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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CINCIAS DA EDUCAO CED
CURSO DE PEDAGOGIA
MEMORIAL DO ESTGIO EM EDUCAO INFANTIL (2014.1)
NO NCLEO DE EDUCAO INFANTIL COLNIA Z11
Catrine de Moraes Pereira
Daniela Fonseca
Fernanda Hartmann Ramos
Francine Gomes da Silva
Gabriela Botelho P. Korus
Giselli de Oliveira da Silveira
Kachiri Carminati dos Santos
Karla Regina de Souza
Kenya Gladys Paulo Campagnolo
Este memorial tem como objetivo
compartilhar nossas observaes,
aprendizagens e reflexes referentes ao nosso
estgio supervisionado na Educao Infantil,
realizado no NEI Colnia Z11, localizado no
bairro Barra da Lagoa, em Florianpolis, sob a
orientao da professora Dr Ktia Adair
Agostinho.
Florianpolis
2014
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AGRADECIMENTOS
Em especial a todas as crianas do Ncleo de Educao Infantil NEI
Colnia Z -11, por
permitir a nossa presena em sala, dividindo suas vivncias e
espaos, a fim de que
pudssemos vivenciar a docncia em sua plenitude.
A nossas famlias, pela compreenso e pacincia.
A toda equipe da unidade por ter nos recebido de forma
acolhedora.
E principalmente, nossa orientadora de estgio, Prof. Dr. Ktia
Adair Agostinho, por
contribuir em nossas reflexes com tamanha dedicao e
amabilidade.
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SUMRIO
1 APRESENTAO as concepes que orientam o
campo...................................04
2 O CAMPO: Ncleo de Desenvolvimento Infantil Colnia
Z11...............................06
3 VIVNCIAS DE L E C: PLANEJANDO E REPLANEJANDO NA
EDUCAO
INFANTIL...........................................................................................09
4 IMAGINAO E BRINCADEIRAS NO DIA A DIA COM AS CRIANAS.....30
5 VIVENCIANDO E COMPARTILHANDO EXPERINCIAS COM O G5: O
FOCO NOS DESENHOS DAS
CRIANAS...........................................................47
6 LINGUAGENS ORAL E ESCRITA: DA BRINCADEIRA AO LETRAMENTO
O LUGAR DO
ESTGIO..........................................................................................73
7 REGISTRO FOTOGRFICO NA EDUCAO INFANTIL: capturando
movimentos, sons, e cores das infncia - uma experincia docente
no NEI
Colnia
Z-11.................................................................................................................92
8 O DIREITO DE PARTICIPAO DAS CRIANAS E SUA EFETIVAO
NAS PRTICAS
EDUCACIONAIS.......................................................................118
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1. APRESENTAO as concepes que orientaram o campo
A Educao Infantil a primeira etapa da Educao Bsica. oferecida em
creches e
pr-escolas, que se constituem em estabelecimentos educacionais
pblicos e privados, onde o
cuidar e o educar devem ser indissociveis. importante
compreender que alm da
especificidade j conhecida, o cuidar e o educar, h existncia de
outras, tais como: o recente
reconhecimento da profisso, a docncia compartilhada, o sujeito
da educao infantil
crianas de zero a seis anos, a necessidade de considerar a
criana como ponto de partida para
a construo da proposta/interveno pedaggica.
O reconhecimento profissional ocorreu h dezoito anos quando a
LDB 9.394/96 previu
que [...] a educao infantil passou a fazer parte da educao bsica
como sua primeira etapa,
e o professor tornou-se o profissional exigido para atuar junto
s crianas (FERNANDES,
2012, p. 1).
O eixo Educao e Infncia nos acompanha durante todo o curso, mas
ao iniciar essa
fase de estgio, preciso relembrar alguns conceitos, e, o
principal deles o conceito de
criana e infncia que temos. A criana no deve ser vista como um
vir a ser um sujeito de
diretos, que produz cultura e deve ter seu direito garantido
infncia e instituio de
Educao Infantil. Segundo Rocha e Ostetto, sujeito social de
direitos, um ser completo em
si mesmo, que pensa, se expressa por meio de mltiplas
linguagens, que produz cultura e
produzido numa cultura (2008, p. 104).
Entendemos que o estgio, o exerccio da docncia, em que no
encontro com a
realidade educativa fazemos o cruzamento de olhares, ao pensar
os projetos educativos dos
diferentes grupos e o Projeto Poltico e Pedaggico da Unidade,
tudo isso por meio do
exerccio das ferramentas da ao pedaggica, que so: observao,
registro, planejamento,
avaliao e documentao, portanto:
[...] o estgio pressupe o cruzamento de diversos olhares e
saberes,
advindos de lugares igualmente diferenciados: das crianas, das
alunas
estagirias, dos professores e demais profissionais de educao
infantil e dos
professores orientadores de estgio. (ROCHA & OSTETTO, 2008,
107).
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Na prtica, o estgio o momento de apreender a realidade, adentrar
na instituio de
educao infantil, lugar este at ento desconhecido por alguns de
ns discentes; propor e
vivenciar aes que contribuiro efetivamente para nossa formao e
concomitantemente para
a formao das crianas e/ou bebs. Portanto, ao oportunizar a
docncia compartilhada aos
estudantes de pedagogia, os mesmos exercero a observao do espao,
das crianas, do
relacionamento entre criana-criana e criana-adulto; exercitaro o
registro, a reflexo, o
planejamento e a avaliao do processo proposto e vivido, deste
modo pautaro as aes e
reflexes embasadas no conhecimento terico. Deste modo, necessrio
cultivar a
sensibilidade do olhar, como afirmam Rocha e Ostetto (2008) em
uma postura de observar a
criana em um todo, ou seja, o olhar do professor por meio da
sensibilidade, a fim de perceber
as manifestaes to sutis, que nos permitir conhecer melhor os
modos de ser e fazer das
crianas.
Falar sobre o cotidiano institucional ocupando um lugar de
estagiria (o) docente
uma questo um tanto delicada na medida em que no estamos
integralmente imersos na
rotina da instituio, considerando o tempo do estgio que um
recorte. No entanto, medida
que nos aproximamos do contexto cultural, do espao e das
vivncias, buscamos compreender
e refletir cuidadosamente sobre o cotidiano do NEI Colnia Z-11,
sua Pedagogia, seu fazer
pedaggico na Educao Infantil e a partir dessas vivncias ento
traamos nosso percurso de
estgio.
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2. O CAMPO: Ncleo de Desenvolvimento Infantil Colnia Z11
O Ncleo de Educao Infantil (NEI) Colnia Z11, na comunidade da
Barra da Lagoa,
leste da Ilha de Florianpolis, prximo ao mar, est localizado na
Rua Desembargador Ivo
Guilhon Pereira de Mello, n 1. A unidade tem uma infraestrutura
grande, arejada e com
bastante verde, que comporta em seus espaos 6 salas, do G2 ao
G6; parque com banco de
areia e casinha de boneca; espao para horta; espao ao ar livre
para oficina com mesa da
altura das crianas, secretaria, biblioteca, sala de professores,
cozinha, um refeitrio para as
crianas, cujas mesas, pia e buffet so da altura das mesmas; sala
de materiais de limpeza;
espao para oficinas, alm de banheiros proporcionais ao tamanho
das crianas e outro para
uso dos adultos. O espao do NEI plano, sem obstculo, amplo e com
apoiadores que
facilitam tambm a passagem de pessoas com deficincia.
vlido ressaltar que o NEI Z-11 fica bem prximo da praia e do
projeto TAMAR, o
qu contribui para sadas das crianas para alm da instituio, a fim
de auxiliar e ser uma
ferramenta facilitadora do contato das crianas com a natureza,
alm de estar rodeado por
prdios e casas residenciais.
O NEI Z -11, atende 235 crianas, cuja faixa etria varia de 4
meses a 6 anos de idade,
a instituio conta com uma equipe de 39 profissionais, sendo 8
professoras com graduao e
ps-graduao; 12 auxiliares de sala com magistrio; 4 merendeiras;
5 auxiliares de servios
gerais; 4 auxiliares de ensino; 1 supervisora e 1 diretora; 1
professora; 1 professora
readaptada, 1auxiliar de servios gerias e 2 cozinheiras
readaptadas, alm de uma
nutricionista. A instituio funciona todos os dias das 07h00min s
13h00min no horrio
matutino e das 13h00min s 19h00min no horrio vespertino, sendo
os grupos vespertinos
(G2 G6) so divididos e mistos, ou seja, recebem meninos e
meninas na mesma sala.
A nova unidade foi construda no ano de 2004, em decorrncia da
necessidade de uma
estrutura fsica apropriada para as crianas, substituindo a
unidade antiga construda em 1992
em outro local da comunidade. Desde ento, no mesmo ano teve uma
ampliao para mais
duas salas. Atende seis grupos no perodo matutino e outros seis
no perodo vespertino.
Conhecer a comunidade e os espaos fsicos e geogrficos da unidade
tem seu papel
fundamental em nosso estgio no NEI, j que precisamos nos
aproximar e conhecer o mximo
possvel desse contexto em que as crianas esto inseridas para uma
melhor aproximao e
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interao com as mesmas. Assim, ainda em nossa primeira ida
unidade fomos passear pelo
bairro e pudemos perceber o contexto que nos cercaria nesse
perodo de estgio e de onde
viriam as crianas.
Passamos pela praia, pela beira do canal da Barra e pela avenida
principal. Na beira do
canal pudemos perceber os barcos pesqueiros, os pescadores, as
redes de pesca e os inmeros
pontos de vendas de frutos do mar. A comunidade basicamente
formada por pescadores. O
bairro pequeno, em poucas ruas conseguimos conhec-lo de uma
forma bem panormica,
porm a populao numerosa, nota-se isso devido presena de muitas
casas e apartamentos
dentro do mesmo terreno, j que a estrutura fsica/geogrfica do
local limitada.
Antes de nossa visita ao campo j tnhamos lido o Projeto Poltico
Pedaggico (PPP)
do NEI Colnia Z-11. O PPP, construdo coletivamente, elemento
fundamental na
organizao das atividades, mediador das decises e conduo das aes
do espao educativo,
permitindo a anlise dos seus resultados e impactos. Ainda
segundo o documento o PPP se
constitui num retrato da memria histrica construda, num registro
que permite a escola rever
sua intencionalidade e sua histria (SOUZA, 2005). Assim,
destacamos o PPP como um
fruto da interao entre os objetivos e prioridades estabelecidas
pela coletividade, que
estabelece, atravs da reflexo, as aes necessrias construo de uma
nova realidade. ,
antes de tudo, um trabalho que exige comprometimento de todos os
envolvidos no processo
educativo: os professores, as crianas, os pais e a comunidade
como um todo.
