MERCADOS GLOBAIS PROGRAMAS DE MBA AGOSTO 2015 Prof. Dr. Félix Alfredo Larrañaga
CONTEÚDO PROGRAMA PARA CURSOS DE MBA
1. Introdução: economia tradicional e global: O sistema global. Classificação.
2. As dez forças que provocaram a globalização.
3. O sistema político como pano de fundo da economia: estado-nação, regiões-estado.
4. Teorias econômicas tradicionais (Adam Smith, David Ricardo, John M. Keynes) e
sua aplicação no ambiente atual.
5. Relação entre marketing e logística.
6. Mercados: definição de mercados tradicionais e globais.
7. Empresas nacionais, multinacionais, transnacionais e globais.
8. Análise e avaliação do ambiente dos mercados globais (econômico, social, cultural,
político, legal e regulatório).
9. Análise dos mercados consumidores e comportamento de compra dos clientes inter-
nacionais.
10. Estratégias de entrada e operação em mercados internacionais (exportação, licencia-
mento, alianças, joint ventures e internacionalização).
11. Negócios globais: teoria e prática.
12. Como entrar e conquistar negócios em mercados internacionais (estratégias de pro-
duto, promoção, preço e distribuição).
13. Desenvolvimento de produtos e serviços para mercados internacionais.
14. Sistemas de informação, inteligência, pesquisa de mercado e comunicação em mer-
cados internacionais.
15. Negociações multiculturais.
16. As decisões na economia global.
ANEXOS
1. Introdução: economia tradicional e global: O sistema global. Classificação.
O presente texto foi elaborado para ser usado como material de apoio na disciplina Mer-
cados Globais, dos Programa de Especialização em Gestão de Negócios para Empresas,
em agosto de 2010 e atualizado agora.
Consiste na compilação de textos de diferentes origens realizada pelo autor, que respon-
dem cronologicamente ao conteúdo de uma disciplina proposto por uma instituição de
ensino superior e que trata de inserir o conceito de mercados globais na realidade política,
econômica e social na que os profissionais participantes atuam. A base de dados estatís-
ticos disponíveis na bibliografia sugerida é relativamente antigo, motivo pelo qual uma
boa parte da base (utilizados neste texto) foi atualizada com informações dos anos 2008
a 2010.
O processo de globalização tem sido estudado por diversos autores desde diferentes pon-
tos de vista, motivo pelo qual resulta difícil defini-lo de maneira de satisfazer aos acadê-
micos, profissionais e públicos em geral. Assim, pode-se enxergar a globalização como
uma questão puramente econômica ou procurar estudá-la num ambiente de maior alcance
como, por exemplo, o sistema mundial no seu conjunto1.
Trata-se assim de apresentar a realidade do mercado globalizado de interesse, assim como
estimular os participantes a compreender que o marketing internacional permite definir
estratégias empresariais de entrada e operação nesse mercado.
Para isso, com a finalidade de falar a mesma linguagem, esta introdução será completada
com a definição de conceitos que serão utilizados ao longo do curso.
1.1. Economia tradicional2: ou simplesmente economia, é a ciência que estuda a ativi-
dade produtiva. Focaliza estritamente os problemas referentes ao uso mais eficiente
de recursos materiais escassos para a produção de bens; estuda as variações e com-
binações na alocação dos fatores de produção (terra, capital, trabalho, tecnologia),
na distribuição de renda, na oferta e procura e nos preços das mercadorias.
1 http://www.miniweb.com.br/Geografia/Artigos/geo_mundial/globalizacao.html 2 SANDRONI, Paulo. Novíssimo Dicionário de Economia, São Paulo, Editora Best Seller, 7ª Edição, pp.
189-193.
Sua preocupação fundamental refere-se aos aspectos mensuráveis da atividade pro-
dutiva, recorrendo para isso aos conhecimentos matemáticos, estatísticos e econo-
métricos.
ROSSETTI (1997: 33-34), destaca alguns aspectos da economia numa teia com-
plexa de relações sociais e múltiplos fatores condicionantes quando analisa o poli-
nômio produção-distribuição-dispêndio-acumulação de Jean-Baptiste Say, o trinô-
mio riqueza-pobreza-bem-estar de Alfred Marshall, o binômio crescimento-desen-
volvimento de Simon S. Kuznets e o trinômio recursos-necessidades-prioridades
de Lionel Robbins.
O mesmo autor lista 16 grandes temas dos que se ocupa a economia, dentre os quais
se podem mencionar a escassez, o emprego, a produção, as trocas, as moedas, os
preços, os mercados e a concorrência.
Na evolução do conceito teve participação relevante o mercantilismo (séculos XVI-
XVIII), doutrina cuja finalidade era a defesa do acúmulo de divisas em metais pre-
ciosos para fortalecer os Estados Nacionais em formação, depois da desintegração
do feudalismo3. Essa doutrina levou a um brutal protecionismo e a uma ampla par-
ticipação do Estado na economia.
Posteriormente, nos séculos XVIII e XIX desenvolveram-se outras concepções
como as de Quesnais (1758), Smith (1776) e Ricardo (1817), no período conhecido
como clássico. Smith descreveu a ordem econômica fundamentada no polinômio
formação-acumulação-distribuição-consumo.
Os economistas clássicos do período XVIII e XIX como Malthus, Law, Mill, Can-
tillon, Ricardo e Say definiam a economia partindo desses quatro elementos.
Em 1936, John Maynard Keynes publicou A Teoria Geral do Emprego, do Juro e
da Moeda, que propôs uma série de políticas para solucionar o problema do emprego
por meio da intervenção estatal, desencorajando o entesouramento em proveito das
despesas produtivas, por meio da redução das taxas de juros e do incremento dos
gastos públicos (Grande Depressão da década de 1930) 4.
3 O Mercantilismo defendia os seguintes princípios básicos: (1) incremento do bem-estar nacional ainda
que em detrimento dos seus vizinhos e/ou colônias; (2) a riqueza da economia nacional depende do au-
mento da população e do acúmulo de metais preciosos; (3) estimular o comércio exterior para gerar um
balanço comercial positivo que permita aumentar o estoque de metais preciosos; (4) o comércio e a indús-
tria são mais importantes para a economia nacional que a agricultura (NA). 4 SANDRONI, Paulo, op. citado, p. 324.
1.2. Economia global: a palavra globalização designa o fim das economias nacionais e
a integração cada vez maior dos mercados, dos meios de comunicação e dos trans-
portes (SANDRONI, 1999: 265).
Bolívar Lamounier remete o termo globalização à "reorganização das estruturas
produtivas e ao aumento dos fluxos comerciais e crescente mundial, no presente
contexto de aceleração do desenvolvimento tecnológico" (LAMOUNIER, 1996: 92)
5.
Na economia tradicional, o elemento básico era o Estado nacional que, dentro das
suas fronteiras podia fazer o que bem entender com sua população e seus recursos,
abstendo-se de qualquer ingerência nos assuntos de outros Estados.
Na economia global, o Estado nacional, com a defesa da sua soberania e dos cha-
mados interesses nacionais, atrapalha mais do que ajuda e aos poucos vai perdendo
o poder que teve desde o Tratado de Westphalia de 1648.
FRIEDMAN (2005: 15) define a globalização manifestando que o mundo é plano
porque atualmente a economia está baseada em plataformas que permitem que o
trabalho e o capital intelectual possam ser realizados ou utilizados amplamente, ao
mesmo tempo em que é possível fragmentar projetos, transmitir, produzir partes e
fazer a montagem final em qualquer lugar. Nesse ambiente as fronteiras nacionais
são cada vez mais permeáveis. Os Estados nacionais não conseguem controlar mui-
tos dos processos econômicos atuais.
Embora seja uma questão atual, o processo de globalização iniciou-se com as gran-
des descobertas marítimas e gerou diversas fases de expansão e internacionalização
como as de 1870-1913, 1945-1973 e 1974 até hoje.
Uma caracterização interessante da economia global foi proporcionada por Kenichi
Ohmae (2008: p. 23-33), que afirma que ela é invisível, não tem fronteiras, está
ciberneticamente conectada e se pode medir por meio de instrumentos financeiros
como os derivativos.
Esse autor propôs a reinvenção da economia abandona a economia tradicional que
cresceu em torno das relações entre oferta-demanda e oferta-emprego (OHMAE,
2008: 60). Nela, os economistas recomendavam aos políticos e a burocracia, em
geral, que usassem um ou mais instrumentos para influir nos demais, com a finali-
dade de gerar emprego, incrementar a produção e proteger a indústria nacional.
5 http://www.miniweb.com.br/Geografia/Artigos/geo_mundial/globalizacao.html
“(...) Ao longo das duas últimas décadas o mundo tem cambiado de forma substan-
cial. As regras econômicas, políticas, sociais, corporativas e pessoais guardam es-
cassa relação com as que vigoravam vinte anos atrás” (OHMAE, 2008: xv),
“(...) Junto com a expansão da economia global tem surgido uma visão mais unifi-
cada do mundo dos negócios, que é enxergado agora como uma totalidade em si
próprio, sem as restrições das barreiras nacionais” 6.
1.3. Sistema global: o sistema ou sociedade mundial está constituído por diversos atores
dentre os quais cabe aos Estados nacionais o principal papel.
Já na década de 1970, John Burton discorria sobre a dificuldade de se entender o
que era a “sociedade mundial”, devido ao fato que seu estudo a partir do comporta-
mento dos Estados nacionais não facilitava essa análise.
Com o processo de globalização se acelerando a partir dessa década, aparece a idéia,
conceito ou abstração de sistema global. Nele, por estar o mundo dividido em Esta-
dos nacionais, resulta conveniente considerá-los como seus elementos básicos7.
Porém, além deles participam dessa sociedade as organizações internacionais go-
vernamentais ou não, as corporações transnacionais e uma série de organizações
fora da lei como o narcotráfico, o crime organizado e o terrorismo. Esta interpreta-
ção surge do campo das relações internacionais.
Essa evolução do pensamento levou os pesquisadores a uma nova abordagem cha-
mada das “relações transnacionais”, que prestava mais atenção às entidades não es-
tatais.
Politicamente, o chamado sistema global representa para os Marxistas o sistema ca-
pitalista global, no qual os principais atores são as classes capitalistas e os Estados
nacionais mais poderosos. Existem outras abordagens chamadas neomarxistas, cuja
definição escapa ao alcance deste texto.
Para o presente curso pode-se definir o sistema global como aquele no qual não
existiriam fronteiras nem restrições de nenhuma natureza. Porém, isso é uma utopia,
já um mundo sem fronteiras exigiria de uma autoridade supranacional inexistente e
de difícil implementação.
Assim sendo, pode-se imaginar um processo de perda paulatina do poder estatal e a
renúncia parcial à soberania nacional tendendo no infinito a esse tal sistema global.
6 OHMAE, op. Citado, p. xv. 7 SKLAIR, Leslie, Sociologia do Sistema Global, Petrópolis, Editora Vozes, 1995, p. 14.
1.4. Classificação do sistema global: considerando o sistema global definido acima, ele
pode-se caracterizar de diversas maneiras, como sugere SKLAIR (1005: 23).
Baseada na renda: que consiste em ordenar os países do sistema conforme seu
PIB per capita e o tamanho da sua população.
Baseada no comércio: que utiliza o critério da quantidade, valor e tipo dos pro-
dutos exportados e importados. Surge aqui o conceito de trocas desiguais entre
países ricos e países pobres.
Baseada nos recursos: recursos naturais, território e população, que mostram
maior disponibilidade de recursos nos países menos desenvolvidos.
Baseada na qualidade de vida: que ordena os países pelo grau de bem-estar
das diversas sociedades. Hoje se dispões do Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH).
Baseada em blocos regionais: que leva em consideração a luta econômica, po-
lítica e ideológico-cultural entre o capitalismo e o comunismo pelo controle do
sistema global. Com o desmoronamento da URSS, esta classificação perdeu re-
levância.
2. As dez forças que provocaram a globalização8: o livro O Mundo Plano descreve o
processo de globalização contemporâneo como a consequência da convergência de
dez forças o estímulos acontecidos a partir da década de 1980. Elas são:
2.1. 09/11/1989: Quando os Muros Ruíram e as “Janelas se Abriram
Refere-se ao efeito provocado pela queda do Muro de Berlim, fato que aconteceu
quase simultaneamente com o lançamento do sistema operacional WINDOWS
(p. 61-69).
2.2. 09/08/1995: O Dia em que a Netscape foi para a Bolsa
Identifica o impacto da passagem das plataformas de computação baseadas em
computadores para plataformas baseadas na Internet. Isso aconteceu com a aber-
tura do capital da Netscape e o lançamento quase simultâneo do WINDOWS 95
(p. 70-72).
