-
II CONINTER Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais
e Humanidades Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013
MICROPOLTICAS E INTERVENES URBANAS: AS EXPERINCIAS DO COLETIVO
DERIVA EM CUIAB
Cristiano de Sousa Costa (1)
Maria Thereza de Oliveira Azevedo (2)
1 Cristiano de Sousa Costa Graduado em Comunicao Social,
Habilitao Rdio e Televiso pela
Universidade Federal de Mato Grosso, UFMT. Mestrando em Estudos
de Cultura Contempornea pela Universidade Federal de Mato Grosso,
ECCO/UFMT. [email protected]
2
Maria Thereza de Oliveira Azevedo Doutora em Artes Cnicas pela
Universidade de So Paulo,
ECA/USP. Professora e orientadora do Programa em Estudos de
Cultura Contempornea ECCO, da Universidade Federal de Mato Grosso
(UFMT). [email protected]
RESUMO
Reflexes sobre experincias com interveno urbana realizadas na
cidade de Cuiab pelo Coletivo deriva, no perodo de 2011. A noo de
micropoltica, conceito desenvolvido por Gilles Deleuze e Flix
Guattari; e Nicolas Bourriaud com o conceito de esttica relacional,
apoiam a discusso sobre as experincias estticas na cidade. A
observao se d por meio da experincia vivida na interveno, pesquisa
bibliogrfica, em entrevistas com outros envolvidos, fotografias,
postagens na internet e material audiovisual. Largo da Mandioca no
centro Histrico de Cuiab a interveno observada. O resultado a
compreenso desta prtica esttica coletiva contempornea como forma de
estar na cidade.
Palavras-chave: Interveno urbana. Micropolticas. Coletivo
deriva.
-
INTRODUO
Atualmente, variadas formas de expresso e experincias estticas
so realizadas em
diversas cidades pelo mundo afora, so atividades reconhecidas
como arte que vislumbram
outras maneiras de se viver e de se relacionar com a cidade.
O objetivo deste artigo refletir sobre a arte que se encontra
nas ruas de Cuiab,
especificamente atravs da interveno urbana Largo da Mandioca,
realizada em 2011, no
Centro histrico pelo Coletivo deriva, agrupamento artstico que
transforma a cidade em um
laboratrio de experincias.
A reflexo do Largo da Mandioca ser de acordo com o raciocnio do
terico das artes
Nicolas Bourriaud e contribuio de Deleuze e Guattari que apontam
para uma nova postura
poltica no mundo contemporneo.
As intervenes urbanas se apresentam como um segmento da arte
contempornea e
privilegiam a relao com o pblico atravs de experincias e prticas
estticas coletivas. Estas
prticas artsticas, em que os artistas propem modos de existncia
ou modelos de ao
baseados na realidade, se configuram como uma arte que Nicolas
Bourriaud denominou
Esttica Relacional, ou seja, uma arte que tem como horizonte
terico a esfera das
interaes humanas e seu contexto social mais do que a afirmao de
um espao simblico
autnomo e privado (2009, p.19).
Surge com o nascimento de uma cultura urbana mundial, que
evidencia o viver urbano
tanto na construo artstica quanto na apresentao das obras, que
podem ser
experimentadas. Agora ela se apresenta como uma durao a ser
experimentada, como uma
abertura a discusso ilimitada (BOURRIAUD, 2009, p.20 e 21).
So praticas artsticas que tem como tema central o encontro, o
estar-juntos, a
elaborao coletiva do sentido; correspondente ao estado de
sociedade, da experincia da
proximidade que a cidade proporciona. Como disse o filsofo Louis
Althusser, um estado de
encontro fortuito imposto aos homens (apud BOURRIAUD, 2009, p.
21).
O espao pblico torna-se um espao de encontro e formador de
pequenos territrios,
como nas aes de interveno urbana, trabalhos que inventam novas
formas de socialidade,
prticas que valorizam o gesto, a convivncia e a interao.
neste contexto que a micropoltica, principalmente na perspectiva
de Guattari, evoca a
emergncia de produo de uma nova postura poltica. Uma articulao
tico-poltica que o
filsofo denominou Ecosofia. A ecosofia social consistir,
portanto, em desenvolver prticas
especficas que tendam a modificar e a reinventar maneiras de
ser, (...) reconstruir o conjunto
-
das modalidades do ser-em-grupo. Enquanto que, a ecosofia
mental, por sua vez, ser levada
a reinventar a relao do sujeito com o corpo. (...). Sua maneira
de operar aproximar-se- mais
daquela do artista (GUATTARI, 1995, p.15 e 16). Desta forma, a
arte contempornea, atravs
das intervenes urbanas, uma possibilidade real de reinveno da
vida.
Os artistas e grupos que esto na esfera da Esttica Relacional
defendem micro-utopias
atravs de suas obras, materializam imaginrios pessoais. Ao
permitir a participao do pblico
acreditam que podem interferir na realidade, tentam descobrir
novas formas de habitar o
mundo e imprimem novas formas de vida. A experincia destes
artistas lana uma nova
conscincia sobre os desafios do mundo. Suas propostas pretendem
afetar a subjetividade e
indicam novas dinmicas sociais.
