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MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE 1. Economia: Microeconomia x Macroeconomia A economia possui recursos escassos e a microeconomia estuda a melhor forma de aproveitar esses recursos que são colocados à disposição das pessoas. De uma forma simplificada, podemos dizer que enquanto a macroeconomia estuda os problemas existentes em um país, a microeconomia se preocupa com as decisões individuais das pessoas e empresas. Esse curso versará sobre as pessoas e empresas. Logo, para que você otimize o seu aprendizado, pense sempre nas suas decisões individuais para cada situação proposta no curso. Tentarei mostrar a vocês algumas situações inusitadas que ilustrariam bem cada momento. Acredito que a forma mais simples de aprendermos a microeconomia é pensando no nosso dia-a-dia, no cotidiano. Na verdade, acho que está na hora de passarmos para a matéria propriamente dita. Vamos lá? 2. Curva de Demanda A curva de demanda informa a quantidade a ser consumida de um produto a cada nível de preço. De uma forma geral, sabemos que quanto maior for o preço de um bem menos as pessoas querem adquirir daquele bem. Veja que estou falando de uma forma geral, mas é claro que existem exceções. Imagine que você adore feijão ou carne. Se o preço do quilo do feijão subir, a sua tendência não seria reduzir o consumo do bem? Pois bem, se todos pensassem e tomassem atitudes dessa forma, a demanda coletiva do bem feijão cairia com essa alta de preço.
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Sep 19, 2018

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MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG

PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE

1. Economia: Microeconomia x Macroeconomia

A economia possui recursos escassos e a microeconomia estuda a melhor

forma de aproveitar esses recursos que são colocados à disposição das

pessoas.

De uma forma simplificada, podemos dizer que enquanto a macroeconomia

estuda os problemas existentes em um país, a microeconomia se preocupa

com as decisões individuais das pessoas e empresas. Esse curso versará sobre

as pessoas e empresas.

Logo, para que você otimize o seu aprendizado, pense sempre nas suas

decisões individuais para cada situação proposta no curso. Tentarei mostrar a

vocês algumas situações inusitadas que ilustrariam bem cada momento.

Acredito que a forma mais simples de aprendermos a microeconomia é

pensando no nosso dia-a-dia, no cotidiano.

Na verdade, acho que está na hora de passarmos para a matéria propriamente

dita. Vamos lá?

2. Curva de Demanda

A curva de demanda informa a quantidade a ser consumida de um

produto a cada nível de preço.

De uma forma geral, sabemos que quanto maior for o preço de um bem menos

as pessoas querem adquirir daquele bem. Veja que estou falando de uma

forma geral, mas é claro que existem exceções.

Imagine que você adore feijão ou carne. Se o preço do quilo do feijão subir, a

sua tendência não seria reduzir o consumo do bem? Pois bem, se todos

pensassem e tomassem atitudes dessa forma, a demanda coletiva do bem

feijão cairia com essa alta de preço.

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Portanto, o normal na atitude das pessoas é reduzir o consumo quando há

aumento no preço do bem e aumentar o consumo quando o preço do

bem for reduzido.

• Geralmente, um aumento no preço reduz a quantidade

demandada e vice-versa.

Suponhamos que o bem esteja com o preço P1, conforme mostrado no

desenho acima. Com esse preço, os consumidores estariam demandando uma

quantidade Q1 e, portanto, estariam sobre o ponto 1 da curva de demanda.

Se por um motivo qualquer (por exemplo, grande produção agrícola daquele

bem) o preço cair para P2, haverá um conseqüente aumento da quantidade

demanda para Q2.

Imagine que o preço da carne caia 50%. Você concorda que a sua demanda

por carne será aumentada? Por exemplo, ela poderá passar de Q1 para Q2.

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Esses bens que atendem à referida Lei da Demanda são chamados de Bens

Comuns.

Entendemos como bens comuns aqueles bens em que as pessoas reduzem o

seu consumo quando ocorre um aumento no preço ou quando as pessoas

aumentam o seu consumo quando os preços são reduzidos. O livro do Varian

define o bem comum exatamente como expus acima.

Matematicamente, podemos definir os bens comuns da seguinte forma:

Já sei que alguns de vocês não compreenderam a equação acima. Eu explico,

calma. Na verdade, essa equação está mostrando exatamente aquilo que foi

dito anteriormente, ou seja, que a demanda e os preços se “movimentam” em

direções opostas quando o bem for considerado comum.

De forma simplificada, podemos dizer que o símbolo indica que estamos

falando da variação, seria a diferença entre as quantidades inicial e final ou do

preço inicial e final.

Observe que a razão (

) é negativa e isso indica que se a variação do

preço for positiva (houver um aumento no preço), a variação da quantidade

deverá ser negativa (haverá uma queda na quantidade demandada) e vice-

versa. Ocorrendo tais fatos, podemos garantir que a razão será sempre um

número negativo, pois

.

A dúvida agora reside na igualdade, não é mesmo. Isso é mera definição. Se o

preço de um bem mudar e você continuar consumindo exatamente a mesma

quantidade, esse bem será classificado como bem comum.

Portanto, quando a equação informa que

, ela está

dizendo que se o bem for comum, quando o preço cair a demanda irá subir ou

ficar igual ou quando o preço subir a demanda deverá cair ou se manter

constante.

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Além disso, indica também que sempre que o preço e a demanda se

comportarem dessa forma, devemos concluir que o bem é comum. Ela não diz

nada a mais, absolutamente nada. Com isso, vemos que vocês podem ficar

tranqüilos com relação às representações matemáticas, não é mesmo?

Observe que a regra é a relação inversa entre preço e quantidade. Entretanto,

existem algumas exceções. Imagine que uma farmácia esteja colocando o

preço de um remédio na promoção. Será que pelo fato de o preço do remédio

estar mais barato, você irá comprar e consumir mais daquele remédio?

Se o preço do sal cair em 30%, isso fará com que você compre mais sal e

coloque mais sal na comida?

A resposta para essas duas perguntas é NÃO. As pessoas não irão alterar o

consumo desses produtos porque houve variação em seus preços. Veja que

esses dois casos também são exemplos de bens comuns.

Você acha que uma pessoa poderá reduzir o consumo de um bem quando o

preço desse bem for reduzido? Ou seja, será que a queda do preço de um

produto pode induzir o consumidor a comprar menos daquele produto?

É intrigante essa situação, mas a resposta é SIM. É possível que uma pessoa

reduza o consumo de um bem pelo fato de o preço do produto ter caído.

Fazendo isso, ela passaria a ter uma quantidade maior de recursos para

adquirir outros bens. Acredito que a melhor forma de explicar tal evento é por

meio de um exemplo. Veja o exemplo.

Suponha que um consumidor esteja comendo batata no café da manhã, batata

no almoço e batata no jantar. Ele repete esse cardápio há 30 dias. Será que se

o preço da batata cair, o consumidor irá consumir mais batata? A resposta é

não. Se o preço da batata cair, esse consumidor dará graças a Deus por isso,

pois sobrarão mais recursos para a aquisição de outro bem e, assim, poderá

reduzir a quantidade demandada de batata.

Esses são os chamados BENS DE GIFFEN. Vamos a um exemplo.

Imagine que você tenha uma verba mensal de R$ 600,00 para fazer os seus

almoços de um mês e deverá dividi-la entre as duas possibilidades existentes,

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quais sejam: sanduíche ou filé com fritas. De início, te digo que você preferiria

sempre filé a sanduíche. Entretanto, o preço de uma refeição de filé custa,

atualmente, R$ 30,00 enquanto que o sanduíche custa R$ 20,00.

Assim sendo, se você tem esses preços e essa renda, a melhor forma que o

indivíduo teria de conseguir almoçar seria comendo apenas sanduíche nos

trinta dias. Dessa forma, estaria gastando a totalidade de sua verba mensal

com sanduíche. Mas observe, essa pessoa prefere comer filé a sanduíche e não

come filé todo dia senão os recursos acabariam em vinte dias e ela teria que

ficar dez dias sem almoço.

Suponha agora que o preço do sanduíche caia pela metade, ou seja, passe

para R$ 10,00. A idéia inicial seria a de que se o preço do sanduíche caiu, o

indivíduo deveria comer mais sanduíche, certo? Nesse caso, errado.

Errado, porque a queda no preço do sanduíche fez com que sobrasse dinheiro

e esse recurso poderia ser destinado a um bem que fizesse o consumidor mais

feliz. Observe que se o consumidor continuar comprando apenas sanduíche,

seu custo mensal de almoço passaria para R$300,00. Ele teria R$300,00 ainda

para gastar.

Sendo assim, qual seria a melhor escolha para o consumidor?

É claro que a melhor escolha seria comer apenas filé, mas o consumidor

continua sem ter recursos suficientes para isso. Assim, a melhor escolha seria

comer quinze dias de filé e quinze dias de sanduíche. Dessa forma, estaria

gastando R$ 450,00( ) com o almoço de filé e R$ 150,00 ( )

com o sanduíche.

Observe que o sanduíche é um bem de Giffen, pois uma queda em seu

preço provocou uma redução na quantidade demandada. Entretanto, tenho

que ressaltar que o sanduíche é um bem de Giffen para essa pessoas e nessa

circunstância narrada.

No entanto, você deve guardar que um bem só pode ser classificado conforme

sua situação, conforme o enredo da questão. Um bem de Giffen para uma

determinada pessoa pode ser comum para outra. Quero dizer com isso que

TODAS essas classificações são relativas.

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Certa vez, dando uma aula, um aluno me perguntou: Professor, você não vai

explicar o que é Bem de Veblen?

Eu respondi: Bem de quem??

Ele falou: Bem de Veblen.

Respondi: Nunca ouvi falar nisso. Onde você leu isso?

Ele responde: um professor me indicou um livro que fala desse bem.

Enfim, esse foi o papo que tive com o aluno. Chegando em casa peguei o

Varian e ele não falava nada, Pindyck não tinha nada, Mas-Colell muito menos.

No dia que tinha aula na UnB (estava fazendo meu Doutorado) perguntei à

minha orientadora e ela me respondeu: Bem de quem?? Ela sugeriu que eu

perguntasse ao professor de micro, doutor em uma TOP 5 americana. E lá fui

eu. Professor, o que é Bem de Veblen? E ele responde, nunca ouvi falar.

Enfim...Só me restava uma coisa (e não era acreditar no livro que o aluno

descreveu).

O que me restava? Procurar no Google. Lá, eu tinha certeza que acharia. E

descobri, claro.

Veblen era um economista nascido em 1857 e que veio a falecer em 1929

(ninguém nem sabia quem era Keynes na época). Pelo que li, ele vivia sempre

em conflito com os outros acadêmicos da época e tinha ideias bastante

independentes. Ficou conhecido como bem de Veblen1 aquele bem que teria a

demanda aumentada quando ocorresse um aumento no preço.

Dito isso, queria dizer a vocês para ESQUECEREM isso. Não existe essa

definição nem no Varian, Pindyck, Mas-Collel ou Ferguson. Logo, não podemos

levar em consideração, ou melhor, não devemos levar em consideração, na

minha opinião, esse tipo de bem.

O Mas-Collel define bem de Giffen da seguinte forma:

1 Importante destacar que além desse conceito não estar em nenhum dos livros de vanguarda, eu nunca vi esse assunto

sendo cobrado em prova e olha que já pesquisei nas provas que já foram elaboradas de 97 até os dias atuais.

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“Although it may be natural to think that a fall in a good´s price will

lead the consumer to purchase more of it, reverse situation is not an

economic impossibility. Good L is said to be a Giffen good at (p,w) if

0

,

L

L

p

wpx.”

Matematicamente, podemos dizer que:

Vamos interpretar a equação, conforme a definição do Mas-Collel2?

Observe que ele informa que um bem L é dito bem de Giffen se a relação

preço-quantidade for positiva. Apesar de a frase que foi transcrita não afirmar

que se a relação for positiva o bem é de Giffen, este fato é verdadeiro

também. Ou seja, vale o “se, e somente se” que é representado pelo símbolo

.

A equação descrita acima diz que se o preço cair e isso provocar uma redução

na quantidade demanda, o bem em questão é de GIFFEN. Esse é o caso do

exemplo do sanduíche, pois a razão entre dois número negativos (variações

negativas) é um número positivo(

).

Por outro lado, se o preço de um determinado bem for majorado e a demanda

por esse bem também crescer teremos uma relação de proporção direta entre

as grandezas(

), e o bem em questão também será considerado de

GIFFEN, conforme a definição apresentada. Um exemplo desse tipo? Em geral,

bens de ostentação possuem essa característica.

Imagine que você não entende nada de quadro, nunca foi a uma exposição e

nunca viu um quadro famoso. Em um leilão são apresentados dois quadros da

Monalisa. O primeiro deles enorme e o segundo pequeno. A sua tendência

inicial seria dar um lance maior no quadro maior, não é mesmo? Ainda mais se

você olhar para os dois e não ver diferença nenhuma entre eles. No entanto,

2 O livro do Mas-Collel é utilizado há alguns anos nos mestrados e doutorados de algumas das melhores universidades

brasileiras e americanas.

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após ficar sabendo que o menor é o autêntico, é capaz de você passar a dar

maior valor a ele pelo simples fato de poder dizer que comprou um Da Vinci.

Nesse exemplo, o preço subiu e você aumentou a demanda pelo quadro. Bens

de ostentação funcionam dessa forma.

• Se preço e quantidade forem grandezas diretamente

proporcionais, consideramos o bem como sendo de

GIFFEN.

Se preço e quantidade forem inversamente

proporcionais, o bem é COMUM.

2.1. Fatores que alteram a quantidade demandada

São cinco os fatores que podem modificar a quantidade demandada. São eles:

Preço;

Renda;

Preço de Produtos Relacionados;

Gosto; e

Expectativas

a) Preço

Esse princípio já foi anunciado. Em geral, uma variação no preço do produto

provoca uma alteração na quantidade demandada do mesmo. Importante

ressaltar que apesar de o examinador cobrar com bastante freqüência

questões acerca do Bem de Giffen, devemos pensar nesse bem apenas como

uma exceção.