Ao nos aproximarmos das vivncias no Nei tomamos conhecimento das
formas como
essas experincias so elaboradas pelas crianas e por todos
envolvidos no fazer pedaggico.
Um dos objetivos especficos da unidade est em Desenvolver um
trabalho integrado com as
crianas, famlias e educadores do N.E.I. Colnia Z 11, (PPP, 2014,
p. 8). Desta forma, o
PPP da unidade discorre sobre os projetos coletivos que envolve
todos do NEI Z11:
_ Projeto Educao Ambiental do qual pudemos presenciar e viver a
relao com a
horta e a composteira.
_ O Projeto Atividade Integrada em que as propostas so
planejadas para a vivncia
coletiva. Presenciamos alguns momentos desse projeto proposto
pela unidade e tambm ns
estagirias propomos em nossa ltima docncia propostas coletivas
no parque da unidade.
_ Projeto Um Lugar, Um Olhar, Um Sonho que prev uma organizao
semanal do
parque com brincadeiras dirigidas que envolvero adultos e
crianas, como momento de
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descontrao, de vivenciar experincias novas e interaes com as
crianas do prprio grupo
como dos outros e os diferentes adultos.
_ Projeto Com Alegria Comendo Todo Dia que objetiva a autonomia
e a integrao
das crianas nos momentos das refeies.
_ Projeto Um mar de histrias elaborado partindo do principio que
O acesso
literatura infantil um direito do cidado. Toda semana, as
crianas so levadas at a
biblioteca para escolherem um livro e levar para casa pra ler
com a famlia.
_ Projeto Alevanta Boi Malhado Faz Sorrir a Multido que perpetua
a prtica
popular da dana do boi de mamo.
Aps essa breve apresentao do NEI Z11, seguimos agora no memorial
socializando
o vivido por ns.
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3. VIVNCIAS DE L E C: PLANEJANDO E REPLANEJANDO NA
EDUCAO INFANTIL
Fernanda Hartmann Ramos
Kenya Gladys Paulo Campagnolo
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A alegria no chega apenas no encontro do achado, mas faz parte
do processo da busca.
E ensinar e aprender no pode dar-se fora da procura, fora da
boniteza e da alegria.
Paulo Freire
Apresentao
O memorial tem por objetivo relatar um pouco da nossa anlise
entre as teorias da qual
tivemos subsdios desde o incio do curso de Pedagogia da
Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC) com as prticas, na qual se realizou na creche
Ncleo de Educao Infantil
Colnia Z-11, localizada na Barra da Lagoa, em Florianpolis.
No primeiro momento, falaremos sobre a nossa preparao para
adentrarmos ao
campo do estgio na Educao Infantil, que no nosso caso no tnhamos
nenhuma
experincia. Portanto as teorias se tornaram importante para a
nossa preparao, como no
tnhamos a prtica, o estgio seria o momento para colocarmos em
prtica as teorias at ento
estudadas.
Logo em seguida, iremos escrever o nosso olhar sobre este espao
e estas crianas,
colocando em destaque alguns recortes do nosso cotidiano
observado. Mas queremos deixar
claro que ramos observadoras participativas. Ao mesmo tempo em
que estvamos ali
observando e registrando, tambm participvamos efetivamente de
cada momento junto s
crianas, queramos sentir de perto o que as nossas propostas
proporcionava aos bebs.
Apresentaremos a nossa viso sobre o que planejar na Educao
Infantil,
principalmente para o Grupo 2, como construmos o nosso
planejamento, quais propostas
realizaremos na Docncia Compartilhada.
Tambm iremos relatar as nossas experincias, o vivido e refletido
enquanto
professoras-estagiria na Educao Infantil, para e com crianas de
um ano e dois meses a
dois anos, onde apresentaremos alguns relatos deste cotidiano e
reflexes sobre os mesmos
que possam lanar luz sobre a especificidade dessa docncia.
Para finalizar, apresentaremos as nossas consideraes finais
relatando o que
aprendemos, e refletimos, atravs do estgio com as crianas do
Grupo 2, com as professoras,
o espao e o que permeou esta experincia para ns na Educao
Infantil.
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Grupo G2
A turma escolhida por ns foi o Grupo II. um grupo de 12 crianas
de um ano e dois
meses dois anos, sendo 8 meninas e 4 meninos, a maioria so
moradoras do bairro Barra da
Lagoa, tinha 1 professora com Formao em Pedagogia (que ficou at
o fim do ms de Abril,
e depois houve a troca de professora e a mesma permanece com o
grupo at hoje, com
formao em Magistrio e tambm Pedagogia) e uma auxiliar com formao
em Magistrio e
finalizando a graduao de Pedagogia.
Ao entrarmos na sala do G2 nos deparamos com um amplo espao,
onde as crianas
podem circular livremente, uma vez que h poucos obstculos que
impedem ou dificultam a
explorao do espao pelas crianas. Perto de uma das paredes prxima
s janelas h um
bero e um chiqueiro que est disposio das crianas para que elas
possam explorar, seja
brincando em cima do bero ou dentro do chiqueiro, seja jogando
brinquedos ou dormindo.
H tambm uma prateleira grande onde ficam os brinquedos, livros
infantis, material
didticos da professora, como rdio, pinceis, caixa com tesoura,
colo; canetas; lpis; fita
crepe, alm da caixa com os copos todos identificado com os nomes
das crianas. Tanto o
trocador como porta mochila (identificados com os nomes das
crianas), tambm ficam na
parede.
Pelo cho possvel observar um tapete colorido onde s crianas
costumam levar
brinquedos, livros e almofadas para interagirem entre si e com
os materiais, ali tambm ocorre
o momento em que as crianas fazem o lanche da tarde, ou tiram um
cochilo no beb
conforto, ou ouvem histrias narradas pela professora.
Ainda no espao h um banheiro cujo espelho, a pia e os vasos
sanitrios so da altura
e proporo das crianas, o que facilita sua autonomia e
independncia, no que tange a
higiene das mos, boca e necessidades fisiolgicas. Alm do espao
da sala as crianas
tambm tem acesso ao solrio, que por sua vez d para um dos
parques da instituio.
Os espaos de referncias para as crianas so a sala, o solrio, os
dois parques o
refeitrio e o banheiro. Quando as crianas vo a outros espaos com
a professora de
Educao Fsica, elas se divertem e exploram o mximo que podem. A
turma bem
participativa e aberta s proposies. Entretanto, tem situaes que
elas precisam sair da sala,
ir para um espao maior para correr mais e se soltar, como o
parque, que parece ser um dos
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lugares mais adorado por elas, pois sempre que as crianas esto
no parque, percebemos que
elas ficam mais independentes nas suas aes, como sentar e
embalar-se no balano sem o
auxlio de um adulto ou outra criana, ou quando escalam obstculos
sozinhos como subir nos
pneus ou na casinha do escorregador, tambm observamos que mesmo
estando dentro da sala,
as crianas ficam de olho nas demais crianas que esto no parque e
interagem com esses pela
janela ao chamar com balbucios ou gritos, com acenos de mo ou se
a porta que d acesso ao
solrio est aberta, os bebs ficam por ali e solicitam a
professora para irem at o parque.
Ao identificarmos as crianas do G2, usamos como base de informao
o nome, idade,
com quem mora, se tem irmos(s), a permisso de imagens, e tambm
se houvesse alguma
observao especfica escrita na ficha.
NOME IDADE MORA COM: ONDE MORA
Maria Ravasio
Teixeira
1 ano e 7 meses mora com os pais e
um irmo e uma
irm mais velhos
Rio Vermelho
Ceclia Martins
Sobral
1 ano e 9 meses mora com os pais,
filha nica
Barra da Lagoa
Ceclia Almeida
1 ano e 8 meses filha nica, mora
com a me (menor
de idade) e a av
materna
Barra da Lagoa
Isabela Vitria
Lima
1 ano e 11 meses filha nica, mora
com a me e os
avs maternos
Barra da Lagoa
Marcela Florindo
1 ano e 9 meses mora com os pais e
uma irm mais
Barra da Lagoa
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velha
Pietra Coelho 1 ano e 10 meses mora com os pais Rio Vermelho
Zoe Oliveira 1 ano e 11 meses filha nica, mora
com os pais
Barra da Lagoa
Sophia Valentina
Antunes
1 ano e 10 meses filha nica, mora
com os pais
Lagoa da Conceio
Francisco Maciel 1 ano e 7 meses mora com os pais e
um irmo
Lagoa da Conceio
Pedro Henrique
Santos
1 ano e 3 meses Mora com os pais e
uma irm mais
velha
Barra da Lagoa
Vitor Souza
1 ano e 9 meses Mora com os pais e
uma irm mais
velha
Barra da Lagoa
Vitor Martins 1 ano e 9 meses Mora com os pais Barra da
Lagoa
O exerccio nas ferramentas da ao:
Aps a leitura das Orientaes Curriculares da Rede Municipal de
Florianpolis,
especificamente o texto Estratgias de Ao Pedaggica (2012)
fundamentalmente,
entendemos que para conseguirmos nos aproximar das crianas e de
suas mltiplas linguagens
precisamos estar atentas at no que no ouvimos, observando os
gestos, os movimentos que
mesmo com a ausncia da fala, so momentos de conhecimentos, de
produes de cultura, de
troca e de interaes entre elas.
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Logo, necessrio tirarmos o olhar s do plano horizontal, s do que
est a nossa
frente, e direcionar o olhar verticalmente, lateralmente, at
mesmo o que est cima de ns,
como as rvores no ptio, os brinquedos mais altos do parque entre
outros.
E para conseguirmos dar conta de ambos os planos tanto verticais
quanto o
horizontais, visando criana na sua subjetividade e percebendo
suas mltiplas linguagens,
extremamente necessrio que faamos o uso das ferramentas de ao
pedaggica, que seriam:
Observao;
Registro;
Planejamento;
Anlise/reflexo desses registros;
Documentao;
Avaliao:
Sendo que todas essas ferramentas so indissociveis para a
realizao da prtica
pedaggica, a prtica docente. Uma complementa a outra, o registro
nasce da observao das
crianas ao realizarem a vivncia de um planejamento que est sendo
refletida, analisada,
documentada e avaliada sistematicamente, essa ltima, a avaliao,
sem o objetivo de seleo
ou classificao, e sim de revelar e documentar a proposta
pedaggica, as vivncias e
aprendizagens e o desenvolvimento das crianas, em suas
experincias no cotidiano da
educao infantil, para em fim tornar-se um documento do
respectivo grupo.
