Manual do Companheiro
Manual do Companheiro
Franco Maom
Estudo Interpretativo dos Smbolos e Alegorias
Do Segundo Grau Manico
Este segundo grau no qual fostes admitido, o resultado natural
dos vossos esforos; primeiramente: tendo aprendido, tereis de
provar, ou seja, demonstrar na prtica, com uma atividade fecunda,
os vossos conhecimentos e reconhecimentos interiores. Nisso
essencialmente se insere a qualidade de Companheiro, ou obreiro da
inteligncia construtora, no qual se converteu como resultado de um
aprendizado fiel e perseverante.
Sua iniciao efetiva nessa arte, como obreiro ou artista, o faz
companheiro de todos os que praticam em comunho de ideais e
objetivos, compartilhando o po dos conhecimentos e capacidades,
adquiridos por meio do estudo e da experincia, como resultado dos
esforos numa atividade til e construtiva.
O sentimento de solidariedade ou companheirismo que nasce de to
ntima comunho, , e deveria ser a caracterstica fundamental deste
grau manico. O aprendiz, em virtude de seus conhecimentos ainda
rudimentares, e de sua incapacidade simblica para uma obra
realmente eficiente, por no ter sido ainda provadas sua perseverana
e firmeza de propsitos, no pode sentir ainda esta solidariedade que
nasce do sentimento de igualdade com os que praticam a Arte; sendo
que deve esforar-se constantemente para estar alinhado com os
Princpios, e poder chegar assim em nvel com aqueles que se
estabeleceram nos mesmos.
A liberdade o ideal e a aspirao do Aprendiz, cujos esforos se
dirigem principalmente a libertar-se dos julgo das paixes, dos
erros e vcios; j que cada vcio um vnculo que o detm, retardando o
seu progresso. Por meio do esforo vertical, simbolizado pelo prumo
(em sentido oposto gravidade das propenses negativas que constituem
a polaridade inferior de seu ser), chega a conquistar aquela
liberdade que s se encontra na fidelidade aos Ideais, Princpios e
Aspiraes mais elevados de nosso ser.
A igualdade deve ser a caracterstica principal do Companheiro
que aspira elevar-se interiormente at o seu mais elevado Ideal e,
em conseqncia, ao nvel dos que se esforam no mesmo caminho e para
as mesmas finalidades. Enquanto para a fraternidade no pode ser, se
no o resultado de haver-se identificado de uma maneira ainda mais
ntima com seus irmos, quaisquer que sejam as diferenas exteriores
que, como barreiras, aparentam elevar-se algumas vezes entre os
homens.
Sem dvida, o aprendizado que o Aspirante terminou
simbolicamente, ao ser admitido no segundo grau, ainda no est
concludo: onde quer que estejamos e em qualquer condio, em qualquer
grau manico no deixamos de ser aprendizes, porque sempre temos algo
a aprender. E este desejo ou atitude para aprender a condio
permanente de toda possibilidade de progresso interior.
Porm qualidade de aprendiz deve agregar-se algo mais: a
capacidade de demonstrar e colocar em prtica em atividade
construtiva os conhecimentos adquiridos, e por meio desta
capacidade realizadora como se chega a converter-se em verdadeiros
Companheiros. Igualmente, a capacidade de alcanar um estado mental
de firmeza, perseverana e igualdade no os dispensa da necessidade
de seguir esforando-se para estar constantemente em prumo com os
seus ideais, princpios e aspiraes espirituais.
Cada grau manico simboliza, pois, uma condio, qualidade,
prerrogativa, dever e responsabilidade que se somam s precedentes
sem que nos dispensem de cumprir com as mesmas. Portanto, qualidade
de Companheiro deve agregar-se a de Aprendiz de maneira que, sem
que cesse o esforo de aprender e progredir, esta atividade se faa
fecunda e produtiva, segundo o expressa o sentido da palavra que
indica a passagem do primeiro ao segundo grau.
Assim pois, por haver sido admitido em um grau superior, no
deveis esquecer vossa instruo de Aprendiz, nem tampouco deixar de
continuar estudando e meditando o simbolismo do primeiro grau: o
malho, o cinzel e o esquadro no so menos necessrios pelo fato de
que aprendestes tambm o uso do compasso, da alavanca e da rgua, que
os complementam, porm no os substituem.
Cada grau manico , sobre tudo, um novo grau de compreenso da
mesma doutrina, um grau situado alm da capacidade no uso dos mesmos
instrumentos, cujas infinitas possibilidades dependem somente de
nosso desenvolvimento interior. Com o mesmo malho e cinzel, far o
humilde canteiro ao princpio de sua carreira, uma pedra toscamente
lapidada; o obreiro esperto um trabalho muito mais proveitoso para
os objetivos da construo; um artista de maior habilidade saber
fazer dela um capitel ou outra obra ornamental. Porm o escultor que
sabe expressar na mesma pedra um ideal de beleza, far dos mesmos
instrumentos um uso infinitamente superior, e o valor de sua obra
ser por certo muito maior.
O mesmo ocorre com os graus manicos, caracterizados tanto por
uma maior capacidade no uso dos primeiros e fundamentais
instrumentos da Arte, como por novos instrumentos simblicos
desconhecidos nos primeiros graus. Porm, o uso sempre perfeito dos
instrumentos elementares, o que torna teis e proveitosos os demais
instrumentos, que de nada serviriam, para aqueles que no tivessem
aprendido ainda a manejar os primeiros.
No esqueais, portanto, ao ingressar nessa segunda etapa de vossa
carreira manica, que todo vosso progresso nela, como na sucessivas,
dependem de vossa crescente capacidade de interpretar os elementos
fundamentais do simbolismo da Arte, aprendendo a viv-los e
realiz-los de uma forma sempre mais perfeita e proveitosa; j que
cada grau no outra coisa que uma melhor, mais iluminada, elevada e
profunda compreenso e realizao do programa de Aprendiz, que ser
para sempre a base do Edifcio Manico, dado que no seu simbolismo
est concentrada toda a doutrina que se desenvolve e se explica nos
graus sucessivos.
PRIMEIRA PARTEO DESENVOLVIMENTO HISTRICO DAMAONARIA MODERNAO
grau de Aprendiz, busca a resposta pergunta (de onde viemos?) e a
esse grau compete o estudo das origens primeiras da nossa ordem, as
quais tivemos buscando no primeiro Manual desta srie, assim tambm
especial a competncia do segundo grau simblico em responder
pergunta (quem somos ?), estudando a histria da Maonaria
Moderna.
Os princpios da Maonaria, conforme os conhecemos atualmente, se
devem principalmente ao estado de decadncia em que se encontravam,
ao fim do sculo XVII, os antigos grupos de construtores, assim como
as demais corporaes de ofcio, que tinham florescido nos sculos
anteriores, alcanando o seu apogeu prximo ao fim da idade mdia. As
causas dessa decadncia foram por um lado a diminuio do fervor
religioso que seguiu a Reforma, de maneira que a construo das
igrejas foi cedendo seu lugar a outros edifcios profanos, tanto
pblicos como privados; e tambm por um grau maior de especializao
dos operrios nos respectivos trabalhos, e a falta de convenincia
por parte desses, de seguirem reunindo-se em associaes organizadas
para a prtica de uma arte determinada.
Precisamente por esta razo, no mesmo sculo XVII, havia se
estendido a prtica de admitir nos grupos de construtores, membros
honorrios (maons aceitos), ainda inteiramente estranhos prtica da
arte de construir, porm que cooperavam para proverem materialmente
e moralmente esses grupos. O dia em que estes maons-aceitos
comearam a prevalecer sobre os de ofcios, e se lhes concederam
cargos de direo (dos quais estavam excludos anteriormente), foi
precisamente o ponto que assinalou a transformao conhecida com nome
de maonaria operativa em especulativa; ainda que o desenvolvimento
de um carter teve de ser mais gradual, entretanto de nenhuma
maneira necessariamente implicado pela presena dos membros
honorrios, apesar do nmero destes.
A GRANDE LOJA DE LONDRESAssim foi que, em 1717, os escassos
membros remanescentes de quatro lojas londrinas, que tinham os seus
lugares de permanncia (segundo o costume naquela poca), em quatro
diferentes hospedarias, decidiram celebrar juntos na hospedaria do
Manzano sua reunio anual de 24 de junho (dia de So Joo Batista).
Nessa reunio, que depois se tornou tradicional por essa razo
histrica, sem que os seus participantes pudessem dar-se conta
disso, tratando de buscar uma soluo para as suas condies, que nos
ltimos tempos se encontravam cada vez menos prsperas. Os presentes
decidiram juntar-se na, que depois (em 1738) passaram a chamar uma
Grande Loja, elegendo para presidi-la oficiais especiais, que
deviam promover a sua prosperidade. Esses foram: Antnio Sayer,
homem desconhecido e de modesta condio, inteiramente estranho ao
ofcio de pedreiro, que foi nomeado Gro Mestre; Jacob Lamball,
carpinteiro; Jos Elliot, capito; foram eleitos grandes
vigilantes1.
Dados que essas Lojas no eram as nicas ento existentes (algumas
das outras, como de Preston chegaram at os nossos dias) no h dvida
de que de nenhuma maneira poderia tratar-se ento de eleger a um
"Gro Mestre dos Maons", que para tal no tinham autoridade, se no
apenas dessas quatro Lojas, no se podendo sequer assegurar-se que
tal ttulo foi efetivamente utilizado nessa ocasio, ainda que
poderia muito bem ter sido; com esta atribuio restrita. Sem dvida,
somente depois, e por mrito de homens que, sob diversas
circunstncias foram atrados essa "Grande Loja", que as denominaes
de Gro Mestre e Grande Loja adquiriram real significado e
importncia.
O desenvolvimento futuro de nossa Instituio, a partir dessa
modesta reunio, no estava de nenhuma forma condicionado mesma, e s
se deve Fora Espiritual que aproveitou e vivificou esse pequeno e
modesto agrupamento do qual brotou um movimento que se estendeu
para toda a superfcie da terra. Sempre so, pois, as idias, as que
operam no mundo, por sobre os indivduos que se fazem seus meios,
veculos e instrumentos. na fora das idias, que animam e inspiram os
homens, que se deve todo o progresso e toda a obra ou instituio de
alguma importncia, por traz daqueles que aparecem exteriormente
como seus fundadores e expoentes.
No que particularmente se refere Maonaria, no h dvida que suas
origens mais verdadeiras, vo muito alm desses homens de boa vontade
e de medocre inteligncia que unicamente se preocuparam em salvar
suas lojas da decadncia que as ameaava, por meio da unio das
mesmas. Deve-se buscar essas origens na Idia Espiritual central,
que oculta no seu cerne, o verdadeiro segredo manico, assim como
das demais idias relacionadas com aquela, das quais se fez, em
diferentes momentos e circunstncias especiais.
A essa idia central, ainda oculta e secreta para a maioria de
seus adeptos, tambm devemos o conjunto de tradies, alegorias,
smbolos e mistrios, que tem vindo se apropriando, e em parte
criando e modificando, para embelezar e dar maior brilho a seus
trabalhos, cujas origens, como a de seus cerimoniais, so
antiqussimos, tendo nos sido transmitindo atravs de diferentes
civilizaes que se desenvolveram sucessivamente sobre o nosso
planeta. Desse ponto de vista est perfeitamente justificado o
empenho dos primeiros historiadores manicos, comeando com Anderson,
e dos que fizeram ou adaptaram os seus rituais, para relacionar
nossa instituio com todos os movimentos espirituais e tradies
msticas iniciticas da antigidade, segundo tambm tratamos de faze-lo
no manual do Aprendiz.
Pois se certo que a Maonaria Moderna tem sua iniciao nessa
fortuita agremiao de quatro Lojas que juntando-se, puderam
salvar-se da dissoluo a que pareciam inevitavelmente destinadas -
como so todas as coisas que no sabem renovar-se quando chega o
momento oportuno - e que, dessa maneira prosperaram muito alm de
suas expectativas, no menos certo que souberam recorrer em segredo
a herana de todos os segredos, mistrios e tradies, assim como
souberam fazer-se o receptculo das grandes e nobres idias que
constituem um fermento vital e um impulso renovador no meio em que
atuavam.