8 FRIEDMAN, op. citado, p. 61-200.
2.3. Softwares de fluxos de trabalho
Corresponde ao impacto gerado pela possibilidade de que os usuários se interli-
gassem como nunca antes e, ao mesmo tempo, ao desejo de desenhar, projetar,
criar, comprar e vender coisas, monitorar estoques, cuidar dos impostos próprios
o de outros, analisarem uma radiografia de um paciente localizado no outro lado
do mundo. Isso promoveu a padronização das maneiras como os dados seriam
digitalizados e transportados pela Internet (p. 80-92).
2.4. Código aberto
Refere-se a auto-organização das comunidades de colaboração. Código aberto
traduz a intenção de empresas ou grupos de disponibilizarem on-line o código-
fonte e permitir que todos os que tiverem alguma contribuição o fizesse, ao
mesmo tempo em que permitissem que terceiros o baixassem de graça (p. 99-
100).
2.5. Terceirização: O Ano 2000
Consiste em contratar empresas ou grupos que façam todo ou parte de um pro-
cesso produtivo ou de serviços, aproveitando suas melhores condições de dispo-
nibilidade e custo de mão de obra, materiais, custos logísticos e financeiros. No
caso do aplanamento do mundo, FRIEDMAN discorre sobre a disponibilidade
de pessoal técnico capacitado em países com a Índia, que permitiu a prestação
de serviços terceirizados (p. 123-126).
2.6. Offshoring
Consiste em transferir fábricas completas para lugares onde a mão de obra, os
materiais, os sistemas legais, regulatórios, financeiros e fiscais são mais conve-
nientes (p. 135-137).
2.7. Cadeia de Suprimentos
São redes de fornecimento que incluem vários estágios de fornecimento e vários
estágios de distribuição física. Isso permite que o comércio internacional colo-
que a disposição dos diferentes mercados, produtos que antes não eram disponi-
bilizados. Exemplo disso é a cadeia de suprimentos da Wal-Mart que disponibi-
lizava sushi importado em Betonville, Arkansas (EUA).
Trata-se de um processo contínuo a partir de um pedido, que inclui durante as
24 horas todos os dias do ano: separação, embalagem, distribuição, entrega,
compra, fabricação, novo pedido, separação e assim sucessivamente (p. 150-
153).
2.8. Internalização
Trata-se do conhecido in-sourcing, nova forma de colaboração e criação de va-
lor. Consiste em oferecer serviços associados às mercadorias a serem executadas
pelos funcionários da cadeia da qual a empresa forma parte.
Por exemplo, motoristas que entregam produtos, os instalam, testam e treinam o
usuário para operá-lo corretamente. Empresas como a UPS analisam os proces-
sos produtivos dos seus clientes para estruturar uma prestação de serviços ade-
quada com a melhor relação custo/benefício (p. 168-169).
2.9. In-formação: Google, Yahoo, MSN Web Search
Refere-se ao impacto sobre os negócios e o mercado da disponibilidade de fer-
ramentas de procura como os acima indicados (p. 176-185).
2.10. Esteroides: Digital, Móvel, Pessoal e Virtual
Disponibilidade de sistemas sem fio (wireless), especificamente de novas tecno-
logias que permitem usar todas as formas de colaboração antes mencionadas
(terceirização, offshoring, código aberto, cadeia de suprimentos, internalização
e in-formação). Essas ferramentas possibilitam ações digitais, móveis, virtuais e
pessoais (p. 186-190).
Por volta do ano 2000 as dez forças comentadas acima começaram a convergir, inte-
ragindo de maneira a gerar um novo campo ou mercado global. Esse novo campo
operacional e as novas formas de atuação empresariais constituem a segunda conver-
gência de FRIEDMAN. Finalmente, enquanto aconteciam essas duas convergências,
bilhões de pessoas oriundas da China, Índia, antigo Império Soviético e de outras
regiões, incorporaram-se ao jogo da colaboração, fato chamado de terceira conver-
gência por esse autor.
“(...) Quando todas essas forças se reuniram nos primeiros anos do século XXI, ficou
configurada uma plataforma com base na que o trabalho e o capital intelectuais po-
diam ser realizados desde qualquer lugar, tornou-se possível fragmentar projetos e
transmitir, distribuir, produzir e juntar suas peças de novo, conferindo uma liberdade
muito ampla de trabalho”.9
3. O sistema político como pano de fundo da economia: estado-nação, regiões-es-
tado.
O mundo dos negócios está inserido em sistemas políticos diversos. Existem países
nos que vigora o capitalismo em diversos graus e outros de economias centralizadas
ou mistas, com expressiva atuação do Estado.
Estado-nação: a organização política reconhece aproximadamente 190 países,
cada um dos quais é soberano e estabelece suas próprias normas dentro do seu
território. Essa forma de organização em unidades denominadas Estados. Carac-
terizam-se por ter bandeiras, símbolos, hinos nacionais, forças armadas, moeda
própria, bancos centrais.
Esses Estados ou Estados modernos são formas políticas nascidas e consolidadas
na chamada Ordem de Westphalia estabelecida no final da Guerra dos Trinta
Anos10. Considera-se que formalmente a Revolução Americana (1776) e a Revo-
lução Francesa (1789) formalizaram a passagem do Estado moderno para o Es-
tado-nação (LARRAÑAGA, 2008: 58).
Essa unidade política restringe qualquer interação, comércio e/ou fluxo de capitais
entre pessoas, grupos, empresas e organizações de diferentes Estados por meio de
regulamentações econômicas, fiscais e financeiras. Assim, nesse ambiente era im-
possível pensar em qualquer tipo de colaboração ou integração.
Os avanços no transporte, na informática e nas telecomunicações acabaram com
esse comportamento, já que permitiram o desenvolvimento de uma nova econo-
9 FRIEDMAN, op. citado, p. 15. 10 Guerra dos Trinta Anos (1618-1648): série de conflitos entre diversas nações Europeias, principal-
mente na região da atual Alemanha por rivalidades territoriais, religiosas, dinásticas e comerciais. Foi fi-
nalizada com a assinatura do Tratado ou Paz de Westphalia. (NA).
mia global, na que a interação é possível. Inúmeras atividades econômicas e fi-
nanceiras ficaram fora do controle estatal, facilitaram o comércio e ofereceram
menores custos aos consumidores.
Como exemplo extremo do conceito de Estado-nação pode-se mencionar a União
Soviética que nasceu sobre a herança czarista com a revolução de 1917 e que co-
meçou a se desmoronar a partir da queda do Muro de Berlim (1989). Esse Estado
tratou de ser autárquico e proibiu qualquer tipo de interação dos seus membros
com o exterior.
O fracionamento da população mundial em unidades políticas supostamente au-
tossuficientes tem obstaculizado a materialização da interdependência (OHMAE,
2008: 123).
Regiões-estado: conceito apresentado por OHMAE, quando identifica algumas
áreas geográficas de crescimento explosivo que não respeitam as fronteiras da
clássica organização política dos Estados-nação. Na opinião desse autor, essas
áreas são o meio útil e poderoso de organização econômica na economia global.
Isso é resultado da maior interdependência dessa áreas com o resto do mundo, o
que é facilitado e estimulado pela tecnologia e a logística. Em outras palavras,
estes dois elementos permitem que o comércio se realize com maior rapidez.
Maior rapidez significa menores estoques, que correspondem a menores capitais
imobilizados que podem ser aplicados em outras atividades rentáveis.
Os novos centros de crescimento do mundo atual deveriam ser procurados nessas
áreas que podem ser partes componentes de Estados nacionais, como no caso da
península de Shandong na China. Nesse lugar, a cidade de Dalian tem-se trans-
formado em um moderno centro econômico e de negócios, e ao mesmo tempo,
em um próspero ponto turístico.
Essa cidade interage com o resto do mundo de forma direta e instantânea, embora
seja parte de um Estado Comunista Chinês. O governo desse país deu autonomia
a região para agir dessa forma e os resultados estão à vista.
Na província de Liaoning há outras 13 cidades, de mais de um milhão de habitan-
tes, que estão trilhando o mesmo caminho. A macrorregião definida por essas ci-
dades forma parte da Zona Econômica do Mar Amarelo.
Outras regiões localizadas na Irlanda, Finlândia e Índia estão agindo da mesma
maneira, integrando-se ao mercado global, sem restrições dos seus respectivos
Estados.
4. Teorias econômicas tradicionais (Adam Smith, David Ricardo, John M. Keynes)
e sua aplicação no ambiente atual.
As teorias econômicas tradicionais foram desenvolvidas nos séculos XVIII a XX,
quando a economia respondia à chamada economia tradicional, suportada, apoiada
e/ou controlada pelo Estado-nação. Nessa época o desenvolvimento tecnológico es-
tava muito aquém do grau de sofisticação e complexidade da tecnologia atual.
Assim sendo, essas teorias tiveram aplicação até a explosão global de finais do século
XX. Porém, ainda hoje, os economistas sugerem a seus empregadores (políticos, em-
presários) a aplicação das teorias da vantagem absoluta, da vantagem comparativa, ou
dos princípios do Keynesianismo, etc.
Por exemplo, se observa mensalmente no Brasil tomar decisões de aumento e/ou re-
dução de taxas de juros em função das expectativas de inflação, esquecendo que o
aumento/diminuição delas estimulará o fluxo de capitais em direção ao país ou em
sentido contrário, provocando efeitos diferentes dos desejados.
Conforme OHMAE (2008: 66-72), as teorias econômicas, da mesma maneira que as
teorias da física demonstram ter validade em qualquer lugar que se apliquem, dentro
de determinadas condições limite. Essas teorias, que pretendem explicar a realidade
por meio de modelos simplificados, respondem a interpretações fruto de entornos his-
tóricos e, por isso, apresentam falhas.
Dentre os exemplos mencionados por esse autor cabe mencionar que o mais avançado
de inovação técnica observada por Adam Smith teria sido uma fábrica de alfinetes.
No século XVIII o setor de serviços tinha uma muito baixa participação na geração
de riqueza e o mundo do comércio estava cheio de barreiras econômicas, políticas e
físicas que impediam a livre circulação das mercadorias.
O pensamento de Ricardo baseava-se em questões como a renda da terra e os salários
dos trabalhadores agrícolas, sem levar em consideração a produção manufatureira,
que considerava secundária e volátil (OHMAE, 2008: 67).
Posteriormente, na primeira metade do século XX, a economia Keynesiana tinha um
foco linear que se apoiava em insumos e produtos identificáveis e mensuráveis. Nesse
modelo fechado de economia, os empregos, a oferta, a procura, as taxas de juros e a
oferta de dinheiro estavam relacionadas entre si. Nesse ambiente aceitava-se como
artigo de fé que o governo podia controlar a atividade econômica ajustando alguns
dos fatores mencionados.
Como conseqüência do diferente ambiente atual, que é global, quem tomar decisões
baseadas nas expectativas de Smith, Ricardo e/ou Keynes, seguramente encontrará
resultados diferentes dos esperados.
5. Relação entre marketing e logística11.
Pode-se afirmar que todos ou quase todos conhecem o conceito de marketing mix,
composto de comercialização ou 4P. Trata-se da combinação de quatro elementos
para definir estratégias de penetração em diferentes mercados ou segmentos desses
mercados. Os elementos em questão são Produto, Preço, Promoção e Praza (ou mer-
cado, ou canais de distribuição).
Tal vez seja menos conhecido o conceito de logística associado à execução ou imple-
mentação das estratégias definidas por meio dos 4P. Ela inclui o transporte, a arma-
zenagem, a armazenagem, o processamento de pedidos, inventários e nível de serviço.
Assim como o marketing procura alocar recursos para maximizar a rentabilidade da
empresa no longo prazo, a logística procura minimizar o custo total para oferecer de-
terminado nível de serviço (disponibilizar os produtos certos, conforme combinado
ao melhor custo possível).
A Figura 1 mostra os 4P na cor amarela e o processo de fornecimento na cor verde.
Na faixa central apresentam-se os componentes da função logística.
Fica claro que o ponto de contato entre as estratégias de marketing e de logística se
encontra no nível de serviço, isto é, na distribuição física. Essa relação é valida tanto
para os mercados nacionais quanto para os mercados globais.
11 LARRAÑAGA, op. citado, p. 47-48.
Figura 1 – Relação entre marketing, logística e suprimentos.
6. Mercados: definição de mercados tradicionais e globais.
Conforme o dicionário Michaelis, um mercado é:
1 Lugar público onde se compram mercadorias postas à venda. 2 Ponto onde se faz o principal co-
mércio de certos artigos. 3 Centro de comércio. 4 O comércio. 5 Econ Esfera das relações econômicas
de compra e venda, de cujo ajuste resulta o preço. 6 Econ Meio onde certos produtos são aceitos;
centro de comércio. Outras acepções são: mercado de futuros, de commodities, de moedas, de traba-
lho, de futuros, etc.