Assim, no estgio vamos gradativamente sendo introduzidas na
prtica destas
ferramentas da ao pedaggica.
Observao
Dentre todas as ferramentas de ao e mesmo elas sendo
indissociveis, a observao
a principal delas, o ponto de partida que abre um caminho para
uma prtica pedaggica
significativa, onde entenderemos pontos fundamentais das produes
e reprodues culturais
das crianas, assim com diz a citao:
Observar atentamente as crianas ponto de partida para uma
aproximao
s crianas reais, concretas, com o intuito de saber quem so o que
fazem
como vivem suas infncias, uma aproximao aos possveis modos
com
estabelecem relaes com seus pares, como significam as proposies
feitas
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pelas profissionais, como interagem com ambientes e
materiais
(FLORIANPOLIS SME, 2012 p.05).
Entendemos que a observao constri o registro e ao registrar
trazemos novos
elementos s nossas observaes e nossas prticas pedaggicas, pois
ao escrevermos o
registro estamos construindo uma memria, um documento com
acontecimentos e
informaes importantes para nossa ao educativa. E na escrita do
registro podemos sentir
falta de especificidades de alguns acontecimentos e de alguns
elementos que se tivssemos
realizado uma observao mais criteriosa, mais detalhada, mais
focada em alguns detalhes,
tais elementos enriqueceriam o atual e os prximos registros, bem
como a nossa ao
educativa.
Ento como um ciclo no qual vamos planejando e replanejando as
propostas
pedaggicas com intencionalidade, pensando na organizao dos
espaos, dos tempos
(principalmente no tempo da criana) e dos materiais utilizados
nas respectivas propostas,
alimentado pelas observaes que vamos realizando do vivido.
Registro
Aps as primeiras aulas acerca das bases fundamentais da rea e do
que o estgio na
mesma, fomos nos encontrar com o campo de estgio, local onde
nossos registros nasceram
das nossas observaes, indo ao encontro com as teorias at ento
estudadas.
Em nosso primeiro dia de observao e registro no grupo G2,
sentamos no canto da
sala, com uma caneta e um bloco de anotaes, para registrarmos
momentos que nos
chamassem ateno, mas tivemos que deixar de lado o registro
escrito porque os bebs
pegavam nossas canetas e papis e faziam desenhos em nossos
blocos de anotao. Ento a
partir desse dia optamos por realizar registros imagticos,
batendo fotos com nossos celulares.
Nossos registros imagticos, no tem a inteno de ser ilustrativos,
ns procuramos
realizar o que nos apresenta a autora Stela Guedes Caputo em seu
artigo Fotografia e
pesquisa em dilogo sobre o olhar e a construo do objeto 2001, de
que a fotografia
contribui para um olhar ativo, um olhar observador, um olhar
examinador, um olhar
intencional, com isso iremos olhar ativamente, portanto iremos
ver ao invs de somente olhar.
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Com a leitura de Caputo (2001), percebemos que nossos registros
imagticos no
poderiam ser fotos de qualquer momento, nem de qualquer local da
instituio, por se tratar
de um texto sensvel que d ao leitor uma leitura por outras vias
que no s a via cognitiva.
Os nossos registros imagticos tiveram um foco, pois os mesmos
nos revelaram
acontecimentos que analisamos e refletimos posteriormente, nos
auxiliando na elaborao dos
planejamentos e replanejamento das vivncias.
Ao realizarmos as vivncias ns sempre participamos das mesmas,
seja na organizao
do espao bem como dos materiais a serem utilizados, auxiliando a
professora e a auxiliar
quanto ao cuidado das crianas diante das vivncias propostas por
ns, ou participando
diretamente junto s crianas quando necessrio (quando as mesmas
nos pegavam pelas mos
ou nos puxavam pela roupa, nos levando onde queriam) no foi
possvel termos em mos
cadernos e canetas para realizarmos o registro escrito durante
as vivncias.
Por sentirmos essa dificuldade de realizarmos o registro
escrito, optamos pelo registro
imagtico em todas as vivncias, sendo esses ferramentas para a
construo posterior do
registro escrito, consequentemente do
planejamento/replanejamento e tambm a avaliao do
vivido,
(...) outra razo para registrarmos, encontra-se no fato dos
registros serem
fundamentais para a construo do planejamento e de aes
intencionais nos
contextos de educao infantil, assim como sua avaliao permanente,
(...)
para avaliar o proposto, planejar e replanejar as experincias
educativas a
serem propostas e as formas de organizao dos espaos, dos tempos
e dos
materiais (FLORIANPOLIS SME, 2012 p.06-07).
Avaliao
Avaliao, uma das ferramentas de ao pedaggica, um instrumento
fundamental
para a reflexo sobre a nossa prtica docente. Ao buscar sempre
melhorar nossas propostas
para as crianas a dupla decidiu participar ativamente em todas
as vivncias junto aos bebs,
para podermos experimentar e enxergar o que eles tambm esto
experimentando e
vivenciando com as propostas.
Com a nossa participao ativa em todas as vivncias, priorizamos
focar na
observao minuciosa dos acontecimentos, a fim de memorizar
detalhes primorosos sendo
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importantes informantes acerca do grupo, que poderiam ser
gestos, sorrisos, gritos, balbucios,
pulos, ou qualquer reao vinda das crianas em relao a cada
vivncia. Tambm
observamos se houve alguma diferena na reao das crianas em relao
s vivncias
realizadas dentro e fora da sala.
Realizamos nossa avaliao no com fins de seleo, nem de comparao,
nem de
classificao, mas levamos em considerao s especificidades, a
subjetividade, as
particularidades de cada criana, assim como consta no prprio
Projeto Poltico Pedaggico
da Instituio:
importante considerar que cada criana nica e como tal, adjetivar
seu
processo de desenvolvimento enquadr-la e resumi-la a padres que
negam
as diferenas e as relaes sociais, econmicas e culturais em que
cada
sujeito se constitui, negar o desejo de fazer a diferena com as
propostas e
vivncias que cotidianamente planejamos, reduzi-la a modelos
de
desenvolvimento que massificam e subjugam... Queremos trazer o
que
constitui cada criana como ser nico, em processo de
desenvolvimento,
com um mundo repleto de desafios e possibilidades a serem
explorados
(PPP, 2014, p.29).
Planejamento
Para realizar o planejamento na Educao Infantil essencial a
utilizao das
ferramentas de ao pedaggica como j apresentamos anteriormente.
Ferramentas estas, que
vo desde a observao diria do cotidiano das crianas, seguida do
registro das mesmas
sejam eles de origem escrita, imagtica ou filmagens, junto
anlise desses registros, vo
permitir que o(a) professor(a) avalie o proposto, pois vai
conhecendo as crianas do seu grupo
em suas interaes sociais, suas brincadeiras, nas mais diversas
formas de linguagens e
contextos comunicativos, possibilitando planejamentos e
replanejamentos da sua prtica
docente.
Concordando com as Orientaes Curriculares de Florianpolis
(2012), ns
elaboramos os nossos planejamentos a partir dos registros das
observaes feitas durante os
dias em que estivemos presentes no G2 no NEI Colnia Z-11, onde
ao conhecermos as
crianas, identificamos alguns interesses por parte das mesmas no
que tange ao manuseio de
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caneta esferogrfica, lpis e os nossos cadernos de registros, a
professora do grupo nos
informou que as crianas ainda no tinham contato com esses
materiais em sala e a mesma
exps na reunio pedaggica com as famlias que a introduo de tais
materiais faz parte do
seu projeto pedaggico.
Nossos registros nos levaram a planejar vivncias nas linguagens
plsticas mais
expressivas, que sugerimos o uso da tinta guache para
proporcionar as crianas esse momento
de expressarem-se atravs do guache.
Consideramos a importncia de
Pensar na presena da arte como um componente do projeto
educacional-
pedaggico na educao infantil considerar a caracterstica de um
campo
de conhecimento que no se define pela norma, pois no h regras
fixas no
modo de produo da arte, suas linguagens so territrios sem
fronteiras
(FLORIANOPOLIS-SME, 2010, p. 56).
Trazemos a contribuio de Ostetto (2000), para traduzir o que a
dupla sentiu, e o
que compreendeu sobre o ato de planejar, e tambm porque
concordamos com a autora, no
que se refere em buscarmos propostas que consideramos
significativas para aquele grupo,
segundo nossos apontamentos referidos anteriormente.
Planejar essa atitude de traar, projetar, programar, elaborar um
roteiro
para compreender uma viagem de conhecimento, de interao, de
experincias mltiplas e significativas para/com o grupo de
crianas.
Planejamento pedaggico atitude critica do educador diante de seu
trabalho
docente. (OSTETTO, 2000, p.177).
Concordamos com a autora quando afirma que o ato de elaborar um
planejamento
envolve escolhas de contedos e formas advindas do modo como o
professor v educao, a
criana, o mundo ao seu redor e atento s necessidades das crianas
em sala, ele vai lapidando
o seu planejamento a partir do que acha importante ou no abordar
com as crianas, foi
pensando assim que realizamos nossos planejamentos para as
crianas do GII, e sem esquecer
que devemos ter cautela quanto aprendizagem, uma vez que no
devemos fazer um
planejamento voltado para a existncia da criana ideal, ou seja,
devemos levar em conta
que cada criana um ser, um sujeito histrico e de direito, e com
isso cada uma possui uma
-
19
caracterstica histrica de contexto e origem sociocultural que
diferencia das demais,
conforme nos alerta Ostetto (2000).
Outro aspecto que foi fundamental para execuo de nossos
planejamentos, o fato
de acreditarmos que o tempo da criana diferente do tempo do
adulto, no que se refere s
produes, a realizao das vivncias, a plenitude com que as crianas
se entregam
literalmente da cabea aos ps, sem pensar no depois, sem
preocupaes com horas nem
minutos, eles simplesmente vivem aquele momento com
intensidade.
Por isso, decidimos respeitar esse tempo das crianas ao
realizarmos nossos
planejamentos, mesmo estando cientes de que existe uma rotina da
prpria instituio, isso
no nos impediu de planejar momentos flexveis, no sendo estticos
e nem rgidos. Pois a
rigidez da rotina no pode se tornar uma barreira, ela limitadora
e tem que ser respeitada em
muitos aspectos, mas isso no nos impede de pensarmos em
possibilidades de driblar essa
rotina.
