Recebido até Agosto/2011, aprovado até Setembro/2001. Vinculada ao Curso de Letras: Licenciatura e Bacharelado e ao Programa de Mestrado em Letras Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Unidade Universitária de Campo Grande – MS www.cepad.net.br/linguisticaelinguagem www.linguisticaelinguagem.cepad.net.br METAPLASMOS: A “EVOLUÇÃO ATRAVÉS DOS TEMPOS” 12 Jenniffer Kaiolany Garcia Martins Santos (UEMS/UNA) Resumo: A língua portuguesa é o resultado das constantes transformações fonéticas que vem passando a partir do latim vulgar. A língua é tida como um veículo lingüístico de comunicação, de informação e de expressão entre os falantes, usada em situações naturais de interação social. Contudo, a língua apresenta um alto grau de diversidade e variabilidade, pois toda língua do mundo apresenta um fenômeno chamado “variação”, isto é, nenhuma língua é falada do mesmo modo pelos falantes em todos os lugares. A fala, por conseguinte, constitui-se um elemento modificador para as variações na língua, encontrando-se embasada em traços diferenciais, tais como: regionalidade, contexto sócioeconômico e político. Com essa maneira coloquial e, muitas vezes, espontânea, a fala manifesta-se por meio dos indivíduos que, muitas vezes, são “taxados” linguisticamente como “ignorantes” quando usam essas formas. As várias “oscilações” apresentadas na grafia dos informantes é uma característica demonstrada na fala espontânea arraigada no sistema da escrita. Palavras-chave: evolução; fala; escrita. Introdução A origem da linguagem é uma das questões que mais tem preocupado o espírito humano. Desde a remota antiguidade, ela vem sendo discutida pelos sábios, não chegando até o momento a um acordo. Justifica-se esse empenho devido ao importante papel que a linguagem exerce em todas as manifestações da vida humana. O instinto de sociabilidade, mais imperioso na espécie humana que nos outros animais, não encontraria expressão adequada, ou mesmo se anularia, se não existisse a linguagem. Com efeito, a existência em comum do uso da língua supõe a fixação de umas tantas normas ou regras obrigando cada pessoa a respeitar, conforme o embate dos interesses antagônicos, para que não prejudique a boa comunicação ocorrente no seio da coletividade humana. 1 Trabalho orientado pelo Prof. Dr. Marlon Leal Rodrigues, Letras Nova Andradina, 2009. 2 Agradeço ao Prof. Dr. Miguel Eugénio de Almeida pela revisão e sugestões, no entanto as posições aqui assumidas são de minha responsabilidade.
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Recebido até Agosto/2011, aprovado até Setembro/2001.
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METAPLASMOS: A “EVOLUÇÃO ATRAVÉS DOS TEMPOS”12
Jenniffer Kaiolany Garcia Martins Santos
(UEMS/UNA)
Resumo: A língua portuguesa é o resultado das constantes transformações fonéticas que vem passando a partir do latim vulgar. A língua é tida como um veículo lingüístico de comunicação, de informação e de expressão entre os falantes, usada em situações naturais de interação social. Contudo, a língua apresenta um alto grau de diversidade e variabilidade, pois toda língua do mundo apresenta um fenômeno chamado “variação”, isto é, nenhuma língua é falada do mesmo modo pelos falantes em todos os lugares. A fala, por conseguinte, constitui-se um elemento modificador para as variações na língua, encontrando-se embasada em traços diferenciais, tais como: regionalidade, contexto sócioeconômico e político. Com essa maneira coloquial e, muitas vezes, espontânea, a fala manifesta-se por meio dos indivíduos que, muitas vezes, são “taxados” linguisticamente como “ignorantes” quando usam essas formas. As várias “oscilações” apresentadas na grafia dos informantes é uma característica demonstrada na fala espontânea arraigada no sistema da escrita. Palavras-chave: evolução; fala; escrita.
