Memento Memento Mori Mori V Noite de Poesia V Noite de Poesia Carpe Diem – Brasília / DF Carpe Diem – Brasília / DF 23/07/2008 23/07/2008 A Literatura vista com outros olhos A Literatura vista com outros olhos http://www.mementomori.com.br http://www.mementomori.com.br
Apresentação do Poeta da Noite Jorge Amancio, na V Noite de Poesia, realizada em Brasília-DF, no dia 23 de julho de 2008.
Welcome message from author
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
Memento Memento MoriMoriV Noite de PoesiaV Noite de Poesia
Carpe Diem – Brasília / DFCarpe Diem – Brasília / DF
23/07/200823/07/2008
A Literatura vista com outros olhosA Literatura vista com outros olhoshttp://www.mementomori.com.brhttp://www.mementomori.com.br
Nascido às 24 horas de uma sexta feira, 23, Jorge Nascido às 24 horas de uma sexta feira, 23, Jorge Amancio é aquariano de 1953, carioca, teve uma rápida Amancio é aquariano de 1953, carioca, teve uma rápida tietagem com o rio Tietê, vindo para Brasília em 1976. tietagem com o rio Tietê, vindo para Brasília em 1976.
Licenciado em Física pela Universidade de Brasília (UnB) Licenciado em Física pela Universidade de Brasília (UnB) em 1981, lecionando desde então na Secretaria em 1981, lecionando desde então na Secretaria Educacional do DF; participante e ativista de Educacional do DF; participante e ativista de movimentos sociais de luta contra o preconceito racial, movimentos sociais de luta contra o preconceito racial, clama por uma igualdade entre todos os seres de clama por uma igualdade entre todos os seres de quaisquer vontades e sem perder o sotaque. quaisquer vontades e sem perder o sotaque.
Tem Brasília como sua cidade, seu crescimento e seu Tem Brasília como sua cidade, seu crescimento e seu amadurecimento.amadurecimento.
Trabalhos:Trabalhos: Primeira poesia publicada pelo jornal Raça do M.N.U (Movimento Primeira poesia publicada pelo jornal Raça do M.N.U (Movimento Negro Unificado), no início dos anos 80s Negro Unificado), no início dos anos 80s Contos e Poemas - prêmio Sinpro-DF - 1985Contos e Poemas - prêmio Sinpro-DF - 1985 Fala Satélite Gama, 1986Fala Satélite Gama, 1986 Poemas e mais alguns dilemas 1987 Poemas e mais alguns dilemas 1987 Coletivo de Poetas - Sindicato dos Escritores no DF – 1992/94Coletivo de Poetas - Sindicato dos Escritores no DF – 1992/94 Grito Logo Existo, revista literatura, 1992 Grito Logo Existo, revista literatura, 1992 Rádio Jornal, 2o Concurso de Poesia –1992 Rádio Jornal, 2o Concurso de Poesia –1992 Zumbi - ed. OMO AIYÊ 1995; Zumbi - ed. OMO AIYÊ 1995; VIII Concurso Literário Asefe - 2000, e recitais com o Coletivo de VIII Concurso Literário Asefe - 2000, e recitais com o Coletivo de PoetasPoetas Livro solo, NEGROJORGEN – ed. Thesaurus- 2007Livro solo, NEGROJORGEN – ed. Thesaurus- 2007
Eu e Outras PalavrasEu e Outras PalavrasMãe preta, pai pretoMãe preta, pai pretoIdade não interessaIdade não interessana certidão de nascimentona certidão de nascimentopor simples erro por simples erro estava escrito Cor Pardaestava escrito Cor Parda
Cresceu nos bancos dos brancosCresceu nos bancos dos brancosbrincando de mocinho e bandidobrincando de mocinho e bandidosem nunca ficar com a mocinhasem nunca ficar com a mocinhaAcordou poeta de versos e prosaAcordou poeta de versos e prosaviajou em bares, defecou em mancosviajou em bares, defecou em mancosbeijou bocas de amores e ódiosbeijou bocas de amores e ódios
O que os olhos viram o poeta pariuO que os olhos viram o poeta pariuas dores, as cicatrizes, as injustiçasas dores, as cicatrizes, as injustiçasesculpiram o corpo, iluminaram a almaesculpiram o corpo, iluminaram a alma
A dança, a música, a vida, o inexplicávelA dança, a música, a vida, o inexplicávelconvivem com o eu poetaconvivem com o eu poetadividem a alegria de ser negro dividem a alegria de ser negro e não distante existe uma Áfricae não distante existe uma Áfricauma história a ser contadauma história a ser contada
Em JorgeEm Jorgemora uma vontade, mora uma vontade, uma verdade, um clamor, uma verdade, um clamor, um grito de amor, um apelo, um grito de amor, um apelo, um negrume por igualdadeum negrume por igualdade
......A mata bramia em estalosA mata bramia em estalosOs pés queimavam a terraOs pés queimavam a terraarrancando a solaarrancando a solaO sol ardia entre as árvoresO sol ardia entre as árvorese o barulho de pólvorae o barulho de pólvoraqueimada enchia o arqueimada enchia o ar
Não adianta enxergar o céuNão adianta enxergar o céuNão adianta correr pro marNão adianta correr pro marAs correntes vão pesarAs correntes vão pesarOs porões vão cheirarOs porões vão cheirar
O barulho das ondas e o cheiro do marO barulho das ondas e o cheiro do martapam as narinas e coçam os olhostapam as narinas e coçam os olhos
Gritar não adiantaGritar não adiantaOxalá não vai escutarOxalá não vai escutarOgum não vai quebrar os grilhõesOgum não vai quebrar os grilhõesXangô não vai segurar a minha cabeçaXangô não vai segurar a minha cabeça......