Trazemos como base Tristo, que vai ao encontro do que pensamos
referente a no
deixar que a rotina impea a realizao se novas experincias:
(...) bastante tnue a fronteira entre os reais impedimentos
estruturais e a
acomodao ou o temor de fazer diferente, ou ainda, o deixar que a
rotina
atropele oportunidades de novas experincias (TRISTO, 2006,
p.42).
Ao concluir trazemos como referencia Ostteto, ao esclarecer que
um planejamento
bem feito traz em si, a entrega do professor ao se permitir
mergulhar juntamente com as
crianas no mundo da descoberta, do desconhecido, ao construir
junto com seus educandos, a
identidade do grupo e de cada criana e complementa sua fala ao
citar Machado (1996, p. 8)
que diz o pedaggico no a atividade em si que ensina, mas que a
possibilidade de
interagir, de trocar experincias e partilhar significados que
possibilita s crianas o acesso a
novos conhecimentos.
Aprofundando saberes sobre o replanejamento
Nesse eixo do memorial iremos destacar brevemente as principais
vivncias que
marcaram a nossa experincia do estgio no NEI Z-11, onde
cruzaremos os textos tericos
com as aes vividas nele, aprofundaremos a cerca da necessidade e
da importncia do
-
20
replanejamento pelo o que vivemos contundentemente junto ao G2,
haja vista que situaes
ou acontecimentos imprevistos ocorrem e precisam ser pensados de
modo que o planejamento
possa ser organizado prevendo as possibilidades dos mesmos terem
de ser replanejados.
Ao buscarmos embasamento terico que abordasse sobre o imprevisto
no
planejamento, nos deparamos com Catarsi (1994) o mesmo defende
que o planejamento
enquanto uma programao, no precisa ser composta com extrema
rigidez e defende um
planejamento cuja elaborao todos participem e que leve em conta
a observao constante
das necessidades infantis, onde:
Em primeiro lugar, se os objetivos so adotados como referncias
pelo
educador, para seu prprio consumo, a situao real continua aberta
s
experincias das crianas, que podem inclusive contribuir para
enriquecer
estes objetivos. Por outro lado, quando os objetivos so
previamente
definidos, tornam possvel a verificao e avaliao dos resultados
obtidos
(BUFALO apud CATARSI, 1999, pg. 121).
E quando ns pensamos, planejamos vivncias para o G2, foi
principalmente
pensando em cada beb, o que cada um poderia ou no poderia fazer,
o que cada um gostaria
ou no gostaria de fazer, e a cada planejamento, a cada observao
e registros das vivncias,
amos nos surpreendendo mais e mais com todos eles, aconteciam
imprevistos que ns no
tnhamos pensado o que fazer, ou no tnhamos nos preparado para um
plano B, mas
mesmo com estes imprevistos, em nossos planejamentos e vivncias
os bebs no s
alcanaram nossos objetivos, como tambm os superaram nos
surpreendendo bastante.
Fizemos vivncias com tinta guache, com livros na biblioteca, com
argila, entre
outras, e em cada uma delas, aprendemos que o planejamento no
rgido e nem esttico, ele
tem que ser flexvel malevel a modo de contemplar o momento e o
ritmo dos bebs, as suas
contribuies, suas manifestaes e suas diferentes formas de
expresso. Como podemos
perceber nos registros escritos e imagticos que seguem:
No dia 05 de maio do decorrente ano, cuja proposta planejada era
uma
vivncia com tinta guache, proporcionamos s crianas uma vivncia
em que
pudessem se exercitar atravs das linguagens plsticas mais
expressivas,
uma vez que o grupo ainda no havia passado por essa experincia.
Ento no
cho da rea externa da sala (denominada Solrio), esticamos
grandes folhas
de papel pardo, com diversas cores de tinta guache que colocamos
em 6
bandejas de isopor sem antes pensar na quantidade de tinta
que
-
21
disponibilizaramos em cada bandeja. Nossa intencionalidade nessa
ao
pedaggica era que as crianas pudessem expressar-se livremente
sob o
papel, sejam com os ps, com as mos, ou com os braos e pernas,
nossa
inteno era que seus pequenos corpos fossem a principal
ferramenta,
visando dessa forma expresso corporal das crianas. (Registro
de
Fernanda e Kenya, Maio, 2014).
A princpio tnhamos como objetivo, observar as aes das crianas ao
se depararem
com as bandejas cheias de tintas, bem como as grandes folhas de
papel pardo espalhadas pelo
cho como se fossem tapetes para caminhar, deitar e rolar, assim
como fazem no espao da
sala do G2.
Porm ao levarmos os 12 bebs para o local das tintas, ns nos
deparamos com a
necessidade do nosso primeiro replanejamento, pois fomos
orientadas pela professora de sala
que seria muito difcil ou quase impossvel realizar a vivncia com
todo o grupo, pois para
muitos deles seria o primeiro contato com tinta, ento teramos
que ter bastante ateno em
cada beb ao primeiro toque da tinta, o que seria muito difcil
fazer com os 12 bebs ao
mesmo tempo, ento replanejamos o planejamento ao realizarmos a
vivncia em trs grupos
de quatro bebs a cada vez.
Nessa vivncia, ns nunca imaginamos que os bebs iriam explorar as
tintas ao
mesmo tempo e se surpreender com a criao de outras cores, e foi
isso que aconteceu, por
exemplo, com a beb Zo.
Inicialmente ela estava com a tinta azul nas duas mos, e colocou
uma das
mos na bandeja com a tinta amarela, passou uma mo sobre a outra
e notou
a mudana das cores, transformando-se em verde. Na mesma hora
ela
esticou os braos abrindo as mos dizendo assim: Vedi, vedi foi
uma descoberta, um aprendizado, uma conquista que ela mesma
realizou
literalmente com as prprias mos, e para ns estagirias foi
muito
gratificando ter proporcionado esse momento Zo. (Registro
Fernanda e
Kenya, Maio, 2014).
Essa vivncia em especial experimentada pela Zo, nos fez refletir
no trecho do NAP
de Linguagem Visual, onde:
Devemos ter presente que os bebs, de modo mais intenso,
descobrem o
mudo atravs do prprio corpo, dos objetos e dos elementos da
natureza com
os quais eles tm possibilidade de interagir, descobrir e
experimentar. Assim,
os bebs devem ser inseridos no mundo das sensaes, das
materialidades,
formas, linhas, cores, espao, pontos, imagens, texturas e
volumes diversos e
desafiados a desvendar de modo sistemtico, e cada vez mais
complexa esse
mundo [...]. Devemos propor situaes nas quais crianas
pequenas
-
22
investiguem maneiras de criar e deixar marcar feitas pelo
movimento das
mos, dos ps, enfim, do corpo todo em diferentes suportes
(FLORIANPOLIS, 2012, p.08).
Aps a descoberta da Zo, observamos que os demais bebs tambm
mostraram
interesse em misturar as cores, ento novamente nos deparamos com
o replanejamento da
vivncia j planejada, uma vez que pegamos as bandejas das tintas
azul, verde, amarelo,
vermelho e branco, convidamos os bebs para tambm passarem as mos
sobre diferentes
cores de tintas, a fim de mistur-las obtendo novas cores.
Diante dessa situao criada por Zo, ns estagirias, nos
identificamos na condio
de aprendiz, e mais uma vez concordamos com a autora ao destacar
que o imprevisto no
importante somente para a criana, tambm importante para o
adulto, pois lhe proporciona a
possibilidade de descobrir e conhecer a criana, logo o adulto
tambm posto na condio de
aprendiz. E por meio da observao que o adulto se coloca na posio
de aprendiz, e passa a
conhecer melhor a criana, permitindo responder ou ao menos
tentar responder s suas
necessidades e ao inesperado.
E pensando nas instituies de educao infantil como um local de
educao no s
das crianas, mas tambm do adulto, trazemos o seguinte
excerto:
[...] a partir da iniciativa da criana, que introduz o
inesperado e o no
planejado, necessrio que o adulto seja capaz de interpretar
e
reorganizar as condies do momento sem, no entanto, esquecer-se
dos
objetivos propostos. Nessa perspectiva, o adulto pode ser
considerado
tambm um aprendiz na medida em que, ao observar, conhece a
criana e
responde (ou ao menos tenta) s necessidades e ao inesperado
(BUFALO,
1999, p.12. Grifo nosso).
Diante do excerto citado, consideramos que ao aceitarmos os
momentos inesperados,
criados pelas crianas nas propostas de vivncias, vamos dar maior
voz a elas e nos
posicionarmos como ouvintes e observadores, sendo assim,
demonstramos que as crianas
ocupam um lugar muito importante dentro da proposta educativa do
grupo e da unidade.
O registro imagtico a seguir, elucida alguns momentos da vivncia
relatada acima.
-
23
Joseane Maria Patrice Bufalo em seu artigo O imprevisto previsto
(1999), ressalta
a importncia dos momentos de expresso da criana, momentos estes
onde ir expressar sua
criatividade, sua iniciativa, e tambm a sua forma de ver e
pensar o mundo. Podemos assim
compreender que ao efetivarmos os nossos planejamentos teremos
toda a contribuio das
diferentes crianas que compe o grupo. Indicando assim a
importncia de mantermos
ateno nesses possveis contributos. Podemos visibilizar pelos
registros escritos e imagticos
do dia 19 de maio importantes elementos para esta reflexo:
Na vivncia da ida biblioteca, nossa proposta era levarmos os
bebs at a biblioteca
da instituio para que pudessem manusear outros livros alm dos
que eles j tinham em sala,
cuja intencionalidade era deix-los escolher quais livros
quisessem, dos quais ns j havamos
pr-selecionado, organizando o local, colocando um livro em cada
almofada sobre o tapete,
pensando que os bebs chegariam e iriam pegar um dos livros
sentar-se no tapete ou na
almofada.