Assim, quando se fala de mercados tradicionais ou globais se trata de identificar lu-
gares onde se realizam negócios de qualquer natureza entre compradores e vendedo-
res, que utilizam diferentes territórios. O mercado de capitais da cidade de São Paulo
opera basicamente nesse estado Brasileiro. Um mercado de prestação de serviços de
logística disponível na Internet opera globalmente.
Marketing global
Produto
Localização cliente
Nível de serviço
Custo proc. Pedido
+ Informação
Material/Comp.
Requerido
Localização cliente
Nível de serviço
Promoção
Custo de
Transporte
Custo de
Armazenagem
Localização
Fornecedor
Preço
Custo
Inventário
Custo
Embalagem
Preço
É uma disciplina universal que administra os elementos do composto de comerciali-
zação no ambiente global. Desde o ponto de vista estratégico, os objetivos de marke-
ting deixaram de serem os lucros para passar a ser a geração de benefícios para todos
os atores da cadeia de valor (clientes, fornecedores, acionistas, funcionários). Partindo
dos desejos e necessidades dos clientes, o processo de agregação de valor passa pelos
estágios de pesquisa & desenvolvimento, engenharia, produção e distribuição.
No mercado global é possível que um empresário em qualquer lugar esteja em um
escritório com uma cadeira fabricada no México, uma escrivaninha importada da Di-
namarca através da IKEA (varejista global sueco). O computador pode ser um DELL
fabricado no Brasil ou na Irlanda. Os sapatos do homem podem ser argentinos ou
italianos, a gravata francesa e o café oferecido por sua secretária colombiano (adap-
tado de KEEGAN, 2007: 1).
Forças Motrizes MUNDO Forças Restritivas Tecnologia Cultura Cultura Diferenças de mercado Necessidades de mercado Custos
Custos Controles nacionais
Mercados livres Nacionalismo
Integração econômica Guerra Paz Miopia gerencial Visão gerencial História da organização Objetivo estratégico Foco doméstico Estratégia e ação global Fonte: KEEGAN, 2007: 15.
Figura 2 – Forças Motrizes e Restritivas.
Nesse novo conceito de marketing global, as empresas se preocupam com a agrega-
ção de valor para os clientes, a vantagem competitiva ou diferencial e o foco nos
negócios ou meios principais para agregar valor e gerar vantagens competitivas. A
equação que relaciona esses princípios chama-se equação de valor, e mede o valor
(V) como a relação entre benefícios (B) e preço (P), ou V=B/P.
Orientação administrativa: basicamente são três conforme um indivíduo pressupõe
que seu país é superior ao restante do mundo (etnocentrismo); acredita que cada país
em que empresa atua é único (policentrismo) ou vê as regiões ou o mundo como úni-
cas tentando desenvolver estratégias regionais ou mundiais integradas (regiocen-
trismo ou geocentrismo). Quanto às formas que estimulam ou restringem a integração
global, a Figura 2 as detalha.
7. Empresas nacionais, multinacionais, transnacionais e globais.
Diversos autores têm analisado as características que diferenciam as empresas, coin-
cidindo nos conceitos de empresas nacionais e multinacionais. Já as empresas trans-
nacionais e globais são diferenciadas por alguns e consideradas sinônimos por outros.
Neste texto apresentaremos a caracterização das empresas internacionais classificadas
em empresas nacionais (exportadoras), multinacionais, transnacionais e globais de
Jordi CANALS12. As considerações de CANALS permitem identificar as seguintes
empresas:
Corporação Multinacional (MNC): ou Empresa Multinacional (MNE) ou
Corporação Transnacional (TNC) ou Organização Multinacional (MNO) é
uma empresa ou corporação que gere estabelecimentos produtivos ou serviços de
distribuição em pelo menos dois países. Elas podem ser agrupadas em três grandes
grupos:
Corporações Multinacionais Horizontalmente Integradas: gerenciam estabe-
lecimentos de produção em diferentes países para a produção de produtos iguais
ou similares.
Corporações Multinacionais Verticalmente Integradas: gerenciam estabeleci-
mentos de produção em certos países para produzir bens que servem como insu-
mos da sua produção em outro país/países.
12 CANALS, Jordi, A Internacionalización de la Empresa: Como evaluar la penetración en mercados ex-
teriores, Madrid, McGraw Hill, 1994, p. 110.
Corporações Multinacionais Diversificadas: gerenciam estabelecimentos pro-
dutivos localizados em diferentes países que não estão nem horizontal nem verti-
calmente integrados.
CARACTERÍSTICAS DAS EMPRESAS INTERNACIONAIS
Características Empresa Exportadora Empresa Multinacional Empresa Global Empresa Transnacional
Concentração Centralização de tarefas Descentralização e Centralização. Dispersão, inter
chave. Descentralização independência das Escala global. dependência e especia-
da distribuição unidades nacionais. lização de tarefas.
Adaptação Adaptação das Grande sensibilidade Implantação das Contribuições diferenciais
competências da as oportunidades locais. estratégias corporativas das unidades nacionais
empresa matriz. da empresa matriz. às operações globais.
Aprendizado Desenvolvimento do Desenvolvimento de co- Desenvolvimento e Explo- Desenvolvimento
conhecimento na empresa nhecimento. Exploração ração do conhecimento conjunto e
matriz e transferência a em cada unidade nacional. na empresa matriz. exploração global.
outros países.
Fonte: CANALS, Jordi, La Internacionalización de la Empresa, p. 110, Quadro 6.2.
Figura 3 – Características das Empresas Internacionais
O Anexo 1 acrescenta uma interpretação dos modelos de CANALS e HILL.
8. Análise e avaliação do ambiente dos mercados globais (econômico, social, cultu-
ral, político, legal e regulatório).
As primeiras 104 páginas do livro Marketing Global (KEEGAN, 2007) discorrem
sobre o ambiente de negócios. Os tópicos a seguir apresentam um breve resumo desse
ambiente.
8.1 – Ambiente Econômico: (KEEGAN, 2007: 23-56)
A dimensão econômica tal vez seja a característica mais importante do mercado glo-
bal. Pode-se afirmar que hoje os mercados de todas as regiões do mundo são alvos
potenciais para quase todas as empresas, tanto de alta como de baixa tecnologia e
tanto de produtos básicos como sofisticados.
O cenário dentro do qual acontece a luta pela participação de mercado é de fácil iden-
tificação, já que um mapa do mundo da conta dessa necessidade. Nesse ambiente
acontecem fatos econômicos, políticos, sociais e culturais, que afetam favorável ou
desfavoravelmente os negócios.
Algumas das principais mudanças acontecidas nas últimas décadas foram: (1) o au-
mento significativo dos fluxos de capitais, que superam os fluxos de mercadorias; (2)
a produção cada vez mais desvinculada do emprego; (3) a perda de relevância das
economias nacionais em favor das economias regionais e a economia mundial; (4) o
crescimento explosivo do comércio eletrônico. Some-se a isso a formação de blocos
econômicos a partir da década de 1950 (União Europeia, Aladi, MERCOSUL, CAN,
Asean, NAFTA, etc.).
Figura 4 – Mapa do Mundo
A descrição desse mercado, ambiente ou cenário se faz geralmente, usando indicado-
res econômicos como o do PIB (Produto Interno Bruto), que indica a geração de ri-
queza mundial e de cada uma das unidades políticas. Como complemento utiliza - se
o PIB per capita, o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), as taxas de juros,
taxas de inflação, taxas de IDE (Investimento Direto Estrangeiro), dados sobre pro-
dução, exportações, importações, demanda aparente, formação bruta de capital, dívida
externa e outros.
Sistemas Econômicos
Outra questão associada ao mercado global diz respeito ao sistema econômico vigo-
rante nas unidades políticas que basicamente são o capitalista ou liberal e o socialista
o de economia planificada ou centralizada. Esses dois grandes grupos não são puros.
Existem deferentes graus de capitalismo e de socialismo (ou sistemas mistos).
Brasil é um país capitalista, embora aplique certas normas ou procedimentos de cunho
socialista. China é um país comunista que economicamente aplica um verdadeiro ca-
pitalismo. Considera-se que os países capitalistas principais são aqueles do G7, ou
Grupo dos Sete, composto pelos países mais ricos e desenvolvidos do mundo (Ale-
manha, EUA, França, Inglaterra, Itália, Japão e Canadá).
Partindo do critério de alocação de recursos, os sistemas econômicos mencionados
podem ser classificados da seguinte maneira:
Alocação/dotação por mercados: ou economia de mercado, liberal, capitalista
(EUA, América Latina, a maior parte dos países Europeus, Japão e outros países
Asiáticos).
Alocação comanditária: com ampla participação do Estado, socialista, central-
mente planificado (historicamente Cuba, China, URSS e a Índia sofreram essa
forma de alocação).
Alocação mista: como não existem sistemas puros, a maioria dos países controla
uma parte da sua economia. Isso vale tanto para EUA como para Cuba ou o Brasil.
Na OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico), partici-
pam alguns países que controlam parte do seu PIB mais ou menos do que outros
membros. Em princípios da década de 1990, EUA controlava 32% enquanto Sué-
cia controlava 64%.
A liberdade econômica mostra países como Hong Kong na liderança e outros
como Líbia, Cuba e Coréia do Norte nos últimos lugares da escala. O ILE (Índice
de Liberdade Econômica) considera quatro categorias de países. Na listagem do
ano 2000, publicada pelo Wall Street Journal em 30 de novembro de 1999, o Bra-
sil aparecia na 110 posição, sobre 161 participantes.
Na listagem do ano 2010, Hong Kong continua na liderança com nota 89,7, o
Brasil permanece na posição 113 sobre 183 participantes, com nota 55,613. Cabe
notar que o Chile está na 10ª posição, com nota 77,2.
Estágio de desenvolvimento de mercado
Como os diferentes mercados se encontram em diferentes estágios de desenvolvi-
mento, é necessário agrupá-los de maneira de poder analisar e avaliar cada um deles.
13 Disponível na página: http://www.heritage.org/index/Ranking.aspx (29/07/2010).
Para isso utiliza-se o PIB per capita, dividindo o mercado em quatro categorias dife-
rentes. Essa classificação, ainda que imperfeita, fornece uma base útil para a segmen-
tação global dos mercados. As categorias atuais, respondem à seguinte classificação14:
Categoria
GNI/Capita de 2009
(US$)
Países de Renda Alta 12.196 ou mais
Países de Renda Média-Alta 3.946-12.195
Países de Renda Média-Baixa 996 - 3.945
Países de Renda baixa 995 ou menos Fonte: http://data.worldbank.org/about/country-classifications
Figura 5 – Ingresso Nacional Bruto per Capita
O conhecimento do sistema político aplicado em determinado mercado-alvo e sua
renda anual por habitante são informações vitais para a tomada de decisões nos negó-
cios internacionais. Outro indicador relevante é o IDH que se indica na Figura 6 para
países selecionados.
Índice Desenvolvimento Humano (IDH) 2009
Países Selecionados
Ranking País IDH Expectativa PIB/Capita
Vida (anos) US$ PPP
1 Noruega 0,971 80,5 53.433
2 Austrália 0,970 81,4 34.923 IDH
3 Islândia 0,969 81,7 35.742 Muito
4 Canadá 0,966 80,6 35.812 Elevado
5 Irlanda 0,965 79,7 44.613
13 EUA 0,956 79,1 45.593
44 Chile 0,878 78,5 13.880
49 Argentina 0,866 75,2 13.238
50 Uruguai 0,865 76,1 11.216 IDH
53 México 0,854 76,8 14.104 Elevado
75 Brasil 0,813 72,2 9.567
78 Peru 0,806 73,0 7.836
101 Paraguai 0,761 71.7 4.433 IDH
113 Bolívia 0,729 65,4 4.206 Médio
Fonte: http://hdr.undp.org/en/statistics/ Figura 6 – IDH Países Selecionados.
Os países de baixa renda (pre-industrializados) têm quase 60% da população mundial
e geram só um 3% da riqueza. Caracterizam-se pela sua limitada industrialização,
14 http://data.worldbank.org/about/country-classifications (29/07/2010).
altas taxas de crescimento populacional, baixos índices de alfabetização, forte depen-
dência da ajuda externa, gozam de instabilidade política e estão concentrados na
África com alguns representantes na Ásia e na América Latina.
País GNI/Capita (US$)
Afeganistão 370
Alemanha 42.710
Austrália 40.240
Áustria 45.900
Argentina 7.190
Bolívia 1.460
Brasil 7.300
Chile 9.370
China 2.940
Paraguai 2.110
Noruega 87.340
Reino Unido 46.040
EUA 47.930
Uruguai 8.260
Fonte: http://data.worldbank.org/about/
/country-classifications
Figura 7 – Ingresso Bruto Nacional per Capita de 2008.
