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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................32.1 Conceitos............................................32.2 Avaliação de políticas públicas......................42.3 Modelos de Avaliação de Políticas Públicas...........52.3.1 Modelo de Viabilidade Politica...................62.3.2 Modelo de Análise Sistemática....................82.3.3 Modelo de Análise Crítica.......................10
2.4 Critérios de Avaliação de Políticas Públicas........122.5 Avaliação de impactos das políticas públicas........142.6 Exemplo de Políticas Públicas e sua Avaliação no Contexto Moçambicano....................................15
Na linha de pensamento de Pedone (1986:35-36) o foco de
atenções deste modelo volta-se para o processo político e
para o que resulta desse processo em termos de directrizes,
políticas e programas governamentais. Pedone na sua
dissertação, cita Wanderley G. dos Santos e Olavo Brasil2
que mencionam, criticando esse modelo voluntarista, que "uma
vez que os fins das políticas sejam estabelecidos pelos
tomadores de decisão, praticamente nada que seja importante
pesquisar permanece no campo”.
Nota-se que relativamente pouca atenção tem sido dada à
análise de conteúdo, pensando que uma vez estabelecidos os
objectivos (fins) e os recursos (meios) necessários, pouco
mais deveria ser feito para avaliar objectivos em comparação
com resultados.
Dois extremos restringem essa viabilidade política limitada.
Por um lado, vários segmentos da sociedade geram demandas de
serviços para certos problemas sociais, sendo ou não
atendidos conforme a sua maior ou menor influencia sobre
órgãos públicos.
2 Santos, Wanderley G. dos e Jr., Olavo Brasil de Lima (1978) Public Policyin Brazil in The Structure of Brazilian Development, organizado por NeumaAguiar pp. 205
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Por outro lado, as instituições de governo trabalham num
processo de fixação de objectivos e de compatibilização de
meios, para que tais objectivos sejam alcançados. Os estudos
realizados segundo este modelo tomam uma política específica
(desenvolvimento industrial, atendimento médico, etc.) como
o seu foco e analisam os processos que ocorrem ao redor. O
objectivo de tais estudos é compreender por que os programas
foram produzidos ou, ainda, qual a influencia dos actores e
das forças políticas na implementação.
Para Dolbeare (1971:90)3 citado por Pedone (1986:36) entre
esses dois extremos, há questões não respondidas quanto aos
mecanismos de mediação que impedem que sejam as demandas
plenamente traduzidas em políticas pelicas. Esta abordagem
não avança na questão da análise e avaliação de políticas
uma vez que dirige sua investigação apenas quanto aos
aspectos formais das políticas públicas actuais dentro do
processo político visível, sem questionar que diferença as
políticas e os programas fizeram para os problemas e para o
povo.
Daí que, na linha de Pedone (1986:36-37), este modelo tem
por premissas que o planeamento é feito sem desvios ou
restrições, e que os objectivos estabelecidos serão
3 Dolbeare, Kenneth (1971) Public Policy Analysis and the Coming Struggle for the Soul ofthe Postbehavioral Revolution in Power an Community: Dissenting Essays inPolitical Science, organizado por Philip Green e Sanford Levinson pp. 90
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atingidos com certeza, como se fossem situações e ambientes
certos e estáveis. É nesse sentido que este modelo perde a
credibilidade, atendendo que a era da planificação sem
acções já passou, pois, vários problemas podem ocorrer no
acto de implementação de uma política, as externalidades
negativas, é por isso que Pedone acrescenta que em
consequência, a análise seria desnecessária e não traria
nenhum acréscimo na compreensão do processo político.
Esta visão é imobilizante na medida em que o "status quo" é
mantido. O que vem sendo feito, continua a ser realizado,
sujeito às mesmas pressões do sistema político, mudando
incrementalmente, sem atender às demandas sociais de
mudanças estruturais a longo prazo.