Nesse momento nos deparamos com o inesperado, foi bem difcil
darmos conta do
imprevisto, pois ao organizarmos a sala para os bebs explorarem
os livros que j estavam
pr-selecionados e posicionados sobre as almofadas, queramos que
cada um escolhesse 1
livro para explor-lo, e naquele momento perdemos o controle da
situao pois
-
24
Ao chegarem na biblioteca, os bebs foram explorar o espao, o
tempo, os
objetos e os movimentos, demonstrando interesse nos livros que
estavam nas
prateleiras e no nos pr-selecionados por ns. Tamanha era a
interao, que
eles acharam uma forma divertida de brincar em derrubar os
livros das
prateleiras para o cho, o que na nossa viso de adulto, os livros
jogados no
cho viraram uma baguna, mas aos olhos dos bebs, aquela ao era
mais
uma descoberta em ver os livros carem, em ouvir as folhas
baterem uma nas
outras ao cair no cho, o qu gerou risadas nos bebs e ao mesmo
tempo nos
deixou tensas por no conseguirmos dar continuidade ao nosso
planejamento. (Registro Fernanda e Kenya, Maio, 2014).
Essa ao dos bebs nos fez refletir e questionar o nosso
planejamento, e
concordamos com Bufalo ao pontuar a importncia da observao, pois
ao sairmos dali, ao
registrarmos e refletirmos sobre esta vivncia, vimos necessidade
de mantermos em ateno,
a convico de que os planejamentos no so rgidos, como j tnhamos
afirmado
anteriormente, haja vista que o mesmo precisa ter essa abertura
para a participao das
crianas.
Dessa vivncia, o que ficou para ns que as crianas do novos
sentidos aos
objetos, criam um novo olhar para a proposta apresentada e com
isso vo descobrindo novos
sentidos e funes, seja para um objeto, brinquedo ou uma
brincadeira, seja para o mundo ao
seu redor, onde cada criana desenvolve-se em ritmo e tempo
diferente umas das outras, todos
esses aspectos chamam a ateno para a importncia do professor
manter em seu
planejamento espao e tempo para o contributo das crianas sem
cair em prticas
espontanestas.
Fica assim ressaltada a importncia da observao dos professores
em que
aprendemos a manter a ateno s contribuies que as crianas vo
trazendo ao longo do
nosso planejamento. E essa observao mais atenta se efetiva mais
contundentemente no
momento do registro, quando resgatamos os pequenos apontamentos
em presena e as
memrias, e ao refletir sobre o vivido cruzamos com as teorias e
adensamos nossa
compreenso sobre a prtica pedaggica, assim como ocorreu na
vivencia da ida biblioteca,
primeira experincia das crianas naquele espao, gerando dessa
forma a curiosidade de
explorar aquele espao, bem como os objetos que tinham l, esta
novidade instaurou a
-
25
necessidade de explorao por parte dos bebes e novos aprendizados
e sensibilidades em ns
estagirias-professoras.
O registro imagtico que segue abaixo contempla os dois momentos,
o planejado
(almofadas organizadas) e o inesperado (livros no cho).
Tambm concordamos com Bufalo, quanto importncia da criatividade
na prtica
educativa, quanto possibilidade de replanejar a proposta sem
perder seus objetivos, sua
intencionalidade. Podemos visibilizar um exemplo dessa ao atravs
do registro escrito e
imagtico do dia 26 de maio que seguem abaixo:
Nessa vivncia realizamos a pintura das peas de argila produzidas
pelas
crianas em um momento anterior, a princpio o planejamento era
levarmos
o grupo para o espao de artes da instituio que fica na rea
externa ao lado
do parque. Chegando ao local, aconteceu algo que no tnhamos
previsto no
planejamento e novamente nos deparamos com o imprevisto, os bebs
se
dispersaram e foram correndo para o parque, o que no teria
problema
adaptar essa ao vivncia, se o parque no estivesse todo molhado
da
chuva, ento nossa professora orientadora de estgio, nos sugeriu
voltarmos
para a sala e replanejarmos a vivncia no solrio, onde tambm um
espao
amplo, porm no molhado por ser coberto, para este
replanejamento.
Para esse replanejamento imprevisto, por sugesto da professora
orientadora
de estgio, colocamos a mesa que fica na sala do G2 no solrio e
forramos
-
26
com a toalha j utilizada na mesa do espao de artes, e ao invs de
dividi-los
em pequenos grupos como nas vivncias anteriores, deixamos todos
os bebs
participarem simultaneamente, para que dessa forma pudessem
vivenciar
junto a pintura das peas de argila feitas por eles. (Registro
Fernanda e
Kenya, Maio, 2014).
Aqui tambm ficou de aprendizado para ns que em alguns casos
teremos que
replanejar o planejamento, e ter criatividade para contornar
situaes onde a natureza
intervm, pois assim como nas vivncias anteriores, o inesperado
pode surgir no s por parte
das crianas, mas tambm pela natureza ou impasses de ltima hora,
ento, por exemplo, no
podemos deixar que um parque molhado pela chuva, acaba com o
proposto. Abaixo
apresentamos o registro imagtico da vivncia relatada a cima.
Consideraes finais
Antes de iniciarmos a escrita do memorial, ao olharmos para trs,
vamos o estgio
como algo assustador e tnhamos medo do desconhecido, pois
estvamos invadindo o espao
que no nos pertencia, ramos estranhos em meio s crianas, a
professora, a instituio, a
-
27
sensao que tnhamos que ramos como os bonecos de Olinda,
desengonadas em meio
aos olhares atentos das crianas, atropeladas pelo carro alegrico
que a observao, o
registro, a reflexo.
Ao partirmos para as vivncias da docncia no NEI, chegamos ali
cheias de receios e
angstias, mas tambm iniciamos essa docncia com olhares curiosos,
animados, apaixonados
e sonhadores, e era com esses olhares sonhadores que tivemos que
ter cautela, haja vista que
como iniciantes, tudo era novo, grande e rpido aos nossos olhos,
nos programamos em olhar
tudo o que estava ao nosso redor para que dessa forma nada
passasse despercebido, porm
tivemos que silenciar em alguns momentos a fim de observarmos os
movimentos, os gestos, o
modo como s crianas pensavam, expressavam seus desejos,
preferncias, como entendiam o
mundo ao seu redor, foi preciso olhar as crianas como sujeitos
em diferentes contextos
sociais, suas culturas, suas capacidades intelectuais,
criativas, expressivas e emocionais,
conforme nos mostra Rocha e Ostetto (2008, p. 104).
Aprendemos durante a vivncia do estgio que no devemos subestimar
as crianas,
pois nem sempre a proposta ser feita com as crianas pequenas,
realizada como o previsto,
uma vez que elas do novas funes aos objetos, as brincadeiras, e
para isso temos que estar
preparadas para surpresas vindas das crianas, e foi dessas
surpresas que trabalhamos e
focamos o nosso memorial no planejamento e replanejamento.
Ressaltamos aqui a importncia de permitirmos a expresso das
crianas ao gerarem
os momentos imprevistos, porque alm de possibilitar ao professor
ser ouvinte e tambm
observador, de conhecer as crianas com que trabalha, os momentos
imprevistos podem ser
extremamente enriquecedores, pois trazem expresses do imaginrio
infantil, permitindo
trocas de experincias entre as crianas, dando a oportunidade de
a criana aprender a
conviver com as diferenas, de ampliar seu repertrio de
conhecimentos revelando a criana
como sujeito ativo no processo educativo na Educao Infantil, e
fundamentalmente permitem
aos adultos conhecerem a criana atravs de suas formas de
comunicao e expresso.
Considerando a especificidade da Educao Infantil como sendo a
primeira etapa da
educao bsica cuja importncia do educar e cuidar so
indissociveis, e tratando-se de um
grupo de bebs com idades entre um ano e dois meses a dois anos,
tomamos como
aprofundamento da experincia que foi o estgio docente na educao
infantil, os momentos
imprevistos criados pelos bebs nas vivncias propostas, onde
demos maior voz a elas e nos
-
28
posicionamos como ouvintes e observadoras, sendo assim,
demonstramos que os bebs
ocupam um lugar muito importante dentro da proposta educativa do
grupo e da unidade, haja
vista que as crianas so sujeitos de direitos.
Iniciamos a escrita do memorial com muitas incertezas e
inseguranas, uma vez que
escrever produzir o memorial doloroso, porque samos da nossa
zona de conforto em
somente observar, precisamos colocar para o papel nossas aes e
emoes, porm ao
finalizarmos o terminamos com o sentimento de satisfao. Satisfao
pela nossa parceria
enquanto dupla, pelo aprendizado desse tempo de estgio, pela
oportunidade de poder
vivenciar, na prtica, os preceitos tericos que estudamos at o
momento.
Pensando profundamente sobre o que ns estagirias aprendemos com
nossas
experincias realizadas nas vivncias propostas no grupo G2,
podemos afirmar que foram
aprendizados no somente para nossa formao acadmica, nem formao
profissional, foram
tambm para nossa formao de vida.
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29
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FLORIANPOLIS- SME. Educao Infantil Orientaes Curriculares para
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Municipal de Florianpolis.
Secretaria Municipal de Educao. Florianpolis: Prelo Grfica e
Editora Ltda., 2012.
FLORIANPOLIS- SME. Diretrizes educacionais pedaggicas para
educao infantil /
Prefeitura Municipal de Florianpolis. Secretaria Municipal de
Educao. Florianpolis:
Prelo Grfica & Editora Ltda, 2010.
-
30
4. IMAGINAO E BRINCADEIRAS NO DIA A DIA COM AS CRIANAS
Francine Gomes da Silva
Kachiri Carminati dos Santos
Cantinho das crianas
O Grupo 3 e 4 composto por 20 crianas entre a faixa etria de 2
anos 4 anos, que
frequentam o NEI no perodo vespertino. Uma professora efetiva,
com pedagogia e vinte e
sete anos de docncia e uma auxiliar do Grupo, efetiva, com
magistrio, pedagogia e ps-
graduao em Gesto e tm doze anos de docncia. chamado de grupo
misto, o grupo
tambm tem a professora de Educao Fsica efetiva, formada em
Educao Fsica, com dez
anos de docncia na Educao infantil.
O espao da creche bem amplo e verde, alm das salas serem bem
espaosas e a
colhedoras, tambm possui um parque com caixa de areia, balanos
de pneu, balanos de
avio, gangorra, escorregador com tnel, escorregador, casinha,
entre outros e no tempo que
ficamos, percebemos como o espao do parque bem explorado pelas
crianas, um
momento que elas adoram. Percebemos isso atravs dos sinais que
elas nos diziam, como por
exemplo, a euforia ao dizer que amos para o parque. Ou at mesmo
quando fazamos
atividades fora da sala o primeiro lugar para onde as crianas
iam era o parque.