Tendo em vista o fato de já termos discutido exaustivamente o seu

funcionamento, a partir de agora vamos tratar dos bens que possuem uma

relação preço-quantidade inversamente proporcional.

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Observe que a curva de demanda é uma função que exprime a quantidade

demandada pelos consumidores em função do preço do bem.

Matematicamente, temos:

Sendo a e b constantes positivas. O sinal negativo mostra que a curva de

demanda é negativamente inclinada, ou seja, que preço e quantidade são

grandezas inversamente proporcionais.

Sendo assim, quando aumentamos o preço do bem, haverá uma variação na

quantidade demandada do mesmo e, portanto, um deslocamento SOBRE a

curva de demanda. Veja a figura abaixo.

b) Renda

Uma variação na sua renda poderá provocar uma alteração na quantidade

demandada do bem.

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Se eu te perguntar, o que ocorreria com a demanda de um bem se você

passasse nesse concurso público e, portanto, tivesse a sua renda aumentada?

Provavelmente, você me responderia que esse aumento na sua renda

provocaria um aumento na quantidade demandada do bem.

Veja bem. Se atualmente você compra um curso de microeconomia do Ponto

dos Concursos, será que quando você passar no concurso e a sua renda for

aumentada, você irá comprar dois cursos de microeconomia? Você me disse

que quando a renda aumentar você irá aumentar a demanda do bem e, assim,

quando passar no concurso posso pressupor que comprará muito mais cursos

do Ponto, não é mesmo?

Pois bem. Já vimos que as coisas não funcionam assim. Existem alguns bens

que você gosta de consumir (não é o caso de microeconomia) e existem outros

que a situação te faz consumir. Muito provavelmente, quando a sua renda

aumentar você irá aumentar o consumo daqueles bens que você gosta de

consumir, mas que ainda não consome em uma quantidade adequada (por

exemplo, viagens). No entanto, aqueles bens que você não gosta, mas

consome por necessidade (como esse curso) podem ter o seu consumo

reduzido com o aumento da renda.

Isso dará origem a dois tipos distintos de bens. Serão os bens inferiores e os

bens normais.

Se não entenderam, não fiquem preocupados. Explico de novo e de uma forma

mais clara.

Se um consumidor tiver a sua renda aumentada e, com isso, optar por reduzir

o consumo de um bem, esse bem será chamado de inferior.

Já imagino que vocês devam estar com certa dúvida. Sempre pergunto em

sala: Se o seu salário aumentar, o que ocorrerá com o seu consumo dos bens.

E a galera em peso responde: aumentará. No entanto, isto não está correto,

como eu já disse.

Imagine um bem que você não goste, mas consome porque não tem condições

de comprar outro bem melhor, o que você gosta. Vou dar um exemplo que

ocorreu comigo mesmo.

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Antes de passar em um concurso público, fui morar em Brasília para trabalhar

como engenheiro. Foi uma época difícil, despesa com moradia aqui não é nada

barata e o salário de engenheiro, na época, bem baixo. Portanto, era sempre

necessário economizar para não ter que ficar pedindo dinheiro para meu pai.

Um bem que não me agrada, em nenhuma hipótese, é carne de frango. Eu não

gosto mesmo, mas quando tenho que comer, só o faço se for peito de frango.

Mas duro, sem grana, morando em uma cidade cara, tinha que abrir uma

exceção. Éramos 7 dividindo uma casa (uma república com três homens e

quatro mulheres), todos sem dinheiro. Então, ficou decidido que comeríamos

frango três vezes por semana (segunda, quarta e sexta), pois, na época, o

frango custava algo em torno de R$ 1,00 / quilo.

Conclusão: na minha cesta de consumo tinha o frango, entre outros

bens.

Um ano depois passei no concurso do BACEN. Te pergunto: Você acha que, por

ter passado no concurso e estar recebendo um salário maior, eu aumentei o

consumo de frango? Claro que não. Na verdade, quase deixei de comer

frango.

Logo, vimos que um aumento de renda pode provocar uma redução na

quantidade demandada de um bem. Se isso ocorrer, dizemos que esse bem é

inferior.

Portanto, bens inferiores são aqueles que: 0

R

Q X

D . Observe que se a sua

renda reduzir e a demanda pelo bem aumentar, esse bem também é inferior.

Matematicamente:

Bem Inferior 0

X

X

D

R

Q

Conclusão: Se a demanda pelo bem estiver em uma direção e a renda na

direção oposta, esse bem será considerado inferior.

Chegou a hora de explicar a equação, não é mesmo?

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Se o aumento da renda induzir a uma redução da demanda(

), a relação

entre as grandezas será inversamente proporcional e a razão negativa. Assim,

o bem será considerado inferior. De forma análoga, se a redução da renda

provocar um aumento da demanda(

), o bem também é considerado

inferior.

No entanto, alguns dos bens que eu consumia antes de passar no concurso me

deixavam satisfeitos. Esses bens tiveram um aumento de consumo quando

a renda aumentou. Entre eles, podemos citar, no meu caso, viagens,

picanha, filé mignon, entre outros.

Segundo Hal Varian:

“Normalmente pensaríamos que a demanda por um bem aumenta

quando a renda aumenta. Os economistas, com uma falta singular de

imaginação, chamam esses bens de normais.”

Portanto, gravem: o inverso dos bens inferiores são os bens normais.

Matematicamente, dizemos que um bem é normal:

Bem Normal 0

X

X

D

R

Q

A equação acima indica que quando a renda e a quantidade demandada de um

bem forem grandezas diretamente proporcionais, o bem será considerado

normal. Ou seja, se uma pessoa tiver um aumento da renda e optar por

aumentar o consumo de um bem(

), esse bem poderá ser considerado

normal, nessa situação. Por outro lado, se uma pessoa tiver a sua renda

reduzida e com isso reduzir o consumo de um bem(

), esse bem também

será considerado normal.

Como foi dito anteriormente, uma mudança na renda poderá proporcionar uma

mudança na quantidade demandada do bem mesmo sem que ocorra a

mudança em seu preço. Como a função de demanda mostra uma relação entre

o preço e a quantidade demandada de um bem, não teremos o que fazer a não

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ser DESLOCAR a curva para que seja possível aumentar a quantidade

demandada a um determinado nível de preço. Veja na figura abaixo:

Guarde uma dica. Sempre que o preço alterar a demanda, exatamente pelo

fato de a curva estar em um plano PREÇO x QUANTIDADE, ocorrerá um

deslocamento sobre a curva de demanda. Qualquer outra variável que venha a

modificar a quantidade demandada, exatamente pelo fato de manter o preço

em um nível constante, provocará um deslocamento da curva de demanda.

O último detalhe que gostaria de salientar nesse item é que todo bem de

Giffen é inferior, mas nem todo inferior é de Giffen. Observe o diagrama de

Venn abaixo:

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Observe que a totalidade dos bens que são classificados como bem de Giffen

estão dentro dos bens inferiores. Tomando como referência o diagrama acima,

vemos que os bens de Giffen encontram-se inseridos no círculo e a totalidade

do círculo é subconjunto dos bens considerados inferiores. No entanto, é

importante notar que existem alguns bens inferiores que não estão dentro do

círculo. É exatamente por esse motivo que todo Giffen é inferior, mas nem

todo inferior é Giffen.

Tem mais um detalhe importante. Se o examinador afirmar que quando o

preço de um bem cai e, consequentemente, isso provoca uma queda na

quantidade demanda, sabemos que o bem é de Giffen. E como todo Giffen é

inferior, podemos afirmar que se um bem tem uma queda no preço e, em

conseqüência disso, sua demanda é reduzida, esse bem é inferior (pois é

Giffen).

Ultimamente tem sido muito comum o examinador colocar algumas afirmativas

que não explicitam diretamente os bens de Giffen. Entretanto, nós já vimos

que todo Giffen é inferior e não existe nenhum Giffen que seja normal. Logo,

nenhuma normal é Giffen, certo? Portanto, se um examinador afirmar que um

bem é normal, ele pode estar querendo afirmar que aquele bem não é de

Giffen e as grandezas preço e quantidade são inversamente proporcionais.

Na verdade pessoal essa é a grande diferença de uma aula escrita como essa.

Estou sempre com o intuito de mostrar a vocês o assunto da forma mais clara

e falando das tendências mais atuais dos examinadores. É assim que faremos

o tempo todo do curso. Dicas e mais dicas de resolução de questões.

c) Preço de Produtos Relacionados

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Importante ressaltar que um único bem pode ter várias classificações. Por

exemplo, ele pode ser normal e comum, inferior e comum, Giffen e inferior. Ou

seja, não é apenas uma classificação por cada bem.

Nesse tópico apresentaremos outra classificação para os mais variados bens.

Imagine dois bens, por exemplo, manteiga e margarina. Suponha ainda que

você é uma pessoa indiferente entre o consumo desses bens. Logo, se o preço

da manteiga sobe, você irá reduzir o consumo da manteiga e substituí-la pela

margarina. Sendo que esta última terá seu consumo majorado. Se o preço da

manteiga cair, você vai consumir mais margarina.

Pois bem, se dois bens tiverem essa característica eles são denominados de

bens substitutos. Ou seja, se a mudança no preço de um dos bens provocar

uma mudança na demanda do outro bem eles podem ser substitutos. Serão

considerados substitutos se o aumento no preço de um bem provocar aumento

da demanda do outro bem. De forma análoga, dois bens são substitutos se a

redução no preço de um dos bens provocar redução na demanda do outro

bem.

Com isso concluímos que:

Bens Substitutos 0

Y

X

D

P

Q

É importante esclarecer que o símbolo ( ) significa se, e somente se. A

conclusão acima deve ser lida da seguinte forma:

Os bens são substitutos se 0

Y

X

D

P

Q for verdadeiro e se 0

Y

X

D

P

Q, os bens são

substitutos.

Querem a interpretação da equação? Tenho certeza de que já conseguem fazer

isso sozinhos, mas vamos lá.

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Quando a relação entre o preço de um dos bens e a quantidade do outro bem

for diretamente proporcional, a razão entre a variação das grandezas será

positiva(

) e, portanto, os bens serão considerados substitutos. Falta

sabermos a lógica econômica, não é mesmo? Pois bem, os bens são

considerados substitutos porque as pessoas acabam trocando um bem pelo

outro, substituem esses bens na sua cesta de consumo. Esse é o caso da

margarina e da manteiga para o consumidor em questão. No entanto, pode ser

que você não considere esses dois bens substitutos, por não gostar de

margarina de forma alguma, mas algumas pessoas consideram.

Agora imaginemos a gasolina e o óleo de motor. Se o preço da gasolina

aumentar, as pessoas tendem a andar menos de carro e, portanto, reduzem a

demanda por gasolina. Se as pessoas andarem menos de carro, elas passarão

mais tempo sem efetuar a troca de óleo e, assim, a demanda por óleo de

motor será reduzida. Recapitulando, um aumento no preço da gasolina reduz a

demanda por gasolina e, conseqüentemente, reduz a demanda por óleo de

motor. Esses dois bens são considerados bens complementares.

São complementares aqueles bens que, em geral, o consumo de um bem induz

o consumo de outro. Temos vários exemplos que funcionam bem, a pinga e o

limão, a goiaba e o queijo minas. Enfim, é claro que coloquei esses exemplos,

até certo ponto grotestos e regionalistas, para conseguir ilustrar a questão.

Com isso concluímos que:

Bens Complementares 0

Y

X

D

P

Q

Observe que está havendo uma mudança na quantidade demandada do bem X

porque o preço do bem Y está sendo alterado. Dessa forma, haverá um

deslocamento da curva de demanda, como ocorre no caso da renda.

d) Gosto

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E possível que o gosto de uma pessoa altere o consumo de um determinado

bem. Esse consumo poderá ser aumentado ou reduzido. Isto depende do bem

e de cada pessoa.

Apesar de esse ser mais um motivo para que haja alteração na quantidade

demandada, não me lembro de nenhuma questão em prova que isso foi

cobrado.

Importante lembrar que essa alteração na quantidade demandada, tendo em

vista o fato de que o preço do bem não é alterado, provoca um

DESLOCAMENTO na curva de demanda.

e) Expectativas

As expectativas modificam a quantidade demandada. Imagine que após ler

essa aula, você decidiu se matricular no curso de Micro com a convicção de

que se tudo for explicado dessa forma, não haverá nada que você não consiga

compreender muito bem. E aí, você optou por comprar o curso dado que isso

criou uma expectativa de aumento da probabilidade de passar. Com esse

aumento, você acaba indo ao Shopping fazer compra e começando a gastar

por conta, pois houve uma mudança da expectativa.

Enfim, assim como esse exemplo que coloquei para vocês, vários outros

podem ser colocados e inventados pelo examinador. O importante é tentar

notar qual dos itens está alterando a demanda. Se for a expectativa a curva de

demanda também será DESLOCADA.

Alguns autores afirmam que a quantidade de compradores também altera a

quantidade demandada. Entretanto, tal afirmativa é encontrada, apesar de

estar correta, em um pequeno número de acadêmicos. No entanto, essa

afirmativa pode ser considerada correta sem o menor problema, pois aqueles

que não colocam essa alternativa acabam por afirmar de forma implícita que o

número de compradores foi aumentado por causa de alguma expectativa que

foi gerada. Sendo assim, aqueles autores que não explicitam essa sexta

característica que modifica os preços, acabam considerando-a nas

EXPECTATIVAS.

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Todo bem de Giffen é inferior, mas nem todo inferior é

Giffen.

Se um bem for normal, ele não será de Giffen.

Se o preço de um bem for alterado, haverá um

deslocamento sobre a curva de demanda.

Se a mudança na demanda de um bem vier de uma

alteração na renda de um indivíduo, preço de um bem

relacionado, gosto ou expectativas, haverá um

deslocamento da curva de demanda. Lembre-se de

que o preço do bem é mantido constante.

