia é compreendida como uma disciplina que consiste em estudar, compreender e avaliar os vários métodos disponíveis para a realização de uma pesquisa acadêmica. A Metodologia, em um nível aplicado, examina, descreve e avalia métodos e técnicas de pesquisa que possibilitam a coleta e o processamento de informações, visando ao encaminhamento e à resolução de problemas e/ou questões de investigação.
A Metodologia é a aplicação de procedimentos e técnicas que devem ser observados para construção do conhecimento, com o propósito de comprovar sua validade e utilidade nos diversos âmbitos da sociedade.
Para entender as características da pesquisa científica e seus métodos, é preciso, previamente, compreender o que vem a ser ciência. Em virtude da quantidade de definições de ciência encontrada na literatura científica, serão apresentadas algumas consideradas relevantes para este estudo.
Etimologicamente, o termo ciência provém do verbo em latim Scire, quesignifica aprender, conhecer. Essa definição etimológica, entretanto, não é suficientepara diferenciar ciência de outras atividades também envolvidas com o aprendizado eo conhecimento. Segundo Trujillo Ferrari (1974), ciência é todo um conjunto de atitudese de atividades racionais, dirigida ao sistemático conhecimento com objetivo limitado,capaz de ser submetido à verificação. Lakatos e Marconi (2007, p. 80) acrescentamque, além der ser ―uma sistematização de conhecimentos‖, ciência é ―um conjuntode proposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certosfenômenos que se deseja estudar.‖
Trujillo Ferrari (1974), por sua vez, considera que a ciência, no mundo de hoje, tem várias tarefas a cumprir, tais como:
a) aumento e melhoria do conhecimento;
b) descoberta de novos fatos ou fenômenos;
c) aproveitamento espiritual do conhecimento na supressão de falsos milagres, mistérios e superstições;
d) aproveitamento material do conhecimento visando à melhoria da condição de vida humana;
e) estabelecimento de certo tipo de controle sobre a natureza.Demo (2000, p. 22), em contrapartida, acredita que ―no campo científico é sempre mais fácil apontarmos o que as coisas não são, razão pela qual podemos começar dizendo o que o conhecimento científico não é.‖ Para o autor, apesar de não haver limites rígidos para tais conceitos, conhecimento científico:
a) Primeiro, não é senso comum – porque este se caracteriza pela aceitação não problematizada, muitas vezes crédula, do que afirmamos ou temos por válido. Disso não segue que o senso comum seja algo desprezível; muito ao contrário, é com ele, sobretudo, que organizamos nossa vida diária, mesmo porque seria impraticável comportarmo-nos apenas como a ciência recomenda, seja porque a ciência não tem recomendação para tudo, seja porque não podemos dominar cientificamente tudo. No entanto, conforme Demo (2000), o conhecimento científico representa a outra direção, por vezes vista como oposta, de derrubar o que temos por válido; mesmo assim, em todo conhecimento científico há sempre componentes do senso comum, na medida em que nele não conseguimos definir e controlar tudo cientificamente.
b) Segundo, não é sabedoria ou bom-senso – porque estes apreciam componentes como convivência e intuição, além da prática historicamente comprovada em sentido moral.
c) Terceiro, não é ideologia – porque esta não tem como alvo central tratar a realidade, mas justificar posição política. Faz parte do conhecimento científico, porque todo ser humano, também o cientista, gesta-se em história concreta, politicamente marcada.
d) Quarto, não é paradigma específico – ―como se determinada corrente pudesse comparecer como única herdeira do conhecimento científico, muito embora lhe seja inerente essa tendência.‖ (DEMO, 2000, p. 25). Com maior realismo, conhecimento científico é representado pela disputa dinâmica e interminável de paradigmas, que vão e voltam, somem e transformam-se. Com isso, podemos dizer que não é produto acabado, mas processo produtivo histórico, que não podemos identificar com métodos específicos, teorias datadas, escolas e culturas.
Apesar das diversas definições de ciência, seu conceito fica mais claro quando se analisam suas características, denominadas critérios de cientificidade.
Tendo visto o que o conhecimento não é, podemos arriscar a dizer o que é. Conforme Demo (2000, p. 25), ―do ponto de vista dialético, conhecimento científico encontra seu distintivo maior na paixão pelo questionamento, alimentado pela dúvida metódica.‖ Questionamento como método, não apenas como desconfiança esporádica, localizada, intermitente. Os resultados do conhecimento científico, obtidos pela via do questionamento, permanecem questionáveis, por simples coerência de origem.
Antes de tudo, de acordo com Demo (2000), cientista é quem duvida do que vê, se diz, aparece e, ao mesmo tempo, não acredita poder afirmar algo com certeza absoluta. É comum a expectativa incongruente de tudo criticar e pensar que podemos oferecer algo já não criticável.
Questionar, entretanto, não é apenas resmungar contra, falar mal, desvalorizar, mas articular discurso com consistência lógica e capaz de convencer. Conforme Demo (2000), poderíamos propor que somente é científico o que for discutível.
Esse procedimento metodológico articula dois horizontes interconectados: o da formalização lógica e o da prática. Dito de outra maneira, conhecimento científico precisa satisfazer a critérios de qualidade formal e política. Costumeiramente, segundo Demo (2000), aplicamos apenas os critérios formais, porque classicamente mais reconhecidos e aparentemente menos problemáticos. Entretanto, assim procedendo, não nos desfazemos dos critérios políticos. Apenas os reprimimos ou argutamente os ocultamos.
Para que o discurso possa ser reconhecido como científico, precisa ser lógico, sistemático, coerente, sobretudo, bem-argumentado. Isso o distancia de outros conhecimentos, como senso comum, sabedoria, ideologia.Sistematizando, conforme Demo (2000), podemos arrolar critérios de cientificidade normalmente citados na literatura científica:
a) objeto de estudo bem-definido e de natureza empírica: delimitação e descrição objetiva e eficiente da realidade empiricamente observável, isto é, daquilo que pretendemos estudar, analisar, interpretar ou verificar por meio de métodos empíricos.
b) objetivação: tentativa de conhecer a realidade tal como é, evitando contaminá-la com ideologia, valores, opiniões ou preconceitos do pesquisador;
Essa colocação não precisa coincidir com vícios empiristas e positivistas, masaludir apenas ao intento de produzir discursos controlados e controláveis, afim de evitarmos meras especulações, afirmações subjetivistas, montagensteóricas fantasiosas; embora a ciência trabalhe com ―objeto construído‖ – não com a realidade diretamente, mas com expectativa modelar dela -, não pode ser ―inventado‖; vale a regra: tudo o que fazemos em ciência deve poder ser refeito por quem duvide; daí não segue que somente vale o que tem base empírica, mormente se entendermos por ela apenas sua face quantificável, mas segue que também as teorias necessitam ser referenciadas a realidades que permitam relativo controle do que dizemos;
c) discutibilidade: significa a propriedade da coerência no questionamento, evitando, conforme Demo (2000, p. 28), ―a contradição performativa, ou seja, desfazermos o discurso ao fazê-lo, como seria o caso de pretender montar conhecimento crítico imune à crítica‖; trata-se de conjugar crítica e autocrítica, dentro do princípio metodológico de que a coerência da crítica está na autocrítica. Conhecimento científico é o que busca se fundamentar de todos os modos possíveis e imagináveis, mas mantém consciência crítica de que alcança esse objetivo apenas parcialmente, não por defeito, mas por tessitura própria do discurso científico;
d) observação controlada dos fenômenos: preocupação em controlar a qualidade do dado e o processo utilizado para sua obtenção;
e) originalidade: refere-se à expectativa de que todo discurso científico corresponda a alguma inovação, pelo menos, no sentido reconstrutivo; ―não é aceito discurso apenas reprodutivo, copiado, já que faz parte da lógica do conhecimento questionador desconstruir o que existe para o reconstruir em outro nível‖ (DEMO, 2000, p. 28);
f) coerência: argumentação lógica, bem-estruturada, sem contradições; critério mais propriamente lógico e formal, significando a ausência de contradição no texto, fluência entre premissas e conclusões, texto bem-tecido como peça de pano sem rasgos, dobras, buracos.
g) sistematicidade: parceira da coerência, significa o esforço de dar conta do tema amplamente, sem exigir que se esgote, porque nenhum tema é, propriamente, esgotável; supomos, porém, que tenhamos estudado por todos os ângulos, tenhamos visto todos os autores relevantes, dando conta das discussões e polêmicas mais pertinentes, passando por todos os meandros teóricos, sobretudo, que reconstruamos meticulosamente os conceitos centrais.
h) consistência: base sólida, ―refere-se à capacidade do texto de resistir à contra-argumentação ou, pelo menos, merecer o respeito de opiniões contrárias; em certa medida, fazer ciência é saber argumentar, não só como técnica de domínio lógico, mas sobretudo como arte reconstrutiva.‖ (DEMO, 2000, p. 27). Saber argumentar começa com a capacidade de estudar o conhecimento disponível, as teorias, os autores, os conceitos, os dados, as práticas, os métodos, ou seja, de pesquisar, para, em seguida, colocar tudo em termos de elaboração própria; saber argumentar coincide com saber fundamentar, alegar razões, apresentar os porquês; conforme Demo (2000), vai além da descrição do tema, para se aninhar em sua explicação, ou seja, queremos saber não apenas o como das coisas, mas, sobretudo, suas razões, seus porquês. O conhecimento nem sempre consegue ir muito longe na busca das causas para poder dominar os efeitos, mas assume isso como procedimento metodológico sistemático; tudo o que é afirmado precisa ter base, primeiro, no conhecimento existente e considerado válido e, segundo, na formulação própria do autor;
i) linguagem precisa: sentido exato das palavras, restringindo ao máximo o uso de adjetivos;
j) autoridade por mérito: significa o reconhecimento de quem conquistou posição respeitada em determinado espaço científico e é por isso considerado ―argumento‖; segundo Demo (2000, p. 43), ―corre todos os riscos de vassalagem primária, mas, no contexto social do conhecimento, é impossível livrarmo-nos dele‖;
k) relevância social: os trabalhos acadêmicos, em qualquer nível, poderiam ser mais pertinentes, se também fossem relevantes em termos sociais, ou seja, estudassem temas de interesse comum, se se dedicassem a confrontar-se com problemas sociais preocupantes, ―buscassem elevar a oportunidade emancipatória das maiorias.‖ (DEMO, 2000, p. 43). Segundo Demo (2000), é frequente a queixa de que, na universidade, estudamos teorias irrelevantes, cuja sofisticação, por vezes, é diretamente proporcional à sua inutilidade na vida. No entanto, ―sem nos rendermos ao utilitarismo acadêmico – porque seria querer sanar erro com erro oposto -, é fundamental encontrar relação prática nas teorias, bem como escrutínio crítico das práticas‖ (DEMO, 2000, p. 43);
l) ética: procura responder à pergunta: a quem serve a ciência? Em seu contextoextremamente colonizador, o conhecimento científico tem sido, sobretudo, arma de guerra e lucro e, assim, como construiu fantástica potencialidade tecnológica, pode tornar inviáveis as condições ambientais do planeta (DEMO, 2000). A visão ética dedica-se sobremaneira a direcionar tamanha potencialidade para o bem-comum da sociedade, no sentido mais preciso de, primeiro, evitar que os meios se tornem fim; segundo, que se discutam não só os meios, mas também os fins e, terceiro, assegurar que os fins não justifiquem os meios. Conforme Demo (2000, p. 43), ―a fantástica potencialidade emancipatória do conhecimento até hoje tem servido a minorias, sem falar que é usada muitas vezes para imbecilizar, torturar, manipular‖;
m) intersubjetividade: opinião dominante da comunidade científica de determinada época e lugar.
A intersubjetividade é considerada um critério externo à ciência, pois a opinião é algo atribuído de fora, por mais que provenha de um cientista ou especialista na área. Devemos destacar, no entanto, que a intersubjetividade é tão importante para a ciência como os critérios internos, ditos de qualidade formal. Desse critério decorrem outros, como a comunicação, a comparação crítica, o reconhecimento dos pares, o encadeamento de pesquisas em um mesmo tema etc., os quais possibilitam à ciência cumprir sua função de aperfeiçoamento, a partir do crescente acervo de conhecimentos da relação do homem com a natureza.
Tais critérios podem ser sistematizados certamente de outras formas, mas sempre têm em comum o propósito de formalização. De acordo com Demo (2000, p. 29), ―dentro de nossa tradição científica, cabe em ciência apenas o que admite suficiente formalização, quer dizer, pode ser analisado em suas partes recorrentes. Pode ser vista como polêmica tal expectativa, mas é a dominante, e, de modo geral, a única aceita.‖ Por trás dela, está a expectativa muito discutível de que a realidade não só é formalizável, mas, sobretudo, é mais real em suas partes formais. O racionalismo positivista vive dessa crença e por isso aposta, muitas vezes, em resultados definitivos e parâmetros metodológicos absolutizados.
Tem sido chamada de ―ditadura do método‖ essa imposição metodológica feita à realidade, relevando nela apenas o que pode ser mensurado, ou melhor, reduzindo-a às variáveis que mais facilmente sabemos tratar cientificamente.
2.3 CONHECIMENTO CIENTÍFICO E CONHECIMENTO POPULAR
Por existir mais de uma forma de conhecimento, é conveniente destacar o que vem a ser conhecimento científico em oposição ao chamado conhecimento popular, vulgar ou de senso comum.
Não deixa de ser conhecimento aquele que foi observado ou passado de geração em geração através da educação informal ou baseado em imitação ou experiência pessoal. Esse tipo de conhecimento, dito popular, diferencia-se do conhecimento científico por lhe faltar o embasamento teórico necessário à ciência.Conforme Trujillo Ferrari (1974), o conhecimento popular é dado pela familiaridade que temos com alguma coisa, sendo resultado de experiências pessoais ou suposições, ou seja, é uma informação íntima que não foi suficientemente refletida para ser reduzida a um modelo ou uma fórmula geral, dificultando, assim, sua transmissão de uma pessoa a outra, de forma fácil e compreensível.
Na opinião de Lakatos e Marconi (2007), o conhecimento popular não se distingue do conhecimento científico nem pela veracidade nem pela natureza do objeto conhecido: o que os diferencia é a forma, o modo ou o método e os instrumentos do ―conhecer‖.
Para que o conhecimento seja considerado científico, é necessário analisar as particularidades do objeto ou fenômeno em estudo. A partir desse pressuposto, Lakatos e Marconi (2007) apresentam dois aspectos importantes:
a) a ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à verdade;
b) um mesmo objeto ou fenômeno pode ser observado tanto pelo cientista quanto pelo homem comum; o que leva ao conhecimento científico é a forma de observação do fenômeno.
O conhecimento científico difere dos outros tipos de conhecimento por ter toda uma fundamentação e metodologias a serem seguidas, além de se basear em informações
classificadas, submetidas à verificação, que oferecem explicações plausíveis a respeito do objeto ou evento em questão.
Assim, ao analisar um fato, o conhecimento científico não apenas trata de explicá-lo, mas também busca descobrir e explicar suas relações com outros fatos, conhecendo a realidade além de suas aparências. O conhecimento científico é considerado como:
a) acumulativo, por oferecer um processo de acumulação seletiva, em que novos conhecimentos substituem outros antigos, ou somam-se aos anteriores;
b) útil para a melhoria da condição da vida humana;
c) analítico, pois procura compreender uma situação ou um fenômeno global
por meio de seus componentes;
d) comunicável, já que a comunicabilidade é um meio de promover o reconhecimento de um trabalho como científico. A divulgação do conhecimento é responsável pelo progresso da ciência;
e) preditivo, pois, a partir da investigação dos fatos e do acúmulo de experiências, o conhecimento científico pode dizer o que foi passado e predizer o que será futuro.
f) Com base nas definições anteriormente citadas e comentadas, podemos elaborar um quadro comparativo entre conhecimento científico e popular.
A ciência tem como objetivo fundamental chegar à veracidade dos fatos. De acordo com Gil (2008, p. 8), ―neste sentido não se distingue de outras formas de conhecimento. O que torna, porém, o conhecimento científico distinto dos demais é que tem como característica fundamental a sua verificabilidade.‖
Para que um conhecimento possa ser considerado científico, torna-se necessário identificar as operações mentais e técnicas que possibilitam a sua verificação (GIL, 2008). Ou, em outras palavras, determinar o método que possibilitou chegar a esse conhecimento.
Podemos definir método como caminho para chegarmos a determinado fim. E método científico como o conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para atingirmos o conhecimento.
A investigação científica depende de um ―conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos‖ (GIL, 2008, p. 8), para que seus objetivos sejam atingidos: os métodos científicos.
Método científico é o conjunto de processos ou operações mentais que devemos empregar na investigação. É a linha de raciocínio adotada no processo de pesquisa. Os métodos que fornecem as bases lógicas à investigação são: dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e fenomenológico.
Vários pensadores do passado manifestaram o desejo de definir um método universal que fosse aplicado a todos os ramos do conhecimento. Hoje, porém, os cientistas e filósofos da ciência preferem falar numa diversidade de métodos, que são determinados pelo tipo de objeto a investigar e pela classe de proposições a descobrir. Assim, podemos afirmar que a Matemática não tem o mesmo método da Física e que esta não tem o mesmo método da Astronomia. E, com relação às ciências sociais, podemos mesmo dizer que dispõem de grande variedade de métodos.
Partindo da concepção de que método é um procedimento ou caminho para alcançar determinado fim e que a finalidade da ciência é a busca do conhecimento, podemos dizer que o método científico é um conjunto de procedimentos adotados com o propósito de atingir o conhecimento.
De acordo com Trujillo Ferrari (1974), o método científico é um traço característico da ciência, constituindo-se em instrumento básico que ordena, inicialmente, o pensamento em sistemas e traça os procedimentos do cientista ao longo do caminho até atingir o objetivo científico preestabelecido.
Lakatos e Marconi (2007) afirmam que a utilização de métodos científicos não é exclusiva da ciência, sendo possível usá-los para a resolução de problemas do cotidiano. Destacam que, por outro lado, não há ciência sem o emprego de métodos científicos.
Muitos foram os pensadores e filósofos do passado que tentaram definir um único método aplicável a todas as ciências e a todos os ramos do conhecimento. Essas tentativas culminaram no surgimento de diferentes correntes de pensamento, por vezes conflitantes entre si. Na atualidade, já admitimos a convivência, e até a combinação, de métodos científicos diferentes, dependendo do objeto de investigação e do tipo de pesquisa.
RAZÃO
Razão é a capacidade da mente humana que permite chegar a conclusões a partir de suposições ou premissas. É, entre outros, um dos meios pelo qual os seres racionais propõem razões ou explicações para causa e efeito. A razão é particularmente associada à natureza humana, ao que é único e definidor do ser humano.
A razão permite identificar e operar conceitos em abstração, resolver problemas, encontrar coerência ou contradição entre eles e, assim, descartar ou formar novos conceitos, de uma forma ordenada e, geralmente, orientada para objectivos. Inclui raciocinar, apreender, compreender, ponderar e julgar, por vezes usada como sinónimo de inteligência.
Como uma forma de chegar a conclusões, é frequentemente contraposta não só com o modo como os animais não-humanos parecem tomar decisões, mas também com a tomada de decisões baseada na autoridade, na intuição, na emoção, na superstição ou na fé. A razão é considerada pelos racionalistas a forma mais fiável de descobrir o que é verdadeiro ou melhor. A forma exacta como a razão difere da emoção, fé e tradição é controversa, dado que as três são consideradas potencialmente racionais, e, em simultâneo, pontencialmente em conflito com a razão.
A principal diferença entre a razão e outras formas de consciência está na explicação: o pensamento é tanto mais racional quanto mais conscientemente for pensado, de forma que possa ser expresso numa linguagem.
ETMOLOGIA DA PALAVRA RAZÃO
Na cultura da chamada sociedade ocidental, a palavra razão origina-se de duas fontes: a palavra latina ratio e a palavra grega logos. Essas duas palavras são substantivos derivados de dois verbos que têm um sentido muito parecido em latim e em grego.
Logos vem do verbo legein, que quer dizer: contar, reunir, juntar, calcular. Ratio vem do verbo reor, que quer dizer: contar, reunir, medir, juntar, separar, calcular.
Que fazemos quando medimos, juntamos, separamos, contamos e calculamos? Pensamos de modo ordenado. E de que meios usamos para essas ações? Usamos palavras (mesmo quando usamos números estamos usando palavras, sobretudo os gregos e os romanos, que usavam letras para indicar números).
Por isso, logos, ratio ou razão significam pensar e falar ordenadamente, com medida e proporção, com clareza e de modo compreensível para outros. Assim, na origem, razão é a capacidade intelectual para pensar e exprimir-se correta e claramente, para pensar e dizer as coisas tais como são. A razão é uma maneira de organizar a realidade pela qual esta se torna compreensível. É, também, a confiança de que podemos ordenar e organizar as coisas porque são organizáveis, ordenáveis, compreensíveis nelas mesmas e por elas mesmas, isto é, as próprias coisas são racionais.
SENTIDOS DA PALAVRA RAZÃO
Desde o começo da Filosofia, a origem da palavra razão fez com que ela fosse considerada oposta a quatro outras atitudes mentais:
1. ao conhecimento ilusório, isto é, ao conhecimento da mera aparência das coisas que não alcança a realidade ou a verdade delas; para a razão, a ilusão provém de nossos costumes, de nossos preconceitos, da aceitação imediata das coisas tais como aparecem e tais como parecem ser. As ilusões criam as opiniões que variam de pessoa para pessoa e de sociedade para sociedade. A razão se opõe à mera opinião;
2. às emoções, aos sentimentos, às paixões, que são cegas, caóticas, desordenadas, contrárias umas às outras, ora dizendo ―sim‖ a alguma coisa, ora dizendo ―não‖ a essa mesma coisa, como se não soubéssemos o que queremos e o que as coisas são. A razão é vista como atividade ou ação (intelectual e da vontade) oposta à paixão ou à passividade emocional;
3. à crença religiosa, pois, nesta, a verdade nos é dada pela fé numa revelação divina, não dependendo do trabalho de conhecimento realizado pela nossa inteligência ou pelo nosso intelecto. A razão é oposta à revelação e por isso os filósofos cristãos distinguem a luz natural - a razão - da luz sobrenatural - a revelação;
4. ao êxtase místico, no qual o espírito mergulha nas profundezas do divino e participa dele, sem qualquer intervenção do intelecto ou da inteligência, nem da vontade. Pelo contrário, o êxtase místico exige um estado de abandono, de rompimento com a atividade intelectual e com a vontade, um rompimento com o estado consciente, para entregar-se à fruição do abismo infinito. A razão ou consciência se opõe à inconsciência do êxtase.
PRINCÍPIOS RACIONAIS
Desde seus começos, a filosofia cosiderou que a razão opera seguindo certos princípios que ela própria estabelece e que estão em concordância com a própria relidade, mesmo quando os empregamos sem conhecê-los explicitamente. Ou seja, o conhecimento racional obedece a certas regras ou leis fundamentais, que respeitamos até mesmo quando não conhecemos diretamente quais são e o que são. Nós as respeitamos porque somos seres racionais e porque são princípios que garantem que a realidade é racional.
PRINCÍPIO DA IDENTIDADE: O princípio da identidade é a condição do pensamento e sem
ele não podemos pensar. Ele afirma que uma coisa, seja ela qual for, só pode ser conhecida e pensada se for percebida e conservada com sua identidade.
PRINCÍPIO DA NÃO-CONTRADIÇÃO: É impossível que a árvore que está diante de mim
seja e não seja uma mangueira; que o cachorrinho de dona Filomena seja e não seja branco; que o triângulo tenha e não tenha três lados e três ângulos; que o homem seja e não seja mortal; que o vermelho seja e não seja vermelho; etc.
PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO: Este princípio define a decisão de um dilema _ "ou isto ou aquilo" _ e exige que apenas um a das alternativas seja verdadeira. Mesmo quando temos, por exemplo, um teste de múltipla escolha, escolhemos na verdade apenas entre duas opções _ "ou está certo ou está errado"_ e não há terceira possibilidade ou terceira alternativa, pois, entre várias escolhas possíveis, só há realmente duas, a certa ou a errada.
