São 10 da manhã e as máquinas de fax da emissora ABC News recebem um documento. “Meu nome é Bryce Williams”, diz a mensagem. “Eu atirei em duas pessoas hoje mais cedo”. A carta continua em outras 22 páginas, detalhando o que motivou o repórter Vester Lee Flanagan II, conhecido pelo pseudônimo que assina a mensagem, a matar dois ex-colegas de trabalho durante o expediente ontem, na Virginia. Foi um crime previamente arquitetado: a arma já estava com ele desde o dia 19 de junho e as balas levavam as iniciais das vítimas do massacre da igreja de Charleston, quando um supremacista branco matou 9 negros que participavam de atividades no templo. Segundo a carta enviada à emissora, a intenção de Williams era vingar o ataque, matando colegas de trabalho que faziam comentários racistas, e se suicidando depois. “E quanto a Dylann Roof? [autor do atentado em Charleston] Você quer uma guerra racial, não é? Pois então terá”,escreveu . “Sim, vai parecer que estou com raiva. E estou. Tenho todo o direito de estar. Mas quando eu deixar este planeta, o único sentimento que quero levar é paz.” O ataque levou personalidades públicas a se pronunciarem a favor do desarmamento, como forma de “evitar novos
Mentiras comuns que são contadas sobre o desarmamento do site Spotniks
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São 10 da manhã e as máquinas de fax da emissora ABC News recebem um
documento. “Meu nome é Bryce Williams”, diz a mensagem. “Eu atirei em duas
pessoas hoje mais cedo”. A carta continua em outras 22 páginas, detalhando o
que motivou o repórter Vester Lee Flanagan II, conhecido pelo pseudônimo que
assina a mensagem, a matar dois ex-colegas de trabalho durante o expediente
ontem, na Virginia.
Foi um crime previamente arquitetado: a arma já estava com ele desde o dia 19
de junho e as balas levavam as iniciais das vítimas do massacre da igreja de
Charleston, quando um supremacista branco matou 9 negros que participavam
de atividades no templo. Segundo a carta enviada à emissora, a intenção de
Williams era vingar o ataque, matando colegas de trabalho que faziam
comentários racistas, e se suicidando depois.
“E quanto a Dylann Roof? [autor do atentado em Charleston] Você quer uma guerra racial, não é? Pois então terá”,escreveu. “Sim, vai parecer que estou com raiva. E estou. Tenho todo o direito de estar. Mas quando eu deixar este planeta, o único sentimento que quero levar é paz.”
O ataque levou personalidades públicas a se pronunciarem a favor do
desarmamento, como forma de “evitar novos ataques”. Da Casa Branca, o
porta-voz do governo, Josh Earnest, disse que existem “muitas armas nas
mãos de pessoas que não deveriam ter armas”. E continuou:
“[O tiroteio de hoje] é mais um exemplo de uma violência armada que está se tornando
muito comum nos Estados Unidos”,ressaltou. “E existem algumas coisas de bom senso que apenas o Congresso poderia fazer, que nós sabemos que teriam um impacto tangível em reduzir a violência armada”.
No Twitter, Hillary Clinton, que é pré-candidata à presidência pelo partido
Democrata, afirmou que a sociedade “não pode esperar muito antes de agir
para parar a violência armada”.
As falas de Earnest e Clinton refletem um senso comum fartamente repetido
pela imprensa: a ideia de que proibir armas levaria a uma redução desses
crimes. E para justificar isso, sempre são levantadas algumas evidências –
como o fato de os Estados Unidos terem uma taxa de ataques em massa muito
acima da média dos países desenvolvidos ou as taxas de porte de arma
elevadas em grande parte dos estados.
Isso você provavelmente já leu em algum lugar.
O lobby da imprensa americana – e da brasileira, por consequência – pró-
desarmamento é gritante e o gráfico abaixo ilustra isso muito bem.
Ele é resultado de uma análise de 216 notícias sobre armas dos maiores
programas de TV e redes de notícia americanos que foram ao ar entre
dezembro de 2012 e janeiro de 2013. Em vermelho, estão as notícias com viés
anti-armamento e em azul, as pró-armamento, que foram catalogadas pelos
Pelas manchetes, seria fácil concluir que os Estados Unidos é o país que mais
sofre com esses ataques no mundo. Só tem um problema: este dado é
equivocado. O discurso já foi repetido pelo próprio presidente Obama, que
afirmou numa coletiva após os ataques em Charleston:
“Nós como país precisamos reconhecer o fato de que esse tipo de violência em massa não acontece em outros países desenvolvidos. Isso não acontece em outros países com essa frequência”, disse.
De fato, os Estados Unidos são o maior alvo de atiradores em massa no
mundo. O que nunca é levado em conta é o tamanho da população americana: