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Business Intelligence
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Manual de business intelligence bi4all

Nov 01, 2014

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Este manual explica de uma forma aprofundada o conceito de Business Intelligence (BI)
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Business Intelligence

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F I C H A T É C N I C A

T í t u l oBUSINESS INTELLIGENCE

A u t o r e sCarlos Sezões, José Oliveira e Miguel Baptista

E d i t o r© SPI – Sociedade Portuguesa de InovaçãoConsultadoria Empresarial e Fomento da Inovação, S.A.Edifício «Les Palaces», Rua Júlio Dinis, 242,Piso 2 – 208, 4050 PORTOTel.: 226 076 400, Fax: 226 099 [email protected]; www.spi.ptPorto • 2006

P r o d u ç ã o E d i t o r i a lPrincípiaAv. Marques Leal, 212775-495 S. João do EstorilTel.: +351 214 678 710; Fax: +351 214 678 [email protected]

P r o j e c t o G r á f i c o e D e s i g nMónica Dias

I m p r e s s ã oRolo e Filhos, Artes Gráficas, Lda.

I S B N 972-8589-66-2

D e p ó s i t o L e g a l 249614/06

Pro jecto apoiado pe lo Programa Operac ional P lur i fundos daRegião Autónoma da Madeira (POPRAMIII), co-f inanciado peloEstado Português, e pela União Europeia, at ravés do FundoSocial Europeu.

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NEGÓCIO ELECTRÓNICO

Business IntelligenceCarlos Sezões | José Oliveira | Miguel Baptista

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I N T R O D U Ç Ã O

BUSINESS INTELLIGENCE

RRealizar um manual didáctico sobre as tecnologias de business intelligence é, naactualidade, um desafio motivador mas, inequivocamente, difícil e complexo. Com efeito, adiversidade de áreas abrangidas pelo conceito de business intelligence aliada à intensida-de das mutações e dos aperfeiçoamentos tecnológicos que, no passado recente e no pre-sente, caracterizam esta temática tornam extremamente difícil produzir algo completo edefinitivo. Terminado este manual, ficará inevitavelmente a sensação de que algo ficouesquecido ou de que alguma matéria concreta já estará desactualizada relativamente anovas práticas e novos modelos, que emergem continuamente no mercado internacional.

Convém, no entanto, como introdução e sem entrar em pormenores desenvolvidosmais adiante, focar um pouco as características e especificidades deste conceito.

Em primeiro lugar, business intelligence refere-se à simbiose entre gestão e tecnolo-gia. Não existe como tecnologia isolada dos processos estratégicos que se desenvolvemno seio de qualquer organização. Como tal, foi nossa preocupação, ao longo de todo omanual, não focar apenas os sistemas de informação, suas arquitecturas e seu modusoperandi, mas referir também os contextos de negócio, as metodologias e os modelos degestão em que a tecnologia está inserida e que, supostamente, irá apoiar. Assim, nãoquerendo entrar num nível de complexidade técnica desajustado dos objectivos e dimen-sões deste manual, preferimos enfatizar o contributo destes sistemas de informação espe-cíficos para as diversas necessidades de gestão.

Em segundo lugar, business intelligence é um processo produtivo cuja matéria-primaé a informação e o produto final o conhecimento. Tudo se baseia, portanto, em planear,gerir e controlar a informação de forma a criar e a distribuir conhecimento de formaoptimizada. No mundo actual (empresarial e não só), em que a informação é um recursoquase ilimitado, esta tarefa assume-se como essencial. E a pressão para a obtenção desteconhecimento oportuno e fiável já não é apenas endógena, mas também exógena, alarga-

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da ao meio envolvente da empresa. De facto, as exigências dos designados stakeholders(os «interessados» – clientes, fornecedores, investidores, media, público em geral) estão aatingir níveis inusitados, obrigando as organizações à modernização dos seus processos– esta realidade é visível nas modernas abordagens de corporate governance, perfor-mance management e risk management.

Por último, é de sublinhar que a implementação de um projecto de business intelligen-ce é hoje uma decisão crítica e complexa, que deve ser gerida com o máximo rigor. Desdeo momento em que se estudam as necessidades e a justificação de implementação, pas-sando pela avaliação previsional da sua rendibilidade, até ao processo de implementação«no terreno», são necessárias competências significativas de gestão de projectos, gestãodo risco e gestão da mudança para que o resultado seja, de facto, o esperado. A partirdesta premissa, compreende-se facilmente o destaque dado neste manual ao estudo, im-plementação e controlo de projectos, com dois capítulos consagrados a estas questões.

Em síntese, o presente manual de business intelligence pretende ser uma iniciaçãopara todos os interessados nesta temática, baseada numa análise generalista, abarcandoos conteúdos teóricos essenciais, mas não se inibindo de perspectivar novas tendênciasque o futuro próximo, em nossa opinião, se encarregará de validar.

CARLOS SEZÕES, JOSÉ OLIVEIRA E MIGUEL BAPTISTA

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Apresentaçãoe Conceito

• Compreender o conceito de business intelligence e a sua importânciano contexto da gestão empresarial actual

• Assimilar os principais objectivos e vantagens competitivas dabusiness intelligence como ferramenta de suporte à tomada dedecisão

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BUSINESS INTELLIGENCE

ENQUADRAMENTO

O conceito de business intelligence é um conceito lato e generalis-ta (cuja definição propomos mais adiante), hoje relacionado com umadeterminada categoria de processos de negócio, aplicações de softwa-re e tecnologias específicas. As suas metas fundamentais são, generi-camente, recolher dados, transformá-los em informação (através dedescoberta de padrões e tendências) e, sequencialmente, informaçãoem conhecimento útil e oportuno para a tomada de decisão.

Se quisermos fazer uma pequena resenha histórica deste tema, te-remos de recuar às origens e passar pelas diversas evoluções do con-ceito de estratégia. Com efeito, intelligence remete imediatamentepara a noção de informação privilegiada enquanto vantagem competi-tiva sobre um oponente e determinante para o sucesso de qualquerestratégia.

Desde as primeiras linhas escritas sobre estratégia, de Sun Tzu (AArte da Guerra, há 2500 anos), passando por Maquiavel (séculosXV-XVI) até Clawsewitz (século XIX), é patente a preocupação de,em face de determinado contexto de conflito, conhecermos da formamais exacta possível os nossos pontos fortes e fracos, bem como osdos nossos adversários (no caso empresarial, concorrentes), e, empormenor, as várias especificidades do terreno em que nos movemos(por analogia, o mercado e sua envolvente). As várias abordagensmodernas de análise estratégica surgidas no meio empresarial (a aná-lise SWOT – strenghts, weaknesses, opportunities, threats – ou aanálise da indústria – as cinco forças – de Michael Porter) são evo-luções naturais das mais antigas concepções nesta área. Em suma,num contexto concorrencial, conhecimento é vantagem.

Antes do advento da automatização e informatização do processa-mento, a informação era tratada de forma avulsa e não estruturada,pelo que as decisões tomadas a jusante tinham sempre um elevadocomponente de intuição. Com os primeiros computadores (os enor-mes e célebres mainframes, na década de 1960), iniciaram-se as pri-meiras tarefas a nível de automatização e armazenamento. Contudo,para além das naturais velocidades baixas de processamento, haviaproblemas notórios a nível da falta de infra-estruturas de conexão paratroca de dados ou da incompatibilidade entre sistemas. Simples re-portings baseados nesses dados poderiam demorar semanas ou mes-mo meses a ser elaborados.

No entanto, como é do conhecimento de todos, os desafios coloca-dos às empresas nos últimos anos elevaram a fasquia no que diz res-

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CAPÍTULO 1 • APRESENTAÇÃO E CONCEITO

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peito aos sistemas e competências de gestão. Várias tendências têmsido evidentes:

• Grande intensidade concorrencial da maior parte dos merca-dos;

• Exigência de padrões de qualidade cada vez mais elevados dosprodutos/serviços de cada oferta;

• Necessidade de conhecer mercados e clientes cada vez maissegmentados e específicos;

• Necessidade de racionalizar processos internos e reduzir cus-tos operacionais;

• Imperativo de avaliar, em tempo real, a performance das orga-nizações, de forma a ter capacidade de decidir em tempo útil;

• Necessidade de conhecer, controlar e minorar os riscos de ne-gócio associados a cada actividade.

A exigência e a complexidade tecnológica acompanharam estesnovos imperativos e tendências. As informações produzidas e as ba-ses de dados dos negócios/actividades estão a crescer a ritmo expo-nencial. Os sistemas ERP (enterprise resource planning), CRM(customer relationship management), SCM (supply chain mana-gement), data warehouses e Internet estão constantemente a ofere-cer informações aos gestores; é, pois, necessário transformar dadosem conhecimento.

Por último, é hoje notório que as empresas se tornaram mais hori-zontais, menos hierarquizadas; as tendências de downsizing e o cor-respondente empowerment (mais autonomia de decisão nos níveisoperacionais) pressupõem a disseminação da informação crítica juntode mais colaboradores/decisores.

Todas estas contingências obrigam a prestar uma atenção redo-brada ao processo de controlo interno, de gestão da performance (depreferência, em tempo real) e aos sistemas de informação para su-porte à decisão; em síntese, torna-se fundamental aprimorar a ligaçãoda estratégia à execução, facilitando assim o ciclo de gestão (planear– dirigir – monitorizar – avaliar – reportar), através do alinhamento daorganização na prossecução dos seus objectivos e de uma maior trans-parência dos seus processos de negócio.

Os sistemas de business intelligence são, na actualidade, os «cata-lisadores» da mudança, permitindo concretizar na prática estas novas

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BUSINESS INTELLIGENCE

abordagens de «boa gestão» e de «bom governo» das empresas. Deuma forma eficaz, pelo diagnóstico, análise, acessibilidade, partilha ereporting de dados, é possível aos gestores perceber o que é essencialno seu negócio e transformar os enormes mananciais de informaçãoem conhecimento útil, oportuno e fiável. E, como é natural, transformaresse conhecimento em resultados, para que as empresas possam pas-sar da eficiência operacional à eficácia corporativa. Podemos entãoavançar com uma proposta de definição do conceito:

Business intelligence – conceito que engloba um vastoconjunto de aplicações de apoio à tomada de decisão quepossibilitam um acesso rápido, partilhado e interactivo dasinformações, bem com a sua análise e manipulação; atra-vés destas ferramentas, os utilizadores podem descobrirrelações e tendências e transformar grandes quantidadesde informação em conhecimento útil.

Como se percebe pelo que foi aqui referido, a existência de siste-mas de BI é justificada pela sua adequação às várias realidades davida das empresas e de outras organizações. Existe hoje um conjuntode processos de negócio e actividades críticas no modelo de cadaempresa e na sua respectiva cadeia de valor, em que a obtenção deconhecimento específico é essencial para os processos de decisão.As realidades funcionais mais relevantes neste contexto, que depoissão materializadas em diversos processos de negócio, estão elenca-das no quadro abaixo:

Comercial

– Análise do comportamento do consumidor

– Análise da rendibilidade de consumidores/segmentos

– Análise de cross-selling

– Análise da força de vendas

– Análise dos canais de distribuição

Marketing

– Penetração no mercado/segmentos

– Eficácia das campanhas de marketing (análise de meios)

– Análise do ciclo de vida do produto/serviço

Finanças

– Previsão, planeamento e orçamentação

– Análise de performance

VALOR ACRESCENTADO DA TECNOLOGIA BUSINESS INTELLIGENCE– APLICAÇÕES FUNCIONAIS NAS EMPRESAS

– Consolidação financeira

– Reporting financeiro

Operações/Logística

– Eficiência operacional

– Planeamento da produção

– Controlo de qualidade

– Análise da cadeia logística

Recursos Humanos

– Planeamento da afectação de recursos

– Avaliação de performance

– Análise da compensação

– Avaliação de competências

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CAPÍTULO 1 • APRESENTAÇÃO E CONCEITO

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Numa primeira síntese, os sistemas de business intelligence têmem comum um conjunto de importantes objectivos fundamentais:

• Acesso a dados fiáveis – a fiabilidade dos dados, a sua fácil inte-gração e compreensão entre áreas é essencial para um exercícioconsciente da gestão;

• Aumento da transparência e compreensão do negócio – a disponibi-lização de conhecimento em tempo real (o «quê», o «quanto», o «quan-do», o «onde» e o «como») permite aos gestores e decisores ter umaperspectiva das áreas que devem controlar com total transparência eaumentar a sua capacidade de compreensão (o «porquê»);

• Suporte para a tomada de decisão – só uma compreensão oportunada realidade pode permitir tomadas de decisão eficazes; como tal, oconhecimento produzido pelos sistemas de BI, potenciados pelas tec-nologias de comunicação actuais, deve suportar e justificar as medi-das tomadas pelos vários intervenientes no processo de gestão.

ARQUITECTURA E CARACTERÍSTICAS

DE UM SISTEMA DE BI

Um sistema de business intelligence, encarado na perspectiva dasua vertente tecnológica, deve ser enquadrado na infra-estrutura glo-bal dos sistemas de informação da organização.

Por um lado, devemos ter sempre em mente que um sistema de BInão subsiste por si próprio – está ligado, de forma umbilical, às fontesde dados subjacentes, sejam elas os sistemas transaccionais ou osficheiros de suporte; enfim, tudo o que se possa considerar um reposi-tório «primário» de informação resultante dos processos de negócioda organização.

Por outro lado, a jusante, é necessário perceber a interacção entreo conhecimento produzido e os seus destinatários (utilizadores finais),que, através dos vários interfaces e ferramentas de visualização, ti-ram partido do que foi produzido, filtrado e sintetizado.

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BUSINESS INTELLIGENCE

Figura 1.1Estrutura típica esimplificada de umsistematecnológico debusinessintelligence

Um sistema-padrão de business intelligence é, portanto,composto pelos seguintes elementos:

• Módulo de ETL (extraction, transformation and loading)– Componente dedicado à extracção, ao carregamento e àtransformação de dados. É a parte responsável pela recolhadas informações nas mais diversas fontes (sistemas ERP, ar-quivos TXT ou ficheiros Excel);

• Data warehouse/Data marts – Locais onde ficam concen-trados todos os dados extraídos dos sistemas operacionais.A grande vantagem de ter um repositório de dados separadoconsiste na possibilidade de armazenar informações históri-cas e agregadas, construindo assim um melhor suporte paraas análises efectuadas a posteriori;

• Front-end – Parte de um projecto de BI visível ao usuário.Pode consubstanciar-se em forma de relatórios padronizadose ad hoc, portal de intranet/Internet/Extranet, análise OLAP efunções diversas como data mining ou forecasting (projecçõesde cenários futuros baseados em determinadas premissas).

Todos estes componentes e respectivos subcomponentes serãoanalisados, em pormenor, mais adiante.

PROPOSTAS DE VALOR E VANTAGENS COMPETITIVASDE UM PROJECTO DE BI

Implementar um projecto de business intelligence constitui, paraa organização que o promove, um investimento consubstanciado em

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CAPÍTULO 1 • APRESENTAÇÃO E CONCEITO

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fortes vantagens competitivas e diversas na forma de gerir a informa-ção de base e o conhecimento. Estas vantagens devem ser objecto deuma visão incremental: devem ser aprimoradas gradualmente com vistaa conceder aos decisores novas capacidades de análise e um valorcrescente em termos da obtenção de «matéria-prima» de suporte àtomada de decisão. Em síntese, cumprir a promessa essencial dasimplementações de business intelligence: entregar a informação certa,à pessoa certa, no tempo certo – potenciando as melhores decisõescom a melhor relação custo-benefício. As suas propostas de valorpodem sintetizar-se nas seguintes evidências:

• Primeira evidência – Um projecto de BI permite a aquisição decompetências distintivas ao nível da modelização da informação.

Os projectos de business intelligence permitem a definição demodelos e princípios de definição, inventário, conversão e distribuiçãoda informação, com vista a assegurar a coerência e a pertinência doconhecimento criado. Este processo de modelização prossegue numciclo de etapas variadas, em que a identificação dos factores funda-mentais para o sucesso é acompanhada pelo necessário feedbackproveniente da perspectiva conjunta dos profissionais das tecnologiasde informação e dos utilizadores finais, orientados ao negócio.

Poder-se-á assim assegurar que cada etapa do processo de mode-lização da produção de informação decorre com níveis máximos deeficiência, tendo em conta a infra-estrutura subjacente.

Figura 1.2O processo demodelização dainformação

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BUSINESS INTELLIGENCE

• Segunda evidência – Os projectos de BI graduais constituembenchmarks para optimizar a informação organizacional.

À medida que avançamos na busca de um conhecimento organizacio-nal, multidimensional e optimizado, os projectos de BI permitem um melhoraperfeiçoamento dos processos de trabalho e originam uma maior exi-gência por parte das comunidades de utilizadores. Cada patamar oubenchmark reflecte um valor básico (core value) e um valor avançado(advanced value) relativamente ao valor acrescentado para o negóciode cada projecto implementado. Tendo em conta as várias fontes dedados subjacentes, é frequentemente possível extrair informação adicionalque permita novas análises e um enquadramento mais completo.

Figura 1.3Valor básicoe valor avançadode umaimplementação

• Terceira evidência – Um projecto de BI por clusters (nichos)assegura uma simbiose integrada e duradoura entre a visão de negó-cio e a visão tecnológica da organização.

Uma organização necessita de ter as suas funções (marketing,produção, RH, finanças, logística, entre outras) e as inerentes respon-sabilidades hierárquicas (e. g., por departamentos) bem definidas.Contudo, não existem fronteiras estanques que delimitem estas árease os respectivos factores críticos de decisão. Por exemplo, num negó-cio em que o custo total (aquisição e aprovisionamento) da matéria--prima seja um factor muito relevante, as análises de vendas, compras,logística e marketing terão de estar inter-relacionadas. Como tal, aotrabalhar as aplicações de BI por clusters (temporários ou perma-nentes), é possível fazer decisões enquadradas e com uma perspecti-va completa de todas as variáveis que tenham impacto na decisão.

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CAPÍTULO 1 • APRESENTAÇÃO E CONCEITO

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Figura 1.4Cluster debusinessintelligencepara a decisãode preços

T E S T E O S S E U S C O N H E C I M E N T O S

1. Quais as principais vantagens competitivas que um projecto de business intelligen-ce pode trazer a uma organização?

2. Enumere quatro aplicações funcionais a nível da gestão das ferramentas de busi-ness intelligence.

3. Descreva e caracterize os principais componentes de um sistema de businessintelligence.

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BUSINESS INTELLIGENCE

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CAPÍTULO 1 • APRESENTAÇÃO E CONCEITO

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Panorama Actualdos Sistemasde Informaçãoe da Gestão

• Conhecer a infra-estrutura tecnológica anterior à introdução dastecnologias de business intelligence

• Conhecer os principais processos estratégicos de decisãoempresarial

• Compreender o impacto dos projectos de business intelligence naeficiência e eficácia desses processos

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BUSINESS INTELLIGENCE

OS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO PARA GESTÃO:LEGACY SYSTEMS VS. INTELLIGENCE SYSTEMS

Já remontam à década de 70 os primeiros sistemas integrados einformatizados de gestão, os designados MIS (management informa-tion systems), que tiveram o mérito de integrarem a informação origi-nária dos vários processos de negócio da organização. Contudo, estafase inicial debateu-se com as muitas limitações das infra-estruturastecnológicas subjacentes (linguagens de programação, sistemas ope-rativos, hardware, tecnologias de comunicação, entre outros), semdúvida bastante rudimentares, quando comparadas com os padrõesactuais.

A inovação tecnológica permitiu, contudo, que estas dificuldadesiniciais fossem superadas. O advento dos PC (personal computers)veio trazer uma maior massificação e democratização, de uma formatransversal aos vários degraus hierárquicos das organizações, à utili-zação das ferramentas informáticas.

Passadas as primeiras etapas de informatização, as grandes e mé-dias empresas passaram a última década envolvidas em projectos des-tinados a melhorar a sua eficiência operacional:

• A implementação de sistemas operacionais integrados (ERP) per-mitiu às organizações optimizarem a sua componente transaccio-nal, racionalizando processos e formatando a informação de modoeficaz, e ainda integrar áreas que anteriormente careciam de siste-matização;

• O desenvolvimento de projectos de cariz funcional, como CRM(customer relationship management) – gestão da relação comos clientes –, SCM (supply chain management) – gestão dacadeia de fornecimento – e DMS (document management solu-tions) – soluções de gestão da documentação produzida – (cadaum com as suas propostas de valor específicas em termos deeficiência), foi essencial para conferir níveis superiores de quali-dade às várias etapas da cadeia de valor.

Estes investimentos em legacy systems, foram, basicamente,aperfeiçoamentos feitos aos processos de back-office das organi-zações: compras, aprovisionamentos e gestão de stocks, gestãodocumental, gestão de equipamentos, pessoal, vendas e factura-ção, entre muitos outros.

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CAPÍTULO 2 • PANORAMA ACTUAL DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO E DA GESTÃO

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OS INTELLIGENCE SYSTEMSE O SEU VALOR ACRESCENTADO

Apesar de tudo, as empresas têm ficado, progressivamente, cadavez mais niveladas e equiparadas no que diz respeito à sua eficiência.Como tal, é por todos reconhecido que já não basta as empresas seremcompetitivas a nível operacional e transaccional: têm de ser eficazes anível corporativo. O foco está agora no acesso, na partilha e na análisedas informações e na sua transformação em conhecimento útil para oprocesso de tomada de decisão. Esta é uma abordagem, uma perspec-tiva integrada que visa os processos estratégicos de um organização,balizados no seu ciclo de gestão – análise e gestão estratégica, planea-mento e orçamentação, previsão, consolidação financeira, reporting eanálise da performance, e gestão dos resultados e das compensações.

Para esta abordagem são necessários intelligence systems, paraos quais as ferramentas de business intelligence são a matéria-pri-ma tecnológica.

Em resumo, as ferramentas de business intelligence têm três com-petências fundamentais:

• acesso pertinente à informação;

• capacidade de análise;

• capacidade de reporting.

PROCESSOS OPERACIONAIS E PROCESSOS ESTRATÉGICOS:EFICIÊNCIA OPERACIONAL VS. EFICÁCIA NA DECISÃO

Como já vimos, a eficiência operacional foi (e tem sido ainda nosúltimos tempos) o grande foco de preocupação dos gestores. Os pro-jectos sucederam-se na perspectiva da automatização e integração dosfluxos de informação transaccional, com vista a optimizar os processosde negócio em termos de tempo, custo e qualidade final dos outputs.

Em termos de processos operacionais, há que elencar os proces-sos de logística, produção, transação comercial, os processos finan-ceiros e os de gestão de recursos humanos – no fundo procedimentosrotineiros, de grande regularidade, que constituem o «sistema circula-tório» e sustentam assim a actividade da empresa.

Já os processos estratégicos prendem-se com um conjunto de acti-vidades essenciais à organização como um todo: analisar o contexto

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BUSINESS INTELLIGENCE

estratégico, planificar, estabelecer objectivos concretos, implementar(disseminando a informação), monitorizar, efectuar uma correcta ac-countability e consolidar informação (para fins internos ou externos).

Os primeiros beneficiaram de todo um esforço de modernização eintegração. Já os segundos, não obstante a sua importância, só nosúltimos anos começaram a preocupar os proprietários e gestores deempresas. Tal não é indiferente ao facto de apenas recentemente oaperfeiçoamento das tecnologias de apoio à tomada de decisão per-mitir elevar o patamar qualitativo destes processos.

AS BUSINESS PAINS: FORECASTING, PLANEAMENTO EORÇAMENTAÇÃO, CONTROLO INTERNO, ANÁLISE DA

INFORMAÇÃO, IMPLEMENTAÇÃO ESTRATÉGICA E GESTÃO DA

PERFORMANCE – GAPS E LACUNAS PARA A GESTÃO

PLANEAR, ORÇAMENTAR, PREVER

Na complexidade e dimensão das organizações actuais, a primeirabusiness pain (que, de forma aproximada, podemos designar como«dor de gestão de negócios») é responder à seguinte questão:

– Depois de definir a estratégia empresarial, como se elabora todo oprocesso de planeamento operacional e financeiro e respectiva orça-mentação de forma a tornar estas operações em instrumentos úteis paraa nossa gestão?

Figura 2.1O ciclo deplaneamento

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CAPÍTULO 2 • PANORAMA ACTUAL DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO E DA GESTÃO

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Por simples que possa parecer, esta é uma questão básica e essen-cial para compreender as razões que concorrem para a ausência deuma verdadeira gestão estratégica nas empresas.

O que está em causa é, de forma sintética, o processo (os méto-dos), o suporte (a tecnologia) e os objectivos da função de planea-mento. A perspectiva sistémica mais não é do que o resultado dosconstantes interacções/constrangimentos entre estas três variáveis,que se influenciam e condicionam mutuamente.

Em primeiro lugar, o processo adoptado. Em muitas organizações,o planeamento e a orçamentação são ainda operações morosas, cen-tralizadas e extremamente inflexíveis. A separação, bastante vulgar,entre as funções de planeamento e orçamentação implica muitas vezeso divórcio entre os departamentos operacionais/funcionais e o depar-tamento financeiro e o afastamento e desinteresse por parte da orga-nização pelo processo em si. O processo exige um período de recolhade dados, respectiva consolidação e relatórios finais em formatos-pa-drão: os orçamentos (budgets) propriamente ditos, discriminados porcentros de custos, demonstração de resultados (profit & loss e inco-me statement), balanço (balance sheet) e mapas de cash-flows.

A natureza dinâmica de maior parte dos negócios, na actualidade, jáexige aquilo que de designa como rolling forecastings (previsões dinâ-micas), isto é, actualizações constantes das previsões iniciais em fun-ção de novos inputs de informação endógena ou exógena – exigênciaque dificilmente se torna prática com os processos tradicionais.

O suporte é, frequentemente, a pedra-de-toque de todo o sistema.As tecnologias tradicionais mais utilizadas são as folhas de cálculo(spreadsheets, i. e., os típicos ficheiros de Excel), agrupadas atravésde um conjunto complexo de ligações. Este suporte origina cenáriosem que a criação, distribuição, recolha e consolidação dos modelosdos ficheiros se arrasta por semanas, acompanhadas muitas vezespor uma legião de analistas encarregues de assegurar a fiabilidade doprocesso. Acontece frequentemente, neste contexto, mudanças daspremissas iniciais, erros nas fórmulas ou nas ligações das folhas ealterações não autorizadas ou novos dados, o que desencadeia a ne-cessidade de encontrar e corrigir os erros.

Para terminar, os objectivos destas operações são naturalmenteinfluenciados pelo binómio processo-tecnologia adoptado. Com efeito,em organizações que utilizem os cenários tradicionais aqui descritos,é difícil transformar o planeamento da base e a monitorização da ges-tão estratégica em tempo real, como seria de esperar. As pessoasenvolvidas passam mais tempo no processo de recolha e composiçãoda informação do que na sua análise e preparação para a tomada de

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BUSINESS INTELLIGENCE

decisões. Torna-se também difícil o desenvolvimento de um sistemade custeio que permita atribuir a cada actividade/produto/estrutura oseu exacto nível de rentabilidade, essencial para uma gestão eficaz daperformance. Os objectivos da função de planeamento ficam assimconstrangidos à criação de um cenário indicativo que discipline razoa-velmente o comportamento das várias «células» da organização, masperderão, inevitavelmente, o seu valor acrescentado num curto espa-ço de tempo.

Fazendo agora um caminho inverso, é importante explicitar quaisdeverão ser os objectivos e as propostas úteis de um sistema optimi-zado tecnologia-processo:

• Capacidade de planear com rapidez e flexibilidade;

• Envolvimento de toda a organização no processo, de forma trans-parente e em tempo real;

• Introdução de capacidades de previsão ao longo do ano, sem revertodo o processo;

• Promoção da avaliação e accountability de todas as áreas e res-pectivos responsáveis, através de um sistema de custeios baseadonas sua tarefas operacionais;

• Promoção da fiabilidade e precisão dos dados orçamentados comvista à sua utilização pelos decisores internos.

Boa parte destas necessidades são preenchidas na actualidade porferramentas informáticas de planeamento que utilizam tecnologias stateof the art de business intelligence, que, como veremos em pormenorna descrição dos sistemas de corporate performance management,poderão e deverão ser integradas com as outras aplicações de análisee reporting.

IMPLEMENTAR A ESTRATÉGIA E GERIR A PERFORMANCE

A segunda business pain é, por sua vez, responder à seguinte ques-tão:

– Como se dissemina por toda a organização a informação sobreos objectivos estratégicos, respectivos indicadores e metas e como segere a performance em tempo real?

Importa, em primeiro lugar, tentar compreender a forma como asorganizações gerem as suas actividades. Definida a estratégia e efec-tuado um correcto planeamento, a empresa necessita de divulgar as

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CAPÍTULO 2 • PANORAMA ACTUAL DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO E DA GESTÃO

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linhas gerais de actuação que se esperam das várias unidades opera-cionais e funcionais ou até individualmente, de cada colaborador.De uma forma integrada, é necessário: definir a visão, e em seguida aestratégia, elencar os respectivos factores fundamentais para o seusucesso e explicitar os key performance indicators (indicadores--chave). De uma forma esquemática:

Figura 2.2A pirâmideestratégica:da visão aosindicadores

Ora, os indicadores fundamentais precisam de ser inicialmente dis-seminados (para clarificar o conhecimento de todos) e posteriormentecontrolados.

Algumas regras que importam ter em conta:

• Comunicar e avaliar os indicadores através de métricas (medi-das) que traduzam de facto a actividade de cada um no dia-a--dia (peças produzidas, quantidades ou valores vendidos, númerode serviços prestados) e a qualidade esperada dessa actividade(graus de satisfação/de sucesso apurados, etc.);

• Apurar os indicadores em tempo útil, de forma a que o cicloplanificar – executar – controlar – analisar – corrigir seja rápi-do e fluido (esbatendo os latency times);

• Reforçar o empowerment, dotando cada responsável de capa-cidades de interacção com as suas respectivas áreas de influên-cia, de forma a que a acção executiva seja verdadeiramenteoperacional;

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BUSINESS INTELLIGENCE

• Permitir uma rápida compreensão da performance ao longo do tempo,avaliando a evolução e as relações causa-efeito entre as variáveis.

Tudo isto implica a gestão, num road-map integrado, a definiçãode um modelo de gestão da performance e, não menos importante, asua implementação através meios tecnologicamente adequados.

A grande dificuldade, neste contexto, é o apuramento, transforma-ção e acessibilidade da informação. Com efeito, muitos dos indicado-res (valores absolutos, razões, entre outros) não são simples númerosapurados a partir de um único sistema. Pelo contrário, são frequente-mente fruto da informação composta, agrupada em vários sistemas –Como podemos então ter todo o conhecimento necessário agrupadonum único quadro de métricas e relatórios?

ANALISAR A INFORMAÇÃO

A diversidade de factos e as dimensões de análise (geográfica,comercial, de produto) das empresas actuais tornam extremamentemorosa e complexa a tarefa dos analistas de gestão e decisores. Nes-te ponto, a questão decisiva é:

– Como se sabem, em tempo real, os principais factos e tendênciasdo negócio, de forma a retirar a partir deles conclusões e decisões denatureza correctiva?

Esta questão é mais pertinente quando se tem, por exemplo, cente-nas ou milhares de referências de produtos ou serviços (logo, tipolo-gias diferentes), dezenas de unidades de negócio distribuídasgeograficamente, diversos fornecedores alinhados numa cadeia de abas-tecimentos a montante e diferentes segmentos de clientes/consumi-dores a jusante das nossas operações. Em suma, quanto maior for acomplexidade maior será a necessidade de obter e analisar a informa-ção, para ter uma perspectiva que seja ampla, mas, de forma comple-mentar, capaz de descer ao pormenor.

Figura 2.3Representaçãoda visãode negóciodos gestores

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CAPÍTULO 2 • PANORAMA ACTUAL DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO E DA GESTÃO

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EFECTUAR O CONTROLO INTERNO E GERIR O RISCO

A gestão de risco e os sistemas de auditoria e controlo são impera-tivos das modernas normas de governo das empresas. Com efeito, éfundamental assegurar a informação em tempo real acerca dos prin-cipais riscos do nosso negócio e criar as condições de segurança es-senciais à definição da sua fiabilidade – práticas asseguradas pelosdesignados «sistemas de controlo interno».

Aqui a questão pode ser formulada da seguinte forma:– Como se identificam claramente os riscos do negócio e formaliza

um sistema de controlo interno capaz de monitorizar os eventos/ten-dências indesejáveis para o cumprimento dos nossos objectivos?

Os riscos que, de forma generalizada, são hoje o alvo de maioresatenções e preocupações por parte dos gestores são os relacionadoscom a fiabilidade e integridade da informação financeira; são aque-les riscos que podem colocar em causa a eficiência e eficácia dasoperações e os que podem impedir, de algum modo, a conformidadecom a legislação e os regulamentos aplicáveis. De facto, o Sarba-nes-Oxley Act (legislação norte-americana que propõe uma exigên-cia extremamente rigorosa em termos dos sistemas de controlo internodas empresas cotadas), o Basel II (acordo internacional do sectorbancário que visa o estabelecimento de padrões para calcular requi-sitos mínimos de capital e novos modelos de cálculo de risco de cré-dito e risco operacional) e outras normas impõem hoje, a nívelinternacional, novas formas de controlar e monitorizar, de forma sis-témica e integrada, estas questões.

Outras organizações, com um grau de maturidade superior, bus-cam já o desenvolvimento de modelos que lhes permitam gerir asvárias categorias de riscos financeiros, estratégicos, ambientais, etc.,utilizando modelos matemáticos sofisticados de análise de impactode cenários.

Como tal, a existência de sistemas de workflow management,business process management e gestão documental que monitori-zem as várias etapas dos processos e avaliem as interacções realiza-das é encarada como essencial. Por exemplo, dada a complexidadeda dimensão, a disseminação e necessária consolidação da informa-ção financeira, é essencial a existência de capacidades de audit trailque possam registar o histórico e detectar todas as alterações efectu-adas a um determinado registo.

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BUSINESS INTELLIGENCE

T E S T E O S S E U S C O N H E C I M E N T O S

1. De que forma podem as ferramentas de business intelligence optimizar o ciclo deplaneamento da empresa?

2. Que dificuldades de análise tornam pertinente a introdução de ferramentas deanálise multidimensional?

3. Quais as dificuldades com que se deparam os gestores que pretendam operacio-nalizar um sistema de gestão da performance?

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CAPÍTULO 2 • PANORAMA ACTUAL DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO E DA GESTÃO

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Bases de Dadose DataWarehousing

• Conhecer os conceitos básicos de bases de dados e datawarehousing, pilares básicos dos projectos de business intelligence

• Compreender a importância dos metadados e da qualidade dos dadospara o sucesso dos projectos

• Adquirir noções básicas sobre o processo de construção de umdata warehouse

O B J E C T I V O S

3C A P Í T U L O

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BUSINESS INTELLIGENCE

CONCEITO DE BASES DE DADOS

Uma base de dados não é mais do que uma colecção de dados orga-nizada de uma determinada forma sistematizada. Não é obrigatório quea base de dados esteja registada num computador, mas nos dias de hojea grande maioria das bases de dados está em formato electrónico.Existem diversos tipos (ou modelos) de bases de dados, sendo os maisconhecidos o relacional e o dimensional. Este último é predominante-mente utilizado em data warehousing. No modelo dimensional os da-dos são organizados em tabelas divididas em linhas e colunas. Cadacoluna contém um valor discreto (embora noutro tipo de bases de dadospossa não ser exactamente assim). Os valores das colunas podem serinúmeros, dependendo do sistema de gestão de base de dados que gerea informação. Os valores mais comuns são geralmente números ou tex-to, podendo ser nulos e vazios. A diferença entre nulo e vazio é impor-tante salientar, pois o nulo (ou null) deve ser lido como «valordesconhecido», enquanto o vazio deve ser lido como «sem valor».A nomenclatura das linhas e colunas pode ser, em linguagem de base dedados, também denominada «tuplo» e «atributo» ou, mais correntemen-te, «registo» e «campo». Utilizaremos, de ora em diante, esta últimadenominação, para maior clareza de conceitos.

A consulta de dados numa base de dados em formato electrónico faz--se, normalmente, pela utilização de uma linguagem-padrão designadacomo SQL (structured query language). Esta linguagem foi definidacomo padrão pelo ANSI (American National Standards Institute), masexistem várias versões, dependendo do fabricante do software de gestãode base de dados. A grande maioria das versões cumpre os padrões doANSI, suportando as palavras essenciais definidas pela instituição (porexemplo, select, update, delete, insert e where). Consultando uma tabe-la de clientes podemos dar um exemplo desta linguagem:

Tabela 3.1Tabelade clientes

COD_CLIENTE NOME_CLIENTE MORADA1 LOCALIDADE MORADA2 LOCALIDADE

1 Ramalho e filhos Praça da Alegria Lisboa Av. Roma Lisboa

2 Castro e Marim Lda. Rua do Girassol Lisboa Av. República Lisboa

3 Alfarrobas e Cia Praça de República Porto Rua do Amial Porto

Em SQL, poderíamos consultar os nomes dos clientes e moradascuja localidade fosse Lisboa da seguinte maneira:

SELECT C.NOME_CLIENTE, C.MORADA1FROM CLIENTES CWHERE C.LOCALIDADE1 = “Lisboa”

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CAPÍTULO 3 • BASES DE DADOS E DATA WAREHOUSING

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Para manipular e consultar as bases de dados é normalmente neces-sária uma aplicação designada como «sistema de gestão de bases dedados» (SGBD ou, em inglês, DBMS – database management sys-tem). Este sistema ou aplicação é especializado em gerir os ficheiros debase de dados. Se for uma aplicação do tipo servidor (como SQL Ser-ver ou Oracle), a sua função é aceitar pedidos de aplicações clientespara gerir os dados existentes nas bases de dados. As aplicações clien-tes nunca manipulam as bases de dados directamente, apenas enviampedidos ao SGBD para que este faça a manipulação e a consulta dosdados numa arquitectura designada cliente/servidor. Em linguagem cor-rente, a designação «base de dados» inclui a base de dados propria-mente dita e o software SGBD. No entanto, é importante saber distinguiros dois conceitos. Fazendo uma analogia, e para melhor compreensão,a base de dados é para o SGBD aquilo que o livro é para o bibliotecário.Os SGBD mais completos possuem outras funcionalidades além da sim-ples gestão e consulta das bases de dados. Também fazem o processa-mento de transacções, salvaguarda, recuperação de dados, controlo deacessos, evitam a corrupção dos ficheiros, entre outras funcionalida-des. Outra das vantagens deste tipo de arquitecturas cliente/servidor éo facto de reduzirem drasticamente a utilização de largura de banda narede, uma vez que todas as operações são realizadas no servidor dedi-cado com o SGBD e apenas é devolvida à aplicação cliente a informa-ção relevante que foi solicitada.

RELAÇÕES ENTRE TABELAS

Numa tabela como a definida anteriormente, temos apenas paracada registo o mesmo conjunto de campos. Mas isto não quer dizerque, para introduzir ou consultar informações, todos os campos coma informação necessária tenham que estar na mesma tabela. A in-formação pode estar disseminada por várias tabelas, porque todaspodem ser consultadas ao mesmo tempo através da SQL. No entan-to, as várias tabelas devem possuir um ou vários campos comuns,para que se possam relacionar e para que seja possível consultar osdados de uma forma coerente e estruturada. Como ilustração, ob-servemos uma tabela de clientes e outra de moradas:

COD_CLIENTE NOME_CLIENTE

1 Ramalho e filhos

2 Castro e Marim Lda.

3 Alfarrobas e Cia

Tabela 3.2Tabelade clientes

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BUSINESS INTELLIGENCE

COD_MORADA COD_CLIENTE MORADA LOCALIDADE

1 1 Praça da Alegria Lisboa

2 1 Av. Roma Lisboa

3 2 Rua do Girassol Lisboa

4 2 Av. República Lisboa

5 3 Praça de República Porto

6 3 Rua do Amial Porto

Tabela 3.3Tabelade moradas

Em SQL poderíamos fazer uma consulta dos nomes e moradascom localidade em Lisboa, como na consulta anterior, utilizando a se-guinte sintaxe:

SELECT C.NOME, M.MORADA, M.LOCALIDADEFROM CLIENTES CINNER JOIN MORADAS MON C.COD_CLIENTE = M.COD_CLIENTEWHERE M.LOCALIDADE = “Lisboa”

Neste último exemplo, recorremos a uma relação entre as duastabelas, representada na consulta por uma junção («join») entre umcampo comum às duas tabelas. É nesta lógica de junções entre tabe-las que assenta o modelo relacional.

A criação de duas tabelas – clientes e moradas – com a mesmainformação que a contida na tabela inicial – clientes – é designada«normalização». Existem métodos formais para classificar o quãonormalizada está uma base de dados, as chamadas «formas nor-mais». Habitualmente, quanto mais normalizada uma base de dadosestiver, mais rápidas serão as actualizações das tabelas (uma vezque são eliminadas as duplicações, as tabelas são menores e, logo,a busca do registo específico a actualizar é mais rápida). No entan-to, para consultas complexas a várias tabelas, como é o caso dossistemas de OLAP (online analytical processing) com o modelodimensional, a consulta será tanto mais rápida quanto mais desnor-malizada estiver a base de dados.

AS FORMAS NORMAIS

As formas normais mais utilizadas são a primeira forma nor-mal (1FN), segunda forma normal (2FN) e terceira forma normal(3FN). A 1FN é o primeiro passo para a organização dos dadosque existem dentro de uma (ou mais) tabela (ou tabelas), de acordo

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CAPÍTULO 3 • BASES DE DADOS E DATA WAREHOUSING

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com as regras de normalização. Para colocar os dados de umatabela na 1FN é necessário colocar os dados em tabelas separa-das, em que os dados dentro de cada uma das tabelas sejam domesmo tipo, e atribuindo a cada uma das tabelas uma chave pri-mária. Uma chave primária é o conjunto de uma ou mais colunascujos valores identifiquem unicamente um registo. Assim, com a1FN, são eliminados grupos repetidos de dados como, por exem-plo, as moradas existentes na Tabela 3.1, obtendo assim comoresultado as tabelas 3.2 e 3.3. Deste modo, a chave primária databela de clientes (Tabela 3.2) é o campo cod_cliente e a chaveprimária da tabela de moradas (Tabela 3.3) é o conjunto dos cam-pos cod_cliente e cod_morada. A coluna cod_cliente na tabeladas moradas é denominada chave estrangeira, uma vez que cor-responde à chave primária da tabela de clientes. Para normalizaras tabelas reduzindo-as à 2FN, devem remover-se todos os cam-pos que dependam apenas de uma parte da chave primária, comoé o caso da localidade na tabela de moradas, que depende apenasdo campo cod_morada e não do cod_cliente. Assim, obtém-se oseguinte resultado (Tabela 3.4 e Tabela 3.5):

COD_MORADA COD_CLIENTE MORADA LOCALIDADE

1 1 Praça da Alegria 1

2 1 Av. Roma 1

3 2 Rua do Girassol 1

4 2 Av. República 1

5 3 Praça de República 2

6 3 Rua do Amial 2

Tabela 3.4

COD_LOCALIDADE LOCALIDADE

1 Lisboa

2 Porto

Tabela 3.5

Agora, a chave primária da tabela das localidades é apenas o cam-po cod_localidade e os valores do campo localidade deixaram de es-tar repetidos. Assim, podem existir na base de dados localidades queainda não estão atribuídas a nenhum cliente. O passo que falta parachegar à 3FN é retirar todos os campos das tabelas que não depen-dam exclusivamente da chave primária. Isto faz com que o campomorada, na Tabela 3.4 seja excluído, para gerar o seguinte resultado(Tabela 3.6, Tabela 3.7 e Tabela 3.8):

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BUSINESS INTELLIGENCE

COD_CLIENTE COD_MORADA

1 1

1 2

2 3

2 4

3 5

3 6

Tabela 3.6

COD_MORADA MORADA

1 Praça da Alegria

2 Av de Roma

3 Rua do Girassol

4 Av da República

5 Praça da República

6 Rua do Amial

Tabela 3.7

COD_MORADA LOCALIDADE

1 1

2 1

3 1

4 1

5 2

6 2

Tabela 3.8

Depois da 3FN existem outras (mais quatro) formas normais, que, naprática, não são geralmente utilizadas na concepção de bases de dados.