3. Curva de Oferta

A curva de oferta informa a quantidade a ser produzida de um produto a

cada nível de preço.

Se quando estudamos a curva de demanda estávamos raciocinando como se

fossemos um consumidor, neste momento deveremos passar a raciocinar

como um empresário uma vez que estamos estudando a curva de oferta.

De uma forma geral, sabemos que quanto maior for o preço de um bem mais

os produtores querem vender daquele bem. Veja que estou falando de uma

forma geral, claro que existem exceções.

Dessa forma, a curva de oferta será uma curva positivamente inclinada que se

situa no espaço preço x quantidade, como demonstrado abaixo:

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Observe que quando o preço do bem era P1, havia uma quantidade ofertada

igual a Q1. À medida que o preço do bem aumentou, o empresário passou a ter

um estímulo maior a aumentar a quantidade ofertada. Dessa forma, quando o

preço passa para P2, o empresário aumenta a sua produção e passa a ofertar a

quantidade Q2.

Diferentemente de quando estávamos estudando a curva de demanda, na

curva de oferta não temos as classificações dos bens em vários tipos, mas há

uma exceção também. Exceção essa que faz com que a curva de oferta possa

ser negativamente inclinada.

Em geral sabemos que quanto maior o preço, maior a quantidade ofertada.

No entanto, imagine uma situação em que há a criação de um site para

concursos público, imaginemos a situação do Ponto dos Concursos. Há a

necessidade de se fazer uma instalação inicial, contratar servidores que

consigam armazenar as aulas, alugar sala, funcionários e por aí vai. Em

determinado momento o site entra em contato com um professor de

Microeconomia com o intuito de ministrar um curso da matéria. O professor irá

dispor de uma quantidade x de horas para poder elaborar o curso e, para valer

a pena, quer uma determinada remuneração.

Para que essa remuneração seja conseguida, haverá uma cobrança do curso.

No entanto, quanto maior for o número de alunos, menor poderá ser o preço

do curso. O curso pode ser ofertado em uma quantidade muito grande e uma

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redução de preço pode aumentar a quantidade a ser ofertada pelo curso

(pense que existe servidor em número suficiente).

É mais fácil pensar neste ponto, se analisarmos a curva de oferta e de

demanda juntas, pelo menos intuitivamente é isso que faremos.

Imagine que sejam 50 alunos interessados no curso, assim o preço deverá ser

um para cobrir os custos. No entanto, se o preço for reduzido isso induzirá a

um aumento do número de alunos, mas não haverá um acréscimo tão grande

no trabalho do professor ou no custo do site. Basicamente, terá um incremento

nas respostas do fórum.

Dessa forma, a oferta poderá ser aumentada para 100 e o preço cobrado ser

mais baixo. Se o preço cair pode ser que a demanda aumente novamente e a

oferta volte a aumentar com preço ainda mais baixo. Observe que para que

haja uma curva de oferta negativamente inclinada, há a necessidade de

ganhos de escala, fato que ocorre em cursos via internet ou tele-presenciais.

3.1. Fatores que alteram a quantidade ofertada

São quatro3 os fatores que podem modificar a quantidade ofertada. São eles:

Preço;

Preço dos Insumos;

Tecnologia; e

Expectativas

a) Preço

Esse princípio já foi anunciado. Em geral, uma variação no preço do produto

provoca uma alteração na quantidade ofertada do mesmo. Importante

ressaltar que são poucas as questões que versam sobre curva de oferta

negativamente inclinada. Isso é muito raro.

3 Alguns autores podem colocar vários outros fatores. Entretanto, esses quatro fatores são os apresentados pelos mais

renomados. Em geral, os outros podem ser encaixados no item expectativas.

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Se examinador fizer uma pergunta e nela afirmar que a curva de oferta é

positivamente inclinada, a tendência é que você marque que o item está

correto, pois não foi utilizado nenhum chavão (sempre, nunca, etc). Logo, a

pergunta fala de uma forma geral sobre a curva de oferta e, em geral, ela é

positivamente inclinada.

Observe que a curva de oferta é uma função que exprime a quantidade

ofertada pelos produtores em função do preço do bem. Matematicamente,

temos:

QO = a + bP

Sendo a e b constantes positivas. E o sinal positivo mostra que a curva de

oferta é positivamente inclinada. Sendo assim, quando aumentamos o preço

do bem, haverá uma variação na quantidade ofertada do mesmo e, portanto,

um deslocamento SOBRE a curva de oferta. Veja a figura abaixo.

b) Preço dos Insumos

Uma mudança no preço dos insumos4 provoca uma alteração na quantidade

ofertada do bem.

Se o preço do insumo subir, haverá um aumento no custo de produção que

provocará uma redução no lucro. Essa redução no lucro faz com que o

empresário tenha interesse em reduzir a quantidade ofertada do bem.

Já sei. Você deve estar pensando assim: se há uma redução no lucro, seria

mais interessante que o empresário aumentasse a quantidade ofertada com o

objetivo de ter o mesmo nível de lucro.

Não é assim que você deve raciocinar. Pense no lucro por unidade produzida,

mas como um percentual. Se o lucro por unidade cair em termos percentuais,

4 Segundo o Mini-dicionário Aurélio, insumo é o “elemento que entra no processo de produção de mercadorias ou

serviços (máquinas e equipamentos, trabalho humano, etc.); fator de produção.”

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pode ser que seja mais interessante para alguns empresários vender a

empresa e aplicar no mercado financeiro.

Entendido? Grave então, se o preço de um insumo subir haverá uma redução

na quantidade ofertada.

Observe que haverá uma mudança apenas no preço do insumo, sendo que o

preço do bem será mantido constante. Como a curva de oferta mede a relação

em um plano preço do bem x quantidade ofertada do bem, para que mudemos

a quantidade ofertada sem que seja feita qualquer mudança no preço do bem

será necessário DESLOCAR A CURVA DE OFERTA.

Portanto, um aumento no preço do insumo provoca uma redução na

quantidade ofertada, deslocando a curva de oferta para cima e para a

esquerda, conforme mostrado abaixo:

Por outro lado, se o preço de um insumo ficar mais barato, isso provocará uma

redução no custo do empresário e mantendo o preço do produto constante,

aumentará o lucro. Dessa forma, o empresário terá um incentivo a aumentar a

quantidade ofertada do bem.

Ao aumentar a quantidade ofertada do bem, como o preço do bem está

mantido constante, o empresário estará provocando um deslocamento da

curva de oferta para baixo e para a direita.

Já sabemos que se uma alteração no preço de um bem modificar a sua

quantidade ofertada haverá um deslocamento sobre a curva de oferta. No

entanto, é importante destacar que qualquer outra variável que modificar a

quantidade ofertada, tendo em vista o fato de que o preço é mantido

constante, provocará um deslocamento da curva de oferta.

Observe que para fazer qualquer tipo de análise em economia precisamos

alterar uma variável e manter todas as outras variáveis constantes. Assim,

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podemos entender o que aquela variável sozinha pode provocar. Portanto, a

nossa análise sempre será ceteris paribus5.

Segundo Mankiw:

“Os economistas usam a expressão ceteris paribus para dizer que

todas as variáveis relevantes, exceto a que estiver sendo estudada na

ocasião, são mantidas constantes. A expressão latina significa,

literalmente, “outras coisas sendo iguais”. A curva de demanda se

inclina para baixo porque, ceteris paribus, preços menores indicam

uma maior quantidade demandada.

Embora a expressão ceteris paribus se refira a uma situação

hipotética na qual algumas variáveis são mantidas constantes, no

mundo real muitas coisas se alteram simultaneamente. Por isso,

quando usarmos ferramentas de oferta e de demanda para analisar

fatos ou políticas, é importante ter em mente o que está sendo

mantido constante e o que está mudando.”

c) Tecnologia

Sabemos que, normalmente, há um ganho tecnológico com o passar do tempo.

Esse ganho tecnológico contribui para aumentar a quantidade ofertada dos

bens. Esse é o senso comum e deve ser assim que você está pensando, certo?

Então me explique. Você concorda que uma TV LED é mais desenvolvida

tecnologicamente que uma TV de Plasma, certo? Então, porque que a

quantidade ofertada de TV LED é menor que a quantidade ofertada de TV de

Plasma?

Talvez você deva estar pensando: isto ocorre porque a TV LED é muito cara.

Não, não é por causa disso. Se pensar assim, entraremos no problema do ovo

e da galinha...rsrs

5 Alguns autores escrevem “coeteris paribus”.

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Na verdade, a curva de oferta da TV de LED é uma e a curva de oferta da TV

de Plasma é outra, completamente diferente. Isto porque estamos falando de

produtos diferentes. Logo, possuem curvas diferentes.

Observe que não estamos falando de tecnologia de produto e o exemplo que

coloquei para vocês diz respeito à tecnologia do produto. Quando falamos de

tecnologia provocando um aumento na quantidade ofertada, estamos

nos referindo à TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO.6

E isso faz todo sentido, pois se passamos a ter uma máquina mais produtiva,

mais eficiente, ela poderá contribuir para aumentar a quantidade a ser

ofertada pelos empresários. É claro que, em princípio, estamos tratando o

preço do bem como constante e esse aumento da tecnologia de produção

provocará um deslocamento da curva de oferta para baixo e para a direita.

Guarde duas coisas muito importantes aqui.

A primeira é que o examinador vai querer te enrolar e falar de tecnologia do

produto, mas você não pode, em hipótese alguma, errar uma questão desse

tipo. O que altera a quantidade ofertada é a TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO.

A segunda é que a tecnologia de produção provoca um DESLOCAMENTO da

curva de oferta.

d) Expectativas

Expectativas... Quem adora questão com expectativas é o CESPE, pois assim

ele pode inventar qualquer história e fazer a pergunta. Cai em todas as

bancas, mas o CESPE é campeão nesse item.

As expectativas modificam a quantidade ofertada. Imagine que o Ministério da

Fazenda fez uma previsão de que o Brasil irá crescer 6%, em média, nos

próximos quatro anos. Isso é uma indicação de que a renda da população deve

aumentar e assim altera a nossa expectativa a respeito do País. Dessa forma,

com a mudança da expectativa em relação à renda das pessoas, o empresário

acaba aumentando a quantidade ofertada do bem.

6 É fundamental que você consiga fazer essa diferenciação. Faz toda a diferença na análise da questão.

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Por outro lado, se um empresário do setor hoteleiro está pensando em

construir um complexo hoteleiro no nordeste com o intuito de competir com a

Croácia e Emirados Árabes como destino dos europeus nas férias e escuta falar

que há uma tendência de valorização da moeda nacional em relação ao Euro e

ao dólar, imediatamente ele passa a ter uma expectativa pessimista em

relação ao seu empreendimento. Isto ocorre porque boa parte do seu custo

será em moeda nacional e está sendo criada uma expectativa de que ela fique

cada vez mais forte e, portanto, o destino pode estar ficando caro para os

europeus. Essa expectativa pode acabar fazendo com que haja uma redução

da quantidade ofertada.

Enfim, assim como esse exemplo que coloquei para vocês, vários outros

podem ser colocados e inventados pelo examinador. O importante é tentar

notar qual dos itens está alterando a oferta. Se for a expectativa a curva de

oferta também será DESLOCADA. Esse deslocamento pode ser tanto na

direção do aumento quanto da redução da quantidade ofertada.

DICA: A primeira coisa que devemos fazer quando pegamos uma questão de

oferta e demanda é tentar saber qual fator está alterando a curva. Em geral, o

erro da questão está no deslocamento SOBRE a curva ou no deslocamento

DA curva.

4. Equilíbrio

Já estudamos tanto a curva de demanda quanto a curva de oferta

separadamente. Agora, vamos juntar as duas curvas no mesmo espaço e

verificar o que ocorre. É isso que chamamos de equilíbrio de mercado. Cuidado

com uma coisa. Aqui estamos falando de equilíbrio parcial e não de equilíbrio

geral.

Lembre-se que apesar de tanto a curva de oferta quanto a curva de demanda

poderem ser tanto positivamente quanto negativamente inclinadas, sempre

que ouvirmos falar em curva de demanda pensaremos em uma curva

negativamente inclinada (descendente da esquerda para a direita). Quando

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ouvirmos falar na curva de oferta, devemos pensar em uma curva

positivamente inclinada (ascendente da esquerda para a direita).

Portanto, em geral, não se deve utilizar a curva de demanda positivamente

inclinada (bem de Giffen) e a curva de oferta negativamente inclinada (ganhos

de escala). Isso somente deve ocorrer quando estivermos tratando de

exceções. Ou seja, se o examinador falar de uma curva de oferta ou de uma

curva de demanda, devemos fazer um desenho de curvas positivamente e

negativamente inclinadas, respectivamente. Veja abaixo como proceder:

O ponto em que as curvas de oferta e demanda se cruzam se chama

EQUILÍBRIO. Esse ponto indica o nível de preço e a quantidade que está

sendo negociada de forma que não há sobra de estoque ou falta de produto.

Ou seja, se o preço do bem em questão estiver cotado em P1, tudo que for

produzido pelo empresário será vendido e não haverá formação de estoques

nem falta de produtos. Mais à frente veremos o que ocorre se o preço cobrado

estiver acima ou abaixo de P1.

Existem tipos diversos de questões que podem ser formuladas com o

equilíbrio. A primeira delas ocorre quando o examinador determina uma

equação matemática que represente a demanda e uma equação que

represente a oferta. Com o objetivo de encontrar o equilíbrio, basta igualarmos

as equações que determinam as curvas.

Observe que o equilíbrio ocorre no ponto de encontro entre as duas curvas.

Assim, quando igualamos a equação da curva oferta com a equação da curva

demanda estamos supondo que a quantidade ofertada iguala a quantidade

demandada. Dessa forma, iremos encontrar o ponto em cada uma das retas

(das curvas de oferta e demanda) que equilibra o mercado.

Já sei que você deve estar se perguntando o motivo pelo qual você deve

igualar as curvas, certo?