PRINCÍPIO DA RAZÃO SUFICIENTE: Que afirma que tudo o que existe e tudo o que
acontece tem uma razão (causa ou motivo) para existir ou para acontecer, e que tal razão pode ser conhecida pela nossa razão. O princípio da razão suficiente costuma ser chamado de princípio de causalidade para indicar que a razão afirma a existência de relações ou conexões internas entre as coisas, entre fatos, ou entre ações e acontecimentos.
ATIVIDADE RACIONAL: INTUITIVO E DISCURSIVO
A Filosofia distingue duas grandes modalidades da atividade racional, realizadas pela razão subjetiva ou pelo sujeito do conhecimento: a intuição (ou razão intuitiva) e o raciocínio (ou razão discursiva).
A atividade racional discursiva, como a própria palavra indica, discorre, percorre uma realidade ou um objeto para chegar a conhecê-lo, isto é, realiza vários atos de conhecimento até conseguir capta-lo. A razão discursiva ou o pensamento discursivo chega ao objeto passando por etapas sucessivas de conhecimento, realizando esforços sucessivos de aproximação para chegar ao conceito ou à definição do objeto.
A razão intuitiva ou intuição, ao contrário, consiste num único ato do espírito, que, de uma só vez, capta por inteiro e completamente o objeto. Em latim, intuitos significa: ver. A intuição é uma visão direta e imediata do objeto do conhecimento, um contato direto e imediato com ele, sem necessidade de provas ou demonstrações para saber o que conhece.
A intuição
A intuição é uma compreensão global e instantânea de uma verdade, de um objeto, de um fato. Nela, de uma só vez, a razão capta todas as relações que constituem a realidade e a verdade da coisa intuída. É um ato intelectual de discernimento e compreensão, como, por exemplo, tem um médico quando faz um diagnóstico e apreende de uma só vez a doença, sua causa e o modo de trata-la. Os psicólogos se referem à intuição usando o termo insight, para referirem-se ao momento em que temos uma compreensão total, direta e imediata de alguma coisa, ou o momento em que percebemos, num só lance, um caminho para a solução de um problema científico, filosófico ou vital.
Um exemplo de intuição pode ser encontrado no romance de Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas. Riobaldo e Diadorim são dois jagunços ligados pela mais profunda amizade e lealdade, companheiros de lutas e cumpridores de uma vingança de sangue contra os assassinos da família de Diadorim. Riobaldo, porém, sente-se cheio de angústia e atormentado, pois seus sentimentos por Diadorim são confusos, como se entre eles houvesse muito mais do que a amizade. Diadorim é assassinado. Quando o corpo é trazido para ser preparado para o funeral, Riobaldo descobre que Diadorim era mulher. De uma só vez, num só lance, Riobaldo compreende tudo o que sentia, todos os fatos acontecidos entre eles, todas as conversas que haviam tido, todos os gestos estranhos de Diadorim e compreende, instantaneamente, a verdade: estivera apaixonado por Diadorim.
A razão intuitiva pode ser de dois tipos: intuição sensível ou empírica e intuição intelectual.
1. A intuição sensível ou empírica (do grego, empeiria: experiência sensorial) é o
conhecimento que temos a todo momento de nossa vida. Assim, com um só olhar ou num só ato de visão percebemos uma casa, um homem, uma mulher, uma flor, uma mesa. Num só ato, por exemplo, capto que isto é uma flor: vejo sua cor e suas pétalas, sinto a maciez de sua textura, aspiro seu perfume, tenho-a por inteiro e de uma só vez diante de mim.
A intuição empírica é o conhecimento direto e imediato das qualidades sensíveis do objeto externo: cores, sabores, odores, paladares, texturas, dimensões, distâncias. É também o conhecimento direto e imediato de estados internos ou mentais: lembranças, desejos, sentimentos, imagens.
A intuição sensível ou empírica é psicológica, isto é, refere-se aos estados do sujeito do conhecimento enquanto um ser corporal e psíquico individual – sensações, lembranças, imagens, sentimentos, desejos e percepções são exclusivamente pessoais.
Assim, a marca da intuição empírica é sua singularidade: por um lado, está ligada à singularidade do objeto intuído (ao ―isto‖ oferecido à sensação e à percepção) e, por outro, está ligada à singularidade do sujeito que intui (aos ―meus‖ estados psíquicos, às ―minhas‖ experiências). A intuição empírica não capta o objeto em sua universalidade e a experiência intuitiva não é transferível para um outro objeto. Riobaldo teve uma intuição empírica.
2. A intuição intelectual difere da sensível justamente por sua universalidade e necessidade. Quando penso: ―Uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo‖, sei,
sem necessidade de provas ou demonstrações, que isto é verdade. Ou seja, tenho conhecimento intuitivo do princípio da contradição. Quando digo: ―O amarelo é diferente do azul‖, sei, sem necessidade de provas e demonstrações, que há diferenças. Vejo, na intuição sensível, a cor amarela e a cor azul, mas vejo, na intuição intelectual, a diferença entre cores. Quando afirmo: ―O todo é maior do que as partes‖, sei, sem necessidade de provas e demonstrações, que isto é verdade, porque intuo uma forma necessária de relação entre as coisas.
A intuição intelectual é o conhecimento direto e imediato dos princípios da razão (identidade, contradição, terceiro excluído, razão suficiente), das relações necessárias entre os seres ou entre as idéias, da verdade de uma idéia ou de um ser.
Na história da Filosofia, o exemplo mais célebre de intuição intelectual é conhecido como o cogito cartesiano, isto é, a afirmação de Descartes: ―Penso (cogito), logo existo‖. De fato, quando penso, sei que estou pensando e não é preciso provar ou demonstrar isso, mesmo porque provar e demonstrar é pensar e para demonstrar e provar é preciso, primeiro, pensar e saber que se pensa.
Quando digo: ―Penso, logo existo‖, estou simplesmente afirmando racionalmente que sei que sou um ser pensante ou que existo pensando, sem necessidade de provas e demonstrações. A intuição capta, num único ato intelectual, a verdade do pensamento pensando em si mesmo.
Um outro exemplo de intuição intelectual é oferecido pela fenomenologia, criada por Husserl. Trata-se da intuição intelectual de essências ou significações. Toda consciência, diz Husserl, é sempre ―consciência de‖ ou consciência de alguma coisa, isto é, toda consciência é um ato pelo qual visamos um objeto, um fato, uma idéia. A consciência representa os objetos, os fatos, as pessoas. Cada representação pode ser obtida por um passeio ou um percurso que nossa consciência faz à volta de um objeto. Essas várias
representações são psicológicas e individuais, e o objeto delas, o representado, também é individual ou singular.
Por exemplo, diz Husserl, quando quero pensar em alguém, como Napoleão, posso representa-lo ganhando a batalha de Waterloo, prisioneiro na ilha de Elba e na ilha de Santa Helena, montado em seu cavalo branco, usando o chapéu de três pontas e com a mão direita enfiada na túnica.
Cada uma dessas representações é singular: por um lado, cada uma delas é um ato psicológico singular que eu realizo (um ato de lembrar, um ato de ver a imagem de Napoleão num quadro, um ato de ler sobre ele num livro, etc.) e, por outro, cada uma delas possui um representante singular (Napoleão a cavalo, Napoleão na batalha de Waterloo, Napoleão fugindo de Elba, etc.). No entanto, embora sejam singulares e distintas umas das outras, todas possuem o mesmo representado, o mesmo significado, a mesma signif icação ou a mesma essência: Napoleão.
Quando colocamos de lado a singularidade psicológica de cada uma de nossas representações e a singularidade de cada um dos representantes, ficando apenas com a idéia ou significação ―Napoleão‖, como uma universalidade ou generalidade, temos uma intuição da essência ―Napoleão‖. A intuição da essência é a apreensão intelectual imediata e direta de uma significação, deixando de lado as particularidades dos representantes que indicam empiricamente a significação. É assim que tenho intuição intelectual da essência ou significação ―triângulo‖, ―imaginação‖, ―memória‖, ―natureza‖, ―cor‖, ―diferença‖, ―Europa‖, ―pintura‖, ―literatura‖, ―tempo‖, ―espaço‖, ―coisa‖, ―quantidade‖, ―qualidade‖, etc. Intuímos idéias.
Fala-se também de uma intuição emotiva ou valorativa. Trata-se daquela intuição na qual, juntamente com o sentido ou significação de alguma coisa, captamos também seu valor, isto é, com a idéia intuímos também se a coisa ou essência é verdadeira ou falsa, bela ou feia, boa ou má, justa ou injusta, possível ou impossível, etc. Ou seja, a intuição intelectual capta a essência do objeto (o que ele é) e a intuição emotiva ou valorativa capta essa essência pelo que o objeto vale.
A razão discursiva:
dedução, indução e abdução
A intuição pode ser o ponto de chegada, a conclusão de um processo de conhecimento, e pode também ser o ponto de partida de um processo cognitivo. O processo de conhecimento, seja o que chega a uma intuição, seja o que parte dela, constitui a razão discursiva ou o raciocínio.
Ao contrário da intuição, o raciocínio é o conhecimento que exige provas e demonstrações e se realiza igualmente por meio de provas e demonstrações das verdades que estão sendo conhecidas ou investigadas. Não é um ato intelectual, mas são vários atos intelectuais internamente ligados ou conectados, formando um processo de conhecimento.
Um caçador sai pela manhã em busca da caça. Entra no mato e vê rastros: choveu na véspera e há pegadas no chão; pequenos galhos rasteiros estão quebrados; o capim está amassado em vários pontos; a carcaça de um bicho está à mostra, indicando que foi devorado há poucas horas; há um grande silêncio no ar, não há canto de pássaros, não há ruídos de pequenos animais.
O caçador supõe que haja uma onça por perto. Ele pode, então, tomar duas atitudes. Se, por todas as experiências anteriores, tiver certeza de que a onça está nas imediações, pode preparar-se para enfrenta-la: sabe que caminhos evitar, se não estiver em condições de caçá-la; sabe que armadilhas armar, se estiver pronto para captura-la; sabe como atraí-la, se quiser conserva-la viva e preservar a espécie.
O caçador pode ainda estar sem muita certeza se há ou não uma onça nos arredores e, nesse caso, tomará uma série de atitudes para verificar a presença ou ausência do felino: pode percorrer trilhas que sabem serem próprias de onças; pode examinar melhor as pegadas e o tipo de animal que foi devorado; pode comparar, em sua memória, outras situações nas quais esteve presente uma onça, etc.
Assim, partindo de indícios, o caçador raciocina para chegar a uma conclusão e tomar uma decisão. Temos aí um exercício de raciocínio empírico e prático (isto é, um pensamento que visa a uma ação) e que se assemelha à intuição sensível ou empírica, isto é, caracteriza-se pela singularidade ou individualidade do sujeito e do objeto do conhecimento.
Quando, porém, um raciocínio se realiza em condições tais que a individualidade psicológica do sujeito e a singularidade do objeto são substituídas por critérios de generalidade e universalidade, temos a dedução, a indução e a abdução.
A dedução
Dedução e indução são procedimentos racionais que nos levam do já conhecido ao ainda não conhecido, isto é, permitem que adquiramos conhecimentos novos graças a conhecimentos já adquiridos. Por isso, se costuma dizer que, no raciocínio, o intelecto opera seguindo cadeias de razões ou os nexos e conexões internos e necessários entre as idéias ou entre os fatos.
A dedução consiste em partir de uma verdade já conhecida (seja por intuição, seja por uma demonstração anterior) e que funciona como um princípio geral ao qual se subordinam todos os casos que serão demonstrados a partir dela. Em outras palavras, na dedução parte-se de uma verdade já conhecida para demonstrar que ela se aplica a todos os casos particulares iguais. Por isso também se diz que a dedução vai do geral ao particular ou do universal ao individual. O ponto de partida de uma dedução é ou uma idéia verdadeira ou uma teoria verdadeira.
Por exemplo, se definirmos o triângulo como uma figura geométrica cujos lados somados são iguais à soma de dois ângulos retos, dela deduziremos todas as propriedades de todos os triângulos possíveis. Se tomarmos como ponto de partida as definições geométricas do ponto, da linha, da superfície e da figura, deduziremos todas as figuras geométricas possíveis.
No caso de uma teoria, a dedução permitirá que cada caso particular encontrado seja conhecido, demonstrando que a ele se aplicam todas as leis, regras e verdades da teoria. Por exemplo, estabelecida a verdade da teoria física de Newton, sabemos que: 1) as leis da física são relações dinâmicas de tipo mecânico, isto é, se referem à relações de força (ação e reação) entre corpos dotados de figura, massa e grandeza; 2) os fenômenos físicos ocorrem no espaço e no tempo; 3) conhecidas as leis iniciais de um conjunto ou de um sistema de fenômenos, poderemos prever os atos que ocorrerão nesse conjunto e nesse sistema.
Assim, se eu quiser conhecer um ato físico particular – por exemplo, o que acontecerá com o corpo lançado no espaço por uma nave espacial, ou qual a velocidade de um projétil lançado de um submarino para atingir um alvo num tempo determinado, ou qual é o tempo e a velocidade para um certo astro realizar um movimento de rotação em torno de seu eixo -, aplicarei a esses casos particulares as leis gerais da física newtoniana e saberei com certeza a resposta verdadeira.
A dedução é um procedimento pelo qual um fato ou objeto particulares são conhecidos por inclusão numa teoria geral.
Costuma-se representar a dedução pela seguinte fórmula:
Todos os metais (x) são bons condutores de eletricidade (y);
O mercúrio (A) é um metal (x);
Portanto, o mercúrio (A) é bom condutor de eletricidade (y).
A razão oferece regras especiais para realizar uma dedução e, se tais regras não forem respeitadas, a dedução será considerada falsa.
A indução
A indução realiza um caminho exatamente contrário ao da dedução. Com a indução, partimos de casos particulares iguais ou semelhantes e procuramos a lei geral, a definição geral ou a teoria geral que explica e subordina todos esses casos particulares. A definição ou a teoria são obtidas no ponto final do percurso. E a razão também oferece um conjunto de regras precisas para guiar a indução; se tais regras não forem respeitadas, a indução será considerada falsa.
Por exemplo, colocamos água no fogo e observamos que ela ferve e se transforma em vapor; colocamos leite no fogo e vemos também que ele se transforma em vapor; colocamos vários tipos de líquidos no fogo e vemos sempre sua transformação em vapor. Induzimos desses casos particulares que o fogo possui uma propriedade que produz a evaporação dos líquidos. Essa propriedade é o calor.
Verificamos, porém, que os diferentes líquidos não evaporam sempre na mesma velocidade; cada um deles, portanto, deve ter propriedades específicas que os fazem evaporar em velocidades diferentes. Descobrimos, porém, que a velocidade da evaporação não é o fato a ser observado e sim quanto de calor cada líquido precisa para começar a evaporar. Se considerarmos a água nosso padrão de medida, diremos que ela ferve e começa a evaporar a partir de uma certa quantidade de calor e que é essa quantidade de calor que precisa ser conhecida. Podemos, a seguir, verificar um fenômeno diferente. Vemos que água e outros líquidos, colocados num refrigerador, endurecem e se congelam, mas que, como no caso do vapor, cada líquido se congela ou se solidifica em velocidades diferentes. Procuramos, novamente, a causa dessa diferença de velocidade e descobrimos que depende tanto de certas propriedades de cada líquido quanto da quantidade de frio que há no refrigerador. Percebemos, finalmente, que é essa quantidade que devemos procurar.
Com essas duas séries de fatos (vapor e congelamento), descobrimos que os estados dos líquidos variam (evaporação e solidificação) em decorrência da temperatura ambiente (calor e frio) e que cada líquido atinge o ponto de evaporação ou de solidificação em temperaturas
diferentes. Com esses dados podemos formular uma teoria da relação entre os estados da matéria – sólido, líquido e gasoso – e as variações de temperatura, estabelecendo uma relação necessária entre o estado de um corpo e a temperatura ambiente. Chegamos, por indução, a uma teoria.
A dedução e a indução são conhecidas com o nome de inferência, isto é, concluir alguma coisa a partir de outra já conhecida. Na dedução, dado X, infiro (concluo) a, b, c, d. Na indução, dados a, b, c, d, infiro (concluo) X.
A abdução
O filósofo inglês Peirce considera que, além da dedução e da indução, a razão discursiva ou raciocínio também se realiza numa terceira modalidade de inferência, embora esta não seja propriamente demonstrativa. Essa terceira modalidade é chamada por ele de abdução.
A abdução é uma espécie de intuição, mas que não se dá de uma só vez, indo passo a passo para chegar a uma conclusão. A abdução é a busca de uma conclusão pela interpretação racional de sinais, de indícios, de signos. O exemplo mais simples oferecido por Peirce para explicar o que seja a abdução são os contos policiais, o modo como os detetives vão coletando indícios ou sinais e formando uma teoria para o caso que investigam.
Segundo Peirce, a abdução é a forma que a razão possui quando inicia o estudo de um novo campo científico que ainda não havia sido abordado. Ela se aproxima da intuição do artista e da adivinhação do detetive, que, antes de iniciarem seus trabalhos, só contam com alguns sinais que indicam pistas a seguir. Os historiadores costumam usar a abdução.
De modo geral, diz-se que a indução e a abdução são procedimentos racionais que empregamos para a aquisição de conhecimentos, enquanto a dedução é o procedimento racional que empregamos para verificar ou comprovar a verdade de um conhecimento já adquirido.
Realismo e idealismo
Vimos anteriormente que muitos filósofos distinguem razão objetiva e razão subjetiva, considerando a Filosofia o encontro e o acordo entre ambas.
Falar numa razão objetiva significa afirmar que a realidade externa ao nosso pensamento é racional em si e por si mesma e que podemos conhece-la justamente por ser racional. Significa dizer, por exemplo, que o espaço e o tempo existem em si e por si mesmos, que as relações matemáticas e de causa-efeito existem nas próprias coisas, que o acaso existe na própria realidade, etc.
Chama-se realismo a posição filosófica que afirma a existência objetiva ou em si da realidade externa como uma realidade racional em si e por si mesma e, portanto, que afirma a existência da razão objetiva.
Há filósofos, porém, que estabelecem uma diferença entre a realidade e o conhecimento racional que dela temos. Dizem eles que, embora a realidade externa exista em si e por si mesma, só podemos conhece-la tal como nossas idéias a formulam e a organizam e não tal como ela seria em si mesma. Não podemos saber nem dizer se a realidade exterior é racional em si, pois só podemos saber e dizer que ela é racional para nós, isto é, por meio de nossas idéias.
Essa posição filosófica é conhecida com o nome de idealismo e afirma apenas a existência da razão subjetiva. A razão subjetiva possui princípios e modalidades de conhecimento que são universais e necessários, isto é, válidos para todos os seres humanos em todos os tempos e lugares. O que chamamos realidade, portanto, é apenas o que podemos conhecer por meio das idéias de nossa razão.
A ciência tem como objetivo fundamental chegar à veracidade dos fatos. De acordo com Gil (2008, p. 8), ―neste sentido não se distingue de outras formas de conhecimento. O que torna, porém, o conhecimento científico distinto dos demais é que tem como característica fundamental a sua verificabilidade.‖
Para que um conhecimento possa ser considerado científico, torna-se necessário identificar as operações mentais e técnicas que possibilitam a sua verificação (GIL, 2008). Ou, em outras palavras, determinar o método que possibilitou chegar a esse conhecimento.
Podemos definir método como caminho para chegarmos a determinado fim. E método científico como o conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para atingirmos o conhecimento.
A investigação científica depende de um ―conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos‖ (GIL, 2008, p. 8), para que seus objetivos sejam atingidos: os métodos científicos.
Método científico é o conjunto de processos ou operações mentais que devemos empregar na investigação. É a linha de raciocínio adotada no processo de pesquisa. Os métodos que fornecem as bases lógicas à investigação são: dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e fenomenológico.
Vários pensadores do passado manifestaram o desejo de definir um método universal que fosse aplicado a todos os ramos do conhecimento. Hoje, porém, os cientistas e filósofos da ciência preferem falar numa diversidade de métodos, que são determinados pelo tipo de objeto a investigar e pela classe de proposições a descobrir. Assim, podemos afirmar que a Matemática não tem o mesmo método da Física e que esta não tem o mesmo método da Astronomia. E, com relação às ciências sociais, podemos mesmo dizer que dispõem de grande variedade de métodos.
Partindo da concepção de que método é um procedimento ou caminho para alcançar determinado fim e que a finalidade da ciência é a busca do conhecimento, podemos dizer que o método científico é um conjunto de procedimentos adotados com o propósito de atingir o conhecimento.
De acordo com Trujillo Ferrari (1974), o método científico é um traço característico da ciência, constituindo-se em instrumento básico que ordena, inicialmente, o pensamento em sistemas e traça os procedimentos do cientista ao longo do caminho até atingir o objetivo científico preestabelecido.
Lakatos e Marconi (2007) afirmam que a utilização de métodos científicos não é exclusiva da ciência, sendo possível usá-los para a resolução de problemas do cotidiano. Destacam que, por outro lado, não há ciência sem o emprego de métodos científicos.
Muitos foram os pensadores e filósofos do passado que tentaram definir um único método aplicável a todas as ciências e a todos os ramos do conhecimento. Essas tentativas culminaram no surgimento de diferentes correntes de pensamento, por vezes conflitantes entre si. Na atualidade, já admitimos a convivência, e até a combinação, de métodos científicos diferentes, dependendo do objeto de investigação e do tipo de pesquisa.
Dada a diversidade de métodos, alguns autores costumam classificá-los em gerais, também denominados de abordagem, e específicos, denominados discretos ou de procedimento.
2.4.1 métodos de abordagem - bases lógicas da investigação
Por método podemos entender o caminho, a forma, o modo de pensamento. É a forma de abordagem em nível de abstração dos fenômenos. É o conjunto de processos ou operações mentais empregados na pesquisa.
Os métodos gerais ou de abordagem oferecem ao pesquisador normas genéricas destinadas a estabelecer uma ruptura entre objetivos científicos e não científicos (ou de senso comum).
Esses métodos esclarecem os procedimentos lógicos que deverão ser seguidos no processo de investigação científica dos fatos da natureza e da sociedade. São, pois, métodos desenvolvidos a partir de elevado grau de abstração, que possibilitam ao pesquisador decidir acerca do alcance de sua investigação, das regras de explicação dos fatos e da validade de suas generalizações.
Podem ser incluídos, neste grupo, os métodos: dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e fenomenológico. Cada um deles se vincula a uma das correntes filosóficas que se propõem a explicar como se processa o conhecimento da realidade. O método dedutivo relaciona-se ao racionalismo; o indutivo, ao empirismo; o hipotético-dedutivo, ao neopositivismo; o dialético, ao materialismo dialético e o fenomenológico, à fenomenologia.
A utilização de um ou outro método depende de muitos fatores: da natureza do objeto que pretendemos pesquisar, dos recursos materiais disponíveis, do nível de abrangência do estudo e, sobretudo, da inspiração filosófica do pesquisador. Comentamos, na sequência, cada um dos métodos gerais ou de abordagem.
2.4.1.1 Método dedutivo
O método dedutivo, de acordo com o entendimento clássico, é o método que parte do geral e, a seguir, desce ao particular. A partir de princípios, leis ou teorias consideradas verdadeiras e indiscutíveis, prediz a ocorrência de casos particulares com base na lógica. ―Parte de princípios reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis e possibilita chegar a conclusões de maneira puramente formal, isto é, em virtude unicamente de sua lógica.‖ (GIL, 2008, p. 9).Método proposto pelos racionalistas Descartes, Spinoza e Leibniz
pressupõe que só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro. O raciocínio dedutivo tem o objetivo de explicar o conteúdo das premissas. Por intermédio de uma cadeia de raciocínio em ordem descendente, de análise do geral para o particular, chega a uma conclusão. Usa o silogismo, a construção lógica para, a partir de duas premissas, retirar uma terceira logicamente decorrente das duas primeiras, denominada de conclusão. Veja um clássico exemplo de raciocínio dedutivo a seguir:
O método dedutivo encontra ampla aplicação em ciências como a Física e a Matemática, cujos princípios podem ser enunciados como leis. Já nas ciências sociais, o uso desse método é bem mais restrito, em virtude da dificuldade para obter argumentos gerais, cuja veracidade não possa ser colocada em dúvida.
