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Moda-instalao: corpo, subjetivao e consumo
Nzia Villaa
Resumo:
Com a categoria moda/instalao, busca-se discutir algumas das articulaes entrecorpo e moda no discurso da comunicao contempornea, considerando as novas
tecnologias e as transformaes sociopolticas do momento. Nos anos 2000, a moda
parece tomar arte o esprito presente nas instalaes, privilegiando a conscincia
espacial, a interatividade com o pblico e a maior intimidade crescente entre o sujeito e
objeto no mundo do consumo. Aumenta o apelo s possibilidades de subjetivao em que
todos os sentidos so conclamados a interagir em espaos multimiditicos.
Em qualquer que seja a cultura, o modo de organizao das relaes com o corporeflete a articulao deste com bens materiais e simblicos e sua inscrio na sociedade.
O corpo atualmente superinvestido de sentido e a publicidade, segundo Baudrillard
(1970), adquire a funo de narrar estas relaes, funcionando ela mesma como objeto
de consumo, conotao e cdigo distintivo. Da a importncia de uma antropologia do
consumo para o estudo do homem contemporneo.
Os anos 2000, mais que nunca, acentua Beatriz Sarlo (2001:98), sintetizam a
moda como cultura da velocidade e da nostalgia, do esquecimento e dos festejos deaniversrios, cultiva com igual entusiasmo o estilo retr e a busca da novidade. a
paradoxalidade da busca de signos de identidade em um mundo unificado pela internet
e pelos satlites. H uma crescente convergncia no mundo do consumo entre vrias
reas da comunicao, notadamente com as artes, sobretudo dev ido exploso das redes
planetrias de computadores e o acesso ao banco de imagens e sites de artistas, comenta
Lcia Santaella (2005). Paralelamente, a moda se espalha pela cidade, ou melhor, pelas
cidades, reorganiza seus espaos, dinamizando-os como bem acentua a manchete Rio
top model. 1 A esttica da periferia tambm participa desta dinmica, seja atravs de
comunidades artesanais que cooperam com os estilistas, como, por exemplo, a Coopa
Rocca. A mdia d notcias de um trnsito de mo dupla centro/periferia. O caso Daslu/
Daspu um bom exemplo.
Antes de abordarmos propriamente o tema de nossa apresentao A moda-instalao
nos anos 2000, termo tomado das artes plsticas, pelos motivos posteriormente
referidos, reproduziremos algumas dinmicas por ns estabelecidas entre a construo
do imaginrio corporal e a esttica da moda dos anos 1950 ao momento atual delineando
um certo ar do tempo de cada dcada. Com esta estratgia no quisemos apontar
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movimentos hegemnicos, mas tendncias com traos que mereceram um registro,
marcando o constante crescimento do universo fashion, que ultrapassa de longe a
questo da pertinncia de um vesturio para atingir o estilo de v ida dos indivduos nas
complexas escolhas efetuadas no campo esttico, cientfico e tico.
Nos anos 1950, a primeira dcada por ns apontada, encontramos a moda/proposta.
o momento em que a sociedade de consumo comea a delinear seu perfil e em que
o corpo brasileiro est atrelado a todo um imaginrio fashion que era importado,
notadamente, o estilo new look de Dior com cintura marcada e saia rodada. O cinema e
a televiso disseminavam as imagens do American way of life. A produo era massiva e
o consumo tambm. O corpo da brasileira apresentava-se dcil e a criatividade apenas
se esboa no final da dcada, inspirada em dolos como Marlon Brando ou James Dean,
bem como mitos erticos femininos, como Jane Russel, Jayne Mansfield e as italianasGina Lolobrgida e Sophia Loren. A estrela fugaz e o heri da cena artstica era o
pintor do movimento Action Painting, Jackson Pollock, hoje considerado o pioneiro
da conectiv idade na arte, por ter sido o primeiro a levar a pintura para fora da
galeria trazendo-a para a superfcie da terra, demarcando uma arena para a ao e a
interatividade (Bragana de Miranda, 1998:18). Em 1958, surge a primeira feira nacional
da indstria txtil e o cenrio dos chs de caridade se tornam maiores, com happenings
em que participam art istas plsticos como Nelson Leirner e artistas como Caetano Veloso,
Gilberto Gil e Rita Lee. O presidente bossa nova, Juscelino Kubistcheck, d o tom do
Brasil moderno. A moda jovem d seus pr imeiros passos inspirada nos ingleses esti lo
teddy-boys ou na moda americana das calas cigarretes, saias rodadas e jeans.