Introdução
A origem da linguagem é uma das questões que mais tem preocupado o espírito
humano. Desde a remota antiguidade, ela vem sendo discutida pelos sábios, não chegando
até o momento a um acordo. Justifica-se esse empenho devido ao importante papel que a
linguagem exerce em todas as manifestações da vida humana.
O instinto de sociabilidade, mais imperioso na espécie humana que nos outros
animais, não encontraria expressão adequada, ou mesmo se anularia, se não existisse a
linguagem. Com efeito, a existência em comum do uso da língua supõe a fixação de umas
tantas normas ou regras obrigando cada pessoa a respeitar, conforme o embate dos
interesses antagônicos, para que não prejudique a boa comunicação ocorrente no seio da
coletividade humana.
1 Trabalho orientado pelo Prof. Dr. Marlon Leal Rodrigues, Letras Nova Andradina, 2009. 2 Agradeço ao Prof. Dr. Miguel Eugénio de Almeida pela revisão e sugestões, no entanto as posições aqui assumidas são de minha responsabilidade.
Recebido até Agosto/2011, aprovado até Setembro/2001.
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A linguagem não se restringe tão somente ao ato de transmitir informações, entre
tantas outras, mas principalmente tem a função de comunicar ao ouvinte à posição que o
falante ocupa na sociedade em que vive.
Contudo, se as produções linguísticas são introduzidas em um campo linguístico
não adequado ao contexto social, permitindo a um reduzido número de indivíduos uma
comunicação satisfatória.
Como afirma Gnerre (1991), a linguagem constitui o arame farpado mais poderoso
para bloquear o acesso ao poder.
As variedades linguísticas, quando num contexto externo, determinam poder
comunicação e são assim firmadas pelo seu grau de associação com a escrita, pelos seus
usos. Quando há associação entre uma dada variedade linguística oral com a escrita,
verificamos o resultado histórico indireto de oposições entre grupos usuários das diferentes
variedades.
O uso do código linguístico da variante de prestígio é um forte fator de
desigualdade para muitos falantes, pois muitos desses falantes não têm acesso, ou têm
domínio precário desse código; justificando, então, a discriminação que sofrem pelo seu
“jeito” de falar. Alguns colocam as diferenças dialetais existentes no Brasil sendo
responsáveis por alguns níveis sociais, especialmente os mais altos, tendendo a
hipercorreção do esforço para alcançarem à norma reconhecida pelo poder político
dominante.
Por conseguinte, o intuito deste estudo é verificar por meio dos metaplasmos, as
transformações sofridas pela língua portuguesa desde a origem latina perdurando
atualmente na fala espontânea com as variantes ocorrentes.
As ocorrências são oriundas de um questionário sociolingüístico, aplicado aos
discentes do 8o ano do ensino fundamental de ensino público.
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O objeto, para a análise desta pesquisa, é as variações fonéticas3 ocorrentes entre
as formas orais para com as formas escritas, compreendendo o vocabulário de discentes do
oitavo ano do ensino fundamental de ensino público.
O objetivo geral desta pesquisa é analisar as diferentes formas fonéticas ocorrentes
na atualidade utilizadas pelos alunos do oitavo ano do ensino fundamental.
Uma das suposições vigentes – o apreender a falar vem antes mesmo do aprender a
escrever -; pois cada falante é agente modificador de sua língua, conforme as situações que
nos deparamos, gerando assim “neologismos” na norma culta da língua.
Como defendeu José de Alencar (apud Gnerre, 1991), em seus escritos, implícita e
explicitamente, a idéia de língua “brasileira”, movido por uma perspectiva nativista, a
língua “brasileira” deveria se adequar à “simplicidade” de pensamento e da expressão do
índio e do sertanejo.
É bem possível que o português, evoluído do latim vulgar, continua apresentando
essas falas espontâneas, vistas como formas erradas, passando com o tempo a incoporá-las.
