7/23/2019 Memória, Monumento, Monumento Histórico http://slidepdf.com/reader/full/memoria-monumento-monumento-historico 1/12 1 Universidade Federal de Juiz de Fora Curso de Arquitetura e Urbanismo Técnicas Retrospectivas I MEMÓRIA E ARQUITETURA MONUMENTO/ MONUMENTO HISTÓRICO Arquiteta Mst. Mônica Olender Juiz de Fora 2013 Curso de Arquitetura e Urbanismo - Tempo da natureza cíclico os processos são eternos (nasce, cresce, morre) - Tempo do homem linear (enquantoindivíduo) mortal Curso de Arquitetura e Urbanismo Tudo o que o homem faz é perecível, como ele próprio Faz coisas tangíveis para que, de certa forma, se torne imortal NESSE CONTEXTO, ENTRA A HISTÓRIA, A QUEM CABE PRESERVAR ESSES FEITOS DO HOMEM NO TEMPO Curso de Arquitetura e Urbanismo Mas não só pela escrita esses feitos, a cultura dos povos, são transmitidos E qual faculdade do homem entra em cena para garantir essa transmissão? Curso de Arquitetura e Urbanismo MEMÓRIA Curso de Arquitetura e Urbanismo - Mitológica Os gregos personificaram a memória sob a forma de uma deusa – Mnemosine, mãe das nove musas que lembram aos homens a recordação dos heróis e seus feitos e preside a poesia épica Origens Deriva do verbo MIMNÉSKEIN = lembrar-se de
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Universidade Federal de Juiz de ForaCurso de Arquitetura e Urbanismo
Técnicas Retrospectivas I
MEMÓRIA E ARQUITETURAMONUMENTO/ MONUMENTO HISTÓRICO
Arquiteta Mst. Mônica Olender
Juiz de Fora2013
Curso de Arquitetura e Urbanismo
- Tempo da natureza cíclico
os processos são eternos (nasce, cresce, morre)
- Tempo do homem linear(enquanto indivíduo)
mortal
Curso de Arquitetura e Urbanismo
Tudo o que o homem faz é perecível, como ele próprio
Faz coisas tangíveis para que, de certa forma,se torne imortal
NESSE CONTEXTO, ENTRA A HISTÓRIA,A QUEM CABE PRESERVAR ESSESFEITOS DO HOMEM NO TEMPO
Curso de Arquitetura e Urbanismo
Mas não só pela escrita esses feitos, a culturados povos, são transmitidos
E qual faculdade do homem entra em cenapara garantir essa transmissão?
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MEMÓRIA
Curso de Arquitetura e Urbanismo
- MitológicaOs gregos personificaram amemória sob a forma de uma deusa – Mnemosine, mãe das nove musasque lembram aos homens arecordação dos heróis e seus feitose preside a poesia épica
Homens possuídos pela memória, inspiradospelas musas, adivinhos do passado e do futuro.
A linguagem dos poetas eram as músicas que,estruturadas em versos, contavam a concepçãodo mundo e os feitos dos homens, inclusive às
pessoas comuns (poesia épica).
Homero: um dos maiores poetas gregos.Autor de Ilíada (Guerra de Tróia) eOdisséia (conta feitos de Ulisses)
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Memória
IMAGEM ORGANIZAÇÃOINDISSOCIÁVEIS
E onde entra a arquitetura nesse contexto?
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Nos séculos V e VI, surge a poesia lírica, ondeo tema muda da criação do mundo para otempo presente. As musas já não são maisnecessárias, pois os fatos contados são os dotempo presente dos homens.
Disseminação paulatina da escritaque, para Sócrates, vem para “matar a
memória”
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Com a queda do Império Romano e o início daIdade Média, surge a filosofia da Escolástica
No interior dos mosteiros, preservou-se acultura e a língua do Império Romano, inclusive
o seu sistema educacional, baseado nas seteartes liberais: gramática, retórica, dialética,aritmética, geometria, música e astronomia.
E qual delas está ligada à memória?
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Até aqui, qual foi a maneira maisutilizada para a transmissão do
conhecimento à gerações futuras?
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TRANSMISSÃO ORAL (tendo aarquitetura como suporte das
técnicas de memorização)
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Com as mudanças sociais provocadas naEuropa pelas invasões bárbaras, oconhecimento se limita aos monastérios e nãohá mais abertura para os encontros dosoradores
A retórica tornou-se desnecessária
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Os antigos textos clássicos sobre memóriaforam revistos para o contexto da escolásticapor figuras como São Tomás de Aquino (séc.XIII)
Houve um deslocamento da arte da figura doorador para os espaços religiosos (primeiroos monastérios e, depois, as catedrais)
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E como as catedrais transmitiam amensagem religiosa e filosófica(escolástica) que fornecia ao homemuma segurança existencial?