FINANCIAMENTO E EXPORTAÇÕES MUNDIAIS 1993-2007
(Bilhões de US$)
Ano Exportações Mundiais Financiamento
Bens Serviços Total Exportações
1993 3.781,0 942,0 4.723,0 390,7
1994 4.326,0 1.033,9 5.359,9 340,9
1995 5.164,0 1.176,1 6.340,1 580,0
1996 5.402,0 1.261,3 6.663,3 854,6
1997 5.590,0 1.312,2 6.902,2 852,5
1998 5.500,0 1.344,8 6.844,8 408,9
1999 5.711,0 1.396,9 7.107,9 1.047,3
2000 6.454,0 1.483,3 7.937,3 1.533,4
2001 6.189,0 1.486,6 7.675,6 1.596,9
2002 6.490,0 1.598,5 8.088,5 1.116,3
2003 7.580,0 1.833,0 9.413,0 2.180,6
2004 9.210,0 2.209,9 11.419,9 2.289,4
2005 10.482,0 2.469,4 12.951,4 2.552,5
2006 12.108,0 2.675,7 14.783,7 4.146,8
2007 13.898,0 3.257,3 17.155,3 5.000,7
Fonte: WTO para Exportações e BIS para Financiamento (21/09/2008).
Figura 8 – Financiamento e Exportações Mundiais 1993-2007.
Os de renda média-baixa representam pouco menos de 40% da população mundial
com uma geração de riqueza ligeiramente superior a 10% do PIB mundial. São os
chamados países de menor desenvolvimento relativo, encontrados na África, Ásia,
América Central e América do Sul.
Os de renda média-alta (industrializados) representam aproximadamente 7% da po-
pulação e geram 7% da riqueza mundial (Argentina, Brasil, Malásia, etc.).
Os de renda alta são os países avançados, industrializados e pós-industrializados.
Alguns indicadores da receita per capita correspondentes ao ano 2008, elaborados
pelo Banco Mundial, em GNI/Capita15 em US$ são os detalhados na Figura 7:
BRASIL
Exportação Mercadorias
(Milhões de US$) FOB
Ano Exportações
1991 30.700
1992 35.793
1993 38.555
1994 43.545
1995 46.506
1996 47.747
1997 52.986
1998 51.120
1999 48.011
2000 55.086
2001 58.223
2002 60.362
2003 73.084
2004 96.475
2005 118.500
2006 137.800
2007 160.649
2008 197.942
Fonte: WTO Statistics
Figura 9 – Exportação de Mercadorias: Brasil 1993-2008
Associados ao ambiente global encontram-se outras informações que são necessárias
para o planejamento das atividades globais. A geração de riqueza, as exportações e
importações de bens e serviços são algumas delas. Um exemplo desse tipo de infor-
mação agrega-se nas Figuras 8, 9 e 10.
15 GNI: Gross National Income (Ingresso Nacional Bruto) (NA).
10 Principais Exportadores Mundiais em 2007
Mercadorias Serviços Total
(Bilhões US$)
%
(Bilhões US$)
%
(Bilhões de US$)
% Mundo 13.898,0 3.257,6 17.155,6
USA 1.163,2 15,9 454,4 27,7 1.617,6 18,1
Alemanha 1.326,5 18,2 197,3 12,0 1.523,8 17,0
China 1.218,0 16,7 126,7 7,7 1.344,7 15,0
Japão 712,8 9,8 135,6 8,3 848,4 9,5
UK 435,6 6,0 263,4 16,0 699,0 7,8
França 552,2 7,6 130,4 7,9 682,6 7,6
Holanda 550,6 7,5 90,9 5,5 641,5 7,2
Itália 491,5 6,7 108,9 6,6 600,4 6,7
Bélgica 432,3 5,9 72,9 4,4 505,2 5,6
Canadá 418,5 5,7 61,2 3,7 479,7 5,4
Top Ten 7.301,2 100,0 1.641,7 100,0 8.942,9 100,0
(%) 52,5 50,4 52,1
Brasil 160,6 1,2 22,5 0,0 183,1 1,1
Fonte: http://stat.wto.org/StatisticalProgram/WSDBStatProgramHome.aspx?Language=E
Figura 10 – Principais Exportadores Mundiais, 2007.
As alianças, organizações internacionais de comércio e blocos econômicos regionais16
também são parte do ambiente econômico e devem ser levadas em consideração na
tomada de decisões estratégicas no mercado global.
8.2 – Ambiente Social e Cultural (KEEGAN, 2007: 50-79):
Este ambiente diz respeito valores, costumes, cultura e comportamento social. As so-
ciedades nacionais e a sociedade mundial podem ser caracterizadas por algum ou to-
dos esses fatores. Todos sabem que o comportamento no mundo dos negócios é dife-
rente em culturas ocidentais e asiáticas.
Cultura: forma de viver. Envolve valores e costumes que geralmente são transmiti-
dos de geração em geração. Qualquer negócio internacional lida com culturas dife-
rentes e necessita se adaptar às características socioculturais do mercado-alvo. Exis-
tem questões simples tais como marcas, cores, trato entre as pessoas que devem ser
estudadas profundamente antes de iniciar qualquer aproximação com clientes de cul-
turas diferentes.
Por exemplo, o costume ocidental de levar flores a dona de casa como forma de agra-
decer um convite a jantar não é aceita em alguns países asiáticos e pode ofender.
16 Área de Preferência Tarifária (APT), Zona de Livre Comércio (ZLC), União Aduaneira (UA), Mercado
Comum (MC), Comunidade Econômica (CE) e União Econômica.
A marca “Esquisita” para bolos, usada na Argentina, não seria aceita no Brasil onde
essa palavra significa não usual, fora do comum, excêntrico, extravagante17.
Da mesma forma, a marca de veículo “Pajero”, não tem aceitação na Argentina por
ser essa uma palavra de significado chulo.
Universalidades culturais: algumas das características culturais têm se espalhado
pelo mundo como consequência do processo de globalização. Temas com vestiário,
música, jogos de computador e outros, permitem desenhar produtos ou serviços glo-
bais, com redução de custos de produção e de distribuição.
A maior facilidade para realizar viagens internacionais e a melhora das comunicações
tem provocado atitudes nacionais similares em questões tais como estilos de roupas,
perfumes, bebidas, comidas rápidas, utilização de cartões de crédito e similares.
Os envolvidos nessas atividades têm, de fato, um mercado global a disposição. O
modo como uma pessoa, grupo ou sociedade pensa, sente e age guarda relação com
sua experiência. Assim sendo, para os atores do mercado global não importam atitu-
des ou opiniões bizarras. Novamente cabe reiterar a necessidade de se estudar em
profundidade os modos de vida de aqueles a quem queremos vender alguma coisa ou
conquistá-los como parceiros.
Uma abordagem para compreender as diferentes orientações culturais foi desenvol-
vida por HALL, que sugeriu os conceitos de culturas de alto e baixo contexto18.
Nas culturas de baixo contexto as mensagens são explícitas e as palavras transmitem
a maioria das informações na comunicação.
Ao contrário, nas culturas de alto contexto, há menos informação contida na parte
verbal da mensagem. Uma parte importante da informação encontra-se no contexto
da comunicação, incluindo os antecedentes, as associações e os valores básicos dos
que comunicam.
Em geral estas culturas exigem menos burocracia que as de baixo contexto (Japão,
Arábia Saudita, China colocam ênfase em valores, posição ou lugar na sociedade). A
palavra da pessoa é a que vale. A Figura 11 apresenta o comportamento de ambas às
culturas frente a determinados fatores.
17 Dicionário Conciso da Língua Portuguesa, Rio de Janeiro, DIFEL, 1977, p. 294. 18 HALL, Edward T. Beyond Culture, New York, Anchor Press/Doubleday, 1976, apud KEEGAN, 2007,
p. 61.
Comparativo entre Culturas de Alto e Baixo Contexto
FATORES ALTO CONTEXTO BAIXO CONTEXTO
Advogados Menos importante Muito importante
Palavra da pessoa É seu compromisso Não é confiável - Contratos
Responsabilidade pelo erro É levada ao mais alto nível É levado ao mais baixo nível
Espaço As pessoas se aproximam Mantêm distância segura
Tempo Tudo na vida tem seu tempo Tempo é dinheiro
Negociações LONGAS RÁPIDAS
Concorrência Esporádica Comum
Exemplos Japão, Oriente Médio EUA, Europa
Fonte: KEEGAN, 2007: 63. Figura 11 – Culturas de Alto e Baixo Contexto.
Os fatores culturais podem ser estudados analiticamente, coisa conhecida para os pro-
fissionais de marketing. A hierarquia de Maslow19 (ocidental e asiática) assim como
a tipologia de Hofstede20 permite aprofundar o estudo das diferencias culturais.
Podem-se resumir essas abordagens conforme Figura 12.
Estudo das diversidades culturais
Necessidades Humanas: Maslow Tipologia Cultural
M. Ocidental M. Asiático Hofstede
Fisiológicas Fisiológicas Distância do poder
Segurança Segurança Individualistas/Coletivistas
Social Afiliação Masculinidade/Feminilidade
Estima Admiração Fuga das incertezas
Auto-realização Status
Fonte: KEEGAN, 2007: 66-68. Figura 12 – Estudo das Diversidades Culturais.
Outra abordagem relevante é a de LEE denominada critério de auto referência
(CAR), conforme os quais se usam os próprios valores para analisar a diversidade
19 Maslow, Abraham: (1 de Abril de 1908, Nova Iorque — 8 de Junho de 1970, Califórnia) foi um
psicólogo americano, conhecido pela proposta hierarquia de necessidades de Maslow. Trabalhou no MIT,
fundando o centro de pesquisa National Laboratories for Group Dynamics.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Abraham_Maslow
20 Hofstede Geert : (Haarlem, 2 de outubro de 1928) é um psicologo neerlandês. Ele foi inspirado pelo
culturalismo. Sua visão da cultura é baseada na definição dada pelo antropólogo americano Kluckhohn: « a
cultura é o modo de pensar, de sentir e de reagir de um grupo humano, sobretudo recebida e transmitida
pelos símbolos, e que representa sua identidade específica: ela inclui os objetos concretos produzidos pelo
grupo. O coração da cultura é constituído de ideias tradicionais e de valores que estão ligados ».
http://pt.wikipedia.org/wiki/Geert_Hofstede
cultural. No processo de análise, LEE recomendou isolar o CAR, redefinir o problema
e repetir o estudo.
Finalmente, o conceito de sensibilidade ao ambiente define até que ponto os produtos
devem ser adaptados para atender às necessidades culturais de mercados específicos.
8.3 – Ambiente Político, Legal e Regulatório:
O ambiente global se desenvolve em um cenário político, legal e regulatório que deve
ser conhecido pelos empresários que pretendem negociar globalmente. Da mesma
forma que o conhecimento das condições econômicas e da cultura permitirá avançar
no mercado global, o conhecimento e domínio das características analisadas neste
tópico, são fundamentais para o sucesso.
Estado-nação e soberania: já discutido.
Risco político: ou risco de mudança na política governamental que possa comprome-
ter a lucratividade da empresa. Quanto maior o risco, menor a possibilidade de IDE e
de negócios. Dentre as formas utilizadas pelos governos nacionais para reduzir seus
problemas de balança de pagamentos ou para aplicar suas ideologias (veja o caso de
Chávez na Venezuela), podem-se mencionar: confisco, expropriação, suspensão de
pagamentos, restrição das importações, taxação exagerada das exportações (Argen-
tina, 2009 e 2010), desapropriações, nacionalização (Evo Morales/Petrobrás), dilui-
ção do controle acionário, calote nos contratos, etc.
Existem diversos indicadores de risco-país que podem e devem ser usados pelos to-
madores de decisões durante a elaboração de qualquer projeto de internacionaliza-
ção21.
Impostos: sendo que filiais das empresas globais fazem negócios com empresas es-
trangeiras em algum lugar e têm sua sede em outro qualquer, necessita-se de muita
atenção sobre a questão fiscal. Problemas de bitributação são comuns (veja o caso do
MERCOSUL e a TEC). Não existe legislação internacional uniforme para os impos-
tos. Cada país soberano os estabelece como bem entender. Os empresários devem
conhecer o sistema fiscal no mercado-alvo e levar esses custos em consideração na
tomada de decisões.
21 http://www.countryrisk.com/
Direito internacional: regras ou princípios que os Estados consideram obrigatórios
para si mesmos. Podem se distinguir no direito internacional duas vertentes: (1) a
chamada lei pública ou lei das nações, (2) o direito comercial internacional.
O chamado direito privado internacional é um corpo de leis que se aplicam às inter-
pretações e disputas que surgem das transações comerciais entre empresas de países
diferentes.
Já o direito comum (Commom Law) se desenvolveu a partir das decisões dos tribunais
e não por meio de atos legislativos ou executivos. EUA, o Reino Unido e as antigas
colônias britânicas fundamentaram seu sistema neste direito.
O continente Europeu foi influenciado pela lei Romana e pelo Código de Napoleão,
enquanto que a maioria dos países tem sistemas legais baseados em tradições de có-
digo civil, que geralmente é dividido em código civil, comercial e penal.