E se pela natureza da obra pode-se reconhecer o artista que a
concebeu e realizou, julgamos a Maonaria pela mstica beleza de seu
conjunto simblico- ritual, a essa obra sem dvida no se pode dar
outro qualificado que no o de Magistral. em sua essncia mais ntima
e profunda, qualquer que possa ser sua filiao exterior e aparente,
no pode ser se no Obra de Mestre na acepo mais profunda da palavra.
Essa essncia ntima o Logos, ou verdadeira palavra que deve
buscar-se em toda Loja Justa e Perfeita, a idia espiritual que nela
se deve realizar.
Essa mesma idia, cujas latentes possibilidades foram depois se
desenvolvendo - a maioria delas esperam ainda a oportunidade para
vir luz - tem sido a semente da rvore poderosa que representa a
Maonaria Moderna : um meio destinado ao reconhecimento e prtica da
fraternidade, um crisol de idias e um movimento libertador das
conscincias e dos povos.
PRIMEIROS DIRIGENTESNas sucessivas assemblias solsticiais de
1718 e 1719 foram eleitos Grandes Mestres da Grande Loja de
Londres, respectivamente, Jorge Payne e Juan Tefilo Desagulier, o
primeiro dos quais tomou novamente o malhete presidencial de
1720.
A esses dois homens se devem, o nascimento da Grande Loja e o
impulso espiritual renovador, assim como as linhas ideolgicas que
depois caracterizaram a Maonaria Moderna. O primeiro, ex-funcionrio
governamental, homem muito ativo, enrgico e de posies liberal,
parece haver sido levado sociedade, a que levou o prestgio de sua
personalidade e de suas numerosas relaes sociais, por sua afeio
pelas antigidades. O segundo, nascido em La Rochelle e filho de um
pastor Hugonote, telogo e jurista, amigo pessoal de Newton e
vice-presidente da Real Sociedade de Londres, contribuiu sobre
tudo, especialmente em colaborao com Anderson, para o
desenvolvimento de sua parte ideolgica.
Esses tambm foram os que atraram para a Sociedade outras
eminentes personalidades como Duque de Montague quem, em 1721,
aceitou a nomeao de Gro-Mestre, sucedendo G. Payne. A eleio, feita
com a representao de 12 Lojas, de um membro da nobreza, foi sem
dvida muito acertada quanto ao objetivo de assegurar para a Ordem
prestgio e prosperidade material: tornou-se, pois, moda o pertencer
Maonaria, buscando-se nela uma espcie de ttulo de reputao e
honradez.
Se fez ento necessria a formulao de uma maneira mais clara e
completa dos estatutos e regulamentos da Ordem, sobre a base das
antigas Constituies colecionadas por G. Paynes, e das "General
Regulations " compiladas pelo mesmo no segundo ano de sua
presidncia. Desta forma, o Duque de Montague solicitou ao Rev.
Jaime Anderson, que foi valiosamente assistido em sua obra por G.
Paynes e J. T. Desagulier, para os quais colocou "as antigas
constituies Gticas" em uma forma nova e melhor.
Assim nasceu o Livro das Constituies dos Franco-Maons, tratando
da histria, deveres e regulamentos daquela antiqussima e
mui-venervel Fraternidade. O manuscrito foi examinado pela primeira
vez por uma comisso de 14 Irmos, nomeada no fim do mesmo ano de
1721 pelo Duque Montague, e foi aprovado em 25 de maro seguinte,
com as emendas sugeridas pelos mesmos, depois do que ordenou a sua
impresso, estando 24 Lojas representadas na assemblia.
O livro foi publicado e foi presenteado solenemente por Anderson
na assemblia da Grande Loja que se verificou no dia 17 de janeiro
de 1723, sendo ento confirmado e proclamado Gro-Mestre o Duque de
Wharton, quem se havia feito nomear como tal no dia 24 de junho do
ano anterior, numa assemblia convocada irregularmente por ele
mesmo. Foi sucedido pelo Conde de Dalkeith, continuando-se depois
com o mesmo costume de eleger-se para o cargo de Gro-Mestre um
membro destacado da nobreza.
A CONSTITUIO DE ANDERSONA Obra de Anderson foi sempre
considerada nos ambientes Manicos com muita benevolncia, sem
indagar-se at que ponto seu livro das constituies correspondia com
a Obra "Las Antiguas Constituciones Gticas" que no nos foram
transmitidas, e passando por cima das faltas, erros, omisses e
invenes que pudessem conter.
A histria legendria das origens Manicas que aqui se relata,
repousa, como natural, sobre A Bblia, livro que para os povos
anglo-saxos foi sempre objeto especial de venerao. Caim e seus
descendentes como os descendentes de Seth, se consideram como os
primeiros edificadores, mencionando-se a continuao a Arca de No,
que mesmo sendo de madeira foi fabricada segundo os princpios da
geometria e das regras da Maonaria.
No e seus trs filhos foram, assim, "verdadeiros Maons que,
depois do dilvio, conservaram as tradies e artes dos antediluvianos
e a transmisso ampla a seus filhos. Depois do qual, se menciona os
Caldeus e os Egpcios e aos descendentes de Jafet que emigraram as
ilhas "Gentiles", como todos igualmente hbeis na Arte Manica.
Considera-se os israelenses, ao sair do Egito, como todo um povo de
maons, bem instrudos sob a liderana de seu Gro-Mestre, Moiss, que
as vezes os reuniu numa loja geral e regular".
Finalmente se fala na construo do Templo de Jerusalm, por
Salomo, sendo Hiran o Mestre da Obra. Tambm a Nabucodonosor, depois
de haver destrudo e saqueado esse mesmo Templo, lhe atribudo haver
posto o seu corao na Maonaria, construindo as muralhas e os
edifcios da sua cidade, auxiliado pelos hbeis artfices da Judia e
de outros pases que haviam sido levados cativos para a
Babilnia.
Tambm cita-se os gregos, a Pitgoras, os Romanos e os Saxes, que
com natural disposio para a maonaria, apressaram-se a imitar os
Asiticos, Gregos e os Romanos na instalao de Lojas, traando-se uma
histria sumria sobre o desenvolvimento da Arte manica na
Inglaterra.
Somente na segunda edio da obra, redigida no ano de 1738, se
dava escassas notcias sobre a fundao da primeira Grande Loja que
teve lugar em 1717, dizendo-se somente na primeira edio que naquela
poca, em Londres e em outros lugares floresciam diversas e dignas
lojas individuais que celebravam um conselho trimestral e uma junta
geral anual para nelas conservar sabiamente as formas e os usos da
mui antiga e venervel Ordem, cuidar devidamente a Arte Real e
conservar a argamassa da Fraternidade, afim de que a Instituio
parecesse uma abbada bem ajustada.
DEVERES MANICOSSegue uma compilao dos Deveres de um Franco-Mao
"retirados de antigos documentos", que tratam:
1. 1. de Deus e da religio,
2. 2. do chefe de estado e dos seus subordinados,
3. 3. das Lojas,
4. 4. dos Mestres, Vigilantes, Companheiros e Aprendizes,
5. 5. dos trabalhos das Oficinas,
6. 6. da conduta em Loja bem como fora da mesma, em passos
perdidos, em presena de profanos, no lar e na vizinhana.
No que concerne a Deus e Religio dizem : "um maom est obrigado,
como tal, a obedecer a lei moral; e, se bem compreende a Arte,
nunca se ser um ateu estpido, nem um libertino irreligioso.
"Ainda que, antigamente, os maons estiveram obrigados, em cada
pas, a praticar a correspondente religio, qualquer que fosse,
estima-se atualmente oportuno que se lhes imponha outra religio,
fora daquela sobre a qual todos os homens esto de acordo,
deixando-lhes toda a liberdade no que concerne as suas opinies
particulares. Assim, pois, suficiente que sejam homens bons e
leais, honrados e probos, qualquer que sejam as confisses e
convices que os constituam".
"Assim a maonaria ser o centro de unio e o meio para estabelecer
uma sincera amizade entre pessoas as quais, fora dela, sempre
estiveram mantidas mutuamente afastadas".
Sobre o assunto da autoridade civil escreve : "O Maom um sujeito
tranqilo diante dos poderes civis, em qualquer lugar em que resida
ou trabalhe; nunca deve estar implicado em compls e conspiraes
contra a paz e contra a prosperidade da nao, nem comportar-se
incorretamente com os magistrados subalternos, porque a guerra, o
derramamento de sangue e as insurreies foram em todo o tempo
funestas para a Maonaria ...
"Se algum Irmo viesse a insurrecionar-se contra o estado,
deveria se cuidar de favorecer sua converso, ainda que tendo
piedade dele, com um desgraado. Sem dvida, se no est envolvido em
nenhum outro crime, a leal fraternidade, ainda que desaprovando sua
rebeldia, fiel ao governo estabelecido, sem dar-lhe motivo de
desconfiana poltica, no poderia expuls-lo da Loja, j que suas
relaes com ela so indispensveis ".
E sobre a conduta na Loja nos recomenda : "que vossos desgostos
e pleitos no passem nunca do umbral da Loja; mais ainda : evitar as
controvrsias sobre religio, nacionalidades e poltica, pois, em
nossa qualidade de maons no professamos mais que a Religio
Universal antes mencionada. Por outro lado, somos de todas as naes,
de todos os idiomas, de todas as raas, e se excluirmos toda poltica
por razo de que nunca contribuiu no passado para a prosperidade das
Lojas, nem o far no futuro ".
A ESSNCIA DA MAONARIA MODERNADestes estratos se depreende a
orientao estabelecida naquele tempo pelo movimento que produziu a
maonaria moderna cujos princpios fundamentais podem ser formulados,
como se segue:
1) um reconhecimento implcito da Universalidade da Verdade acima
de toda opinio crena, confuso ou convico.
2) a necessidade de obedecer a lei moral, como caraterstica e
condio "sine qua non" da qualidade de maons.
3) a prtica da tolerncia em matria de crenas, opinies e
convices.
4) o respeito, o reconhecimento e a obedincia s autoridades
constitudas, desaprovando-se toda forma de insurreio ou rebeldia,
ainda que no se considere como crime que merea a expulso da
Loja.
5) a necessidade de fazer nas Lojas um trabalho construtivo,
buscando o que une os Irmos e fugindo daqueles que os dividem.
6) A prtica de uma fraternidade sincera e efetiva, sem distino
de raa, nacionalidade e religio, deixando fora das Lojas toda luta,
questes ou diferena pessoal.
7) Considerar e julgar os homens por suas qualidades interiores,
espirituais, intelectuais e morais, muito mais que pelas distines
exteriores da raa, posio social, nascimento e fortuna.
A promulgao destes princpios realmente universais (que
constituem a essncia do humanismo e cuja perfeita aplicao faria
desaparecer todas as diferenas entre os homens, todo motivo de luta
e de inimizade, fazendo reinar em toda a parte a Harmonia e a Paz),
no livro de Anderson foi o que atraiu Sociedade um nmero crescente
de simpatizantes e ocasionou sua rpida expanso e difuso em todos os
pases.
Todos os idealistas se sentiram no dever de colaborar com ela,
encontrando na mesma um campo de ao e uma riqueza exterior,
apropriados para expressar e realizar suas particulares idias e
propsitos. Assim foi como convergiram a ela os homens mais
distintos da poca e se concentraram muitos esforos at ento isolados
e separados.
MULTIPLICAO DAS LOJASPor um duplo impulso da exposio dos
Princpios e de prestgio pessoal de seus Grandes Mestres, assim como
dos que se haviam agrupados ao movimento, as Lojas se multiplicaram
rapidamente: as doze Lojas que haviam tomado parte na eleio do
duque de Montague ascenderam a 20 no fim do ano, e 49 Lojas foram
representadas na assemblia de 1725.