CONCEITO DE DATA WAREHOUSE

Para definir o conceito de data warehouse (DW) ou armazém dedados é necessário, em primeiro lugar esclarecer alguns termos impor-tantes para a sua compreensão. O primeiro é o termo «dados». Os da-dos de um DW são compostos por factos individuais e discretos quecongregam valores descritivos, qualitativos e quantitativos de interessee relevância para o negócio. O campo de data warehousing envolvedois tipos de dados: os dados operacionais, que descrevem as transac-ções e os acontecimentos diários, e os dados informativos, que sãoreconciliados, integrados, «limpos» e que constituem a matéria-prima apartir da qual a informação é construída.

O segundo termo é «informação». A informação é definida comouma colecção de dados organizada e apresentada num contexto espe-

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CAPÍTULO 3 • BASES DE DADOS E DATA WAREHOUSING

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cífico e com significado para o negócio. O objectivo da informação denegócio é informar pessoas e processos, ou seja, fornecer factos emétricas vitais para os processos e úteis para as pessoas que os de-senvolvem. Assim, a informação adiciona dados ao conjunto de co-nhecimentos que está disponível para os sujeitos do negócio e para osprocessos de negócio.

O conceito que se segue é de extrema importância para a criaçãoe o desenvolvimento de qualquer projecto que envolva um DW – oconhecimento. O conhecimento é uma característica pessoal e indivi-dual; tem essencialmente a ver com a familiaridade, compreensão epercepção que as pessoas possuem em relação a um determinadoassunto e não com informação contida em computadores ou softwa-re. O conhecimento pode ser adquirido de diversos modos, como porexemplo o estudo, a experiência, o instinto e a crença. Uma vez queestes factores são diferentes de indivíduo para indivíduo, o conheci-mento de cada um é, inevitavelmente, único.

Existem muitas definições de data warehouse provenientes devários autores conceituados na matéria, como William Inmon ou RalphKimball. A definição mais consensual é aquela que descreve o datawarehouse como uma colecção de dados que:

• são integrados – o data warehouse deverá ser uma fonte única eabrangente de informação para e sobre o negócio. Assim, com umDW não é necessário aceder a múltiplas fontes de dados para res-ponder a questões levantadas pelos utilizadores;

• são organizados por assuntos – os dados e a informação deverãoser apresentados compartimentados por assuntos, de acordo comas necessidades dos utilizadores finais;

• variam no tempo – o data warehouse contém o histórico da infor-mação, assim como a informação actual, sobre o negócio, possibili-tando desta forma análises de evolução histórica;

• não são voláteis – o data warehouse contém informação estável.Os dados, uma vez chegados ao DW, não são apagados. Assim, osdados são sempre adicionados de formas regular, de modo a forne-cer registos históricos correctos e credíveis;

• são acessíveis – uma das funções primárias de um data warehouseé proporcionar o acesso à informação de uma forma fácil e rápida.

Assim, o data warehouse é desenvolvido para responder às ne-cessidades do negócio no que diz respeito à obtenção e análise de

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BUSINESS INTELLIGENCE

informação, transformando dados de várias fontes em informaçõesrelevantes para o negócio.

Um data warehouse é um repositório de informação quecongrega os dados históricos de cariz operacional e transac-cional de uma organização agrupados numa base de dados.Este armazenamento implica o favorecimento e a facilitaçãode tarefas como a análise e o reporting.

A criação de um data warehouse justifica-se por dois motivosfundamentais:

• A necessidade de integração de dados distribuídos por diferentesestruturas de bases de dados, tendo em vista uma análise global;

• A necessidade de separação dos dados utilizados nas operaçõescorrentes dos utilizados na análise e no reporting, tendo como fima tomada de decisões.

Um data warehouse agrupa frequentemente um vasto manancialde informação, que é muitas vezes dividida em conjuntos mais peque-nos e agrupados de forma lógica em pequenas unidades designadascomo data marts.

ARQUITECTURAS DE DATA WAREHOUSE

A modelização (desenho) da estrutura de um sistema de informa-ção como um data warehouse é um passo essencial. De facto, im-porta ter um conceito alicerçado em entidades lógicas (coerentes coma estrutura da organização e com os processos de negócio) e na des-crição das dependências entre si.

A criação do DW tem o seu início na concepção do modelo, que iráser carregado com os dados provenientes de diversas fontes atravésdo denominado «processo de ETL» (extraction, transformation eloading – extracção, transformação e carregamento).

Qualquer ambiente de data warehousing, para estar completo,tem de desempenhar cinco funções fundamentais. Diferentes reposi-tórios de dados (do inglês data stores) podem corresponder a funçõesdiferentes dentro do data warehouse, conforme a arquitectura esco-lhida. As funções são as seguintes:

• Recepção – Os repositórios com esta função acolhem os dados dasvárias fontes para dentro do ambiente do data warehouse. As fon-

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CAPÍTULO 3 • BASES DE DADOS E DATA WAREHOUSING

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tes podem ser dispersas e possuir diferentes tecnologias, e a aqui-sição de dados ser feita em frequências temporais distintas. Habi-tualmente, durante este processo é feita a limpeza dos dados, paraque estes se apresentem o mais correctos e completos possíveldentro do data warehouse;

• Integração – Os repositórios com esta função conjugam dados devárias fontes uns com os outros. Como exemplo, podemos ter ocaso de, num determinado sistema operacional de introdução deencomendas, um produto possuir o código x e no sistema operacio-nal de gestão de stocks e armazém o mesmo produto possuir ocódigo y. A indicação de correspondência entre os diversos dados éfeita nestes casos. Pode ser necessário fazer outra limpeza de da-dos além da já efectuada durante a recepção de dados;

• Distribuição – Os repositórios com esta responsabilidade represen-tam activos de informação a longo prazo e com âmbito alargado.A distribuição consiste no processo de transferir os dados destetipo de repositório para repositórios concebidos para responder anecessidades de negócio mais específicas (como os data marts);

• Entrega – Os repositórios com esta função combinam os dados deacordo com o contexto que uma determinada unidade de negócioou conjunto de utilizadores necessita, dentro da organização. A en-trega é feita transferindo os dados para um manancial de tecnolo-gias, como data marts, cubos multidimensionais, dashboards, etc.;

• Acesso – Os repositórios com responsabilidade de acesso são osque permitem a consulta de informação de dados integrados e ge-ralmente os alvos do processo de distribuição.

Figura 3.1Representaçãográfica deum data warehouseno modelo starschema

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BUSINESS INTELLIGENCE

STAR SCHEMA

O star schema (esquema em estrela) é talvez o modelo mais utiliza-do na concepção de um data warehouse. O conceito pressupõe a cria-ção de tabelas dimensionais (e. g., dimensão tempo, dimensão clientes,dimensão geográfica), que ficam ligadas entre si através de uma tabelade factos. A sua interligação baseia-se num esquema lógico e simples:as tabelas dimensionais contêm as definições das características doseventos, enquanto as tabelas de factos, por sua vez, armazenam os fac-tos decorridos e as chaves estrangeiras para as características respec-tivas que se encontram nas tabelas dimensionais.

Este modelo apresenta vantagens óbvias, como por exemplo a exis-tência de uma única tabela de factos contendo toda a informação semredundâncias, a definição de apenas uma chave primária por dimen-são, a redução do número de interligações e a consequente poucanecessidade de manutenção.

TABELA DE FACTOS

A tabela de factos é o centro do esquema em estrela, armazenan-do enormes quantidades de informação, historicamente definida, obti-da a partir da intersecção da restante. Assim, cada registo de umatabela de factos possui uma coluna, ou um conjunto de colunas, quecorresponde às chaves primárias de cada uma das tabelas dimensio-nais do esquema em estrela. Além destas colunas com as chaves es-trangeiras, a tabela de factos contém também colunas que descrevemo volume, frequência, valor ou quaisquer outras medidas numéricasque possam ser agregadas (através de somas, contagens, médias, etc.)num query de SQL. Isto significa que a tabela de factos é altamentenormalizada, pois a sua chave primária consiste na concatenação detodas as chaves estrangeiras das dimensões relevantes para os fac-tos, e os atributos são medidas numéricas que se relacionam directa-mente com a chave primária.

TABELAS DIMENSIONAIS

As tabelas dimensionais contêm, na esmagadora maioria das ve-zes, muito menos registos do que as tabelas de factos. O seu tamanhovaria habitualmente entre as dezenas e os milhares de registos, en-quanto as tabelas de factos poderão conter milhões ou mesmo biliõesde registos. Este tipo de volume representa um problema quando que-

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CAPÍTULO 3 • BASES DE DADOS E DATA WAREHOUSING

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remos efectuar uma busca nas tabelas de factos. É então que o es-quema em estrela mostra a sua eficiência. Tomando como exemplouma tabela de factos que contém vendas de produtos a clientes emunidades e valores, com dez milhões de registos e três dimensões (clien-tes, tempo, produtos) de cem registos cada. Neste caso, e assumin-do uma distribuição uniforme dos dados na tabela de factos, uma con-sulta que seleccione um registo de cada uma das três dimensões iráter um retorno, da tabela de factos, de apenas dez registos. Esta con-sulta, utilizando o esquema em estrela e os índices apropriados, seráextremamente rápida. As tabelas dimensionais deverão conter, alémde todos os atributos descritivos como o nome do produto, o tipo deproduto, etc., os atributos numéricos, que não faz sentido serem agre-gados (e. g., preço do produto). Caso a tabela dimensional possuadados contínuos, deverão ser criados intervalos para que os dadospossam ser agrupados de forma relevante. Podemos tomar como exem-plo o valor das encomendas. Em vez de existir um registo por cênti-mos na tabela (o que levaria a uma tabela dimensional com muitosregistos e provavelmente não muito relevante para o negócio), farásentido criar intervalos de zero a 100 euros, de 100 a 200 euros eassim sucessivamente, atribuindo a cada intervalo um valor para acategoria de preço (um para [0, 100], dois para ]100, 200], etc.), per-mitindo assim uma análise mais relevante dos factos.

CHAVES SUBSTITUTAS

Habitualmente, não são utilizadas, num data warehouse, as chavesprimárias e as chaves estrangeiras do sistema fonte. Tomemos comoexemplo uma tabela de clientes no sistema transaccional que tem «1»como código de cliente. Se este cliente mudar de nome, o que acontecegeralmente nestes sistemas é que o nome do cliente é alterado mas ocódigo mantém-se igual. Para que a informação do anterior nome docliente não se perca, no ambiente de data warehouse são utilizadaschaves substitutas (surrogate keys), que substituem a chave primáriaoriginal, permitindo repetições da mesma. Tomemos como exemplo atabela de clientes como a Tabela 3.2, e o campo cod_cliente que cor-responde a 1. Se o cliente corresponente tivesse mudado de nome nodia 15 de Janeiro de 2006, no sistema transaccional teríamos:

COD_CLIENTE NOME_CLIENTE

1 Ramalhete e Caramelo

Tabela 3.9

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BUSINESS INTELLIGENCE

Enquanto no data warehouse, a tabela com a dimensão clientes,tipicamente, seria:

Tabela 3.10

ID_CLIENTE COD_CLIENTE NOME_CLIENTE INÍCIO_VAL FIM_VAL REG_ACTUAL

1 1 Ramalho e filhos 01/01/1970 14/01/2006 0

2 1 Ramalhete e Caramelo 15/01/2006 01/01/3000 1

Nesta tabela o id_ cliente é a chave substituta para a chave primária databela original. Este identificador, que é a chave primária da tabela dimen-sional, é aquele que servirá de chave estrangeira na tabela de factos.Assim, uma venda que tenha sido efectuada ao cliente com o cod_cliente 1antes de 15 de Janeiro de 2006 irá constar da tabela de factos com oid_cliente 1, e uma venda que tenha sido efectuada ao mesmo cliente, apósesta data, irá ser registada na tabela de factos com o id_cliente 2, enquantono sistema transaccional de origem, a mudança de nome não é detectada,pois o nome do cliente foi actualizado. Isto permite que se possam olhar osdados (factos) por duas perspectivas distintas: vendas por nome de cliente(logo, não tendo em conta a mudança de nome), ou vendas por cliente real(com o campo de cod_cliente = 1).

SNOW-FLAKE SCHEMA

Na modelização dos dados, o esquema snow-flake é uma evolu-ção mais complexa do star schema. O seu objectivo é normalizar asdimensões, agrupando os dados de cada uma em várias tabelas (e nãoapenas numa única grande tabela como no esquema em estrela), evi-tando assim redundâncias.

Figura 3.2Representaçãográfica de umdata warehouseno esquemasnow-flake

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CAPÍTULO 3 • BASES DE DADOS E DATA WAREHOUSING

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CONCEITO DE DATA MART

Podemos definir um data mart como uma versão mais especializa-da e específica de um data warehouse. Sendo as suas característi-cas essenciais similares a este último (conjunto de dados vindos daactividade operacional de uma organização), a sua criação advém danecessidade de agrupar e configurar dados funcionalmente homogé-neos (e. g., data mart de vendas, de recursos humanos).

A criação de um data mart prende-se frequentemente com impe-rativos de performance (separar um conjunto de dados do DW cor-porativo com vista a uma maior eficiência no seu tratamento eprocessamento), segurança (separar informação autorizada para de-terminado grupo de utilizadores da informação confidencial) ou utili-dade (necessidade de um modelo de dados diferente do DW para umafinalidade de negócio diferente).

Importa, contudo, compreender que a construção abusiva de datamarts poderá levar à inconsistência e/ou redundância da informação(com duplicação de dados), pelo que estes projectos terão sempre deter uma boa justificação.

CONCEITO E IMPORTÂNCIA DOS METADADOS

O significado literal de metadados (metadata) é «dados sobre osdados», isto é, o termo refere-se à informação que descreve as carac-terísticas de um conjunto de dados.

Duas analogias bastante utilizadas para simplificar este conceitoaplicado à gestão das tecnologias de informação são a de um catálogocom a descrição de um conjunto de produtos e respectivos atributos, eainda, mais apropriadamente, a de um índice de uma enciclopédia,com a enumeração de conteúdos.