Atuar no cenário global significa conviver com sistemas legais diferentes e o risco de
interpretar equivocadamente as disposições de determinado mercado-alvo.
Por exemplo, instalar uma filial, comprar uma empresa ou assinar um contrato no
exterior será diretamente afetado pelo sistema legal do país alvo (direito comum ou
civil).
Questões como marcas e patentes, solução de controvérsias, licencias, segredos co-
merciais, leis antitruste, leis antidumping, propinas, corrupção e outras questões éticas
e legais exigem o suporte de um corpo de advogados especializados para se evitar
problemas no mercado global. Em finais de 1998, EUA tinha 290 advogados por cada
100.000 habitantes, Austrália 242, Reino Unido 141, Japão 11 e Coréia 3 (KEEGAN,
2007: 96).
Ambiente regulatório: consiste em uma variedade de órgãos governamentais ou não,
que fazem cumprir as leis ou estabelecem diretrizes para a condução dos negócios22.
9. Análise dos mercados consumidores e comportamento de compra dos clientes
internacionais.
Características dos mercados regionais
22 Um texto do autor trata dos Organismos Internacionais de Comércio, São Paulo, Aduaneiras, 2007,
306 p.
O mercado mundial pode ser estudado a partir da organização política em unidades
chamas Estados ou por blocos regionais. Neste último caso podem-se analisar as ca-
racterísticas desses mercados, dentro dos quais existe certa homogeneidade política,
econômica, social e cultural. Os principais blocos do mercado global são:
União Europeia: Tratados de Roma de 1957. 27 membros.
NAFTA: Tratado Norte Americano de Livre Comércio de 1994. 3 membros.
ALADI: Associação Latino Americana de Integração. Tratado de Montevidéu de
1980. 12 países.
MERCOSUL: Mercado Comum do Sul. Tratado de Assunção de 1991. 4 mem-
bros plenos.
CAN: Comunidade Andina de Nações. Acordo de Cartagena de 1969 criando o
Pacto Andino. Tornou-se CAN em 1996. 4 membros plenos.
Mercado Comum Centro-americano:
CARICOM: Comunidade do Caribe. Tratado de Chaguaramas de 1973. 15 mem-
bros plenos.
APEC: Cooperação Econômica Ásia-Pacífico. Conferência de Seattle de 1994.
21 países.
ANSA/ASEAN: Associação de Nações do Sudeste Asiático. Criada em 1967. 10
membros plenos.
ACP: África, Caribe e Pacífico. Convenção de Lomé (1975). 75 países.
Marketing em economias em transição e países menos desenvolvidos
Chamam-se economias em transição aquelas que estão migrando de economias cen-
tralizadas para economias de livre mercado. Já os países de menor desenvolvimento
relativo (PMD) são aqueles cuja economia se encontra em uma situação pré-industrial
ou iniciando algum processo de industrialização.
Em geral esse grupo de países se caracteriza por: (1) baixa renda, (2) elevada inflação,
(3) gritantes diferencias de distribuição de renda, (4) impostos elevados, (5) elevadas
taxas de importação e todo tipo de restrições aos investimentos e ao comércio, (6)
desconhecimento dos princípios de marketing e elevada presença de mercado ilegal,
(7) canais de distribuição e comunicação fragmentados e ineficientes, (8) inadequada
infraestrutura logística, especialmente de distribuição física.
A pesar de todas essas dificuldades, os mercados deste tipo merecem uma avaliação
cuidadosa já que podem oferecer oportunidades de negócios. Deve-se pensar em: (1)
indicadores como o PIB per capita podem ocultar uma enorme classe média, (2) um
mercado emergente sozinho tal vez não seja atraente, mas um grupo deles sim,
(3) é comum que esse tipo de mercados ofereça subsídios fiscais e/ou financeiros que
estimulem o comércio e os investimentos, (3) geralmente avançam mais devagar que
os mercados em desenvolvimento e os desenvolvidos.
KEEGAN analisa os seguintes mercados regionais:
Europa Ocidental
Europa Central e Leste Europeu
América do Norte
Ásia-Pacífico
China
Japão
Cingapura
Índia
Oceania
América Latina
Oriente Médio
África
A informação sobre esses mercados encontra-se disponível na Internet. Essa informa-
ção permite realizar pesquisas de mercado em gabinete, antes de viajar para testar os
dados levantados. Dentre as páginas de interesse podem ser mencionadas as seguintes:
1 – As correspondentes a cada um dos mercados listados acima.
2 – Banco Mundial (BIRD) , Organização Mundial de Comércio (OMC).
3 – World Factbook, da CIA, EUA.
4 – Organização das Nações Unidas (ONU).
5 – As correspondentes aos diversos blocos regionais.
Compradores globais: embora os compradores de diferentes regiões ajam conforme
um processo de escolha similar, eles estão influenciados pelos fatores já comentados:
econômicos, sociais, culturais, políticos, governamentais, ambientais, competitivos e
pessoais. Por isso resulta difícil colocar no mercado verdadeiros produtos globais.
Isso resulta mais simples quando se trata de equipamentos, mas ainda assim é neces-
sário ajustar pesos, medidas, dizeres, etc.
Para esses compradores, da mesma forma já comentada, aplica-se a equação do valor
.
V = B/P (Valor = Benefícios/Preço)
Aumento de valor Aumento de B (aumento dos benefícios associados ao pro-
duto, à distribuição ou às comunicações)
Aumento de valor Redução de P
Teoria da difusão
O processo através do qual um indivíduo adota uma idéia nova ou faz uma escolha é
explicado pela teoria da difusão, elaborada ROGERS23. A pesquisa deste autor apre-
senta três conceitos úteis para o profissional de marketing global: (1) processo de
adoção, (2) características das inovações e (3) categoria do adotante. Esses conceitos
podem ser resumidos assim:
Processo de adoção de cinco fases: Conscientização Interesse Avaliação
Experimentação Adoção.
Características das inovações: ou cinco fatores que afetam a velocidade de ado-
ção das inovações: (1) Vantagem relativa, (2) Compatibilidade, (3) Complexi-
dade, (4) Divisibilidade e (5) Comunicabilidade.
Categorias do adotante: agrupamentos de indivíduos num mercado, com base
na sua tendência a inovação. Em uma distribuição gaussiana, de esquerda para
direita apresentam-se cinco categorias: (1) inovadores, (2) adotantes imediatos,
(3) maioria imediata, (4) maioria posterior, e (5) retardatários.
10. Estratégias de entrada e operação em mercados internacionais (exportação, li-
cenciamento, alianças, joint ventures e internacionalização).
23 Rogers, Everett M. (Março 6, 1931 - Outubro 21, 2004) foi um acadêmico da comunicação, sociólogo,
escritor e professor. Conhecido pela introdução da teoria da difusão das inovações. http://en.wikipe-
dia.org/wiki/Everett_Rogers
Qualquer negócio internacional exige que as empresas analisem as condições dos
mercados-alvo pré-selecionados, para tenta estabelecer um quadro prévio das possí-
veis vantagens, desvantagens, custos e riscos. Os critérios a serem aplicados na to-
mada de decisões em essas situações são:
Risco político
Acesso ao mercado
Custos e condições dos fatores
Considerações de transporte
Infraestrutura do país
Câmbio, juros e inflação
A. Perfil produto-mercado: consiste no estabelecimento de fatores-chave que in-
fluenciem as vendas e a lucratividade dos produtos em pauta. Como exemplo de
questões básicas a serem respondidas se agrega a seguinte lista.
1. Quem compra o produto?
2. Quem não compra o produto?
3. Que necessidade ou função o produto atende?
4. Que problema o produto resolve?
5. O que compras atualmente os clientes potenciais?
6. Que preço se paga?
7. Quando o produto é comprado?
8. Onde o produto é comprado?
9. Que quantidade de produto é comprada?
10. Por que o produto é comprado?
B. Critérios de seleção de mercado
1. Potencial
2. Acesso
3. Custo de transporte
4. Concorrência
5. Exigências de serviço
6. Adequação do produto
C. Visitas aos mercados potenciais: para confirmar e/ou corrigir as informações
levantadas anteriormente.
Um modelo de decisão simples proposto por KEEGAN se indica na Figura 13:
MODELO DE DECISÃO PARA ENTRADA/EXPANSÃO EM
MERCADOS INTERNACIONAIS
1 Fonte: Doméstico, terceiro ou país de origem
2 Organização de marketing no país ou na região?
Custo, avaliação do impacto no mercado.
Se a decisão for estabelecer organizações próprias, é preciso decidir
quem indicar para cargos estratégicos.
3 Seleção, treinamento e motivação de agentes e distribuidores locais.
4 Estratégia de composto de comercialização: objetivos e metas de venda,
receitas, participação de mercado e posicionamento.
5 Implementação da estratégia.
Fonte: KEEGAN, 2007: 180. Figura 13 – Modelo de Decisão para Entrada/Expansão.
Estratégias: as mais comuns para a entrada em mercados externos e promover a ex-
pansão dos negócios de uma organização qualquer são:
Exportação: consiste na venda ao exterior de bens e/ou serviços
Suprimento ou importação: consiste na compra de bens e/ou serviços do exte-
rior.
Licenciamento: consiste em um arranjo contratual por meio do qual uma empresa
(licenciador) torna disponível um ativo para outra (licenciado), em troca de royal-
ties, honorários de licenciamento ou alguma outra forma de remuneração, como
por exemplo, licencias cruzadas.
Franquia: forma particular de licenciamento (McDonald, Burger King, Kentucky
Frie Chicken, Natura, etc.)
Join-ventures: representa uma forma mais ampla de participação em um mercado
estrangeiro. Trata-se de um esforço conjunto com parceiros locais, com a finali-
dade de expandir os negócios. Pode ser realizada em partes iguais ou não, com o
comprometimento de capital em dinheiro e/ou em ativos físicos. Os parceiros
compartilham lucros e riscos na proporção da sua participação no empreendi-
mento. Em outras palavras, trata-se de uma associação de empresas, definitiva ou
não que persegue o lucro, com a finalidade de realizar determinados negócios. Os
atores mantêm sua personalidade jurídica, relaciona-se com um único projeto e se
dissolve após o término da atividade estabelecida pelos parceiros.
Investimentos: podem ser realizados com a finalidade de participar de um negó-
cio existente ou de controlá-lo. Também podem ser realizados para assumir maior
risco e ter o controle total ou propriedade do empreendimento. Responde ao an-
seio de ser dono das operações fora do país e, geralmente, acontece depois de
ganhar experiência no exterior por meio de exportação, licenciamento ou joint-
ventures.
Assim, as estratégias a serem aplicadas quanto aos investimentos no mercado glo-
bal podem focar o controle ou a propriedade, indo cada uma de estas alternativas
de 0 a 100% quando se trabalha por meio de agentes no exterior em um extremo
ou se opera uma subsidiária adquirida ou construída no exterior.
As estratégias de expansão no exterior podem focar a concentração ou a diversi-
ficação de mercados nacionais e/ou externos depois de analisar e decidir sobre as
alternativas disponíveis.
ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO 1
Estágio 1 Local 2 Internacional 3 Multinacional 4 Global 5 Transnacional
Assunto
Estratégia Local Internacional Multilocal Global Global
Modelo N/D Federação Federação Eixo Rede
coordenada descentralizada centralizado integrada
Visão do Mundo Próprio país Mercados em Mercados Mercados ou Mercados ou
expansão nacionais recursos globais recursos globais
Orientação Etnocêntrica Etnocêntrica Policêntrica Diversificada Geocêntrica
Fonte: KEEGAN, 2007: 197.
Figura 14A – Estágios de Desenvolvimento 1.
ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO 2
Estágio 1 Local 2 Internacional 3 Multinacional 4 Global 5 Transnacional
Assunto
Principais ativos Instalado no Núcleo centra- Descentralizado Tudo no próprio Interdependente
pró rio país Liza do, outros autossuficiente. país, exceto disperso e
dispersos. MKTG/Suprim. especializado.
Regra das País singular Adaptação e Exploração de Marketing e Contribuições para
unidades do país alavancagem de oportunidades suprimento. empresas mundiais.
competências. locais.
Conhecimento Próprio país Criado no centro Retido dentro de MKTG/Suprim. Todas as funções
e transferido. unidades de desenvolvido desenvolvidas
conjuntamente conjuntamente
operação. e compartilhado. e compartilhadas.
Fonte: KEEGAN, 2007: 198.
Figura 14B – Estágios de Desenvolvimento 2.
Em geral, podem-se levar em consideração as seguintes possibilidades: (1) con-
centração em poucos segmentos em poucos mercados, (2) concentração em países
e diversificação em segmentos, (3) diversificação em países e concentração em
determinado segmento e, (4) diversificação tanto em países como em segmentos,
que é o tipo de estratégia que adotam as empresas globais.