Mas no deve crer-se que nesse nmero foram compreendidas todas as
Lojas ento existentes: muitas das que existiam em 1717 no aderiram
ao movimento iniciado pelo nascimento da Grande Loja por vrias
razes, entre elas a de crer usurpada a autoridade dela, e
preferiram permanecerem independentes. Algumas Lojas no aprovaram
as novidades introduzidas no Livro das Constituies, sustentando a
obrigao da crena em Deus e a fidelidade as prticas religiosas;
isto, assim como outras razes, produziu, como veremos, um cisma que
conduziu a fundao de outra Grande Loja.
Alm de incrementar-se na Inglaterra, Esccia e Irlanda, o nmero
de Lojas, passou de pronto a multiplicar-se sobre o continente,
estendendo-se o movimento em todo o mundo civilizado.
As primeiras Lojas que se constituram fora da Inglaterra, a base
do modelo Ingls (j existia antes e depois da fundao da Grande
Loja), foram constitudas em geral por maons isolados; desejosos de
propagar o ideal manico, em virtude do direito que acreditavam ser
inerente a essa qualidade.
Toda vez que um maom isolado, desejoso de formar uma Loja, no
podia juntar-se com outro, ou com outros dois para formar uma loja
simples, iniciavam um profano que julgavam digno de pertencer a
Ordem; os dois juntos procediam a iniciao de um terceiro,
formando-se assim a Loja simples, que sucessivamente podia fazer-se
justa e perfeita.
Assim, pois, no primeiro perodo, a maioria das Lojas se formaram
simplesmente em virtude desse natural direito manico, independente
de toda carta patente ou da autoridade de uma Grande Loja, cuja
autoridade no reconhecida por todos, reservando-se outras Lojas, e
fazendo expedir mais tarde uma patente regular.
Um local qualquer, disposto para a ocasio, com a condio de que
pudesse fechar-se e estar abrigado das indiscries profanas, era
tudo o que se necessitava para as reunies, traando-se no solo cada
vez, com giz, os desejos simblicos que os transformavam no Templo
dos mistrios manicos.
Assim, pois, muitas destas Lojas, que contriburam na formao de
maons e a rpida propagao da Ordem em sua nova orientao, puderam
forma-se e dissolver-se sem desejar nenhum trao ou recordao. Por
conseqncia muito difcil fixar com segurana a data do comeo da
Maonaria Moderna nos diferentes pases: como sempre, as origens se
acham envoltas na obscuridade.
O trabalho das Lojas, segundo dos costumes ingleses, consistia
essencialmente nas recepes ou iniciaes, que se fazia com grande
cuidado e ateno, j as que se alternavam com muita freqncia
festividades e gapes fraternais consolidando-se ao redor de uma
mesa comum o esprito de igualdade e da solidariedade entre seus
membros. No se havia introduzido o costume de tratar diferentes
temas, e especialmente se fugir de todas as discusses que pudessem
comprometer a harmonia e o bom entendimento entre os irmos. Sem
dvida, sempre se praticava alguma forma de beneficncia.
Por essa razo as Lojas se constituram especialmente nas
hospedarias que costumavam ser freqentadas por pessoas distintas.
Ali se alternava a vida exterior de sociedade com os ntimos
trabalhos de ritual. Como a Inglaterra, tambm a Frana encontramos
as primeiras Lojas das quais se tem notcias histricas, instaladas
em hospedaria. Duas delas foram constitudas, respectivamente em
1725 e 1729, em Paris, na casa de um hospedeiro ingls cuja
hospedaria levava o nome de "Au Louis d'Argent"; a ltima delas
obteve em 1733 a carta patente nmero 90 da Grande Loja de Londres.
Nesse mesmo ano as Oficinas que pertenciam a Grande Loja chegaram
ao nmero 109. Nessas Lojas tambm se pronunciaram homens eminentes,
e durante o Gro-Mestrado do duque de Wharton os maons impuseram a
mostrar-se em pblico com suas insgnias simblicas.
O DESENVOLVIMENTO NA INGLATERRAA Loja de York foi talvez a mais
importante entre as que no reconheceram a autoridade da Grande Loja
londrina e se mantiveram apartadas. Considerada como a Oficina mais
antiga, fazendo remontar suas origens ao ano 600, na qual o Rei
Edwin havia se assentado "como Gro-Mestre". Em 1725 assumiu o ttulo
de "Grande Loja de York ", dizendo que seu Grande Mestre devia ser
reconhecido como tal em toda Inglaterra; mas no fundo nem teve
outras Lojas sob sua dependncia at 40 anos depois.
Essa Grande Loja, que professava e praticava os mesmos princpios
que a Grande Loja de Londres, no foi a mesma a causa de
dificuldades; mas o que foi bastante a que se ops em 1751 e se
constituiu praticamente em 1753. Nasceu ela principalmente pela
iniciativa de um irlands, Lorenzo Dermot (na Irlanda, desde 1724, j
se havia fundado uma Grande Loja semelhante da de Londres),
iniciado em Dublin em 1740, na qual, visitando uma Oficina londrina
em 1748, no ficou muito satisfeito com as inovaes que encontrou nos
rituais. Formou ento um movimento que teria por objetivo uma maior
fidelidade aos usos antigos, e sete Lojas se uniram em Londres
desde 1751, fundando uma Grande Loja da qual foi Grande
Secretrio.
A nova Grande Loja distinguia os seus membros com o nome de
Ancient Masons (velhos maons), em contraposio com os "Modern
Masons" (maons modernos) da qual se constituiu em 1717, baseando
sua constituio sobre outra que se supunha datada do ano de 926.
No prosperou essa Grande Loja menos que a outra, a qual fixou
uma sria competncia (dado que a denominao de antigos angariava
maiores simpatias que a dos modernos), chegando a ter em 1813,
quando finalmente se uniram as duas Grandes Lojas, entre as quais
quase no havia nenhuma diferena, 359 Oficinas sob sua jurisdio.
Foram constitudas por estas duas Grandes Lojas muitas Lojas
regimentais, formadas por militares e que se transladavam com eles,
e tambm algumas Lojas martimas, a bordo dos navios de guerra.
Alm das Grandes Lojas citadas existia em Edimburgo a Grande Loja
da Esccia, fundada por 34 Lojas em 1736.
A MAONARIA NA FRANADepois da Inglaterra a Frana foi o primeiro
pas no qual fincou suas razes a Maonaria Moderna. Lojas manicas
isoladas fundadas por ingleses, parecem haver existido neste pas
desde antes de 1700 ; mas tal fato no tem veracidade histrica.
As primeiras quatro Lojas parisienses, sobre as que se tem
notcias certas, se reuniram em 1736, estando presentes cerca de 60
membros, e procedendo-se pela primeira vez a eleio de um Grande
Mestre na pessoa de Charles Radcliff, conde de Derwentwater,
fundador que foi da primeira Loja na hospedaria Au Louis d'Argent.
Devendo este abandonar o pas, foi elegido em 1783, em uma segunda
assemblia, como Grande Mestre ad vitam, Louis de Pardaillon, duque
de Antin, quem aceitou o cargo, apesar de o Rei Luis XV ter ameaado
com a Bastilha ao francs que a aceitara.
Principia nessa poca as primeiras graves hostilidades contra a
Maonaria, tanto de carter poltico como religioso. As primeiras
suspeitas nasceram quando ela j no se limitava a reunir entre si
elementos estrangeiros, se no que admitia igualmente a membros da
nobreza e cidados ordinrios, fraternizando mutuamente com toda
aparncia de conspirao. Ento as Lojas foram vigiadas e se chegou at
a suspende-las, aprendendo-se os Maons e a todos que os
hospedassem; sem dvida, tudo isto no obstruiu seu processo, e as
lojas seguiram reunidas, aumentando-se as precaues e at o lance a
que se expunham, mas atrativo em pertencer a mesma.
Tampouco impediram seu processo da bula de Clemente XII e os
meios que se usaram para difamar a Maonaria e coloc-la em ridculo,
como j se havia feito na Inglaterra; quando em 1743 morreu
prematuramente o duque de Antin, havia na Frana mais de 200 Lojas,
22 das quais atuavam em Paris.
Remonta a essa poca, e precisamente a 21 de maro de 1737, o
famoso discurso de Andrs Miguel Ransay, Grande Orador da Ordem,
pronunciado durante uma recepo, e que tanta importncia teve depois
por suas mltiplas repercusses, as quais ocasionaram por um lado a
concepo e criao daquela famosa obra que foi a Enciclopdia, e pelo
outro movimento conhecido com o nome de Mestres Escoceses, que
principiaram em juntar um quarto grau privilegiado (isto tambm
havia sido feito pela Grande Loja dissidente fundada na Inglaterra
em 1751, com o nome de Real Arco), que depois se multiplicou em uma
srie de graus suplementares que queriam reproduzir as antigas
Ordens cavalheirescas, crescendo at os 33 graus atuais do Rito
Escocs Antigo e Aceito.
Essa ltima novidade no foi a princpio muito bem acolhida, e um
artigo das Ordenanas Gerais da "Grande Loja Inglesa da Frana" (como
assim se chamava ento) no reconhecia os Mestres Escoceses, quanto
aos direitos ou privilgios acima dos trs graus de Aprendiz,
Companheiro e Mestre. Sem dvida, doze anos mais tarde,
repudiando-se o nome da Grande Loja Inglesa, substitudo pelo nome
simples de "Grande Loja da Frana", e revisando-se os Estatutos de
Lojas, o privilgio de permanecer cobertos nas posses, assim como o
direito de inspecionar as Lojas restabelecendo a ordem quando fora
necessrio.
O conde de Clermont, que em 1743 havia sido eleito em substituio
ao duque de Antin, no levou a srio o cargo aceito, e at
transcorridos os primeiros quatro anos no se atreveu a ostentar o
ttulo de Grande Mestre. Para esquivar sua responsabilidade elegeu
em princpio um substituto que no foi mais ativo que ele, e depois
um intrigante mestre de dana que levantou veementes protestos, e
recusa pela maioria dos componentes da Grande Loja a reunir-se sob
sua presidncia. Apesar de haver sido, em 1762, revogado seu cargo e
substitudo pelo Deputado Grande Mestre e no obstante a boa vontade
deste, no se pode evitar a anarquia, que levou as Lojas a autonomia
mais completa, dissolvendo-se praticamente a Grande Loja; esta, por
mandato do rei, foi suspensa em 1767, quatro anos antes da morte do
conde de Clermont.
Nessa ocasio foi novamente convocada, sendo eleito como Grande
Mestre o duque de Chartres. E como desde um princpio no se faziam
demasiadas iluses os maons franceses sobre suas funes
essencialmente honorficas, se nomeou tambm, como Administrador
Geral, ao duque de Luxemburgo, destinado a substitu-lo
efetivamente.
O duque de Luxemburgo, que teria ento 33 anos, tomou como muito
zelo e ardor seu cargo, elaborando um plano completo de
reorganizao, convocando em Assemblia, para aprov-lo, os
representantes de todas as Lojas da Frana. Ficou assim constituda a
Grande Loja Nacional, sendo representadas permanentemente nas
mesmas, por meio de disputas (eleies), todas as Lojas, juntas a
autoridade central direta que tomou o nome de Grande Oriente da
Frana. Tambm se ps fim ao privilgio dos Mestres de Lojas, que se
consideravam at ento vitalcios, estipulando-se que todas as
oficinas elegeriam anualmente seus oficiais.
Como nem todas as Lojas reconheceram essas reformas, se formou
tambm, em oposio ao Grande Oriente, a Grande Loja de Clermont, que
reconhecia igualmente como Grande Mestre o Duque de Chartres.
Tambm tiveram existncia na Frana, nessa poca, vrios ritos e
ordens mais ou menos relacionadas com a Maonaria, entre aos quais o
rito do "Elu Cohen" fundado por Martinez de Pasquallis (Elu Cohen
significa sacerdote eleito), que teve entre seus adeptos o clebre
Louis Claude de Saint-Martin, chamado de o Filsofo Desconhecido.