Portanto, como resultado, a utilidade desse tipo de análise
e avaliação fica restrita, não ajudando no processo de
formulação e de tomada de decisão nas políticas públicas.
(Pedone, 1986:37)
2.3.2 Modelo de Análise Sistemática
De acordo com Pedone (1986:37) o modelo de análise e
avaliação sistemática procura defender a necessidade de um
maior detalhe das políticas públicas. Isto é, realizado pela
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análise ampliada por experimentos com políticas públicas,
para poder estabelecer objectivos e custos de cada
alternativa.
Esta abordagem focaliza a resultante das políticas públicas,
o que sai das instituições de governo, ex: leis, decretos,
resoluções, etc.
Pedone (1986:37) cita dois teóricos de iguais períodos
seguintes:
na década de trinta, Harold Lasewell (1984)4 sugeria que
política deveria ser entendida como quem recebe o quê,
quando e como.
na década de sessenta, David Easton (1965)5 enfatizava
que as saídas, os resultados, a realimentação e o apoio
das políticas públicas conceitualmente similares a
Teoria de Sistemas eram os estágios cruciais da
actividade política.
Assim sendo, Pedone (1986:37) reitera que para os seguidores
desta vertente, as políticas públicas originam-se dos
centros de pesquisa de governo. Assim, instituições
geradoras de políticas públicas tornam para si a
responsabilidade de fornecer algumas alternativas de
4 Lasswell, Harold (1984) Política: quem ganha o quê, quando, como? (Trad. deMarco Aurélio Chaudon) Editora da UnB, Brasília. Obra clássica daciência política originalmente publicada em 1936.5 Easton, David (1965) A systems Analysis of Political Life; J. Wiley &Sons, New York.
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política públicas aos tomadores de decisão, exactamente
porque detém os dados e as informações sobre os problemas,
tais como eles são definidos por grupos específicos.
Na definição dos problemas e dos valores implícitos em
programas destinados a resolve-los, são realizados apenas
reajustes nos procedimentos, sem maior preocupação com a
mudança substantiva na política pública. O que vem a ser
considerada uma "boa política" e aquela que passa pelo teste
inicial das "boas intenções". O último teste é a sua
aceitação pelos segmentos dos grupos de pressão internos e
externos ao governo atingidos pela política pública.
Nenhuma menção de originalidade, criatividade ou de análise
lógica é aduzida por este modelo. Uma distinção a ser feita
é separar os bons líderes que influenciam favoravelmente às
políticas, dos demagogos eficazes, que pela retórica
demonstram as boas intenções para com os problemas e os
dilemas sociais. (Pedone 1986:37-38)
Por esse modelo, não se pode avaliar quem recebe o quê, como
resultado da acção de governo. Estas áreas permanecem
empiricamente inexploradas. Ainda não se sabe que tipos de
respostas são gerados por quais programas, sem que se
estudem empiricamente os resultados das políticas
governamentais.
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Ao analisar políticas públicas pelo ângulo do processo
político interno e externo, focaliza-se somente parte da
questão política. O fascínio que a dinâmica do processo
decisório exerce sobre estes analistas deixa não analisados
os efeitos das políticas nas populações alvo. Não se pode
saber quais aspectos do processo de políticas públicas são
realmente importantes até que se conheçam os efeitos dos
decretos, leis, portarias, instruções, resoluções, etc., na
sociedade e na economia, pela efectiva actuação ou apenas
existência formal.
O resultado é frustração a respeito da acção governamental.
O cepticismo é tanto maior quanto a incapacidade do processo
político de abrir-se para a análise substantiva, ficando
limitado aos órgãos dentro e fora do governo que segundo sua
óptica estão elaborando a "boa política". (Pedone 1986:38)
Entretanto, Rocha (2010:142) frisa que os avaliadores tendem
a ver o sector público como um sistema em que as acções
governamentais são convertidas em outputs, outcomes, efeitos,
impactos e resultados.