No espao da sala contm duas mesas uma retangular e outra
hexagonal com
bancos e cadeiras, um espelho mdio fixado na parede na altura
das crianas. Possui um
cantinho da leitura onde tem livros e banquinhos, cantinho da
casinha onde se encontra
bonecas, varal, loucinhas. Localizada no funda da sala h um
armrio grande que fecha toda a
parede onde so armazenados os materiais, a bandeja com copos e
gua, caixa com os itens de
higiene de cada criana. Localizada a frente, h trs janelas de
frente para o parque. No
espao entre as duas salas encontram-se o banheiro, que usado
pelas crianas dos dois
grupos. Nas paredes esto expostas as atividades realizadas com
as crianas.
Moradores da Barra da Lagoa, as crianas e os profissionais do
NEI tm o privilgio
de possuir espaos que possibilitam o contato dos mesmos com a
natureza. Um espao que
-
31
possui um parque bem estruturado, com areia e demais elementos
que ampliam as
possibilidades de movimentao corporal das crianas.
Ao conviver com as crianas e professoras do Grupo 3 e 4, do NEI
Colnia Z 11,
pudemos melhor compreender o que indica Tristo (2006) sobre o
entendimento de que
educar crianas to pequenas em ambientes coletivos uma profisso
caracterizada pela
sutileza.
As professoras do Grupo 3 e 4 tm uma prtica reflexiva acerca dos
indicativos que as
crianas do no dia-a-dia. Toda a prtica desenvolvida proposta
atravs de indicaes
voluntrias que as crianas expressam em suas vivncias. E em
grande parte do tempo, em
que permanecem no NEI, as crianas e as professoras esto
envolvidas em atividades como:
chegada, momento da roda, da chamada, alimentao, vivncias,
parque, higiene e sada. Em
todos esses momentos podemos observar que as professoras
objetivam as suas prticas
sempre com um propsito pedaggico.
Nas prticas pedaggicas desenvolvidas pela professora e auxiliar
fica evidente a
sutileza com que elas interagem e se relacionam com as crianas.
Exemplos simples que
mostram essa sutileza, so os momentos da roda, que s vezes
algumas crianas no esto se
concentrando a professora chama a criana com calma sem alterar a
voz e a trs de volta
para o ambiente da sala e ao momento da roda. Momentos das
vivncias, algumas crianas
no querem fazer, ento as professoras conversam com as crianas,
mostram como legal e
interessante a atividade e fazem com que elas realizem a
atividade.
A perspectiva da Pedagogia da Educao Infantil tem indicado a
necessidade
de colocar a criana como ponto de partida para a organizao do
trabalho
pedaggico e de ensaiar uma aproximao aos universos infantis
buscando
estranhar o que parece familiar, pois todos os dias vemos as
crianas
brincando, chorando, dormindo, comendo, desenhando... e isto no
tem
ressonncia, no tem eco na organizao do trabalho pedaggico.
Conseqentemente estes e tantos outros dos seus modos de viver no
tm
sido considerados pontos relevantes para refletirmos sobre a
organizao do
cotidiano das crianas e o viver da infncia nas instituies de
educao
infantil. (CERISARA, 2002, [s/p]).
Essa perspectiva da Pedagogia na Educao Infantil nos
possibilitou enquanto alunas
do curso de Pedagogia ter uma aproximao com esse universo,
muitas vezes ainda
desconhecido por ns.
-
32
Ao olhar as fichas das crianas, percebemos e conhecemos um pouco
da vida da
criana, de onde vieram, onde moram, com quem moram, profisses
dos pais ou responsveis
e a renda, nessa turma a renda da famlia das crianas vai de
R$530,00 R$5.350.00 reais.
Atualmente todas as crianas do grupo moram na Barra da Lagoa e
Fortaleza da Barra.
Abaixo os dados obtidos das fichas de cada criana:
Crianas Data de
Nascimento
Natural de: Mora com:
Ana Paula 05/07/2010 Ararangu Pais e irmos
Carolinna Minorelli 17/04/2010 Torino-Itlia Pais e irm
Catharina Felippe Martins 28/08/2011 Florianpolis Pais
Davi Bittencourt Furtuoso 16/12/2011 Florianpolis, Pais.
Diego Vieira de Oliveira
Ferreira
01/12/2010 Florianpolis Pais e trs irmos
Felipe Ribas Funagali 16/09/2010 Rio Grande do
Sul
Av e tia menor
de idade
Isadora de Bastian Lemos 29/11/2010 Florianpolis Pais e Irm
Julia Vitria Florindo 01/03/2011 Florianpolis Pais
Karina Sagaz Lemos 28/03/2011 Florianpolis Pais e irmos
Luiza dos Santos Eufrzio 17/07/2010 Florianpolis Pais e irm
Luiza Luz da Silva 20/05/2011 Florianpolis Pais
Maria Eduarda Da Silva do
Esprito Santo
03/03/2011 Florianpolis Pais e trs irmos
Marina da Fonseca Silva 06/10/3011 Florianpolis -
-
33
Alves
Matheus Carvalho da Silva 07/06/2011 Florianpolis Pais
Miguel Gonalves Arago
Sena
26/05/2011 Florianpolis Pais
Natally Garbim Ribeiro 25/08/2011 Florianpolis Pais
Rafaela Rocha Ferreira 22/04/2011 Porto Alegre Pais e Irmos
Sophia Flor Esteves 20/01/2011 Florianpolis Pais
Vicente Miranda Vieira 03/01/2011 - Pais
Aprendendo a ser professora das crianas pequenas
Assim que chegamos para nossas primeiras observaes nos Grupos 3
e 4, percebemos
que tnhamos que chegar com muita naturalidade, pois nossa
preocupao tambm era uma
possvel rejeio por parte das crianas, j que ramos adultos
estranhos dentro de um espao
que era somente delas e das professoras responsveis.
Porm desde o primeiro dia de observao fomos muito bem recebidas
pelas crianas
e pelas professoras, claro que tivemos que encarar alguns
olhares e algumas atitudes de
distanciamentos porque alguns ainda estavam desconfiados de ns.
Mas com o passar dos dias
e das nossas aproximaes se tornarem constantes fomos ganhando o
carinho e a confianas
dos pequenos, com a parceria das professoras que em todos os
momentos estavam sempre
dispostas a nos ajudar, nos dando dicas, nos ensinando por meio
de seus gestos de muita
delicadeza, muito carinho, muita compreenso com cada uma das
crianas nos ajudavam
principalmente a perceber o que ser professora na Educao
Infantil.
Percebemos ao longo das nossas observaes e evidenciamos isso em
nossos registros,
o quanto importante a parceria entre as professoras e do quanto
a docncia compartilhada se
faz presente na rotina do grupo. Alm da ajuda das professoras,
nossa querida orientadora foi
-
34
tambm grande responsvel por esse trabalho, sempre intervindo
quando necessrio, nos
ajudando nas observaes, registros, planejamentos, enfim nos
ajudando a abrir nosso
caminho para nossa iniciao na Educao Infantil.
Planejar: Um olhar atento aos indicativos das crianas
Aps o perodo de observao, demos inicio a elaborao do
planejamento da nossa
docncia com o Grupo III e IV. Nossas reflexes tiveram como base
o texto Planejar na
Educao Infantil: mais que atividade, a criana em foco, de
Luciana Ostetto (2000), e nas
Orientaes Curriculares. Esses textos nos deram subsdios para
entendermos o que planejar
na educao infantil, nos indicando, assim como outros textos j
estudados, que nessa etapa
da educao se visa planejar aes a serem desenvolvidas junto s
crianas partindo de sua
rotina.
Segundo Ostetto (2000), no processo de elaborao do planejamento
o educador vai
aprendendo e exercitando sua capacidade de perceber as
necessidades do grupo de crianas
(p.178). E a partir disto que percebemos a importncia do
registro dirio, pois como
professoras devemos estar atentas a toda forma de expresso das
crianas que indicam suas
necessidades.
Ao fazer nossos registros de observao, alm da folha e da caneta,
usamos o registro
fotogrfico. O registro de imagens uma interpretao do fotgrafo,
mas, ao mesmo tempo,
um redefinidor de significaes e sentido.
ao regular a abertura de sua mquina, ao optar por este ou aquele
filtro de
luz, ao decidir que velocidade ser usada na hora do clic, ou
seja, no exato momento da captura do objeto a ser fotografado, o
fotgrafo o faz baseado em seus pressupostos tericos. (CAPUTO, 2001,
p. 6).
Estar atento, observar e registrar as relaes das e entre as
crianas no espao
educativo pea chave para o rendimento de um bom planejamento, j
que planejamento no
tem receita e um exerccio constante de questionamento sobre o
que fazer, mas,
principalmente, sobre para que e para quem fazer (OSTETTO, 2000,
p.176). importante,
-
35
tambm, que o planejamento seja flexvel, em constante movimento e
no engessado,
contento sim a participao das crianas.
Comeamos a planejar em dilogo com as aes da observao e do
registro escrito e
visual. Foi partindo de nossos registros que nossos
planejamentos estiveram todos voltados
para a brincadeira e a imaginao. No ato de planejar estivemos
atentas orientao de que na
educao infantil o desenvolvimento das proposies se preocupa em
ampliar e diversificar o
acesso das crianas a outras linguagens, sempre por meio da
brincadeira na qual a imaginao
e a fantasia esto presentes, resultando na produo de novas aes
pelas crianas e
possibilitando o surgimento de relaes entre as crianas e os
adultos.
Nossas proposies foram elaboradas de modo que as crianas
pudessem explorar de
modo significativo os espaos da instituio e at mesmo o da prpria
sala. Nesse sentido,
planejamos proposies para os espaos da sala e tambm para o
parque.
Contribuindo para a imaginao em nossas vivncias
Todas as nossas proposies tiveram como objetivo desenvolver
ainda mais a
imaginao das crianas, pois, nesse grupo as crianas nos deram
indicativos de que a
imaginao um dos principais combustveis que movimentam suas
vivncias na Educao
Infantil j que A infncia a grande fonte da nossa vitalidade
imaginria. (GIRARDELLO,
2005, p. 03). Nossos principais instrumentos para que pudssemos
desenvolver ainda mais a
imaginao das crianas foram propor vivncias que estivessem
presentes as contaes de
histrias, as artes, as rodas de conversas com as crianas e
principalmente as brincadeiras dos
diversos espaos da instituio.
Em muitas de nossas primeiras observaes pudemos perceber a
presena dos livros
de histrias na sala, e como as crianas ficavam envolvidas com
eles nas suas brincadeiras.