Desta forma, o contato com a interveno urbana, vai alm da
percepo fsica,
objetiva, tambm possibilita a aproximao da subjetividade da
arte, novas composies, uma
reflexo que conduz a interpretaes e novas percepes num pblico
amplo.
MICROPOLTICAS NA CIDADE
A vida em comunho, de comunidade na cidade, est repleta de
questes polticas que
envolvem o dia a dia. Uma poltica do cotidiano, descentralizado
dos grandes conjuntos sociais.
Uma dimenso poltica em que o exerccio de poder se localiza em
vrias extenses da vida,
isto , est por toda parte, institucionalizada ou no, seja na
famlia, escola, igreja, exrcito, na
rua, hospital, etc. Enfim, esta dimenso da poltica que Deleuze e
Guattari chamaram de
micropoltica. A questo , justamente, pr a micropoltica por toda
parte: em nossas relaes
estereotipadas de vida pessoal, de vida conjugal, de vida
amorosa e de vida profissional, nas
quais tudo guiado por cdigos. (GUATTARI, 1996, p.135)1
Ele aponta para a cidade como produtora de subjetividade
individual e coletiva, uma
potncia criadora nas cidades, ou seja, apresenta a existncia de
uma subjetividade que habita
a arquitetura e o meio urbano, produzida no registro social
(suas regras, estilos, improvisos,
etc). Quer tenhamos conscincia ou no, o espao construdo nos
interpela de diferentes
pontos de vista: estilstico, histrico, funcional, afetivo... Os
edifcios e construes de todos os
tipos so mquinas enunciadoras. (GUATTARI, 1992, p.157 e
158).
neste contexto, da subjetividade com sua exterioridade, que
Guattari aponta para a
existncia da Cidade subjetiva. De acordo com o filsofo, a cidade
subjetiva engaja tanto os
1 Micropoltica: Cartografias do desejo. Extrado de -
http://www.ufrgs.br/corpoarteclinica/obra/micropolitica_cartograf_deseo.pdf
- acessado em 09.04.2012.
-
nveis mais singulares da pessoa quanto os nveis mais coletivos.
De fato, trata-se de todo o
porvir do planeta e da biosfera. (GUATTARI, 1992, p.170).
As relaes sociais e culturais influenciam diretamente a
subjetividade, principalmente
no mundo globalizado. De acordo com Appadurai, a globalizao teve
o seu inicio no sculo
XVIII e marca uma nova configurao entre o espao global e o
local. O mundo hoje implica
interaes de uma nova ordem e de uma nova intensidade (APPADURAI,
1996, p.43). Com
efeito, nossa relao com o mundo mudou. Antes, ela era
local-local; agora local-global.
(SERRES apud SANTOS, 2008, p.313).
A subjetividade atravessada pelos meios de comunicao de massa
que difundem
constantemente imagens do mundo globalizado, um dinamismo
aparente e instvel (fluido,
veloz), de tendncias conflituosas individualidade e globalizao,
aprofunda as
necessidades do regime de acumulao, as relaes de poder, as
relaes entre homens,
empresas, instituies e meio ambiente.
Vemos ento nesse embate, entre foras presentes no dia a dia
citadino, o Coletivo
deriva como um dissenso do pensamento capitalista, um
posicionamento que se aproxima de
uma articulao tico-poltica que Guattari denominou Ecosofia. A
ecosofia seria uma tenso
entre trs registros ecolgicos: do meio ambiente, das relaes
sociais e da subjetividade
humana. Ou seja, uma revoluo poltica, social e cultural que deve
abranger no s as
relaes de forcas visveis em grande escala, mas tambm aos domnios
moleculares de
sensibilidade, de inteligncia e de desejo (Guattari, 1995,
p.9).
Cidade contempornea: a socialidade por meio de intervenes e
situaes de
arte vida
A disposio do espao urbano, no contexto das aes que unem a vida
com a arte,
pode ser ressignificado com a construo de mecanismos
alternativos de situaes e de
planejamento da cidade para que possa ser alterada ou renovada
para dar lugar outra forma
e que atenda a novas necessidades sociais. Reenquadrar a vida
social questionando o uso de
interesses privados no espao pblico, os traos de desigualdades
sociais, do capital e do
trabalho, necessidades distintas, proporcionar um lugar de
dilogo e experincia ldica.
Na obra No fundo das aparncias, Maffesoli destaca a sinergia que
existe entre
espao e socialidade, mas no de um ponto de vista estrutural, e
sim pelo simblico, sensvel,
pelo fato de sentir, de experimentar em comum. Em suma, a
esttica (aistesis) como
paradigma (MAFFESOLI, 1996, p.258 e 259).
-
Esta seria uma forma de compreender a construo social da
realidade. O mundo de
que sou , portanto, um conjunto de referncias que divido com
outros. (MAFFESOLI, 1996,
259). Que so de diversas ordens: de odores, rudos, texturas,
cores, etc; que formam a matriz
na qual vo nascer, crescer, fortalecer-se essas inter-relaes
feitas de atraes e de
repulses, todos esses pequenos nadas que fazem o todo do que
chamo socialidade
(MAFFESOLI, 1996, p.259).
Maffesoli afirma que a cidade contempornea possui um extenso
potencial de
comunicaes. Essa dimenso comunicacional, e de comunho, segundo o
terico, o bar da
esquina, a pracinha do bairro, os bancos pblicos dos calades,
terrenos baldios, salas de
ginstica, entre outros espaos de socialidade que esto repletos
de afetos e emoes
comuns.
So espaos fsicos que as pessoas transformam em espaos vividos.
Por isso ele
utiliza a expresso lugares falados para se referir a lugares
que, de um modo mais ou menos
pblico, so marcados, lugares onde se rabisca a presena
(MAFFESOLI, 1996, p.270). Como
nos grafites que demonstram traos que o explorador da
socialidade pode seguir, com toda
certeza, so indcios seguros de uma ordem simblica (cristalizao
de um espao-tempo),
constituda ou em gestao (MAFFESOLI, 1996, p.270). Diz que esse
passeio por mltiplos
espaos que caracteriza a cidade contempornea.
Atravessamos, intencionalmente ou no, uma srie de stios2, uma
srie
de situaes que desenham uma geografia imaginria, que permite me
acomodar (no seu sentido tico) ao ambiente fsico que me dado, e
que, ao mesmo tempo, construo simbolicamente (MAFFESOLI, 1996,
p.271).
Como uma fbrica de relaes numerosas, frequentes e densas, Milton
Santos diz que
no espao da cidade onde existem mais encontros. A anarquia atual
da cidade grande lhe
assegura um maior numero de deslocamentos, enquanto a gerao de
relaes interpessoais
ainda mais intensa (SANTOS, 2008, p.319).
Com a modernizao das cidades, os lugares se mundializaram e no
espao
globalizado onde se entrelaam as lgicas hegemnicas e suas
oposies. Graas a esta rede
de difuso da modernidade no territrio que a cidade aparece como
palco da diversidade
socioespacial e palco da atividade do capital e do trabalho.
Capaz de atrair pobres e setores
desprivilegiados da sociedade que contribuem para uma economia
globalizada produzida de
baixo, em contrapartida de uma economia, tambm globalizada,
produzida de cima. Com isso,
alis, tanto se amplia a necessidade e as formas da diviso do
trabalho, como as
2 Um stio todo e qualquer lugar ocupado por um determinado
corpo. Portanto, lato sensu, a palavra stio um
sinnimo de local ou lugar. Retirado de:
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADtio. Acessado em
05.08.2013.
-
possibilidades e as vias da intersubjetividade e da interao. por
a que a cidade encontra o
seu caminho para o futuro (SANTOS, 2008, p.323).
Diante desta realidade instvel e constituda de vrias vozes
estamos descobrindo
que, nas cidades, o tempo que comanda, ou vai comandar, o tempo
dos homens lentos
(SANTOS, 2008, p.325). Uma lentido que funciona como motor para
adaptao e reinveno
de novas prticas, novo usos e normas na vida social e afetiva
diante de uma carncia a
satisfazer, de consumo (material, imaterial, poltico, de
participao e cidadania).
Neste contexto, a presena do homem lento (pobre, minoritrio,
migrante, estrangeiro)
torna enriquecedora a diversidade socioespacial, como um novo
elemento que se manifesta
pela produo da materialidade em bairros e stios to
contrastantes, quanto pelas formas de
trabalho e de vida (SANTOS, 2008, p.323).
A ideia de lentido desterritorializa o indivduo, causa um
estranhamento, ao modo do
olhar estrangeiro, ou migrante, que obriga novas experincias e
abre caminho para novas
descobertas. Uma viso que falta ao cidado acostumado e submetido
diante da acelerao
contempornea, e graas ao tropel de acontecimentos, o exerccio de
repensar tenha de ser
herico. Essa proibio do repouso, essa urgncia, esse estado de
alerta exigem da
conscincia um nimo, uma disposio, uma fora renovadora (SANTOS,
2008, p.329).
Quanto mais instvel e surpreendedor for o espao, tanto mais
surpreendido ser o indivduo, e tanto mais eficaz a operao da
descoberta. A conscincia pelo lugar se superpe conscincia no lugar.
A noo de espao desconhecido perde a conotao negativa e ganha um
acento positivo, que vem do seu papel na produo da nova histria
(SANTOS, 2008, p. 330).
Desta forma, a cidade pode ser definida como um grande sistema,
produto de
superposio de subsistemas diversos de cooperao, que criam outros
tantos sistemas de
solidariedade (SANTOS, 2008, p. 323).
Inseridas neste contexto, em que as cidades se globalizaram e se
transformaram
em palco da atividade do capital e do trabalho, as intervenes
urbanas aparecem como uma
possibilidade que permite ao cidado experimentar uma
desacelerao, um novo olhar sobre o
espao, sobre a cidade. A diversidade socioespacial ser o
ambiente propcio para a
explorao, construo de novas prticas e a criao de situaes que
quebram a rotina.
-
Coletivo deriva: um novo olhar sobre a cidade
Cuiab uma cidade que comeou a ser erguida no perodo colonial,
sculo XVII.