Vou te explicar. Observe que a equação que determina a demanda informa a

quantidade que está sendo demandada a cada nível de preço. Por outro lado, a

equação que determina a oferta informa a quantidade que está sendo ofertada

a cada nível de preço.

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No equilíbrio, a quantidade que está sendo demandada é a mesma da que está

sendo ofertada. Portanto, ao igualarmos as duas curvas, estamos dizendo que

a quantidade ofertada se iguala à quantidade demandada. Dessa forma,

formaremos uma equação que depende do preço, uma vez que o preço que

está na equação da demanda é igual ao preço da equação da oferta. Se

resolvermos a equação formada, encontraremos o preço de equilíbrio e se esse

preço for o praticado no mercado, isso significa que toda a produção está

sendo vendida e não sobra nem falta nenhuma unidade do produto.

Vamos a um exemplo, para que vocês compreendam o procedimento a ser

utilizado.

Imagine que as curva de demanda e oferta sejam designadas pelas seguintes

equações, respectivamente:

QD = 90 - 6P

QO = -10 + 4P

Se estivermos interessados em encontrar o preço de equilíbrio, devemos

assumir que este preço ocorrerá quando a quantidade ofertada for igual à

quantidade demandada, ou seja, QO = QD. Matematicamente, temos:

00,10P

100P10

1090P6P4

P690P410

QQ DO

Observe que ao igualarmos as equações e resolvermos para P, encontraremos

que o preço de equilíbrio será igual a R$10,00. Se substituirmos esse valor em

qualquer uma das duas equações (oferta ou demanda), a quantidade

encontrada deverá ser a mesma. Afinal de contas, saímos exatamente desse

pressuposto para encontrar o preço.

Vamos verificar qual a quantidade demandada se o preço for igual a R$10,00:

QD = 90 - 6P

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QD = 90 – 6x10

QD = 90 – 60

QD = 30 unidades

Vamos, agora, verificar qual a quantidade ofertada se o preço for igual a

R$10,00:

QO = -10 + 4P

QO = -10 + 4x10

QO = -10 + 40

QO = 30 unidades

Observe que o resultado encontrado foi exatamente o que estávamos

prevendo, ou seja, que ao preço de R$10,00 a quantidade ofertada é igual à

quantidade demandada.

Isso significa que se o preço do bem estiver cotado a R$10,00, o empresário

deverá optar por produzir 30 unidades do bem. De forma análoga, se o preço

estiver cotado a R$10,00, o consumidor irá demandar 30 unidades do bem. E,

dessa forma, tudo que está sendo produzido pelo empresário está sendo

adquirido pelo consumidor e, com isso, estamos com o mercado em equilíbrio.

Graficamente, podemos representar da seguinte forma:

Imagine a situação em que o preço do mercado esteja abaixo do preço de

equilíbrio. Porque motivo? Que tal pelo fato de o Governo ter congelado os

preços em um patamar inferior àquele que seria o de equilíbrio7.

Se o preço da mercadoria estiver cotado a R$8,00, haverá um aumento da

quantidade demandada do bem uma vez que ele está custando menos e, ao

mesmo tempo, uma redução da quantidade ofertada, pois o bem está com um

preço mais baixo.

Veja que se colocarmos esse preço na equação de demanda, teremos:

7 Tal pressuposto nos faz relembrar o congelamento imposto pelo Plano Cruzado em 1986.

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QD = 90 - 6P

QD = 90 – 6x8

QD = 90 – 48

QD = 42 unidades

De forma análoga, com o preço de R$8,00, a quantidade ofertada seria de:

QO = -10 + 4P

QO = -10 + 4x8

QO = -10 + 32

QO = 22 unidades

Portanto, vemos que quando o preço estiver abaixo do preço de equilíbrio, a

quantidade demandada supera a quantidade ofertada e, com isso, faltará

produto no mercado. A diferença entre as quantidades, nesse caso, será

chamada de excesso de demanda ou escassez de produtos.

Graficamente, temos:

Por outro lado, imaginemos uma situação em que o preço de mercado se situa

acima do preço de equilíbrio. Isso pode ocorrer em uma economia com livre

comércio e na qual o preço de equilíbrio internacional encontra-se em nível

superior ao preço de equilíbrio. Logo, este fato induzirá a um aumento no

preço interno do produto, redução da quantidade demanda internamente e

aumento na quantidade produzida pelo empresário.

Outra opção ocorre quando o Governo opta por estabelecer um preço mínimo

para um produto com o intuito de induzir a produção e não provocar o

desabastecimento.

Veja o que ocorrerá se colocarmos o preço de R$13,00 na curva de demanda:

QD = 90 – 6P

QD = 90 – 6x13

QD = 90 – 78

QD = 12 unidades

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De forma análoga, com o preço de R$13,00, a quantidade ofertada seria de:

QO = -10 + 4P

QO = -10 + 4x13

QO = -10 + 52

QO = 42 unidades

Observe que quando o preço está acima do preço de equilíbrio, a quantidade

ofertada supera a quantidade demandada e, com isso, sobrará produto no

mercado. A diferença entre as quantidades, nesse caso, será chamada de

excesso de oferta ou excedente de produtos.

Graficamente, temos:

Vamos passar a mais uma etapa do estudo do equilíbrio, a última. Vou te fazer

uma pergunta e vamos ver se você consegue me responder corretamente.

O que ocorre com a quantidade demandada da cerveja Antarctica se o preço

da cerveja Skol aumentar?

Não vale responder que você não gosta de Antarctica e só toma Skol, está

combinado?

A ideia é a seguinte: se o preço da cerveja Skol aumentar, haverá uma

redução na quantidade demandada por Skol e, consequentemente, um

aumento na demanda por Antarctica. Afinal de contas, os dois bens são

substitutos. Veja:

ANTARCTICAD

SKOLDSKOL Q Q P

Esse aumento no preço da Skol provoca um deslocamento na curva de

demanda8 de D1 para D2, uma vez que essa mudança foi provocada por uma

alteração no preço de produto relacionado. Veja o gráfico:

8 Já sei que você deve estar querendo saber se a curva de demanda é da Skol ou da Antarctica. Como o preço majorado

foi o da cerveja Skol, só podemos deslocar a curva de demanda da Antarctica. Se estivéssemos com o gráfico da cerveja

Skol, o deslocamento ocorreria sobre a curva de demanda, uma vez que a alteração ocorreu no preço do bem.

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Observe que para um dado preço P1 da cerveja Antarctica, tendo em vista o

fato de o preço da Skol ter sido majorado, haverá um aumento na demanda

por Antarctica para Q2. Dessa forma, o mercado sairá do equilíbrio, pois a

quantidade ofertada de Antarctica será Q1 (representado pelo ponto 1 do

gráfico) e a quantidade demandada será Q2 (representado pelo ponto 2 do

gráfico). Observe ainda que o preço da cerveja Antarctica não sofreu qualquer

alteração até o momento e continua sendo P1.

Com o mercado em desequilíbrio e a quantidade demandada sendo maior que

a quantidade ofertada, haverá formação de filas para a aquisição do bem e,

portanto, um aumento do mesmo. Quando aumentamos o preço da cerveja

Antarctica, haverá um deslocamento sobre a curva de oferta (do ponto 1 para

o ponto 3) e um deslocamento simultâneo sobre a curva de demanda (do

ponto 2 para o ponto 3), até que o equilíbrio seja reestabelecido. Veja o gráfico

abaixo:

Dessa forma, no final, haverá um aumento no preço e na quantidade de

equilíbrio da cerveja Antarctica. (representado pelo ponto 3). Nesse momento,

chegamos a um equilíbrio parcial.

Não vou ficar repetindo esse procedimento diversas vezes. Se houver um

deslocamento, seja da curva de demanda ou da curva de oferta, haverá um

desequilíbrio inicial. Em seguida, as forças de mercado irão estabelecer um

novo equilíbrio para o mercado.

5. Elasticidades

A elasticidade tem como objetivo medir a reação ocorrida em uma variável

quando uma segunda variável for modificada.

Sabemos que, em geral, quando o preço de um bem aumenta, a quantidade

demandada do mesmo cai. Será que um empresário, antes mesmo de

aumentar o preço do seu produto, gostaria de saber como as pessoas iriam

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reagir a esse aumento de preços? Será que ele se interessaria em saber qual

seria a redução percentual no consumo para cada 1% de aumento no preço?

Essa medida é dada pela elasticidade.

Existem inúmeras elasticidades, mas todas nos informam a relação entre duas

variáveis quaisquer.

Podemos conceituar a elasticidade como sendo um número que informa a

variação percentual em uma variável em decorrência de uma mudança

de 1% em outra variável.

Segundo Pindyck:

“Já vimos que a demanda por uma mercadoria depende de seu preço,

bem como da renda do consumidor e dos preços de outras

mercadorias. De modo semelhante, a oferta depende do preço, bem

como de outras variáveis que afetam o custo de produção. Por

exemplo, se o preço do café aumenta, sua quantidade demandada

cairá e sua quantidade ofertada aumentará. Frequentemente,

contudo, desejamos saber quanto irá aumentar ou cair a oferta ou a

demanda. Quão sensível será a demanda de café em relação a seu

preço? Se o preço aumentar 10%, qual deverá ser a variação da

demanda? Quanto seria a variação da demanda se o nível de renda

aumentasse em 5%? Utilizamos elasticidades para responder a

perguntas como essas.

A elasticidade é uma medida da sensibilidade de uma variável em

relação a outra. Mais especificamente, trata-se de um número que

nos informa a variação percentual que ocorrerá em uma variável

como reação a uma variação de 1% em outra variável.”

Apresentamos, acima, uma definição generalizada acerca do conceito

elasticidade. No entanto, em microeconomia, estudaremos, em princípio,

quatro importantes elasticidades9, quais sejam:

Elasticidade-preço da demanda10;

9 A elasticidade é um importante informação a ser considerada quando estamos pensando em mercados regulados.

10 Também pode ser chamada de elasticidade-preço da procura. Em todas as elasticidades, o termo demanda pode ser

substituído pelo termo procura sem que o significado seja alterado.

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Elasticidade-renda da demanda;

Elasticidade cruzada da demanda11; e

Elasticidade-preço da oferta.

5.1. Elasticidade-preço da demanda

A elasticidade-preço da demanda informa a variação percentual que

ocorrerá na quantidade demandada de determinado bem quando o preço deste

bem for modificado em 1%12.

A elasticidade-preço da demanda é representada pela seguinte equação13:

Q

P

P

Q

P

P

Q

Q

P

P

Q

Q

D

Vamos, em primeiro lugar, discutir o que significa, por exemplo, Q

Q. É o

mesmo que 1

12

S

SS

S

S

, sendo que S é o salário recebido por você.

Esses anos de sala de aula me ensinaram que se os alunos não entenderem

alguma coisa, mexa no bolso deles que irão entender rapidamente... E é isso

que farei com vocês.

Imagine, então que você perceba um salário mensal de R$3.000,00. Seu chefe

acaba de te informar que você terá um aumento de 10% no salário pelos bons

serviços prestados. Sabemos que, dessa forma, seu salário passará a ser de

R$3.300,00, concorda? Logo, seu salário inicial (S1) era de R$3.000,00 e o seu

salário final (S2) passou a R$3.300,00. Com isso, temos:

11

Também conhecida como elasticidade-preço cruzado da demanda. 12

Essa alteração pode ser tanto com aumento ou redução no preço. 13

Importante ressaltar que mais à frente explicarei o que é uma derivada. Não há necessidade de se preocupar com isto

nesse momento. Entretanto, aquelas pessoas que sabem, já podem ir utilizando o conceito. Q

P

P

Q

Q

P

P

Q

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%1010,03000

300

3000

30003300

S

SS

S

S

1

12

Observe que o resultado encontrado foi idêntico ao valor percentual do

aumento dado. Então, quando estamos falando de Q

Q, estamos verificando

qual a variação percentual na quantidade demandada. De forma análoga, P

P é

a variação percentual no preço.

Portanto, a elasticidade-preço da demanda irá informar quantos por cento

variou a quantidade demandada para cada variação percentual do preço do

bem.

Sabemos que, em geral, um aumento nos preços provoca uma redução na

quantidade demandada e, analogamente, uma redução nos preços provoca um

aumento na quantidade demandada. Dessa forma, vemos que:

0

P

P

Q

Q

ou 0

P

P

Q

Q

DD

Portanto, a elasticidade-preço da demanda é, em geral, um número

negativo e isso representado pelo fato de as grandezas preço e quantidade

serem inversamente proporcionais. Entretanto, há uma exceção e são os bens

de Giffen.

Os bens de Giffen possuem uma elasticidade-preço da demanda

positiva.

A partir de agora, não mais falaremos dos bens de Giffen e nem pensaremos

neles para podermos desenvolver nossa matéria. Eles serão retomados apenas

quando falarmos de exceções. Ou seja, se estivermos discutindo a

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elasticidade-preço da demanda estará implícito que o resultado é um número

negativo, a menos que falemos se tratar de um bem de Giffen14. Fechado?

Imagine que um aumento de 10% no preço de um bem faça com que o

consumidor reduza a demanda em 50%. Isso significa que se P

P for igual a

10%, o consumidor irá reagir reduzindo o consumo, Q

Q, em 50%. Observe

que a reação do consumidor, nesse caso, foi muito forte quando o preço foi

majorado. Neste caso, a elasticidade-preço da demanda é igual a:

55%10

%50

P

P

Q

Q

DD

Se o módulo da elasticidade-preço da demanda for maior do que 1, a

demanda é considerada elástica.

Ou seja, há uma reação por parte do consumidor reduzindo a quantidade

demandada em um nível superior à variação no preço do bem. Tal fato pode

ocorrer por alguns motivos.

Primeiro, o produto possui bons substitutos na visão desse consumidor e

quando o preço aumenta, ele desloca o seu consumo para o outro bem, para o

bem substituto e, portanto, reage fortemente, reduzindo a demanda.