Seguindo o método para a realização desta pesquisa, elaboramos um questionário
com dezesseis perguntas direcionadas aos alunos do oitavo ano do ensino médio. O tempo
estimado para a resolução destas perguntas foi de aproximadamente vinte minutos. Diante
das respostas, analisamos cada uma delas, ou seja, observamos as variações que ocorreram
na escrita, mediante a confrontação com a norma padrão, considerando o respondido por
cada discente.
As respostas obtidas foram separadas em tabelas, atendendo-se aos elementos do
gênero e faixa etária.
Pois, como Lopes (1987), observa-se às vezes, nas pessoas alfabetizadas, uma
tendência pronunciada para superestimar o papel desempenhado pela escrita em nosso tipo
de cultura.
3 Esta expressão é mais adequada, em se tratando das formas fonéticas atuais.
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Já quanto à faixa etária, foi evidente naqueles com maior idade, um melhor
desempenho na resolução das questões, não sendo tão relevante devido às mudanças
ocorridas.
Foi preciso elaborar um questionário sociolingüístico das diferenças dialetais
(gênero e faixa etária), com perguntas direcionadas. O mesmo foi aplicado para os
discentes e, depois a partir das respostas obtidas, foram feitas as tabulações, selecionando
as respostas que sofreram maiores variações para só assim ser realizada a análise.
Breve história do objeto de pesquisa
Servindo de instrumento diário de comunicação entre os indivíduos de uma nação,
a língua portuguesa remontando no passado as suas origens, ao seu período de formação,
explica-nos as transformações por que essa mesma língua passaram, na sua evolução
através do espaço e do tempo.
Essas transformações não se deram por acaso, não foram produzidas pela moda ou
capricho, mas obedeceram às tendências naturais, aos hábitos fonéticos espontâneos. A
constância e a regularidade, que se observam em tais transformações, permitiram ao
gramático formular-lhes os princípios e as leis.
Modificações do latim vulgar transportado pelos legionários romanos para a
Península Ibérica, e aí transformado e grandemente enriquecido no seu léxico, o português
é uma língua novilatina que possui documentos literários apreciáveis, por meio dos quais é
possível retomar as várias fases da sua evolução.
Por sua vez, a linguagem é o conjunto de sinais que a humanidade
intencionalmente se serve para comunicar as suas idéias e pensamentos. Onde quer que ela
se encontre, em estado selvagem ou civilizado, revela sempre o conhecimento de um
sistema especial de sinais articulados. Pode-se dizer também que os animais possuem sinais
fônicos muito desenvolvidos, permitindo assim a comunicação entre os animais, contudo
esta linguagem não é um produto cultural como enfatiza Lopes (...), esta linguagem é senão
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uma componente da organização físico-biológica dos animais, ou seja, herdada com a
programação genética da espécie. Já a linguagem humana, por sua vez, não é herdada, o
homem aprende a sua língua. Portanto só a linguagem humana expressa sentidos diferentes
de acordo com diferentes experiências e situações.
Embora estejamos inseridos em uma sociedade que se vale do mesmo código
como meio de comunicação, a língua falada está sujeita às variações. O que acontece é que
em toda língua do mundo existe um fenômeno chamado variação, isto é, nenhuma língua é
falada do mesmo jeito em todos os lugares. A estas variações regionais a que a língua esta
sujeita, são designados como dialetos.
Ao passo que não se deve admitir a falsa idéia de que o dialeto seja a corrupção de
uma língua. O povo, quando modifica o idioma, obedecendo às suas tendências naturais,
não o corrompe. A língua, como tudo na natureza, está sujeita às transformações
inevitáveis.
A língua falada é, portanto como conclui Tarallo (1997), um sistema variável de
regras, e a esse sistema devem corresponder tentativas de regularização, de normatização.
Como grande estandarte desta regularização surge a língua escrita.
Já na Idade Média, a associação entre a variedade lingüística e a escrita foi uma
operação que respondeu às exigências políticas e culturais. Inicialmente passou-se por um
processo de adequação lexical e sintático, tendo como modelo o latim. A segunda etapa foi
no processo de fixação de uma norma constituída pela associação da variedade já
estabelecida como língua escrita com a tradição gramatical. Contudo, como advertia
Saussure (apud Lopes, 1986) a única razão de ser da escrita é o seu caráter de representante
da fala. Considera-se, portanto, que a distância entre a língua codificada na gramática da
variante de prestígio e a realidade da variação em geral, por meio desta pesquisa
comprovando que os falantes usuários de uma mesma língua tentam reproduzir no sistema
da escrita o sistema da fala.
1. Pressupostos teóricos
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De todos os códigos utilizados pelo homem para expressar suas impressões, para
representar coisas, seres, idéias, sem dúvida alguma, o mais importante é a língua, sistema
de representação constituído por palavras e por regras que as combinam em unidades
portadoras de sentido, comum a todos os membros de uma determinada sociedade. Isso
significa que a língua pertence a toda uma comunidade, como é o caso da língua
portuguesa.
Os falantes de uma língua adquirem naturalmente e gradativamente o
conhecimento necessário para usá-la, em se pensando em uma criança, por exemplo, que
em contato diário com a comunidade falante, começa a emitir palavras soltas, depois
pequenas frases, até montar sentenças mais elaboradas.
O uso que cada indivíduo faz da língua depende de várias circunstâncias: do que
vai ser falado e de que forma, do contexto, do nível social e cultural de quem fala e para
quem se está falando.
Portanto, o falante vale-se de um sistema de regras, convencionado e instituído
antes mesmo dele nascer, que pode e deve ser adaptado às suas necessidades de
comunicação, sem menosprezar a criatividade e sem esquecer a intencionalidade.
1.1 Leis Fonéticas
Como discorre Coutinho (1976), as Leis Fonéticas são princípios constantes do
uso de fonemas que presidem a evolução dos vocábulos. Observando-se as modificações
das palavras, verifica-se, sem dificuldade, que os fonemas se alteram do mesmo modo,
sempre que se acham em idêntico meio e circunstância. Daí o caráter de constância e
inflexibilidade das leis fonéticas. Os antigos gramáticos sustentavam opinião contrária. Para
eles, não passavam elas de tendências mais ou menos pronunciadas, pelas quais se podiam
explicar uns tantos fatos; ao passo que outros, por eles chamados exceções, ficavam
irremissivelmente sem explicação.
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Coube aos neogramáticos a tarefa de sustentar o seguinte: o conceito de que as leis
fonéticas são princípios absolutos em que o rigor científico pode ser facilmente observado.
Só a partir dessa época, pode a Lingüística pretender ao título de ciência, enfileirando-se,
pela segurança dos seus processos, ao lado das demais ciências. A transmissão da
linguagem não é representada por um todo, pois não se pode reproduzir senão o que se
ouve, sendo assim por sua descontinuidade natural, a transmissão da linguagem dá lugar a
modificações. Estas modificações provêm dos meios precários que nos levam ao
conhecimento de um idioma: a imperfeição das imagens auditivas e a incapacidade de
reproduzir com fidelidade, os sons ouvidos. Bem ao contrário ao que se pode pensar, as
modificações são coletivas, levando-se em conta um dado lugar e época, nas mesmas
condições sociais, climáticas e biológicas, podendo manifestar-se de três formas:
- Inconscientes. As modificações que se observam nos vocábulos de uma língua são alheias
à vontade do povo. Falamos segundo as tendências próprias da época em que vivemos.
Essas tendências podem variar o que explica a diversidade de tratamento às vezes dado aos
vocábulos de uma língua, no curso de sua história.
- Graduais. A evolução das palavras se processa segundo a lei natural: Natura non fácil
saltus. Não raro se forma idéia errônea da evolução dos vocábulos, quando se cotejam
formas latinas com as atuais portuguesas, que daquelas se originaram. Faz-se mister, antes
de mais nada, restabelecer todos os elos da cadeia evolutiva, com a citação das formas
intermediárias, para que se veja como se processou gradativamente essa evolução.