Daí que Rocha (idem) traz o modelo inspirado no Evert
Vedung6 abaixo:
6 Vedung, Evert (1997) Public Policy and Program Evolution, Transaction Publishers, London.
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Modelo sistémico aplicado à avaliação
Onde output significa o que resulta da decisão da
administração (por exemplo, proibição, resultados, taxas,
subsídios, serviços e bens); outcome é o que ocorre quando
os outputs atingem os objectivos; impacto corresponde ao
outcome; resultado é a soma de output e outcome.
2.3.3 Modelo de Análise Crítica
Abrir o campo de análise para a investigação empírica
responsável a crítica pode dar ao estudo de políticas
públicas uma compreensão útil no que diz respeito às
necessidades sociais imediatas. A avaliação crítica marca um
novo estágio no desenvolvimento desse campo de estudo,
merecendo, todavia, cuidados no tocante à sua relevância.
(Pedone, 1986:38)
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Na linha de Pedone (1986:38-39) pelo questionamento de como
deveriam as políticas públicas ser, o processo de formulação
e de implementação das políticas públicas sofre uma
reviravolta. Introduz-se um julgamento com respeito à
qualidade e à adequação das decisões, além de uma avaliação
que vai procurar responder, se as políticas resultantes são:
a) apropriadas; b) inevitáveis, dado o conjunto de demandas;
ou c) pelo menos as melhores possíveis, consideradas as
restrições.
A análise de políticas públicas pela óptica do consumidor ou
do cliente que examina o que acontece, o efeito de uma
determinada política, efectivamente, expande os horizontes
da esfera política. É importante saber o que acontece a quem
como resultado do processo de implementação de políticas
públicas.
Pelo estudo das consequências das políticas fica mais fácil
reconhecer e definir os valores fundamentais do sistema
político e da sociedade em forma operacional. Estes valores
e prioridades que animam os actores políticos ser inferidos
pelos padrões das consequências das políticas públicas. Tais
padrões podem então ser comparados com as necessidades e as
aspirações dos vários grupos componentes da sociedade, bem
como alguns dos valores que a cultura celebra, a justiça por
exemplo. Ao fazer esta comparação, os analistas podem dar-se
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conta de que os valores que a sociedade mais preza são os
menos atendidos pelas políticas, ou, ainda, que deveria
haver um trabalho para atingir segmentos sociais aos quais
as políticas governamentais não chegaram, mas á começam a
apresentar as suas demandas e seus valores.
Essa visão do cliente na análise de políticas públicas vai
mais fundo. Como todos os sistemas políticos possuem dentro
de si o elemento evolutivo, mais avenidas são abertas por
este tipo de investigação. A identificação dos efeitos das
políticas públicas oferece um ponto de entrada, estabelecido
empiricamente, a partir do qual o estudo da mudança política
e social pode ser iniciado. (Pedone 1986:39)
Por esta análise podemos caracterizar melhor a relativa
imutabilidade dos efeitos das políticas públicas na
sociedade. Transferindo-nos do plano conceitual para o
prático, o exame da distribuição e do uso de poder é
importante para conhecer quais os pontos de ruptura do
sistema político, de modo que as forcas descontentes possam
agir para obter mudanças nas políticas públicas e, por via
de consequência, mudanças sociais e políticas
significativas. Um desses pontos cruciais e conhecer a
natureza das coalizões para fins eleitorais; um outro é a
natureza das elites que cercam a Administração Directa e
Indirecta (Pedone 1986:39-40)
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A análise das políticas públicas proposta pelo modelo
crítico é, quando muito, um elemento menor para se obter um
maior conhecimento sobre os pontos fortes e fracos de um
sistema político. A análise de políticas públicas preocupada
com o desempenho governamental não consegue traduzir para
novas formulações de políticas públicas as reais
necessidades da sociedade.