A moda-prtese apontou nos anos 1960 e 1970. A moda como uma extenso do
corpo para expressar linhas de liberdade, contestao e novos imaginrios, como o
espacial. O surgimento da cmera de v deo porttil trouxe impacto para a publicidade
televisiva. O vdeo se ajustou com preciso ao clima de liberao sexual e protesto
poltico tpico do final dos anos 1960 e incio dos 1970. O pas vive o pop e a
contracultura. O corpo libera-se nos revolucionrios anos 1960. A moda transforma-se
numa sua prtese, exprimindo o poder jovem que sobe cena, a revoluo feminina
e um comportamento mais engajado com o contexto conflituoso da poca. Foi um
pouco como se a moda tivesse descoberto a cor e a liberdade de estilo. O movimento
tropicalista lana duas marcas brasileiras que at hoje contam um pouco de nossa
histria: Caetano Veloso e Gilberto Gil. A moda de rua comanda o espetculo. O baby
boom dos anos 1950 possibilitou a expanso de um mercado jovem. Os anos 1970,tambm includos no que denominamos de moda prtese, passam pela moda hippie,
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Anos 50: moda proposta
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Anos 60: moda prtese
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pelas discotecas (novela Dancing Days e seu figurino psicodlico), pelo No Future
dos punks (Sex Pistols), pelo clmax do jeans e se fecham entre ns com a anistia e a
tanga do Gabeira nas Dunas de Ipanema, significando, com a anistia, maior liberao
poltica refletida nos corpos. Comea a a antimoda, a conscincia ambiental fashion e
a customizao. O romantismo natural da moda hippie trouxe para as roupas inspirao
das culturas exticas, a onda anticonsumo e muito brech.
A moda-fetiche dos anos 1980, marcada pelo desenvolvimento das multinacionais,
dos shopping centers e pela importncia das marcas que pareciam mais importantes que
o prprio corpo, verdadeiros fetiches em tempos neoliberais. Constitui um marco dessa
importncia a compra da Kraft pela Philip Morris por um preo seis vezes maior do que
valia no papel. Empresas como Nike, Microsoft afirmavam que, graas liberalizao
do comrcio e reforma das leis trabalhistas, a terceirizao ganhava importncia e aeles caberia, no criar coisas, mas imagens de suas marcas. Da fbrica ao marketing na
corrida pela ausncia de peso. A criao publicitria adquire extrema importncia na
agregao de valor s marcas.
A moda dos anos 1990, que chamamos de moda-libi, por deslocar questes ligadas
tica e poltica para o frum global e multicultural das passarelas, vem em resposta
as solicitaes das minorias de representao na mdia. De alguma forma, assinala Naomi
Klein (2002) que as estratgias da moda nesse sentido acabam por criar etiquetagenspoliticamente corretas, que no atendem exatamente ao movimento de dar voz s
diferenas.
O que queremos sublinhar nos anos 2000 a ampliao desta narrativa de
apropriao da moda que se desloca incessantemente, abarcando de forma criativa
espaos reais, recursos tecnolgicos, com uma especial identificao com o mundo
da arte, enfatizando novos processos de subjetivao e ambientao do sujeito
contemporneo com sutis estratgias de envolvimento, nos quais o fortalecimento das
marcas o que mais importa quando se pensa no licenciamento de uma infinidade de
produtos. a moda que estamos chamando de instalao. Alm da questo de propiciar
uma provocao para a percepo do contemporneo, a moda, no seu vis instalao,
cria eventos que por sua espetacularidade reforam a marca. A gesto da marca o
grande desafio no capitalismo de imagens que no pra de criar pseudosujeitos e pseudo-
acontecimentos. A marca fabrica verdadeiros romances e narrativas provenientes de
diversos campos com aluses, notadamente, s novas tecnologias.