- Constantes. Foram os neogramáticos que assinaram este caráter de constância as leis
fonéticas. Da regularização das transformações é que se tornou possível a generalização de
leis. Sempre que um fonema se encontre em determinada circunstância, ele deve modificar-
se do mesmo modo.
Três são as leis fonéticas que presidiram a evolução das palavras portuguesas:
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- Lei do Menor Esforço ou da economia fisiológica. É uma lei universal, cujo domínio se
estende a todos os ramos da atividade humana. Caracteriza-se pela simplificação dos
processos, empregados pelo homem, na realização de sua obra.
Como lei fonética, ela exerce no sentido de tornar mais fácil aos órgãos fonadores
à articulação das palavras.
As modificações e quedas de fonemas deram-se em obediência a esta lei.
Pode-se dizer que a lei do menor esforço visa à eufonia e ao ritmo.
- Lei da Permanência da Consoante Inicial. A evolução das consoantes depende da posição
que elas ocupam na palavra. Enquanto as mediais e finais estão sujeitas as frequentes
sonorizações ou quedas, as iniciais passam integralmente ao português, com raras exceções.
Para esta permanência, deve ter concorrido o acento de intensidade no antigo
latim, que punha em evidência a sílaba inicial da palavra. Também se poderá explicar este
fato naturalmente, pela atenção especial que nos merece o início da palavra, suficiente às
vezes para determinar o seu sentido exato, antes mesmo que ela nos seja transmitida
integralmente.
- Lei da Persistência da Tônica. No meio das transformações e quedas de fonemas, foi o
acento tônico que guardou a unidade da palavra, ameaçada de perecer. Obrigando este
acento a uma pausa mais demorada da voz na sílaba sobre que incidia, evidente se torna
que esta devia resistir.
Em oposição a esta lei, dos quais alguns remontam ao latim vulgar, temos as
Causas Fonéticas, Morfológicas e Analógicas.
- Causas Fonéticas. A deslocação de acento tônico, que se observa em português, dá-se:
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a) em palavras latinas, em que aparece i ou e tônico em hiato, ou seja, seguido de outra
vogal. O latim vulgar, na sua tendência para evitar o hiato, deslocou o acento tônico para a
última vogal, reduzindo-as freqüentemente por crase a uma só, que era a última.
Latim clássico Latim vulgar Português
mulíere - muliére > mulher
lintéolu - linteólu > lençol
b) nos polissílabos, em que no latim havia vogal em “positio debilis”. Diz-se vogal em
“posição débil” a que era seguida de grupo consonantal, formado de muta (p, b, t, d, c, g) e
liquida (l, r). A sílaba em que figurava receber o acento, segundo as necessidades do verso.
Na prosa, porém, era átona. O latim vulgar tornou-a tônica. O português conservou a
acentuação do latim vulgar.
Latim clássico Latim vulgar Português
íntegru - intégru > inteiro
cáthedra - cathédra > cadeira
c) em vocábulos que deviam terminar, de acordo com a etimologia, em â tônico final
fechado, se a língua portuguesa os tolerasse. Neste caso, estão quinta, campa e venta. No
período arcaico, soavam respectivamente quintãa, campãa e ventãa. A sua origem é o latim
quintana, campana e ventana.
- Causas Morfológicas. No latim vulgar, operava-se a transposição do acento tônico para o
segundo elemento, quando a palavra era composta e havia consciência da composição.
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Explica-se isso pelo fato de encerrar o segundo elemento a idéia principal. O português
conservou a acentuação do latim vulgar.