Elas traziam para as suas brincadeiras personagens e palavras
que ouviam durante a contao
da professora, que sempre utilizava tambm da sua imaginao para
chamar ateno e deixar
-
36
a histria mais interessantes, despertando assim o interesse nas
crianas em ouvir determinada
histria.
Observando-as e escutando-as aprendemos a respeit-las, a
compreender
suas aes e experincias, seus processos de desenvolvimento,
conhecimentos, e modos de expresso. A construo de um olhar
constantemente voltado s crianas e suas experincias abre caminho
para
uma prtica pedaggica significativa que efetivamente considera e
qualifica suas produes e reprodues culturais. (FLORIANPOLIS,
2012,
p.43)
Ao propormos a contao de histria, desde o incio, tentamos
utilizar dos mesmos
artifcios que a professora, pois sabamos que surtiria talvez o
efeito que desejvamos o
mesmo efeito que ela causava nas crianas. Claro que no ficou
igual, porm as crianas no
se mostraram menos interessadas. Durante o decorrer de toda
docncia pudemos notar o
quanto importante o uso da literatura na educao infantil para
desenvolver a imaginao
das crianas.
Nas histria desenhadas e contadas pelas crianas apareceram:
Meninos e
meninas, jacar, dinossauro, tartarugas, prncipes e princesas,
carro, boi,
cavalo, bernuna, drago de quatro dentes e at o Bem 10. Essas
vivncias
serviram para desenvolver ainda mais a imaginao das crianas,
pois se no
for desenvolvida a criana ter uma imaginao limitada.
(Registro:
05/05/14)
Nessa proposio em especial conseguimos unir narrativa e
imaginao. Depois de
narrarmos histria s crianas, demos a elas a oportunidade de
fazer a sua prpria histria.
Cada criana usou sua autonomia para criar suas histrias e ao
narrarem cada uma a sua
histria podemos conhecer um pouco mais de cada uma, pois, em
suas histrias algumas
desenharam e contaram mostrando acontecimentos e pessoas
presentes em sua vida. Isso
oportunizou tambm a busca em suas lembranas talvez desses
momentos e pessoas.
-
37
Foto1: contao de histria
Ao continuarmos nossa busca de nos formarmos professoras da
Educao Infantil e
alimentar os repertrios imaginativos das crianas propusemos a
caa ao Livro perdido, pois
durante o tempo que ficamos na instituio pudemos perceber que o
espao tambm se
constitui como um terceiro educador, e isso efetivamente se
confirma na organizao do
espao feita pelas professoras, alguns cantinhos, como da
leitura, chamada, de brinquedos e o
que nos abriu o caminho para essa vivncia que foi o cantinho das
fantasias.
O espao nessa perspectiva representa um terceiro educador, junto
com os
demais profissionais da sala. Contudo no um educador, formado
por si
mesmo ou pelo acaso, mas sim pela ao humana, primeiramente pela
ao
dos adultos que, de forma consciente ou no, vo circunscrevendo
nele suas
concepes a respeito das crianas, de seu papel e das relaes a
serem ali
vivenciadas. Ele se transforma num lugar pelas marcas sociais e
pessoais que
os sujeitos vo lhe conferindo em suas relaes, (SCHMITT, 2011, p.
25).
Podemos visualizar a vivncia da proposta em nosso registro do
dia 20 de maio, que
segue:
medida que amos encontrando as pistas as crianas ficavam
mais
ouriadas e empolgadas para encontrar mais pistas que chegasse at
o
tesouro. Vicente estava muito feliz e assim que achou sozinho
uma das pistas ele disse para ns: Pode deixar que eu vou encontrar
mais pista! Era
um tal de empurra empurra que a estagiria Francine chegava a
quase cair no
cho.
-
38
Quando a estagiria Francine entrou na sala fantasiada de pirata
as crianas ficaram
assustadas - olhos arregalados, sussurros e trocas de olhares
entre eles e as professoras
algumas falavam que era a estagiria Francine outras diziam que
era mesmo a pirata.
Entretanto, ao longo da roda de conversa, as crianas ficaram
convencidas ou entraram na
brincadeira de que era realmente um pirata que estava falando
com elas e lhes pedindo uma
ajuda para encontrar seu tesouro.
Queramos utilizar todos os recursos disponveis na instituio para
proporcionar
momentos j conhecidos por elas, porm explorados em lugares
diferentes. Por isso
escolhemos a parte externa da creche, muito ampla, rica em verde
e com outras
possibilidades. Foi interessante o desenrolar dessa vivncia,
pois, usamos imagens parecidas
com os locais existentes na creche, com dicas escritas que
auxiliassem as crianas a
descobrirem que lugar era aquele onde estaria escondida a prxima
pista e assim chegar ao
tesouro: O Livro! Foi um momento onde as crianas tiveram que
usar seus conhecimentos
prvios e sua imaginao para chegarem ao lugar certo e enfim achar
o tesouro do Pirata.
Pensar o espao da creche, a forma como ele se torna lugar
socialmente
construdo pelas crianas e adultos que o habitam, exige que
incluamos as
crianas, que consideremos suas manifestaes e expresses e seus
pontos de
vista, concebendo-as como seres sociais plenos, com
especificidades
prprias desta etapa da vida. (AGOSTINHO, 2003, p. 05).
Foto 2: contao de histria com a pirata
-
39
Observamos do aqui apresentado na vivncia do pirata o quanto as
prticas na
Educao Infantil precisam estar atentas a diferenciar os espaos e
os elementos constitutivos
do mesmo, assim proporcionando criana a ampliao das suas
possibilidades de
manifestaes, expresses e ponto de vista.
Depois de utilizarmos a fantasia como um elemento de ampliao dos
repertrios de
brincadeiras e imaginao das crianas, propomos uma vivncia em que
elas continuassem
ampliando ainda mais a sua imaginao, pois segundo GIRARDELLO
(2005) possvel
educar a imaginao infantil, cultiv-la como se faz com a
inteligncia ou a sensibilidade. H
mesmo quem diga que a tarefa mais importante da educao a educao
da imaginao,
(p.04).
Desde o inicio a proposio da massinha foi muito interessante,
pois, como houve um
imprevisto tivemos que fazer uma massinha caseira, para
substituir a massinha pronta. Esse
imprevisto no poderia ter vindo em melhor hora, pois fizemos
juntos com as crianas e isso
fez com que a vivncia ficasse melhor do que o que tnhamos
planejado. As crianas estavam
atentas a cada ingrediente colocado na bacia pela estagiria
Francine. Ela mostrava e elas
quase entravam na bacia, tamanha era curiosidade para ver como
estava ficando.
Foi ento que a estagiria Francine colocou a mo na massa, comeou
a
fazer a massinha, com as crianas ao seu redor olhando enquanto a
estagiria
Kachiri colocava os ingredientes. As crianas ficaram observando
e olhando
atentamente cada movimento das estagirias, at que Luiza Eufrzio
falou
que nojo pois, a massinha no estava no ponto e grudava na mo da
estagiria Francine.(Registro: 19/05/2014)
Nessa proposio, as crianas utilizaram muito os seus
conhecimentos prvios, sua
cultura e seus gostos. Cada uma modelou figuras que fazem parte
da sua vida. As figuras que
saram foram: cachorro, drago, microfones, sorvete, caracol,
panquecas, bolinhas, bonecos,
princesas. Figuras sempre muito presentes na dia a dia das
crianas na instituio, vindas das
suas relaes com as brincadeiras de parque e das contaes de
histrias. Isso nos deixa claro
que Os diversos aspectos sobre criana que aparecem nas
diferentes produes artsticas
mostram que a imaginao um lugar de memria. um lugar de ao.
(HONORATO. p.
01).
-
40
Foto 3: modelando com massinha
E sendo assim da responsabilidade do professor enriquecer na
imaginao da criana
aspectos que tenham significado para a ela, com isso tornando a
vivncia proposta mais
prazerosa. O imaginrio infantil um elemento nuclear das culturas
da infncia. As crianas
desenvolvem a imaginao atravs das suas experincias de vida e as
situaes que imaginam
do-lhes o poder de compreender o mundo que habitam, (MARIA, p,
02).
Ainda mais instigadas com os nossos objetivos j alcanados,
muitas ideias vinham a
nossa mente, a grande tarefa era selecionar aquela que fosse bem
aceita pelas crianas do
grupo. Sempre na busca por trazer vivncias em que pudssemos
explorar a imaginao das
crianas e tambm de proporcionar a elas momentos agradveis, de
aprendizados de contato,
de estmulo s relaes entre o grupo de uma forma geral, trouxemos
para nossa docncia o
contato com os fantoches. Junto com eles trouxemos tambm para a
docncia livros
disponveis na sala. A inteno era que eles utilizassem os
fantoches juntos com os livros, que
pudessem manuse-los a fim de contar as histrias disponveis, cada
um claro, do seu jeito.
A estagiria Francine, tambm entrou na brincadeira para
convida-los a usar os dois recursos.
Houve disputa pelos fantoches disponveis, principalmente por
aqueles j bem conhecidos por
eles de outras contaes de histrias.
Levamos os fantoches dentro de uma sacola, a estagiria Francine
fez um
suspense a fim de deix-los curiosos com o contedo que havia
dentro da
sacola. Assim que tirou o primeiro fantoche percebeu que um dos
nossos
objetivos havia se efetivado, pois era ntido no olhar de cada um
a surpresa e
o encanto com aquele boneco. Foi tirando um por um: mdico,
cachorro,
saci, curupira, rato, ndio, foram muitos, at que chegou ao jacar
e no lobo,
e a foi um alvoroo s! Era quem mais podia chegar perto dos
bonecos e a
-
41
disputa para t-los nas mos foi grande. Separou alguns livros que
estavam
na sala para que eles fizessem a utilizao do livro junto com os
fantoches.
Felipe queria muito brincar com o fantoche do lobo e assim que o
conseguiu
no o largou mais. (Registro: 21/05/2014).
Nesse momento j havias alcanado mais um objetivo, pois as
crianas ficaram muito
envolvidas com ambos os recursos disponveis. A estagiria
Francine pegou um livro que
contava a histria de uma borboleta e usou o curupira para contar
a histria. Eles ficaram
concentradssimos ouvindo as histrias, com o olhar fixo na
estagiria ao mesmo tempo
alguns at interagiam respondendo aos questionamentos da
estagiria sobre a histria, isso nos
confirma que A necessidade de histrias tem sido identificada
como um aspecto central na
vida imaginativa das crianas. (GIRARDELLO, 2011, p. 82).