Igualmente deve ser notado o rito de Menfis-Misraim ou Maonaria
Egpcia fundada por Jos Blsamo, mais conhecido com o nome de Conde
de Cagliostro, que admitia a mulher e compreendia 96 graus.
Vrias associaes destinadas a dar mulher a participao nos
trabalhos manicos foram criadas cerca do sculo XVIII; e em 1774 a
Maonaria concordou oficialmente em reconhecer a Maonaria de Adoo,
com o rito especialmente elaborado para a mulher, constituindo-se
ento muitas Lojas femininas.
Desde 1773 a 1789 tomou a Maonaria na Frana um impulso
formidvel, passando de 600 o nmero das Lojas, sem contar cerca de
70 Lojas regimentais.
Se fizeram iniciar na Maonaria homens mais conhecidos da poca,
entre eles Voltaire, com idade de 80 anos, que foi recebido em
1778, apresentado por Franklin e Court de Gebelin, sendo a
assemblia presidida pelo clebre astrnomo Lalande. Com a revoluo a
Maonaria suspendeu na Frana suas atividades. Se lhe atribui
erroneamente haver participado diretamente na revoluo, se bem certo
que participou na revoluo intelectual que a precedeu, com a afirmao
do trinmio liberdade-igualdade-fraternidade que, interpretado
profanamente, pode ter sido causa indireta de muitos excessos. Mas
um conhecimento mais profundo da verdadeira essncia da Instituio, e
de como deva realmente interpretar-se esse trinmio, colocam-na
acima de toda efetiva responsabilidade daquele cataclisma, do qual
foi tambm uma das vtimas.
PRIMEIRO ANTEMAO primeiro antema contra a Maonaria foi lanado
como vimos, em 1738, pelo papa Clemente XII, havendo preocupado
muito o clero de ento, de que "homens de todas as religies e de
todas as seitas, satisfeitos com a pretendida aparncia de certa
classe de honradez natural, se aliam em estreito e misterioso lao".
O segredo manico (cuja verdadeira natureza tratamos de por em
evidncia nestes manuais) foi o ponto de acusao contra a Ordem. Os
homens em geral, e ainda mais as autoridades, divagam e desconfiam
e tem medo de tudo aquilo que no compreendem: a crena no mal (o
verdadeiro pecado original do homem) lhes faz supor que ali deva
esconder-se algo mal e indesejvel, e portanto atribuem facilmente
ms intenes ainda que onde no h o menor trao delas. Assim nasce a
suspeita, e dessa passa facilmente acusao, condenao e
perseguio.
A encclica no teve o mesmo efeito em todos os pases: ainda que
os Estados Pontifcios e a Pennsula Ibrica, a qualidade de maom se
castigou at com a pena da morte (e no faltaram Maonaria seus
mrtires), na Frana, pelo contrrio, nem essa encclica nem a seguinte
(que o Parlamento francs recusou registrar) foram tomadas em
considerao: prelados e sacerdotes continuaram sendo recebidos nas
Lojas, dado que tal qualidade lhe abria facilmente suas portas.
Uma segunda bula papal, publicada em 1751, por Benedicto XIV,
foi tambm causa, nos pases acima mencionados, de perseguies
sangrentas, considerando-se isto como se fra um crime, o privilgio
de pertencer a Ordem.
PRIMEIROS ANTEMASO primeiro antema contra a Maonaria foi lanado
como dissemos, em 1738, pelo papa Clemente XII, houve muita
preocupao do clero de que "homens de todas as religies e de todas
as seitas, satisfeitos com a pretendida aparncia de certa classe de
honradez natural, se aliam no estreito e misterioso lao". O segredo
manico (cuja a verdadeira natureza tratamos de pr em evidncia
nestes manuais) foi o ponto de acusao fundamental contra a Ordem.
Os homens em geral, e ainda mais as autoridades, teimam desconfiar
e ter medo de tudo aquilo que no chegam a compreender: a crena no
mal (o verdadeiro pecado original do homem) faz supor que ali
esconde algo de mal e indesejvel, e portanto atribuem facilmente ms
intenes onde no h o menor trao delas. Assim nasce a suspeita, e
desta passa-se facilmente acusao, condenao e perseguio.
A encclica no teve o mesmo efeito em todos os pases: enquanto
nos Estados Pontifcios e na Pennsula Ibrica, a qualidade de maom se
castigou com pena de morte (e no faltaram a maonaria seus mrtires),
na Franca, pelo contrrio, nem esta encclica nem a seguinte (que o
Parlamento francs recusou registrar) foram tomadas em considerao:
prelados e sacerdotes seguiram recebendo nas Lojas, dado que tal
qualidade abriria facilmente suas portas. Uma segunda bula papal,
lanada em 1751, por Benedito XIV, foi tambm causa, nos pases acima
mencionados, de perseguies sangrentas, considerando nesses como se
fosse um crime, o privilgio de pertencer a Ordem.
O EXRDIO NA ITLIAA Maonaria conforme o uso ingls foi introduzida
na Itlia em torno do ano de 1733, por Charles Sackville em Florena,
em princpio unicamente entre os ingleses que visitavam as
Academias, aos que no tardaram em juntarem-se vrios italianos entre
os mais cultos.
A idia se propagou rapidamente, primeiro em Toscana e depois em
toda a pennsula. Fundou-se uma Loja em Livorno, na que trabalharam
harmoniosamente, catlicos, protestantes e judeus e que,
precisamente por tal razo, no tardou em excitar as suspeitas do
clero romano, preocupado pela nascente sociedade na qual via sobre
tudo um perigo para sua hegemonia espiritual. E essa foi a origem
da encclica em eminente da qual acabamos de falar.
O antema pontifical no pode ser contrrio ao auge da Maonaria,
que seguiu difundindo-se, naquela mesma poca, pelas principais
cidades da Itlia setentrional. Porem um Maom florentino, Tommaso
Crudili, denunciado involuntariamente pela indiscrio entusiasta de
um abade companheiro de Loja, teve de pagar com a tortura e com a
morte (apesar de haver sido posto em liberdade pela enrgica
interveno do duque Francisco Esteban, iniciado na Haya em 1731) o
crime de pertencer a Sociedade.
Em Npoles a Maonaria floresceu notavelmente, constituindo-se
ali, cerca da metade do sculo, uma Grande Loja, enquanto as demais
oficinas da pennsula dependiam de Londres. No teve nenhuma restrio
sob o reinado de Carlos VII, porem no ocorreu o mesmo com seu
sucessor Fernando IV, que chegou a odiar a Instituio por sua mesma
debilidade de carter, tendo medo das provas da iniciao. Sem dvida,
os maons napolitanos receberam durante certo tempo a ajuda e proteo
inesperada da rainha Carolina, que fez num princpio revogar o
editorial, suprimindo-se as sanes penais contra os maons (1783);
porem, depois, a morte de sua irm Maria Antonieta na revoluo
francesa foi causa dessa simpatia se mudar totalmente.
NA PENNSULA IBRICAA pennsula ibrica tem, indubitavelmente a
primazia no martirolgio manico, em que o privilgio de haver
iniciado a perseguio contra os maons corresponda melhor ao clero
catlico da Holanda que, desde 1734, iniciou com suas calnias as
massas ignorantes, fazendo que fosse invadida uma Loja em Amsterd,
destruindo-se mveis e cometendo violncia contra as pessoas.
Por causa da perseguio que lhe foi imposta, assim que as
primeiras lojas foram constitudas em 1726 e 1727, respectivamente
em Gibraltar e Madri, tardou na Espanha quase meio sculo antes de
que pudesse constituir uma Grande Loja, sob o reinado de Carlos
III, mais liberal que seu predecessor, o qual havia autorizado o
desterro dos maons e dado carta branca a Inquisio.
Quase ao mesmo tempo que na Espanha, (1727) foi introduzida a
Maonaria em Portugal pelo capito escocs sir George Gordon; porem
desde de 1735 se empenhou em derramar sangue dos maons por obra de
um Frater fantico que denunciou 17 irmos por conspiraes e heresia.
Desde de ento os pedreiros livres foram caados, condenados morte e
atormentados nas formas mais brbaras, at o reinado de Jos I.
Em Madri, os primeiros maons foram arrastados e conduzidos aos
crceres da Inquisio em 1740: oito deles foram condenados s galeras,
os demais a diferentes penas. A Maonaria foi tolerada e pode
prosperar unicamente durante o mencionado reinado de Carlos III
(1759-1788), depois do qual se proibiu todo trabalho manico at a
entrada dos franceses em 1808.
No ano de 1750 tambm floresceu a Maonaria por algum tempo em
Portugal, sendo primeiro ministro do rei Jos I, Sebastio de
Carvalho, depois marqus de Pombal, que foi iniciado em Londres em
1744. Esse ministro foi muito benfico para o pas ao qual deu uma
constituio mais liberal, abolindo a Inquisio e desterrando os
jesutas. Porem aps a morte do rei, eles se vingaram fazendo-o cair
em desgraa com a rainha Maria I e, depois de ser condenado morte e
anistiado teve o ex-ministro que abandonar Lisboa na idade de 78
anos.
Renovando, a rainha Maria, a lei de Joo V contra os maons, estes
foram novamente perseguidos: alguns puderam escapar, porem outros
tiveram que sofrer por vrios anos as penas da Inquisio. Apesar
disso, algumas Lojas seguiram trabalhando em certos barcos ingleses
ancorados no porto, um dos quais se fez clebre como a Fragata
Manica. Em que no se ousara proceder de uma maneira direta a execuo
dos maons apreendidos, muitos deles morreram nas masmorras.
NA ALEMANHA E USTRIASe bem que Lojas manicas de carter mais
transitrio existiram na Alemanha anteriormente (sem falar,
naturalmente, das antigas corporaes de construtores de igrejas), a
primeira que teve certa a importncia e durao parece ter sido a que
foi fundada em Hamburgo em 1737, com o nome francs de Socit des
accepts Maons Libres de la Ville dHambourg. O baro de Oberg,
Venervel da mesma, teve no ano seguinte a fortuna e a honra de
iniciar na Ordem ao prncipe herdeiro Frederico da Prussia. Enquanto
o pai dele, ento reinante, sempre se ops a introduo da Maonaria em
seus estados, Frederico se fez desde o princpio seu protetor, e ao
subir ao trono em 1740 declarou publicamente sua qualidade de
Maom.
A iniciativa do jovem imperador se deve a fundao em Berlim da
Loja Os trs Globos, que em 1744 foi elevada a categoria de Grande
Loja. Desde ento a maonaria pode desenvolver-se livremente naquele
pas e se estabeleceram Lojas nos principais povoados alemes.
Em Viena foi fundada em 1741, pelo bispo de Breslau, a Loja Os
trs Cnones a que pertenceu o imperador Francisco I, que foi
iniciado em La Haya, em 1731, por Desaguliers, recebendo mais tarde
na Inglaterra o grau de Mestre. O imperador protegeu a Maonaria da
qual se fez protetor numa ocasio, quando, em 1743, foram arrastados
por ordem de Maria Teresa os membros de uma Loja. Durante a segunda
metade do sculo, na Alemanha como na Franca, houve um especial
fervor na criao de graus suplementreis aos trs simblicos e manicos
propriamente ditos, relacionando a Maonaria com a Ordem do Templo,
a qual se pretendeu reconstruir, e com outras tendncias msticas da
mesma poca.