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Anos 80: moda fetiche
Anos 70: moda prtese
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Anos 90: moda libi
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O processo de subjetivao passa por trnsitos diversos em que somos passivos
e ativos dinamicamente. O poderio da economia global vai suscitar discusses sobre
homogeneizao e/ou diferenciao e sobre a interveno de indivduos, de grupos
e das naes. Os fluxos acelerados, obviamente, provocam novas percepes, criam
descentramentos e desequilbrios, bem como uma conscincia crescente da necessidade
de criar espaos prprios e diferenciais que se tornam um dado fundamental da
sociedade do consumo e da visibilidade.
As perguntas sobre como subjetivar-se no momento atual, como se inscrever num
processo de auto-reflexo resultam, no campo da moda, no que estamos chamando de
moda-instalao, que se constitui como apropriao dos processos de produo artstica.
Os produtores e estilistas preocupam-se com a elaborao de climas que sugerem a
complexidade da subjetivao contempornea e buscam a interao maior com o pblico,j que a interatividade e a multiplicidade de escolhas, os ambientes imersivos, tornam-se
passes no trnsito produo/consumo. A possibilidade oferecida a todos parece ser a da
escolha do dilogo, da interferncia, da reorganizao ambiental. Nada se perde, tudo
recuperado pela publicidade que, sugestivamente, no atende ao cliente, mas o envolve e
ao pblico.
O momento de festejo do efmero e as antenas da moda farejam sempre mais as
tendncias artsticas. A instalao como proposta que ganha terreno, segundo crticose curadores, coloca o espectador definitivamente como co-autor da obra num processo
que, concomitantemente, instaura novas possibilidades de subjetivao em que todos
os sentidos so conclamados a interagir em espaos multimiditicos. Se o resultado
nem sempre corresponde, esta parece ser a proposta recorrente dos tericos. No campo
da moda, as tendncias mais fortes seguem esta linha sempre mais espetacular em que
o espao meticulosamente programado no apenas lugar de uma encenao, mas,
efetivamente, terreno de uma inscrio do corpo. Da a preocupao crescente na
escolha das diferentes ambincias. As pretenses cr iativas vo do ldico carnavalesco
sugesto de espaos que beiram o sagrado; do conceitual ao escultural. O Caderno
Ela, de 17 de janeiro de 2004, trazia a manchete Atrado pelo efmero da moda, Tunga
criou a instalao para um desfile em que modelos se transmutavam em sereias. A
matria comenta que um de seus trabalhos mais bonitos foi uma performance feita por
sete meninas, em longas tnicas gregas, que passearam na estao de trem durante a
Bienal de Veneza, sustentando, como as caritides, um gigantesco canotier (chapu de
palha), feito pelo chapeleiro do Herms. Acima do chapu, sete crnios balanavam,
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contrapondo o plano da morte ao chapu, templo do plano terreno (O Globo, Caderno
Ela, 17/01/2004:5).
Segundo informaes do site Dumas Amenidades, foi criada para o evento
SPFW, em 2005, uma programao de projees, que tomou conta de 700 m2 da
fundao. Mais de 40 projetores foram instalados e equipados com lentes especiais,
sendo controlados por uma central de computadores para criar imagens de at sete
metros de altura. Referncias visuais relacionadas s reas de artes plsticas, fotografia,
cinema, vdeo, histria, msica, arquitetura, indumentria e design tomam o espao e o
prdio da Bienal se transforma numa grande instalao em que as dez mil pessoas, que
freqentaram a SPFW diariamente, entraram como participantes.