Mesmo do ponto de vista puramente lógico, são apresentadas várias objeções ao método dedutivo. Uma delas é a de que o raciocínio dedutivo é essencialmente tautológico, ou seja, permite concluir, de forma diferente, a mesma coisa. Esse argumento pode ser verificado no exemplo apresentado. Quando aceitamos que todo homem é mortal, colocar o caso particular de Pedro nada adiciona, pois essa característica já foi adicionada na premissa maior.
2.4.1.2 Método indutivo
É um método responsável pela generalização, isto é, partimos de algo particular para uma questão mais ampla, mais geral. Para Lakatos e Marconi (2007, p. 86),
Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas. Portanto, o objetivo dos argumentos indutivos é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas quais se basearam.
Essa generalização não ocorre mediante escolhas a priori das respostas, visto que essas devem ser repetidas, geralmente com base na experimentação. Isso significa que a indução parte de um fenômeno para chegar a uma lei geral por meio da observação e de experimentação, visando a investigar a relação existente entre dois fenômenos para se generalizar. Temos, então, que ―o método indutivo procede inversamente ao dedutivo: parte do particular e coloca a generalização como um produto posterior do trabalho de coleta de dados particulares.‖ (GIL, 2008, p. 10).
No raciocínio indutivo, a generalização deriva de observações de casos da realidade concreta. As constatações particulares levam à elaboração de generalizações. Entre as críticas ao método indutivo, a mais contundente é aquela que questiona a passagem (generalização) do que é constatado em alguns casos (particular) para todos os casos semelhantes (geral).
Nesse método, partimos da observação de fatos ou fenômenos cujas causas desejamos conhecer. A seguir, procuramos compará-los com a finalidade de descobrir as relações existentes entre eles. Por fim, procedemos à generalização, com base na relação verificada entre os fatos ou fenômenos. Consideremos, por exemplo:
O raciocínio indutivo influenciou significativamente o pensamento científico. Desde o aparecimento no Novum organum, de Francis Bacon (1561-1626), o método indutivo passou a ser visto como o método por excelência das ciências naturais. Com o advento do positivismo, sua importância foi reforçada e passou a ser proposto também como o método mais adequado para investigação nas ciências sociais. (GIL, 2008, p. 11).
Nesse sentido, conforme Gil (2008), não há como deixar de reconhecer e destacar a importância do método indutivo na constituição das ciências sociais. Surgiu e serviu para que os estudiosos da sociedade abandonassem a postura especulativa e se inclinassem a adotar a observação como procedimento indispensável para atingir o conhecimento científico. Devido à sua influência é que foram definidas técnicas de coleta de dados e elaborados instrumentos capazes de mensurar os fenômenos sociais.
Tanto o método indutivo quanto o dedutivo concordam com o fato de que o fim da investigação é a formulação de leis para descrever, explicar e prever a realidade; as discordâncias estão na origem do processo e na forma de proceder. Enquanto os adeptos do método indutivo (empiristas) partem da observação para depois formular as hipóteses, os praticantes do método dedutivo têm como inicial o problema (ou a lacuna) e as hipóteses que serão testadas pela observação e pela experiência.Argumentos dedutivos e indutivos: dois exemplos servem para ilustrar a diferença entre argumentos dedutivos e indutivos (LAKATOS; MARCONI, 2007, p. 91):
Lakatos e Marconi (2007) comentam a respeito dessas duas características (Quadro 3):
a) Característica I. No argumento dedutivo, para que a conclusão ―todos os cães têm um coração‖ fosse falsa, uma das ou as duas premissas teriam de ser falsas: ou nem todos os cães são mamíferos ou nem todos os mamíferos têm um coração. Por outro lado, no argumento indutivo, é possível que a premissa seja verdadeira e a conclusão, falsa: o fato de não ter, até o presente, encontrado um cão sem coração não é garantia de que todos os cães tenham um coração.
b) Característica II. Quando a conclusão do argumento dedutivo afirma que todos os cães
têm um coração, está dizendo alguma coisa que, na verdade, já tinha sido dita nas premissas; portanto, como todo argumento dedutivo, reformula ou enuncia, de modo explícito, a informação já contida nas premissas. Dessa forma, se a conclusão, a rigor, não diz mais que as premissas, ela tem de ser verdadeira, se as premissas o forem. Por sua vez, no argumento indutivo, a premissa refere-se apenas aos cães já observados, ao passo que a conclusão diz respeito a cães ainda não observados; portanto, a conclusão enuncia algo não contido na premissa. É por esse motivo que a conclusão pode ser falsa – pois pode ser falso o conteúdo adicional que encerra –, mesmo que a premissa seja verdadeira.
2.4.1.3 Método hipotético-dedutivo
A pesquisa científica, com abordagem hipotético-dedutiva, inicia-se com a formulação de um problema e com sua descrição clara e precisa, a fim de facilitar a obtenção de um modelo simplificado e a identificação de outros conhecimentos e instrumentos, relevantes ao problema, que auxiliarão o pesquisador em seu trabalho.
Após esse estudo preparatório, o pesquisador passa para a fase de observação. Na verdade, essa é a fase de teste do modelo simplificado. É uma fase meticulosa em que é observado determinado aspecto do universo, objeto da pesquisa. A fase seguinte é a formulação de hipóteses, ou descrições-tentativa, consistentes com o que foi observado. Essas hipóteses são utilizadas para fazer prognósticos, os quais serão comprovados ou não por meio de testes, experimentos ou observações mais detalhadas. Em função dos resultados desses testes, as hipóteses podem ser modificadas, dando início a um novo ciclo, até que não haja discrepâncias entre a teoria (ou o modelo) e os experimentos e/ou as observações.Ante o exposto, as etapas do método hipotético-dedutivo, como compreendido na atualidade, podem ser visualizadas na Figura 1.
O conceito de dialética é bastante antigo. Platão o utilizou no sentido de arte do diálogo. Na Antiguidade e na Idade Média, o termo era utilizado para significar simplesmente lógica. O método dialético, que atingiu seu auge com Hegel (GIL, 2008), depois reformulado por Marx, busca interpretar a realidade partindo do pressuposto de que todos os fenômenos apresentam características contraditórias organicamente unidas e indissolúveis.
Na dialética proposta por Hegel, as contradições transcendem-se, dando origem a novas contradições que passam a requerer solução. Empregado em pesquisa qualitativa, é um método de interpretação dinâmica e totalizante da realidade, pois considera que os fatos não podem ser relevados fora de um contexto social, político, econômico etc.
Na Mudança Dialética, a transformação ocorre por meio de contradições. Em determinado momento, há mudança qualitativa, pois as mudanças das coisas não podem ser sempre quantitativas. Por outro lado, como tudo está em movimento, tudo tem ―duas faces‖ (quantitativa e qualitativa, positiva e negativa, velha e nova), uma se transformando na outra; a luta desses contraditórios é o conteúdo do processo de desenvolvimento.
Em síntese, o método dialético parte da premissa de que, na natureza, tudo se relaciona, transforma-se e há sempre uma contradição inerente a cada fenômeno. Nesse tipo de método, para conhecer determinado fenômeno ou objeto, o pesquisador precisa estudá-lo em todos os seus aspectos, suas relações e conexões, sem tratar o conhecimento como algo rígido, já que tudo no mundo está sempre em constante mudança.
O método fenomenológico, tal como foi apresentado por Edmund Husserl (1859-1938), propõe-se a estabelecer uma base segura, liberta de proposições, para todas as ciências (GIL, 2008). Para Husserl, as certezas positivas que permeiam o discurso das ciências empíricas são ―ingênuas‖. ―A suprema fonte de todas as afirmações racionais é a ‗consciência doadora originária‘.‖ (GIL, 2008, p. 14). Daí a primeira e fundamental regra do método fenomenológico: ―avançar para as próprias coisas.‖ Por coisa entendemos simplesmente o dado, o fenômeno, aquilo que é visto diante da consciência. A fenomenologia não se preocupa, pois, com algo desconhecido que se encontre atrás do fenômeno; só visa o dado, sem querer decidir se esse dado é uma realidade ou uma aparência.
O método fenomenológico não é dedutivo nem empírico. Consiste em mostrar o que é dado e em esclarecer esse dado. ―Não explica mediante leis nem deduz a partir de princípios, mas considera imediatamente o que está presente à consciência: o objeto.‖ (GIL, 2008, p. 14). Consequentemente, tem uma tendência orientada totalmente para o objeto. Ou seja, o método fenomenológico limita-se aos aspectos essenciais e intrínsecos do fenômeno, sem lançar mão de deduções ou empirismos, buscando compreendê-lo por meio da intuição, visando apenas o dado, o fenômeno, não importando sua natureza real ou fictícia.
Nos cursos, em todos os níveis, exigimos, da parte do estudante, alguma atividade de pesquisa. Esta, efetivamente, tem sido quase sempre mal compreendida quanto à sua natureza e à finalidade por parte de alguns alunos e professores. Muito do que chamamos de pesquisa não passa de simples compilação ou cópia de algumas informações desordenadas ou opiniões várias sobre determinado assunto e, o que é pior, não referenciadas devidamente. Para Demo (2000, p. 20), ―Pesquisa é entendida tanto como procedimento de fabricação do conhecimento, quanto como procedimento de aprendizagem (princípio científico e educativo), sendo parte integrante de todo processo reconstrutivo de conhecimento.‖
A finalidade da pesquisa é ―resolver problemas e solucionar dúvidas, mediante a utilização de procedimentos científicos‖ (BARROS; LEHFELD, 2000a, p. 14) e a partir de interrogações formuladas em relação a pontos ou fatos que permanecem obscuros e necessitam de explicações plausíveis e respostas que venham a elucidá-las. Para isso, há vários tipos de pesquisas que proporcionam a coleta de dados sobre o que desejamos investigar.
A pesquisa científica é a realização de um estudo planejado, sendo o método de abordagem do problema o que caracteriza o aspecto científico da investigação.
Sua finalidade é descobrir respostas para questões mediante a aplicação do método científico. A pesquisa sempre parte de um problema, de uma interrogação, uma situação para a qual o repertório de conhecimento disponível não gera resposta adequada. Para solucionar esse problema, são levantadas hipóteses que podem ser confirmadas ou refutadas pela pesquisa. Portanto, toda pesquisa se baseia em uma teoria que serve como ponto de partida para a investigação. No entanto, lembre-se de que essa é uma avenida de mão dupla: a pesquisa pode, algumas vezes, gerar insumos para o surgimento de novas teorias, que, para serem válidas, devem se apoiar em fatos observados e provados. Além
disso, até mesmo a investigação surgida da necessidade de resolver problemas práticos pode levar à descoberta de princípios básicos.
Os critérios para a classificação dos tipos de pesquisa variam de acordo com o enfoque dado, os interesses, os campos, as metodologias, as situações e os objetos de estudo.
O que é pesquisa? Essa pergunta pode ser respondida de muitas formas. Pesquisar significa, de forma bem simples, procurar respostas para indagações propostas. Podemos dizer que, basicamente, pesquisar é buscar conhecimento. Nós pesquisamos a todo momento, em nosso cotidiano, mas, certamente, não o fazemos sempre de modo científico.
Assim, pesquisar, num sentido amplo, é procurar uma informação que não sabemos e que precisamos saber. Consultar livros e revistas, verificar documentos, conversar com pessoas, fazendo perguntas para obter respostas, são formas de pesquisa, considerada como sinônimo de busca, de investigação e indagação. Esse sentido amplo de pesquisa se opõe ao conceito de pesquisa como tratamento de investigação científica que tem por objetivo comprovar uma hipótese levantada, através do uso de processos científicos.
Pesquisar cientificamente significa realizarmos essa busca de conhecimentos, apoiando-nos em procedimentos capazes de dar confiabilidade aos resultados. A natureza da questão que dá origem ao processo de pesquisa varia. O processo pode ser desencadeado por uma dificuldade, sentida na prática profissional, por um fato para o qual não conseguimos explicações, pela consciência de que conhecemos mal alguma situação ou, ainda, pelo interesse em criarmos condições de prever a ocorrência de determinados fenômenos.
Mas, o que é realmente uma pesquisa? Segundo Lakatos e Marconi (2007, p. 157), a pesquisa pode ser considerada ―um procedimento formal com método de pensamento reflexivo que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para se conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais.‖ Significa muito mais do que apenas procurar a verdade, mas descobrir respostas para perguntas ou soluções para os problemas levantados através do emprego de métodos científicos.
Para os iniciantes em pesquisa, o mais importante deve ser a ênfase, a preocupação na aplicação do método científico do que propriamente a ênfase nos resultados obtidos. O objetivo dos principiantes deve ser a aprendizagem quanto à forma de percorrer as fases do método científico e à operacionalização de técnicas de investigação. À medida que o pesquisador amplia o seu amadurecimento na utilização de procedimentos científicos, torna-se mais hábil e capaz de realizar pesquisas (BARROS; LEHFELD, 2000b).
Para Gil (2008, p. 26), a pesquisa tem um caráter pragmático, é um ―processo forma l e sistemático de desenvolvimento do método científico. O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos científicos.‖
Pesquisa é, portanto, um conjunto de ações, propostas para encontrar a solução para um problema, as quais têm por base procedimentos racionais e sistemáticos.
A pesquisa é realizada quando temos um problema e não temos informações para solucioná-lo.
A pesquisa procura respostas! Podemos encontrá-las ou não. As chances de sucesso certamente aumentam à medida que enfocarmos a pesquisa como um processo e não como uma simples coleta de dados.
As pesquisas devem contribuir para a formação de uma consciência crítica ou um espírito científico do pesquisador. O estudante, apoiando-se em observações, análise e deduções interpretadas, através de uma reflexão crítica, vai, paulatinamente, formando o seu espírito científico, o qual não é inato. Sua edificação e seu aprimoramento são conquistas que o universitário vai obtendo ao longo de seus estudos, da realização de pesquisas e da
elaboração de trabalhos acadêmicos. Todo trabalho de pesquisa requer: imaginação criadora, iniciativa, persistência, originalidade e dedicação do pesquisador.
Pesquisar também é planejar. É antever toda a série de passos que devem ser dados para chegarmos a uma resposta segura sobre a questão que deu origem à pesquisa. Esses passos ou etapas devem ser percorridos dentro do contexto de uma avaliação precisa das condições de realização do trabalho, a saber:
a) tempo disponível para sua realização;
b) espaço onde será realizado;
c) recursos materiais necessários;
d) recursos humanos disponíveis.
3.2 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA CIENTÍFICA
Se houve um tempo em que muitos pesquisadores acreditavam que sua firme determinação de fazer o bem, sua integridade de caráter e seu rigor científico eram suficientes para assegurar a eticidade de suas pesquisas, nos dias de hoje, essa concepção já não é mais objeto de consenso. O grande desenvolvimento e a crescente incorporação de novas tecnologias no campo da ciência em geral, a maior difusão do conhecimento científico, através dos meios de comunicação social tradicionais e, em particular, através da internet, assim como a ampliação dos movimentos sociais em defesa dos direitos individuais e coletivos, fizeram com que a discussão sobre a ética aplicada à pesquisa passasse a ter como interlocutores frequentes filósofos, teólogos, juristas, sociólogos e, sobretudo, os cidadãos, seja como usuários de sistemas sociais, de saúde etc., seja como sujeitos, objetos de pesquisas científicas (PALÁCIOS et al., 2002).Nesse sentido, questionamos: o que significa falar de ―ética na pesquisa científica‖? Ética é a ciência da conduta humana; é o princípio sistemático da conduta moralmente correta.
O que é conduta moralmente correta? É aquela que conforma com as ideias ―prevalentes‖ de conduta humana. Ética na pesquisa indica uma conjunção de ―conduta‖ e de ―pesquisa‖, o que traduzimos como ―conduta moralmente correta durante uma indagação, a procura de uma resposta para uma pergunta.‖
Ética na pesquisa científica indica que o estudo em questão deve ser feito de modo a procurar sistematicamente o conhecimento, por observação, identificação,descrição, investigação experimental, produzindo resultados reprodutíveis, realizadode forma moralmente correta.
É necessário destacar alguns princípios éticos que devem ser observados naprodução e na elaboração de trabalhos acadêmicos, como monografias, dissertações,teses, artigos, ensaios etc. Vejamos alguns desses princípios e suas implicações:
a) quando se pratica pesquisa, é indispensável pensar na responsabilidade dopesquisador no processo de suas investigações e de seus produtos. Nessesentido, a honestidade intelectual é fator indispensável aos pesquisadores,tornando-os cidadãos íntegros, éticos, justos e respeitosos consigo e com aprópria sociedade;
b) a apropriação indevida de obras intelectuais de terceiros é ato antiético equalificado como crime de violação do direito autoral pela lei brasileira, assimcomo pela legislação de outros países;
c) o pesquisador deve mostrar-se autor do seu estudo, da sua pesquisa,com autonomia e com respeito aos direitos autorais, sendo fiel às fontes bibliográficas utilizadas no estudo;
d) é considerado plágio a reprodução integral de um texto, sem a autorização doautor, constituindo assim ―crime de violação de direitos autorais‖;
e) as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) orientam aescrita e informam como proceder na apresentação dos trabalhos acadêmicose científicos, sendo suas regras recomendadas a todo pesquisador, para terseu trabalho reconhecido como original.
3.3 CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA CIENTÍFICA
A pesquisa científica é uma atividade humana, cujo objetivo é conhecer e explicar os fenômenos, fornecendo respostas às questões significativas para a compreensão da natureza. Para essa tarefa, o pesquisador utiliza o conhecimento anterior acumulado e manipula cuidadosamente os diferentes métodos e técnicas para obter resultado pertinente às suas indagações. Segundo Lakatos e Marconi (2007, p. 157), em referência a Ander-Egg (1978, p. 28), a pesquisa é um ―procedimento reflexivo sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo do conhecimento.‖ Esse procedimento fornece ao investigador um caminho para o conhecimento da realidade ou de verdades parciais.
O termo ―pesquisa‖ por vezes é usado indiscriminadamente, confundindo-se com uma simples indagação, procura de dados ou certos tipos de abordagens exploratórias. A pesquisa, como atividade científica completa, é mais do que isso, pois percorre, desde a formulação do problema até a apresentação dos resultados, a seguinte sequência de fases:
a) preparação da pesquisa: seleção, definição e delimitação do tópico ou problema a ser investigado; planejamento de aspectos logísticos para a realização da pesquisa; formulação de hipóteses e construção de variáveis;
b) trabalho de campo (coleta de dados);
c) processamento dos dados (sistematização e classificação dos dados);
d) análise e interpretação dos dados;
e) elaboração do relatório da pesquisa.
Seja qual for a natureza de um trabalho científico, ele precisa preencher algumas características, para ser considerado como tal. Assim, um estudo é realmente científico quando:
a) discute ideias e fatos relevantes relacionados a determinado assunto, a partir
de um marco teórico bem-fundamentado;
b) o assunto tratado é reconhecível e claro, tanto para o autor quanto para os leitores;
c) tem alguma utilidade, seja para a ciência, seja para a comunidade;
d) demonstra, por parte do autor, o domínio do assunto escolhido e a capacidade de sistematização, recriação e crítica do material coletado;
e) diz algo que ainda não foi dito;
f) indica com clareza os procedimentos utilizados, especialmente as hipóteses (que devem ser específicas, plausíveis, relacionadas com uma teoria e conter referências empíricas) com que trabalhamos na pesquisa;
g) fornece elementos que permitam verificar, para aceitar ou contestar, as conclusões a que chegou;
h) documenta com rigor os dados fornecidos, de modo a permitir a clara identificação das fontes utilizadas;
i) a comunicação dos dados é organizada de modo lógico, seja dedutiva, seja indutivamente;
j) é redigido de modo gramaticalmente correto, estilisticamente agradável, fraseologicamente claro e terminologicamente preciso.
Após o balanço crítico preliminar das condições ora mencionadas, a pesquisa pode ter início desenvolvendo-se através das etapas que mais adiante serão enumeradas.
3.4 CLASSIFICAÇÃO DAS PESQUISAS
A Pesquisa Científica visa a conhecer cientificamente um ou mais aspectos de determinado assunto. Para tanto, deve ser sistemática, metódica e crítica. O produto da pesquisa científica deve contribuir para o avanço do conhecimento humano. Na vida acadêmica, a pesquisa é um exercício que permite despertar o espírito de investigação diante dos trabalhos e problemas sugeridos ou propostos pelos professores e orientadores.
De acordo com Demo (2000), as pesquisas variam conforme seus gêneros. Assim, a pesquisa pode ser:
a) teórica, dedicada a estudar teorias;
b) metodológica, que se ocupa dos modos de se fazer ciência;
c) empírica, dedicada a codificar a face mensurável da realidade social;
d) prática ou pesquisa-ação, voltada para intervir na realidade social.
e) Para Andrade (1997), as pesquisas podem ser:
f) observações ou descrições originais de fenômenos naturais, espécies novas, estruturas e funções, mutações e variações, dados ecológicos etc.;
g) trabalhos experimentais, que submetem o fenômeno estudado às condições controladas da experiência, abrangendo os mais variados campos;
h) trabalhos teóricos, de análise ou síntese de conhecimentos, levando à produção de conceitos novos, por via indutiva ou dedutiva, apresentação de hipóteses, teorias etc.
A pesquisa, sob o ponto de vista da sua natureza, pode ser:
a) pesquisa básica: objetiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais;
b) pesquisa aplicada: objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais.
3.4.2 do ponto de vista de seus objetivos
A pesquisa, sob o ponto de vista de seus objetivos, pode ser:
a) Pesquisa exploratória: quando a pesquisa se encontra na fase preliminar, tem como finalidade proporcionar mais informações sobre o assunto que vamos investigar, possibilitando sua definição e seu delineamento, isto é, facilitar a delimitação do tema da pesquisa; orientar a fixação dos objetivos e a formulação das hipóteses ou descobrir um novo tipo de enfoque para o assunto. Assume, em geral, as formas de pesquisas bibliográficas e estudos de caso.
A pesquisa exploratória possui planejamento flexível, o que permite o estudo do tema sob diversos ângulos e aspectos. Em geral, envolve:
- levantamento bibliográfico;
- entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema
pesquisado;
- análise de exemplos que estimulem a compreensão.
b) Pesquisa descritiva: quando o pesquisador apenas registra e descreve os fatos observados sem interferir neles. Visa a descrever as características de determinada
população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de Levantamento.
Tal pesquisa observa, registra, analisa e ordena dados, sem manipulá-los, isto é, sem interferência do pesquisador. Procura descobrir a frequência com que um fato ocorre, sua natureza, suas características, causas, relações com outros fatos.
Assim, para coletar tais dados, utiliza-se de técnicas específicas, dentre as quais se destacam a entrevista, o formulário, o questionário, o teste e a observação.
A diferença entre a pesquisa experimental e a pesquisa descritiva é que esta procura classificar, explicar e interpretar fatos que ocorrem, enquanto a pesquisa experimental pretende demonstrar o modo ou as causas pelas quais um fato é produzido.
Nas pesquisas descritivas, os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, sem que o pesquisador interfira sobre eles, ou seja, os fenômenos do mundo físico e humano são estudados, mas não são manipulados pelo pesquisador. Incluem-se, entre as pesquisas descritivas, a maioria daquelas desenvolvidas nas ciências humanas e sociais, como as pesquisas de opinião, mercadológicas, os levantamentos socioeconômicos e psicossociais. Podemos citar, como exemplo, aquelas que têm por objetivo estudar as características de um grupo: distribuição por idade, sexo, procedência, nível de escolaridade, estado de saúde física e mental; as que se propõem a estudar o nível de atendimento dos órgãos públicos de uma comunidade, as condições de habitação de seus moradores, o índice de criminalidade; as que têm por objetivo levantar as opiniões, atitudes e crenças de uma população, bem como descobrir a existência de associações entre variáveis, por exemplo, as pesquisas eleitorais, que indicam a relação entre preferência político-partidária e nível de rendimentos e/ou escolaridade. Uma das características mais significativas das pesquisas descritivas é a utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, como o questionário e a observação sistemática.