Latim clássico Latim vulgar Português
óbligo (ob+ligo) - oblígo > obrigo
implico (in+plico) - implíco > emprego
Essa consciência era às vezes tão nítida que levava o povo a recompor o vocábulo
em seus elementos mórficos: perfácit por pérficit > perfaz, requarit por requirit > requer;
ou a preservá-lo de maiores alterações: retenere por retinere > reter, recipére por recipere
> receber, em que se na operou a transformação do -t- nem do -c- intervocálicos.
Permanecia, porém, a acentuação clássica, quando não tinha o povo romano consciência da
composição:
Latim clássico Latim vulgar Português
cómedo (cum+edo) - cómedo > como
cómputo (com+puto) - cómputo > conto
- Causas Analógicas. A ação que umas palavras exercem sobre as outras é causa de que se
encontre, às vezes, discordância entre a acentuação latina e a portuguesa. É assim que:
a) os nomes judice, varice e cytisu, proparoxítonos no latim clássico, tornaram-se, por
influência da terminação -ice os dois primeiros e por analogia com cupressu o último,
paroxítonos no latim vulgar e, conseqüentemente, em português:
Latim clássico Latim vulgar Português
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júdice - judíce > juiz
várice - varíce > variz
cýtisu - cutessu > codesso
b) muitas palavras, em vez da acentuação latina, tomaram entre nós a grega:
Latim Grego Português
órgia orgía orgia
astrologia astrología astrologia
c) os verbos da terceira conjugação clássica latina (-ềre) identificaram-se por analogia com
os da segunda (-ềre) no latim vulgar da Península.
Latim clássico Latim vulgar Português
dícere - dicére > dizer
sápere - sapére > saber
cápere - capére > caber
fácere - facére > fazer
Ainda por analogia, alguns verbos da segunda (-ềre) passaram à quarta (-ire), no
latim vulgar. Para isto, deve ter influído a semelhança fonética entre a terminação da 1a
pessoa do presente do indicativo -eo da 2a e -io da 4a conjugação.
Latim clássico Latim vulgar Português
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ridére - ridire > rir
complére - complire > cumprir
d) na 1a e 2a pessoa do plural do imperfeito, mais-que-perfeito do indicativo e imperfeito do
subjuntivo, houve deslocação, por influência da acentuação das três pessoas do singular.
Que ainda segundo Ferreira (2000) é um tanque artificial utilizado para a natação.
Considerações Finais
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A língua portuguesa apresenta-se de uma forma estereotipada perante a sociedade,
contudo, no momento em que o indivíduo vale-se da linguagem para se expressar com os
demais, esta vem “carregada” de formas irregulares e instáveis.
O que acontece é que toda língua do mundo existe um fenômeno chamado
“variação”, isto é, nenhuma língua é falada do mesmo jeito em todos os lugares, por
estarem adequadas às diferentes situações.
Assim cada falante adquire seu estilo próprio de se expressar, seja ele no momento
da fala ou da escrita.
No instante em que há a “colisão” de um estilo próprio com a norma até então
solidamente organizada, tem se a noção de “erro”.
Para concluir, o grande desafio que os dias de hoje nos impõem é de se saber
utilizar o nível de linguagem adequado a situação.
No entanto, é inegável que o padrão formal culto é o registro de prestígio social,
via de regra exigido nas relações sociais de caráter profissional ou oficial.
Referências Bibliográficas
BAGNO, Marcos. Preconceitos lingüísticos – o que é, como se faz. 23a Ed. São Paulo –
SP: Edições Loyola, 1999.(Não está no corpo do trabalho)
CARVALHO, Castelar de. Para Compreender Saussure: fundamentos e visão crítica.
13a Ed. Petrópolis - RJ: Editora Vozes, 2003
COUTINHO, Ismael de Lima. Pontos de gramática histórica. Rio de Janeiro - RJ: Editora
Ao Livro Técnico, 1976.
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FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio Século XXI Escolar: O
minidicionário da língua portuguesa. 4a Ed. Rio de Janeiro - RJ: Nova Fronteira, 2000.