Vicente pegou um livro e comeou a folhe-lo, pediu que a
estagiria Francine
contasse a histria e assim ela o fez. A maioria pegou um
fantoche para brincar. O fantoche
serviu como um instrumento de exerccio da imaginao juntamente
com os livros, mesmo
porque era esse o nosso objetivo, que as crianas fizessem uso
dos dois.
Nossa proposio coletiva foi importante para todas as estagirias,
crianas,
professoras e instituio, pois, houve um encontro planejado pelas
estagirias com a ajuda
tambm das professoras.
Propomos um cantinho de leitura no parque. Colocamos um tapete,
com a
ideia e ajuda da professora Ktia colocamos um tecido verde, como
se fosse
uma tenda, e duas caixas dessas de madeira que tem nas feiras
para colocar
as frutas, para que colocssemos os livros. Ficou um cantinho
muito
aconchegante, no imaginvamos que ficaria desse jeito.
(Registro:
04/06/2014)
Contamos histria e conversamos com muitas crianas de diferentes
grupos. Foi um
momento muito prazeroso e de muitas interaes com as outras
crianas que no tnhamos
muito contato. Elas ficaram ali sentadas, folheando, lendo os
livros, pedindo para que
lssemos os livros para elas. Nosso cantinho at que ficou bem
movimentado, quase nem deu
tempo de passarmos nas outras propostas. Algumas passavam de
longe, s observando,
chegavam perto, pegavam um livro queriam lev-lo para outro
lugar.
Percebendo o espao do parque como um lugar institudo nas
instituies
para a brincadeira livre, mas tambm, uma oportunidade para a
criana se movimentar amplamente, fazer escolhas, determinar seus
prprios tempos,
-
42
no qual a professora interfere pouco, deixando apenas seus olhos
sobre elas,
vejo o quanto importante refletir sobre a dicotomia instaurada
entre
espaos construdos (internos) e no construdos (externos),
intramuros no
cotidiano das Instituies de Educao Infantil. (FRANCISCO, 2005,
p. 20).
Foto 4: contao de histria no parque
Uma menina a Jlia, acredito que ela do Grupo V, sentou e pediu
para a estagiria
Francine contar a histria da Chapeuzinho Vermelho, no incio ela
estava bem concentrada,
porm foi se dispersando, a estagiria comeou a dar mais nfase na
histria mudando o tom
da voz, lendo mais alto, pois no queria que ela sasse dali.
Conseguiu fazer com que ela
ficasse at o fim, e logo ela escolheu outra histria para ela
contar de novamente.
Com tudo isso, percebemos o quando importante o desenvolvimento
da imaginao
na educao infantil, pois, a criana brinca e constri o imaginrio
a partir do seu contexto de
vida. Cabe s professoras criar espaos para que as crianas possam
realizar o mesmo.
O brincar a condio da aprendizagem e, desde logo, da
aprendizagem da
sociabilidade. No espanta, por isso, que o brincar, o jogo e o
brinquedo
acompanhem as crianas nas diversas fases da construo das suas
relaes
sociais. (SARMENTO, 2002, P.12)
Atravs dessa aprendizagem da sociabilidade que as crianas
interagem entre si e
com os outros, aprendendo e trocando conhecimento com o prximo.
Segundo Sarmento
-
43
(2002) as crianas, nas suas interaes com os pares e com os
adultos, estabelecem processos
comunicativos configuradores dos seus mundos de vida. (p.
15).
Percebemos ao longo de nossa observao e docncia, como as crianas
desenvolvem
sua imaginao atravs da brincadeira, da sua imaginao, criando e
revivendo momentos do
seu dia-a-dia e imitando as atividades realizadas pelos adultos
no seu convvio.
As crianas desenvolvem a sua imaginao sistematicamente a partir
do que
observam, experimentam, ouvem e interpretam da sua experincia
vital, ao
mesmo tempo que as situaes que imaginam lhes permite compreender
o
que observam, interpretando novas situaes e experincias de
modo
fantasista, at incorporarem como experincia vivida e
interpretada.
(SARMENTO, 2002, p.14).
Percebemos, por fim, que todas as crianas so diferentes e cada
uma tem seu tempo
de aprendizagem e de realizar suas experincias e as atividades.
E cabe a ns, professoras,
colaborar e no forar as crianas em suas vivncias. Criana tambm
precisa de respeito,
ateno, carinho e amor. E o importante respeitar as
diferenas.
Consideraes finais
De nossa experincia, realizando o estgio com as crianas,
retiramos de aprendizado
que cada criana apreende e significa suas experincias de modo
diferente, e que no h uma
homogeneidade nesse processo de explorao e reconhecimento do
mundo ao seu redor, pois
cada criana estabelece diferentes relaes com os objetos e com o
outro, seja criana ou
adulto. Aprendemos, tambm, que ns professoras precisamos estar
atentas a cada movimento
e significao que cada criana nos mostra em seus momentos de
experincias e de
explorao.
Com nossas observaes e prticas pedaggicas, assim como,
observando as aes
cotidianas das professoras, aprendemos o quanto o dilogo, a
conversa constante com as
crianas seja nos momentos de roda, alimentao ou brincadeiras
importante e apresenta
a sutiliza do que trabalhar crianas pequenas, j que a todo o
momento estamos
(re)significando suas aes, ampliando seu vocabulrio e
construindo relaes afetivas.
-
44
Em nosso estgio e tambm nas reflexes que buscamos construir
neste memorial
pudemos melhor compreender o que indica Schmitt (2011):
importante observar que nas relaes entre crianas pequenas e
com
crianas pequenas, no est presente apenas a quantidade de
experincia, na
definio do mais ou menos experiente, daquele que sabe mais ou
daquele
que sabe menos, mas essencialmente a diversidade dessas
experincias que
forjam a infncia ou a idade adulta no como uma, mas
reconhecidamente
composta por mltiplos outros. (p. 20-21).
Pudemos observar e vivenciar com as crianas o que reflete a
autora e nesse sentido
ficou muito claro para ns que o ambiente educacional um espao de
trocas e aprendizado
entre criana-criana, criana-professor e entre todos os sujeitos
que fazem parte deste espao
e tempo.
Tambm refletimos neste trabalho sobre as mltiplas linguagens, as
interaes entre as
crianas e a explorao dos diferentes espaos da creche. Todo esse
processo reflexivo nos
proporcionou grande aprendizado, levando-nos a compreender como
as crianas estabelecem
relaes e transformam estes espaos a todo o momento e que esse
movimento muito
importante para o desenvolvimento das dimenses que constituem
esses sujeitos de pouco
idade.
O desenvolvimento de nossa ao pedaggica surgiu por meio dos
indcios que as
crianas demonstravam, atravs das suas brincadeiras e tambm das
atividades propostas pela
professora regente. Foi com base nessas observaes que voltamos
nossas proposies para a
temtica exposta durante todo o memorial, a imaginao.
As crianas exploraram seus limites e nos surpreenderam. Foram
muito alm do que
espervamos delas. E foram assim, partindo das observaes e das
situaes em sala, que
procuramos ampliar seus conhecimentos cotidianos, trazendo ao
grupo diversos materiais e
proposies que viessem enriquecer os nossos saberes, os saberes
das crianas e dos
profissionais da Colnia Z11.
Aprendemos com nossas proposies que a imaginao um elemento
fundamental na
Educao Infantil, que ela deve ser sempre enriquecida e estimula
na criana atravs da
ludicidade, das brincadeiras, das artes e das contaes de
histrias. Instrumentos esses que
utilizamos para proporcionar elas momentos prazerosos, de trocas
e de aprendizado.
-
45
principalmente na infncia que desenvolvemos nossa imaginao e
levamos para toda nossa
vida.
Referncias:
AGOSTINHO, Ktia A. O Espao da Creche: que lugar este?
Florianpolis, SC.
Dissertao (Mestrado em Educao) Universidade Federal de Santa
Catarina, 2003.
CAPUTO, Stela Guedes. Fotografia e pesquisa em dilogo sobre o
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CERISARA. Ana Beatriz et al. Partilhando olhares sobre as
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GIRARDELLO, Gilka. Imaginao: arte e cincia na infncia. Revista
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HONORATO, Aurlia Regina de Souza. A imaginao e a infncia.
OSTETTO, Luciana Esmeralda. Planejamento na educao infantil:
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educao infantil: partilhando experincias de estgios. Campinas:
Papirus, 2000. p. 175 -
200.
-
46
ROCHA. Eloisa A. C. OSTETTO, Luciana Esmeralda. O estgio na
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de educao infantil. In: SEARA, Izabel Christine et al. (Orgs.).
Prticas pedaggicas e
estgios: dilogos com a cultura escolar. Florianpolis: Letras
Contemporneas, 2008, p. 103
116.
SCHMITT, Rosinete V. O encontro com bebs e entre bebs: uma
anlise do entrelaamento
das relaes. In: ROCHA, Eloisa A.C.; KRAMER, Snia. Educao
Infantil: enfoques em
dilogo. Campinas: Papirus, 2011, p.17-35.
TRISTO, Fernanda. A sutil complexidade da prtica pedaggica com
bebs: In: MARTINS
FILHO, Altino Jos (Org.). Infncia plural: crianas do nosso
tempo. Porto Alegre:
Mediao, 2006, p.39-58.
-
47
5. VIVENCIANDO E COMPARTILHANDO EXPERINCIAS COM O G5: O
FOCO NOS DESENHOS DAS CRIANAS
Karla Regina de Souza
Contemplaes e perspectivas sobre o estgio
O ano letivo na Universidade Federal de Santa Catarina teve
incio no dia 17 de Maro
de 2014 e junto a ele iniciou-se uma nova caminhada. Dava incio
preparao de um
momento to esperado por mim ao longo do curso de Pedagogia e de
extrema importncia
para a minha formao: o estgio!
Depois da teoria, chegara a hora de traduzir todo o conhecimento
apreendido na
prtica, que era concedida atravs do estgio. Essa etapa era uma
oportunidade de exercitar-
me como professora da Educao Infantil, e tambm uma caminhada que
me causava certa
aflio, um receio talvez do que ainda no conhecia, ou do que
ainda estava para ser
descoberto.
Finalmente iria a campo, era chegada a hora de aprender a olhar
para as crianas,
observar suas aes, brincadeiras, manifestaes e formas de se
relacionar, para poder
entender, refletir e conhecer as crianas concretas com que me
depararia. Poderia ento
apreciar, contemplar, conhecer de perto, vivenciar e experi