Inicialmente era um territrio muito procurado por bandeirantes
para a captura de ndios, mas
com a descoberta do ouro vieram novos interesses e a fixao de
exploradores do metal
precioso transformou o local. Ao longo do tempo o arraial foi se
modificando, de vila antiga at
configurar Cuiab.
A cidade no diluiu totalmente suas referncias de tempo e espao,
ou seja, ainda no
eliminou o seu passado. Mantm em sua paisagem casas, construes,
ruas estreitas, becos e
praas (principalmente do Perodo Colonial e do chamado Estado
Novo) que parecem trazer a
nostalgia de um tempo que j passou. Mas que insiste em habitar
nosso imaginrio, nossa
subjetividade e nosso afeto (real e simblico). Por mais que
Cuiab tenha entrado num ritmo de
modernizao e de progresso constante.
A Cuiab contempornea imprime uma velocidade que, ao menos
parece, acompanhar
as grandes cidades com seu ritual de reconstruo incessante. Por
isso comum perceber um
reflexo no discurso e comentrio de alguns cidados, contentes e
descontentes com o modelo
atual, fruto do conflito entre os espaos antigos e novos, entre
locais preservados e
modificados. Os traos da antiga cidade em contraste com a nova,
da parede de barro com o
concreto, do desenho rstico com o moderno, do quintal com os
parques em condomnios, do
cavalo com o carro na rua etc.
Esta relao percebida nos bairros tradicionais, como o Porto, mas
tambm e
principalmente no centro histrico da capital, local altamente
frequentado pelos cidados. O
Centro, onde concentram a maioria das casas antigas, possui
dificuldade em preservar sua
arquitetura e constante alvo de promessas de melhorias e
preservao. perceptvel o
desalinhamento das casas em alguns locais, construdas prximas
umas das outras e da rua,
com calada estreita. Que tem a sua lgica, pois no perodo
colonial as casas eram construdas
bem prximas para dificultar uma invaso, este era o medo dos
populares que julgavam haver
o perigo de um ataque indgena.
Os casares antigos so muito apreciados e ocupam um lugar de
destaque no
imaginrio cuiabano. A casa tipicamente cuiabana simples, mas
possui caractersticas que a
difere das demais construes modernas. Sua parede, bem mais
espessa, feita de adobe
(uma mistura de barro com estrume animal). De forma geral, as
casas so dispostas como
corredores, compridas, com quintais arborizados e frutferos.
-
No Largo da Mandioca surgiram as primeiras ruas da cidade, pois
se fixaram os
exploradores de riquezas minerais, devido ao ouro encontrado em
abundncia nas
proximidades da Colina do Rosrio. No local, hoje se encontra a
Igreja de So Benedito (igreja
mais antiga e importante para a cidade que vive intensamente sua
religiosidade atravs de
festas tradicionais). Mais abaixo temos a Prainha, s margens do
antigo crrego instalaram as
primeiras casas, um ribeiro que se encontra canalizado e virou
esgoto, onde o asfalto cobre
sua extenso.
Tomando a cidade como um rizoma, podemos dizer que tudo est
conectado,
interligado, nada acontece sem que haja um reflexo ou
interferncia no corpus urbano, por
menor que seja o impacto, de alguma maneira ele ser percebido.
Assim, o imaginrio do
Coletivo deriva se pe em cena. Aos poucos, de forma micro, a
poltica proposta nas aes e
situaes do grupo ganha fora e interage com outros
interlocutores, se choca com outros
imaginrios.
Um deles sobre o ttulo de Cidade Verde que Cuiab ficou
conhecida, mas aos
poucos as reas verdes deram lugar ao concreto e ao cimento,
piorando nossa qualidade
trmica e nossa paisagem. A cidade possui um clima quente e a
baixa arborizao contribui
para o aumento do calor, confirmado atravs de reportagens e
depoimento de especialistas
que dizem que a funo vegetal est ligada diretamente ao clima (e
microclimas), por isso a
importncia da sua preservao e aumento da rea verde.
Percebemos que Cuiab se transformou num grande canteiro de
obras, de grande
especulao imobiliria e h quem prefira a Selva de Pedra, sinal do
progresso e da
urbanizao, mas quem disse que ambos no podem caminhar com
responsabilidade
ambiental? Ser que estamos esquecendo ou priorizando apenas uma
parte: o financeiro. E a
qualidade de vida, onde fica? Tudo isso demonstra que ainda
estamos construindo uma
conscincia verde, que precisamos caminhar com exemplos mais
prticos, eficazes.
Informao somente no basta e sim aes de conscientizao efetiva
para tratarmos o
assunto com a devida importncia real, no somente no discurso e
na propaganda.
A lgica da disputa por capital e a acumulao capitalista global
nos coloca diante de
uma questo tica. No temos um cenrio favorvel pequenos gestos,
aes como um
simples flneur para experimentar a cidade, ou seja, o essencial
(nossa vida) se tornou uma
narrativa da espetacularizao do consumo, orientado para o valor
econmico.