GNERRE, Maurizzio. Linguagem, Escrita e Poder. 3a Ed. São Paulo: Martins Fontes,
1991.
LOPES, Edward. Fundamentos da Lingüística Contemporânea.
SANTANA, Maria Pastoura Benedita de. Metaplasmos: Entre o oral e o escrito. Nova
Andradina - MS, 2009.
TARALLO, Fernando. A pesquisa sócio-lingüística. 5a Ed. São Paulo - SP: Editora Ática,
1997.
Anexo 1 - Questionário
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE NOVA ANDRADINA
CURSO DE LETRAS PROJETO DE PESQUISA
Aluna: Jenniffer Kaiolany Garcia Martins Santos Orientador: Prof.Dr. Marlon Leal Rodrigues - Ficha________ Escola:___________________________________________________________________ Nome:___________________________________________________________________ Série:_______________Idade:________________Sexo:___________________________ Questionário 01 - O gás de cozinha que utilizamos no fogão vem dentro do: R:________________________________________________ 02 - Quantos são dez mais seis? (escreva por extenso) R:_________________________________________ 03 - Que nome é dado ao animal que habita o aquário de vidro de pequeno porte? R:_______________________________________________________________ 04 - Como é chamado o lugar em que o professor escreve com giz para transmitir conteúdo em sala de aula? R:_______________________________________________________________________ 05 - Qual é o oposto de homem? R:_________________________ 06 - Qual dos talheres pontudo em sua grande maioria, que utilizamos para comermos macarrão? R:_______________________________________________________________________ 07 - Qual o órgão de nosso corpo responsável pela visão?
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R:___________________________________________ 08 - Como é denominado o liquido com o qual fritamos batatinha? R:__________________________________________________ 09 - Com que acendemos o fogo que não é o isqueiro? R:_________________________________________ 10 - Quem faz curso superior em direito vai exercer a profissão de: (não é juiz, nem promotor, nem defensor) R:_______________________________________________________________________ 11 - Na dieta básica do brasileiro qual o cereal branco, pequeno, pontiagudo e que faz parceria como o feijão? R:_______________________________________________________________________ 12 - Que objeto de plástico, redonda, maleável e comprida, que utilizamos para lavar a área e que se encaixa na torneira? R:_______________________________________________________________________ 13 - O que utilizamos para beber café que não é o copo? R:__________________________________________ 14 - Em que lugar os atletas praticam a natação? R:____________________________________ 15 - O que utilizamos para nos enxugar após o banho? R:_________________________________________ 16 - Como é chamado o acessório que colocamos na cabeça para proteção contra o frio que não o boné, nem o chapéu, nem a boina, nem o gorro? R:_______________________________________________________________________ Anexo 2 Tabulação Geral das Respostas
QUADROS DA ESCOLA ESTADUAL GUAICURU
QUADRO GERAL
Fichas: 1 a 34 Masculino: 21 Idade Média: 12 a 17 anos Ano: 8o Feminino: 13
16 Touca 04 30 Toca (30) 19 11 Anexo 3 Tabela Específica das respostas e suas respectivas variações do Gênero Feminino (Idade entre 12 e 16 anos) do 8o ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Guaicuru, localizada na cidade de Anaurilândia - MS.
QUADRO FEMININO Faixa Etária: 12 a 16 anos
Recebido até Agosto/2011, aprovado até Setembro/2001.
Vinculada ao Curso de Letras: Licenciatura e Bacharelado e ao Programa de Mestrado em Letras
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Unidade Universitária de Campo Grande – MS
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Anexo 4 Tabela Específica das respostas e suas respectivas variações do Gênero Masculino (Idade entre 12 e 17 anos) do 8o ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Guaicuru, localizada na cidade de Anaurilândia - MS.
QUADRO MASCULINO Faixa Etária: 12 a 17 anos
Questão Resposta Esperada
Variação Apresentada 12 anos 13 anos 14 anos 15 anos 16 anos