Outra opção possível é que o bem seria considerado supérfluo pelo consumidor

em questão. Quando o preço aumenta, ele passa a considerar que esse bem

deve ter o seu consumo restringido uma vez que não seria um bem

fundamental para ele.

Observe que, nos dois casos, isso depende do consumidor em questão. Pois

um bem que eu posso considerar supérfluo, você pode acreditar que seja

fundamental para você, concorda? E vice-versa, claro. Você, por exemplo,

pode achar que o frango é um ótimo substituto para a carne de boi, mas eu,

traumatizado com isso, não acredito. Então, quando o preço da carne de boi

14

Essa definição, apesar de importante para a Microeconomia, quando falamos de bens regulados perde um pouco da

sua importância.

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subir, não substituirei o produto por frango. No entanto, posso também ser

elástico para a carne de boi, mas a substituirei por algum outro produto.

Portanto, o fato de um produto ser elástico ou não depende dos costumes,

gostos, etc dos consumidores que estão sendo analisados.

Imagine, agora, que um aumento de 10% no preço de um bem faça com que o

consumidor reduza a demanda em 3%. Isso significa que se P

P for igual a

10%, o consumidor irá reagir reduzindo o consumo, Q

Q, em 3%. Observe que

a reação do consumidor, nesse caso, foi muito fraca quando o preço foi

majorado. Neste caso, a elasticidade-preço da demanda é igual a:

3,03,0%10

%3

P

P

Q

Q

DD

Se o módulo da elasticidade-preço da demanda for menor do que 1, a

demanda é considerada inelástica15.

Ou seja, há uma reação por parte do consumidor reduzindo a quantidade

demandada em magnitude inferior à variação no preço do bem. Isto pode

ocorrer por alguns motivos. Interessante é que todas as vezes que solicito aos

alunos para me dar um exemplo de um bem inelástico, elas me falam: sal. Eu,

particularmente, não acho esse um bom exemplo, mas vamos discutir isso.

O primeiro motivo para uma reação tão pequena por parte do consumidor é

devido ao fato de o produto ser essencial para a sua sobrevivência. Estamos

falando de um remédio, remédio esse que sem ele o consumidor morreria. Se

o laboratório aumentar o preço do remédio, o que faria o consumidor?

Compraria o remédio e continuaria tomando a mesma atitude enquanto tivesse

recurso suficiente. Nesse caso, o aumento de preço pouco altera ou nada

altera a quantidade demandada do bem.

15

Os bens regulados, geralmente, são aqueles que possuem uma demanda inelástica para a média dos consumidores. O

padrão é que exista uma regulação maior (controle mais próximo por parte do Governo) quando a inelasticidade do

consumidor for alta, dada a grande dependência do consumidor pelo produto e, assim, o grande poder de mercado da

empresa. Inelasticidade alta significa que o valor da elasticidade-preço da demanda, em módulo, é bem próxima de zero

e isso mostra a dependência do consumidor em relação ao bem consumido.

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Um segundo caso e aqui se inclui o sal, ocorre quando o bem possui um valor

muito baixo se comparado ao orçamento do consumidor. Por exemplo,

suponha em na sua casa seja gasto um quilo de sal por mês. Se o preço do sal

aumentar em 10%, você continuará comprando 1 quilo de sal por mês. Isso se

deve muito mais ao fato de o sal custar R$1,00 do que você achar que o sal é

essencial. Não concorda? Então pense que o quilo de sal está sendo negociado

a R$1.000,00 e ainda foi majorado em 10%. Quanto de sal você gastaria por

mês. Ah, não gosta mais sal.. Está vendo, essa seria a sua resposta. Isso nos

mostra que as pessoas são inelásticas em relação aos bens que elas gostam e

que pouco representam em seu orçamento.

Um terceiro e último caso se refere aos bens que provocam vício. Por exemplo,

o cigarro. Uma pessoa que fuma reduzirá muito pouco o consumo do cigarro se

o preço do mesmo aumentar. Isso ocorre porque ela é viciada no bem,

independente deste bem ter muita ou pouca representatividade em seu

orçamento. Lembre-se que sempre escutamos que pessoas roubam para fumar

crack, pessoas que possuem dinheiro acabam com seus recursos utilizando

essa droga. Na verdade, depois que a pessoa se droga, se vicia, aumenta e

muito o seu nível de inelasticidade em relação ao bem.

Entretanto, é interessante notarmos que se pegarmos uma pessoa como

exemplo, seu nível de elasticidade ou de inelasticidade em relação a um

determinado bem vai sendo alterado à medida que o preço do bem vai sendo

modificado.

Vamos retornar ao exemplo do sal. Enquanto o sal custava R$1,00 o quilo,

você tinha a clara noção de que você era muito inelástico em relação ao preço

do bem e que um aumento de 10% nele não provocaria mudança alguma na

sua quantidade demandada. Entretanto, se o sal passasse a custar R$10,00, o

mesmo aumento de 10% induziria a grande maioria a começar a pensar sobre

a utilização do sal, e, talvez, a desculpa estaria no fato de que o sal não faz

bem à saúde, aumenta a pressão, apesar de a pessoa ainda ser inelástica, mas

menos do que quando o preço era R$1,00. Se pensarmos no sal custando

R$100,00 o quilo, um aumento de 10% em seu preço faria com que houvesse

uma redução ainda maior na quantidade demandada do mesmo.

Observe que um aumento de mesma magnitude no preço do bem, mas

incidindo sobre diferentes valores provoca reações completamente diferentes

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nos consumidores. Em princípio, quanto maior for o preço do bem menor tende

a ser a inelasticidade do consumidor e, portanto, mais elástico ele tende a ser.

Se o sal estiver cotado em R$10.000,00 o quilo é muito provável que quase

todos nós já estejamos convencidos de que o sal não é um bem interessante,

que faz muito mal à saúde e que não deve ser consumido. Talvez uma pessoa

que ganhe mais de R$1 milhão por mês, talvez um bom jogador de futebol (ou

ex-jogador em exercício) continue comprando o sal.

Portanto, quando o preço de um bem vai aumentando continuamente, um

consumidor que é inelástico em relação a esse bem, vai, gradativamente,

aumentando sua reação e se tornando cada vez menos inelástico (mais

elástico). Até que em determinado momento, a partir de certo preço, ele passa

a ser elástico. Observe que essa mudança passou por um ponto em que a

elasticidade é igual a -1. Quando isso ocorrer, e isto é apenas uma coincidência

matemática, dizemos que temos a elasticidade unitária da demanda.

Com isto, podemos sintetizar da seguinte forma:

Se 1D ⇒ Demanda Inelástica

Se 1D ⇒ Elasticidade Unitária da Demanda

Se 1D ⇒ Demanda Elástica

Temos dois casos especiais, quais sejam:

Demanda infinitamente elástica;

Demanda infinitamente inelástica.

Quando a demanda for infinitamente elástica, a curva de demanda será uma

reta horizontal e a elasticidade-preço da demanda será igual a infinito. Casos

como esses ocorrem em mercados competitivos e todos os produtores

devem vender seus produtos ao mesmo preço. Se algum produtor optar por

vender por um preço ligeiramente superior, ele não conseguirá alienar uma

unidade sequer.

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O gráfico de uma curva de demanda infinitamente elástica é o seguinte:

Quando a demanda for infinitamente inelástica, a curva de demanda será uma

reta vertical e a elasticidade-preço da demanda será igual a zero. Nesses

casos, os consumidores necessitam muito dos bens e um aumento de preço

não induziria a qualquer redução da quantidade demandada.

O gráfico de uma curva de demanda infinitamente inelástica é o seguinte:

Vou mostrar algo errado para vocês, mas que ajudará a entender o conceito.

Observem as duas curvas de demanda acima. Veja que para uma mesma

variação no preço do bem, há uma variação muito maior na quantidade

demandada no segundo gráfico. Ou seja, a quantidade varia bem mais se a

curva de demanda for mais “deitada”, não é mesmo? Portanto, sempre que

você tiver que desenhar uma curva de demanda inelástica, faça o desenho de

uma curva mais vertical. Por outro lado, sempre que necessitar desenhar uma

curva de demanda mais elástica faça uma curva mais horizontal.

Então, mesmo estando errado isto que estou dizendo, pense que se a curva de

demanda for mais “em pé”, a demanda será inelástica e se a curva de

demanda for “mais deitada”, a demanda será mais elástica.

Guardem uma dica: O que está escrito no parágrafo anterior pode ser usado

sempre, desde que a questão não fale em curva de demanda linear.

Vamos agora, passar para o estudo de uma curva de demanda linear. Apesar

de termos representado todas as curvas de demanda, até então, como retas,

em geral elas são parecidas com uma hipérbole. No entanto, para não

complicar, podemos representá-las como retas16. Mas, sempre que o

examinador falar em curva de demanda linear, ele estará afirmando que a

16

É exatamente assim que todos os autores renomados fazem.

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curva de demanda é uma equação de primeiro grau, é uma reta, deverá ser

representada por uma equação da reta (QD = ax + b)17 e, para calcularmos a

elasticidade dessas funções devemos proceder da seguinte forma:

Utilizemos a seguinte curva de demanda: Q = 8 – 2P.

Vamos sair de um determinado ponto, apontando o par P,Q. Variando em 1%

o valor de P, devemos determinar o novo valor de Q e verificar qual foi a

mudança percentual nessa quantidade.

Vamos escolher como ponto de partida o local em que a curva de demanda

toca o eixo dos preços, o eixo y. Nesse ponto, a quantidade demandada é igual

a zero. Colocando isso na equação temos:

4

82

2800

0

0

00

P

P

PQ

Portanto, partiremos de um par (P,Q) igual a (4,0) para determinarmos a elasticidade-preço da demanda neste ponto.

Vamos reduzir o preço em 1% e calcular a quantidade demandada

correspondente18.

08,096,328

28

96,399,04

%11

11

11

1

01

QQ

PQ

P

PP

4

04,00

08,0

4

496,30

008,0

1

12

1

12

P

PP

Q

QQ

P

P

Q

Q

D

D

D

17

Observe que essa equação é idêntica àquela que na primeira aula foi dito que seria a função de demanda. Tudo bem, é

assim mesmo. Mas o que vai ser desenvolvido agora só deve ser utilizado se o examinador falar em DEMANDA

LINEAR. 18

Optei por reduzir o preço, neste caso, porque se aumentasse a quantidade resultante seria negativa. Além disso,

esclareço que devemos variar em 1% o preço, aumentando ou diminuindo.

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Já sei que vocês devem estar pensando que 0

080, não existe. Mas não é

verdade. Imagine um número positivo dividido por um número muito próximo

de zero, como por exemplo, 0,0000000000000000000000001. Você concorda

que quando comparamos esse número com zero, a diferença é insignificante.

Logo, temos:

0000100000000000000000000,0

08,0

0

08,0

Sendo assim, a elasticidade-preço da demanda fica:

%1

4

04,00

08,0

D

Dessa forma, vemos que no ponto em que a curva de demanda toca o eixo Y,

ou seja, o eixo dos preços, a elasticidade-preço da demanda nesse ponto é

igual a -∞.

Já sei que você não está entendendo a teoria, apesar de ter engolido a

matemática, certo? Então vou dar um exemplo que dou em sala de aula que

ilustra bem esse ponto.

Imagine que você trabalha em um determinado local e seu salário é zero. Isso

mesmo, zero. Não leva sequer um centavo no final do mês. Seu chefe chega

para você e diz que está muito satisfeito com o seu desempenho e que vai te

dar um aumento de 100%. Se ele te der um aumento de 100%, qual o seu

novo salário? Seu novo salário será de R$ 0,00.

A pergunta é: Se o seu salário subir para R$ 0,01, qual terá sido o seu

aumento percentual?

A resposta é que você terá tido um aumento muito grande, um aumento de

infinito por cento. Concordam? Aqui é, exatamente, a mesma coisa. A partir do

momento em que você não consumia nada e passa a consumir uma quantia,

por menor que seja essa quantidade, o aumento percentual dela foi

gigantesco, foi infinito.

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Vamos fazer o cálculo da elasticidade-preço no ponto médio da curva de

demanda em questão. No ponto médio, o preço valerá R$ 2,00 e teremos uma

quantidade igual a 4.

Veja:

4

48

2282

0

0

)0

Q

Q

QP

Agora, para mostrar que não faz a menor diferença se optarmos por aumentar

ou reduzir o preço, iremos subi-lo de 1%. Temos:

96,302,228

28

02,201,12

%11

11

11

1

01

QQ

PQ

P

PP

Utilizando esses dados, podemos substituir na equação da elasticidade-preço

da demanda e calculá-la:

1

%1

%1

2

02,04

04,0

2

00,202,24

496,3

1

12

1

12

P

PP

Q

QQ

P

P

Q

Q

D

D

D

Com isso vemos que a elasticidade-preço da demanda no ponto médio de uma

curva de demanda linear é igual a -1.

Se repetirmos os cálculos para o ponto em que P é igual a zero19, teremos:

98,7

02,08

01,02801,0

0

0

)0

Q

Q

QP

Ao aumentarmos o preço em 1%, temos:

19

Faremos o cálculo para um ponto muito próximo do ponto em que P for igual a zero. Isto ocorre porque se P for zero,

ao alterarmos em 1% esse valor, o preço do bem não será alterado.

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9798,70101,028

28

0101,001,101,0

%11

11

11

1

01

QQ

PQ

P

PP

Passemos agora ao cálculo da elasticidade-preço da demanda em um ponto

muito próximo do ponto em que o preço é igual a zero.

0025,0

%1

000025,0

01,0

0001,0

98,7

002,0

01,0

01,00101,0

98,7

98,79798,7

1

12

1

12

P

PP

Q

QQ

P

P

Q

Q

D

D

D

Observe que a elasticidade-preço da demanda nesse ponto está muito próximo

de zero e será IGUAL A ZERO no ponto em que o preço for zero.