Por isso o interesse em olhar para Cuiab, pois neste espao de
implicaes sociais e
culturais que nos questionamos sobre os espaos da cidade, em que
a socialidade encontra-se
ameaada, os espaos pblicos, de socialidade, encontram-se mal
conservados, sujos e
-
degradveis. Uma ameaa ao convvio social, pois deveriam
proporcionar uma experincia
esttica mais agradvel, ldica. As ruas, caladas e praas esto
deterioradas, sem pintura,
quebradas, sem melhorias, de forma preocupante a experincia
deixa de funcionar como
referncia para a criao de modos de organizao do cotidiano.
Diante desta realidade nos perguntamos: Existe outro modo de
olhar ou se relacionar
com a cidade? Como podemos viver outras experincias?
Neste contexto, em 2011 estvamos reunidos para refletir sobre um
espao da cidade
para intervir. Foi durante o planejamento e preparao das aes que
chegamos ao nome do
grupo, sugerido pela professora Maria Thereza Azevedo: Coletivo
deriva. O nome seria
importante para criar uma identidade e tambm foi sugerido que
tivssemos um smbolo, uma
marca para o grupo. A sombrinha, indicada pela integrante Mari
Gemma e outros colegas, foi
escolhida pelo grupo devido a nova associao/configurao que
pretendamos apresentar:
uma preocupao com a falta de arborizao da cidade de Cuiab, com o
desconforto
causado pelo clima rude e o descaso com o ambiente. Conforme
lembrou Andrea Portela,
participante do Coletivo deriva. Foi nesta ocasio que elegemos o
Largo da Mandioca para
intervir e escolhemos dois espaos: a escadaria do Beco Alto e o
lugar onde ser futuramente
a Casa Silva Freire, um espao cultural.
Aos poucos uma pequena multido comea a se formar em uma das
praas mais
antigas e tradicionais da cidade, localizada no Centro Histrico
de Cuiab: a Conde de
Azambuja, tambm chamada de Largo da Mandioca. O local j foi
pelourinho, atravessada por
bonde e onde se concentravam tropas de burro que transportavam
mandioca.
Carinhosamente chamada de Pracinha da Mandioca pela populao, no
dia primeiro
de outubro de 2011 o local amanheceu tomado por um grupo munido
de sombrinhas coloridas.
Era uma ocupao temporria, aps um perodo curto de tempo iniciam
um cortejo
performtico, com cantorias folclricas, seguindo pela rua, entre
carros, residncias, pequenos
estabelecimentos comerciais e pedestres que cruzam pelo caminho
at uma escadaria,
chamada de Beco Alto, hoje Rua dos Bandeirantes. O beco cercado
por casares antigos e
ruas estreitas.
L se instalam um grupo de artistas e estudantes, unidos com
algumas pessoas da
comunidade local, chegam colorindo as rvores com sombrinhas,
dependuradas nos galhos,
tocando baldes como tambores, cantando, danando com vassouras,
armam um varal com
-
livrinhos Saracura Benzedeira3, cordel adaptado com
peculiaridades do local. O Rei da
Escadaria marca presena, outro morador ilustre aparece para
cantar sua msica de carnaval
e contar histrias; os gatos do local desaparecem, mas outros vo
surgindo em estncil nos
tapumes, postes e espelhos da calada. O muro de uma das casas ao
longo da escadaria
recebe um painel vibrante com gatos carnavalizados, feito por
Her Fonseca, um artista da
cidade.
Ervas medicinais no canteiro da escadaria so plantadas e
identificadas com pequenas
placas, confeccionadas na hora. Os muros e as ruas so pintados,
onde se espalham
desenhos de sombrinhas com nomes de rvores. A escada varrida
como uma dana e a
ajuda das crianas, que aproveitam para um ldico banho de
mangueira, enquanto lavam os
degraus.
Brincadeiras, fotos, vdeos, dana, msica, poema, contos e causos
encerram a
manh com um piquenique na escadaria. Mas ainda a interveno no
terminou.
A tarde caa quando novamente o grupo retorna ao Largo da
Mandioca, para uma nova
interveno, desta vez ocupavam uma casa imaginada, a casa em que
vivera o poeta Silva
Freire. O lugar foi ocupado com atividades culturais para marcar
o que ser futuramente a
Casa Silva Freire, ainda um sonho, sem telhado e sem janela, mas
que comea a ser projetada
com grafite no muro, com performances e declamao de poesias,
homenagem de arte e vida
projetada nos filmes que invadiram a noite.
Neste relato trago uma descrio potica dos acontecimentos e
situaes que
marcaram a intervenes praticadas pelo Coletivo deriva no Largo
da Mandioca. Mas nesta
dinmica irei me concentrar em duas aes: no passeio de sombrinhas
e na lavagem da
escadaria.