Uma análise de políticas públicas que envolvesse
preocupações com os efeitos e com consequentes
possibilidades de mudança política e social seria mais
recomendável sentido de que poria as claras o que a
substancia das acções governamentais significa para as
pessoas e seus problemas.
Mais importante ainda é a possibilidade aberta de analisar
empiricamente as questões relativas à mudança social e
política pela avaliação crítica do sistema político na sua
totalidade, o que enriquece a actividade de estudos de
políticas públicas, tornando possível o uso social desse
desenvolvimento. Pelo menos, as questões de valor seriam
expostas aos cidadãos que, soberanamente, poderiam decidi-
las. (Pedone 1986:40)
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2.4 Critérios de Avaliação de Políticas Públicas
De acordo com Rocha (2010:142) existem inúmeros modelos de
avaliação. Uns incidem sobre os processos e visam verificar
a legalidade, equidade e/ou legitimidade das políticas
públicas. Outros, são designados substantivos e visam
avaliar as políticas e os programas em si e o seu mérito.
De maneira compacta, Evert Vedung (2006:400) citado por
Rocha (2010:143) traz-nos os critérios abaixo:
I. Critérios Substantivos
1. Com base nos objectivos prosseguidos;
2. Com base em objectivos laterais;
3. Critérios dos clientes;
4. Critérios dos stakeholders;
5. Critérios profissionais.
II. Critérios Económicos
1. Economia (com base apenas nos custos);
2. Produtividade;
3. Eficiência: Custo-eficácia; custo-benefício.
III. Critérios baseados no processo
1. Legalidade;
2. Equidade;
3. Publicidade;
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5. Participação;
6. Democracia.
Critérios Substantivos
Segundo Rocha (2010:143-145) subscrevendo-se ao Evert
Vedung, dizendo critério substantivo é a forma clássica de
avaliar consiste em comparar os objectivos conseguidos com
os objectivos previstos. A primeira etapa consiste em
identificar os objectivos do programa; em segundo lugar,
determina-se a extensão em que os objectivos foram
prosseguidos; finalmente, compara-se os objectivos obtidos
com os objectivos previstos.
Não se trata de uma avaliação económica, porque não se tem
em conta os custos.
Critério económico
O critério da produtividade é o ratio output/custos.
Finalmente, o critério da eficiência ou é o ratio
custo/eficácia ou o custo/benefício.
Critério com base no processo
Podem reportar-se a legalidade, equidade, valores
democráticos, legitimidade e formalidade da decisão.
A avaliação pode ser interna ou externa. Diz-se interna,
quando efectuada por avaliadores dessa organização e
destinada a ser usada pela mesma organização.
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Por sua vez, a avaliação externa é efectuada por um grupo de
avaliadores externos à organização, que podem ser:
Comissões públicas de investigação;
Instituições com funções de auditoria (por exemplo,
Tribunal de Contas e Inspecção de Finanças).
2.5 Avaliação de impactos das políticas públicas
Por fim, Pedone (1986:40) frisa que a análise do
comportamento político envolvia o exame das variáveis sócio-
económicas (idade, educação, renda per-capita7,
características demográficas, tamanhos relativos de classes
sociais, etc.) como variáveis independentes e o exame das
variáveis políticas que influenciam e determinavam os
processos de formulação, decisão e implementação de
políticas. Rebatendo, Rocha (2010:146) diz que pretende-se
com a avaliação do impacto verificar se os objectivos
previstos forma obtidos, acrescentando que podem adoptar-se
diferentes métodos, mas todos têm em comum a comparação
entre grupos abrangidos por um determinado programa e um
grupo que não está envolvido, o grupo de controlo.
7 A renda per-capita ou rendimento per-capita é um indicador que ajuda asaber o grau de desenvolvimento económico de um país ou região (é a somados salários de toda a população dividido pelo número de habitantes) e consiste nadivisão da Renda Nacional, Produto Nacional Bruto (PNB) menos os gastosde depreciação do capital e os impostos indirectos pela sua população.