As pesquisas descritivas são, juntamente com as pesquisas exploratórias, as que habitualmente realizam os pesquisadores sociais preocupados com a atuação prática. Em sua forma mais simples, as pesquisas descritivas aproximam-se das exploratórias, quando proporcionam uma nova visão do problema. Em outros casos, quando ultrapassam a identificação das relações entre as variáveis, procurando estabelecer a natureza dessas relações, aproximam-se das pesquisas explicativas.
c) Pesquisa explicativa: quando o pesquisador procura explicar os porquês das coisas e suas causas, por meio do registro, da análise, da classificação e da interpretação dos fenômenos observados. Visa a identificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos; ―aprofunda o conhecimento da realidade porque explica a razão, o porquê das coisas.‖ (GIL, 2010, p. 28).
Quando realizada nas ciências naturais, requer o uso do método experimental e, nas ciências sociais, requer o uso do método observacional. Assume, em geral, as formas de Pesquisa Experimental e Pesquisa Ex-post-facto. As pesquisas explicativas são mais complexas, pois, além de registrar, analisar, classificar e interpretar os fenômenos estudados, têm como preocupação central identificar seus fatores determinantes. Esse tipo de pesquisa é o que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas e, por esse motivo, está mais sujeita a erros.
A maioria das pesquisas explicativas utiliza o método experimental, que possibilita a manipulação e o controle das variáveis, no intuito de identificar qual a variável independente que determina a causa da variável dependente, ou o fenômeno em estudo. Nas ciências sociais, a aplicação desse método reveste-se de dificuldades, razão pela qual recorremos a outros métodos, sobretudo, ao observacional. Nem sempre de controle, sendo denominadas de pesquisas ―quase experimentais‖. As pesquisas explicativas, em sua maioria, podem ser
classificadas como experimentais ou ex-post-facto (temos um experimento que se realiza depois do fato).
A pesquisa explicativa apresenta como objetivo primordial a necessidade de aprofundamento da realidade, por meio da manipulação e do controle de variáveis, com o escopo de identificar qual a variável independente ou aquela que determina a causa da variável dependente do fenômeno em estudo para, em seguida, estudá-lo em profundidade.
3.4.3 do ponto de vista dos procedimentos técnicos
Quanto aos procedimentos técnicos, ou seja, a maneira pela qual obtemos os dados necessários para a elaboração da pesquisa, torna-se necessário traçar um modelo conceitual e operativo dessa, denominado de design, que pode ser traduzido como delineamento, uma vez que expressa as ideias de modelo, sinopse e plano.
O delineamento refere-se ao planejamento da pesquisa em sua dimensão mais ampla, envolvendo diagramação, previsão de análise e interpretação de coleta de dados, considerando o ambiente em que são coletados e as formas de controle das variáveis envolvidas. O elemento mais importante para a identificação de um delineamento é o procedimento adotado para a coleta de dados. Assim, podem ser definidos dois grandes grupos de delineamentos: aqueles que se valem das chamadas fontes de papel (pesquisa bibliográfica e pesquisa documental) e aqueles cujos dados são fornecidos por pessoas (pesquisa experimental, pesquisa ex-post-facto, o levantamento, o estudo de caso, a pesquisa-ação e a pesquisa participante).
a) Pesquisa bibliográfica: quando elaborada a partir de material já publicado, constituído
principalmente de: livros, revistas, publicações em periódicos e artigos científicos, jornais, boletins, monografias, dissertações, teses, material cartográfico, internet, com o objetivo de colocar o pesquisador em contato direto com todo material já escrito sobre o assunto da pesquisa. Em relação aos dados coletados na internet, devemos atentar à confiabilidade e fidelidade das fontes consultadas eletronicamente. Na pesquisa bibliográfica, é importante que o pesquisador verifique a veracidade dos dados obtidos, observando as possíveis incoerências ou contradições que as obras possam apresentar.é possível realizar pesquisas rigorosamente explicativas em ciências sociais, mas, em algumas áreas, sobretudo na psicologia, as pesquisas revestem-se de elevado grau Os demais tipos de pesquisa também envolvem o estudo bibliográfico, pois todas as pesquisas necessitam de um referencial teórico. Para a pesquisa bibliográfica, é interessante utilizar as fichas de leitura, que facilitam a organização das informações obtidas.
Quanto às etapas da pesquisa bibliográfica, destacamos, aqui, alguns itens essenciais que se caracterizam como etapas imprescindíveis para a realização da pesquisa bibliográfica:
Os dados bibliográficos são registrados em fichas documentais ou em arquivos (pastas) na memória do computador, distinguindo-se os mais significativos.
Em seguida, o pesquisador organiza a redação provisória do trabalho (independente do tipo, nível ou da natureza), colocando em ordem os dados obtidos, a partir da preparação de um pré-sumário. Convém lembrar que o texto deve ser redigido para ser entendido tanto pelo leitor visado (orientador/banca) quanto pelo público em geral, utilizando-se citações que sustentem as afirmações, atentando às normas formais de apresentação de trabalho acadêmico e aos princípios de comunicação e expressão da língua portuguesa. Para a coleta dessas fontes, empregamos a técnica de fichamento.
b) Pesquisa documental: a pesquisa documental, devido a suas características, pode ser
confundida com a pesquisa bibliográfica. Gil (2008) destaca como principal diferença entre esses tipos de pesquisa a natureza das fontes de ambas as pesquisas. Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições de vários autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental baseia-se em materiais que não receberam ainda um tratamento analítico ou que podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa.
Assim como a maioria das tipologias, a pesquisa documental pode integrar o rol de pesquisas utilizadas em um mesmo estudo ou se caracterizar como o único delineamento utilizado para tal (BEUREN, 2006). A utilização da pesquisa documental é destacada no momento em que podemos organizar informações que se encontram dispersas, conferindo-lhe uma nova importância como fonte de consulta.
Nessa tipologia de pesquisa, os documentos são classificados em dois tipos principais: fontes de primeira mão e fontes de segunda mão. Gil (2008) define os documentos de primeira mão como os que não receberam qualquer tratamento analítico, como: documentos oficiais, reportagens de jornal, cartas, contratos, diários, filmes, fotografias, gravações etc. Os documentos de segunda mão são os que, de alguma forma, já foram analisados, tais como: relatórios de pesquisa, relatórios de empresas, tabelas estatísticas, entre outros.
Entendemos por documento qualquer registro que possa ser usado como fonte de informação, por meio de investigação, que engloba: observação (crítica dos dados na obra); leitura (crítica da garantia, da interpretação e do valor interno da obra); reflexão (crítica do processo e do conteúdo da obra); crítica (juízo fundamentado sobre o valor do material utilizável para o trabalho científico).
Todo documento deve passar por uma avaliação crítica por parte do pesquisador, que levará em consideração seus aspectos internos e externos. No caso da crítica externa, serão avaliadas suas garantias e o valor de seu conteúdo.
Normalmente, ela é aplicada apenas às fontes primárias e compreende a crítica do texto, da autenticidade e da origem. Pode ser:
- Crítica do texto: verifica se o texto é autógrafo (escrito pela mão do autor).
Trata-se de um rascunho? É original? Cópia de primeira ou de segunda mão?
- Crítica de autenticidade: procura determinar quem é o autor, o tempo e as circunstâncias da composição. Podemos utilizar testemunhos externos ou analisar a obra internamente para descobrirmos sua data.
- Crítica da origem: investiga a origem do texto em análise, já que ela fundamenta a garantia da autenticidade.
Os locais de pesquisa, os tipos e a utilização de documentos podem ser:
memórias, fotografias, diários, autobiografias etc.
c) Pesquisa experimental: quando determinamos um objeto de estudo, selecionamos as
variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definimos as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto.
Portanto, na pesquisa experimental, o pesquisador procura refazer as condições de um fato a ser estudado, para observá-lo sob controle. Para tal, ele se utiliza de local apropriado, aparelhos e instrumentos de precisão, a fim de demonstrar o modo ou as causas pelas quais um fato é produzido, proporcionando, assim, o estudo de suas causas e seus efeitos.
A pesquisa experimental é mais frequente nas ciências tecnológicas e nas ciências biológicas. Tem como objetivo demonstrar como e por que determinado fato é produzido.
A pesquisa experimental caracteriza-se por manipular diretamente as variáveis relacionadas com o objeto de estudo. Nesse tipo de pesquisa, a manipulação das variáveis proporciona o estudo da relação entre as causas e os efeitos de determinado fenômeno. Através da criação de situações de controle, procuramos evitar a interferência de variáveis intervenientes. Interferimos diretamente na realidade, manipulando a variável independente, a fim de observar o que acontece com a dependente. A pesquisa experimental estuda, portanto, a relação entre fenômenos, procurando saber se um é a causa do outro.
Outro aspecto importante é a diferença entre pesquisa experimental e pesquisa de laboratório. Embora o experimento predomine no laboratório, é possível utilizá-lo também nas ciências humanas e sociais. Nesse caso, o pesquisador faz seu experimento em campo.
d) Levantamento (survey): esse tipo de pesquisa ocorre quando envolve a interrogação direta das pessoas cujo comportamento desejamos conhecer através de algum tipo de questionário. Em geral, procedemos à solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa, obtermos asconclusões correspondentes aos dados coletados.
Segundo Gil (2008, p. 55), ―os levantamentos por amostragem desfrutam hoje de grande popularidade entre os pesquisadores sociais, a ponto de muitas pessoas chegarem mesmo a considerar pesquisa e levantamento social a mesma coisa.‖ Em realidade, o levantamento social é um dos muitos tipos de pesquisa social que, como todos os outros, apresenta vantagens e limitações.
Entre as principais vantagens dos levantamentos, estão: conhecimento direto da realidade; economia e rapidez; quantificação.
Algumas das principais limitações dos levantamentos são: ênfase nos aspectos perspectivos; pouca profundidade no estudo da estrutura e dos processos sociais; limitada apreensão do processo de mudança.
Tendo em vista as vantagens e as limitações apresentadas, podemos dizer que ―os levantamentos se tornam muito mais adequados para estudos descritivos do que para explicativos. São inapropriados para o aprofundamento dos aspectos psicológicos e psicossociais mais complexos, porém muito eficazes para problemas menos delicados‖, (GIL, 2008, p. 56), por exemplo, preferência eleitoral, comportamento do consumidor. São muito úteis para o estudo de opiniões e atitudes, porém pouco indicados no estudo de problemas referentes a estruturas sociais complexas.
Após a coleta de dados sobre a investigação, procedemos à análise quantitativa dos dados para, em seguida, formular as possíveis conclusões. Quando realizada sobre populações, a coleta passa a ser denominada ―censo‖. Possui a seguinte sequência de estruturação, sendo muito usado nas pesquisas descritivas:
- especificação dos objetivos;
- operacionalização dos conceitos e das variáveis;
- elaboração do instrumento de coleta de dados;
- pré-teste do instrumento (se for o caso);
- seleção de amostra;
- coleta e verificação dos dados;
- análise e interpretação dos dados;
- apresentação dos resultados.
e) Pesquisa de campo: pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir
informações e/ou conhecimentos acerca de um problema para o qual procuramos uma resposta, ou de uma hipótese, que queiramos comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles. Consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de variáveis que presumimos relevantes, para analisá-los.
As fases da pesquisa de campo requerem, em primeiro lugar, a realização de uma pesquisa bibliográfica sobre o tema em questão. Ela servirá, como primeiro passo, para sabermos em que estado se encontra atualmente o problema, que trabalhos já foram realizados a respeito e quais são as opiniões reinantes sobre o assunto. Como segundo passo, permitirá que estabeleçamos um modelo teórico inicial de referência, da mesma forma que auxiliará na determinação das variáveis e na elaboração do plano geral da pesquisa.
Em segundo lugar, de acordo com a natureza da pesquisa, determinamos as técnicas que serão empregadas na coleta de dados e na definição da amostra, que deverá ser representativa e suficiente para apoiar as conclusões.
Por último, antes que realizemos a coleta de dados, é preciso estabelecer as técnicas de registro desses dados como também as técnicas que serão utilizadas em sua análise posterior.
Os estudos de campo apresentam muitas semelhanças com os levantamentos.
Distinguem-se destes, porém, em relação principalmente a dois aspectos.
―Primeiramente, os levantamentos procuram ser representativos de um universo definido e fornecer resultados caracterizados pela precisão estatística‖ (GIL, 2008, p. 57). Em relação aos estudos de campo, ―procuram muito mais o aprofundamento das questões propostas do que a distribuição das características da população segundo determinadas variáveis.‖ (GIL, 2008, p. 57). Como consequência, o planejamento do estudo de campo apresenta muito mais flexibilidade, podendo ocorrer mesmo que seus objetivos sejam reformulados ao longo do processo de pesquisa.
Outra distinção é a de que, no estudo de campo, estudamos um único grupo ou uma comunidade em termos de sua estrutura social, ou seja, ressaltando a interação de seus componentes. Assim, ―o estudo de campo tende a utilizar muito mais técnicas de observação do que de interrogação.‖ (GIL, 2008, p. 57).
Como qualquer outro tipo de pesquisa, a de campo parte do levantamento bibliográfico. Exige também a determinação das técnicas de coleta de dados mais apropriadas à natureza do tema e, ainda, a definição das técnicas que serão empregadas para o registro e a análise. Dependendo das técnicas de coleta, análise e interpretação dos dados, a pesquisa de campo poderá ser classificada como de abordagem predominantemente quantitativa ou qualitativa. Numa pesquisa em que a abordagem é basicamente quantitativa, o pesquisador se limita à descrição factual deste ou daquele evento, ignorando a complexidade da realidade social.
f) Estudo de caso: quando envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos
objetos de maneira que permita o seu amplo e detalhado conhecimento (YIN, 2001). O estudo de caso possui uma metodologia de pesquisa classificada como Aplicada, na qual se busca a aplicação prática de conhecimentos para a solução de problemas sociais (BOAVENTURA, 2004). Gil (2008) complementa afirmando que as pesquisas com esse tipo de natureza estão voltadas mais para a aplicação imediata de conhecimentos em uma realidade circunstancial, relevando o desenvolvimento de teorias.
O estudo de caso consiste em coletar e analisar informações sobre determinado indivíduo, uma família, um grupo ou uma comunidade, a fim de estudar aspectos variados de sua vida, de acordo com o assunto da pesquisa. É um tipo de pesquisa qualitativa e/ou quantitativa, entendido como uma categoria de investigação que tem como objeto o estudo de uma unidade de forma aprofundada, podendo tratar-se de um sujeito, de um grupo de pessoas, de uma comunidade etc. São necessários alguns requisitos básicos para sua realização, entre os quais, severidade, objetivação, originalidade e coerência.
O estudo de caso refere-se ao estudo minucioso e profundo de um ou mais objetos (YIN, 2001). Pode permitir novas descobertas de aspectos que não foram previstos inicialmente. De acordo com Schramm (apud YIN, 2001), a essência do estudo de caso é tentar esclarecer uma decisão, ou um conjunto de decisões, seus motivos, implementações e resultados. Gil (2010, p. 37) afirma que o estudo de caso ―consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou mais objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento.‖ Define-se, também, um estudo de caso da seguinte maneira: ―[...] é uma estratégia de pesquisa que busca examinar um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto. [...] Igualmente, estudos de caso diferem do método histórico, por se referirem ao presente e não ao passado.‖
Dito de outra maneira, ―o estudo de caso como estratégia de pesquisa compreende um método que abrange tudo – com a lógica de planejamento incorporando abordagens específicas à coleta de dados e à análise de dados.‖ (YIN, 2001, p. 33). Desse modo, então, o estudo de caso não se caracteriza como uma maneira específica para a coleta de dados nem simplesmente uma característica do planejamento de pesquisa em si; é sim uma estratégia de pesquisa abrangente.
Dito isso, o estudo de caso vem sendo utilizado com frequência pelos pesquisadores sociais, visto servir a pesquisas com diferentes propósitos, como:
- explorar situações da vida real cujos limites não estejam claramente definidos;
- descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada investigação;
- explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em situações muito complexas que não possibilitem a utilização de levantamentos e experimentos.
O estudo de caso pode ser utilizado tanto em pesquisas exploratórias quanto em descritivas e explicativas. Cabe destacar, no entanto, que existem limitações em relação ao estudo de caso, como as que são indicadas a seguir (YIN, 2001):
- falta de rigor metodológico: ―por muitas e muitas vezes, o pesquisador de estudo de caso foi negligente e permitiu que se aceitassem evidências equivocadas ou visões tendenciosas para influenciar o significado das descobertas e das conclusões.‖ (YIN, 2001, p. 29-30). O que propomos ao pesquisador disposto a desenvolver estudos de caso é que redobre seus cuidados tanto no planejamento quanto na coleta e análise dos dados;
- dificuldade de generalização: a análise de um único ou mesmo de múltiplos casos fornece uma base muito frágil para a generalização científica. Todavia,
os propósitos do estudo de caso não são os de proporcionar o conhecimento preciso das características de uma população a partir de procedimentos estatísticos, mas, sim, o de expandir ou generalizar proposições teóricas. O maior risco do estudo de caso único é que a explicação cientifica mostre-se frágil, devido a possíveis incidências de fenômenos encontrados apenas no universo pesquisado, o que pode comprometer a confiabilidade dos achados da pesquisa. Em qualquer das alternativas, o pesquisador deverá compor um cenário que corresponda à teoria que fundamenta a pesquisa e que se revele no estudo do caso, ou seja, construir uma análise que explique e preveja o fenômeno investigado;
- tempo destinado à pesquisa: temos que os estudos de caso demandam muito tempo para ser realizados e que frequentemente seus resultados se tornam pouco consistentes. Conforme Yin (2001, p. 29), ―essa queixa pode até ser procedente, dada a maneira como se realizaram estudos de caso no passado [...], mas não representa, necessariamente, a maneira como os estudos de caso serão conduzidos no futuro.‖ Devemos atentar para o fato de que os estudos de caso não precisam demorar muito tempo.
Destacamos cinco características básicas do estudo de caso: é um sistema limitado e tem fronteiras em termos de tempo, eventos ou processos, as quais nem sempre são claras e precisas; é um caso sobre algo, que necessita ser identificado para conferir foco e direção à investigação; é preciso preservar o caráter único, específico, diferente, complexo do caso; a investigação decorre em ambiente natural; o investigador recorre a fontes múltiplas de dados e a métodos de coleta diversificados: observações diretas e indiretas, entrevistas, questionários, narrativas, registros de áudio e vídeo, diários, cartas, documentos, entre outros.
g) Pesquisa ex-post-facto: quando o ―experimento‖ se realiza depois dos fatos. A pesquisa ex-post-facto analisa situações que se desenvolveram naturalmente após algum acontecimento. É muito utilizada nas ciências sociais, pois permite a investigação de determinantes econômicos e sociais do comportamento da sociedade em geral. Estudamos um fenômeno já ocorrido, tentamos explicá-lo e entendê-lo.
Podemos definir pesquisa ex-post-facto ―como uma investigação sistemática e empírica na qual o pesquisador não tem controle direto sobre as variáveis independentes, porque já ocorreram suas manifestações ou porque são intrinsecamente não manipuláveis.‖ (GIL, 2008, p. 54).
Nessa pesquisa, buscamos saber quais os possíveis relacionamentos entre as variáveis. Ela apresenta uma análise correlacional e é aquela que acontece após
o fato ter sido consumado, mostra a falta de controle do investigador sobre a variável independente, fato que a diferencia da experimental, sendo, também, muito adotada nas ciências da saúde.
h) Pesquisa-ação: quando concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou
com a resolução de um problema coletivo. Os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.
A pesquisa-ação acontece quando há interesse coletivo na resolução de um problema ou
suprimento de uma necessidade [...] Pesquisadores e pesquisados podem se engajar em
pesquisas bibliográficas, experimentos etc., interagindo em função de um resultado
esperado.
Nesse tipo de pesquisa, os pesquisadores e os participantes envolvem-se no trabalho de
forma cooperativa. A pesquisa-ação não se refere a um simples levantamento de dados ou
de relatórios a serem arquivados. Com a pesquisa-ação, os pesquisadores pretendem
desempenhar um papel ativo na própria realidade dos fatos observados.
Diante de sua diversidade, a pesquisa-ação pode ser aplicada em diferentes áreas, sendo
as preferidas as áreas de educação, comunicação social, serviço social, organização,
tecnologia (em particular no meio rural) e práticas políticas e sindicais, podendo abranger
também urbanismo e saúde.
De modo geral, a pesquisa-ação é utilizada em ciências sociais, podendo inclusive ser
enriquecida pelas contribuições de outras linhas compatíveis (em particular, linhas
metodológicas concentradas na análise da linguagem em situação social).
Do ponto de vista científico, a proposta metodológica da pesquisa-ação oferece subsídios
para organizar a pesquisa de forma convencional, no nível da observação, do
processamento de dados, da experimentação etc., tendo importante papel a desempenhar.
i) Pesquisa participante: quando se desenvolve a partir da interação entre pesquisadores
e membros das situações investigadas.Essa pesquisa, assim como a pesquisa-ação,
caracteriza-se pela interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas. A
descoberta do universo vivido pela população implica compreender, numa perspectiva
interna, o ponto de vista dos indivíduos e dos grupos acerca das situações que vivem.
Algumas tarefas são essenciais na primeira fase de montagem desse tipo de
pesquisa. São elas:
- determinação das bases teóricas da pesquisa (formulação dos objetivos, definição dos
conceitos, construção das hipóteses etc.);
- definição das técnicas de coleta de dados;
- delimitação da região a ser estudada;
- organização do processo de pesquisa participante (identificação dos colaboradores,
distribuição das tarefas, partilha das decisões etc.);
As regras de apresentação representam um item fundamental na produção dos
trabalhos acadêmicos. É imprescindível destacar algumas considerações quanto à
numeração de páginas, aspectos referentes à digitação, maneira de redação, seqüência de
figuras, formatação de tópicos e estrutura de apresentação, seguindo normas da ABNT:
FORMATO:
Papel branco, formato A4 (21cm X 29,7cm);
Modelo de fonte Times New Roman ou Arial;
Tamanho de fonte 12 e tamanho menor (10) para citações de mais de três linhas, notas de rodapé, paginação e legendas das ilustrações e tabelas (título = 16 e subtítulo = 14)
No caso das citações com mais de três linhas, deve-se observar o recuo de 4 cm da margem esquerda.
MARGENS:
Direita e inferior de 2 cm; esquerda e superior de 3 cm;
Marca de parágrafo a 1,5cm da margem (geralmente um Tab nos teclados).
ESPACEJAMENTO:
O texto deve ser digitado com espaço 1,5;
As citações de mais de três linhas, as notas, as referências, as legendas das ilustrações e tabelas, a ficha catalográfica e a natureza do trabalho (da folha de rosto) devem ser digitados em espaços simples;
As referências, ao final do trabalho, devem ser separadas entre si com por espaço duplo;
Os títulos das subseções devem ser separados do texto que os precede ou que os sucede por dois espaços duplos.
PAGINAÇÃO
Todas as folhas do trabalho, a partir da folha de rosto devem ser contadas seqüencialmente, mas não numeradas. A numeração é colocada a partir da primeira folha da parte textual, em algarismos arábicos, no canto superior direito da folha, a 2 cm da borda superior;
Havendo apêndice ou anexo as suas folhas também são contadas e numeradas de forma contínua.