Portanto, vemos o seguinte:

Portanto, em uma curva de demanda linear, temos:

No ponto em Q for zero, a demanda é infinitamente elástica;

No ponto em P for zero, a demanda é infinitamente inelástica;

No ponto médio temos a elasticidade unitária da demanda;

Entre Q igual a zero e o ponto médio, a demanda é elástica; e

Entre P igual a zero e o ponto médio, a demanda é inelástica.

5.2. Elasticidade-renda da demanda

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A elasticidade-renda da demanda informa a variação na quantidade

demandada do bem como reação a uma mudança de 1% na renda do

consumidor.

A elasticidade-renda da demanda é representada pela seguinte equação:

Q

R

R

Q

R

R

Q

Q

R

R

Q

Q

R

Sabemos que quando a nossa renda aumenta, temos a tendência de modificar

a demanda de alguns produtos. Sabemos ainda que alguns do produtos terão

seu consumo majorado quando aumentarmos a renda e outros terão seu

consumo reduzido.

a) Bens Normais

Nos casos em que um aumento de renda induzir a um aumento no consumo ou

que uma redução de renda levar a uma redução no consumo, teremos uma

elasticidade-renda da demanda positiva e o bem será considerado normal.

Matematicamente, temos:

0

R

R

Q

Q

ou 0

R

R

Q

Q

RR

b) Bens Inferiores

Nos casos em que um aumento de renda induzir a uma redução no consumo

ou que uma redução de renda leve a um aumento no consumo, teremos uma

elasticidade-renda da demanda negativa e o bem será considerado inferior.

Matematicamente, temos:

0

R

R

Q

Q

ou 0

R

R

Q

Q

RR

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c) Bens de Luxo

Se a elasticidade-renda da demanda for positiva e superior à unidade, isso

significa que quando houver uma variação na renda isso provocará uma

variação da quantidade em proporção maior que a variação da renda. Em

geral, isso ocorre em bens que o consumidor ainda acredita que o seu nível de

consumo atual está bem aquém daquele desejável. Um bom exemplo seria

viagens.

Você concorda que se você tiver um aumento do nível de renda deverá haver

um aumento considerável nos gastos com viagens? Então, se isso for verdade,

é provável que viagem seja um bem de luxo. Matematicamente, temos:

1

R

R

Q

Q

ou 1

R

R

Q

Q

RR

d) Bens Necessários

Se a elasticidade-renda da demanda for positiva mas inferior à unidade, isso

significa que a variação na renda provocará uma variação positiva na

quantidade demandada mas em uma proporção menor que a variação na

renda.

Intuitivamente, isso significa que o consumidor gosta do bem e está

interessado em consumir mais daquele bem caso tenha uma melhora nas suas

condições financeiras. No entanto, a quantidade consumida por ela na

atualidade já é considerada razoável. Logo, esse aumento de renda provocará

um aumento no consumo, mas um aumento muito pequeno.

Um bom exemplo para pessoas como nós é comida. Pode até ser que quando

nossa renda aumentar venhamos a comer mais filet mignon, mais picanha,

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mais carne de uma forma geral, mas já consumimos mais ou menos aquilo que

desejamos. Matematicamente, temos:

1 0 e 1

R

R

Q

Q

1 0 e 1

R

R

Q

Q

RR

RR

Em geral, os bens que necessitam de regulação por parte do Governo são os

bens necessários. Caso contrário, o próprio mercado seria capaz de efetuar

essa regulação, geralmente.

5.3. Elasticidade cruzada da demanda

A elasticidade cruzada da demanda mede a variação na quantidade

demandada do bem X como reação a uma mudança de 1% no preço do bem Y.

Sabemos que a alteração no preço de um bem pode provocar a mudança na

demanda de outro bem. Essa elasticidade irá medir o quanto que uma pessoa

modifica o consumo de um bem pelo fato de o outro bem ter tido seu preço

alterado.

Matematicamente, temos:

X

Y

Y

X

Y

Y

X

X

Y

Y

X

X

Y,XQ

P

P

Q

P

P

Q

Q

P

P

Q

Q

a) Bens Substitutos

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Se a variação positiva no preço de um bem provocar uma mudança positiva na

demanda do outro bem, esses bens são considerados substitutos. Ou seja, se

a elasticidade cruzada da demanda for positiva, os bens são considerados

substitutos.

Observe o caso da manteiga e margarina. Se o preço da manteiga (bem Y)

subir, haverá uma redução na quantidade demandada de manteiga e,

consequentemente, um aumento na demanda de margarina (bem X). Observe

que:

MARGARINAD

MANTEIGADMANTEIGA Q Q P

0

P

P

Q

Q

P

P

Q

Q

MANTEIGA

MANTEIGA

MARGARINAD

MARGARINAD

Y

Y

X

X

Y,X

Vamos analisar agora a magnitude da elasticidade cruzada da demanda. Se a

elasticidade cruzada da demanda for alta, isso significa que quando o preço de

um bem aumenta as pessoas “correm” para o outro bem. Isto quer dizer que

esse outro bem que não teve seu preço majorado é um bom substituto ao

primeiro.

Com isso, podemos concluir que quanto maior for a elasticidade cruzada da

demanda melhor é a substituição entre os bens para um dado consumidor.

b) Bens Complementares

Se a variação positiva no preço de um bem provocar uma redução na

quantidade demandada de outro bem, esses bens são considerados

complementares.

Vamos a um exemplo. Seria o caso do combustível e do óleo de motor. Se o

preço do combustível sobe, as pessoas reduzem a demanda por combustível,

andam menos de carro e isso provoca, ceteris paribus, uma redução na

quantidade demandada de óleo de motor.

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MOTOR DE OLEOD

LCOMBUSTIVEDLCOMBUSTIVE Q Q P

0

P

P

Q

Q

P

P

Q

Q

LCOMBUSTÌVE

LCOMBUSTÍVE

MOTOR DE OLEOD

MOTOR DE OLEOD

Y

Y

X

X

Y,X

Portanto, se a elasticidade cruzada da demanda for negativa temos que os

bens são complementares.

5.4. Elasticidade-preço da Oferta

A elasticidade-preço da oferta informa a variação na quantidade ofertada como

reação a uma mudança de 1% no preço do bem. Matematicamente, temos:

O

O

O

OO

O

OQ

P

P

Q

P

P

Q

Q

P

P

Q

Q

Na verdade, queremos ver agora, como o empresário irá reagir a uma

mudança no preço. Se quando o preço mudar, a sua reação for forte e

proporcionalmente maior que a mudança de preço, dizemos que ele é elástico

em relação preço. Em geral, isso ocorre quando ele possui uma capacidade

produtiva ociosa que o permite fazer isso. Uma oferta é considerada elástica se

a elasticidade for superior à unidade.

Se uma mudança de preço gerar uma reação pequena por parte do produtor, a

oferta será inelástica. Em geral, isto ocorre quando o produtor possui a

capacidade produtiva praticamente toda tomada e essa mudança de preços o

“pega com as calças na mão” e ele não tem muito que fazer, dado que a

construção de uma nova planta demoraria algum tempo. Outra opção seria o

fato de que o produtor pode não dispor de fornecimento de insumos suficientes

para aumentar a sua produção de forma significativa. Uma oferta é

considerada inelástica se a elasticidade for inferior à unidade.

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Em muitos mercados regulados, o produtor não tem muita condição de

aumentar a sua oferta de um instante para outro. Logo, em geral, o Governo

negocia melhorias de longo prazo para que seja possível essa resposta na

parte da oferta. Imagine uma mudança drástica na oferta de telefonia celular

para daqui uma semana. Por mais que o preço tenha se tornado atrativo é

impossível majorar a oferta em grande magnitude, a menos que a capacidade

esteja ociosa.

Assim como na demanda, a curva de oferta também possui duas exceções, são

elas:

Oferta infinitamente elástica;

Oferta infinitamente inelástica.

Quando a oferta for infinitamente elástica, a curva de oferta será representada

por uma reta horizontal e a elasticidade é igual a infinito. Isto significa que o

produtor responde plenamente a um aumento de preços.

Graficamente, a oferta infinitamente elástica é representada da seguinte

forma:

Quando a oferta for infinitamente inelástica, a curva de oferta será

representada por uma reta vertical e a elasticidade será igual a zero. Isso

significa que o produtor não responde a um aumento de preço. Graficamente,

representamos a situação da seguinte forma:

Essas são as quatro modalidades de elasticidade que necessitamos nessa fase

da matéria.

Assim como na demanda, a curva de oferta, quando linear tem as suas

particularidades. Observem que mesmo apresentando a curva de oferta sendo

uma reta e afirmando que se ela for mais “deitada” ela seria elástica e quando

for mais “em pé” seria mais inelástica, há um equivoco nessa afirmativa.

Entretanto, se a questão for teórica e você desenhar dessa forma, estará

acertando o item.

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Vamos tratar agora da Oferta Linear.

Imagine três situações distintas que serão representadas pelas curvas O1, O2

ou O3 no desenho abaixo:

Vamos começar nossos cálculos para curva de oferta O1. A equação pode ser a

seguinte:

QO = -20 + 2P

No ponto em que a curva de oferta O1 toca o eixo dos preços, temos que a

quantidade ofertada será igual a zero. Dessa forma:

10P

20P2

P22000Q Se

P220Q

O

O

Se utilizarmos o conceito de elasticidade, devemos modificar o preço em 1% e

verificar qual foi a variação percentual na quantidade ofertada.

Com isso, temos:

20,0Q

10,10220Q10,10P

01,110P

%11PP

10P e 0Q

2

22

2

12

11

A elasticidade no ponto será determinada da seguinte forma:

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%1

10

10,00

20,0

10

1010,100

020,0

P

PP

Q

QQ

P

P

Q

Q

O

1

12

1

12

O

O

O

Façamos agora a análise da curva O2 de oferta. Imaginemos que a equação

que representa esta curva seja:

QO = 2P

Com isso, temos:

202Q

00,1012Q00,101P

01,1100P

%11PP

100P e 200Q

2

22

2

12

11

A elasticidade na reta como um todo será determinada da seguinte forma:

1%1

%1

00,100

00,1200

2

00,100

00,10000,101200

200202

P

PP

Q

QQ

P

P

Q

Q

O

1

12

1

12

O

O

O

Portanto, em todos os pontos da curva de oferta O2 a elasticidade-preço da

oferta é igual a 1.

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De forma análoga, podemos determinar a elasticidade da curva de oferta O3.

Essa curva pode ser representada pela seguinte equação:

QO = 20 + 2P

Portanto, teremos:

202,20Q

101,0220Q101,0P

01,110,0P

%11PP

10,0P e 20,20Q

2

22

2

12

11

Dessa forma, a elasticidade-preço da oferta ficaria assim:

01,001,0

0001,0

10,0

001,0

20,20

002,0

10,0

10,0101,0

20,20

20,20202,20

P

PP

Q

QQ

P

P

Q

Q

O

1

12

1

12

O

O

O

Portanto, com isso podemos ver que no ponto em que P for igual a zero, a

elasticidade-preço da oferta é igual a zero.

6. Elasticidade Constante

Para compreendermos a elasticidade constante devemos, primeiro, entender

como se deriva. Entretanto, acredito que ainda está muito cedo para se fazer

isso na aula de micro. Logo, vou mostrar algumas operações aqui e depois o

resultado final.

Sugestão: Aqueles que sabem derivar podem acompanhar o breve raciocínio.

Aqueles que não sabem, não precisam se preocupar com isso agora, preocupe-

se em saber a resposta que está ótimo. Pois no fim, até quem sabe derivada

estará decorando a resposta dada a facilidade da mesma. Combinado? Mais à

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frente do curso mostrarei como se deriva e quando você deve fazer isso. Não

quero assustá-los.

Imagine uma equação de demanda como a seguinte:

1Y

3X

xD pp15Q

Para calcular a elasticidade-preço da demanda20, temos:

3

:ndoSimplifica

pp15

Ppp153

pp153P

Q

P

Q

Q

P

P

Q

P

P

Q

Q

P

P

Q

Q

D

1Y

3X

X1Y

13XD

1Y

13X

DD

D

D

D

DD

D

D

Portanto, observe que uma equação de demanda com esse formato terá uma

elasticidade-preço da demanda constante.

Vamos supor uma equação mais completa e que a demanda do bem X

dependa tanto do preço do bem X, quanto de Y e da renda do consumidor.

Imagine a seguinte equação:

RppAQ YXxD

Nesse caso, “A” deve ser uma constante positiva. E as elasticidades são:

demanda da renda-deElasticida -

e demanda; da cruzada deElasticida -

demanda; da preço - deElasticida -

20

Essa próxima fórmula é que as pessoas que não entendem derivada não precisam se preocupar, ok?

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7. Teoria do Consumidor

Se até esse momento o nosso foco esteve voltado para tentar verificar o

comportamento tanto do consumidor quanto do produtor em relação a um

determinado bem, a partir desse momento estaremos tratando apenas do

comportamento do consumidor.

Na verdade, quando falamos da demanda e oferta de determinado produto,

estamos interessados em saber como seria o comportamento de um

determinado consumidor em relação àquele bem a cada nível de preço. E se

estivermos tratando da oferta, como seria o comportamento do produtor para

cada nível de preço.

No entanto, quando falamos da teoria do consumidor passamos a discutir qual

o comportamento do consumidor em relação ao consumo de todos os bens

colocados à sua disposição tendo em vista a sua capacidade financeira e o

preço dos produtos.

Não estamos, em um primeiro momento, interessados na resposta a ser dada

pelo produtor. Em um ponto mais à frente do estudo da microeconomia

passaremos a discutir qual o comportamento do produtor na produção de seu

produto dado o nível de insumo a ser gasto pelo mesmo e os custos inseridos

no processo.

Entretanto, para tentarmos representar o comportamento do consumidor

teremos que fazer uma simplificação. Sabemos que existe uma infinidade de

produtos possíveis de serem consumidos por parte do consumidor individual,

mas tratar todos esses produtos ao mesmo tempo seria uma tarefa árdua e

que não nos traria maiores benefícios.