Nas empresas, o armazenamento e gestão dos metadados da in-formação existente nos sistemas operacionais é fundamental para auniformização, fiabilidade e coerência dessa mesma informação.

Na perspectiva da introdução de tecnologias de business intelli-gence, esta questão coloca-se sobretudo no desenvolvimento de umabases de dados e de um data warehouse.

Por exemplo, numa base de dados relacional, a tarefa de encontraros metadados consistirá frequentemente em ter uma tabela com a des-crição de todo o conjunto de tabelas da base de dados e seus atributos

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BUSINESS INTELLIGENCE

(nome, números de linhas, tamanho) ou tabelas com as colunas e otipo de dados aí armazenado.

Ralph Kimball, estudioso e teórico destas áreas, apresentou umalista dos vários tipos de metadados presentes num data warehouse:

• Metadados do sistema – fonte de dados– Especificações das fontes – repositórios;– Informação descritiva das fontes – como, por exemplo, des-

crição das entidades detentoras da informação, frequênciada actualização dos dados, limitações legais, metodologias deacesso;

– Informação sobre o processo – caso da rotina das tarefas oudos códigos de extracção;

• Metadados do repositório de recepção de dados– Informação da aquisição da informação – e. g., horários e

resultados da transmissão de dados, utilização dos ficheiros;– Gestão das tabelas de dimensões – definição das várias di-

mensões, funções das chaves substitutas;– Transformação e agregação – mapping e aperfeiçoamento

dos dados, scripts do modo de carregamento do DBMS, defi-nições de agregação;

– Auditoria e registo (job logs) da informação;

• Metadados do RDBMS (relational database management system)– Tabela de conteúdos do RDBMS;– Scripts de processamento;

• Metadados dos repositórios com função de entrega e acesso a dados– Descrição das colunas;– Dados da segurança da rede.

Tendo isto em consideração, poderemos agregar os metadados emquatro tipos:

• Metadados de negócio – Descrevem o significado dos dados dodata warehouse e das ferramentas de business intelligence. Guar-dam informações como as definições e áreas de negócio, a estrutu-ra e a hierarquia dos dados, as regras de agregação, a definição demétricas de negócio, etc.;

• Metadados dos processos – Descrevem a origem, o momento,frequência e forma em que foram carregados os dados que estãono data warehouse;

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CAPÍTULO 3 • BASES DE DADOS E DATA WAREHOUSING

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• Metadados técnicos – Descrevem os locais físicos, os formatos eos tipos de dados dos elementos de dados, estruturas de ficheiros etabelas, índices, etc.;

• Metadados aplicacionais – Descrevem a forma como se ace-de e utiliza os dados. Podem ainda descrever os momentosem que os dados são acedidos, por quem, com que frequên-cia, etc.

Como é facilmente perceptível, todos os tipos de metadados sãoessenciais na gestão dos sistemas de informação das empresas ac-tuais, na tarefa sempre indispensável de localizar os dados pretendi-dos (tracing) e conseguir monitorizar e controlar todo o processo detransformação de dados, desde a fonte, aos interfaces de análise ereporting, até à sua validação final. A disseminação de enormessilos de informação, cuja integridade é necessário garantir, torna agestão dos metadados uma tarefa essencial para optimizar o conhe-cimento existente nos SI de uma organização. Para isso, torna-sefundamental possuir um repositório de metadados. O repositório po-derá ser adquirido a empresas especializadas, ou ser desenvolvidointernamente, dentro da organização. Embora a primeira hipóteseseja uma solução rápida, não é do tipo plug & play, pois terá que serdesenvolvido o processo de extracção dos metadados das suas fon-tes e povoar o repositório de metadados fornecidos pelo produtocomercial. No caso de se desenvolver um repositório de metadadosinternamente, apesar de haver um esforço maior, controla-se total-mente a forma como os metadados são geridos. No entanto, é im-portante ressalvar que , tal como um projecto de data warehouse, orepositório de metadados deverá ser desenvolvido por meio de itera-ções e não de uma só vez.

IMPORTÂNCIA DA DATA QUALITY

O processo de carregamento do DW – o designado «ETL» – é,normalmente executado utilizando pequenas quantidades de dados– amostras relativamente restritas dos dados provenientes dos sis-temas-fonte. Na fase final de um projecto que envolve o carrega-mento do DW, são utilizados volumes de dados próximos dos reaise é habitualmente nesta fase que surgem os problemas relativos àqualidade dos dados. Normalmente, este tipo de problemas deve-

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BUSINESS INTELLIGENCE

-se a dados inconsistentes, como valores em falta, dados duplica-dos ou redundantes, etc. Como resultado, o analista tem de voltaratrás e resolver estes problemas e entra-se num processo iterativoque pode ser bastante moroso e dispendioso. Um problema detec-tado durante a fase de testes poderá custar cerca de 100 vezesmais do que se for detectado durante a fase de concepção e de-senvolvimento. Para que isto não aconteça, torna-se essencial fa-zer o denominado «perfil dos dados» (data profiling). Este tipo deanálises deverá ser feito recorrendo a tecnologia específica, antesdo início do processo de ETL. Algumas ferramentas de ETL jápossuem este tipo de funcionalidade.

ETAPAS PARA A CONSTRUÇÃO DE UM DATA WAREHOUSE

O essencial para o início de um processo (e não projecto) de datawarehouse é a necessidade de negócio. A empresa tem de sentir quenecessita de algo para consolidar, gerir, apresentar e permitir a análisecompleta das informações que possui. Essa necessidade terá de ser umobjectivo definido e encarado como estratégico. Após o seu apareci-mento e a especificação do objectivo final, dever-se-á estar presenteque um data warehouse não é um projecto. É antes um processo que éconstituído por vários projectos que acompanham o negócio e as mu-danças de mercado. Normalmente, é apenas após o primeiro projectoque os utilizadores finais vêem o verdadeiro benefício de um data wa-rehouse e só nessa altura, com as dificuldades iniciais e com a suaaprendizagem, é que melhoram drasticamente a sua definição das suasreais necessidades perante o data warehouse.

Assim, poderemos resumir em alguns passos aquilo que é impor-tante considerar quando uma empresa embarca num projecto de bu-siness intelligence.

Apesar de se apresentarem vários passos, estes não têm de sertodos executados em sequência e obrigatoriamente. Devido a dife-rentes condicionantes, como a dimensão do projecto, as áreas de ne-gócio envolvidas, etc., alguns passos poderão ser eliminados oucombinados para melhor se adequarem a cada caso específico.

O primeiro passo é o desenvolvimento de um business case sólidoque justifique, de forma indubitável, o início de um projecto desta di-mensão, respondendo a questões como:

• Quais serão as necessidades de negócio para esta iniciativa?

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CAPÍTULO 3 • BASES DE DADOS E DATA WAREHOUSING

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• Como é que o data warehouse vai ajudar a colmatar essas neces-sidades?

• Quais serão os custos potenciais de desenvolvimento e operação//manutenção em termos de recursos humanos e infra-estruturas?

• Quem será o patrocinador do negócio?

• Qual é o processo actual de obtenção de informação?

• A informação que é obtida pelos processos actuais é fiável?

• Aumentarão o data warehouse e as aplicações de BI a satisfaçãodos clientes? Aumentarão eles os lucros? Reduzirão eles os custos?

• Que riscos corremos ao implementar (ou não implementar) um pro-jecto de BI?

• Estaremos preparados para esse projecto?

Qualquer empresa tem de encontrar as respostas a todas estasperguntas, antes de iniciar a aventura de data warehousing. A jus-tificação dos custos é essencial, tal como é a existência de utilizado-res do negócio – e não da informática – que patrocinem a aplicação,que necessitem dela. O data warehouse transformará os dados eminformação e as aplicações de BI fornecerão essa informação aosutilizadores de negócio, que tomarão por sua vez decisões com basenela. Tendo isto em conta, é ainda essencial o apoio incondicional daadministração da empresa, não só pelo facto de se estar a imple-mentar um sistema de apoio à tomada de decisão, mas também por-que normalmente estes projectos possuem um custo elevado erequerem o envolvimento de todas as estruturas da empresa. Noque se refere ao retorno de investimento num projecto deste género,ele é calculado, geralmente, tendo em conta números reais de gas-tos correntes e que serão suprimidos, poupanças a nível da eficiên-cia de processos, e rapidez de decisão, tendo em vista, logicamente,um aumento global de lucro.

Quanto ao risco, geralmente esquecido na maioria dos projectos,existem alguns questões a ter em consideração:

• A tecnologia a ser utilizada é recente? Tem provas dadas no mer-cado?

• Quão complexo é o ambiente informático? Os dados estão muitodispersos? Quantos locais geograficamente separados terão queser suportados?

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BUSINESS INTELLIGENCE

• Existe muita redundância nos dados? Os dados de diferentes fon-tes podem possuir uma correspondência linear? Existem padrõesnos processos de negócio e na informática?

• A equipa que irá implementar o projecto possui a experiência ne-cessária?

• Qual será a rapidez do retorno do investimento?

Estas e muitas outras perguntas deverão ser respondidas, pois dasrespostas se concluirá, à partida, o risco de o projecto ser bem ou malsucedido. Além do risco, existe ainda a condicionante da preparaçãoda própria empresa. Isto quer dizer que tem de existir um orçamentoadequado, que os patrocinadores e utilizadores têm de estar prepara-dos para trabalhar horas-extra no projecto e de possuir algum grau deliteracia informáticas. Apesar de dependerem cada vez mais da intui-ção do utilizador, as ferramentas de BI são inerentemente informáticase, como tal, para poder tirar delas o máximo partido, os utilizadoresterão de possuir pelo menos um nível médio de contacto com aplica-ções informáticas.

O segundo passo para uma implementação de sucesso é a avaliaçãodas infra-estruturas da empresa, quer a nível técnico (software, hard-ware, rede), quer a nível não técnico (metodologias, padrões nos pro-cessos, etc.). Aqui surge de novo uma série de perguntas cujas respostasajudarão a avaliar o real custo da solução e a percepcionar a verdadeiraabrangência de um projecto de BI. Como exemplos temos:

• É necessário novo hardware? Quanto custa?

• São precisos mais recursos humanos para manter o novo hardware?

• O novo hardware conseguirá acomodar novas exigências? Inte-gra-se na infra-estrutura existente?

• A largura de banda da rede é suficiente?

• Qual é a arquitectura dos sistemas-fonte? Em que formato poderãofornecer os dados para consolidação? Será necessário middleware?

• Será necessário adquirir um SGBD? Quanto custa?

• Existe capacidade interna para gerir o SGBD?

Em relação ao hardware, a sua escalabilidade (capacidade desuportar um número crescente de aplicações e utilizadores sem terde desperdiçar o investimento inicial) e o seu custo são provavel-

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CAPÍTULO 3 • BASES DE DADOS E DATA WAREHOUSING

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mente os elementos mais importantes a referir. No que se refere àinfra-estrutura de rede, as considerações mais importantes têm aver com o aumento de tráfego e a diminuição de tempo de respostapara o utilizador final. A escolha do SGBD é de crucial importância,devendo ser tidos em conta o crescimento do volume de dados, osuporte por parte do vendedor e a facilidade de utilização. A escolhatambém deve depender de factores como a capacidade de paralelis-mo e performance.

A infra-estrutura não técnica é, infelizmente mas habitualmente,esquecida. Este tipo de infra-estrutura envolve, como já foi referi-do, procedimentos, metodologias, modelos de negócio, linhas deorientação definidas dentro da organização, etc. Tal como na infra-estrutura técnica, há questões específicas que devem ser respondi-das nesta fase:

• Há modelos lógicos definidos para os sistemas-fonte? Se não, quemserá responsável pela sua criação para este projecto de BI?

• Quem fará a validação do modelo?

• Existe um repositório de metadados? Se não existe, o que deve serfeito: desenvolver um internamente ou comprar?

• Quem são os responsáveis por recolher os diversos tipos de meta-dados?

• Os padrões que existem na organização são demasiado restritos?Estão documentados?

• Existe um programa para avaliar a qualidade e fazer a limpeza dosdados?

Os modelos lógicos representam a visão de negócio sobre os da-dos e as suas relações – não são os modelos das bases de dadosfonte. É nestes modelos que se definem as regras de negócio e anormalização de dados. Os metadados são, como já foi referido, ainformação contextual que transforma os dados em informação. Re-lembramos que é importante recolher, registar e inter-relacionar me-tadados de todos os tipos e não apenas, como acontece muitas vezes,guardar os metadados de tipo técnico.

O terceiro passo para a implementação de uma aplicação de DW éessencial: planeamento e projecto. Esta fase envolve toda a equipa.Devido ao tamanho e complexidade das aplicações em causa, é extre-mamente importante dividir o projecto em miniprojectos com abran-

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BUSINESS INTELLIGENCE

gência limitada, para que se possa proporcionar algo aos utilizadoresno espaço de poucos meses.

A fase de análise de negócio é constituída por quatro secções: adefinição de requisitos, a análise de dados, a prototipagem e a análisedo repositório de metadados.

Dependendo do tipo de projecto, a definição de requisitos poderáser englobada juntamente com as outras três secções ou enquadra-da antes ou mesmo durante o planeamento do projecto. No que serefere a requisitos, podemos dividi-los em: requisitos funcionais, re-quisitos de dados, requisitos sobre dados históricos, requisitos desegurança e requisitos de desempenho. Os primeiros estão relacio-nados com a entrega dos dados ao utilizador (relatórios, consultas,cubos OLAP, etc.). Os requisitos de dados envolvem informaçãosobre que elementos de dados das fontes são necessários não sópara a aplicação de BI mas também para a integração e estandardi-zação dos dados. É igualmente importante definir nesta fase qual aquantidade de histórico que será necessário carregar no data wa-rehouse (requisitos sobre dados históricos). De facto, se os dadosque se pretendam possuir se cingirem apenas ao presente e o histó-rico for guardado apenas a partir daí, a construção do DW poderáser mais simples do que se fosse necessário carregar dados históri-cos já presentes nas fontes. Um outro tipo de requisitos já referidosão os requisitos de segurança, que têm em conta a protecção dosdados do acesso não autorizado. Deve notar-se que é importanteque os parâmetros de segurança para cada utilizador estejam sin-cronizados entre a aplicação de BI e a base de dados do DW, isto é,um utilizador não deverá ter acesso a mais, a menos ou a diferentesdados na base de dados do DW do que tem através das ferramentasde BI. Poderá sim ter acesso a um nível diferente de pormenor.O último tipo de requisitos que deverá ser tido em consideração pren-de-se com os requisitos de desempenho. Em relação a este tipo derequisitos, é importante educar os utilizadores no sentido de sabe-rem que os tempos de resposta de um DW não são iguais aos de umsistema operacional. É pois importante descobrir e registar o quenão é aceitável em termos de desempenho, e planear a infra-estru-tura, para que ela seja suficientemente escalável para enfrentar no-vos requisitos e maiores quantidades de dados. Para conseguirrecolher todos estes tipos de requisitos, devemos ter em conta asseguintes questões:

• De que tipo de informações precisa o utilizador final?