Nasceu assim entre outras, a Ordem da Estrita Observncia,
fundada em 1754, pr J.B. von Hund, que se bem no sobreviveu a morte
de seu fundador (em 1776), no deixou de ter certo xito e ampla
ressonncia, tambm fora da Alemanha, durante sua breve existncia, e
seguiu exercendo sua influncia em outras ordens, como na
Martinista, que a sucederam. Todas essas ordens, de efmera durao,
tiveram sem dvida uma influncia decisiva na criao do Rito Escocs,
primeiro em 25 e logo em 33 graus, cuja a instituio foi falsamente
atribuda ao mesmo imperador Frederico, que parece no ter possudo
outros graus que os trs primeiros, desaprovando ademais a introduo
de outros graus. Entre os homens mais celebres que, no sculo XVIII,
se iniciaram na Maonaria na Alemanha, e escreveram
entusiasmadamente sobre a Ordem, citamos Lessing e Goethe que foram
recebidos nela em 1771 e em 1780, respectivamente.
NOS DEMAIS PASES DA EUROPANa Blgica a primeira Loja segundo o
uso ingls foi a Perfeita Unio, estabelecida em 1721, que
converteu-se depois na Grande Loja Providencial.
Na Holanda j havia Lojas em 1725, que se regularizaram dez anos
mais tarde sob a jurisdio da Grande Loja de Londres. Em 1757a
Grande Loja Providencial tinha treze oficinas e em 1770 se fez
independente.
Na Sua a cidade de Genebra e sua regio foram os primeiros onde
se formaram Lojas Manicas; a vida da Sociedade foi ali muito ativa,
porem no menos agitada por causa das sises internas que esgotaram
suas energias.
Na Sucia a primeira Loja foi constituda em redor de 1735 pelo
conde Axel Ericson Vrede-Sparre, que foi iniciado em Paris quatro
anos antes. Como conseqncia da encclica papal, o rei Frederico I
ameaou castigar com a morte a participao em reunies manicas,
retardando assim o desenvolvimento da Instituio. Depois, sem dvida,
os reis da Sucia se distinguiram em proteger a Ordem, sendo
atualmente uma de suas caractersticas que os monarcas daquele pais
unem a essa qualidade de Gro Mestres. Uma Grande Loja se constituiu
em 1761, reorganizando-se em 1780 com um rito especial de 12 graus,
que rege na atualidade.
Na Polnia, introduzida em 1739, foi proibida pouco depois e
tardou em propagar-se at o ultimo quarto do sculo. As Lojas
reconheciam em primeiro a autoridade do Grande Oriente da Franca, e
em 1785 se fundou em Varsvia um Grande Oriente nacional, que chegou
a ter em poucos anos mais de 70 oficinas.
Falam que a Maonaria foi introduzida na Rssia por Pedro o
Grande, iniciado numa Loja de Londres. De todos os modos certo que,
em 1731, o capito Juan Phillips foi nomeado Gro Mestre Provincial
da Rssia pela Grande Loja da Inglaterra, ao qual sucedeu em 1740
Jaime Keith, que ento servia no exercito russo. Vrios aristocratas
russos, comerciantes e marinheiros se fizeram ento maons.
Mais tarde a idia manica recebeu um notvel impulso pelo celebre
gravador Lorenzo Natter, que em Florena conheceu o Lorde Sackville.
Nesta poca de florescimento, a Maonaria russa foi muito
influenciada pelos sistemas e ritos alemes, e duas figuras
dominantes foram nela, o professor Eugnio Schwarz e o escritor
Nicolas Novikov.
Caracterstica da Maonaria Russa foi o desenvolvimento de
benficas atividades em favor das massas populares, combatendo o
analfabetismo e a falta de cultura, mediante a impresso e difuso de
muitas obras de autores estrangeiros, fundao de escolas, hospitais
e outras instituies, e iniciativa de beneficncia.
A segunda metade do sculo dominavam dois sistemas rivais, o
ingls e o sueco, cuja a unio se logrou em 1776. A Maonaria, num
princpio protegida por Catarina II, foi depois repudiada por essa
Imperatriz, e sua atividade se restringiu notavelmente a fins do
sculo, sendo depois proibida por completo durante o reinado de
Pablo I.
Desde de ento a vida da Maonaria na Rssia foi muito precria e
ocasional: teve a efmera esperana de poder ressurgir sob o regime
de Kerensky, porem encontrou no Bolchevismo um inimigo ainda mais
implacvel que a monarquia derrotada, motivando-se esta ltima
perseguio pelo fato de tratar-se de uma instituio tipicamente
burguesa.Tambm se estendeu a Maonaria inglesa, em seu primeiro
sculo de vida, em Constantinopla, Egito, Prsia e ndia, at chegar a
frica do Sul. Em Calcut a primeira Loja foi fundada em 1728 por sir
Jorge Pombret, e a esta seguiram depois muitas outras nas
principais cidades daquele pais. Cerca da metade do sculo XVIII
havia Lojas em todas as partes do mundo.
NA AMRICANa Amrica a primeira Loja parece ter sido fundada em
Louisburg (Canad) em 1721. Quando em 1730 Daniel Coxe era Gro
Mestre Provincial em New Jersey das colnias inglesas da Amrica, se
estabeleceram vrias Lojas e a imprensa deu conta do
acontecimento.
Benjamin Franklin fez em 1734 a primeira edio americana do Livro
das Constituies de Anderson, e no mesmo ano foi eleito Gro Mestre.
A atividade manica se expandiu assim rapidamente.
A diviso inglesa entre Antigo e Moderno Maons, no deixou de
refletir-se em suas colnias, particularmente na Amrica, onde
assumiu um carter especial pelos acontecimentos polticos que
culminaram na Guerra da Independncia, contando-se entre os modernos
especialmente os funcionrios, conservadores e partidrios do governo
ingls, e entre os antigos, os impulsores da Independncia.
Apesar de que os trabalhos das Lojas no tiveram um carter
verdadeiramente poltico (os Templos sempre foram lugares de reunio
onde os mesmos adversrios se acolhiam fraternalmente), nas Lojas
dos "antigos" foi concebida e se concretizou a idia da Unio
Americana. A maioria dos que levaram a cabo a independncia desse
pas foram maons, como o demonstra o fato de que 53 dos 56 que
entregaram a declarao de Independncia ostentaram tal ttulo.
Washington foi iniciado em 1752, e durante toda sua existncia
tomou parte muita ativa na vida manica: todos os atos de sua vida
pblica levam impressos os imortais princpios da Instituio. Quando
foi eleito Primeiro Presidente dos Estados Unidos, prestou seu
juramento sobre a Bblia da St. Johns-Lodge, e em 1793, quando se
colocou a primeira pedra do Capitlio, apareceu com as insgnias de
Venervel honorrio de sua Loja.
A atividade manica no sofreu nenhuma interrupo durante a
campanha da Independncia, seno que constituram nos partidos muitas
Lojas regimentais que contriburam notavelmente a manter a unio e o
espirito de solidariedade entre seus membros, fazendo mais ntimos
os laos da disciplina exterior.
Tambm entre os adversrios de ambos campos, o reconhecimento da
recproca investidura manica deu lugar a muitos atos de generosidade
e, assim como em outros pases tal circunstncia punha em perigo vida
e liberdade, aqui no, poucos deveram uma ou outra coisa ao fato de
serem maons.
Estes fatos, parte que teve a Ordem no movimento de
independncia, explicam a extraordinria difuso que teve depois a
Maonaria nesse pais, no qual se contam atualmente 82 por 100 dos
maons do mundo inteiro.
A MAONARIA NA PRIMEIRA METADE DO SCULO XIXA princpios do sculo
XIX se observa em qualquer lugar um novo florescer do Ideal Manico.
Enquanto nos Estados Unidos se constitui definitivamente o Rito
Escocs em 33 graus (1801), que to boa acolhida devia ter depois em
todo o mundo (apesar de estar hoje demonstrado que o rei Federico
da Prussia, ao qual se atribui sua fundao, na data de 1786, pouco
antes de seu descenso, nada teve a ver no assunto), na Inglaterra
as duas Grandes Lojas rivais se fundem em 1813, na Grande Loja
Unida que desde de ento seguiu sem interrupo a frente dos maons da
Gr Bretanha.
Na Franca, ressuscita com o advento napoleonico, em que dominada
pela vontade ento imperante, que lhe impuseram seus Gros Mestres,
aspirando fazer da mesma um instrumento do governo. Por esta razo,
em que se encheram de funcionrios, nem todos os antigos maons
voltaram a renovar seus trabalhos. E ao estender-se a dominao
francesa lhe deu curto parnteses de liberdade nos pases onde estava
ento perseguida: em Espanha, Portugal, ustria e Itlia.
Durante as diferentes guerras que tiveram lugar nesse agitado
perodo da histria europia, foram muitos os episdios nos quais se
revelou a influncia benfica da Maonaria, eliminando os
ressentimentos e dios nacionais, e estabelecendo por cima destes os
fundamentos de uma Fraternidade Universal e de uma comum
compenetrao que talvez seja a nica base de uma paz duradoura entre
as naes.
Muitos so os rasgos de herosmo com os quais os maons, sobre os
campos de batalha, conseguiram com o perigo da sua, salvar a vida e
dar liberdade a inimigos, que se revelaram como irmos. E isto se
verificava igualmente nos dois campos contundentes, sem exceo.
Este sentimento de Humanidade, bem pode constituir-se uma acusao
pelos que esto cegados pela viso estreita de um nacionalismo mal
entendido, constitui uma das melhores demonstraes da influncia,
sempre benfica da Instituio: no fazem, por certo, o mesmo os que
comungam uma mesma religio, quando se encontram e se reconhecem
como tais no campo de batalha.
NOVAS PERSEGUIESCom a queda de Napoleo, empenharam novamente na
Espanha e Portugal as mais cruis perseguies contra os Maons, onde a
Sociedade teve que viver uma vida secreta e extremamente agitada.
Se bem que desde 1868, com o duque Amadeo de Saboya e com a
Republica proclamada depois, pode na Espanha desenvolver-se
livremente por alguns meses, as perseguies e hostilidades se
renovaram logo, em que pese no numa forma to brbara e violenta como
as anteriores. O mesmo sucedeu em Portugal, onde o Grande Oriente
Lusitano, constitudo desde 1805, no pode trabalhar livremente at
1862.
O anti-maonismo se estendeu nesta poca em toda Europa: na mesma
Inglaterra, o ministro Liverpool pediu em 1814, sem conseguir, sua
supresso. Esta se fez efetiva na ustria at 1768, assim como na
Rssia praticamente seguiu sendo por mais de um sculo (apesar de
vrias tentativas espordicas e das 30 Lojas, aproximadamente, que
puderam existir durante a guerra),depois de um curto perodo de
florescimento, entre 1803 e 1822.
Os papas Pio VII, Leo XII, Pio VIII e Pio IX, continuaram
confirmando os antemas de seus predecessores, e numa forma mais
violenta o fez em 1884 Leo XIII, definindo-a, em sua encclica
Humanum genus, como opus diabuli. As palavras do chefe da Igreja
tiveram, como natural, larga ressonncia no clero romano, que
iniciou, de todas as maneiras possveis, uma vasta campanha contra a
Maonaria, a qual unicamente se deve (apesar do carter ecltico da
Instituio, que nunca pode ser anti-religiosa) a um carter
decididamente anti-clerical.
Todas estas acusaes mostram uma falta de conhecimentos da
verdadeira natureza e intentos de nossa Augusta Sociedade, apesar
de que seus princpios foram vrias vezes declarados publicamente, em
obras das quais no h dvida se encontram exemplares na mesma
Biblioteca Vaticana. suficiente dizer que o papa Leo XIII atribui a
Sociedade comprometer seus membros, obrigando-os a uma obedincia
absoluta, para estar seguros de que aqui no pode referir-se
Maonaria conhecida pelos maons, seno mais bem a Companhia de Jesus,
cuja a imitao nossa Instituio no foi por certo forjada.
O efeito no deixou de fazer sentir nos pases catlicos: na Blgica
se declarou uma perseguio aberta aos maons, alem de serem
excomungados, foram danados material e moralmente. Na Frana se
formaram bandos de fanticos que iam recorrendo a diferentes
populaes, com o objetivo de renegarem os maons, porm no conseguiram
o xito pretendido. E quando em 1861, numa circular relativa as
sociedades, o ministro Pessigny, se atreve a por no mesmo nvel a
Maonaria com as sociedades catlicas, eminentes arcebispos
levantaram sua voz contra essa tolerncia que consideravam como
monstruosa impiedade, sem obter mais sinal de xito.