Já a estratégia alternativa chamada modelo de estágios de desenvolvimento res-
ponde ao apresentado no tópico 7. A evolução de uma corporação global acontece
conforme uma seqüência que inclui: atividades locais, nacionais atividades in-
ternacionais multinacionais globais transnacionais. KEEGAN apresenta
três quadros de estágios de desenvolvimento que se agregam nas Figuras 14A,
14B e 15.
ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO 3
Forças em cada nível
Internacional
Habilidade para tirar proveito do conhecimento e das
capacidades da empresa por
meio da difusão de produtos.
Multinacional Flexibilidade para responder a diferenças nacionais.
Global
Mercado global ou alcance do fornecedor que ala-
vanca a organização, as habilidades
e os recursos da empresa do país.
Transnacional
Combina as forças de cada um dos estágios anterio-
res em uma rede integrada, que
alavanca o aprendizado e a experiência mundiais.
Fonte: KEEGAN, 2007: 198.
Figura 15 – Estágios de Desenvolvimento 3.
11. Negócios globais: teoria e prática
O plano de ação de uma organização para se tornar global, ou para acelerar a
inserção da empresa no processo de globalização deve incluir os seguintes ele-
mentos:
Desenvolver uma visão e uma mentalidade globais.
o Atender clientes globais e locais.
o Equilibrar a consistência global com a diversidade local.
o Desenvolver uma arquitetura de produto e serviço flexível, que
permita um grau elevado de adaptação.
o Interligar uma cadeia de valor altamente coordenada.
Conhecer profundamente seu cliente global.
o Elabore um banco de dados dos clientes, classificados por merca-
dos, regiões, produtos, capacidade de compra, grau de risco, etc.
Sem dúvida um banco desse tipo se transformará em um dos ativos
mais valiosos da organização.
o Como seus clientes desejam ser atendidos? Querem serviços dife-
renciados? Quais?
o Que mix de produtos e serviços preferem?
o Sua organização consegue identificar grupos de preferências glo-
bais a partir das informações sobre seus clientes?
o Você compreende a cultura da empresa do cliente?
Entender e ajustar constantemente o equilíbrio Global/Local (pensar
globalmente e agir localmente).
o “Os ventos das mudanças estão soprando em todo o mundo, com
velocidades diferentes e com taxas de variação diferentes. Eles va-
riam com o país, com a cultura, com o setor e com a empresa.
Nosso desafio é sermos suficientemente flexíveis e visionários
para ficar um passo adiante do processo de mudança, seja qual for
o momento e a forma como ela ocorra”.24
o Para ALBERTHAL, ser global deve incluir:
Capacidade de atender clientes globais em qualquer lugar
do mundo.
Capacidade de ganhar acesso a mercados em qualquer lu-
gar do mundo.
Capacidade de estabelecer vantagens competitivas em
qualquer um desses mercados.
Capacidade de alavancar todos os recursos necessários para
tirar proveito dos talentos e aptidões de cada componente
do mercado global.
Sair do isolamento, procurar a parceria.
24 ALBERTHAL Jr., Les, apud DANIELS & DANIELS, 1996, p. 222.
Mudar a visão tradicional das operações totalmente verticalizadas para
uma abordagem de colaboração com parceiros que ofereçam bens e servi-
ços de qualidade, em forma oportuna e a preços razoáveis. Basicamente
subcontratar todo aquilo que outras empresas fazem melhor.
Formar, desenvolver e cultivar funcionários globais (ou cidadãos
mundiais).
Por meio de programas de partilha de experiências, para criar uma cultura
empresarial definida e comprometida com as operações globais. As expe-
riências no exterior são de enorme utilidade para este fim. É conhecida a
tendência das empresas que operam internacionalmente a mudar, mais ou
menos regularmente, o destino dos seus executivos.
Desenvolver sistema de TI globais.
Um sistema de TI global é a base ou a infraestrutura de suporte das opera-
ções globais. Sua permanente atualização e os ajustes da estrutura organi-
zacional resultante dessa atualização, será a chave do sucesso.
12. Como entrar e conquistar negócios em mercados internacionais (estraté-
gias de produto, promoção, preço e distribuição).
Para entrar e conquistar mercados internacionais se desenvolvem programas
de marketing global que incluem considerações sobre produtos, promoção,
preço e canais de distribuição.
Produtos: pode ser definido pelos seus atributos físicos tangíveis como
peso, dimensões, materiais, assim como por outros atributos tais como psi-
cológicos, de utilidade e/ou simbólicos que, em conjunto, proporcionam
satisfação ou benefícios para o usuário. Os produtos podem ser classifica-
dos assim:
o Produtos locais: aqueles que estão disponíveis em um determi-
nado lugar do mercado nacional, por exemplo, no Estado de Rio
Grande do Sul.
o Produtos nacionais: aqueles que para determinada empresa são
oferecidos em um único mercado nacional, por exemplo, no Brasil.
o Produtos internacionais: aqueles que para determinada empresa
são oferecidos, além do mercado nacional, em mercados externos,
como por exemplo, no MERCOSUL (Sadia, Sancor, etc.)
o Produtos globais: produtos oferecidos em todas as partes do
mundo. Trata-se de produtos desenhados para o mercado global
(Palio da FIAT), ou para um mercado nacional e que, felizmente,
atendem às necessidades do mercado global. Neste aspecto, são co-
nhecidos os produtos globais pela sua marca. Ninguém duvida que
Coca-Cola, Microsoft, General Electric, General Motors, Mcdo-
nalds, Ericsson, Sony e Toyota, dentre outras, são marcas globais.
Quanto ao seu posicionamento no mercado (estratégia de comunicação, ou
espaço do produto na mente dos consumidores), os produtos podem ofere-
cer atributos ou benefícios, qualidade, preço e utilidade. Dentre os diferen-
tes posicionamentos existem os chamados high-tech e high-touch.
o Produtos high-tech: são os produtos técnicos (computadores, pro-
dutos químicos e serviços financeiros), os de interesse especial (bi-
cicletas Fuji, equipamentos Adidas ou Nike, máquinas fotográfi-
cas) e os que podem ser demonstrados (aeronaves).
o Produtos high-touch: ao contrário dos anteriores, exigem menos
ênfase na informação especializada e mais ênfase na imagem. Seus
usuários compartilham uma linguagem e símbolos comuns, como
no caso dos produtos que resolvem problemas comuns (alimentos),
produtos da aldeia global (Coca-Cola, Mcdonald, Harley-David-
son, Levi) e produtos com um tema universal (calças Jean).
Preços: no mercado internacional se utilizam moedas diferentes e as tran-
sações internacionais usam moedas fortes, conversíveis ou divisas (dólar,
euro). Por isso necessita-se converter as moedas nacionais em divisas para
fazer as propostas aos clientes do exterior. No caso específico da exporta-
ção, partindo do custo de fabricação nacional sem impostos, pode-se cal-
cular o valor FOB Porto de Embarque da mercadoria, agregado a aquele
custo todas as despesas geradas pela exportação desde a fábrica até colocar
a mercadoria em posição.
Alguns cuidados devem ser tomados em consideração em questões como
a legislação antidumping e a estrutura de custos de nacionalização no mer-
cado-alvo.
Questões como as flutuações das moedas, taxas de inflação e de juros,
controles e subsídios governamentais, o comportamento competitivo dos
produtores nacionais e a qualidade dos produtos oferecidos, mercados pa-
ralelos e dumping merecem especial atenção.
Os preços nos mercados globais se fixam usando para isso diferentes es-
tratégias tais como:
o Skimming: consiste em fixar preços atraentes para a nata do mer-
cado (aqueles dispostos a pagar mais por produtos Premium).
o Preços de penetração: se usam quando o preço é a ferramenta ou
arma competitiva para conquistar ou ganhar participação em deter-
minado mercado.
o Outros critérios: aumento/redução de preços quando os custos au-
mentam/caem.
o Preços de transferência: usados para transferir bens ou serviços
entre filiais de uma empresa internacional. Existe legislação naci-
onal que estabelece critérios para evitar sub e sobre faturamento.
Promoção: refere-se à comunicação e inclui
o Propaganda: qualquer mensagem paga para a promoção de idéias,
bens ou serviços. A propaganda global usa os mesmos apelos em
diversos países, devidamente adaptados.
o Relações públicas: esforço para desenvolver relações de boa von-
tade e compreensão entre os parceiros de negócios (internos e ex-
ternos). No mercado global é necessária a assistência de empresas
especializadas em cada mercado, devido às diferencias culturais.
o Venda pessoal: relação direta entre comprador e vendedor, do tipo
da utilizada por AVON ou AMWAY. No exterior se deve utilizar
e treinar pessoal local.
o Promoção de vendas: qualquer programa dirigido ao consumidor
ou ao comércio, de duração limitada, que agrega valor tangível a
um produto ou serviço.
o Marketing direto: usado nas categorias de B2C, B2B de bancos,
linhas aéreas, e similares. A mala direta é uma forma bastante
usada. No mercado global se devem observar as exigências da cul-
tura de cada mercado.
o Feiras, eventos e exposições: formas importantes de promoção.
Em São Paulo existem diversos locais para essa finalidade como o
Centro de Exposições do Anhembi, do Hotel Transamérica, de São
Paulo, a Bienal e similar. Outra forma é dos patrocínios (em jogos
de futebol, polo, F1, golfe e outros).
Distribuição física: no tópico 5 se analisou a relação entre marketing e
logística. Esta última inclui dois grandes componentes: (1) alimentação
das unidades produtivas e (2) distribuição física.
CUSTO DE FAZER NEGÓCIOS ATRAVÉS DAS FRONTEIRAS
Documentos Tempo para Custo para Documentos Tempo para Custo para
Região, Economia ou País para exportar exportar exportar para importar importar importar
(número) (dias) US$/TEU (número) (dias) US$/TEU
Ásia Oriental e Pacífico 6,9 23,9 884,8 9,3 25,9 1.037,1
Europa e Ásia Central 7,4 29,2 1.450,2 10,0 37,1 1.589,3
América Latina e Caribe 7,3 22,2 1.067,5 9,5 27,9 1.225,5
Oriente Médio e África do Norte 7,1 27,1 923,9 10,3 35,4 1.182,8
Países da OCDE 4,8 10,5 811,0 5,9 12,2 882,6
Ásia do Sul 8,1 34,4 1.236,0 12,5 41,5 1.494,9
África Subsaariana 8,2 40,0 1.561,1 12,2 51,5 1.946,9
EUA 6,0 9,0 625,0 5,0 9,0 625,0
Argentina 6,0 16,0 1.470,0 7,0 21,0 1.750,0
Brasil 7,0 18,0 895,0 6,0 24,0 1.145,0
Chile 7,0 20,0 510,0 9,0 24,0 510,0
Colômbia 6,0 34,0 1.745,0 11,0 35,0 1.773,0
Costa Rica 7,0 36,0 660,0 13,0 42,0 660,0
México 6,0 17,0 1.049,0 8,0 26,0 2.152,0
Peru 7,0 24,0 800,0 13,0 31,0 820,0
Uruguai 9,0 22,0 552,0 9,0 25,0 666,0
Fonte: Doing Business Report 2007, The World Bank, apud GONZALEZ, GUASCH & SEREBRINSKY, 2007: 8.
Figura 16 – Negócios através das fronteiras. Países selecionados.
A distribuição física disponibiliza produtos e serviços aos consumidores
quando e onde eles o desejarem. A DF inclui basicamente duas grandes
atividades: (1) armazenagem e (2) transporte, assim como todas as comu-
nicações para que o processo funcione.
O detalhamento das atividades de DF permite entender a complexidade de
atender necessidades de consumidores no mercado global, devido às enor-
mes distâncias, infraestrutura de transportes inadequada, e complexidade
da documentação exigida. Alguns dessas atividades são:
o Processamento de pedidos
o Estoques e sua administração
o Separação dos pedidos
o Expedição
o Carga das mercadorias
o Transporte até o destino
o Descarga das mercadorias
Um trabalho do Banco Mundial resume a dificuldade de se fazer negócios
através das fronteiras, que se apresenta na Figura 1625.
13. Desenvolvimento de produtos e serviços para mercados internacionais.
O tópico anterior analisa as alternativas para definição de produtos cujo des-
tino é o mercado global. Também discorre sobre o posicionamento desses pro-
dutos.
O processo de desenvolvimento de produtos se discute em qualquer obra de
marketing básico e tem aplicação para produtos, mercados e marcas globais.
Existe certa interdependência no desenvolvimento de produtos para o ambi-
ente global. MIRANDA OLIVEIRA et al analisam dois modelos chamados
de redes de acoplamento frouxo e redes de acoplamento estreito, conforme as
seguintes definições:
Redes de acoplamento frouxo: aplicável às organizações multinacionais,
inclui subsidiárias com maior autonomia, autossuficientes e com seus pró-
prios objetivos estratégicos.