Teu choro cor de zangaTeu choro cor de zangapariu do corpo a dorpariu do corpo a dorMisturou-se sangue e terraMisturou-se sangue e terraódio e paz, amor e guerraódio e paz, amor e guerra
Viste o sofrimento de um povoViste o sofrimento de um povoo lamento do cativeiroo lamento do cativeiroa hora da liberdade voara hora da liberdade voar
O que teus olhos viramO que teus olhos viramteu corpo pariuteu corpo pariu
As cicatrizes, o sangue,As cicatrizes, o sangue,o extermínio, as lágrimaso extermínio, as lágrimasfecundaram teu corpofecundaram teu corpoem gesto cor e Poesiaem gesto cor e Poesia
O abstrato se concretizouO abstrato se concretizoumaterializou-se na cormaterializou-se na cor
Os rebentos ainda rebeldesOs rebentos ainda rebeldescolhem flores políticascolhem flores políticasbeijam mãos religiosasbeijam mãos religiosascantam hinos libertinoscantam hinos libertinos
O que teus olhos viramO que teus olhos viramteu corpo pariuteu corpo pariu
A África continua faminta A África continua faminta Crianças morrem no partoCrianças morrem no partoA massa dos excluídos tem corA massa dos excluídos tem corSer negro é morar no sorrisoSer negro é morar no sorriso
A hipocrisia é a verdadeA hipocrisia é a verdadeNegros andam descalçosNegros andam descalçossobre a ponta do aparthaitsobre a ponta do aparthait
Cai a imagem de democracia Cai a imagem de democracia racialracialJovens são mortos e têm corJovens são mortos e têm corCom um sorriso nos lábiosCom um sorriso nos lábiosum AR 15 na mãoum AR 15 na mão
Invadir favelasInvadir favelasdestruir palafitasdestruir palafitasconstruir a Américaconstruir a AméricaMatam nossas ideologiasMatam nossas ideologiascalam nossa vozcalam nossa voz
E o silêncio E o silêncio é o que eles querem de nósé o que eles querem de nós
Minha raça foi escravaMinha raça foi escravainfantilizada ao som das chibatadas infantilizada ao som das chibatadas educada para a invisibilidade educada para a invisibilidade condenada a exclusão socialcondenada a exclusão social
Minha raça é sobrevivente Minha raça é sobrevivente dos navios negreiros da aboliçãodos navios negreiros da aboliçãoluta pela identidade de genteluta pela identidade de genteclama por justiça e igualdadeclama por justiça e igualdade
Minha raça pixaimMinha raça pixaimencabeça o coro dos descontentesencabeça o coro dos descontentesfreqüência alta no necrotériofreqüência alta no necrotériocadeia prêmio da maior idadecadeia prêmio da maior idade
Minha raça de seqüestradosMinha raça de seqüestradosanônimos Zumbis libertáriosanônimos Zumbis libertáriosconduzem a passos largosconduzem a passos largoso caminho para a igualdadeo caminho para a igualdade
Todos os Emals de Amor são Todos os Emals de Amor são RidículosRidículos
Todos os emails de amor são Todos os emails de amor são Ridículos. Ridículos. Não seriam emails de amor se não Não seriam emails de amor se não fossem fossem Ridículos. Ridículos. Também escrevi em meu tempo emails Também escrevi em meu tempo emails de amor, de amor, Como os outros, Como os outros, Ridículos. Ridículos.
Os emails de amor se há amor, Os emails de amor se há amor, Têm de ser Têm de ser Ridículos. Ridículos.
Mas, afinal, Mas, afinal, Só as criaturas que nunca escreveram Só as criaturas que nunca escreveram Emails de amor Emails de amor É que são É que são Ridículas. Ridículas.
Quem me dera no tempo em que Quem me dera no tempo em que escrevia escrevia Sem dar por isso Sem dar por isso Emails de amor Emails de amor Ridículos. Ridículos.
A verdade é que hoje A verdade é que hoje As minhas memórias As minhas memórias Desses emails de amor Desses emails de amor É que são É que são Ridículas. Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas, (Todas as palavras esdrúxulas, Como os sentimentos esdrúxulos, Como os sentimentos esdrúxulos, São naturalmente Ridículas.)São naturalmente Ridículas.)
Álvaro de Campos/NegrojorgenÁlvaro de Campos/Negrojorgen