O pensamento renascentista muda o foco dohomem medieval, que era o de chegar maispróximo à Deus, para o mundo humano
O espaço se torna menosespiritualizado e mais intelectualizado
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E como os edifícios transmitiam amensagem antropocêntrica e filosófica(iluminismo) que aproximava o homemde Deus?
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Pela lógica geométrica, os edifícios imitam anatureza em seus elementos mais belos eperfeitos.
Com a utilização das formas circulares(representação perfeita de Deus), com suasmedidas perfeitamente calculadas e comsuas cúpulas “lembram” ao homem, a todo
momento, sobre a sua auto-consciência, asua individualidade e a sua afirmaçãoperante a natureza.
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SANTA MARIA NOVELLA(SÉC. XV) - ITÁLIA
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Outras manifestações artísticas, como a pintura ea escultura também são largamente produzidoscom o mesmo sentido: aproximar o homem de simesmo e lembrá-lo de que ele é capaz de imitara natureza, até mesmo superando seus mestresda antiguidade clássica.
Seja ela própria matéria simbólica,a arquitetura sempre esteveassociada à arte da memória,
sendo utilizada pelos homens aolongo dos séculos para fazê-los
lembrar de algo
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Mas para a arquitetura, existe umtermo específico que designa
aqueles exemplares que cumpremespecificamente essa função
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MONUMENTO
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Do latim “monumentum” que “deriva de‘monere’ (‘adevertir’, ‘lembrar’),
- Origem etimológica
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Segundo a bibliografia“aquilo que traz a lembrança alguma coisa(...) edificado para rememorar ou fazer queoutras gerações rememoremacontecimentos, sacrifícios, rituais oucrenças” (CHOAY, 2001, pp. 17 e 18)
“Obra, edifício erigido à memória de alguém,ou de algum sucesso, para a conservar em ofuturo. §. Mausoléo, ou sepultura nobre. (...)§. As escrituras, que conservão a memóriados fatos.” MORAES SILVA, 1813, p. 317)
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Com esse significado
-Destinação: foi pensadapreviamente e, por isso, sua
construção é intencional
-Essência: sua relação com otempo vivido e com a memória
(função antropológica). Faz reviverum passado mergulhado no tempo
- Especificidade: se deve ao seumodo de atuação sobre a
memória. Ele assegura, acalma,tranqüiliza, conjurando o ser no
tempo.
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Exemplos
Arco de Sétimo Severo (construído em homenagem àvitória sobre os Partas e dedicado à Sétimo Severo eaos seus filhos Caracala e Geta)Roma– 203d. C.
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Coluna de TrajanoRoma- 113 d. C.
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Esse significado da palavramonumento vai sofrer umaprimeira transformação no séc. XV.
Porque?
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Com a criação da imprensa e aampliação das “memóriasartificiais”, os monumentos deixamde ser os elementos praticamenteexclusivos de rememoração
Essa situação se acentua aindamais no século XIX, com ainvenção da fotografia
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Na nossa sociedadecontemporânea, com outrasformas de apreensão de imagens(simulações, por exemplo), aindase edifica monumentos no sentidooriginal da palavra?
Monumento aos Mortos da Segunda Guerra MundialRio de Janeiro - 1960
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Monumento ao Holocausto
Berlim – 2005 (Peter Eisenman)
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Memorial da América Latina
São Paulo – 1989
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Monumento em homenagem aos heróisda FEB
Juiz de Fora
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Monumento em homenagem aos 50anos da CESAMA
Juiz de Fora
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No século XVIII, apesar de osmonumentos continuarem a serconstruídos, um fato mudacompletamente a forma de se veros bens que passaram, então, aserem considerados “nacionais”
Num primeiro momento:destruição de todos os bens quelembrassem o período de opressãomantido pela realeza e pelo clero
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Num segundo momento: arevolução defende e conseguetransferir para o estado aresponsabilidade de conservaraqueles bens que eram vistoscomo testemunhos históricos
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Para designar esses bens ligadosa fatos históricos foi criado umtermo específico
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MONUMENTOHISTÓRICO
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A incorporação dos bens eclesiásticos aos domínios nacionais, avenda rápida e fácil desses domínios vão propiciar à naçãorecursos que, sob a égide da liberdade, torná-la-ão a mais feliz emais f lorescente do universo; mas não se pode negar que estavenda precipitada seja, no presente momento, muito funesta àsartes e às ciências, destruindo objetos de arte e monumentoshistóricos que seria interessante conservar (.. .) Há um sem-número de objetos importantes para as artes e para a história quenão podem ser transportados [para depósitos] e que logo serãofatalmente destruídos ou adulterados (...) São esses monumentospreciosos que pretendemos subtrair à foice destruidora do tempo(...) Daremos a representação dos diversos monumentosnacionais, como antigos castelos, abadias, monastérios, enfim,todos aqueles que podem relatar os grandes acontecimentos denossa história” (MILLIN, Aubin-Louis (antiquário-naturalista, emseu livro Antiquités nationales ou Recueil de monuments ,apresentado, em 11 de dezembro de 1790 à Assembléia NacionalConstituinte Francesa) (Apud CHOAY, p.96)
“1. Obra ou construção que se destina atransmitir à posteridade a memória de fato oupessoa notável. 2. Edifício majestoso. 3.Sepulcro suntuoso. 4. Qualquer obra notável.