Unicamente durante o reinado de Lus Felipe, at 1848, a Maonaria
teve na Frana um perodo de relativa decadncia.
OS "CARBONARIOS"Em vrios Estados da Itlia, a Maonaria continuou
sendo perseguida nesta poca, que preparou a unidade e independncia
do pas: desta os maons se fizeram especialmente campees, e muito
provvel que foram alguns deles que fundaram a sociedade secreta dos
carbonari (carbonrios), de carter exclusivamente poltico, que foi
ento erroneamente confundida com a Ordem.
Nasceram os carbonrios (1) no sul da Itlia, propondo-se a
liberao e independncia da pennsula do jugo estrangeiro, adaptando
uma linguagem simblica no qual suas oficinas se chamavam cabanas,
suas reunies vendas, seus agregados bons primos, sendo o dever
destes a caa dos lobos do bosque, ou seja a luta contra a tirania.
Em seu apogeu, na segunda metade do sculo passado, a sociedade
chegou a ter na Itlia quase um milho de aderentes.
Os mesmos carbonrios faziam, sem dvida, remontar as origens de
sua sociedade para o ano 1000 aproximadamente, surgindo ento com
finalidades de ajuda recproca, no meio da geral preocupao do fim do
mundo, na parte mais setentrional da Itlia (cerca dos Alpes
orientais). Outra sociedade poltica, de inspirao manica a Giovana
Itlia (Jovem Itlia) fundada por Jos Mazzini, o imortal autor
daquele livrinho que se chama "Os deveres do homem", cujo o ideal
estava compreendido no trimonio Dios-Patria-Humanidade, e que foi o
principal preparador moral da independncia daquele pais.
EXTENSO DA MAONARIA NO NOVO CONTINENTETampouco os Estados Unidos
ficaram isentos da onda anti-maonica que cercara a Europa sobre
nossa Instituio, com muito efeitos diferentes. Foi causa deste, o
assunto Morgan, originado pelo fato de que, em 1826, alguns maons
imprudentes cometeram o erro de raptar, com o nico fim de
dissuadir-lhe de seu intento, a um certo William Morgan, canteiro
de ofcio, que queria publicar um livro sobre a Maonaria, com todos
os detalhes dos rituais, smbolos e sinais de reconhecimento. Seu
raptores foram condenados e Morgan reaparece alguns anos depois, se
celebraram em todas as partes comcios de protestos, culpando os
irmos de assassinato. Se publicaram muitos peridicos anti-manicos e
os maons foram boicotados nos empregos pblicos e privados. Por esta
razo muitas Lojas cessaram voluntariamente seus trabalhos.
Porm a opinio pblica no tardou em dar-se conta do erro, e quando
o presidente Andrew Jackson defendeu abertamente a Ordem Manica
proclamando-a como uma Instituio que tem por objetivo o bem da
humanidade, se realizou novamente seu prestigio, e desde 1838 seu
progresso e extenso seguiram ganhando continuidade. No primeiro
quarto do sculo XIX a Maonaria se estendeu igualmente em toda a
Amrica Latina, onde empenhou em fincar suas razes desde do sculo
precedente, porm sem alcanar a extenso lograda nos Estados da Unio
Norte Americana. Assim a encontramos estabelecida em 1815 em So
Tomas, em 1819 em Honduras, em 1821 em Cuba, em 1822 no Brasil
(onde neste fato foi recebido maom o imperador do Pedro I, depois
nomeado Gro Mestre), em 1823 em Haiti, em 1824 em Colmbia e em 1825
no Mxico. digna de notar especialmente a fundao, em 1814, em Buenos
Aires, por iniciativa de So Martin e outros maons, da Loja
"Lautaro", cujos os membros se fizeram promotores do movimento
libertador que conduziu a independncia dos diferentes estados da
Amrica do Sul. Nos anos sucessivos foi estabelecendo-se tambm na
Austrlia, remontando-se ao sculo anterior sua introduo nas ilhas de
Java e Sumatra.
A SEGUNDA METADE DO SCULOApesar das excomunhes da Igreja e da
intensa campanha clerical contra ela, a Maonaria seguiu
estendendo-se na segunda metade do sculo, progredindo em quase
todos os pases. Na Itlia tomou nova fora quando, depois da "Expedio
dos Mil", Garibaldi foi eleito Gro Mestre ad vitam.O mesmo
escreveu, em 1867, que os maons eram a "parte escolhida do povo
italiano". Dois anos depois da tomada de Roma, em ocasio da morte
de Mazzini, apareceram pela primeira vez, em 1872, os estandartes
manicos pelos quais da Cidade Eterna.
Na Frana, depois de ter, nos estatutos de 1849, proclamado
obrigatria "a crena em Deus e na imortalidade da alma", mais tarde
(depois da terceira Repblica, na qual a Maonaria levou a cabo uma
atividade realadamente poltica, fazendo um alto labor patritico) em
1877, foi revisado este artigo, suprimindo-se esta clausula, e com
a mesma tambm suprimindo-se a invocao A\ L\ 0\ G\ D\ G\ A\ D\ U\
.
Este acontecimento atraiu sobre o Grande Oriente da Frana a
estigmatizao das Potncias Manicas anglosaxonicas, encabeadas pela
Grande Loja Unida da Inglaterra, que considerando minadas com esta
supresso as mesmas bases da Instituio, recusaram reconhec-lo. Trs
anos depois se verificou uma ciso entre as Lojas dependentes do
Supremo Conselho, constituindo-se estas em "Grande Loja Simblica
Escocesa": mais tarde o Supremo Conselho achou oportuno conceder a
autonomia a todas as Lojas nos trs graus simblicos, terminando-se
em 1897 a ciso com a constituio de uma "Grande Loja da Frana".
Enquanto na ustria estava proibida toda atividade manica, na
Hungria puderam constituir-se vrias Lojas, que se reuniram em 1870
na Grande Loja, enquanto paralelamente se desenvolvia a atividade
de um Supremo Conselho para administrao dos graus superiores. Todos
os Supremos Conselhos do Rito Escocs se reuniram num Convento em
Lausana, em 1875, com o objetivo de proceder a unificao universal
do Rito, adaptando-se s Grandes Constituies que atualmente o regem.
Depois desta data os Supremos Conselhos seguiram reunindo-se em
cada quinqunio.
Sem dvida, na mesma Sua este Rito no pode estender-se,
reconhecendo a Grande Loja Alpina, constituda em 1844, unicamente
aos trs graus simblicos.
Na Alemanha um dos acontecimentos mais salientes da Maonaria,
que no cessou de progredir durante todo o sculo, foi a admisso dos
judeus, que estavam antes excludos naquele pais pelas Grandes Lojas
locais. Tampouco nesse pais deixou de exercer-se a campanha
anti-maonica, porm em troca, seguiu vendo-se honrada a Ordem pelo
favor de prncipes e imperadores que alcanaram a dignidade de Gro
Mestres.
No pode omitir-se nesta simples exposio da vida manica no sculo
passado uma breve informao da campanha difamatria de Leo Taxil, da
qual muito se aproveitaram os adversrios de nossa Instituio, e cujo
eplogo pretende demonstrar com toda clareza quo fundamentadas so as
acusaes que se fazem Ordem.
Foi este o pseudnimo de um tal Gabriel Pages que, depois de ter
sido educado por Jesutas numa casa de correo, se fez anti-clerical
e por breve tempo foi maom, ficando unicamente no primeiro grau e
no visitando sua Loja mais que trs vezes. Publicou, a partir de
1885, uma srie de obras anti-maonicas, que causaram grande impresso
e nas quais (como confessou mais tarde) se props unicamente
explorar a credulidade alheia.
Nessas obras, quase de todo fantstica, disse que os maons se
dedicam ao culto do diabo, e muitos outros absurdos pelo estilo.
Vrios eclesisticos caram na rede, que culminou em 1896 com um xito
sem precedentes no Congresso anti-maonico de Trento, com mais de
700 delegados, no qual Leo Taxil foi calorosamente aplaudido. Porem
todos que creram tiveram uma merecida lio, quando no ano seguinte
declarou publicamente haver logrado com suas obras "a maior
mistificao da poca moderna".
Sem dvida os mistificados no se deram por vencidos, e seguiram e
seguem em sua campanha difamatria, da qual certo que nossa Ordem,
em que no oponha mais que o silncio, no pode deixar de sair
definitivamente vencedora, pela simples fora da Verdade que
proclama e , assim como por seu labor construtivo. Assim como no
mesmo campo dos adversrios da Maonaria se observa j uma troca de
ttica, enquanto os mais inteligentes reconhecem que a calnia e a
difamao no podem perdurar muito tempo (1).
A MAONARIA ANGLOSAXONICAA maonaria se acha hoje espargida sobre
todo o globo, entre os povos de todas as raas. Sem dvida, o povo
anglo-saxo, o iniciador da idia em sua atuao moderna, tem uma
supremacia indiscutvel de superioridade numrica e organizadora,
pois em comparao com os maons anglosaxes os demais constituem uma
exgua minoria. Inglaterra segue a frente do movimento como custdia
e defensora da antiga tradio, e sua Grande Loja Unida a continuao
direta da que se constituiu em 1717. Formam parte da mesma membros
da famlia real, da nobreza e do clero e homens de todas as crenas e
todas as profisses, trabalhando em perfeita harmonia com a
tolerncia mais completa de suas opinies individuais. Se contam,
dependendo da Grande Loja Unida, mais de 900 Lojas com quase um
milho de maons, repartidos em 70 Grandes Lojas Provinciais, entre
as quais 26 se acham nas colnias. A Grande Loja sustenta muitas
instituies de beneficncia.
1 No cremos que se deva dar demasiada importncia a sua temporria
eclipse quase completa na Europa, devido a instalao e o triunfo dos
regimes totalitrios. Cremos melhor que a Maonaria ganhar deste
parnteses de inatividade, e que ressurgir inteiramente renovada, e
mais forte eficiente, para enfrentar-se com a tarefa social que a
incube.
Nos Estados Unidos cada Estado tem sua Grande Loja, com um total
de 17.000 Lojas e mais de trs milhes de maons. Se praticam todos os
ritos, com predominncia do Rito Escocs de 33 graus, e h Lojas por
onde quer. Os Templos Manicos colossais, que se acham nas
principais cidades, do uma idia do predomnio e magnitude do
movimento. Se d nas Lojas americanas uma importncia fundamental a
idia da fraternidade de todos os homens, independentemente de suas
respectivas crenas e opinies, reunindo-se volumosas somas para
instituies culturais e de beneficncia. No Canad h mais de 1000
Lojas repartidas em 9 grandes Lojas. Na Austrlia as Lojas se
constituram inicialmente a obedincia das trs Grandes Lojas da
Inglaterra, Esccia e Irlanda, formando depois sete Grandes Lojas
independentes com vrios centenas de Lojas.
A Maonaria EUROPIANa Frana segue atuando (1) o Grande Oriente e
a Grande Loja em forma independente porem sem hostilidade, com um
total de mais de 600 Lojas e 100 captulos. Alem disso h um Supremo
Conselho para a administrao dos graus superiores dos membros
dependentes da Grande Loja, enquanto este tem como mesmo objetivo
um Grande Colgio dos Ritos.
Tambm na Frana se acha estabelecida a organizao manica
internacional ou Co-maonaria conhecida com o nome de "Direito
Humano", com centenas de oficinas espalhadas por todo o mundo,
praticando o Rito Escocs em 33 graus. Esta organizao considerada
irregular pelas demais potncias manicas, se caracteriza pela
admisso da mulher em seus trabalhos, em paridade com o homem. O
movimento se originou em 1882, com a iniciao de Maria Deraismes
feita pela Loja Os Livres Pensadores na Provncia de Paris, a qual
11 anos mais tarde se fez promotora da nova organizao. Atualmente o
movimento est estritamente ligado com a Sociedade Teosfica.