Dessa forma, iremos utilizar apenas dois bens, generalizando o sistema de N

bens. Com isso, não perderemos nenhum tipo de detalhe importante e

facilitaremos a nossa análise, até porque não conseguimos fazer nossos

desenhos, que são tão necessários aqui, além de duas dimensões. Eu sei que

conseguimos fazer em três dimensões, mas isso dificultaria a nossa

visualização.

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7.1. Espaço das Mercadorias

Representávamos graficamente a curva de demanda em um espaço preço x

quantidade, a partir de agora estaremos fazendo a representação das cestas

de consumo em um espaço quantidade x quantidade. Ou seja, tanto o eixo X

quanto o eixo Y indicam as quantidades de cada um dos bens.

Vamos imaginar uma economia que possua apenas dois bens: maçã e uva.

A letra A representa uma possível cesta de consumo do consumidor. Essa

cesta é composta de 6 quilos de maçã e 2 quilos de uva. Portanto, cada ponto

no espaço das mercadorias representará uma possível cesta de consumo.

A cesta B, por sua vez, representa uma cesta com 3 quilos de maçã e 7 quilos

de uva, enquanto que a cesta C é uma representação de uma cesta com 10

quilos de maçã e 10 quilos de uva.

Um consumidor qualquer deverá olhar para essas cestas e escolher uma para

seu consumo. É claro que a cesta escolhida deverá ser aquela, dentre as

possíveis, que dá a maior satisfação ao consumidor.

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7.2. Utilidade

Conforme visto anteriormente, os consumidores quando optam por consumir

uma determinada cesta em detrimento de outra, o fazem porque ficam mais

satisfeitos com uma cesta do que com outra.

Esse conceito que mede a satisfação dos consumidores de uma forma geral se

chama utilidade. Portanto, utilidade é a satisfação gerada com o consumo de

uma cesta de bens.

Devemos nos utilizar de uma equação matemática com o objetivo de mensurar

o nível de satisfação de cada consumidor quando consome cada cesta. Essa

equação matemática poderá ter várias formas.

Imagine que tenhamos duas mercadorias sendo consumidas por um

determinado consumidor e que a função utilidade associada a ele possa ser

descrita pela seguinte equação:

yx2y,xU

Dessa forma, se o consumidor consumir 3 unidades do bem X e 5 unidades do

bem Y, ele terá o seguinte nível de satisfação associado à cesta:

útiles 115,3U

5325,3U

No entanto, quando vamos ao supermercado não levamos no bolso uma

calculadora com o objetivo de calcular quantos útiles teremos ao levar para

casa um bem em detrimento de outro. Mas, se pegarmos os dois bens, você

seria capaz de escolher um deles e escolheria aquele que lhe desse o maior

nível de satisfação, não é mesmo? Portanto, é importante ressaltar que

usamos as equações matemáticas para fazermos as comparações, mas as

escolhas do dia-a-dia são feitas sem as equações explicitadas, mas tentando

definir o nível de utilidade associado aos bens.

Se a função utilidade tivesse a seguinte equação:

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y2x4y,xU

A cesta (3,5) teria o seguinte nível de utilidade:

útiles 225,3U

52345,3U

Observe que a mesma cesta daria um nível de satisfação diferente, mas isto

ocorre porque mudamos a equação da utilidade. Vamos agora pensar em uma

nova cesta de consumo composta por 3 unidades do bem X e 6 unidades do

bem Y. Vamos considerar essa cesta como sendo a cesta E e a anterior sendo

a cesta D. A satisfação seria igual a:

útiles 126,3U

6326,3U

E

E

Se utilizarmos a segunda equação representativa da utilidade teríamos:

útiles 246,3U

62346,3U

E

E

Observe que independente da equação utilizada para representar o nível de

utilidade do consumidor, há uma preferência pela cesta E em relação à cesta D

nos dois casos.

Isso nos mostra que não é muito importante quanto estamos tendo de

utilidade em uma ou outra cesta, não nos interessa a quantidade da utilidade

recebida, mas sim qual a cesta que nos dá a maior utilidade. Ou seja, ao

compararmos as cestas o que nos importa é o fato de uma cesta ter maior

utilidade que a outra e não o quanto de utilidade que a equação vai retornar.

Portanto, a ordenação importante ocorre quando utilizamos a utilidade

ordinal na qual ordenamos as mais diferentes cestas de bens sem nos

preocupar com o quantitativo de utilidade recebido por cada cesta.

A utilidade cardinal na qual determinamos quantos útiles cada cesta estará

recebendo se torna secundária, pois não a utilizaremos no dia-a-dia dada a

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dificuldade de se calcular o nível de utilidade de cada consumidor ao consumir

uma determinada cesta de bens.

Entende-se que a utilidade marginal de um determinado bem é a

variação da utilidade total em decorrência de uma mudança de uma

unidade no consumo daquele bem específico, mantendo constante o

consumo dos demais bens.

Matematicamente, podemos dizer que:

Y

UUMgY

X

UUMgX

7.3. Curvas de Indiferença

Dentro do espaço das mercadorias temos um número infinito21 de cestas

possíveis. Ao unirmos todas as cestas que dão ao consumidor o mesmo nível

de satisfação teremos a curva de indiferença e o consumidor será indiferente

entre quaisquer cestas que estejam sobre essas curvas.

As curvas de indiferença mostram o comportamento de um determinado

consumidor para cada dois tipos de bens determinados. Existem várias

formatações possíveis, sendo que as curvas do tipo Cobb-Douglas são aquelas

que mais comuns e utilizadas na representação dessas curvas.

Vamos, agora, analisar cada uma das curvas mais utilizadas.

a) Substitutos Perfeitos

21

Pense que os bens são divisíveis e podem ser consumidos, apesar de nos exemplos parecer uma variável discreta,

como uma variável contínua.

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Quando dois bens forem substitutos perfeitos, estamos falando de bens em

que o consumidor aceitar trocar um pelo outro em uma proporção qualquer.

Imagine que o consumidor adora refrigerante. Para esse consumidor tanto faz

consumir Guaraná Antarctica ou Coca-Cola. Um copo de guaraná dá a ele a

mesma satisfação que o consumo de um copo de coca-cola. Coca-Cola e

Guaraná são bens substitutos perfeitos para esse consumidor.

Esse tipo de bem tem o seguinte formato de curva de indiferença:

Matematicamente, a curva de indiferença acima é representada da seguinte

forma:

( )

A generalização da fórmula ficaria da seguinte forma:

( )

b) Complementares Perfeitos

Se dois bens são considerados complementares perfeitos, isso significa que o

consumidor considera o consumo desses bens em conjunto. Imagine o

consumo de gasolina e óleo de motor. Não podemos pensar em um carro sem

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esses dois bens e eles andam juntos, há a necessidade de utilizar os dois. Não

podemos substituir um bem pelo outro.

Matematicamente, podemos representar da seguinte forma:

( ) { }

Essa função utilidade tem um nome especial, chama-se Leontief. Portanto,

todas as vezes que o examinador falar sobre uma função Leontief, temos essa

que foi dada acima. E lembre-se que para não desperdiçarmos recursos,

devemos sempre escolher a cesta que está no vértice da função.

c) Neutros

Quando um bem é considerado neutro por um determinado consumidor, isso

significa que aquele bem nem aumenta e nem reduz a sua satisfação. Para

esse consumidor, tanto faz ter ou não aquele bem. No entanto, é importante

salientar que o consumidor é indiferente em relação ao bem, mas o seu

consumo não reduz sua satisfação. Graficamente, um consumidor neutro em

relação ao bem Y teria as seguintes curvas de indiferença:

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d) Cobb-Douglas

Uma curva de indiferença do tipo Cobb-Douglas é uma curva que em geral são

destinadas a representar bens, ou seja, mercadorias que possuem a utilidade

marginal positiva.

Possuem o formato de uma hipérbole e são representadas, matematicamente,

pela seguinte função:

( )

Sendo:

A – uma constante positiva;

x – a quantidade consumida de um determinado bem;

y – a quantidade consumida de outro bem; e

Os índices podem ter qualquer valor. No entanto, para que uma curva

seja bem considerada bem comportada (e é isso que devemos adotar caso

nada além tenha sido dito), eles deverão ter valores positivos, sendo

considerados assim, como bens.

Qualquer que seja o valor positivo de cada um dos índices, podemos efetuar

transformações monotônicas por meio de operações de potenciação e

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radiciação, com o intuito de fazer com que a soma dos índices seja igual a 1,

ou seja, .

e) Males

Males são mercadorias cujo aumento do consumo provoca uma redução na

satisfação do consumidor. São mercadorias que possuem uma utilidade

marginal negativa.

Elas podem ter várias equações matemáticas que as determinem, mas se o

índice da função do tipo Cobb-Douglas for negativo, há a presença de um mal.

Se considerarmos a seguinte função ( ) , sendo um número

negativo, a mercadoria x será um mal pois um aumento em sua quantidade

provocará uma redução na satisfação do consumidor.

7.4. Restrição Orçamentária

Sabemos que o objetivo do consumidor é maximizar a sua satisfação,

maximizar a sua utilidade. No entanto, se pensarmos em um ambiente que só

tenha uvas e maçãs, a satisfação de um determinado consumidor será

maximizada quando ele tiver a totalidade das uvas e maçãs existentes no

mundo.

Entretanto, o consumidor não tem condições de ter a totalidade de uvas e

maçãs existentes por mais que isso lhe traga o máximo de satisfação. Isso não

é possível porque ele tem certa restrição orçamentária. Na verdade, o

consumidor detém certo nível de renda e o máximo que ele pode comprar

desses bens é aquilo que sua renda permite.

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Sabemos que a tangente de um ângulo é igual à razão entre o cateto oposto e

o cateto adjacente. Logo:

7.4.1. Variação no Preço do Bem X

Se aumentarmos o preço do bem x, passando de para , o consumidor

conseguirá adquirir a mesma quantidade do bem y caso opte por comprar

apenas do bem y. A quantidade adquirida será de

.

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Se o preço do bem x for reduzido( ) e o preço de y mantido constante,

caso o consumidor opte por consumir apenas do bem y, conseguirá comprar a

mesma quantidade de bens.

7.4.2. Variação no Preço do Bem Y

Vamos agora variar o preço do bem y e verificar o que ocorre na reta de

restrição orçamentária do consumidor.

Se aumentarmos o preço do bem y, passando de para , o consumidor

conseguirá adquirir a mesma quantidade do bem y caso opte por comprar

apenas do bem x. A quantidade adquirida será de

.

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Se o preço do bem y for reduzido( ) e o preço de x mantido constante,

caso o consumidor opte por consumir apenas do bem x, conseguirá comprar a

mesma quantidade de bens.

7.4.3. Variação na Renda R

Se o consumidor tem a sua renda alterada e os preços dos bens x e y são

mantidos constantes, sabemos que não haverá nenhuma mudança na

inclinação da reta de restrição orçamentária. Como a renda foi alterada, o

consumidor irá comprar mais ou menos dos bens em questão e como não há

mudança na inclinação, haverá um deslocamento paralelo da reta de restrição

orçamentária.

Se a renda do consumidor aumentar para R’( ), mantendo os preços dos

bens constantes, ele poderá adquirir uma quantidade maior do bem x se optar

por consumir apenas esse bem e, de forma análoga, poderá adquirir uma

quantidade maior do bem y se optar por consumir apenas o bem y.

Graficamente, teríamos o seguinte:

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Por outro lado, se a renda for reduzida, haverá um deslocamento paralelo, mas

para baixo, da reta de restrição orçamentária. Veja o gráfico abaixo:

8. Teoria da Produção

A Teoria da Produção tem vários conceitos idênticos aos da teoria do

consumidor.

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No caso da Teoria da Produção, representaremos a quantidade produzida com

base nos insumos capital e trabalho. A função produção, portanto, pode ser

representada da seguinte forma:

( ) ( )

A quantidade produzida pode ser tanto representada por Y ou por Q. Está claro

que a representação por Q advém da palavra Quantidade e a representação

por Y ocorre em geral nos livros que foram escritos em inglês e advém da

palavra Yield que significa rendimento.

8.1. Isoquantas

De forma análoga à teoria do consumidor, que ligávamos todos os pontos que

davam ao consumidor o mesmo nível de satisfação, na teoria da produção

fazemos isso com as quantidades produzidas. Ao ligamos todas as

combinações de capital e trabalho que geram um produto final idêntico,

teremos a formação das isoquantas.

8.2. Isocusto

A linha de isocusto representa o conjunto de cestas de insumos que custam

exatamente o mesmo valor. Se fizermos uma analogia com a Teoria do

Consumidor, essa curva é a restrição orçamentária da Teoria da Produção.

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Se o empresário utilizar apenas capital na produção do bem, ele conseguirá

comprar o custo total (C) dividido pelo preço do capital (r) de máquinas. Se a

opção for por adquirir apenas trabalho, ele conseguirá comprar a totalidade do

custo (C) dividido pelo salário (w) dos trabalhadores.

8.3. Produto Médio e Produto Marginal

Agora vamos definir quatro conceitos que são cobrados em prova com uma

certa freqüência. Devemos definir:

Produto Médio do Trabalho;

Produto Médio do Capital;

Produtividade Marginal do Trabalho; e

Produtividade Marginal do Capital.

O Produto Médio do Trabalho – PMeL é a razão entre a quantidade produzida e

o número de trabalhadores existentes no processo de produção, mantendo

constante a quantidade de capital disponível. Representa, em média, quanto

cada trabalhador está produzindo.

De maneira análoga, o Produto Médio do Capital – PmeK é a razão entre a

quantidade produzida e o número de máquinas existentes no processo de

produção, mantendo constante a quantidade de trabalho disponível.

Representa, em média, quanto cada máquina está produzindo.

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O Produto Marginal do Trabalho – PMgL mostra a variação na quantidade

produzida com o aumento do número de trabalhadores de uma unidade,

mantendo constante o capital. Ou seja, ao contratarmos uma pessoa adicional

quanto ela consegue modificar a quantidade produzida é a PMgL.