5. Memória, recordação, lembrança.(HOLANDA FERREIRA, 1994-95, p. 442)”.
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Com esse significado
-Destinação: constituído àposteriori, sendo selecionado dentreos edifícios existentes (o que inclui
os monumentos)
-Essência: sua relação com opassado, com um fato histórico que
deve ser perpetuado
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- Especificidade: se deve ao seumodo de atuação sobre a
memória. Ele assegura, acalma,tranqüiliza, conjurando o ser no
tempo, assim como o monumento.
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A partir do momento em que omonumento não deve serdestruído, surge a idéia de
- Em 1790 é criada pela AssembléiaConstituinte francesa uma “Comissão deMonumentos” (responsável pelo seu
inventário) (1790 – 1793, substituída pelaComissão de Artes)
- Criação de exposições abertas ao público noMusée des Monuments Français, cujaprimeira foi de Alexandre Lenoir (coleção defragmentos de arquitetura e escultura, abertaao público em 8 de abril de 1796)
Criação dos Museus
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A consagração domonumento histórico
- Após o renascimento, as obras da antiguidadeserviam como fontes de saber e prazer.
- Revolução Industrial: mudança do tempohistórico (ruptura traumática do tempo) e o “nadaserá como antes” são causas do romantismo.
- Após 1820, o monumento histórico torna-seinsubstituível e os danos a ele causados sãoirreparáveis.
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Hugo: “A indústria substituiu a arte”
Balzac: “Nós temos produtos, não temosmais obras”
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Principais personagens na criação eno desenvolvimento do pensamentoem torno da preservação dosmonumentos históricos:
- França
- Inglaterra
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França
Por ser uma país de tradição rural, “oprocesso de industrialização é legitimadopela consciência da modernidade,independentemente de seus efeitosnegativos ou perversos.São a marcha da história, a idéia deprogresso e a perspectiva do futuro quedeterminam o sentido e os valores domonumento histórico” (CHOAY, p. 137)
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Inglaterra
Apesar de ser o berço da RevoluçãoIndustrial, “mantém-se mais ligada a suastradições, mais voltada para o passado: aidéia de revival que não se aclimata naFrança, inspira aí um movimentoflorescente” (CHOAY, p. 138)
- Legislação Francesa sobre os MonumentosHistóricos
. 1830 – François Guizot cria o cargo de Inspetordos Monumentos Históricos, é criado, também, oComitê dos Trabalhos Históricos, pelo Ministérioda Instrução Pública.
. 1834 – Assume o cargo o escritor ProsperMérimée
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DESTAQUES
- Principais nomes do período
. Eugène Emmanuel Viollet-le-Duc
. John Ruskin
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REFERÊNCIAS
BRANDÃO, Carlos A. L. A formação do homem moderno vistaatravés da arquitetura. Belo Horizonte: AP Cultural, 1991.
CHOAY, Françoise. A alegoria do patrimônio. São Paulo: EditoraUNESP, 2001.
LA ROCCA, Renata. Arte da memória e arquitetura. Dissertaçãode mestrado. São Paulo: Escola de Engenharia de São Carlos- USP, 2007.
Curso de Arquitetura e Urbanismo
RUSKIN, John. A lâmpada da memória. Apresentação,tradução e comentários críticos por Odete Dourado. Salvador:PRETEXTOS, Série b, Memórias, 1. Mestrado em arquitetura eUrbanismo. UFBA, 1996.
VIOLLET-LE-DUC, Eugène Emmanuel. Restauro.
Apresentação, tradução e comentár ios críticos por OdeteDourado. 3 ed. rev. e ampl. Salvador: PRETEXTOS, Série b,Memórias, 2. Mestrado em arquitetura e Urbanismo. UFBA,1996.