Gestão de propriedade agrícola INTRODUÇÃO Este guia apresenta algumas respostas para questões cotidianas e pode auxiliá-lo, de maneira bastante simples, na gestão de sua propriedade agrícola: 1) Você já pensou que sua forma de produzir pode não ser a mais adequada à sua realidade de mercado? 2) Já pensou em planejar de forma mais adequada ou rentável sua produção? 3) Você sabe qual o custo do seu produto? 4) Já pensou em buscar outros compradores? 5) Você já pensou em melhorar a qualidade dos seus produtos? 6) Você sabia que existe crédito disponível ao agricultor familiar com taxas de juros mais baixas? 3 – MODELOS DE GESTÃO 3.1 - O que é um modelo de gestão? O processo de gestão compreende o ato de administrar. O modelo de gestão pode auxiliar o produtor nas suas atividades do dia-a-dia e nas suas decisões. 3.2 - Como um modelo de gestão se aplica à agricultura familiar? A propriedade rural deve ser vista e administrada como uma empresa. Qualquer propriedade precisa dar retorno para garantir a sobrevivência e a prosperidade, e isso vale tanto para propriedades familiares quanto patronais. Portanto, o conceito de gestão pode ser aplicado perfeitamente na atividade agrícola familiar. 3.3 - Como utilizar o modelo de gestão? Por meio da adoção das sugestões contidas neste guia, unidas com a experiência de cada produtor, a aplicação do conceito de gestão poderá dar suporte à atividade rural em busca da redução dos riscos e de melhores resultados na produção e nos lucros. 3.4 - Quais os custos para implantação do modelo? Não há custos diretos para a compra do modelo de gestão. Basta comprar materiais para anotação e controle das etapas produtivas, que diariamente ocorrem na propriedade. Portanto, os custos básicos são aqueles com a compra de caderno e lápis. 3.5 - Quais os benefícios da adoção deste modelo? Pretende-se auxiliar o produtor rural na redução dos custos de produção, captação de crédito (barato), elevação da produtividade e da qualidade de seus produtos. Busca-se também, melhorar as condições de renda. 3.6- Para adoção do modelo precisarei mudar a forma de produção ou trocar o meu produto? Não. O modelo apenas sugere práticas a serem adotadas na atividade agropecuária como forma de melhorar a captação de crédito, a compra de insumos, as práticas produtivas e comerciais, bem como a qualidade do produto. 4 – MÓDULOS DE GESTÃO Os módulos de gestão estão didaticamente subdivididos da seguinte forma: · Planejamento e controle da produção; · Compra de insumos; · Comercialização; · Qualidade; · Custos e; · Captação de crédito.
5 - PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO 5.1 – O que é planejamento da produção? O planejamento da produção consiste em formalizar, isto é, colocar no papel, o que se pretende que aconteça em determinado momento no futuro. No caso dos empreendimentos rurais, muitas coisas dificultam o planejamento da produção: a dependência dos recursos naturais, a sazonalidade de mercado (oferta e demanda), a perecibilidade do produto, o ciclo biológico de vegetais e de animais, o tempo de maturação dos produtos e o tempo de retorno do investimento. Outro fator importante no planejamento da produção rural é a impossibilidade de mudanças imediatas na produção. Uma vez realizado o investimento, é necessário aguardar o resultado da produção e escoá-la rapidamente, mesmo em condições desfavoráveis de mercado, a não ser que o produto possa ser estocado à espera de melhores condições de venda. Estas particularidades tornam mais difícil o gerenciamento do empreendimento rural. O emprego de técnicas gerenciais ajuda a resolver os problemas e aumentar a capacidade de sobrevivência da pequena propriedade rural. 5.2 – Como se aplica à agricultura familiar? Existem produtores rurais localizados em regiões com condições naturais favoráveis, com amplo mercado e crédito disponível e que, apesar disso, não obtiveram sucesso. Entretanto, existem outros que se encontram em situações menos favoráveis, e conseguiram sucesso em suas atividades. Provavelmente, a principal diferença entre estes produtores está na capacidade de gestão do empreendimento, ferramenta essencial para garantir competitividade. O problema principal para o insucesso de muitos produtores não está na utilização das técnicas agropecuárias, mas na compreensão do funcionamento dos mercados e na gestão do processo produtivo. Para que o agricultor familiar brasileiro se desenvolva e acompanhe a evolução do setor rural é de fundamental importância o planejamento das atividades produtivas. Como os produtores familiares em geral não possuem computador em suas propriedades, procurou-se neste guia desenvolver um modelo simples de planejamento, que poderá ser utilizado pelo próprio produtor ou com o auxílio de um técnico da extensão rural. 5.3 – Para que serve? O planejamento do empreendimento rural serve para o produtor tomar decisões sobre o que produzir quanto produzir e para quando produzir. A decisão sobre “para quando produzir” depende da época de plantio, do ciclo produtivo das culturas, informações já conhecidas pelos produtores, e dos prazos estabelecidos com os clientes. A decisão sobre “quanto produzir” dependerá da sua capacidade de produção e dos acordos de fornecimento com seus clientes. O objetivo deste módulo é auxiliar o produtor na decisão sobre o que produzir, já que esta é a primeira e mais importante decisão, a partir da qual serão tomadas as demais decisões do planejamento. 5.4 – Como utilizar? Para decidir qual produto será produzido na propriedade, o planejamento deve ser realizado da seguinte forma: utilize uma folha de papel para cada produto a ser analisado, e escreva o nome do produto no alto da folha. Faça um traço dividindo a folha de papel ao meio e, de um lado, escreva “FATORES” e, do outro, “SITUAÇÃO”. Na coluna FATORES, liste todos os fatores internos e externos que influenciam a decisão sobre a produção daquele produto. Na coluna SITUAÇÃO, indique como está sua situação em relação a cada um daqueles fatores listados. Na coluna SITUAÇÃO, o produtor deverá avaliar se sua situação para cada um destes fatores é ou não favorável para a produção do produto analisado. Os fatores internos são
aqueles localizados geograficamente dentro da unidade de produção e/ou que são de propriedade do produto r. Os fatores internos são os seguintes: · Recursos naturais: fertilidade do solo; tipo de solo; área disponível; quantidade de chuva; temperatura do ar; disponibilidade de água; topografia da propriedade (relevo). · Recursos humanos: domínio das técnicas de produção pelo produtor, familiares e empregados; mão-de-obra necessária; afinidade do produtor com o produto analisado. · Recursos financeiros próprios: capital próprio disponível para custeio e investimento. · Recursos tecnológicos e de infra-estrutura : disponibilidade de máquinas, equipamentos e infra -estrutura necessários para a produção do produto analisado. · Atividades complementares: existência de outras atividades na propriedade complementares à produção do produto analisado, ou seja, que possam fornecer insumos ou utilizar subprodutos. Na criação de galinhas e produção de hortaliças, o esterco das galinhas serve de adubo para as hortaliças, ao mesmo tempo que o refugo das hortaliças serve de alimentação para as galinhas. · Produtividade: nível de produtividade que o produtor acredita ser possível atingir de acordo com os recursos disponíveis. Com a análise dos fatores internos o produtor poderá identificar qual é a sua competência, ou seja, quais os produtos mais adequados às suas condições. Os fatores externos são aqueles localizados geograficamente fora da unidade de produção e/ou que precisam ser adquiridos pelo produtor. São eles: · Informações sobre a demanda do produto analisado: o produtor deverá identificar os possíveis clientes para o produto analisado, a sazonalidade de consumo do produto, o nível de exigência de qualidade dos clientes, o preço histórico e o preço atual do produto e a quantidade mínima de entrega exigida pelos compradores. · Informações sobre a oferta do produto analisado: o produtor deverá identificar o nível de produção regional e verificar se o mercado do produto que está sendo analisado já está saturado; também deverá verificar se existem produtos substitutos, como, por exemplo, se está sendo avaliada a possibilidade de se plantar rúcula, o produtor também pode considerar a possibilidade de plantar chicória, pois se acontecer de ele não ter rúcula para entregar pode oferecer chicória para compensar a falta da rúcula; e outra informação sobre oferta que o produtor deve analisar é a sua capacidade de produção/venda, verificando se ele é capaz de produzir a quantidade que seus clientes exigirão. · Serviços de apoio: na decisão sobre a produção de determinado produto, o produtor deverá verificar se ele tem acesso aos insumos necessários (sementes, mudas, adubos, defensivos, matrizes etc), se existem cooperativas ou associações que adquirem insumos e/ou comercializam o produto analisado, o que pode ajudar na atividade; acesso a assistência técnica pública ou privada para a produção do produto analisado; acesso a aluguel ou compra dos equipamentos necessários; assistência técnica para manutenção de máquinas e equipamentos e também disponibilidade e acesso a crédito para a atividade analisada. 6 – GESTÃO DE COMPRAS E SUPRIMENTOS (COMPRA DE INSUMOS) 6.1 - O que é gestão de compras e suprimentos? Na prática empresarial, o termo “gestão de compras e suprimentos” é utilizado para se referir a função responsável pela administração dos processos que envolvem a aquisição de materiais (insumos) e coordenação do relacionamento com os fornecedores. De modo geral, a gestão de compras e suprimentos pode ajudar o produtor familiar a reduzir seus custos de produção garantindo maiores lucros com a venda de sua produção. 6.2 - Como se aplica a agricultura familiar?
Como o produtor familiar é a pessoa responsável pela administração de todas as atividades que são desenvolvidas na propriedade rural, diariamente ele precisa tomar uma série de decisões relacionadas as mais diversas áreas de gestão, o que não é uma tarefa fácil. No que se refere a gestão de compras e suprimentos, se o produtor familiar for capaz de identificar tudo que afeta o processo de decisão, ele estará menos sujeito a cometer erros, contribuindo, dessa forma, para aumentar os seus ganhos. 6.3 - Para que serve? A gestão da atividade de compra de materiais tem como objetivo garantir a qualidade e o baixo custo dos produtos adquiridos pelo produtor para atender as necessidades da produção agrícola. Existem alguns conselhos básicos: a) Comprar a um preço correto; b) Comprar no momento certo; c) Comprar na qualidade correta; d) Comprar na quantidade correta; e e) Comprar do fornecedor certo. 6.4 - Como utilizar? As decisões que o produtor deve tomar são: a) De qual fornecedor ele deve comprar seus insumos (será que é mais vantajoso comprar um mesmo insumo de um único fornecedor ou de vários?) b) Quanto deve ser comprado e em que momento? c) Quando é vantajoso estocar produtos? e d) Quando é vantajoso comprar um determinado insumo ou produzi-lo na propriedade? A escolha do fornecedor: Na escolha do fornecedor o produtor rural deve levar em consideração: 1) o preço cobrado pelos insumos e as condições de pagamento oferecidas; 2) a variedade, a quantidade e a qualidade dos insumos fornecidos; 3) a localização do estabelecimento do fornecedor em relação a propriedade rural e a possibilidade de entrega na propriedade ou em um local próximo; e 4) apoio técnico. a presença de um engenheiro agrônomo prestando assistência permanente em todos os estabelecimentos que vendem defensivos e fertilizantes químicos é exigida por lei, mas a qualidade do serviço prestado varia de um estabelecimento para o outro. É comum os produtores familiares adquirirem seus insumos de fornecedores localizados próximos a propriedade. Esta proximidade favorece o contato pessoal entre o produtor familiar e o fornecedor, que somado ao longo tempo de relacionamento, favorece o surgimento de uma confiança mútua entre eles. O fato das partes se conhecerem e confiarem uma na outra pode trazer vantagens ao produtor na negociação e, portanto, deve ser levada em consideração na escolha do fornecedor. Na maior parte dos casos, estas vantagens seriam traduzidas em melhores preços e condição de pagamento, além da garantia da quantidade e qualidade dos produtos adquiridos. O surgimento da confiança é favorecido também pela freqüência com que a compra se repete. O número de fornecedores que o produtor utiliza interfere nessa freqüência, de maneira que quanto menor o número de fornecedores mais vezes a compra poderá se repetir com um mesmo fornecedor. Dessa forma, a utilização de um ou vários fornecedores de insumo é uma decisão estratégica que o produtor deve tomar, ambas com vantagens e desvantagens. Por fim, para tomar a decisão sobre “quais e quantos” fornecedores utilizar é necessário que seja feita uma pesquisa no mercado, levantando todos os fornecedores disponíveis, a qualidade de seus produtos e principalmente as condições de pagamento e vantagens oferecidas. Quantidade e momento da compra:
A quantidade e o momento em que as compras são feitas afetam, sobretudo, o preço pago pelo insumo, o custo de transporte e o custo de manutenção do estoque (no caso que se decida estocar determinados produtos). Duas estratégias de compra podem ser utilizadas neste caso: a compra “em cima da hora” e a compra antecipada. A compra “em cima da hora” consiste em comprar apenas a quantidade suficiente para satisfazer as necessidades assim que ocorrerem, sem manter estoques. A vantagem dessa estratégia é que descarta a necessidade de gastar muito dinheiro com a compra de insumo; comprando pouco e somente quando for necessário. Por outro lado esta decisão envolveria sair para comprar insumos quase diariamente, ocasionando um alto gasto com transporte e tempo para ir até o fornecedor, além de não considerar os descontos que poderiam ser obtidos com a compra de quantidades maiores. A outra estratégia seria a compra antecipada. Esta estratégia consiste em comprar quantidades de insumo superiores a necessidade imediata da produção. Isso pode ser vantajoso quando se espera uma elevação dos preços, falta de um insumo importante para a produção ou quando o fornecedor oferece desconto de preço na compra de quantidades maiores. As principais desvantagens é que o produtor terá que gastar muito dinheiro na compra, além de arcar com os custos de armazenagem. É muito importante que as oscilações de preço dos insumos sejam constantemente acompanhadas e anotadas, para que assim os momentos de alta de preço possam ser antecipados e o produtor possa se proteger comprando antes, à preços mais baixos. Como exemplo, podemos citar o caso dos defensivos químicos e fertilizantes. Estes produtos utilizam matéria-prima importada na sua fabricação e, portanto, aumentam e diminuem de preço de acordo com alta ou queda na cotação do dólar. Assim, a compra antecipada é feita quando se espera um aumento nos preços; a quantidade adicional é comprada a um preço baixo, gerando um estoque que deve ser equilibrado com as vantagens no preço. Por outro lado, comprar “em cima da hora” é vantajoso quando os preços estão caindo, evitando assim a compra de grandes quantidades. A decisão de fazer ou comprar: O principal critério utilizado para a decisão de faze r ou comprar é o financeiro. É preciso avaliar a capacidade de produzir um insumo com custos menores do que obtê-lo no mercado. Para isso, o produtor precisa analisar se já possui o equipamento e a mão-de-obra necessária para produzir o insumo. O custo extra seria o custo associado a produção desse insumo. Dessa forma, é preciso fazer uma lista de tudo que é necessário para produção do insumo. No caso de mudas de hortaliças, por exemplo, são necessários os defensivos e fertilizantes, as bandejas de isopor onde as mudas serão cultivadas, o substrato, a semente, a estufa e a mão –de obra, além de conhecer a técnica de produção. Como na agricultura familiar a principal mão-deobra empregada na produção provém dos membros da família, a principal dificuldade econômica do produtor em alguns casos pode ser a contratar mão-deobra externa. A agricultura familiar desenvolve, em geral, sistemas complexos de produção, combinando varias culturas, criações animais e transformações primárias. Este tipo de associação permite que o subproduto gerado em uma produção possa ser aproveitado como insumo, ou matéria-prima para a fabricação de um outro insumo, utilizado na produção de outra cultura dentro do sistema. A partir dos restos de cultura, por exemplo, o produtor pode fabricar a compostagem, utilizada como matéria orgânica no preparo do solo; o esterco produzido pelos animais pode ser utilizado como fonte de matéria orgânica para o solo ou como insumo para a produção de húmus. Dessa forma, o próprio sistema de produção utilizado pelos produtores familiares, em muitos casos,
favorece a fabricação de alguns insumos básicos, de modo que não seja necessário adquiri-los no mercado. 6.5 - Quais os custos? Os custos que estão associados a gestão da atividade de compra de insumos são baixos. Estes custos estão basicamente associados a compra de caderno, lápis e borracha, para fazer o controle, e ao gasto , com transporte e tempo para pesquisar no mercado os fornecedores dos diversos insumos, assim como condições de pagamento oferecidas por cada um deles. 6.6 - Quais os benefícios? Como foi mostrado até aqui, a gestão eficiente das compras pode contribuir na redução dos custos de produção. Em condições normais de preços, a estratégia utilizada pelo produtor pode garantir a compra dos insumos em condições melhores de preços e de pagamento. E em momentos especiais, como de elevação da cotação dos insumos, o produtor é capaz de se proteger contra os altos preços, garantindo a continuidade da sua atividade agrícola. 6.7 - Você sabia que... Os insumos adquiridos pelo produtor representam tipicamente mais da metade do valor das vendas de seus produtos finais. Isso significa dizer que reduções relativamente pequenas de custo obtidas a partir do planejamento da aquisição de insumos podem ter um impacto significativo na lucratividade da propriedade rural. Este fato justifica a atenção que deve ser dada aos problemas relacionados a compra dos insumos. 7 – MARKETING (COMERCIALIZAÇÃO) 7.1 – O que é canal de distribuição? É o conjunto de empresas ou indivíduos envolvidos no processo de tornar disponível um produto ou serviço para uso ou consumo. 7.2 – Como se aplica a agricultura familiar? Como uma das maiores dificuldades dos produtores familiares é comercializar seus produtos, entender o canal de distribuição é uma forma de verificar todos os envolvidos no processo que se inicia na roça e vai até o consumidor final.
7.3 – Para que serve? Conhecer os canais de distribuição facilita a tomada de decisões quanto às empresas ou indivíduos para quem comercializar a produção. 7.4 – Quais os principais envolvidos? Os principais envolvidos no canal de distribuição são produtores, empresas varejistas, atacadistas e outros agentes como atravessadores. Os canais podem estar organizados de diversas formas para que o produto alcance o consumidor, como demonstrado na figura abaixo. 7.5 – Como utilizar? 1º passo: identificar as empresas que vendem o produto que se pretende comercializar; 2º passo: verificar as exigências dessas empresas quanto a quantidade de produtos, variedade, padrão, freqüência de entrega ou compra e demais exigências; 3º passo: verificar as necessidades dos clientes dessas empresas; 4º passo: selecionar as empresas que têm exigências capazes de serem atendidas, para participar do seu canal de distribuição; 5º passo: definir os contratos ou acordos com as empresas como: forma de pagamento, prazo, preço, taxas adicionais, responsabilidade pelo transporte, entre outros fatores. 6º passo: avaliar a satisfação das empresas selecionadas e a do produtor; 7º passo: fazer os ajuste necessários para que os envolvidos no canal de distribuição mantenham um bom relacionamento. 7.6 – Quais os custos? Serão utilizados papel e caneta para anotar as informações das empresas pesquisadas, o que ajudará a organizar os dados e tomar as decisões. 7.7 – Quais os benefícios? Construindo o canal de distribuição, o produtor terá mais informação sobre seus clientes e poderá prestar um melhor atendimento. Também serve para identificar novas empresas ou indivíduos que estão atuando no ramo e verificar novas oportunidades de comercialização. Com essas informações, o produtor poderá escolher aqueles que lhe conferem maiores preços ou melhores condições de pagamento. 8- GESTÃO DA QUALIDADE 8.1 – O que é um produto de qualidade? Um produto tem qualidade quando: a) está de acordo com um padrão pré-estabelecido (por clientes, pela legislação etc.) e, b) satisfaz totalmente as necessidades de quem o compra ou consome, em termos de: características do produto (aparência, sabor, cheiro, ausência de contaminantes etc.), atendimento ao cliente (quantidades, prazos, tratamento cortês etc.) e orientação ao cliente (informações sobre prazo de validade, valor nutricional, formas de consumo etc.). 8.2 – Como garantir que um produto seja de qualidade? A qualidade de um produto não é algo que surge do nada; ela pode e deve ser gerenciada pela empresa através da Gestão da Qualidade. A Gestão da Qualidade é um conjunto de atividades que uma empresa planeja, executa e melhora, ao longo de toda a produção e na cadeia produtiva, para garantir que os produtos tenham a qualidade pretendida. Em outras palavras, Gestão da Qualidade nada mais é do que o ato de gerenciar a qualidade dos produtos e dos processos que dão origem aos produtos, para satisfazer as necessidades dos clientes e reduzir custos com perdas. 8.3 – Como gerenciar a qualidade? A Gestão da Qualidade acontece na prática por meio da implantação dessas três atividades:
a) Planejamento da qualidade: permite a empresa se preparar antes de começar a produzir seus produtos, definindo a qualidade pretendida para os mesmos a partir do que o cliente quer e a lei exige. Exemplo: levantar as reais necessidades dos clientes (que tipo de produtos querem e com que características) e as exigências da legislação; verificar se a empresa é capaz de produzir os produtos segundo tais necessidades e exigências; definir os objetivos de qualidade da empresa; elaborar o plano de atividades que a empresa irá realizar (tarefas a cumprir, resultados esperados de cada uma, responsabilidades, prazos, locais, como realizar as tarefas e quais as formas de controle da qualidade); etc; b) Controle da qualidade: permite a empresa acompanhar os processos produtivos para assegurar que a qualidade pretendida para o produto esteja sendo obtida e que produtos com problema não cheguem até o cliente. Exemplo: acompanhar e avaliar os fornecedores (inspeção de insumos); monitorar pontos críticos no processo produtivo; inspecionar a qualidade dos produtos em processo e dos produtos acabados; preservar a qualidade do produto durante manuseio, armazenagem e transporte para clientes; rastrear o histórico de produção de um produto ou lote de produtos etc; c) Melhoria da qualidade: permite a empresa identificar e priorizar problemas, descobrir suas principais causas, buscar e implantar soluções criativas e identificar oportunidades de melhoria no dia-a-dia, a partir de informaçõeslevantadas de dentro da empresa e daquelas vindas dos clientes. Exemplo: avaliar se os clientes estão satisfeitos com a qualidade dos produtos ofertados; avaliar o desempenho dos processos; identificar e priorizar problemas; analisar suas causas e tomar ações de melhoria. 8.4 – Como se aplica à agricultura familiar? A propriedade rural familiar pode e deve ser vista como uma empresa e o agricultor familiar como um empresário rural. Assim sendo, as atividades da Gestão da Qualidade (planejar-controlar-melhorar) podem ser aplicadas no dia-adia da propriedade familiar, desde a compra de insumos, passando pelo plantio e colheita e chegando até o transporte e entrega dos produtos aos clientes. 8.5 – Quais os custos? É importante esclarecer, ao contrário do que muitos possam pensar, que gerenciar a qualidade não deve ser visto como um custo a mais para o produtor rural, mas sim como um investimento que este faz em busca de melhores condições de comercialização de seus produtos e de uma melhor qualidade de vida para seus familiares. Para realizar na prática as atividades de Gestão da Qualidade é importante que o agricultor familiar invista basicamente nos seguintes fatores: a) Material de trabalho: papel e caneta para elaborar instruções de trabalho, registros de controle e plaquetas de identificação de material, do local de trabalho, de produtos etc; b) Tempo: para preparar planos de trabalho e meios para controlar os processos e produtos; identificar problemas e suas causas fundamentais; elaborar planos de ação para implantar soluções de tais problemas; medir e analisar o desempenho das atividades do dia-a-dia; analisar tudo o que está acontecendo em relação à qualidade do produto e aos processos produtivos e gerenciais da propriedade familiar. c) Conhecimento: o agricultor familiar precisa sempre buscar e atualizar informações relativas ao seu negócio como um todo e também aquelas específicas à qualidade do produto que oferece ao mercado (saber o que o cliente quer, o que a legislação exige, que avaliação o cliente tem de seus produtos, como os outros produtores estão produzindo, quais são as técnicas de produção e de gerenciamento que podem melhorar as atividades). É importante que esse conhecimento seja compartilhado com os demais membros de sua família e com os funcionários da propriedade rural;
d) Pessoas: em qualquer empresa, os resultados positivos só surgem e ali permanecem se as pessoas forem motivadas, comprometidas e capazes de executar as tarefas de sua responsabilidade. Então, torna-se fundamental valorizar as atividades de capacitação (cursos, palestras, visitas a outras propriedades etc.) daqueles que realizam as atividades numa propriedade rural e oferecer-lhes um ambiente de trabalho favorável (em termos de organização e de relacionamento entre as pessoas), promovendo o espírito de equipe. 8.6 – Quais os benefícios para o agricultor familiar? Investir na Gestão da Qualidade traz benefícios como: a) Oferta de produtos com a qualidade garantida aos clientes; b) Melhor organização das atividades diárias de trabalho (cada coisa no seu lugar, cada pessoa sabendo o que precisa fazer, melhor utilização do tempo etc); c) Facilita para que o agricultor consiga rastrear o histórico de produção de cada produto ou lote de produto, permitindo conhecer a origem de problemas e tomar alguma atitude para saná-los e prevenir que voltem a ocorrer; d) Redução de desperdícios (de materiais, de produtos e de tempo) e, conseqüentemente, aumento da produtividade e redução dos custos de produção; e) Resolução de problemas a partir da identificação de suas causas; f) Busca contínua por oportunidades de melhoria; g) Constante busca por informações e conhecimentos sobre mercado, produtos e técnicas de produção e de gerenciamento das atividades; h) Visão geral dos processos, fazendo com que as pessoas conheçam cada etapa do processo produtivo e a sua relação com o processo como um todo; i) Hábito de anotar dados no dia-a-dia, facilitando o controle das atividades; Enfim, a Gestão da Qualidade permite que o agricultor familiar tenha visão e atitude de empresário! 8.7 – Você sabia que: a) alimentos sem qualidade podem causar sérios problemas à saúde das pessoas que os consomem e que, muitas vezes, a causa deles está na maneira como foram produzidos e manuseados na propriedade rural? b) os investimentos na Gestão da Qualidade podem ser bem menores que os custos que o agricultor vem sendo obrigado a arcar com a falta de qualidade? c) melhorar não exige necessariamente altos investimentos? Melhorar, na verdade, faz parte das pequenas atividades do dia-a-dia, sempre! d) pode ser que a propriedade rural esteja trabalhando com prejuízo e a causa disso pode ser justamente por não se praticar a Gestão da Qualidade? e) há clientes (como, por exemplo, algumas grandes redes de supermercados) que só compram produtos de propriedades rurais que praticam a Gestão da Qualidade? “O importante para o negócio é o retorno do cliente para uma nova compra e nunca o retorno do produto, pois isso é sinal de que foi devolvido por falta de qualidade. Ter qualidade é conseguir fazer com que o cliente volte a comprar de sua propriedade rural porque ficou satisfeito com o produto e com atendimento que teve”. 9 - CUSTOS E INDICADORES DE DESEMPENHO 9.1- O que são custos e indicadores de desempenho? · Custos: são os gastos necessários para produzir os produtos da empresa. Para a produção de hortaliças custo é todo o dinheiro empregado, direto ou indiretamente, na produção e comercialização de hortaliças.