Redes de acoplamento estreito: assemelhado a uma organização virtual
composta de subsidiárias altamente interdependentes, com menor autono-
mia que a matriz e voltadas para objetivos comuns da organização global.
25 Fonte: Doing Business Report 2007, The World Bank, apud LARRAÑAGA, 2009, p. 39.
Esses modelos podem ser enxergados como formas diferentes de coordenação
de atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) realizadas nas diversas
unidades de uma organização transnacional no mundo inteiro. Deve-se lem-
brar o elevado custo de se desenvolver produtos globais.
CZINKOTA et al apresentam um modelo de integração global para a fabrica-
ção e distribuição dos modelos Mondeo, Contour e Mystique da Ford. Esse
gráfico apresenta a integração correspondente aos fornecedores, às plantas in-
dustriais envolvidas e os mercados26.
14. Sistemas de informação, inteligência, pesquisa de mercado e comunicação
em mercados internacionais.
A finalidade dos sistemas de informação é fornecer aos gerentes e outros to-
madores de decisão um fluxo contínuo e o mais completo possível de infor-
mações sobre mercados, clientes, concorrentes e operações da organização.
Essa informação vai permitir a coleta, análise, classificação, armazenagem,
recuperação e distribuição de dados úteis para os gestores.
Os assuntos sobre os quais se deseja dispor de informação dependem da em-
presa, produto e mercado, mas podem-se apontar como relevantes os seguin-
tes:
Mercados: demanda, comportamento dos consumidores, produtos, ca-
nais, preços praticados, disponibilidade e custo da mídia, capacidade de
resposta do mercado aos apelos da propaganda.
Competição: estratégias e planos funcionais, corporativos e de negócios.
Comportamento esperado dos concorrentes locais e estrangeiros no mer-
cado-alvo.
Intercâmbio com o exterior: balança de pagamentos, balanço comercial,
situação da conta corrente, taxas de juros e de inflação, fortaleza da moeda
local e do país de destino, etc.
Instruções prescritivas: leis, regulamentos, normas, procedimentos, cus-
tos, carga fiscal, dividendos e royalties praticados na origem e no destino,
etc.
26 CZINKOTA, RONKAINEN, MOFFET & MOYNIHAN, Global Business, p. 14.
Informações complementares: disponibilidade de capacidade instalada,
mão de obra, energia, financiamentos, informação (e sua confiabilidade),
etc.
Condições gerais: visão geral dos ambientes sociocultural, político, eco-
nômico e tecnológico.
Além das ferramentas de informática e telecomunicações a serem usadas, as
organizações dispõem de fontes de pesquisa na Internet (publicações estran-
geiras, o livro dos fatos da CIA, as organizações internacionais como a OMC,
Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento, Jetro, FMI,
ONU, OEA, OCDE, UNCTAD, o Departamento de Comércio dos EUA, o
National Trade Data Base, e as páginas dos blocos regionais, etc.).
Uma classificação mais abrangente das fontes de informação permite agrupá-
las em:
Fontes humanas: considera-se que os executivos da matriz das empresas
globais obtêm quase dois terços das informações externas. Esse é um atri-
buto que caracteriza uma organização global. Esse grupo é complemen-
tado com os esforços de representantes comerciais, amigos, conhecidos,
colegas, consultores, funcionários, clientes. Às vezes, o processo de ob-
tenção de informação leva a situações limites com a ética e os bons costu-
mes nos negócios.
Fontes documentais: tanto impressas (jornais, revistas, folhetos, catálo-
gos, televisão e Internet) como eletrônicas (documentos internos, intranet
e redes de acesso restrito mediante senha).
Fontes na Internet: em sites como os acima indicados
Percepção direta: o olhar, sentir, escutar, cheirar, degustar pessoalmente
permite filtrar as informações obtidas de fontes humanas e documentais e
ajustar e/ou corrigir aquelas incompletas e/ou equivocadas.
Existem empresas internacionais de pesquisa como ACNielsen, IMS Health,
Garter Group, Video Research e outras. São as que oferecem os melhores es-
tudos de mercado pela sua experiência e especialização. KEEGAN, (2007:
140) apresenta um gráfico do processo de pesquisa de marketing global.
Os passos desse processo são:
a. Objetivos da empresa
b. Exigências de informação
c. Definição do problema de pesquisa
d. Escolha da unidade de análise
e. Análise dos dados disponíveis (dados secundários?)
f. Avaliação do valor da pesquisa
g. Projeto de pesquisa (amostragem)
h. Levantamento de dados
i. Análise dos dados
j. Interpretação e apresentação
15. Negociações multiculturais (KEEGAN, 2007: 65-79).
No tópico 8 se analisou o ambiente social e cultural. Agora se discute como
culturas diferentes afetam as negociações internacionais. Para isso se agrega
um texto do autor no Anexo 2.
16. As decisões na economia global27.
O processo de tomada de decisões (local ou global) é de todos conhecido e
consiste em uma sequência de passos como se indica a seguir:
Análise ou estudo da situação.
Diagnóstico ou definição do problema.
Definição dos objetivos da organização.
Busca de alternativas de solução e possíveis cursos de ação par cada uma
delas.
Avaliação e comparação custo benefício, vantagens/desvantagens das al-
ternativas encontradas.
Escolha da alternativa mais conveniente para atingir os objetivos da orga-
nização.
Implementação.
Essas decisões podem ser tomadas em diferentes condições tais como certeza,
incerteza, risco, ignorância, competição e conflito. Elas podem ser estrutura-
das ou não, rotineiras ou não e com diferente grau de importância.
27 Veja Anexo 3.
São tomadas decisões estratégicas, táticas ou operacionais e podem variar
quanto a seu grau de racionalidade. Nas organizações, a intuição, a improvi-
sação e a experiência anterior falam, às vezes, mais alto que a racionalidade.
ANEXO 1
Extraído de:
TRUJILLO DÁVILA, RODRIGUES OSPINA, GUZMÁN VAZQUEZ & BECERRA
PLAZA, Perspectivas Teóricas sobre Internacionalização de Empresas, Bogotá, Edito-
rial Universidad del Rosario, 2006, 70 p. Disponível na página:
http://repository.urosario.edu.co/bitstream/10336/1211/1/BI%2030.pdf (30/07/2010).
ABORDAGEM DE CANALS E HILLS (1994)
Por otra parte, revisando la interpretación que Jordi Canals (1994)28 y Charles Hill (1994) le dan
a la tipología de estrategias internacionales de Porter (1990), se encuentra la diferenciación de
cuatro grandes tipos de empresas:
• Empresa Exportadora (Canals) o Internacional (Hill): Inicialmente con la concen-
tración de actividades y las exportaciones desde el país de origen. Sus principales carac-
terísticas: desarrollo de productos centralizados en el país de origen y funciones de ma-
nufactura y mercadeo e cada país donde la empresa tiene negocios.
• Empresa Multinacional (Canals) o Multidoméstica (Hill): surge en el siglo XIX y
se consolida después de la segunda guerra. Explota internamente alguna ventaja compe-
titiva importante (tecnología o producto especial) y diversifica actividades en muchos
países. Sus principales características: descentralización de todas las actividades repro-
duciendo empresas matrices en cada una de las filiales extranjeras.
• Empresa Global: La tendencia de descentralización se invierte, tomando peso las
operaciones internacionales dentro de la empresa y alta concentración de actividades,
principalmente, compras, producción e investigación y desarrollo, en el país de origen.
Con el desarrollo de la empresa global, es necesario desarrollar una capacidad de adap-
tación a cada país y a cada mercado.
• Empresa Transnacional: El nuevo reto que se plantea para la empresa con activida-
des internacionales es tratar de conjugar la eficiencia económica con la capacidad de
adaptación a los mercados locales; Bartlett y Ghoshal (1989) describen la emergencia de
este nuevo tipo de organizaciones, que denominan empresa transnacional. Hill (1994)
28 CANALS, Jordi. (1994), La Internacionalización de la Empresa, McGraw Hill, España.
enfoca de una forma diferente las cuatro estrategias y las compara desde el punto de
vista de las presiones para reducir costos y condiciones locales.
ANEXO 2
O PENETRANTE IMPACTO DA CULTURA NAS NEGOCIAÇÕES INTERNACIO-
NAIS29
Professor Dr. Félix A. Larrañaga
O material deste texto corresponde a um estudo sistemático do comportamento das nego-
ciações internacionais realizado nas últimas três décadas. Nele foram considerados os
estilos de negociação de mais de 1.500 homens de negócios em dezessete países que res-
pondiam por vinte e uma culturas diferentes30.
O trabalho envolveu entrevistas com executivos experientes e observações dos partici-
pantes em campo, assim como trabalho científico de laboratório sobre comportamento
incluindo pesquisa e análises de negociações registradas em vídeo.
Os países estudados foram Japão, Coréia, China (Tianjin, Guangzhou, Taiwan e Hong
Kong), Vietnã, Filipinas, Rússia, Israel, Noruega, República Tcheca, Alemanha, França,
UK, Espanha, Brasil, México, Canadá (tanto o setor Inglês quanto o Francês) e EUA. A
escolha desses países foi realizada pelo fato de serem os atuais e potenciais futuros par-
ceiros comerciais dos EUA31.
Uma observação ampla através de várias culturas identificou duas lições importantes: (1)
a generalização regional está errada com bastante freqüência. Por exemplo, os estilos de
negociação de Japoneses e Coreanos são bastante parecidos em alguns aspectos, mas di-
ferentes em outros; (2) o Japão é um lugar excepcional: em quase todas as dimensões dos
estilos de negociação considerados, os Japoneses estão no final ou próximo do final da
tabela.
Por exemplo, os Japoneses usam a menor dose de contato visual das culturas estudadas.
Às vezes, os Americanos estão no outro extremo. Realmente, na maior parte do tempo os
Americanos se posicionam na metade da escala. A evidência apresentada no texto com-
prova esta afirmação. Porém, a abordagem Japonesa é muito diferente.
29 NEGOTIATION, http://www.beyondintractability.org/essay/negotiation/ . O texto acima foi ela-borado a partir da fonte mencionada e outras disponíveis na internet. Embora a matéria esteja orientada para o ambiente de negócios, suas conclusões são aplicáveis ao ambiente das nego-ciações internacionais (NA). 30 GRAHAM, John L. The Japanese Negotiation Style: Characteristics of a Distinct Approach, Negotia-
tion Journal, April 1993, 123-140. 31 REQUEJO & GRAHAM, Global Negotiations: The New Rules, New York: Palgrave Macmillan, 2008.
As diferencias culturais causam quatro tipos de problemas nas negociações internacio-
nais, especificamente em32:
Linguagem
Comportamento não-verbal
Valores
Processos de pensamento e tomada de decisões
A ordem desses elementos é importante, os problemas do final da lista são mais sérios
porque eles são mais sutis. Por exemplo, dois negociadores notariam imediatamente si
um deles estivesse falando Japonês e o outro Alemão.
A solução do problema seria tão fácil quanto contratar um intérprete ou falar em uma
terceira língua conhecida de ambas as partes. No extremo oposto poderia ser tão difícil
quanto aprender o idioma do outro. Independentemente da solução adotada, o problema
é obvio.
As diferenças culturais em questões de comportamento não-verbal, por outra parte, são
geralmente ocultas baixo um aparente desconhecimento das questões em pauta. Isto sig-
nifica dizer que em uma negociação cara a cara os participantes de forma sutil e não
verbalmente emitem uma enorme quantidade de informação. Alguns expertos argumen-
tam que essa informação é mais importante que a informação verbal.
Quase toda essa sinalização vai a se alojar nos níveis de consciência. Quando os sinais
não-verbais de parceiros estrangeiros são diferentes, os negociadores estão mais aptos a
interpretá-las equivocadamente sem ter consciência do erro.
Por exemplo, quando um cliente Francês interrompe freqüentemente, os Americanos ten-
dem a sentir desconforto sem perceber por que. Dessa maneira, as fricções interpessoais
geralmente tingem as relações de negócios, passam inadvertidas, e, conseqüentemente,
ficam sem corrigir.
As diferencias em valores e processos de pensamento e tomada de decisões estão ocultas
ainda mais profundamente e, por isso, são mais difíceis de diagnosticar e sanar. As dife-
rencias mencionadas se discutem a seguir.
32 GRAHAM, John L. Cross-Cultural Sales Negotiations: A Multilevel Analysis, dissertation University
of California, Berkeley, 1980.
Diferencias no nível da linguagem
Os problemas de tradução são geralmente substanciais nas negociações internacionais e,
quando as linguagens são linguisticamente distantes33, podem se antecipar maiores pro-
blemas. Particularmente assustador pode ser trabalhar em negociações globais.
Com freqüência o idioma usado é o Inglês, mas ele pode ser falado como uma segunda
língua por muitos dos participantes da negociação. Sem dúvida, nativos da Inglaterra,
Índia e os EUA que falam Inglês têm problemas para entender-se entre si. Re
alizar traduções exatas nas interações internacionais é um objetivo quase sempre não atin-
gido.