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CAPÍTULO 3 • BASES DE DADOS E DATA WAREHOUSING

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• A que tipo de questões são os utilizadores incapazes de responderhoje? Porquê?

• De que dados precisam os utilizadores? Como é que eles obtêmesses dados actualmente?

• Os dados nos sistemas actuais possuem qualidade e estão actuali-zados?

• Quantas e que pessoas necessitam desses dados?

• Quantos anos de histórico são necessários manter?

• É preciso carregar dados históricos das fontes de dados ou deve ohistórico começar apenas de agora em diante?

• Quão seguros têm os dados de ser? Que segurança existe nos sis-temas-fonte?

• Quem deverá ter acesso aos dados?

• Que tempo máximo de consulta a uma aplicação de BI estão osutilizadores dispostos a aceitar?

• Haverá relatórios susceptíveis de serem executados de um dia parao outro?

• Qual a duração e frequência de utilização da aplicação de BI du-rante o dia?

Outro passo de importância crucial num projecto de DW é a aná-lise dos dados. Por análise dos dados entende-se a análise aprofun-dada das fontes de dados para identificar redundâncias e falhas dequalidade dos dados, e seleccionar quais serão as fontes mais fiá-veis para o DW e, finalmente, para cada aplicação de BI. É fre-quente encontrar fontes heterogéneas de dados que contêm a mesmainformação sobre os grupos de informação (como os produtos daempresa, ou mesmo os clientes). É importante escolher qual destasfontes irá servir melhor as necessidades das aplicações de BI. Tudoisto, juntamente com a qualidade dos dados, cria um desafio na inte-gração de dados durante o processo de ETL. Assim, é preciso fazera «limpeza» dos dados numa fase (preferencialmente) anterior aodesenvolvimento do processo de ETL. Por «limpeza» entende-se acorrecção de eventuais defeitos que os dados possam ter como, porexemplo, moradas de clientes incompletas, características em faltade produtos, etc.

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BUSINESS INTELLIGENCE

É importante ter em consideração que esta tarefa é bastante dis-pendiosa e envolve muito trabalho. Assim, é essencial estabelecer ummeio-termo entre a correcção dos dados todos e a não-correcção denenhum. Isto faz-se através da análise cuidada dos dados-fonte e suaclassificação de acordo com um critério de importância iniciando oprocesso de correcção pelos elementos mais críticos. A prática mos-tra que o mais acertado é não tentar fazer tudo de uma vez e deixarque os elementos menos importantes sejam corrigidos mais à frenteno processo de implementação da aplicação de BI. Mais uma vez, épreciso responder a algumas perguntas:

• Existem múltiplas fontes de dados potenciais para os mesmos dados?

• Até que ponto são os metadados de negócio existentes actuais efiáveis?

• Quem são os detentores da informação das fontes de dados?

• A qualidade dos dados-fonte é reconhecida?

• Qual é a qualidade mínima aceitável para o representante do negó-cio? E para os utilizadores?

• Quem irá elaborar o perfil dos dados? Como?

• Que dados são fundamentais e que dados são insignificantes para onegócio, de forma a proceder à sua correcção?

É importante criar e implementar um protótipo, de modo a que osstakeholders possam ter uma ideia de como será a aplicação de BIdepois de instalada. Contudo, nem sempre será razoável construir umprotótipo completo de uma aplicação de BI; consoante o objectivo final,existem vários tipos de protótipos – desde os que possuem apenas osecrãs finais da aplicação, passando pelos que envolvem alguma progra-mação e funcionalidades mínimas, até aos protótipos operacionais, quepossuem todas as funcionalidades da aplicação de BI finalizada e quemuitas vezes servem mesmo de base para o desenvolvimento da aplica-ção final. Esta fase deverá ser desenvolvida no menor tempo possível eter objectivos claros. A aproximação por um protótipo é a maneira maiseficiente de fazer uma análise funcional do sistema, uma vez que osutilizadores poderão testar e modificar os seus requisitos enquanto ex-perimentam o protótipo, numa fase do projecto em que o impacto dessetipo de alterações (requisitos, âmbito) não é muito elevado. Para seefectuar um bom protótipo dever-se-á ter em consideração os seguin-tes elementos:

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CAPÍTULO 3 • BASES DE DADOS E DATA WAREHOUSING

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• Definir um âmbito pequeno, isto é, que não envolva demasiadasáreas de negócio;

• Escolher os dados-fonte de maior qualidade e apenas uma pequenaquantidade de dados;

• Testar bem as aplicações de BI com relatórios que possuam umesquema relativamente complexo;

• Envolver ao máximo os utilizadores finais (sem no entanto seremdemasiados), com diversos níveis de experiência, quer a nível infor-mático, quer a nível de negócio.

O último passo na fase de análise do negócio é a análise do repo-sitório de metadados. Nesta fase deverão ser definidos que tipos demetadados deverão ser capturados, guardados e entregues aos utili-zadores.

Apesar de já ter sido dada uma definição de metadados, é impor-tante referir ainda que os metadados sempre estiveram presentesnos sistemas operacionais. Eles são parte integrante da documenta-ção dos sistemas, catálogos das bases de dados, etc. No entanto, osmetadados eram apenas utilizados por pessoas com conhecimentoseminentemente técnicos, que mantinham os seus próprios sistemas.Mas, no mundo da BI, os metadados não são apenas para os técni-cos; eles são importantíssimos para os utilizadores finais, porque osauxiliam na localização dos dados e na sua interpretação dentro doambiente de BI. Os metadados assumem actualmente um novo pa-pel: o da navegação entre dados: eles deverão auxiliar o utilizador aencontrar os dados que necessita dentro do data warehouse. O aces-so ao repositório de metadados poderá ser dado através de relató-rios de metadados, um tutor de ajuda online ou mesmo consultasdirectas ao repositório. Para fazer uma análise da forma como deveser desenvolvido o repositório de metadados, devemos dar respostasàs seguintes perguntas:

• Que tipos de metadados de negócios são necessários?

• Que tipos de metadados técnicos são necessários?

• Quem será responsável pelo repositório de metadados?

• Quem terá acesso ao repositório de metadados? E como?

• Servirá o repositório de metadados apenas as aplicações de BI e odata warehouse ou toda a organização?

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BUSINESS INTELLIGENCE

Chegamos agora à fase de desenho. Esta fase envolve três passosessenciais: desenho da base de dados do data warehouse, desenhodo processo de ETL e desenho do repositório de metadados. No dese-nho da base de dados deverá ser efectuada, previamente, a escolhado tipo de diagrama a seguir. Um exemplo é o diagrama de relação deentidades (diagrama E-R), que utiliza as regras de normalização járeferenciadas, permitindo chegar a um desenho de base de dados al-tamente normalizado e estruturado. No entanto, como também já foireferido, este tipo de modelo, embora muito utilizado em sistemas ope-racionais, não é adequado para data warehouses ou data marts, queservem aplicações de BI por questões de performance. Ainda assim,se o objectivo é desenvolver um data warehouse empresarial (EDW– enterprise data warehouse), o modelo E-R, sendo o que permitemaior flexibilidade, é o ideal, uma vez que servirá de fonte para osdata marts que servirão as aplicações de BI. Chegados a este ponto,devemos questionar-nos como vamos lidar com enormes volumes dedados e, após a definição da forma, os processos que pretendemosmodelizar. Caso o modelo escolhido seja o esquema em estrela ou oesquema snow-flake, deveremos:

• construir uma tabela de factos para cada processo escolhido;

• definir a granularidade de cada tabela de factos, para cada pro-cesso, especificando qual o nível de pormenor a apresentar; istodeverá ser determinado conforme a necessidade de informaçãodos utilizadores/decisores (e. g., em termos temporais – diária,semanal, mensal – ou em termos geográficos – por loja, por re-gião, por país);

• determinar as dimensões de cada tabela de factos;

Figura 3.3Processo deconstrução deum data warehouse

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CAPÍTULO 3 • BASES DE DADOS E DATA WAREHOUSING

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• identificar os factos que devem figurar em concreto no modelo;

• analisar os atributos das dimensões, de modo a serem estabeleci-das descrições completas e uma terminologia adequada;

• tomar as decisões sobre o projecto físico: agregações, dimensõesheterogéneas, minidimensões;

• preparar as dimensões para suportar evoluções históricas.

Devemos ter obviamente em conta as respostas às seguintes per-guntas:

• A que o nível de agregação devem estar sujeitos os dados?

• Qual o número de utilizadores concorrentes?

• Qual a dimensão final das bases de dados que irão suportar asaplicações de BI?

• Qual a taxa de crescimento dessas bases de dados?

• Que tabelas serão particionadas? Como?

• Que tipos de índices serão mais adequados?

• Que SGBD será utilizado?

Os dados-fonte para as aplicações de business intelligence provi-rão das mais variadas plataformas, que são geridas e mantidas por umavariedade relativamente grande de sistemas operativos e aplicações.O objectivo do processo de ETL é congregar dados destas plataformasheterogéneas num formato estandardizado para a aplicação de BI finale, ao mesmo tempo, integrar e estandardizar os dados. Assim sendo, oplaneamento deste passo é bastante mais complicado e moroso do queas fases de desenho da base de dados e do repositório dos metadados.

ETL é um conjunto de processos que permite às organiza-ções extrair dados de fontes de informação diversas e refor-mulá-los e carregá-los para uma nova aplicação (base de dados,geralmente um data warehouse) para análise.

O desenho e planeamento do processo de ETL terá de ser expan-sível e facilmente alterável, uma vez que os requisitos poderão sermodificados e novas áreas poderão ser acrescentadas ao data wa-rehouse. O desempenho do processo de ETL também deverá ser tidoem consideração, já que o processo terá de se encaixar num intervalo

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BUSINESS INTELLIGENCE

de tempo limitado – o carregamento do data warehouse poderá durarumas horas (durante a noite) ou uns dias (e. g., aos fins-de-semana).Assim, apesar de o processo de ETL ser eminentemente sequencial(não se podem carregar as vendas sem carregar os produtos e osclientes – as dimensões vêm sempre antes dos factos), o seu desenhoterá de ter em conta o máximo paralelismo possível.

O último passo da fase de desenho do projecto de data warehou-se é o desenho do repositório de metadados. Existem várias solu-ções comerciais para repositórios de metadados, mas este tipo deaplicações não é geralmente muito popular e não segue um padrão,apesar de ser, habitualmente bastante flexível e expansível. Os re-positórios de metadados precisão de ter interfaces de consulta paraos utilizadores e técnicos e interfaces para as aplicações de BI, como,por exemplo, aplicações OLAP, ETL ou o dicionário de dados doSGBD. O desenvolvimento de cada uma dessas interfaces deveráser considerado como um subprojecto, pois irá requerer algum es-forço. Existem três tipos de repositórios de metadados: os centrali-zados, mais fáceis de implementar e de manter; os descentralizados,que guardam informação em várias localizações e em várias basesde dados, e a que se acede através de uma interface do tipo ga-teway de base de dados, que sabe em qual das localizações estãoguardados os dados relevantes para a consulta efectuada pelo utili-zador; e os distribuídos, uma solução mais sofisticada, que utilizaXML. Nestes últimos, os metadados estão nas próprias aplicações(ETL, OLAP, etc.) e existe uma interface do tipo gateway, que uti-liza XML e direcciona os pedidos para as várias aplicações que pos-suem os metadados.

Entramos então na fase de construção do data warehouse. Estafase é constituída por três passos principais: o desenvolvimento doprocesso de ETL, o desenvolvimento da aplicação de BI e o desen-volvimento do repositório de metadados.

O desenvolvimento do processo de ETL deverá possuir ainda trêsetapas, cuidadosamente planeadas:

• Extracção – É o processo de obtenção de uma cópia dos dados queestão na fonte em diversos formatos e estruturas (desde flat files arelational database files). Nesta etapa de extracção poder-se-ãocopiar todos os dados, ou só aqueles que foram modificados desdea última extracção;

• Transformação – Consiste em converter os dados em informação.São aplicadas determinadas regras e funções aos dados extraídos,

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CAPÍTULO 3 • BASES DE DADOS E DATA WAREHOUSING

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tendo em vista a sua adequação. A manipulação dos dados nestaetapa exige por vezes tarefas mais complexas como:– tradução de valores codificados;– aplicação da transformação apenas a determinadas categori-

as de linhas e/ou colunas;– fusão (merging) ou agregação dos dados. Assim, o objectivo

da transformação é conferir aos dados as qualidades que umdata warehouse deve ter e que já foram referidas; ele deveser integrado, organizado por assunto, não volátil, variante notempo e acessível;

• Carregamento – Consiste em povoar, habitualmente através da in-serção de registos, as tabelas de destino no data warehouse, queestão organizadas de acordo com o modelo de data warehouseescolhido. O carregamento pode ser simples (reescrever dadosnovos por cima de antigos) ou mais completo em termos de dadoshistóricos (mantendo um registo de todas as alterações efectuadas,como exemplificado na Tabela 3.10).

É importante referir que a maior parte do tempo de desenvolvi-mento do processo de ETL é gasto na transformação dos dados. Apóso desenvolvimento de ETL, deverão ser feitos testes extensivos, demodo a verificar se todos os dados foram carregados e correctamen-te integrados no data warehouse. Estes testes são muitas vezes es-quecidos, tornando a correcção posterior muito mais morosa edispendiosa.

Outro passo da fase de construção é, como já foi referido, o de-senvolvimento aplicacional. É pelas aplicações que os utilizadoresaguardam ansiosamente, pois são elas que os auxiliam na busca derespostas a importantes problemas de negócio. Para responder, osutilizadores procuram ferramentas OLAP, data marts multidimensio-nais e data mining (estas ferramentas e as suas funcionalidades se-rão descritas numa secção posterior). No entanto, durante oplaneamento deste passo, deverão ser tidas em consideração as se-guintes questões:

• Irá existir uma interface web-based?

• Existem requisitos adicionais de segurança caso seja importante oacesso através da rede (Internet ou intranet)?

• Poderá o protótipo desenvolvido ser reutilizado?

• Que nível de formação nas ferramentas têm os utilizadores?

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BUSINESS INTELLIGENCE

• Será necessário dar formação aos utilizadores?