· Indicadores de desempenho: são índices utilizados para medir o desenvolvimento dos processos em uma empresa. Podem ser financeiros, medidos em dinheiro (como os custos) e não-financeiros, medidos em outra unidade que não seja dinheiro. 9.2- Como isto se relaciona com a agricultura familiar? Os custos, como dito acima, dizem respeito à quantidade de dinheiro gasto para produzir as hortaliças. Sendo assim, custos elevados podem significar desvantagens e redução de lucros. Os indicadores de desempenho servem para determinar os avanços ou falhas do que se pretende controlar. Caso o produtor queira verificar a satisfação do cliente, ele poderá utilizar, por exemplo, o nível de devolução das hortaliças pelo cliente. Se este número vem aumentando ao longo dos meses, ou anos, isto indica um mau sinal. Porém, se este número vem caindo isto indica uma boa notícia. 9.3- Como utilizar os custos e os indicadores de desempenho? Os processos de controles são relativamente simples e são resultados em longo prazo costumam ser muito positivos. Todo controle necessário à produção de hortaliças deverá seguir uma seqüência de quatro passos: 1º planejar, 2º controlar, 3º corrigir e 4º agir. Observação: É importante que toda a família e todos que ajudem na produção participem desse processo. Afinal, toda atividade na propriedade tem uma conseqüência para todos, sendo assim, o ideal é que todos saibam “para onde caminhar”. Passo 1) Planejar: se refere ao que se vai fazer no futuro. O produtor pode analisar sua situação e verificar que é necessário gastar menos para produzir, ou até mesmo aumentar sua produtividade (número de pés por área plantada). O que vai ser controlado (Passo 2) deve responder às necessitas planejadas inicialmente. Passo 2) Controlar: depois de pensar no que se vai fazer, o produtor deve passar a acompanhar o andamento das coisas. Deve pensar em formas de se controlar (medir) isto, exemplo: anotar todos os gastos realizados para saber quanto custa, ou medir quantos pés vem se plantando em um metro quadrado de canteiro. Essas informações devem ser guardadas (registro em papel ou computador) para análises futuras. Passo 3) Corrigir: o que foi registrado na etapa de controle deve ser analisado e comparado com dados anteriores para verificar se o que foi planejado está sendo comprido. Se as informações anotadas como gastos para produzir vem crescendo, o produtor deve ver onde estão as falhas, ou seja, o que vem aumentado de preço neste caso. Esta etapa serve para um ajuste (correção) das atividades no caso delas estarem “fora dos eixos”. Passo 4) Agir: é a etapa final do ciclo, nesse ponto deverá ser feita as análises do que se foi controlado e tomar novas decisões de como melhor (caso as coisas não estejam indo bem) ou como manter (se as coisas estiverem nos trilhos). 10 - Recursos Financeiros 10.1 – Quais as principais fontes de recursos financeiros para a Agricultura Familiar? Além dos recursos próprios, os agricultores familiares podem obter recursos financeiros, diretamente, por meio do crédito rural. Também podem obte-lo, indiretamente, financiando as compras de insumos ou equipamentos junto aos fornecedores e comercializando antecipadamente a produção junto às industrias e ao comercio de sua região. Os empréstimos junto a terceiros (amigos, parentes, etc) é uma outra fonte de recursos financeiros. 10.2 - O que o agricultor deve analisar quando for fazer um empréstimo? É muito importante que o agricultor analise qual a quantidade de recursos que necessita tomar emprestado, levando em consideração a sua capacidade de pagar. Para isso, é
preciso planejar as atividades a serem desenvolvidas, e identificar as melhores alternativas de financiamento disponíveis. 10.3 – Como identificar as melhores alternativas de financiamento? Uma vez identificadas as prioridades e a quantidade de recursos que o agricultor necessita, é preciso avaliar as condições de financiamento de cada uma das linhas de crédito disponíveis (taxa de juros, limite de financiamento, prazos máximos, carência, garantias exigidas). O governo disponibiliza diversas linhas de crédito para a agricultura com condições de pagamento especiais, principalmente para a agricultura familiar. Entre os programas especiais para agricultura familiar destaca-se o PRONAF – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar. Os governos estaduais também têm programas de crédito. Em São Paulo, por exemplo, existe o FEAP – Fundo de Expansão da Agropecuária e da Pesca. 10.4 – Quais são as taxas de juros cobradas no credito rural oferecido pelo governo? As condições de financiamento dependem das atividades a serem financiadas e podem variar a cada ano. Em 2004, para as linhas tradicionais de credito rural a taxa de juros é de 8,75% ao ano, tanto para credito custeio como para investimento. Para as linhas de credito especiais para a agricultura familiar a taxa de juro máxima é de 4% ao ano. O FEAP oferece apenas linhas de crédito para investimento. 10.5 – Quem pode ser atendido pelo PRONAF e pelo FEAP? Os pequenos agricultores familiares, proprietários, meeiros, posseiro, parceiros ou arrendatários de imóveis rurais (com área de até quatro módulos fiscais para o PRONAF e até oito módulos fiscais para o FEAP), que morem no imóvel ou nas proximidades, usem mão-de-obra familiar e tenham até dois empregados permanentes. Os agricultores também devem ter pelo menos 80% da renda familiar proveniente da exploração agropecuária e demais atividades desenvolvidas no imóvel. 10.6 – Como fazer para ser beneficiado pelo PRONAF ou FEAP? O agricultor deve procurar o serviço de assistência técnica ou sindicato rural (de trabalhadores rurais ou patronal) para obter a Declaração de Aptidão e receber as informações e orientações necessárias. A Declaração de Aptidão é um documento que certifica que o agricultor atende aos requisitos de enquadramento como agricultor familiar. Além da Declaração de Aptidão, serão exigidos os seguintes documentos è Plano ou projeto (individual ou coletivo) das atividades agropecuárias, que pode ser elaborado conjuntamente com os serviços de assessoria técnica (Casa da Agricultura, CATI, escritórios técnicos, etc.) è Escritura do imóvel rural, quando for proprietário, ou contrato de arrendamento, quando for o caso. 10.7- Quais os bancos que operam as linhas de credito rural do governo? As linhas de credito rural para a agricultura são operadas por todos os bancos públicos ou privados. Os programas especiais são operados, principalmente, pelos bancos públicos. No Estado de São Paulo o PRONAF é operado principalmente pelo Banco do Brasil e Banco Nossa Caixa Nosso Banco. Os recursos do FEAP são operados exclusivamente pelo Banco Nossa Caixa Nosso Banco. Além dos bancos, as cooperativas de crédito, formadas por agricultores familiares, podem operar as linhas de crédito rural do governo. 10.8- O Banco exige algum tipo de garantia? Dependendo do valor do financiamento e em função do grupo em que se enquadre o agricultor (o grupo depende da renda bruta anual do agricultor), o Banco pode exigir uma ou mais das seguintes garantias: a) hipoteca
b) penhor ou alienação fiduciária c) fiança ou aval d) fundo de aval e) aval solidário.
AS ISO 9000 E 14000 As normas de meio ambiente não são um modismo: vieram para ficar. Atendem às novas exigências do mercado, cada vez mais globalizado e competitivo, em que o fator de preservação ambiental estará cada vez mais relacionado com aceitação dos produtos, logo, com ampliação de vendas. As normas ISO 14000 – Gestão Ambiental, foram inicialmente elaboradas visando o “manejo ambiental”, que significa “o que a organização faz para minimizar os efeitos nocivos ao ambiente causados pelas suas atividades” (ISO, 2000). Assim sendo, essas normas fomentam a prevenção de processos de contaminações ambientais, uma vez que orientam a organização quanto a sua estrutura, forma de operação e de levantamento, armazenamento, recuperação e disponibilização de dados e resultados (sempre atentando para as necessidades futuras e imediatas de mercado e, consequentemente, a satisfação do cliente), entre outras orientações, inserindo a organização no contexto ambiental. Tal como as normas ISO 9000, as normas ISO 14000 também facultam a implementação prática de seus critérios. Entretanto, devem refletir o pretendido no contexto de Planificação ambiental, que inclui planos dirigidos a tomadas de decisões que favoreçam a prevenção ou mitigação de impactos ambientais de caráter compartimental e inter-compartimental, tais como, contaminações de solo, água, ar, flora e fauna, além de processos escolhidos como significativos no contexto ambiental. A norma ISO 14001 estabelece o sistema de gestão ambiental da organização e, assim:
avalia as conseqüências ambientais das atividades, produtos e serviços da organização;
atende a demanda da sociedade; define políticas e objetivos baseados em indicadores ambientais definidos pela
organização que podem retratar necessidades desde a redução de emissões de poluentes até a utilização racional dos recursos naturais;
implicam na redução de custos, na prestação de serviços e em prevenção; é aplicada às atividades com potencial de efeito no meio ambiente; é aplicável à organização como um todo.
Ressalta-se, contudo, que nem as normas ISO 9000 nem aquelas relativas ISO 14000 são padrões de produto. O padrão de manejo do sistema nessas famílias de normas estabelece requerimentos para direcionar a organização para o que ela deva fazer para manejar processos que influenciam a qualidade (ISO 9000) ou processos que influenciam o impacto das atividades da organização no meio ambiente (ISO 14000). A natureza do trabalho desenvolvido na empresa e as suas especificidades em termos de demandas determinam os padrões relevantes do produto que devam ser considerados no contexto das normas ISO (ISO, 2000). A ISO - International Standardization for Organization é uma organização não-governamental sediada em Genebra, fundada em 23 de fevereiro de 1947 com o objetivo de ser o fórum internacional de normalização, para o que atua como entidade harmonizadora das diversas agências nacionais. Noventa e cinco por cento da produção mundial estão representados na ISO por mais de uma centena de países-membros, os quais são classificados em P (Participantes) e O
(Observadores). A diferença fundamental entre ambos é o direito de votação que os membros P têm nos vários Comitês Técnicos, Subcomitês e Grupos de Trabalho. Para exercer seus direitos, é exigido que os países estejam em dia com suas cotas anuais de participação e atuem de forma direta no processo de elaboração e aperfeiçoamento das normas. À medida que aumentam as preocupações com a manutenção e a melhoria da qualidade do meio ambiente, bem como a proteção da saúde humana, organizações de todos os tamanhos vem crescentemente voltando suas atenções para os potenciais impactos de suas atividades, produtos e serviços. O desempenho ambiental de uma organização vem tendo importância cada vez maior para as partes interessadas, internas e externas. Alcançar um desempenho ambiental consistente requer comprometimento organizacional e uma abordagem sistemática ao aprimoramento contínuo. O objetivo geral da ISO 14000 é fornecer assistência para as organizações na implantação ou no aprimoramento de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA). Ela é consistente com a meta de “Desenvolvimento Sustentável” e é compatível com diferentes estruturas culturais, sociais e organizacionais. Um SGA oferece ordem e consistência para os esforços organizacionais no atendimento às preocupações ambientais através de alocação de recursos, definição de responsabilidades, avaliações correntes das práticas, procedimentos e processos. Demandas de mercado e gestão ambiental O desenvolvimento sustentável de uma região agrícola requer a seleção de sistemas de produção que atentem para condições ambientais diversificadas, e conseqüentemente, a escolha de tecnologias adequadas a cada um desses sistemas nesses ambientes. Devem, assim, contemplar características que propiciem a estabilidade ecológica (qualidade do ambiente), econômica (rentabilidade) e social da região. Nesse contexto, processos que fomentem a Gestão Ambiental do Espaço Agrário tornam-se fortes aliados à implantação correta desses sistemas, uma vez que fornecem um conjunto de atividades de planificação, de prática e de controle do espaço rural que define a política ambiental local, seus objetivos e responsabilidades culminando com a produtividade desejada pelo produtor aliada a minimização de impactos ambientais negativos. Assim, através da proposição de princípios, de diretrizes e de mecanismos de estruturação, controle e tomada de decisões gerenciais (sistemas de acompanhamentos), promovem o uso, a proteção, a conservação e o monitoramento de recursos naturais e sócio-econômicos do espaço rural, tendo sempre em foco as vertentes ecológicas, econômicas e sociais nessas atividades. Entretanto, as diferentes alternativas para implantar essa forma de se buscar sustentabilidade (definição de políticas regionais ou estaduais, política nacional de meio ambiente e planos “verdes”), impediam que seus benefícios fossem medidos com a acuidade necessária, com reprodutibilidade e, principalmente, comparáveis a outros inúmeros cenários propostos internacionalmente. A partir da década de 80, houve um gradativo incremento na demanda por sustentabilidade da agricultura, fomentado pelos movimentos ambientalistas pela preservação dos recursos naturais, pela demanda de produção de produtos saudáveis e “ambientalmente corretos”. A globalização de mercados, instaurada a partir da década passada, aliada às correntes e demandas de uma população mundial cada vez mais conscientizada e ativa na busca de seus direitos, culminaram na necessidade de um indicador com identidade visual própria, reconhecido a nível internacional, que assegurasse a produção dentro das
demandas das “boas práticas agrícolas de controle”, exigidas pela sociedade. Aliam-se a elas os selos de certificação de qualidade de produto e de ambiente. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), atua desde 1950 no desenvolvimento de programas de certificação apropriados a diversas áreas da sociedade brasileira, em conformidade com os modelos internacionalmente aceitos e estabelecidos no âmbito do Comitê de Avaliação da Conformidade (CASCO) da “International Standartization Organization” (ISO). A diretriz da ISO 14000 A Diretriz 14000 especifica os elementos de um SGA e oferece ajuda prática para sua implementação ou aprimoramento. Ela também fornece auxílio às organizações no processo de efetivamente iniciar, aprimorar e sustentar o Sistema de Gestão Ambiental. Tais sistemas são essenciais para a habilidade de uma organização em antecipar e atender às crescentes expectativas de desempenho ambiental e para assegurar, de forma corrente, a conformidade com os requerimentos nacionais e/ou internacionais. A ISO 14.001 inclui os elementos centrais do SGA a serem utilizados para certificação/registro. A ISO 14.000 inclui princípios e elementos adicionais que a organização poderá considerar. As organizações podem considerar diferentes usos da série ISO 14.000:
Usando a ISO 14.000 - Diretrizes para Princípios, Sistemas e Técnicas de Suporte, ou parte dela, para iniciar e/ou aprimorar seu SGA. A ISO 14.000 não é destinada ao uso por entidades de registro.
Usando a ISO 14001 - Especificação do Sistema de Gestão Ambiental (SGA), para alcançar certificação por terceiros. A ISO 14.001 é destinada ao uso por entidades de registro.
Usando a ISO 14.000 - Diretrizes ou a ISO 14.001 – Especificações, para reconhecimento de segunda parte, entre contratados, o que pode ser apropriado para algumas relações comerciais.
Usando documentos ISO pertinentes. A escolha dependerá de uma série de fatores, tais como:
Grau de maturidade da organização: se já existir um gerenciamento sistemático poderá ser facilitada a introdução de um gerenciamento ambiental sistemático.
Possíveis vantagens e desvantagens, influenciadas pela posição no mercado, reputação atual, relações externas.
Dimensão da organização. A diretriz 14000 pode ser usada por organizações de qualquer tamanho. Todavia, a importância das Pequenas e Médias Empresas (PME) vem sendo crescentemente reconhecida pelos governos e meios empresariais. A diretriz reconhece e acomoda as necessidades das PME. Escopo da ISO 14000 A ISO 14000 oferece diretrizes para o desenvolvimento e implementação de princípios e sistemas de gestão ambiental, bem como sua coordenação com outros sistemas gerenciais. Tais diretrizes são aplicáveis a qualquer organização, independente do tamanho, tipo ou nível de maturidade, que esteja interessada em desenvolver, implementar e/ou aprimorar um SGA. As diretrizes são destinadas ao uso interno como uma ferramenta gerencial voluntária, não sendo apropriada para uso por parte de entidades de Certificação/Registro de SGA, como uma norma de especificações.
As diretrizes baseiam-se nos elementos centrais da especificação para SGA encontrados na ISO 14001 e incluem importantes elementos adicionais para um Sistema de Gestão Ambiental amplo. Princípios e elementos de um SGA O ciclo do SGA segue a visão básica de uma organização que subscreve os seguintes princípios:
Princípio 1: Uma organização deve focalizar aquilo que precisa ser feito - deve assegurar comprometimento ao SGA e definir sua política.
Princípio 2: Uma organização deve formular um plano para cumprir com sua política ambiental.
Princípio 3: Para uma efetiva implantação, uma organização deve desenvolver as capacidades e apoiar os mecanismos necessários para o alcance de suas políticas, objetivos e metas.
Princípio 4: Uma organização deve medir, monitorar e avaliar sua performance ambiental.
Princípio 5: Uma organização deve rever e continuamente aperfeiçoar seu sistema de gestão ambiental, com o objetivo de aprimorar sua performance ambiental geral.
O recurso natural renovável é aquele pode ser reposto após extraído pelas atividades antrópicas. A reposição pode ocorrer de tempos em tempos. Dentre os recursos naturais renováveis podemos citar a energia eólica (ventos), aenergia solar (radiação solar), ondas do mar, hidroeletricidade, biomassa e energia geotérmica. A reposição dos recursos utilizados pode ser feita pelo homem ou naturalmente, pelo próprio ambiente. Por outro lado, os recursos naturais não-renováveis são aqueles que findam após intensa exploração realizada pelas atividades do homem, requerendo muito tempo para se regenerar.
Todo recurso natural deve e pode ser gerido de uma maneira sustentável no objetivo de garantir a sua reposição e regeneração no meio ambiente. Em situações de intensa exploração desses recursos, mesmo sendo renováveis, há o risco de ocorrer a exaustão decorrente de um desequilíbrio ecológico. Além dos exemplos citados no início do texto, os recursos naturais renováveis abrangem organismos vivos, como por exemplo, os peixes e as plantas, e numa visão mais abrangente as águas e o ar. Em tempos de poluição e aquecimento global, a intensa exploração desses recursos tem gerado a extinção de várias espécies e, consequentemente, a perda da biodiversidade. Quando falamos em peixes, muitas espécies ainda não consumidas pelo mercado graças à investimentos em piscicultura, pois a extinção ou a baixa oferta do pescado no mar é um dos exemplos da exaustão de recursos naturais renováveis. A pesca industrial e artesanal deve seguir determinadas normas de sustentabilidade que respeite o ciclo reprodutivo das espécies e o meio aquático, para que não haja perdas ambientais, biológicas e econômicas. A curto prazo é mais lucrativo explorar intensamente um determinado recurso, mas a longo prazo, uma exploração que não respeita os limites de regeneração das espécies gerará perdas da biodiversidade e carências sociais e econômicas às atividades de exploração e extração de recursos. Os recursos naturais renováveis permanecem disponíveis desde que se respeite o meio, as condições biológicas, os ciclos reprodutivos para sua disposição no meio ambiente. Quando pensamos nesses recursos presente entre a flora e fauna, por exemplo, consideramos que cada indivíduo de cada espécie pode se regenerar, ou seja, se reproduzir a partir do código genético de seus ascendentes. As práticas de extração econômica devem ser racionais, planejas e sustentáveis. A implementação da sustentabilidade nesses recursos deve ocorrer por meio de um manejo adequado que mitiga os excessos das ações nocivas mercadológicas. Não extrair tais recursos em excesso ou desnecessariamente também é uma das principais opções possíveis pela reciclagem de matéria-prima. A reciclagem é aconselhável para os renováveis e não renováveis.
Alho O extrato de alho tem ação fungicida, combatendo doenças como o míldio e ferrugens, e ação
bactericida. É utilizado também como repelente de insetos nocivos como a lagarta da maçã e
o pulgão.
Chá de Cavalinha (Equisetum arvense ou Equisetum giganteum) Indicado e empregado na horticultura, aumenta a resistência da planta contra insetos nocivos
em geral.
Cravo de Defunto Combate pulgões, ácaros e algumas lagartas.
Fumo (Nicotina) A nicotina contida no fumo é um excelente inseticida, tendo ação de contato contra pulgões,
tripes e outras pragas. Quando aplicada como cobertura do solo, pode prevenir o ataque de
lesmas, caracóis e lagartas cortadeiras.
Neem ou nim (Azaridachta indica)
Têm como princípio ativo a azadiractina, encontrada nas folhas e nos frutos, é indicada para o
combate à traças, lagartas, pulgões, gafanhotos, agindo como inseticida e repelente de pragas
em geral.
Pimenta
Tem boa eficiência quando concentrada e misturada com outros defensivos naturais no
combate aos pulgões, vaquinhas, grilos e lagartas.
Primavera ou Maravilha (Bougainvillea spectabilis ou Mirabilis jalapa)
Resultante da extração do suco das folhas destas plantas, torna-se um método eficiente para
imunizar mudas de tomate contra vira cabeça do tomateiro.
Urtiga Planta empregada principalmente na horticultura, ela é útil no combate aos pulgões e para
aumentar a resistência natural.
2. Produtos Orgânicos como Agentes Defensivos
Cinzas
A cinza de madeira é um material rico em potássio, recomendado no controle de pragas e até
de algumas doenças, podendo ser aplicado na mistura com outros produtos naturais.
Farinha de Trigo
A farinha de trigo de uso doméstico pode ser efetiva no controle de ácaros, pulgões e lagartas
em hortas domésticas e comunitárias. Pulverizando-se de manhã as folhas atacadas, a farinha
seca ao sol, formando uma película que envolve as pragas e fazendo com que estas caiam com
o vento.