O passeio de sombrinhas coloridas que iniciou o dia das
intervenes no Largo da
Mandioca traz uma carga esttica da sutileza. O Coletivo deriva
tem a sombrinha como
smbolo, que, aparentemente, no representa nenhuma ameaa.
justamente esta singela
ao, supostamente despretensiosa, que considero a maior potncia
do grupo. Ao me envolver
com estas prticas estticas fui descobrindo a cidade,
gradativamente. Alan Mantilha,
integrante do Coletivo deriva, ressalta que a interveno no se
resume somente a um
protesto. Voc sai do cotidiano para ter um olhar diferente. No
passeio possvel notar a
3 Criado por Mari Gemma de La Cruz que fez um levantamento de
espcies medicinais existentes na escadaria e
desenvolveu um cordel adaptado Saracura Benzedeira com nmero de
estrofes maiores e peculiaridades do local. Produzido especialmente
para a interveno urbana no Largo da Mandioca.
-
ausncia das sombras e notar que a esttica diferente no local4.
neste sentido que
surgiram as sombrinhas como smbolo.
Karine Krewer, pesquisadora e participante do Coletivo `a
deriva, faz outra observao
interessante: a sombrinha possui uma estrutura plural, um
arramado de pontas que indica
multiplicidade, ou seja, abertura para diferentes vrtices que
convergem para um centro.
Nestas palavras, podemos interpretar que somos como a estrutura
da sombrinha, vrias
pessoas convergindo para um caminho em comum. Esta ideia se
alinha perfeitamente ao
conceito de micropoltica, mesmo que de forma subjetiva, indica
um posicionamento poltico,
um desejo coletivo.
Vejo o passeio com sombrinhas uma situao que se prope como uma
bricolagem do
caminhar, pois composto pela mistura (cores, formas, tamanhos,
pessoas, objetos, ideias,
desejo, etc), que inventa um caminho, inventa um espao, passa
pelo improviso, pelo acaso,
que estetiza os espaos e os corpos caminhantes, seja pela seduo
ou pela repulsa, transita
entre o jogo, ldico, subjetivo, micro; tem propsito, uma forma
de expresso, objetivo, tem
inteno, poltica. Mas apenas um passeio de sombrinhas.
efmero, uma presena que no deixa rastro. a materializao de um
pensamento.
Carrega em seu projeto um alvo social: a participao coletiva,
colaborativa.
O passeio de sombrinhas indica uma inteno, mas no tem objetivo
de explicar os por
qus ou fazer valer a sua ideia unicamente, nesse momento que
abrem-se caminhos para
novas leituras, novas criaes (mesmo que puramente mentais) e
outros contextos que se
formam entre a ao, participantes diretos e indiretos.
Para Andrea Portela, a sombrinha d a ideia de proteo, de um
corpo que frgil. A
sombrinha comunica um cu de cores. Pinta a paisagem, d o tom do
passeio. O passeio de
sombrinhas como uma assinatura do grupo. Levando seus
pontilhados de cor, alegria e,
claro, poltica. A sombrinha o panfleto das sutilezas que reclama
pelas sombras das rvores!
Devir cidade verde.
Com estas intervenes, tomadas como um jogo urbano, o Coletivo
deriva prope
situaes que envolvem novas possibilidades de vida,
subjetividade, relaes com o outro.
Problematiza a experincia de viver na cidade. Considera desde os
aspectos fsicos, formais e
funcionais da cidade at os aspectos sentimentais, subjetivos ou
intuitivos.
O jogo uma atividade ou ocupao voluntria, exercida dentro de
certos e determinados limites de tempo e de espao, segundo regras
livremente consentidas, mas absolutamente obrigatrias dotado de
um
4 Depoimento retirado de:
http://g1.globo.com/mato-grosso/noticia/2012/05/alunos-e-professores-da-ufmt-fazem-
passeio-com-sombrinhas-pela-capital.html. Acessado em:
14.05.2013
-
fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tenso e de
alegria e de uma conscincia de ser diferente da vida quotidiana
(HUIZINGA, 2010, p.33).
Com estes mtodos, de construo de situaes e ambientes originais,
o Coletivo
deriva se inspira numa arte efmera e, em um novo contexto,
atualiza o pensamento
situacionista para a realidade local. So trabalhos artsticos que
no resultam em um produto
acabado; baseado no cotidiano da cidade, colocam em jogo questes
da cidade, questes da
arte e da vida. O Coletivo deriva prope acontecimentos que pode
criar a possibilidade de
um novo objeto (uma nova poltica-mundo, um novo
transnacionalismo) e a possibilidade de um
novo sujeito (que no mais classe operria, que apenas uma
multiplicidade possvel).
(LAZZARATO, 2006, p.23)
O Coletivo a deriva tem como premissa que a arte possa penetrar
na vida, tenta colocar
em ao o que o artista Asger Jorn proferiu: a arte deveria se
fundir diretamente com a vida
social da cidade, tornando-se inseparvel da ao e do pensamento
(apud WOOD, 2002,
p.19).
Esta uma das estratgias que o Coletivo deriva utiliza para criar
um dilogo com a
cidade e com o cidado (in locus). Que permite uma nova relao
entre o homem e o seu meio,
expandidas e modificadas atravs das experincias com interveno
urbana.
Quando descrevemos as aes que o Coletivo deriva prope na cidade,
tomadas
como interveno urbana, estamos nos referindo a uma prtica
artstica que altera a lgica dos
espaos, que lana um novo olhar sobre o lugar para sugerir outras
possibilidades, uma nova
significao, uma esttica relacional. Estes trabalhos (de cunho
poltico) constituem uma
caracterstica da arte contempornea que tende a problematizar a
esfera das relaes sociais.