O Produto Marginal do Capital – PMgK mostra a variação na quantidade

produzida com o aumento de uma unidade no número de máquinas, mantendo

constante o trabalho. Ou seja, ao comprarmos uma máquina adicional quanto

ela consegue modificar na quantidade produzida é a PMgK.

8.4. Rendimentos de Escala

Agora, ao invés de aumentarmos a quantidade de um insumo e manter a

quantidade do outro constante, aumentaremos a quantidade de todos os

insumos em uma proporção constante. Imagine que iremos multiplicar por um

valor a quantidade de todos os insumos e verificaremos o que irá ocorrer com

a quantidade produzida. Vamos utilizar o dobro do fator um e o dobro do fator

2, por exemplo.

Imagine uma função de produção ( ). Se a empresa optar por dobrar a

quantidade de capital e dobrar a quantidade de trabalho e o resultado for o

dobro de produção, temos um rendimento constante de escala.

Uma empresa terá um rendimento crescente de escala se ao multiplicarmos

todos os insumos por um determinado fator fixo, a produção ficar maior do

que a anterior multiplicada por esse mesmo fator.

Uma empresa que possui rendimento decrescente de escala teria seus insumos

duplicados, mas a produção não seria duplicada.

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8.5. Grau de Homogeneidade da Função

De antemão já lhes adianto que a função do tipo Cobb-Douglas é homogênea e

seu grau de homogeneidade será igual à soma dos expoentes dos insumos. Ou

seja, essa função considerada será homogênea de grau 2.

Uma função do tipo é homogênea de grau .

Mais uma dica é fundamental. Pensando em uma função do tipo ,

temos:

se ⇒ Rendimento Constante de Escala;

se ⇒ Rendimento Crescente de Escala; e

se ⇒ Rendimento Decrescente de Escala;

9. Teoria de Custos

Uma parcela muito importante no estudo da Microeconomia diz respeito à

lucratividade dos empresários e dos mais diferentes mercados existentes.

Exatamente por isso, temos que estudar os mais diversos tipos de custos

existentes.

Existem 9 tipos de custos na microeconomia. São eles:

Custo de Oportunidade;

Custo Fixo;

Custo Afundado;

Custo Variável;

Custo Total;

Custo Fixo Médio;

Custo Variável Médio;

Custo Médio; e

Custo Marginal.

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9.1. Custo de Oportunidade

O custo de oportunidade, em geral, é um custo que você incorre por deixar de

fazer algo ou por fazer algo. Normalmente, ele não precisa ser um custo

financeiro.

Imagine um empresário que comprou um prédio ou galpão para instalar a sua

empresa. Ele irá pagar uma determinada quantia (considerável) por esse

imóvel. Suponhamos que o preço de aquisição seja da ordem de R$ 2 milhões.

Logo de cara, esse projeto desenvolvido pela empresa terá que retornar o

valor equivalente à taxa SELIC do recurso gasto com a aquisição do imóvel.

9.2. Custo Fixo

O custo fixo é a parcela do custo que não depende da quantidade produzida. É

o custo que existirá, independentemente, da existência de algum nível de

produção.

Graficamente, podemos representar o custo fixo como sendo uma reta

horizontal no espaço custo x quantidade.

Observe que o custo fixo, como o próprio nome diz, será fixo para qualquer

quantidade que seja produzido. Sendo, portanto, uma reta horizontal.

Se formos representar o custo fixo matematicamente, ele será dado pela

parcela do custo que não dependerá da quantidade produzida. De forma

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genérica podemos representar a estrutura matemática do custo da seguinte

forma:

( )

9.3. Custo Afundado ou Irrecuperável ou Irreversível

O custo afundado é a parcela do custo em que o empresário incorre e que não

pode ser recuperada.

Imagine uma empresa que opta por fazer uma reforma e pintar suas paredes

de uma cor completamente diferente do padrão, por exemplo, laranja. Esse é

um exemplo de custo afundado, pois a empresa não poderá recuperar esse

custo em que ela incorreu.

9.4. Custo Variável

O custo variável representa a parcela de custo que depende da quantidade

produzida.

Matematicamente, a parte do custo que se refere ao custo variável é a parcela

que depende da quantidade a ser produzida pela firma.

( )

9.5. Custo Total

O custo total é a soma do custo variável com o custo fixo.

A curva de custo total tem o mesmo formato da curva de custo variável, mas

está afastada dessa curva exatamente o valor do custo fixo. É exatamente por

Custo Fixo

Custo Variável

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esse motivo que a curva de custo total é eqüidistante da curva de custo

variável para qualquer quantidade. Veja o gráfico abaixo:

Matematicamente, temos:

9.6. Custo Fixo Médio

O custo fixo médio é dado pela razão entre o custo fixo e a quantidade que

está sendo produzida. O mais interessante do custo fixo médio é que quanto

maior for a produção menor será o custo fixo médio, tendendo, inclusive,

assintoticamente a zero.

Graficamente, temos:

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Observe que a curva vai tendendo para zero, mas nunca será igual a zero por

maior que seja a quantidade produzida. Isto porque o valor do custo fixo

(numerador) é maior do que zero.

9.7. Custo Variável Médio

O custo variável médio mostra o valor do custo variável dividido pela

quantidade produzida.

Matematicamente, temos:

( )

Dividindo os dois lados da equação por q, temos:

( )

9.8. Custo Médio

O custo médio é o somatório do custo variável médio com o custo fixo médio.

Matematicamente, temos:

( )

CMe = CVMe + CFMe

Graficamente, tanto a curva de custo médio quanto a curva de custo variável

médio tem um formato de U. Entretanto, a diferença entre essas duas curvas é

exatamente o custo fixo médio. Como com o aumento da quantidade

produzida o custo fixo médio vai sendo reduzindo e caindo assintoticamente a

Custo Variável Médio

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zero, as curvas de custo médio e custo variável médio vão se aproximando à

medida que a quantidade vai aumentando.

9.9. Custo Marginal

O custo marginal é o acréscimo ao custo total quando a produção é aumentada

em uma unidade. Se o produtor opta em produzir uma unidade adicional, o

valor do custo de fabricação daquela última unidade, ou seja, o quanto aquela

última unidade aumentará o custo de fabricação total é o que chamamos de

custo marginal.

Ao colocarmos todos os gráficos de custo médio em apenas um desenho,

veremos que o custo marginal corta tanto o custo médio quanto o custo

variável médio em seu ponto de mínimo.

Veja o gráfico:

10. Impostos e Incidência Tributária

Para começarmos a falar dos impostos devemos, inicialmente, definir quais

tipos de tributação iremos tratar e classificá-los.

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Em Economia tratamos três formas de tributação: específico, “ad-valorem” e

“Lump-Sum”.

10.1. Imposto “ad-valorem”

Um imposto é “ad-valorem” quando a alíquota desse imposto for representada

por um percentual sobre a base de cálculo do mesmo.

10.2. Imposto Específico

Um imposto é considerado específico quando paga-se um determinado valor

por unidade adquirida a título de imposto.

A melhor forma de estudarmos é por meio de um exemplo. Suponha que as

curvas de demanda e oferta sejam representadas pelas seguintes equações:

D = 4000 – 400p

O = -500 + 500p

Se essas forem as equações, para determinar o preço de equilíbrio e a

quantidade de equilíbrio devemos igualar as duas equações. Observe:

Observe que se o preço do bem em questão for igual a R$5,00, a quantidade

ofertada será igual à quantidade demandada. Isso significa que com esse

preço, tudo que está sendo produzido será comercializado. Após o cálculo do

preço podemos verificar a quantidade demandada e ofertada.

É claro que a quantidade ofertada igualou a quantidade demandada a esse

preço e com isso vemos que o valor calculado para o preço está correto.

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Se o Governo introduzir um imposto do tipo específico, o preço a ser pago pelo

consumidor fica diferente do preço a ser recebido pelo produtor. Isto ocorre

porque uma parcela do valor deverá ser entregue ao governo.

Observe que quando igualamos as curvas de oferta e demanda nas equações

anteriores, tínhamos apenas um valor para preço e, exatamente por esse

motivo, era possível resolver a equação.

Com a introdução do imposto, o preço contido na equação de demanda será

diferente daquele existente na equação da oferta. A quantidade a ser

demandada depende do preço que as pessoas demandantes (consumidores)

irão pagar pelo produto. Por outro lado, a quantidade a ser ofertada depende

do preço que os produtores irão receber pelo produto. Com isso, teremos:

D = 4000 – 400pc

O = -500 + 500pp

Igualando, temos:

Observe que agora temos uma equação e duas incógnitas e não temos como

resolver essa equação e encontrarmos solução única. Ela terá infinitas

soluções.

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Devem estar se perguntando como conseguimos fazer isso antes, não é

mesmo? É claro que a equação de demanda sempre dependeu do preço do

consumidor e a de oferta do preço do produtor, mas antes do imposto não

fazíamos a diferenciação. Na verdade, se fizéssemos existiria uma equação

para montar um sistema que informaria que o preço do consumidor seria igual

ao preço do produtor e teríamos o seguinte:

Dessa forma, podemos excluir a segunda equação e resolver apenas a primeira

para chegar ao resultado.

A partir do momento em que introduzimos um imposto devemos modificar

essa segunda equação. Vamos fazer o seguinte? Chamaremos de equação do

imposto essa segunda equação.

A equação do imposto específico é a seguinte:

Trataremos como T o valor do tributo, nesse caso específico.

Se considerarmos um tributo específico de R$0,90, ou seja, se houver a

necessidade de se pagar um tributo de R$0,90 por unidade vendida, a equação

do imposto ficaria da seguinte forma:

Portanto, deveríamos resolver o seguinte sistema de equações:

A solução deve ser feita pelo método da substituição. Se o tributo for cobrado

sobre o produtor, devemos resolver esse sistema de equações substituindo o

preço do produtor na equação da oferta pelo seu valor na equação do imposto.

Teríamos, matematicamente, o seguinte:

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( )

Graficamente, essa substituição provoca um deslocamento da curva oferta

(curva do produtor) e a nova curva, em sua interseção com a curva de

demanda, determinaria o preço do consumidor.

Por outro lado, se o imposto fosse sobre o consumidor, deveríamos efetuar a

substituição na equação de demanda. Matematicamente, ficaria da seguinte

forma:

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( )

Graficamente, essa substituição provoca um deslocamento da curva de

demanda (curva do consumidor) e a nova curva, em sua interseção com a

curva de oferta original determinaria o preço do produtor.

A conclusão mais importante é que independentemente do agente que venha a

ser tributado, o resultado final é exatamente o mesmo e, nesse caso, o

consumidor pagaria R$0,50 do imposto (diferença entre o preço antes do

imposto e o preço após o imposto) e o produtor pagaria R$0,40.

A partir disso podemos determinar a quantidade de equilíbrio após a

introdução do imposto. Podemos substituir o preço do consumidor na curva de

demanda original ou o preço do produtor na curva de oferta original que o

resultado será o mesmo.

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Com a nova quantidade e sabendo que o valor do imposto é de R$0,90 por

unidade vendida, podemos determinar que a arrecadação do Governo é o

produto entre o valor do imposto e a nova quantidade comercializada.

10.3. Imposto “Lump-Sum”

O imposto “Lump-Sum” também pode ser chamado de imposto sobre a renda

ou imposto de montante fixo.

Na verdade, nesse tipo de imposto, o Governo cobra uma alíquota que é um

montante fixo por um determinado período de tempo. É como se o Governo

cobrasse, por exemplo, R$100,00 de imposto por mês de cada indivíduo da

população, independentemente do seu nível de renda.

10.4. Imposto Regressivo, Neutro e Progressivo

Um imposto é considerado regressivo se à medida que a renda diminui, a

quantidade a ser paga de imposto aumenta. Ou seja, em um imposto

regressivo a pessoa que ganha menos paga mais imposto.

Por outro lado, um imposto progressivo é aquele em que os ricos pagam mais

que os pobres e a alíquota cresce à medida que aumenta a renda da pessoa. O

Imposto de Renda das Pessoas Físicas é um bom exemplo.

O imposto é considerado neutro quando todos pagam a mesma quantidade. Ou

seja, a quantidade a ser paga de imposto independe da renda, todos pagam o

mesmo percentual da renda, por exemplo, a título de imposto.

10.5. Imposto Direto e Indireto

Um imposto é considerado direto quando o ônus tributário incide sobre o

próprio contribuinte. Se o imposto incidir sobre a renda ou a riqueza, ele é

chamado de direto. Um imposto é considerado indireto quando os contribuintes

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transferem o ônus tributário para terceiros. Em geral, estão associados a

produção ou comercialização de bens e prestação de serviços.

11. Excedente do Consumidor e Excedente do Produtor22

Esse é um ponto sempre mais enrolado. Não que seja difícil, isso não é, mas

pode ser complicado de você colocar na prática, no dia a dia.

11.1. Excedente do Consumidor

Sabemos que as pessoas valoram os diferentes bens de diferentes formas.

Vamos imaginar um exemplo discreto em que cada pessoa aceita pagar um

determinado valor diferente por um bem e adquire uma unidade daquele

produto. O valor que a pessoa admitiria pagar não tem relação com a

quantidade de dinheiro que ela tem, mas sim com a necessidade que ela tem

do bem, da vontade que ela tem de possuir o bem e assim por diante.

Graficamente, podemos dizer que o triângulo que está abaixo da curva de

demanda e acima do preço de equilíbrio é o excedente do consumidor.

22

Essa é outra abordagem para a análise de Bem-Estar

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11.2. Excedente do Produtor

O excedente do produtor tem a mesma ideia do excedente do consumidor,

mas agora estamos falando em relação à curva de oferta, à curva do produtor.

A maioria dos alunos acredita que o excedente do produtor é o lucro do

produtor, mas isso não é verdade. Entretanto, esse excedente tem uma

ligação direta com o lucro.

Graficamente, podemos representar da seguinte forma:

O excedente do consumidor é a área que está acima da curva de oferta e

abaixo do preço.

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Professor: César Frade – IGEPP – BACEN 2013