Leite
O leite em sua forma natural ou como soro é indicado para o controle de ácaros e ovos de
diversas lagartas, assim como no combate à várias doenças fúngicas e viróticas.
Sabão e suas Misturas
O sabão (não detergente) tem efeito inseticida e quando acrescentado a outros defensivos
naturais pode aumentar a sua efetividade. Sozinho, tem bom efeito sobre muitos insetos de
corpo mole como o pulgão, as lagartas e moscas brancas. A emulsão de sabão e querosene
transforma-se em um inseticida de contato, bastante indicado para o combate a insetos
Apesar de não ser o responsável pela organização das prateleiras, cabe ao professor conhecer a variedade de títulos e materiais disponível nas bibliotecas escolares para, como um planejamento eficiente e estratégias pensadas, enriquecer o ensino dos conteúdos curriculares. "O docente deve procurar saber quais são as possibilidades para a sua disciplina. Essa etapa vai facilitar a discussão sobre o formato e o papel das atividades", afirma Lucila Martínez, especialista que implementou políticas da área para governos latino-americanos pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
Segundo ela, com a correta utilização das obras, é possível expandir o conhecimento da turma e ampliar os horizontes dos estudantes, que sentirão necessidade de acessar outras estações, como bibliotecas públicas. "Também é possível valorizar a produção própria dos alunos, que vão ser representados entre os autores tradicionais, e estimular a leitura pelo prazer, em rodas de leitura, por exemplo", complementa a especialista.
Pesquisas feitas pelo governo federal nos últimos anos já detectaram uma relação clara entre o uso frequente do espaço e o bom desempenho dos estudantes. "A biblioteca escolar bem utilizada funciona como uma potente ferramenta para o desenvolvimento do aluno, de sua autonomia intelectual e também do processo de ensino e aprendizagem", afirma Marcelo Soares, diretor de Políticas de Formação, Materiais Didáticos e de Tecnologias para a Educação Básica, do Ministério da Educação (MEC).
Por meio de livros, mas também de revistas, mapas, atlas e materiais multimídia, o educador de todas as disciplinas pode ampliar a bagagem das crianças, ensinar e fazê-las tomar gosto pelo conhecimento e pela leitura. Confira, a seguir, as seis estratégias fundamentais para utilizar a biblioteca escolar de forma mais eficaz com a turma.
Educação, cultura e informação
Educação engloba os processos de ensinar e aprender. É um fenômeno observado em qualquer sociedade e nos grupos constitutivos destas, responsável pela sua manutenção e perpetuação a partir da transposição, às gerações que se seguem, dos modos culturais de ser, estar e agir necessários à convivência e ao ajustamento de um membro no seu grupo ou sociedade. Enquanto processo de sociabilização, a educação é exercida nos diversos espaços de convívio social, seja para a adequação do indivíduo à sociedade, do indivíduo ao grupo ou dos grupos à sociedade. Nesse sentido, educação coincide com os conceitos de socialização e endoculturação, mas não se resume a estes.
Nivel de alfabetização pelo planeta inteiro: veja as desigualdades do sistema de ensino em cada região do mundo, ampliando a imagem.
A prática educativa formal — que ocorre nos espaços escolarizados, que sejam da Educação Infantil à Pós Graduação — dá-se de forma intencional e com objetivos determinados, como no caso das escolas. No caso específico da educação formal exercida na escola, pode ser definida como Educação Escolar. No caso específico da educação exercida para a utilização dos recursos técnicos e tecnológicos e dos instrumentos e ferramentas de uma determinada comunidade, dá-se o nome de Educação Tecnológica. A educação sofre mudanças, das mais simples às mais radicais, de acordo com o grupo ao qual ela se aplica, e se ajusta a forma considerada padrão na sociedade. Mas, acontece também no dia-a-dia, na informalidade, no cotidiano do cidadão. Nesse caso sendo ela informal.
Cultura (do latim colere, que significa cultivar) é um conceito de várias acepções, sendo a mais corrente a definição genérica formulada por Edward B. Tylor, segundo a qual cultura é ―aquele todo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade‖. Em Roma, na língua latina, seu antepassado etimológico tinha o sentido de ―agricultura‖ (significado que a palavra mantém ainda hoje em determinados contextos), como empregado por Varrão, por exemplo.2 Cultura é também associada, comumente, a altas formas de manifestação artística e/ou técnica da humanidade, como a música erudita europeia (o termo alemão ―Kultur‖ – cultura – se aproxima mais desta definição). Definições de cultura foram realizadas por Ralph Linton, Leslie White, Clifford Geertz, Franz Boas, Malinowski e outros cientistas sociais. Em um estudo aprofundado, Alfred Kroeber e Clyde Kluckhohn encontraram pelo menos 167 definições diferentes para o termo cultura.
Por ter sido fortemente associada ao conceito de civilização no século XVIII, a cultura muitas vezes se confunde com noções de: desenvolvimento, educação, bons costumes, etiqueta e comportamentos de elite. Essa confusão entre cultura e civilização foi comum, sobretudo, na França e na Inglaterra dos séculos XVIII e XIX, onde cultura se referia a um ideal de elite.3 Ela possibilitou o surgimento da dicotomia (e, eventualmente, hierarquização) entre ―cultura erudita‖ e ―cultura popular‖, melhor representada nos textos de Matthew Arnold, ainda fortemente presente no imaginário das sociedades ocidentais.
Informação é o resultado do processamento, manipulação e organização de dados, de tal forma que represente uma modificação (quantitativa ou qualitativa) no conhecimento do sistema (pessoa, animal ou máquina) que a recebe.
Informação enquanto conceito carrega uma diversidade de significados, do uso quotidiano ao técnico. Genericamente, o conceito de informação está intimamente ligado às noções de
restrição, comunicação, controle, dados, forma, instrução, conhecimento, significado, estímulo, padrão, percepção e representação de conhecimento.
É comum nos dias de hoje ouvir-se falar sobre a Era da Informação, o advento da "Era do Conhecimento" ou sociedade do conhecimento. Como a sociedade da informação, a tecnologia da informação, a ciência da informação e a ciência da computação em informática são assuntos e ciências recorrentes na atualidade, a palavra "informação" é frequentemente utilizada sem muita consideração pelos vários significados que adquiriu ao longo do tempo.
De acordo com o Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa, informação vem
do latim informatio,onis, ("delinear, conceber ideia"), ou seja, dar forma ou moldar na mente,
como em educação, instrução ou treinamento.
A palavra do grego antigo para forma era μορφή (morphe; cf. morfo) e também εἶδος (eidos)
"tipo, ideia, forma, 'aquilo que se vê', configuração", a última palavra foi usada famosamente
em um sentido filosófico técnico por Platão (e mais tarde Aristóteles) para denotar a
identidade ideal ou essência de algo (ver Teoria das ideias). "Eidos" também podem ser
associados com pensamento, proposição ou mesmo conceito.
De acordo com o Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa, informação vem do latim informatio,onis, ("delinear, conceber ideia"), ou seja, dar forma ou moldar na mente,
como em educação, instrução ou treinamento.
A palavra do grego antigo para forma era μορφή (morphe; cf. morfo) e também εἶδος (eidos) "tipo, ideia, forma, 'aquilo que se vê', configuração", a última palavra foi usada famosamente em um sentido filosófico técnico por Platão (e mais tarde Aristóteles) para denotar a identidade ideal ou essência de algo (ver Teoria das ideias). "Eidos" também podem ser associados com pensamento, proposição ou mesmo conceito.
Como utulizar a biblioteca: é aberta ao público em geral para consultas e pesquisas, sendo que a retirada de materiais é permitida apenas para alunos e usuários residentes na Cidade de São Paulo. Para utilizar a biblioteca basta associar-se.
Hábito de leitura e pesquisa: refere-se à frequência em que um indivíduo lê, principalmente livros e jornais, embora o termo seja mais amplo e inclua qualquer espécie de leitura. Pode-se dizer que existem três objetivos básicos para aquele que cultiva o hábito de ler, a saber ler por prazer, para estudar ou para se informar,1 mostrando, assim, que não se vincula somente a um objetivo geral de educação mas também às vontades e ambições individuais de cada um. Nos
dias atuais, no entanto, o termo também é marcadamente ligado à questões como o alfabetismo e a educação de crianças. A leitura frequente auxilia no conhecimento de novas ideias, palavras, expressões, é capaz de corrigir conceitos pré-determinados, ajudando, assim, o leitor a viajar por ambientes vastos como a gramática, a literatura, etc., embora o termo "hábito de leitura" ou "hábito de ler" não se referia somente a um hábito frequente; isso significa que o termo pode ser utilizado também àquele homem que cultiva o hábito de ler somente um jornal de manhã, por exemplo, ou um adolescente que leia regularmente, ou raramente, e assim por diante, sendo um termo neutro. De qualquer forma a leitura diversificada amplica o vocabulário e a capacidade de argumentação.
O acervo bibliográfico: conhecimento e preservação
Biblioteca Nacional (2009) entende a preservação como sendo ―todas as ações que se fonteinam a salvaguardar e a recuperar as condições físicas dos suportes que contém informações, com vistas à permanência [das] fontes materiais para as futuras gerações‖, acrescentando que esta ―é o ‗guarda – chuva‘, sob o qual se ‗abrigam‘ a conservação preventiva, a conservação reparadora e a restauração‖.
Atividades do processo de preservação
Conservação preventiva
Conservação preventiva é o estudo e o controle das principais fontes de degradação do acervo. Para evitar disseminação dos efeitos da degradação, deve-se tomar medidas preventivas contra essas ações. Os três principais agentes de destruição de acervos, são: os fatores internos; fatores externos; ação do homem sobre o acervo.
Conservação reparadora
Procedimento simples destinado ao tratamento do livro como remendos e reparos em geral que sejam necessários ao resgate estrutural das partes danificadas, como rasgos nas folhas ou capas; perda do suporte das folhas ou capas; lombadas rasgadas ou danificadas; capas separadas do corpo do livro e folhas dobradas, vincadas que necessitam reforços para evitar rasgos.
Elemento fundamental de atenção na mediada em que as ações se realizarão diretamente na obra a ser preservada:
manuseio dos livros e documentos em geral;
reprodução do acervo;
transferência do suporte*
*microfilmagem, digitalização e fotografia.
De acordo com Boito (2003) ―o termo conservação refere-se a toda ação estabilizadora que visa desacelerar ou interromper o processo de degradação‖. De modo semelhante, a Biblioteca Nacional (c2009) enxerga ―a conservação como um conjunto de procedimentos que tem por objetivo melhorar o estado físico do suporte, aumentar sua permanência e prolongar-lhe a vida útil, possibilitando [dessa maneira] o seu acesso por parte das futuras gerações‖.
Etapas do processo de conservação
O trabalho de conservação deverá se acontecer de forma continua obedecendo ao seguinte processo:
Limpeza página a página, utilizando, para tanto, material adequado;
Acondicionamento dos itens do acervo em caixas-boxe, quando necessário;
Diagnóstico da obra (descrição pormenorizada de marcas que indiquem a condição de obra rara, como assinaturas, dedicatórias, exlíbris, carimbos entre outros)
Amarrar com cadarço, quando necessário;
Restauração
Para Boito (2003) ―o termo restauração refere-se a ações que visam reter danos físicos e químicos, possibilitando a recuperação e restituindo a funcionalidade dos documentos deteriorados‖.
Para a Biblioteca Nacional (2009) o processo de restauração consiste em ―um conjunto de procedimentos que visa recuperar, o máximo possível, o seu estado original‖. Para tanto ―são realizadas intervenções de tratamento individual por peça‖ (BN, 2009).
Proteção para a cabeça
Entre os equipamentos usados para proteger a cabeça, podemos destacar:
Óculos de segurança ou óculos de proteção
Os óculos de segurança precisam ser de qualidade comprovada, garantindo proteção contra a contaminação de substâncias poluentes, evitando doenças como conjuntivite, irritações oculares e alergias. Deve-se proporcionar ao profissional uma visão transparente, sem distorções ou opacidade.
Proteção respiratória (máscara)
As máscaras semi-faciais, descartáveis, são leves e oferecem proteção ao rosto do funcionário e não causam irritação.
Os tipos mais simples dessas máscaras destinam-se exclusivamente a reter poeira, devendo ser descartadas após o dia de trabalho. Nenhum tipo de manutenção ou reparo deve ser realizado: a própria peça facial é filtrante. Deve ser trocada sempre que se encontrar saturada, perfurada, rasgada, com elástico solto ou rompido, ou quando o usuário perceber o cheiro de poeira.
É indicado para proteger o aparelho respiratório contra partículas nocivas suspensas no ar (poeira, vapores e partículas sólidas) evitando sérios problemas respiratórios. Existem vários modelos que oferecem praticidade e proteção. Contudo, depende do usuário escolher a que melhor se adaptar à sua necessidade.
Toucas protetoras
As toucas descartáveis são leves e de polipropileno ―spum bonded‖, material que oferece resistência e ventilação, seladas eletronicamente por ultra-som, com garantia de melhor acabamento. Seguem as normas internacionais de qualidade e segurança. Oferecem maior conforto, melhor ajuste, apresentam elástico especial em todo o perímetro da touca.
É indicado para proteger a cabeça contra partículas suspensas no ar. O cabelo exposto absorve essas partículas que causam sérios danos à saúde do couro cabeludo e dos folículos pilosos de quem executa a higienização do acervo.
Protetores para o tronco e os membros
Avental ou jaleco
O tipo mais comum de protetor para o tronco é o avental ou jaleco. Além dos tradicionais de tecido 100% algodão, existem produtos leves e confortáveis que são confeccionados em não-tecidos - 100% polipropileno ou sontara (55% polpa de celulose e 45% poliéster), fabricado pelo processo de filamentos contínuos consolidados por termo-soldagem, constituindo-se como elemento básico de maior confiabilidade para confecção de produtos descartáveis de proteção, por ser atóxico, anti-alérgico, permeável ao ar, não inflamável.
Os aventais devem, preferencialmente, cobrir completamente as vestimentas, ou seja, serem fechados nas costas, compridos e terem mangas longas, protegendo o profissional contra dermatites e alergias.
São indicados para proteger as roupas contra a sujidade na realização da higienização, oferecendo maior segurança, conforto e proteção ao corpo humano.
Proteção dos membros superiores
Luvas
As luvas de látex para o procedimento são fabricadas para que sejam suficientemente resistentes de acordo com as normas internacionais. Elaboradas com látex natural, hipo-alérgica, para uso ambidestro, punhos longos com reforço para reduzir rupturas.
São indicadas para proteção contra os microorganismos, que podem causar dermatites. Durante o trabalho, o funcionário munido de luvas não deve levar as mãos aos olhos, à boca ou ao nariz.
Recomenda-se descartá-las a cada dia de trabalho, porque são produtos de uso único.
Proteção dos membros inferiores (pés)
Pró-pé/ botas
O pro-pé é um acessório indicado para ser usado em ambientes especiais, como: sala de obras raras, museu e outros que o profissional julgar necessário. Com formato anatômico e confortável têm, por finalidade, evitar a entrada de partículas vindas do ambiente externo, trazidas nas solas dos sapatos, além de dar proteção para o profissional contra fluídos corporais.
É indicado para proteção dos pés contra microorganismos em ambientes de muita contaminação, salas de depósito ou no caso de inundação.
Cidade lotada, caótica, trânsito parado, pessoas estressadas, doentes mal amadas. É assim que enxergo São Paulo quando estou no trânsito. As pessoas estão infelizes. Pior, elas são vítimas de alguma doença que a cura nem é tão difícil, mas depende apenas delas. Mas entre todas essas mazelas da vida-louca-e-doentia da cidade de São Paulo a pior delas para mim é a invasão física, o assédio.
Nos últimos dias tenho ouvido (e lido) muitos relatos de amigas ciclistas vítimas de assédio no trânsito. Aliás, o pior dos assédios, a invasão física e moral de uma passada de mão. Já não sei contar quantas amigas minhas já foram vítimas de motoqueiros e suas ―mão bobas‖ que ops… deslizam entre a bunda e o selim da menina ciclista. Eu mesma já fui vítima desse tipo de agressão e a minha reação foi… chorar. Chorar de tristeza, nojo e raiva.
Fico indignada à falta de humanidade que beira uma pessoa que consegue estender a sua mão para assediar uma estranha. Isso é invasão, é crime, é falta do mais simples respeito. Penso comigo se quem faz isso não tem mulher, filha, mãe e se não pensam nelas na mesma situação. Certamente não. Aliás, olho para esse trânsito maluco e penso ―as pessoas estão sozinhas‖ e, provavelmente, por isso, não pensam em ninguém.
Tenho um amigo que é participante ativo em uma ONG de proteção a cachorros abandonados e vítimas de maus tratos. Já vi muita gente comentar ―ahhhh, mas porque você não gasta essa energia ajudando pessoas necessitadas‖… e a resposta dele é ótima: ―porque eu já não acredito mais nos seres humanos‖.
Eu tô chegando quase lá. Nesses momentos que eu vejo o que há de mais baixo e ralé em um ser humano, eu penso e repenso se vale mesmo a pena acreditar na humanidade, se vale a pena ter esperança em um dia ver a cidade mais bonita, mais integrada, mais… humana. Afinal, quem são os seres humanos? Pois o que vejo nas ruas de São Paulo não me remetem muito ao que tenho como conceito de Humanidade.
Ainda bem que eu pedalo. Pedalar é o que me faz ter uma pontinha de esperança e enxergar alguma coisa bela no meio disso tudo. Foi pedalando que conheci as pessoas mais seres humanas que já vi na cidade de São Paulo e é pedalando que eu acredito que alguma coisa dá para mudar por aqui. É difícil, mas dá!
QUEM SOMOS?
Os humanos são os únicos seres conscientes do universo?Certamente não!
Em primeiro lugar, os Sábios dizem que os animais também sentem dor, baseados na proibição bíblica de causar-lhes sofrimento desnecessário. Em segundo, a Torá está repleta de narrativas dos anjos superiores, que estão conscientes de um âmbito da realidade muito além da nossa.
Além disso, Maimônides e outros escrevem sobre os corpos celestiais como seres conscientes – e não simplesmente num sentido alegórico. Se alguém perguntasse: "Como uma bola de hélio e hidrogênio pode conter consciência?" simplesmente pergunte de volta: "E uma massa quente de carne cinzenta ter consciência é razoável?"
A singularidade da raça humana não está na consciência, mas na maneira que a consciência tem de entrar nos âmbitos do bem e do mal, tomar decisões e distinguir entre eles.
O primeiro passo de um planejamento é identificar quem são seus autores, ou seja, quem é o grupo que está comprometido com a proposta de ação que será elaborada.
Para construir uma proposta de ação que seja de interesse comum dos colegas e que todos acreditem ser possível executar, é preciso unir esforços para se chegar aos mesmos objeti-
vos. E nem sempre isso é fácil! A riqueza da participação está em reunir pessoas com características, habilidades e idéias diferentes e criar um ambiente em que todos sintam liberdade para se expressar, gerando confiança e respeito mútuos.
O planejamento participativo visa a construir uma compreen-são coletiva das idéias que vão fundamentar o PLA e um consenso sobre o que vai ser feito. Além disso, contribui para de-finir os papéis e as responsabilidades de todos os envolvidos.
A) No primeiro momento, forme com seus colegas um grande círculo para compartilharem o que cada um tem a contribuir para o desenvolvimento de uma ação social na área de atua-ção definida por vocês. Por exemplo, o grupo pode ter alguns membros com habilidades musicais, aptidão para o teatro ou outra expressão artística; alguns já estudaram, conhecem ou vivenciaram alguma experiência na área de atuação escolhida ou, ainda, alguns colegas têm contatos e relacionamentos com outros grupos, organizações e instituições da área que podem facilitar o trabalho. O importante é caracterizar com que atri-butos, vocações, conhecimentos e informações o grupo pode contar para desenvolver o PLA.
B) No segundo momento, façam uma breve redação, de cerca de 5 a 10 linhas para apresentar os responsáveis pelo PLA.
Orientem-se pela seguinte questão:Como vocês se identificam: (a) por idade? (b) por interesses?
(c) por local de moradia? (d) por características específicas do grupo (vocações e habilidades já constituídas)? Ou por outros aspectos que considerem importantes para caracterizar quem vai executar o PLA.
QUAL É FOCO DA NOSSA AÇÃO?
O segundo passo do planejamento é deixar clara a idéia principal sobre o que vai ser feito. O plano nasce da idéia de realizar algo, idéia que vai tomando forma e se estruturando.
Que idéia é essa?Lembrem-se de que, ao elaborar o ―Mapa dos Desafios‖, vocês levantaram os principais problemas da realidade local e os classificaram por ordem de importância. Depois, discutiram suas causas e pesquisaram o que já estava sendo feito para solucioná-los. assim, ao priorizar determinados desafios, vocês também já apontaram as áreas em que o Plano de Ação Comunitária pode ser desenvolvido (cultura, meio ambiente, saúde etc.). agora é preciso definir o foco do PLa, a ação principal, levando em consideração: as experiências e habilidades que vocês já têm; a vontade e o interesse de todos em colocar em prática determinada idéia; as oportunidades existentes na comunidade que podem favorecer a participação de vocês; a correspondência entre o desafio escolhido e as necessidades e desejos da comunidade.
Ao definir o que vai ser feito, é importante já indicar a abrangência da ação, explicitando onde e com quem será feita. Por exemplo, se, para o seu grupo, o principal problema entre os jovens da comunidade é o grande número de casos de gravidez precoce, o foco pode ser:prevenção da gravidez precoce, com orientações sobre a utilização de preservativos e outros aspectos importantes para uma vida sexual saudável, por meio da apresentação de uma peça de teatro sobre o tema, para jovens de duas escolas pú-blicas do bairro X.
Mas, se o principal problema é o lixo, o foco da ação pode ser: conscientização dos moradores do bairro X dos prejuízos que o lixo traz para a saúde, organizando uma campanha de esclarecimento das principais doenças que ele pode causar.
Quem participa do processo de planejamento se torna responsável por sua execução. Por isso, é importante não esquecer que pensamento e ação, teoria e prática são os dois lados de uma mesma moeda, e avaliar se o que pensamos e criamos pode mesmo ser colocado em prática.
Mas, se vocês ainda não conseguiram definir o foco da ação, este é o momento de pesquisar mais, fazer novas visitas aos projetos, instituições, órgãos públicos ou convidar lideranças comunitárias do bairro para conversar com vocês sobre os pro-blemas que priorizaram no ―Mapa de Desafios‖. Em que espaços a participação de vocês pode fazer diferença?
Atividade 2
A) se o foco da ação do PLa ainda está sendo definido, usem, no primeiro momento, a dinâmica da ―chuva de idéias‖, organi zando uma lista com todas as sugestões de ações que surgirem espontaneamente na turma. Depois, dividam-se em grupos detrabalho para fazer um exercício de imaginação: tentem pensar, a partir da idéia mais apreciada pelo grupo, como colocá-la em prática, passo a passo. Os grupos apresentam suas propostas para toda a turma avaliar e decidir o que vai ser feito,considerando, principalmente, o que é mais viável em razão das habilidades que vocês têm, dos recursos e do tempo de que dispõem para a execução.
B) Sintetizem a proposta escolhida em, no máximo, quatro linhas (como nos exemplos indicados acima): ―Foco de atuação do PLA‖.
C) Em seguida, criem um título para o PLA, que seja a expressão da idéia principal do que pretendem colocar em prática.
Depois, criem uma ―marca‖ por meio da qual vocês possam ser identificados pelos outros jovens do programa e pela co-munidade, ao longo do processo de execução do PLA. Pode ser uma imagem, um desenho, um nome (ou todos juntos): ―Nome do PLA‖.
POR QUE E PARA QUE VAMOS REALIZAR A AÇÃO ESCOLHIDA ?