1. At a conquista alem em 1940 que, como sabido, imps a supresso
da Ordem.
Outras Lojas adaptaram os mesmos princpios admitindo a mulher em
seus trabalhos, e uma Grande Loja Mista se separou em 1914 da
Co-maonaria.Na Espanha havia, antes da guerra recente a instaurao
do regime Franquista, mais de cem Lojas organizadas em Grandes
Lojas regionais, dependendo de um s Grande Oriente e outras tantas
no Grande Oriente Lusitano, com tendncia decididamente democrtica,
sendo todas estas Lojas outros tantos centros de educao liberal,
como natural reao a opresso secular da Igreja. As de Espanha
favoreceram abertamente a efmera repblica socialista, contra os
"rebeldes" quem de antemo decretaram a supresso da Ordem.
Na Itlia havia, em 1922, mais de 500 Lojas sob a dependncia do
Grande Oriente, constitudo a imitao da organizao francesa, e um
nmero menor a obedincia da Serenssima Grande Loja Nacional,
dependendo de um Supremo Conselho em antagonismo com o Grande
Oriente. Ao fim deste ano se originou um movimento entre as Lojas
desta ltima obedincia, chegando a maioria destas a unir-se com o
Grande Oriente. Sem dvida, seguiram subsistindo os dois corpos
antagonistas, at que, ao cabo de dois anos, se desencadeou a
ofensiva do fascismo contra a Maonaria, cuja a supresso decretara
Mussolini, apesar de haver em geral a Maonaria favorecido o
movimento fascista, e de haver uma maioria de maons at entre os
membros do Grande Conselho do partido.
Atualmente numa forma provisria, o Grande Oriente da Itlia se
reconstituiu em Londres, esperando o dia em que seja possvel
renovar livremente sua atividade na pennsula cisalpina. Circulam,
sem dvida, noticias no sentido de que a Maonaria siga existindo na
Itlia dentro do regime fascista, e especialmente entre os oficiais
do exrcito.
Na Sua a Grande Loja Alpina constitui uma aliana de Lojas
simblicas autnomas, cuja atividade se desenvolve principalmente no
campo prtico favorecendo as instituies nacionais e ocupando-se dos
grandes problemas internacionais. Um plebiscito de inspirao
nazista, que queria acabar com a Ordem na repblica helvtica, foi
decidido, pouco antes da ltima guerra, em favor da mesma.
Na Blgica havia 24 Lojas sob a dependncia de um Grande Oriente e
um Supremo Conselho para os graus superiores, seguindo um caminho
anlogo da Maonaria Francesa. O Grande Oriente da Holanda tinha em
suas dependncias mais de 100 Lojas muitas delas nas colnias; a
Maonaria holandesa se aproxima da inglesa por seus princpios e
fidelidade ao ritual, perseguindo o ideal da fraternidade e da paz
universal.
A Maonaria Alem compreendia, antes do triunfo "nazista", 9
Grandes Lojas reunidas em federao (Grosslogenbund) com vrias
centenas de Lojas e dezenas de milhares de maons. Se caracterizam
por sua variedade e pela importncia dada ao lado especulativo,
filosfico e educativo, da Instituio. Havia muitas Lojas
decididamente crists, considerando "a mais alta manifestao divina
na vida e nos ensinamentos do Mestre de Nazareth"; e alem disso um
Grande Loja chamada Ordem Manica do Sol Nascente, com sede em
Hamburgo, considerada pelas as demais como irregular. Depois de
mais de um sculo de proibio, pode a Maonaria reativar na ustria
seus trabalhos, constituindo-se em 1918 a Grande Loja de Viena que
funcionou regulamente at anexao da ustria feita pela Alemanha.
Outra Grande Loja se constituiu em 1920 em Checoslovquia,
enquanto na Hungria a Grande Loja que pode antes desenvolver-se
livremente, chegando em 1919 a ter 93 oficinas, foi suprimida
definitivamente em 1920, sendo seu edifcio ocupado pela fora
pblica.
Nos pases escandinavos domina o Rito Sueco em 12 graus de
inspirao mstica crist, adaptado tambm pela Grande Loja Nacional da
Alemanha. Se admitem, por conseqncia, unicamente os cristos e o Gro
Mestre o prncipe reinante com o titulo de Vicarius Salomonis (nome
do ultimo grau).
Esta concretizao da Maonaria, eminentemente aristocrtica e
contava recentemente com cerca de 50 Lojas na Sucia, 16 na Noruega
e 12 na Dinamarca.
Na Rssia a Maonaria existiu secretamente a princpios do sculo
XX. Tendo sido descoberta pela polcia, teve que suspender seus
trabalhos; depois de uma curta revivescncia durante a guerra, no
que chegou a ter em 1947 cerca de 30 Lojas, foi novamente suprimida
com o triunfo e a instalao sangrenta do regime bolchevique, como "o
engano mais contrrio e infame que faz ao proletrio um burguesia
inclinada para o radicalismo".
Na Romnia existia tambm uma dezena de Lojas fundadas pelo Grande
Oriente da Frana e reunidas na Grande Loja independente.
Em Belgrado existiam, a princpios do sculo, vrias Lojas de
diferentes sistemas que em 1912 se submeteram a um Supremo
Conselho. Em 1919 se constituiu a Grande Loja de Srvios, Croatas e
Eslovenos Iugoslavos a semelhana da Sua. A Maonaria servia foi
injustamente acusada de tomar parte no atentado de Sarajevo, que
originou a guerra europia.
Na Grcia havia antes de sua ocupao pela Alemanha e Itlia um
Grande Oriente com cerca de 20 Oficinas e na Bulgria uma Grande
Loja, nascida em Sofia de uma Loja regularmente instalada pela
Grande Loja da Frana antes da primeira guerra europia.
Em Constantinopla havia, antes do advento da nova poltica
nacionalista, vrios grupos de Lojas de diferentes nacionalidades,
alm do Grande Oriente da Turquia que se constituiu depois da guerra
europia, cessando recentemente sua atividade, de uma maneira
aparentemente "espontnea", para comprazer ao regime imperante.
ASIA E FRICANa Sria a Maonaria muito prspera, contribuindo
notavelmente fraternidade e ao bom entendimento entre os homens de
diferentes raas e crenas.
Entre os diferentes povos da sia, a Maonaria se acha muito
difundida especialmente na ndia, onde as Lojas foram implantadas
pelas trs Grandes Lojas da Inglaterra, Esccia e Irlanda. Nos
templos manicos se igualam admiravelmente as diferenas de raas,
casta e religio, e a Instituio realiza nesse pais um labor
verdadeiramente benfico.
A Maonaria inglesa foi introduzida igualmente na China e, em
1888, no Japo.
No Egito h uma Grande Loja Nacional e mais de 50 oficinas. Outra
Grande Loja existe na Repblica da Libria, desde de 1850. Noutras
partes da frica h lojas dependentes das organizaes manicas
estabelecidas na Inglaterra, Frana e Holanda.
NA AMERICA LATINANo Mxico a Maonaria se acha atualmente num
perodo de reorganizao: h em todo pais vrios centenas de Lojas sob a
obedincia de diferentes Grandes Lojas, entre as quais as principais
so a Grande Loja Vale do Mxico e a Grande Loja Unida Veracruz. H um
supremo Conselho que trabalha em harmonia com a Grande Loja Vale do
Mxico e outras Grandes Lojas que competem com esta na mesma
jurisdio do distrito Federal.
Recentemente muitas LL\ independentes, e outras que
anteriormente se separaram, foram regularizadas no Vale do
Mxico.
Alm desse Supremo Conselho reconhecido, h no pais outros trs, de
cada um dos quais depende certo nmero de corpos filosficos: o do
Norte (Monterrey), o do Sul (Yucatan)e um Supremo Conselho Nacional
na capital.
Deve tambm sinalar-se o Rito Nacional Mexicano em nove graus,
que suprime a formula A\ L\ G\ D\ G\ A\ D\ U\ substituindo com
outra (Ao triunfo da Verdade e Progresso do Gnero Humano), assim
como o uso da Bblia. Admite a mulher e ha apartado outras inovaes,
nem todas igualmente felizes no ritual.
Se pratica o princpio da "autonomia das lojas"e h muitas Lojas
independentes que trabalham amistosamente e admitem visitantes de
qualquer obedincia. O rito dominante o escocs. Os trabalhos se
dirigem para a soluo dos grandes problemas sociais e o melhoramento
das condies da vida do povo.
Se atribui injustamente a maonaria mexicana de haver determinado
a luta religiosa no pais; a maioria dos maons se mantiveram neutros
nessa luta, que deve considerar-se como reao natural ao domnio da
Inglesa nos sculos passados.
O desejo de unificar a Ordem, sentido por muitos Ir \ de
diferentes obedincias, e que pudera realizar-se por meio de um
Grande Oriente, como rgo central coordenador, no pode, todavia,
levar-se ao fim por falta de uma adequada cooperao.
Em Cuba h uma Grande Loja e um Supremo Conselho fundados em 1859
com um nmero aproximado de 200 oficinas. Em Porto Rico h igualmente
uma Grande Loja com 37 Lojas; em Haiti um Grande Oriente fundado em
1824, com 64 lojas e um nmero quase igual de captulos e aropagos;
em So Domingo um Supremo Conselho, fundado em 1861, com uma dezena
de Lojas.
Um Supremo Conselho da Amrica Central foi fundada tambm em So
Jos de Costa Rica em 1870: em 1899 se constituiu uma Grande Loja
que conta com uma dezena de oficinas. Igual nmero contam a Grande
Loja de Panam e a de Salvador. Tambm em Guatemala h uma dezenas de
Lojas sob a jurisdio de uma Grande Loja que substituiu a Grande
Oriente de Guatemala, fundado em 1887.
Na Colmbia existe um Supremo Conselho desde 1827, h alem dessa,
recentemente no menos de trs Grandes Lojas antagnicas, que em 1938
anunciaram sua unificao. Tambm em Bogot, por iniciativa da maonaria
colombiana, se lanou nestes anos a idia de uma Confederao Manica
Latino Americana.
Na Bolvia e Venezuela o nmero de Of\ aparece muito reduzido,
dependendo na primeira de um Supremo Conselho fundado em 1833, e na
segunda de um Grande Oriente fundado em 1865 e de duas Grandes
Lojas mais recentes.
No Brasil a Maonaria estava at pouco tempo, muito estendida e
ativa, com cerca de 400 Lojas e um nmero considervel de oficinas
dos graus superiores, dependentes de um Grande Oriente e de um
Supremo Conselho que se fundiram em 1882. A Maonaria se fez
promotora neste pais da luta contra a escravido.
No Peru e no Chile, como na Sua, a Maonaria se limita unicamente
aos trs graus simblicos: h duas Grandes Lojas (a primeira das quais
se remonta ao ano 1831 e a segunda a Maio de 1862) que contam com
mais de 50 oficinas entre dois pases. Estes realizam um trabalho
muito srio e ativo em beneficio de seus respectivos pases.
No Uruguai h um Supremo Conselho e um Grande Oriente, fundados
em 1855, com vinte Lojas aproximadamente. Com a participao do G...
A... U... continua o Oriente do Uruguai, foi constitudo tambm em
1859, um Grande Oriente Argentino, que se dissolveu em 1886 e se
reconstituiu em 1895, do qual dependem atualmente mais cem Lojas.
Alem disso h aqui como em outras partes da Amrica, vrias Lojas a
obedincia de Grandes Lojas e Grandes Orientes estrangeiros.
O DOMINIO MUNDIAL DA MAONARIAMuito se escreveu e falou
recentemente, atravs de inimigos de nossa Instituio e de sua
orientao libertadora das conscincias, sobre o domnio internacional
que a Maonaria exercia ou quis exercer, como fim principal de sua
organizao. Se diz especialmente que, na organizao manica, com seus
altos graus nos diferentes pases, se encontra a obedincia oculta da
chamada "internacional hebraica", que tem por fim derrubar todos os
governos e de maneira especial as monarquias, estabelecendo uma
Repblica Universal com o domnio dos judeus sobre toda a terra.