Nesta linha ambiental, no lanamento outono-inverno 2006 no MAM, a palavra
clima dominou, apontando o tema Horticultural e a necessidade de conexo com o
ecossistema. Segundo Eloysa Simo, organizadora do evento, essa mistura remete
herana carioca onde favela e asfalto se encontram. Para a holandesa Li Edelkoort,
uma das maiores trendsetters, muita inspirao para o vero 2007 ser compilada no
tema Museu de histria natural(Dumas Amenidades, 11/01/2006). Na mesma viagem
climtica, Maria Fernanda Lucena espalhou tinta pela passarela para nos passar a
percepo de aula de pintura do Parque Lage. interessante notar que, dentro desta
proposta da moda como instalao, tanto se criam ambientes, quanto se reestruturamoutros com intervenes e propostas fashions. Trabalho preparado para ambiente
previamente escolhido.
A moda-instalao por vezes privilegia a performance espetacular, por vezes a
estrutura plstica e, freqentemente, o conceito segundo Ginger Gregg Duggan (2002),
que prefere usar o termo performance, oriundo de expresses artst icas dos anos 1960
e 1970. No nosso caso, o termo instalao exprime melhor a indefinio entre o lugar
do sujeito e do objeto no mundo contemporneo em oposio ao pathossubjetivo que
caracterizou as dcadas referidas. Desta ambigidade das novas relaes de sujeito e
objeto, notadamente no mundo do consumo, dos bens materiais simblicos e imateriais,
falam com muito propriedade os autores Jurandir Freire Costa (2004) , Mrio Perniola
(2005) e Massimo Canevacci (2001). Os objetos ganham vida no mundo contemporneo,
quando o homem concomitantemente problematiza e parece se deixar fascinar por
tornar-se um programa eletrnico, um novo produto da biotecnologia ou mercadoria com
alto valor agregado.
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No SPFW de 2006, Ronaldo Fraga que, como Carlos Mile, parece prezar mais a
arte, o conceito, do que a roupa propriamente, joga modelos em uma piscina de bolas de
isopor e mergulha em seguida, na cena final. Sempre cada vez mais, tudo clima, atitude
e construo simblica de marcas para o businessglobal.
O dilogo entre arte e moda provoca discusses e Alcino Leite Neto (Folha de So
Paulo, 2006), na matria A moda espreita a arte, enumera trabalhos da Bienal inspirados
no mundo fashion. O esloveno Tadej Pogacar, por exemplo, trabalhou com a grife Daspu
para realizar o seu projeto. Uma srie de roupas est sendo produzida no Rio, com o
apoio da ONG Davida, e o art ista planeja fazer um desfile no pavilho da Bienal (parque
do Ibirapuera), onde aconteceu a mostra em outubro de 2006.
Meschac Gaba, art ista de Benin que v ive em Roterd, comprou notas de dinheiro
fora de circulao a est produzindo em Recife um conjunto de colares e broches. O
turco Esra Ersen pesquisou frases de gangues de rua em So Paulo e vai imprimi-las em
jaquetas de couro. O coletivo Taller Popular de Serigrafia, de Buenos Aires, vai trabalhar
com camisetas que estampam palavras de ordem de passeatas. E a brasileira Laura Lima
elaborou um varal repleto de indumentrias que podero ser vestidas pelos visitantes.
Lisette Lagnado (Folha de So Paulo, 2006) afirma sobre a relao arte/moda
que reconhece as influncias da moda na arte, mas que, em sua opinio, a moda
instrumentaliza artistas para seus fins, esvaziando seus conceitos. Diz ela que a moda
pode ser arte, mas que a arte no pode ser moda, e sublinha o interesse da moda por
questes menos glamourosas que propem estticas marginais.