O terceiro passo do planejamento deve explicar o senti-do da ação comunitária que pretendem realizar. No primeiro momento, trata-se de explicitar o que se costuma chamar de ―fundamentação‖ ou ―justificativa‖ de um plano. Para elaborá-la é preciso apontar as razões que levaram à escolha que fizeram por determinada área de atuação. Considerem os seguintes aspectos:
A) Qual é o problema ou desafio que pretendem enfrentar? Resgatem as causas identificadas na elaboração do ―Mapa dos Desafios‖ e agreguem informações e dados complementares que foram pesquisados e que contribuem para caracterizar com mais profundidade o problema escolhido.
B) Que importância esse problema tem para a comunidade?
C) O que motivou a escolha de vocês? Expliquem os desejos e as potencialidades do próprio grupo, que contribuíram para a escolha deste desafio.
D) Que referências foram construindo nas discussões entre vocês e que expressam a maneira como pretendem trabalhar e os valores que consideram importantes considerar no desenvolvimento da ação proposta. Por exemplo, no caso de o desafio ser a gravidez precoce: ―vamos buscar envolver rapazes e moças porque achamos que este não é um problema só das mulheres; vamos apresentar uma peça de teatro para motivar a participa-ção e provocar discussão com os jovens e não para apresentar apenas a nossa opinião‖.
E) Como surgiu a oportunidade de atuação social na área escolhida? Ou expliquem os apoios, parceiros ou condições que favorecem a ação proposta.
Em um segundo momento, reflitam sobre os efeitos que querem causar, com a execução do plano de ação, em quem vai ser beneficiado por ele. Por exemplo: se o foco do PLa for a ‖campanha sobre o lixo do bairro‖, o horizonte da proposta poderia ser ―melhorar as condições de vida do bairro X, fortalecendo a união dos moradores para acabar com o lixo nas ruas, terrenos e praças‖. Esses são os objetivos gerais da ação pro-posta, ou seja, o que se pretende alcançar ao finalizar o plano.
Atividade 3
Sugerimos que vocês, inicialmente, se dividam em duplas ou pequenos grupos para desenvolver os tópicos precedentes e responder:
A) Por que escolheram esta ação? Que problemas e desafios vão enfrentar? Qual a importância deles para a comunidade e para vocês? Que condições favorecem a atuação de vocês?
Façam uma redação de cerca de uma página. Se for preciso, organizem uma comissão de redação para reunir e sintetizar as principais idéias produzidas nos vários subgrupos.a segunda questão deve ser discutida e finalizada com a par-ticipação de toda a turma:
B) Para que realizar esta ação?
Discutam e descrevam, de forma ―curta e grossa‖, em 2 a 4 linhas, que contribuição a atuação de vocês trará para a melhoria da comunidade, especialmente daqueles que vão ser beneficiados diretamente por ela.
QUEM SERÁ ATINGIDOPELO QUE VAMOS FAZER?
O quarto passo do planejamento é detalhar o que chamamos de público alvo ou a quem vai ser dirigida a ação proposta por vocês. É o grupo de pessoas que será beneficiado diretamente pelo PLA.
Se vocês têm apenas uma idéia geral do público alvo, por exemplo, ―jovens que moram em tal bairro‖ ou ―adolescente que freqüentam determinado programa social‖ ou ―as mães que freqüentam o posto de saúde‖, este é o momento de visitá-los para conhecer de perto quem são, fazer contato e pesquisar mais sobre eles. Essas visitas e pesquisas também poderão dar dicas para a comunicação e o relacionamento delecom vocês, quando iniciarem a execução do PLA. E ainda, vão ajudá-los a detalhar as atividades que serão realizadas. Conhecer aqueles com quem vocês irão atuar, seus interesses, valores, costumes, linguagem e outras formas de expressão fundamental para o sucesso da ação. É importante, também, vocês fazerem uma estimativa inicial do número de pessoas que pretendem atingir com a ação comunitária.
Atividade 4
A) Para quem é dirigida a nossa ação? Quem e quantos se-rão atingidos ou beneficiados diretamente pela atuação de vocês? Descrevam quem são, o contexto em que estão in-seridos: o bairro, a região e a organização ou instituição em que atuam.
QUE RESULTADOS QUEREMOS ALCANÇAR E COMO?
O quinto passo do planejamento é o momento de dizer como vocês vão fazer acontecer a proposta de ação comunitária, na prática. Para cada resultado, uma ou mais atividades deverão ser executadas. Os resultados explicam como vocês vão alcan- çar os objetivos a que se propuseram, e a qualidade deles va depender das atividades que forem realizadas. Por isso, é importante detalhar tudo o que precisa ser feito, passo a passo, e,também, considerar os recursos e as condições que vocês têm para a execução, para que as atividades previstas possam ser de fato viabilizadas.
Atividade 5
A) Que resultados pretendem obter na prática? (A partir dos problemas e desafios identificados, que objetivos específicos esperam alcançar?). Façam uma pequena lista.
B) Que atividades precisam ser realizadas para concretizá-los? (Listem, para cada resultado esperado, as atividades necessárias.)Organizem a síntese das suas discussões em um quadro comeste formato, colocando quantas linhas forem necessárias:
COM O QUÊ, COM QUEM E QUANDO VÃO SER REALIZADAS AS ATIVIDADES PREVISTAS?
No sexto passo do planejamento, é preciso prever os recursos necessários para executar cada atividade, distribuir as responsabilidades pela execução entre os colegas e prever o tempo de duração de cada uma delas e de todo o plano.
Recursos são todos os meios de que vocês precisam para viabilizar o PLA: apoios, espaço físico, pessoas, materiais (papel, tinta etc.), equipamentos, conhecimentos e informações etc. Para cada atividade, será preciso identificar quais recursos estão disponíveis, quais devem ser providenciados e como será possível fazer isso.
Quando pensamos nos recursos, temos também de pensar nos apoios que podemos conseguir na comunidade para incrementar o PLA:
Que outros projetos similares podemos contatar e conhecer para aprender mais e melhorar a nossa proposta?
Podemos trabalhar em parceria com outros? Com quem? Quem pode apoiar e dar contribuições à execução do PLA na comunidade?se for o caso, é preciso contatar, negociar e firmar acordos com as instituições com as quais vocês vão trabalhar ou nos espaços onde vão atuar (escola pública, ONG, órgão da Prefeitura, outros). Para isso é preciso organizar uma visita com a educadora ou o educador de Ação Comunitária, apresentar o PLA e negociar a participação de vocês. A idéia é que, com cada instituição envolvida no PLa, seja firmado um termo de cooperação ou um termo de parceria, que deixe claro o tipo de relação que se vai estabelecer, o período de atuação e as responsabilidades de cada parte.
A divisão de tarefas é o momento em que cada um de vocês identifica em que pode melhor contribuir com todo o grupo e para o plano. Alguns têm mais facilidades para tarefas organi-zativas ou para se comunicar em público; outros têm habilidades artísticas ou facilidade para escrever, por exemplo.
Por fim, é preciso elaborar o cronograma do PLa: distribuir as atividades pelo período de até seis meses ou 20 a 24 semanas, durante as duas próximas unidades formativas. Lembre-se que é preciso combinar o horário das aulas semanais de Participação Cidadã para o monitoramento e preparação das ativida-des (1 hora por semana ou total de 24 horas) e o horário em que estarão na comunidade (estimem para isso um total de no máximo 40 horas).
Atividade 6
Sugerimos que vocês inicialmente se dividam em duplas, ou pequenos grupos, para discutir as questões abaixo e, depois, partilhem e reúnam as reflexões realizadas com a participação de toda a turma.
A) Que recursos são necessários para cada atividade? (Façam uma lista de materiais e de apoios possíveis. Planejem contatos e visitas, se necessário)
B) Como dividir as responsabilidades entre todo o grupo ou a turma? Escreva o nome completo dos responsáveis por cada atividade.
C) Qual é o tempo necessário para executar cada atividade prevista?
Organize a síntese das suas discussões em um quadro com este formato, colocando tantas linhas quantas forem necessárias:
COMO VAMOS NOS ORGANIZAR PARA MONITORAR O QUE VAMOS FAZER?
O último passo do planejamento é definir como vocês vão monitorar o desenvolvimento do PLA. Monitorar é acompanhar execução das atividades que foram planejadas, refletindo e valiando em que medida elas estão chegando aos resultados revistos e se é necessário fazer ajustes ou mudanças. Por isso se diz que planejar é um processo permanente.
A idéia é que toda a turma participe do monitoramento, de forma que a gestão do plano seja compartilhada entre todos.
A avaliação conjunta de cada atividade realizada deve ser feita semanalmente para verificar os erros e os acertos, as dificuldades de execução, se há necessidade de outros recursos e para verificar se as atividades planejadas estão, na prática, chegando aos resultados propostos. Para isso, está reservada uma hora por semana, durante o período do curso.
Para facilitar, é importante que registrem, a cada atividade, o que aconteceu e suas impressões a respeito. Este é um jeito de tornar possível compartilhar a experiência com os colegas e construir a história da ação que estão realizando.
Atividade 7
A) Que instrumentos de registro serão usados? Como vão se organizar para fazer os registros?
Apresentamos, em anexo, uma sugestão inicial de instrumento para registro de cada atividade que for realizada.
B) Como vão se organizar para a gestão compartilhada do PLA nos horários de que dispõem?
COMO VAMOS NOS ORGANIZAR PARA MONITORAR O QUE VAMOS FAZER?
O último passo do planejamento é definir como vocês vão monitorar o desenvolvimento do PLA. Monitorar é acompanhar a execução das atividades que foram planejadas, refletindo e avaliando em que medida elas estão chegando aos resultados previstos e se é necessário
fazer ajustes ou mudanças. Por isso se diz que planejar é um processo permanente.
A idéia é que toda a turma participe do monitoramento, de forma que a gestão do plano seja compartilhada entre todos.
A avaliação conjunta de cada atividade realizada deve ser fei-ta semanalmente para verificar os erros e os acertos, as difi-culdades de execução, se há necessidade de outros recursos e para verificar se as atividades planejadas estão, na prática, chegando aos resultados propostos. Para isso, está reservada uma hora por semana, durante o período do curso.
Para facilitar, é importante que registrem, a cada atividade, o que aconteceu e suas impressões a respeito. Este é um jeito de tornar possível compartilhar a experiência com os colegas e construir a história da ação que estão realizando.
Atividade 7
A) Que instrumentos de registro serão usados? Como vão se organizar para fazer os registros? Apresentamos, em anexo, uma sugestão inicial de instru-mento para registro de cada atividade que for realizada.
B) Como vão se organizar para a gestão compartilhada do PLA nos horários de que dispõem?
QUE SENTIDO(S) TEM O MEU COMPROMISSO COM AS TAREFAS DEFINIDAS NO PLA?
Depois das ações do PLa terem sido definidas e as responsabilidades por elas distribuídas entre os membros do grupo ou da turma, a idéia é consolidar o compromisso assumido por você com o que foi decidido. No ―Termo de Compromisso com oPLA‖ cada jovem deve descrever suas tarefas e analisar em quemedida se sente apto para executá-las, ou seja, como avaliaseus limites e suas potencialidades para responder às expectativas do PLA e de seu grupo.
Atividade 8
Faça uma redação individual, utilizando até uma página, com base nas seguintes questões:
A) Quais as tarefas e responsabilidades que você assumiu com a sua turma para a execução do PLA? Descreva-as.
B) Analise as condições que você tem hoje para executá-las e as aprendizagens que elas poderão lhe proporcionar.
C) Quais são as suas expectativas em relação à execução do PLA?
Ôpa! Primeiramente vamos finalizar a redação do PLa.A maior parte dos itens já está redigida e só é preciso juntá-los e complementar o que falta. É muito pouco! Depois vocês devem fazer uma leitura coletiva do texto para verificar se todos estão mesmo de acordo com o produto final. aí vai ficar mais fácil preparar a apresentação pública do(s) PLA(s). Ela deve ser organizada em duas partes. A primeira tem o objetivo de sensibilizar o público para a proposta que vocês fizeram, por meio de uma poesia, música, dança, pintu-ra ou qualquer outra forma de expressão. Depois, deverão ser apresentados oralmente e de forma breve os objetivos, o público alvo e uma síntese das atividades que serão realizadas.
Atividade 9
A) Concluam a montagem, complementação e redação final do PLA (vejam o roteiro completo no ―Caderno do PLA‖).
B) Discutam conjuntamente idéias para a apresentação pública e, depois, organizem-se para colocá-las em prática.
O QUE É PRECISO PARA PREPARAR O EVENTO PúBLICO?
A preparação do evento público de apresentação dos PLAs deve envolver todas as turmas de todos os núcleos que a integram. Para isso, é preciso criar uma comissão de organização do seu núcleo com representantes de cada turma. Esses representantes deverão participar de pelo menos três a quatro reuniões e, se possível, com os representantes dos outros núcleos para combinarem:
a ordem e a duração das apresentações;
a organização do evento (os procedimentos e toda a infra-
estrutura necessária);
a divulgação prévia para a comunidade, os parceiros e as famílias.
Os representantes deverão participar da discussão da sua turma e anotar as sugestões que serão levadas para a reunião da comissão. Depois, retornar para os colegas os resultados das discussões da comissão. Mas, todos os alunos têm que participar da divisão de tarefas na preparação e realização do evento, e não apenas os representantes da turma. Lembrem-se de que o representante é um porta-voz das propostas da turma e tem que ter a confiança dos colegas para negociá-los, levando em consideração as idéias e interesses de todos os núcleos.
Atividade 10
A) Escolher um representante da turma para participar da comis-são de organização. Um jeito de agilizar a escolha é fazer, antes, uma lista, com os nomes de todos os que gostariam e teriam interesse em se candidatar e, depois, fazer uma votação. Pode-se também criar outra maneira de escolher o representante.
B) Discutir com o representante da turma as decisões da comissão de organização, propostas da turma e dividir a responsabilidade pelas tarefas no dia do evento.
Quando pensamos em tecnologia, associamos a palavra a alguma inovação ou a uma nova maneira de funcionar ou de fazer alguma coisa. Quando pensamos em Participação Cidadã, associamos a expressão à convivência social, às relações com as comunidades em que estamos inseridos e, especialmente, ao modo como a nossa atuação pode contribuir para defender, consolidar e ampliar direitos que resultem em melhoria da qualidade de vida para todos.
A maneira como nos organizamos e participamos da vida social tem tudo a ver com o modo como se produzem e usufruem as novas tecnologias na sociedade. Além disso, influem nos modos como se operam as mudanças no meio social, cultural, econômico, político, ambiental. Por exemplo, as mudanças no meio ambiente nas comunicações mostram mais claramente o quanto as tecnologias fazem parte do nosso cotidiano de diversas maneiras, em diferentes lugares e tempos.
A degradação do meio físico causada pela falta de saneamento básico ou pela poluição das grandes cidades incide diretamente na qualidade de vida da população. Assim também como a introdução do computador e da Internet no cotidiano de qualquer pessoa
transformam radicalmente seus caminhos de acesso à informação e formas de comunicação pessoal e social, gerando impactos na convivência social e na participação cidadã.
Se, por um lado, o desenvolvimento das novas tecnologias traz inúmeros benefícios para a vida em sociedade, por outro, essas novidades também convivem com antigos problemas como violência urbana, pobreza, desemprego e exclusão social.
Por causa disso, nem todos têm acesso às novas tecnologias. Mas quando falamos de tecnologia social, referimo-nos a produtos, métodos e técnicas que incorporam a cultura e os recursos locais, e são desenvolvidas com a participação ativa da comunidade, visando solucionar problemas coletivos e melhorar a qualidade de vida das pessoas.
São muitos os exemplos de tecnologias sociais voltadas à solução de problemas coletivos, tais como saúde, educação, saneamento, habitação, geração de trabalho e renda. Podemos citar alguns, que hoje já se tornaram políticas públicas:
o soro caseiro (um copo de água com uma pitada de sal e duas colheres de açúcar que já salvou milhares de crianças da desidratação, ajudando a combater a mortalidade infantil);
a multimistura (farinha produzida com o aproveitamento de sementes e ingredientes locais, complemento alimentar largamente utilizado no combate à desnutrição);
a cisterna de placa (sistema de captação de água de chuva para o consumo humano, que serve de reservatório e proporciona o abastecimento durante o período de seca);
metodologias de alfabetização (de jovens e adultos para combater o analfabetismo);
certificação socioparticipativa de produtos agroextrativistas (forma encontrada para agregar valor à produção familiar na Amazônia e atestar que a mesma foi obtida sem o uso de insumos e produtos químicos);
cooperativas de catadores de lixo e projetos que se relacionam à limpeza urbana, à implantação dos sistemas de coleta seletiva e à reciclagem de resíduos sólidos (têm sido objeto de políticas públicas em vários centros urbanos, com incentivo dos governos municipais e o desenvolvimento de novas tecnologias).
Nas periferias de grandes centros urbanos, existem inúmeros empreendimentos solidários que desenvolvem e usam tecnologias sociais para geração de emprego e renda.
De acordo com o site do Ministério da Ciência e Tecnologia, ―tecnologias sociais caracterizam-se pela simplicidade, baixo custo e fácil aplicação, que potencializam a utilização de insumos locais e mão-de-obra disponível, protegem o meio ambiente, têm impacto positivo e capacidade de resolução de problemas sociais‖. Destacam-se por envolver a participação direta da população na resposta a necessidades coletivas e, portanto, contribuem para a inclusão social.
A partir do momento em que há reconhecimento de que essas soluções são promotoras de transformação social e de melhorias da qualidade de vida das pessoas envolvidas, elas têm despertado o interesse de órgãos do governo e de organizações não-governamentais, abrindo espaço para a discussão e para a consideração dessas soluções como objetos de políticas públicas.
Atividade 1
Ajude a organizar uma roda de conversa na turma para discutir:
B) Que exemplos de tecnologias sociais são conhecidos pela turma?
EXEMPLO: O curso é uma ação do projeto do Cetra Caminhos da Sustentabilidade.
Dando continuidade às oficinas práticas e cursos que acontecem este mês nos Territórios Vales do Curu e Aracatiaçu e Sertão Central, o Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador (Cetra) realizou na comunidade Aroeiras – município Banabuiú, o curso Agroecologia e Tecnologias Sociais de Convivência com o Semiárido. O Curso reuniu cerca de 60 agricultores de 16 comunidades de Quixadá e Banabuiú, para participarem de práticas de formação agroecológica.
O Curso teve participação intensa da equipe técnica do Cetra, cotando com a participação de oito técnicos, que ministraram quatro práticas. ―Construção de canteiro econômico e produção de mudas‖; ―Irrigação alternativa e defensivos naturais‖; ―Canteiro suspenso‖; e ―Práticas de alimentação e manejo sanitário de pequenos animais‖
O Evento contou com a participação de agricultores, que já são acompanhados pelo Cetra e de outros que estão tendo os primeiros contatos com a agroecologia e práticas de convivência com o Semiárido. Esse fator enriqueceu a troca de experiências e a participação intensa da fala dos agricultores deu a tônica em todas as práticas. É o que afirma a técnica do Cetra, Florença Gonçalves: ―Estou vendo uma participação muito boa dos agricultores. [...] Não só a orientação do técnico está valendo nos grupos das práticas, mas os agricultores estão colocando como é que eles já fazem e isso tá despertando também nos outros agricultores outras formas de se produzir.
Sandoval Xavier de Lima, agricultor e vice-presidente da comunidade Lagoa da Jurema – Quixadá, reafirma a intensa troca de conhecimentos vivida no Curso: ―Aprendi certas informações que eu não sabia, como também repassei para os companheiros informações que eles também não sabiam. Concluindo: foi 100% de proveito.‖ Seu Sandoval, agricultor que já é acompanhado pelo Cetra há alguns anos, conta ainda sobre um defensivo natural novo, que conheceu no curso de Banabuiú: ―[...] Uma coisa tão simples, mas que tem grande utilidade. De falar que o suco, pegar a lagarta, o suco da lagarta servir pra poder fazer repelente pra espantar o inseto.‖
O curso Agroecologia e Tecnologias Sociais de Convivência com o Semiárido é uma ação do projeto do Cetra Caminhos da Sustentabilidade: Agroecologia e Segurança Alimentar no Semiárido Cearense.
SABER POPULAR, SABER TÉCNICO
As tecnologias sociais aliam saber popular, organização social e conhecimento técnico-científico. Portanto, partem do reconhecimento de que existe um saber que está na comunidade, que passa de uma geração para outra, mas que nem sempre é visto como válido.
Mas o que é necessário para que o conhecimento popular se transforme em tecnologia social? Trata-se de valorizá-lo e fazer a conexão entre ele e o saber que é produzido com pesquisas e com os estudos existentes sobre a realidade local. Ou seja, é fundamental que, por uma lado, haja o envolvimento direto entre as pessoas que vivenciam os problemas e que já sabem por onde passam as soluções, e, por outro, as universidades, institutos de pesquisa ou outros agentes, que trazem um acú-mulo de conhecimentos diferentes obtidos por meio de estudos e pesquisas sistematizadas. A partir desse encontro, o conhecimento se estrutura e as tecnologias sociais são construídas.
Nesta perspectiva, as tecnologias sociais não podem ser simplesmente tecnologias introduzidas ―de fora‖. Devem considerar um melhor aproveitamento da cultura, dos modos de fazer e conviver, das matérias-primas e do meio ambiente local. Não só devemos respeitar, como até incorporar saberes tradicionais presentes no grupo social e na comunidade com a qual trabalhamos. A comunidade local precisa participar do processo de trabalho, tanto para aprender como esse se organiza e funciona, como para sugerir mudanças e participar ativamente do seu aperfeiçoamento.
Por isso, todo o processo de trabalho que implica o desenvolvimento de uma ação social na comunidade, por exemplo, é tão importante quanto os resultados obtidos por meio dele. E é com o acompanhamento e o monitoramento contínuo da ação coletiva que esses aspectos podem ser evidenciados e apropriados por todos os que dela participam.
Quando monitoramos, levantamos informações, dados e re-latos que trazem olhares diversos e significativos sobre a reali-dade. Esse monitoramento é um importante instrumento para trazer a visão da comunidade sobre os problemas locais e subsidiar ajustes e melhorias nas ações e tecnologias desenvolvidas para seu enfrentamento.
A principal característica das tecnologias sociais é que são reaplicáveis, ou seja, podem ser usadas e multiplicadas entre um grande número de pessoas. A idéia de reaplicação é diferente da de replicação. A tecnologia social não pode ser simplesmente copiada tal como foi concebida (replicação). É importante que, no processo de multiplicação das experiências, ela seja recriada, ajustada, e que sejam agregados novos elementos pelas pessoas da comunidade. Com isso, espera-se que o conhecimento seja, de fato, apropriado e reconstruído pela comunidade. É esse movimento que chamamos de reaplicação.
Reaplicar é, portanto, uma ação aberta a novos saberes cons-truídos a partir da organização comunitária, da articulação das açõesem redes sociais e da comunicação e mobilização social.
Esses aspectos serão desenvolvidos nos próximos tópicos.
Atividade 2
Reúna-se com seus colegas para fazer um balanço do proces-so de acompanhamento e monitoramento da ação comunitária, considerando:
A) O público-alvo, apoiadores e parceiros envolvidos já par-ticiparam de alguma avaliação parcial da ação? Que aspectos destacaram? Caso isso não tenha ocorrido, como se poderia provocá-lo?
B) O que o grupo responsável pela execução do PLA identifica como características que a vivência prática e a convivência com o público-alvo da ação comunitária foi imprimindo à proposta e que, de alguma maneira, expressam saberes e traços de identidade da comunidade?
C) Em que medida a participação cidadã desenvolvida por vocêe seus colegas pode também ser tomada como exemplo de tecnologia social em construção, já que se baseia em uma metodologia de planejamento participativo, no uso de técnicas detrabalho coletivo e em demandas da comunidade identificadaspor vocês no ―Mapa dos Desafios‖?
O número de iniciativas que envolvem o uso de tecnologias sociais tem crescido no Brasil. Uma das conseqüências desse aumento foi a criação da Rede de Tecnologia Social (RTS), organização que tem por objetivo contribuir para a promoção do desenvolvimento sustentável por meio da difusão e reaplicação, em escala, de tecnologias sociais.