O último passo da fase de construção a ser planeado será o daconstrução do repositório de metadados. Aqui deverá ser delineado oprocesso de migração dos metadados existentes por toda a organiza-ção em vários suportes, como, por exemplo, documentos de processa-mento de texto, folhas de cálculo, SGBD, ferramentas CASE,ferramentas de ETL, ferramentas OLAP e ferramentas de data mi-ning. Cada um destes suportes contém metadados específicos, quedeverão ser migrados, integrados e consolidados num único repositó-rio de metadados. Terá de se ter em conta que este não é um esforçoúnico no processo de desenvolvimento e implementação das ferra-mentas de BI e do data warehouse numa organização. Têm de serconstantemente desenvolvidos processos de actualização, através deinterfaces e a partir das diversas fontes do repositório de metadados(interfaces de ferramentas), para que este esteja sempre actualizadoe seja realmente utilizável, também através de interfaces, pelo utiliza-dor final (interfaces de acesso).

Chegamos assim à última fase do planeamento da implementaçãode um data warehouse e respectivas aplicações de BI: a implemen-tação propriamente dita. Na preparação deste passo deve-se ter emconta a criação de horários de execução do processo de ETL, a pre-paração de técnicas de suporte e formação dos utilizadores e, comcrucial relevância, a importância de conhecer e dar a conhecer a to-dos os intervenientes envolvidos os procedimentos de operação, sal-vaguarda e recuperação de dados, e monitorização em cada uma dasáreas que rodeia o ambiente de BI. A criação de um ambiente de BI,tal como foi referido no início, é um processo e não um projecto. Aocontrário da maioria dos sistemas operacionais, as aplicações de BItêm de evoluir para poder responder a novas necessidades de infor-mação que surgem com a evolução natural do negócio e dos merca-dos. Por esta razão, não é possível antecipar todos os requisitospossíveis no desenho inicial de um projecto de BI e como tal, é essen-cial que o sistema desenvolvido seja extensível, para que possa serfacilmente adaptado à análise de novas áreas ou mesmo de áreas quejá existem, mas que têm diferentes formas. É importante, algum tem-po após a implementação, recolher a opinião de todos os intervenien-tes, para que seja possível planear a próxima evolução dorecém-nascido (ou recém-reformulado) sistema de BI.

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CAPÍTULO 3 • BASES DE DADOS E DATA WAREHOUSING

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T E S T E O S S E U S C O N H E C I M E N T O S

1. Dados, informação e conhecimento são conceitos fundamentais na abordagem aodata warehouse. Que relação e interligação estabelecem entre si?

2. Quais os dois modelos mais utilizados no desenho de um data warehouse? Indi-que as diferenças entre eles.

3. Qual a importância do desenho dos metadados no contexto da construção do datawarehouse?

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BUSINESS INTELLIGENCE

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CAPÍTULO 3 • BASES DE DADOS E DATA WAREHOUSING

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As Ferramentasde BusinessIntelligence

• Conhecer as várias ferramentas tecnológicas de business intelligencee as suas características básicas

• Diferenciar e segmentar as tecnologias de acordo com os seusobjectivos de utilização e importância para determinadas tarefas

O B J E C T I V O S

4C A P Í T U L O

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BUSINESS INTELLIGENCE

As ferramentas ou aplicações de business intelligence são muitas e variadas. Assuas diversas classificações não têm fronteiras estanques. Iremos, contudo, comocritério, descrever as mais relevantes e de utilização mais generalizada.

DATA INTEGRATION/ETL

É cada vez mais importante, para o processo de ETL, a utilizaçãode ferramentas de auxílio. Embora tenham sofrido uma enorme evolu-ção, estas ferramentas possuem ainda algumas limitações, pelo que,dependendo da complexidade das transformações, por vezes é neces-sário parametrizá-las, utilizando linguagem de programação, para com-pletar algumas lacunas que ainda possam existir. No entanto, prescindirdestas ferramentas significa uma maior manutenção do processo, àmedida que o data warehouse vai evoluindo e se vai adequando aosnovos desafios do negócio.

As novas tendências nas tecnologias de ETL vão no sentido dodesenvolvimento de ferramentas mais poderosas, que, para além dascapacidades tradicionais, se apresentem como mais-valias em termosde perfil de dados (data profiling), qualidade de dados (data quality) egestão de metadados.

Figura 4.1Imagem de ecrãda aplicaçãode ETL CognosDecision Stream®

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CAPÍTULO 4 • AS FERRAMENTAS DE BUSINESS INTELLIGENCE

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BUSINESS/PRODUCTION REPORTING

As aplicações de production reporting justificam-se pela monito-rização e pelo acompanhamento das operações da organização numabase de continuidade – muitas vezes diária. As aplicações de BI te-rão, neste contexto, de assimilar e transmitir, com grande regularida-de, os dados fundamentais (quantidades, valor, alertas para valores deexcepção) ao acompanhamento e análise.

O principal factor de sucesso destas aplicações será o seu modusoperandi com as aplicações de frontoffice de registo das actividades.

As actividades de produção intensiva, como sejam uma indústriatransformadora, uma cadeia de lojas ou uma actividade extractiva,são as que terão maior necessidade deste reporting constante.

Figura 4.2Imagem de ecrãda aplicação deCognos ReportStudio®

FERRAMENTAS DE ANALISYS & QUERYING

Este tipo de aplicações está concebido com o intuito de proporcio-nar aos utilizadores finais-decisores e analistas altos níveis de autono-mia e interactividade no acesso à informação. Os destinatários dainformação não ficam pois constrangidos apenas a parcelas segmen-tadas e/ou parametrizadas do conhecimento útil (reportings ou cubos

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BUSINESS INTELLIGENCE

de informação uniformizados). Poderão, com as funcionalidades des-tas aplicações, «colocar novas questões» e solicitar novas análises,baseadas em diferentes critérios, e obter assim um maior valor acres-centado das fontes de dados.

Figura 4.3Imagem de ecrãda aplicaçãoCognos QueryStudio®

APLICAÇÕES ANALÍTICAS (ANÁLISE OLAP)OLAP (online analytical processing) é um conceito que se

refere a aplicações informáticas que permitem efectuar, deforma rápida e partilhada, a análise de informação multidimen-sional, originária de diversas fontes de dados.

As tecnologias OLAP permitem reestruturar os dados de uma basede dados relacional numa perspectiva multidimensional. Podem-se fazerassim queries sobre esta estrutura, com vista a detectar tendências ea tirar conclusões. Pesquisas e questões que nas bases de dados tra-dicionais demorariam três dias a ser respondidas podem ser solucio-nadas em apenas três segundos na abordagem OLAP.

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CAPÍTULO 4 • AS FERRAMENTAS DE BUSINESS INTELLIGENCE

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Figura 4.4Conceito daanálise OLAP

Podem ser distinguidos essencialmente três tipos de OLAP: o rela-tional OLAP (ROLAP), o multidimentional OLAP (MOLAP) e ohybrid OLAP (HOLAP). Vejamos em pormenor as característicasde cada um deles.

O ROLAP

O ROLAP caracteriza-se por manter os dados nas tabelas relacio-nais originais, ao mesmo tempo que gera outras em que vai armaze-nar os valores agregados. Estes dados agregados são somas comum baixo nível de detalhe derivadas dos dados. Um exemplo naturalé a agregação de valores respeitantes às várias unidades de tempo(dia, semana, mês, ano).

Esta capacidade de aglutinar dados permite aumentar significati-vamente os desempenhos, tendo em conta que muitos dos valores so-licitados pelas interrogações são pré-calculados. Apesar disto, oROLAP é uma solução globalmente mais lenta do que outras opções,dado que é o modelo relacional que tem de sustentar o trajecto detodas as uniões entre tabelas. Esta desvantagem pode ser compensa-da pela sua pequena dimensão.

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BUSINESS INTELLIGENCE

O MOLAP

O MOLAP utiliza uma estrutura de dados multidimensional paraarmazenar a informação. A estrutura é gerida por um motor de basede dados multidimensional e não por um motor relacional. As agrega-ções são calculadas automaticamente como parte da estrutura multi-dimensional. O MOLAP é extremamente rápido em termos de respostaàs questões dos utilizadores, mas, infelizmente, apresenta desvanta-gens a nível do espaço ocupado e do tempo dispendido na sua criação.

O HOLAP

O HOLAP é um meio-termo entre as duas tecnologias anteriores,assumindo aspectos e atributos de ambas. Este modelo deixa os da-dos nas tabelas relacionais e guarda as agregações como uma estru-tura multidimensional. O HOLAP assume-se assim como uma opçãode compromisso, quer em termos de rapidez de resposta, quer emtermos da dimensão.

CUBOS OLAP

Nas teorias de base de dados, os cubos OLAP são representaçõesabstractas de uma projecção de uma relação RDBMS (relationaldatabase management system). Podem ser descritos, em termos deuma função, da seguinte forma:

Figura 4.5Cubo deinformaçãopara análise OLAP

Nesta função, X, Y e Z são as chaves e representam eixos e W ovalor que resulta do seu cruzamento e preenche a célula respectivado cubo.

O cubo OLAP, criado a partir do um esquema em estrela de tabe-las, permite formas de navegação fáceis e intuitivas, através de dife-

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CAPÍTULO 4 • AS FERRAMENTAS DE BUSINESS INTELLIGENCE

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rentes graus de detalhe da informação. Através de uma funcionalida-de denominada drill, um utilizador final pode navegar nos dados queinteressam à sua análise, aumentando o grau de detalhe (drill down)e descendo, consequentemente, a dados cada vez mais operacionais,ou diminuindo o detalhe (drill up), subindo a uma informação cada vezmais agregada.

De realçar, também, a sempre útil funcionalidade apresentada pe-las ferramentas OLAP de rearranjar as linhas e colunas de dados emanálise, o chamado slice and dice. O utilizador pode decidir cruzar deforma diversa as várias dimensões ao seu dispor (e. g., vendas x áreageográfica x intervalo de tempo ou área geográfica x categoria deproduto x responsável comercial), trocando simplesmente a ordem dascolunas e linhas e suprimir ou visualizar algumas delas.

Figura 4.6Imagem de ecrãda aplicaçãoAnalysis Studio

APLICAÇÕES DA TECNOLOGIA OLAP– PROJECTOS ANALÍTICOS DEPARTAMENTAIS

A realidade do negócio das empresas actuais pressupõe, de umaforma transversal a quase todos os sectores e áreas de actividade, um

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BUSINESS INTELLIGENCE

conjunto de áreas departamentais ou funcionais de cuja análise dosdados depende a consolidação de conclusões e consequentes deci-sões. Estes projectos, que são muitas vezes concebidos de forma gra-dual e posteriomente integrados, são o cerne de um ambiente de BIescalável, completo e sem redundâncias.

Neste subcapítulo, elencamos cinco áreas funcionais, em que iden-tificamos nove projectos específicos de cubos multidimensionais(OLAP). Apesar das especificidades inerentes a cada organização,as áreas, dimensões e respectivas medidas (colunas de dados) sãocomuns à maioria das empresas produtoras de bens e/ou prestadorasde serviços.

Finanças

Nas tarefas inerentes à gestão financeira, é importante que os de-cisores tenham um retrato objectivo, em tempo real, da situação patri-monial, do desempenho das várias áreas de negócio e/ou centros decusto e dos movimentos de tesouraria que ocorreram, efectivamente,em determinado período. As fontes de dados são, preferencialmente,ERP e ficheiros Microsoft Excel.

Figura 4.7Balançomultidimensional

TEMPO RUBRICAS DO BALANÇO ORGANIZAÇÃO % PLANEADO INDICADORES

Anos Activo imobilizado Grupo (Corporate) >120% Valores actuais

Trimestres Activo circulante Empresa 110-120% Valores orçamentados

Meses Passivo c/ prazo Divisão 100-110% Rolling forecast

Passivo m/l prazo 90-100% Valores de abertura

[...] Valores de fecho

TEMPO ORGANIZAÇÃO KPI FINANCEIROS INDICADORES

Anos Grupo (Corporate) EPS Actual

Trimestres Empresa EBITDA Planeado

Meses Divisão Rendibilidade vendas Rolling forecast

Rendibilidade activos

Rendibilidade c. próprios

Grau alavanca financeira

VAL

TIR

Figura 4.8Análisefinanceira

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CAPÍTULO 4 • AS FERRAMENTAS DE BUSINESS INTELLIGENCE

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TEMPO ORGANIZAÇÃO CASH FLOWS INDICADORES

Anos Grupo (Corporate) Origens de fundos Variação líquida (act)

Trimestres Empresa – Área operacional Variação líquida (plan)

Meses Divisão – Área investimento Variação líquida (RF)

[...] Utilização dos fundos

– Pagamento débitos

– Investimento

Figura 4.9Análise decash-flows

Comercial/ Vendas

Na análise comercial de uma organização, é importante consideraras suas vendas numa perspectiva multidimensional (região, canal devenda, categorias de produtos, entre outros), discernindo tendências etirando conclusões. Importa compreender os segmentos ou nichosespecíficos de maior rendibilidade e, com isso, preparar decisões rela-tivamente a pricing, política de distribuição e políticas de incentivoscomerciais. As fontes de dados são, essencialmente, ERP e aplica-ções específicas de CRM.

Figura 4.10Análisede vendas

TEMPO ORGANIZAÇÃO C. VENDA PRODUTOS CLIENTES INDICADORES

Anos Grupo (Corporate) Canal 1 Linhas produtos Segmento 1 Unidades vendidas

Trimestres Empresa Canal 2 Marcas Segmento 2 Receitas

Meses Divisão Canal 3 Produtos Segmento 3 % Desconto

Semanas Gestores comerciais [...] SKU (*) [...] % Comissões

Ano n-1 % Reclamações

[...] Preço médio venda

Figura 4.11Rendibilidadede produto/cliente

TEMPO ORGANIZAÇÃO C. VENDA PRODUTOS CLIENTES INDICADORES

Anos Grupo (Corporate) Canal 1 Linhas produtos Segmento 1 Custo médio

Trimestres Empresa Canal 2 Marcas Segmento 2 – C. m. produção

Meses Divisão Canal 3 Produtos Segmento 3 – C. m. distribuição

Semanas Gestores comerciais [...] SKU [...] Lucro bruto

Ano n-1 Lucro líquido

[...]

(*) Stock keeping unit

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BUSINESS INTELLIGENCE

Marketing

Na análise de marketing, é importante ter uma perspectiva «ma-cro», mais estratégica, do mercado que vamos abordar: dimensão,segmentação explícita ou implícita, vantagens/desvantagens de deter-minado posicionamento. Numa perspectiva «micro», mais operacio-nal, importa conhecer o impacto das campanhas de publicidade, dealterações pontuais no marketing-mix dos produtos (product, price,place e promotion).

Os ERP, aplicações de CRM, bases de dados com informação di-versa de marketing research são as fontes de informação mais usuais.