A arte contempornea cria modelos, e no propriamente
representaes; ela se insere no
tecido social sem propriamente se inspirar nele (BOURRIAUD,
2009, p.24 e 25).
Como integrante do Coletivo, deixo uma reflexo sobre as aes e o
nome do grupo
Deriva significa dizer que no temos destino definido (nosso
roteiro segue o acaso, a surpresa
nossa aliada), que no temos total controle sobre as situaes
(qualquer pessoa pode se
manifestar, tambm sofremos intervenes), que no temos parada fixa
(somos dinmicos,
estamos em movimento constante). De uma forma geral, podemos
dizer que o tempo e o
espao esto a nosso favor, literalmente, criamos nosso tempo e
nossos espaos. Quando
colocamos este pensamento em prtica, atravs da lavagem da
escadaria no Largo da
Mandioca nos posicionamos como homens lentos. Na contramo do
sistema vigente, das
instituies, do trabalho, etc.
-
Esta interveno foi uma das mais demoradas no planejamento, mas
muito bem
desenhada. Para melhor compreenso do espao que pretendamos
ocupar, vrias vezes,
fomos Praa da Mandioca e seu entorno para conhecer o lugar e ver
a sua realidade.
A regio da Mandioca compe uma parte da cidade histrica (tombada
em 1993 pelo
Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional IPHAN) que d
abrigo a pequenas casas
de prostituio, ao consumo de drogas, a falta de segurana e de
zelo pelo patrimnio.
Conforme descreveu Maria Thereza:
As intervenes do grupo composto por artistas, colaboradores,
amigos e populares do bairro foi uma forma de partilhar o espao da
cidade verde, que se encontra amarela de sem-graceza pelo sol que
esturrica, pelos muros cados, pelas janelas remendadas, pelas casas
com muletas, doentes sem tratamento do Largo da Mandioca (AZEVEDO,
2012, p.06).
A lavagem da escadaria foi um ato simblico para revitalizar o
espao e tentar mudar o
amarelo sem graa do local. O que poderia ser mais um dia
rotineiro se transformou em um
acontecimento. Tanto que fugiu ao planejamento e superou as
expectativas de um trabalho
braal que se transformou e perdeu o peso do trabalho, ficou
ldico. Um momento que
culminou com um banho coletivo de mangueira (entre
aproximadamente vinte pessoas).
Nada planejado, totalmente inesperado. Alan ameaou que iria
molhar todo mundo e foi
o que aconteceu. Lavamos a escadaria e nos banhamos.
Para ressaltar este momento de integrao entre homens lentos,
desterritorilizados,
Alexandro Romo destaca que o ponto mais interessante, que eu
achei, foi um erro de
programao estrutural do Coletivo, mas foi um erro que, na
verdade foi um acerto. Essa
lavagem, que no era apenas uma lavagem, como agente discutiu
antes, era a significao de
uma lavagem simblica para que aquele lugar fosse restaurado,
utilizado de uma outra forma...
Todo mundo que estava no Coletivo comeou a tomar banho. Ento,
tirou o que molharia,
deixou de lado o celular, a carteira, no sei o qu, e comeou a
tomar um banho, todo mundo
se molhou mesmo. E foi uma grande festa.
Este depoimento demonstra que no ocupamos somente, mas vivemos
plenamente um
espao-tempo no centro de Cuiab, uma experincia esttica coletiva
e micropoltica. A gente
habitou aquele espao de uma maneira to ntima, de uma maneira que
agente tomou um
banho coletivo no espao, agente realmente utilizou aquele espao,
agente significou ele de
uma maneira muito diferente. Que eu nunca tinha feito, eu nunca
tinha tomado banho num
lugar pblico, ali eu tinha sempre como passagem, ou como
contemplao (...). Mas ocupar
esse espao dessa maneira e essa coisa que agente no imaginava
que ia tomar um banho,
que foi aquela coisa que acontece no momento.
-
Para provar que nem todo imprevisto negativo, desta vez fomos
surpreendidos com
um dia repleto de emoes e significaes estticas. Sem pressa. Como
afirmou Marlia, ela
acredita que o improviso faz parte, justamente isso que
interessante. O que pode
acontecer numa interveno dessas? Muitas coisas podem acontecer,
ento, a gente tem que
improvisar neste sentido. As coisas podem acontecer e voc tem
que dar um rumo para isso.
Para a coisa acontecer, para a coisa se concretizar. A gente
passou por todas as ocasies
por improviso.
Com o Coletivo deriva, em unio com a arte, pudemos viver a
cidade de maneira
diferente. Um momento inusitado de suspenso e comunho com
diversas pessoas, um outro
olhar sobre espao urbano. Como declarou Andrea Portela: A sensao
mais curiosa a de
passar por outra cidade, como outra dimenso de tempo-espao. A
mesma rua rotineiramente
atravessada, de repente, no a mesma. s lanar sobre ela (a rua)
outro olhar. Alm disso,
o sentimento de comunho, estar junto e pertencer ao grupo, ao
espao. O olhar nmade
fabrica morada, como um lugar singular, um jeito de pertencer e
possuir, como verbos da
natureza das subjetividades.