Além disso, as diferencias de idioma são algumas vezes exploradas de formas interessan-
tes. Muitos executivos seniores em países estrangeiros falam e entendem alguma coisa de
Inglês, mas preferem falar na sua língua nativa e utilizar um intérprete. Assim, conhece-
se o caso de um negociador sênior Russo fazendo perguntas em Russo.
O intérprete fez depois a tradução para a contraparte Americana. Enquanto o intérprete
fala, a atenção do Americano (direção da atenção) foi dada ao intérprete. Porém, a atenção
do Russo foi à direção do Americano. Dessa maneira, o Russo pode cuidadosamente e
sem obstrução nenhuma observar as expressões faciais do Americano e as respostas não-
verbais.
Adicionalmente, quando o Americano fala, o Russo sênior tem duas vezes o tempo de
resposta. Devido ao fato que ele entende Inglês, ele pode formular suas respostas durante
o tempo utilizado pelo processo de tradução.
Sobre este assunto, o autor pode acrescentar uma experiência pessoal vivenciada durante
uma negociação no âmbito da antiga ALALC, quando participou, formando parte do
grupo Argentino, de reuniões do grupo da Indústria Química e Petroquímica entre Argen-
tina e Brasil. Durante as conversações o grupo Brasileiro da ABIQUIM falava um portu-
guês fechado (carioca) e na hora do café falavam um espanhol aportenhado34 de primeira
qualidade. Perguntados sobre o motivo desse comportamento, os parceiros brasileiros
justificaram-se dizendo que dessa forma defendiam os interesses da indústria nacional.
33 WEST & GRAHAM, A Linguistics-Based Measure of Cultural Distance and Its Relationship to Mana-
gerial Values, Management International Review, 2004, 4(3), 239-260. 34 De portenho, que mora na cidade de Buenos Aires, perto do porto (NA).
O que representa o tempo adicional de resposta em uma conversação estratégica? O que
representa ter a possibilidade de observar cuidadosamente as respostas não-verbais de sua
contraparte de alto nível em uma negociação de alto risco? Respondendo simplesmente,
a habilidade de falar duas línguas não é uma característica comum dos homens de negó-
cios dos EUA, e seus concorrentes com maiores habilidades de linguagem dispõem de
uma vantagem natural no comércio internacional35.
Adicionalmente, uma reclamação comum ouvida de gerentes Americanos se refere aos
clientes estrangeiros e associados que conversam paralelamente às negociações no seu
idioma nativo. No melhor dos casos isso é visto como uma falta de educação, mas com
muita freqüência os negociadores Americanos estão dispostos a atribuir algo de sinistro
ao conteúdo dessas conversações. Trata-se de um erro freqüente.
O propósito usual dessas conversações paralelas é arrumar problemas de tradução. Por
exemplo, um Coreano pode se aproximar de um colega e perguntar, “O que ele diz?”. Ou,
a conversação lateral pode se referir a um desacordo entre os membros da equipe estran-
geira de negociadores.
Ambas as circunstâncias podem ser enxergadas como sinais positivas, isto é, a correção
da tradução melhora a eficiência das interações, e desacordos internos são geralmente
seguidos de concessões. Porém, devido ao fato que os Americanos geralmente falam uma
língua, nenhuma dessas circunstâncias é apreciada.
Pessoas de outros países são aconselhadas a informar os Americanos sobre o conteúdo
das conversações laterais, para evitar que lhes sejam atribuídos propósitos sinistros.
A pesar disso existem problemas na questão da linguagem que estão além das traduções
e os interpretes. Dados de negociações simuladas são informativos. O estudo dos com-
portamentos verbais dos negociadores em 15 das culturas analisadas (correspondentes a
seis negociações em cada um dos 15 grupos) foi gravado em vídeo.
Os detalhes da pesquisa estão disponíveis na página indicada em três gráficos que mos-
tram as Táticas de Negociações Verbais, os Aspectos dos Comportamentos Verbais e
Não-verbais e as Diferencias Culturais na Competitividade e na Igualdade nas Negocia-
ções. Dentre as conclusões do estudo podem ser mencionadas as seguintes:
35 Esse raciocínio não se aplica estritamente as negociações diplomáticas (NA).
Comportamentos não-verbais36:
o Menos de 35% de uma mensagem é transportado pela palavra falada.
o O 65% restante é comunicado não - verbalmente.
o Outro autor indica que 45% da mensagem é encaminhada por canais lin-
güísticos (palavra falada) e para lingüísticos (tono e nível da voz, e outros
aspectos de como as coisas são ditas), enquanto o 55% restante deriva-se
das expressões faciais37.
Comportamentos distintivos de negociação: embora afirmando a necessidade
de que a pesquisa deveria ser realizada sobre amplas amostras para ser signifi-
cante, o trabalho inclui um breve resumo das características negociadoras dos 15
grupos, resumidas na tabela Diferencias Culturais na Competitividade e na Igual-
dade nas Negociações, não incorporada neste Anexo.
Diferencias dos valores gerenciais como elementos pertinentes às negocia-
ções:
o Objetividade: grau de preocupação com os resultados.
o Competitividade e igualdade: através da habilidade para aumentar o bolo
a ser distribuído entre as partes.
o Tempo: preocupação dos negociadores com o tempo. Alguns não toleram
esperar e, em função disso, fazem decisões apresadas e/ou erradas.
o Diferencias nos processos de pensamento e tomada de decisões: como
por exemplo, a abordagem ocidental e asiática às negociações. Os primei-
ros dividem uma negociação complexa em pedaços de menor complexi-
dade ou tarefas pequenas. Os segundos preferem discutir todas as questões
simultaneamente, sem uma ordem aparente e as concessões são feitas em
todas as questões discutidas, no final da negociação.
36 CROCKETT, Roger O. “The 21st Century Meeting” , Business Week, 26 de Fevereiro de 2007, p. 72-
80. 37 MEHRABIAN, Albert, Silent Messages: Implicit Communication of Emotions and Attitudes, Belmont,
California, Wadsworth, segunda edição, 1980.
ANEXO 3
Prof. Dr. Félix Alfredo Larrañaga
Embora elaborado para um projeto de política, o seguinte texto é útil para complementar o tópico
sobre às decisões no mercado global.
Tomada de decisões em política externa
O processo de tomada de decisões em política externa segue os lineamentos da tomada de deci-
sões tradicional que consiste em estudar a situação, realizar a análise do ambiente internacional
(forças, fraquezas, oportunidades e ameaças), estabelecer alternativas ou opções de ação, analisá-
las quanto as vantagens e desvantagens, selecionar a mais conveniente e implementar.
A pesar de se tratar de uma questão estratégica e complexa, o processo decisório segue os passos
do tradicional processo administrativo que estabelece uma seqüência lógica que inclui: planejar,
organizar, executar e controlar.
Esses procedimentos aplicados a formulação e execução da política exterior pode ser dividido,
para fins de estudo em duas partes: (1) a tomada de decisões propriamente dita, (2) modelos de
abordagem.
Tomada de decisão propriamente dita38
Acompanhando os processos descritos, no caso específico da formulação e execução de política
externa podem ser identificados os seguintes passos:
Analisar, estudar e compreender o ambiente político nacional e internacional, para ter condi-
ções de determinar as melhores opções para o país.
Estabelecer as metas a serem atingidas, compreensão do impacto da situação nacional e in-
ternacional sobre elas, determinação da existência de objetivos conflitantes e, nesse caso, a
definição das correspondentes prioridades.
Determinar as alternativas ou opções disponíveis em função do contexto, assim como a capa-
cidade para executá-las e a disposição a arcar com as conseqüências em caso de fracasso.
Tomar decisão formal pelo poder executivo, chefe de estado ou chefe de governo, segundo o
tipo de organização política.
38 http://managementhelp.org/prsn_prd/decision.htm (20/02/2010)
Implementar as opções escolhidas por meio da estrutura burocrática do estado (ministérios,
corpo diplomático, etc.).
Modelos de abordagem à decisão39
As decisões, embora dentro do processo marco indicado anteriormente, podem ser tomadas a
partir de abordagens ligeiramente diferentes. O estado como tal pode utilizar algum dos seguintes
modelos:
Modelo do ator racional: responde a teoria da escolha racional e considera o estado como a
unidade primária de análise e as inter-relações entre os atores internacionais como o contexto
ou ambiente de análise. Nesta abordagem o estado é considerado como um ator unitário mo-
nolítico, capaz de tomar decisões racionais baseadas em uma classificação de alternativas,
procurando maximizar os resultados. Muito criticado por não levar em consideração fatos da
realidade. O processo de tomada racional de decisão inclui:
o Estabelecimento e classificação de metas por ordem de importância.
o Análise e consideração das opções.
o Análise das conseqüências.
o Avaliação dos resultados.
Modelo da política inter-agências: defende a idéia de que as decisões são o resultado da
pressão exercida pelos poderes da estrutura política (executivo, legislativo e judiciário).
Modelo burocrático: que facilita a divisão das decisões de política exterior entre mais de um
grupo, sendo que diferentes agências governamentais fazem decisões competitivas e, no final,
prevalece a opinião da agência mais forte ou a decisão resultante é fruto de troca compensada
entre os participantes, diminuindo a qualidade dessa decisão.
Modelo do processo organizacional: segundo DAGNINO, 2002, este modelo (...) “inter-
preta as decisões e ações não como resultado de uma escolha racional, mas de um compor-
tamento baseado em rotinas e procedimentos-padrão sistemática e previamente definidos”.
Esse autor utilizou a sistematização de HOGWOOD & GUNN40, que para entender o pro-
cesso político usou três modelos (racional, burocrático e do processo organizacional)41.
Modelo do auto-elogio: forma de fazer relações externas na qual um determinado líder atua
em favor dos seus próprios interesses políticos.
39 http://managementhelp.org/prsn_prd/decision.htm (25/05/2010) 40 HOGWOOD & GUNN. Policy Analysis for the real world, Oxford, Oxford University Press, 1984. 41 DAGNINO, Renato et alii. Gestão Estratégica da Inovação: metodologia para análise e implementa-
ção, Taubaté, Editora Cabral, 2002. GAPI – UNICAMP – 2002 – Organização de Estados Iberoamerica-
nos, http://www.oei.es/salactsi/rdagnino1.htm#a6
Modelo do processo político: o corpo decisório sofre a pressão de muitas organizações não-
governamentais (ONG) e/ou da imprensa.
BIBLIOGRAFIA
CANALS, Jordi. La Internacionalización de la Empresa. Como evaluar la penetración
en mercados exteriores, Madrid, McGraw Hill, 1994, 186 p.
COUTINHO, Dirceu M. Globalizantes & Globalizados, São Paulo, Aduaneiras, 2003,
178 p.
CZINKOTA, RONKAINEN, MOFFET & MOYNIHAN, Global Business. Orlando, FL,
The Dryden Press, 1998, 614 p.
DANIELS & DANIELS, Visão Global: Criando novos modelos para as empresas do
futuro, São Paulo, Makron Books, 1996, 233 p.
FEATHERSTONE, Mike, Cultura Global: Nacionalismo, Globalização e Modernidade,
Petrópolis, 1994, 437 p.
FRIEDMAN, Thomas L. O Mundo é Plano: Uma breve história do século XXI, Rio de
Janeiro, Editora Objetiva, 2005, 471 p.
IANNI, Octavio, Teorias da Globalização, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1995,
225 p.
KEEGAN, Warren J. Marketing Global, São Paulo, Pearson, 7ª Edição, 2007, 426 p.
LARRAÑAGA, Félix Alfredo, Organismos Internacionais de Comércio, São Paulo,
Aduaneiras, 2007, 306 p.
-------------------------------------, Introdução às Relações Internacionais, São Paulo, Adu-
aneiras, 2008, 292 p.
-----------------------------------, A Gestão Logística Global, São Paulo, Aduaneiras, 2ª Edi-
ção, 2009, 290 p.
MIRANDA OLIVEIRA, BOEHE & BORINI, Estratégia e Inovação em Corporações
Multinacionais, São Paulo, Editora Saraiva, 2009, 251 p.
OHMAE, Kenichi. O Fim do Estado Nação, Rio de janeiro, Editora Campus, 1996, 214
p.
---------------------. El próximo escenario global: desafios y oportunidades en un mundo
sin fronteras, Bogotá, Pearson Education, 2008, 373 p.
ROSSETTI, José P. Introdução à Economia, São Paulo, Atlas, 17ª Edição, 1997, 922 p.
SANDRONI, Paulo. Novíssimo Dicionário de Economia, São Paulo, Editora Best Seller,
7ª Edição, 649 p.
SKLAIR, Leslie, Sociologia do Sistema Global, Petrópolis, Vozes, 1995, 286 p.
SORMAN, Guy, La economía no miente, Buenos Aires, Sudamericana, 2008, 314 p.