Segundo a criadora milanesa Miuccia Prada, se h similitudes na maneira pela qual
devemos nos deixar impregnar pelo ambiente e retranscrev-lo sobre um objeto, as
motivaes da arte e da moda so completamente diferentes, sendo f reqentemente
falaciosas e oportunistas. A criadora diplomada em cincias polticas reinvindica
uma aproximao mais sociolgica e busca acompanhar a partir dos anos 1990 odesenvolvimento das marcas, a emergncia das segundas linhas e a globalizao da moda
numa escala planetria. Em 2000, para a abertura da boutique Mi-Mi, de preos mais
acessveis, ela utilizou a sede do Partido Comunista. Sendo assim, Miuccia Prada busca
no participar da hipermidiatizao dos criadores.
O mundo da moda e do consumo, que Baudrillard adjetivou de um mundo dos
signos desligados da realidade, parece em seu movimento querer abarcar tambm esta
ltima, como ilustra entre outros fatos o desfile para l de excntrico realizado pelo Prt--Prcairecom a sua coleo carioca Fashion Real na Escola do Parque Lage. Na passarela
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ou nos espaos selecionados desfilam os excludos que, utilizando estratgias do mundo,
realizam o seu avesso, como bem demonstram fotos em negativos apresentadas na
revista Globalem 2006.
A idia de maior interatividade parece efetivamente importante se levarmos em conta
a opinio de Gilberto Dimenstein (2006) sobre a cultura contempornea. Para o colunista
e membro do Conselho Editorial da Folha de S. Paulo, a invisibilidade a principal causa
da violncia, maior ainda do que a pobreza. a sensao de no-pertencimento
sociedade. Percorrendo diversos pases, concluiu que o importante era oferecer meios
para as pessoas se expressarem por meio da dana, da msica, da poesia e do esporte.
Nesse sentido, a ocupao fashion da cidade tem o sentido positivo, como os programas
sociais efetivos das iniciativas do terceiro setor e das lideranas comunitrias. Instalaes
de resistncia, religao do cidado, da cidade, do sujeito e da sociedade. A propsito, aantroploga Teresa Caldeira (2005), da Universidade de So Paulo, sublinha o fato de que
importante a incluso na vida da cidade para diminuir a segregao.
Em mais um de seus feitos interativos, Nick Knight renomado fotgrafo e editor
do site showstudio.com, resolveu criar um editorial beneficente para a rev ista i-D. Como
assim? Knight vai arrecadar dinheiro para Oxfam uma organizao que capta recursos
para ajudar pessoas pobres no mundo, atravs de um editorial especial para a revista i-D
que rene top stylists, modelos e diretores de arte. Entretanto, as roupas usadas nesseeditorial so de pessoas comuns e, aps o editorial, que ser transmitido ao vivo no site
Showstudio, as peas sero leiloadas no E-bay. Ou seja, sabe aquele casaco incrvel que
voc idolatra dentro do seu armrio e nunca tira de l? A pea pode entrar no editorial
e, de quebra, voc ainda faz uma boa ao. Para participar, o internauta deve preencher
o formulrio no site, dizer por que aquela pea especial e mandar uma foto sua junto
com a roupa para o endereo assinalado.
Fica-nos a pergunta sobre a validade das negociaes do mundo da moda e do
consumo, com as estticas perifricas que, se podem representar apenas apropriaes,
criar vtimas e excluses, podem tambm propiciar estratgias de revitalizao de espaos
e mobilizaes de cunho democrtico e/ ou artstico.
no espao miditico que se constroem e desconstroem aparncias dotadas de
atitudes prprias. Um exemplo a nova postura gay, mais intelectualizada, menos sarada,
que tem circulado no cenrio da moda. Para Gringo Cardia, mostrar para o mundo a
produo dos artistas de periferia, to integrada esttica do cotidiano das grandes
cidades, significa para eles algo inestimvel: a construo de uma identidade. 2
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Notas:
1 Rio top model: estilistas usam a beleza e a histria da cidade como cenrio e tema,matria de Helosa Marra e Carolina Isabel Novaes, in O Globo, Caderno Ela. 03 de junhode 2006. p. 2.
2 Esttica da periferia, entrev ista concedida a Ana Luiza Accioly. In: Revista Bsica(Ipanema/Leblon), 2005:23.
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