Se citam a este propsito os "Protocolos dos Sbios de Sion", nos
quais particularmente se afirma esta oculta conexo entre a Maonaria
e o judasmo, e que encontraram um eco em vrios ambientes
nacionalistas, especialmente na Frana e Alemanha, aproveitando
vivamente a ocasio os anti-maons para lanar novos dardos contra a
Instituio. Alguns deles, como Ludendorff, chegaram as afirmaes mais
ridculas, como por exemplo a da equivalncia do avental manico com a
circunciso judaica.
No mesmo campo de nossos adversrios, se levantaram vocs para
declararem lealmente o absurdo dessas invenes e lendas que se
apoiam na ignorncia do que realmente nossa Instituio. No mesmo
Congresso anti-maonico de Trento, foram pronunciadas as palavras
"Falsa a idia de um direo central de todas as Lojas do mundo: falsa
a idia de chefes desconhecidos e falsa tambm a dos segredos no
esclarecidos todavia...".
Enquanto aos judeus suficiente dizer que constituem uma exgua
minoria na Instituio, e que foram e seguem sendo excludos em vrios
ritos, como por exemplo o Sueco, e esto por conseguinte muito longe
de poder exercer uma decidida influncia. A Bblia obrigatria em
quase todos os pases e aberta no Evangelho de So Joo, prova a
evidncia do carter mais cristo que judaico da Maonaria Moderna,
assim como prova certo grau superior.
E no que se refere unidade de mando necessria para este domnio,
pode assegurar-se que no existe: as diferentes organizaes manicas
nacionais se limitam unicamente a reconhecer-se mutuamente sobre a
base dos princpios comuns a seus trabalhos e atividade, e este
recproco reconhecimento est muito longe de ser universal.
Tambm a Associao Manica Internacional de Genebra, no tem maior
autoridade que a Sociedade das Naes tinha sobre seus componentes, e
tampouco logrou em reunir efetivamente a todos os Grandes Corpos
que representam oficialmente a Ordem.
Alem disso, este suspeito mando ou domnio, estas ordens que os
maons receberam ocultamente e obedeceram cegamente, so fatos
contrrios a essncia e aos princpios da Sociedade, que quer libertar
os homens e no fazer deles outros tantos escravos. Liberta-los
especialmente dos erros, do vcios e dos prejuzos, encaminhando-os
para a senda da Verdade e da Virtude.
O nico e verdadeiro "lao universal entre os maons est constitudo
pelos Princpios que os unem, na medida que cada maom
individualmente os reconhece e pe em prtica, e o nico "domnio" que
a Maonaria aspira, a da Verdade, fazendo obra de Fraternidade, de
Paz e Cooperao, entre os homens e os povos.
SEGUNDA PARTEO SIGNIFICADO DA CERIMONIA DE RECEPCOCita-se
algumas vezes a palavra iniciao no segundo e terceiro graus, assim
como nos seguintes; este termo imprprio, dado que no se pode ser
iniciado na Maonaria mais que uma vez, quando se ingressa nela no
grau de Aprendiz. Depois do qual, um caminho de progresso em
diferentes etapas, cada uma das quais precisamente corresponde a um
grau manico, ou seja, uma mais perfeita compreenso e realizao do
significado da iniciao manica.
Por esta razo, em muitos dos Mistrios Antigos, assim como
corporaes construtoras, h uma s e nica cerimonia com a qual se
admitia os candidatos nos ensinamentos esotricos, ou bem, no grmio
dos que participam da Arte.
Na Maonaria no havia, segundo alguns, at por algum tempo depois
da fundao da Grande Loja de Londres, mais que dois graus, depois do
qual, com o desenvolvimento ritualistico, se viu a convenincia da
diviso ternria, que ficou como uma das principais caractersticas de
nossa Ordem. Em que na prtica, o descuido em que se acha o formoso
grau do que tratamos neste Manual, demonstre como os trs graus no
so ainda efetivos. Qualquer que seja a realidade a este propsito, e
apesar de que algumas vezes pode perder-se de vista a necessria
graduao do verdadeiro esforo nas etapas sucessivas, s com as quais
pode conseguir-se um verdadeiro resultado em qualquer caminho, dita
graduao se imps em todos os tempos e toda a forma de atividade, em
todo campo prtico ou especulativo.
Em qualquer arte ou ensinamento, em qualquer hierarquia social,
inicitica ou religiosa, necessariamente houve e haver
constantemente, sob diferentes nomes e ainda sem nomes especiais,
Aprendizes, Companheiros e Mestres; correspondendo o primeiro grau
ou etapa ao ingresso ou perodo de novio, o segundo a prtica que faz
o artista (e portanto um verdadeiro companheiro no grmio ou
hierarquia em que se encontra), e o terceiro ao domnio completo ou
magistrio da Arte, que d a capacidade de ensinar, dirigir e guiar
aos demais.
Assim pois, a diviso em trs graus fundamentais to necessria e
natural que sempre se chega a ela, praticamente de uma maneira ou
de outra. No menos necessria aparece (o que no corresponde ao
presente "Manual" examin-lo detidamente) a adio de graus
suplementares, que constituam uma melhor realizao do programa dos
primeiros, e apesar de se repudiar, ou no se queira reconhec-los,
sempre reapareceram numa forma ou noutra. A Maonaria sempre os
teve, ainda que nem sempre se distinguiram exteriormente.
A necessidade de uma Cerimnia de recepo em cada grau se faz
evidente com o progresso da organizao: a perfeio destas cerimnias
quase sempre um resultado natural do esforo e da prtica constante,
de um trabalho coletivo no qual toda inovao deve ser examinada e
provada por muitos, antes de que possa adotar-se ou repudiar-se em
definitivo, um trabalho, enfim, que tende mais bem que a crer ex
nihilo e a priori, a realizar um Plano preexistente, que no pode
ser outro que o mesmo Plano do Grande Arquiteto, qualquer que seja
a concepo ou interpretao individual deste termo simblico.
A cerimnia de recepo neste segundo grau, completamente estranho,
com toda probabilidade, s corporaes medievais das quais tomou
diretamente sua origem a Maonaria Moderna, foi o resultado de um
trabalho de elaborao coletiva que se fez na primeira metade do
sculo XVIII. Um resultado muito feliz por certo, que mostra uma
perfeita competncia de seus autores incgnitos, como se pode julgar
pelo o que iremos expondo nas pginas seguintes, assim como por sua
imediata aceitao e difuso universal.
O MESTRE INSTRUTORNas corporaes de canteiros e pedreiros, o
novio para sua aprendizagem sob o guia de um mestre da arte ao qual
se confia para que faa dele um obreiro capacitado, obrigando-se
este a servi-lhes por certo nmeros de anos, sendo todo o trabalho
realizado durante este tempo por conta de seu mestre.
Uma vez que o aprendiz cumpriu o tempo fixado e seu mestre
estava satisfeito dele, este o apresentava aos demais como um
obreiro devidamente preparado, e ao qual se podia confiar qualquer
trabalho, e desde deste momento podia ser contratado livremente
recebendo o salrio que lhe correspondia.Viajava ento para praticar
a arte e aperfeioar-se na mesma e, a medida que crescia sua
habilidade no uso dos diferentes instrumentos, chegava a
emancipar-se gradualmente das regras que havia respeitado em seus
primeiros passos, adquirindo a genialidade que fazia dele um
artista.
A cerimnia de recepo no segundo grau manico reflete em seu
simbolismo estas etapas de trabalho e de experincia que constituem
o programa inicitico do companheiro, a mstica frmula que deve este
compreender e realizar por meio do esforo pessoal, que a base de
todo o progresso.
Igualmente em toda a forma de ensinamento terica ou prtica, e de
maneira especial no ensinamento inicitico, o novio ou discpulo tem
que se submeter ao guia particular de um Mestre Instrutor que
dirija e vigie seus passos e esforos sobre a senda de progresso, at
que alcance a capacidade de caminhar por si mesmo, sem a
necessidade de que seus passos sejam continuamente vigiados.
Assim se fazia nas iniciaes antigas, confiando-se todo nefito a
um guia particular que lhe instrua e respondia por ele, e por meio
da instruo recebida e das capacidades adquiridas, quando seu
instrutor o achava conveniente, lhe dava ou reconhecia o segundo
grau que fazia do misto um ponto ou "vidente", preparado e
capacitado para realizar a segunda parte do programa,
encaminhando-se gradualmente por seus prprios esforos e sob a guia
de sua prpria Luz interior, para o Magistrio.
O mesmo deveria fazer-se em todas as Lojas Manicas, quando se
queira levar a cabo um labor efetivo, sem deixar nunca aos
Aprendizes entregues a si mesmos, ou ao cuidado geral do Segundo
Vigilante. Uma vez reconhecidas suas capacidades e tendncias
particulares, o Mestre da Loja deveria confiar cada Aprendiz a um
Mestre Instrutor, ocupado diretamente de sua instruo e progressos.
E s quando a juzo deste os avanos so efetivos e h compreendido o
essencial da Doutrina Manica do primeiro grau, e seria proveitoso
os estudos dos novos smbolos que se relacionam com o segundo. Ento
deveria propor, na Cmara respectiva, para um aumento de salrio.
Como o curto prazo dos simblicos cinco meses que se lhe assina a
estncia no primeiro grau, em geral insuficiente para que se
adquiram os conhecimentos indispensveis para sacar proveito de um
novo estudo, desejvel, para o bem da Instituio e dos mesmos
interessados, que se prolongue este prazo a um ano quando menos,
pois s com esta condio se evitar que se encham de elementos
maonicamente inexperientes, as colunas de Companheiros e Mestres.
De que pode servir ao Aprendiz adquirir privilgios e conhecimentos
deste grau quando todavia no estudou e meditou o suficiente o
simbolismo e o significado do grau de Aprendiz?
EXAME DO CANDIDATO, pois de importncia essencial, o exame do
candidato, como conditio sine qua non para que se lhe permita
ascender o segundo grau. E este exame no deve se limitar-se a uma
pura formalidade, com se faz em algumas Lojas, sendo o conhecimento
fundamental do que se relaciona com o primeiro grau a base
necessria de todo progresso ulterior.
Este exame se faz, como se costuma, na Cmara do Aprendiz, para
que todos se dem conta do progresso dos candidatos, e sirva ao
mesmo tempo de lio e estmulo para os demais, com o guia do
Catecismo que se acha anexo a toda Liturgia.
Quando o exame comprova no candidato uma compreenso e um
amadurecimento suficientes, segundo a opinio unanime de todos os
componentes da Segunda Cmara, se procede ento a Cerimnia de
Recepo.
O exame do candidato corresponde, pois, no segundo grau, a
estncia no quarto de reflexo do primeiro grau, sendo naturalmente,
por no tratar-se mais de um profano, as condies muito diferentes.
Em vez da solidariedade e da semi-obscuridade de um pequeno quarto
negro, o candidato se encontra aqui num Templo iluminado, no meio
de seus irmos, que ouvem e julgam suas contestaes, que mostram o
que e sabe. E em vez de ser despojado de seus metais, deve aqui
luzir e fazer presentes a todos seus novos conhecimentos e
aquisies.
PREPARAOAssim como a preparao do candidato ao grau de Aprendiz h
de ser material e moral, a preparao ao grau de Companheiro ser
especialmente moral e intelectual. No tem, pois, uma verdadeira
razo simblica o descobrimento do peito nem do p do lado direito,
nem do joelho esquerdo, nem a corda enroscada ao redor do brao, que
se usam nas Lojas anglosaxonicas, para a recepo neste grau, (por
simetria com a iniciao do Aprendiz); tampouco tem razo de existir a
venda sobre um dos olhos para o que j viu a Luz.