CONSIDERAES FINAIS
O conceito de esttica relacional, quanto o de micropoltica
perfeitamente identificado
na ideia de construo de situaes e intervenes urbanas do Coletivo
deriva. Podem
instaurar novas percepes ou refletir uma degradao da experincia:
no cotidiano, na
poltica, da tica, esttica e a cultura da cidade de uma forma
geral.
A micropoltica, presente nas intervenes urbanas, pode ser
interpretadas como
embates do mundo contemporneo que ocorrem entre representaes
locais e globais, que se
agridem e esto unidas ao mesmo tempo. Quando a interveno passa a
ideia e o
estranhamento dos homens lentos, no intuito de desacelerar o
ritmo apressado do cotidiano,
uma tentativa de favorecer um conhecimento metropolitano
apaixonado, para que se refine o
olhar urbano (CANEVACCI, 1997, p.16).
Ambas podem ser associadas tambm porque envolvem os diversos
mbitos da vida,
que esto presentes nos fluxos da famlia, profisso, sexo, classe,
Estado, igreja, etc.
Temos a interveno urbana como uma prtica que pe em causa o
conjunto da
subjetividade e das formaes de poder capitalsticos (GUATTARI,
1996, p.37), que substitui
as maneiras de domesticar. Uma ecologia da ressingularizao, de
agenciamentos produtivos
(individual e coletiva). Podem e tentam sobrepor instrumentos de
valorizao do capitalismo,
-
determinados principalmente pelo trabalho e pelo lucro, que
aplaina todos os outros modos de
valorizao, os quais ficam assim alienados sua hegemonia
(GUATTTARI, 1995, p.51). As
intervenes so como um acontecimento micropoltico, de
empreendimentos individuais,
singulares e dissensuais, que so convocados a emergir, refletem
desejos.
Por estes motivos podemos considerar as intervenes do Coletivo
deriva como
micropolticas, pois possibilitam uma autntica subverso de nossas
maneiras de pensar.
Ligadas experincia coletiva e socialidade. Sem definies prontas.
o banal que escapa
aos poderes impostos, hegemnicos atravs da arte, da
subjetividade. A arte uma mistura
indiscernvel de subjetivo e objetivo, cristalizando-se o
primeiro numa forma objetiva que no
deixa de encontrar eco em outras subjetividades (MAFFESOLI,
2007, p.231).
A riqueza do Coletivo deriva a busca pela construo de uma viso
subjetiva do
mundo, coletiva, comunitria. Por isso penetra no cotidiano para
inventar novas formas e novas
perspectivas das relaes de poder, das relaes de sentido. Uma
nova forma de resistncia e
de sensibilidade esttica
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
APPADURAI, Arjun. Dimenses culturais da globalizao. Lisboa:
Teorema, 1996.
AZEVEDO, Maria Thereza de Oliveira. Cidade Reinventada: coletivo
deriva, prticas
estticas na cidade de cuiab. Cuiab: EdUFMT, 2012.
BOURRIAUD, Nicolas. Esttica relacional. So Paulo: Martins,
2009.
__________________. Formas de vida: a arte moderna e a inveno de
si. So Paulo:
Martins, 2011.
__________________. Ps-produo: como a arte reprograma o mundo
contemporneo. So
Paulo: Martins, 2009.
CANEVACCI, Massimo. A cidade polifnica: ensaio sobre a
antropologia da comunicao
urbana. So Paulo: Studio Nobel, 1997.
DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Flix e. Mil plats: capitalismo e
esquizofrenia. So Paulo: 34,
1996. Vol. 03
GUATTARI, Flix. Caosmose. Rio de Janeiro: 34, 1992.
______________. As trs ecologias. Campinas: papirus, 1995.
______________. Revoluo Molecular: pulsaes polticas do desejo.
So Paulo:
Brasiliense, 1977/1981.
-
______________. Da produo de subjetividade in PARENTE, Andr
(org). Imagem mquina:
a era das tecnologias do virtual. Rio de Janeiro: 34, 1993.
GUATTARI, Flix e ROLNIK, Suely. Micropoltica: cartografias do
desejo. Petrpolis: Vozes,
1996.
HUIZINGA, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura.
So Paulo: Perspectiva,
2010.
LAZZARATO, Maurizio. As revolues do capitalismo. Rio de Janeiro:
Record, 2006.
LAGNADO, Lisette e PEDROSA, Adriano (orgs). 27 Bienal de So
Paulo: Como viver junto.
So Paulo: Fundao Bienal, 2006.
MAFFESOLI, Michel. No fundo das aparncias. Rio de Janeiro:
Vozes, 1996.
_________________. O conhecimento comum: introduo sociologia
compreensiva. Porto
Alegre: Sulina, 2007.
SANTOS, Milton. A natureza do espao: tcnica e tempo, razo e
emoo. So Paulo:
EdUSP, 2008.
WOOD, Paul. Arte Conceitual. So Paulo: Cosac Naif, 2002.