Modernismo Português Centro de Ensino Médio 02 de Ceilândia professorasonia.com.br
O mistério dos heterônimos
Pseudônimo = nome falso
=Heterônimo = outro nome, outra
personalidade, outra individualidade
“Por qualquer motivo temperamental
que me não proponho a analisar, nem
importa que analise, construí dentro de
mim várias personagens distintas entre
si e de mim, personagens essas que
não são como eu, nos meus
sentimentos e ideias...”
Lisboa 16 de abril de 1889
Órfão de pai e mãe
Criado pela tia no campo
Instrução primária
Falecimento 1915 Tuberculose
CARACTERÍSTICAS DE CAEIRO
Contato direto com a natureza
Incessante e incansável descoberta de
uma natureza em que tudo flui, tudo está
em constante transformação
“Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
RICARDO REIS
Porto 19 de setembro de 1887
Formado em Medicina
Defendia a monarquia
Por não concordar com a República, exilou-se no Brasil
Amante da cultura clássica ( latim, grego, mitologia)
Características de Ricardo Reis
Poeta de inspiração neoclássica
Carpe diem = viver o momento
Paganismo
“ Mas tal como é, gozemos o momento,
Solenes na alegria levemente,
E aguardando a morte
Como quem a conhece.”
“Não matou outros deuses
O triste deus cristão.
Cristo é um deus a mais,
Talvez um que faltava.”
Tavira 15 de outubro de 1890
Engenheiro naval formado na Escócia,
Viveu em inatividade, porque não se sujeitaria às
exigências do trabalho.
Álvaro de Campos
Características de Álvaro de Campos
Poeta futurista
Poesia intimista
Angústia e melancolia
Sensacionismo (sensações)
Poema em linha reta
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Ode triunfalÁ dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!
Em febre e olhando os motores como a uma Natureza tropical -
Grandes trópicos humanos de ferro e fogo e força -
Canto, e canto o presente, e também o passado e o futuro,
Porque o presente é todo o passado e todo o futuro
E há Platão e Virgílio dentro das máquinas e das luzes eléctricas
Só porque houve outrora e foram humanos Virgílio e Platão,
E pedaços do Alexandre Magno do século talvez cinquenta,
Átomos que hão-de ir ter febre para o cérebro do Ésquilo do século cem,
Andam por estas correias de transmissão e por estes êmbolos e por estes
volantes,
Rugindo, rangendo, ciciando, estrugindo, ferreando,
Fazendo-me um acesso de carícias ao corpo numa só carícia à alma.
https://www.youtube.com/watch?v=K_W4ujcn9FM
https://www.youtube.com/watch?v=lDXtskH298k
“Eu tenho uma espécie de dever, dever de
sonhar, de sonhar sempre, pois sendo mais
do que um espectador de mim mesmo, eu
tenho que ter o melhor espetáculo que
posso. E assim me construo a ouro e sedas,
em salas supostas, invento palco, cenário
para viver o meu sonho entre luzes brandas e
músicas invisíveis.”
- Fernando Pessoa.
https://www.youtube.com/watch?v=K_W4ujcn9FM
Publicado em 1982, quarenta e sete anos após a morte de Fernando Pessoa, "O
Livro do Desassossego", tem como autor Bernardo Soares, personagem criada pelo
próprio Pessoa. É um livro biográfico com os pensamentos de um dos maiores
autores do século XX.
“São as minhas confissões e, se nelas nada digo, é que nada tenho para dizer.” É
como Fernando Pessoa apresenta o livro que escreveu sob o heterónimo Bernardo
Soares e onde revela a sua vida oculta.
A obra começou a ser escrita aos vinte e cinco anos de Pessoa, acompanhando-a o resto
da vida e é como um labirinto onde o autor procura responder a questões como “quem
sou eu?” ou “como posso explicar a realidade?” Dúvidas fundamentais do modernismo,
que teve em Fernando Pessoa um dos seus representantes máximos. A obra levou vinte
anos a ser escrita e ficou incompleta. São mais de 500 textos sem principio, meio nem
fim, escritos por aquele que numa só noite criou três identidades distintas para o
acompanharem na criação poética: o mestre Alberto Caeiro, o médico Ricardo Reis e o
engenheiro Álvaro de Campos. Como testemunha de um Fernando Pessoa desconhecido,
ficaram Bernardo Soares e “O Livro do Desassossego”.
http://ensina.rtp.pt/artigo/fernando-pessoa-2/
O poeta é um fingidor. Finge tão completamente
que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
LíricaReflexão sobre a arte poética e o papel
desempenhado pelo artista
FERNANDO PESSOA (ele mesmo)
Mar PortuguezÓ mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abysmo deu,
Mas nelle é que espelhou o céu.
Saudosista-nacionalista
Volta ao passado, resgatando a memória de Portugal
Mensagem
Quando o carteiro chegou
E o meu nome gritou
Com uma carta na mão
Ante surpresa tão rude
Nem sei como pude
Chegar ao portão
Lendo o envelope bonito
O seu subscrito
Eu reconheci
A mesma caligrafia
Que me disse um dia:
-- Estou farto de ti
Porém não tive coragem de abrir a mensagem
Porque na incerteza
Eu meditava, dizia:
- Será de alegria?
- Será de tristeza?
Quanta verdade tristonha
Ou mentira risonha
Uma carta nos traz
E assim,pensando,
Rasguei sua carta e queimei
Para não sofrer mais...
Mensagem
Álvaro de Campos“Todas as cartas de amor são
Ridículas
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
Afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor,
É que são
Ridículas.”
21/10/1935
Morre Fernando Pessoa
Fernando Pessoa foi internado no dia 29 de novembro de
1935, com diagnóstico de "cólica hepática" devido ao
excessivo consumo de álcool ao longo da sua vida.
Morreu no dia 30, com 47 anos de idade.