Figura 4.12Análise demarketingestratégico

TEMPO CANAIS PRODUTOS CLIENTES INDICADORES

Anos Canal 1 Linhas produtos Mercado Global Número clientes

Trimestres Canal 2 Marcas – Segmento 1 LTV (*) médio clientes

Meses Canal 3 – Segmento 2

Semanas [...] – Segmento 3

Ano n-1

[...]

(*) Life Time Value

Figura 4.13Análise demarketingoperacional

TEMPO CAMPANHAS MENSAGENS SEG. MERC. PRODUTOS INDICADORES

Anos Campanha 1 Linhas produtos Merc. global Linhas produtos Número clientes

Trimestres Campanha 2 Marcas – Segmento 1 Marcas Número produtos

Meses Canal 3 Produtos – Segmento 2 Produtos Proveitos/Campanha

Semanas [...] – Segmento 3 Custos/Campanha

Ano n-1 % Respostas

[...]

Produção

Na produção, os decisores tentam optimizar a correlação entre di-versas variáveis críticas (necessidades de produção, capacidade ins-talada, matérias-primas/subsidiárias disponíveis, recursos necessários,custo da produção), de forma maximizar as vendas e optimizar a ca-pacidade instalada. As aplicações de forecasting de vendas, de ges-tão da produção e da SCM (supply chain management) são importantesfontes de dados.

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CAPÍTULO 4 • AS FERRAMENTAS DE BUSINESS INTELLIGENCE

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Figura 4.14Gestãoda capacidadede produção

TEMPO PRODUTOS ETAPAS PRODUÇÃO LINHAS PROD. INDICADORES

Anos Linhas produtos Fabricação Fábrica 1 Unidades planeadas

Trimestres Marcas Montagem – Linha 1 Unidades produzidas

Meses Produtos Inspecção – Linha 2 % defeitos

Semanas SKU Embalagem – Linha 3 Uptime

Ano n-1 [...] Fábrica 2 Downtime

[...] [...] % Capacidade utilizada

Gestão de recursos humanos

Como prioridade, é necessário que a função de recursos humanosapresente um conhecimento objectivo das suas características demo-gráficas e, a partir daí, permita compreender a sua adequação às com-petências necessárias à organização. De forma complementar, torna-setambém importante compreender as competências fundamentais, ne-cessidades formativas e a avaliação do desempenho. Os módulos degestão de pessoal dos ERP e ficheiros Excel com informação diversaserão as fontes que alimentarão estes cubos.Figura 4.15

Administraçãode recursoshumanos

TEMPO ORGANIZAÇÃO GRUPO PROF. CONTRATO AVAL. INDICADORES

Anos Grupo (Corporate) Administração Full time 1 Núm. empregados

Trimestres Empresa Directores 1.ª linha – Efectivo 2 FTE

Meses Divisão Chefes de sector – Prazo 3 Custos totais RH

Ano n-1 Administ./Comer. – Trab. temp. 4 % Incentivos

[...] [...] 5 % Promoções

% Formação

APLICAÇÕES DE EVENT MANAGEMENT

Este tipo de aplicações é orientado para uma monitorização contí-nua dos processos de negócio sem interacção do utilizador. Funcionaatravés do acompanhamento de eventos que necessitam de ser vigia-dos, utilizando uma automatização de processos de negócio e de deci-

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BUSINESS INTELLIGENCE

são, de forma a reduzir drasticamente o tempo de passagem à acçãoe respectiva resolução. Um exemplo pode ser um alerta automáticopara um utilizador quando as vendas desçam abaixo de um determina-do valor ou até mesmo a mudança de um valor numa base de dados(como um preço de um produto) quando o seu stock baixar a umdeterminado número de unidades.

Estas ferramentas funcionam através da definição, por parte dosutilizadores, de condições e agentes em que são especificados oseventos a ser monitorizados e as respectivas tarefas a ser executa-das caso as condições sejam cumpridas de acordo com o contextoem que se inserem.

Figura 4.16Imagem de ecrãda aplicação deCognosBusiness EventManagement®

Estas ferramentas estão a ser aprimoradas com o advento da tec-nologia BAM, de que falaremos num outro capítulo.

FERRAMENTAS DE VISUALIZAÇÃO:DASHBOARDING E SCORECARDING

Para fáceis monitorização, compreensão e assimilação da informa-ção é essencial que haja interfaces e aplicações de front-end ao serviço

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CAPÍTULO 4 • AS FERRAMENTAS DE BUSINESS INTELLIGENCE

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dos gestores e decisores. A visualização é, claramente, um dos factoresfundamentais à assimilação e percepção de quem decide. A análise ta-bular, numérica e tradicional já não é assertiva face às necessidades deanálise e consolidação de contextos caracterizados por diversas variá-veis geográficas, demográficas, comerciais e organizacionais.

Desde os já «pré-históricos» tableaux de bord, disponibilizados emambientes pouco simpáticos, há 20 anos, toda a tecnologia de visualiza-ção de dados teve enormes desenvolvimentos, impensáveis no passadorecente. Hoje em dia, utilizam-se, de forma generalizada, os gráficos etabelas mais básicos, indicadores e sinalécticas, animações, ferramen-tas interactivas de análise multidimensional e as chamadas aplicaçõesde scorecarding e dashboarding, por todos aqueles que necessitamde conhecimento fácil e oportuno, «à distância de um clique».

A introdução de ferramentas modernas de visualização é pertinen-te em inúmeras tarefas de análise e decisão actuais:

• na gestão de produção, identificando volumes, capacidades de pro-dução utilizadas e rendibilidade;

• na gestão comercial, visualizando volumes, margens e segmenta-ção das vendas por múltiplos critérios, tendo em vista a identifica-ção de clientes e nichos de mercado que maximizem o lucro;

• na gestão de marketing, analisando de modo «geoespacial» as ca-racterísticas demográficas dos mercados em que a empresa estáinserida;

• na gestão de recursos humanos, identificando e diagnosticando oestado da formação e das competências e tendências de turnovernas várias áreas da organização;

• na gestão logística, visualizando inventários e requisitos das cadeiasde aprovisionamento, de forma a optimizar compras e níveis deexistências.

AS APLICAÇÕES DE SCORECARDING

Os scorecards aperfeiçoam o reporting tradicional ao utilizaremmedidas-alvo pré-definidas (e. g., objectivos de vendas, razões de ren-dibilidade e eficiência) com os respectivos dados actuais e desvios.Baseando-se em informação diversa obtida nos sistemas operacio-nais, os scorecards agregam dados diversos em indicadores-chave,representativos do desempenho. Podem ser utilizados em sistemas decontrolo operacional para períodos determinados (como no caso dos

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BUSINESS INTELLIGENCE

projectos de Six Sigma, de aperfeiçoamento do desempenho), bemcomo em EIS (executive information systems), contendo informa-ção composta e/ou agregada, de conteúdo estratégico (de que é exem-plo a metodologia do balanced scorecard).Figura 4.17

Imagem de ecrãda aplicaçãode scorecardingCognos MetricsManager®

O DASHBOARDING

Os dashboards apresentam como principal vantagem a capacidadede comunicarem quantidades complexas de informação de uma formarápida e intuitiva. Mais concretamente, traduzem os dados recebidosdos sistemas operacionais de uma forma graficamente apelativa e amigado utilizador, através de mapas, gráficos diversos, tabelas, entreoutros. Na actualidade, é normal haver dashboards dinâmicos, quepermitem efectuar operações de drill through (pesquisa aprofundada)noutras fontes de dados para ver com maior detalhe os dados subja-centes ao que os dashboards nos revela.

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CAPÍTULO 4 • AS FERRAMENTAS DE BUSINESS INTELLIGENCE

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Figura 4.18Imagem de ecrãda aplicação dedashboardingCognosReportnet®

Em síntese, as capacidades das tecnologias de dashboarding escorecarding são essencialmente complementares nos processos etarefas de análise e decisão empresariais, como é explicitado abaixo:

Figura 4.19Quadro-síntesedaspotencialidadese dos aspectosdiferenciadoresdas tecnologiasde dashboardinge scorecarding

A VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÃO MULTIDIMENSIONAL

A especificidade dos dados e da informação disponibilizada pelasferramentas de business intelligence (transversal à organização,multifuncional e multidimensional), obriga, frequentemente, à existên-cia de aplicações mais sofisticadas de visualização e análise. Comefeito, discernir factos e tendências com inclusão de múltiplas variá-

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BUSINESS INTELLIGENCE

veis (quantidade, importância, tempo, geográficas, entre outras) pres-supõe outras capacidades para além das normalmente existentes numsimples gráfico de duas dimensões.

Genericamente, estas ferramentas devem permitir:

• a visualização de várias dimensões e variáveis;

• a interactividade com os utilizadores, de modo a permitir uma visua-lização de vários ângulos e enquadramentos e que potencie a seg-mentação da informação em parcelas (tipo slice and dice).

Existem várias ferramentas para visualização de dados multidimen-sionais. Apresentamos algumas em seguida.

Pie charts multidimensionais

Este grafismo permite normalmente analisar até três variáveis de-pendentes (correspondentes ao tamanho, altura e cor), a que corres-pondem três variáveis independentes (a fatia, linha e coluna), permitindouma avaliação rápida e intuitiva dos dados.

Figura 4.20Exemplode um pie chartmultidimensional

Gráficos de barras multidimensionais

Os gráficos de barras multidimensionais permitem aos utilizadores(através dos eixos e dos níveis de cor) a visualização de dados queassentam em diversas variáveis.

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CAPÍTULO 4 • AS FERRAMENTAS DE BUSINESS INTELLIGENCE

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Figura 4.21Exemplo de umgráfico de barrasmultidimensional

Histogramas multidimensionais

Os histogramas, que representam várias dimensões, estão maisvocacionados para análises de grandes volumes de dados e em queseja pertinente avaliar a sua densidade de distribuição.

Figura 4.22Exemplo deum histogramamultidimensional

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BUSINESS INTELLIGENCE

Aplicações avançadas

Surgiram recentemente ferramentas com capacidades avançadasque proporcionam aos utilizadores diferentes experiências de visuali-zação e percepção.

Estas funcionalidades procuram potenciar uma rápida assimilaçãocognitiva da realidade.

As animações implicam facilidade, rapidez e eficácia no discerni-mento da tendência e na velocidade do seu desenvolvimento.

Já as visualizações em «imersão», tal como num jogo de vídeo derealidade virtual, colocam o utilizador no meio de um cenário quecontém a representação multidimensional dos dados. Utilizadas ini-cialmente nas áreas de inovação e desenvolvimento do produto, sãojá aplicadas para uma contextualização do decisor em cenários com-plexos.

Por último, e directamente relacionadas com as anteriores, estãoas capacidades de interactividade accionadas pelo utilizador. Enquan-to as aplicações mais tradicionais apresentam barras ou linhasestáticas, estas novas possibilidades oferecem, por exemplo, a pos-sibilidade de «rodar» gráficos e imagens, de forma a mostrar conhe-cimento oculto, filtrar dados acima ou abaixo de um determinadovalor ou efectuar zoom em determinadas partes das imagens. Estainteracção directa poupa aos utilizadores tempo gasto em queries ea formatação do reporting, que pode assim ser utilizado na análiseda informação.

DATA MINING

A data mining ou a «mineração de dados» é uma das ferramentasde BI mais conhecidas e com utilização mais generalizada no mundoempresarial.

Data mining – conceito que engloba todos os processosque, através de uma diversidade de ferramentas tecnológicasde análise, permitem descobrir padrões e relações num deter-minado conjunto de dados.

As aplicações desta abordagem são essencialmente descritivas (re-trata uma realidade actual específica) e predictivas (permite fazerprevisões e conclusões através da concepção de modelos, tendo emconta os padrões actuais de comportamento detectados).

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CAPÍTULO 4 • AS FERRAMENTAS DE BUSINESS INTELLIGENCE

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Figura 4.23Representaçãográficada arquitecturade um sistemade data mining

As aplicações empresariais de um sistema de data mining sãomuitas e variadas, mas podem ser agregadas em dois grandes grupos:a optimização da gestão da estratégia comercial/marketing – atravésda análise do mercado, dos segmentos e clientes – e a procura deeficiência nos custos – através da racionalização dos diversos inputs(materiais e humanos) de cada processo produtivo.

De realçar que a data mining não substitui o factor humano na análisedos dados. O facto de permitir definir padrões e tendências não dá, auto-maticamente, ao gestor o valor e impacto dessas realidades para o negócio.

DATA MINING DESCRITIVA

Quando falamos em data mining descritiva referimo-nos à descri-ção dos seus principais atributos estatísticos (valores médios, desvio--padrão e desvio médio, entre outros) e da visualização destes valores(através de gráficos e tabelas). É igualmente importante descortinar,nesta análise, ligações entre as diversas variáveis (e. g., vislumbrardados que ocorram simultaneamente).

DATA MINING PREDICTIVA

Uma data mining meramente descritiva tem um valor limitado parao entendimento do negócio de cada organização. Permite, com efeito,

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BUSINESS INTELLIGENCE

analisar com objectividade os valores e tendências históricas mas nãotraz grande capacidade prospectiva para apoiar decisões. É, pois, es-sencial construir modelos predictivos baseados nos dados apurados.Esses modelos (baseados em algoritmos) devem ser elaborados, testa-dos e validados face à realidade, com vista a apurar a sua fiabilidade.Este será um processo de natureza cíclica, em permanente revisão, tendoem conta a constante mudança das variáveis de negócio.

O PROCESSO DE DATA MINING

Um projecto de data mining deverá ser prosseguido através dasseguintes etapas:

• Definir o business caseÉ essencial definir de forma clara o objectivo e as metas do pro-

jecto, para explicitar o impacto que se pode esperar no negócio e jus-tificar o investimento subjacente. Esta definição inicial deverá, pois,incluir a explicação da maneira como a descoberta de conhecimentopertinente (os designados «projectos de knowledge discovery») atra-vés de data mining afectará o negócio. Uma definição de finalidadeserá, por exemplo, a minimização do risco de crédito nos produtos decrédito ao consumo de um determinado banco comercial – o que origi-naria uma pesquisa ao histórico do perfil de clientes não cumpridores.

• Construir a base de dados-alvo da data miningEsta é uma das etapas fundamentais do projecto e uma das que

consomem mais tempo. Os dados a ser explorados deverão ser agru-pados numa base de dados própria (separada do DW corporativo),com vista a uma exploração que tenha em conta a necessidade deconstantes iterações e os devidos cuidados na gestão dos recursosinformáticos. Os passos/tarefas a serem executadas são idênticos aosjá descritos na construção do DW: recolha, descrição e selecção dosdados, análise de data quality e respectiva limpeza, consolidação eintegração, construção dos metadados, carregamento e os necessáriostrabalhos de manutenção da base de dados.

• Explorar os dadosNa fase de exploração, tentamos identificar os campos (variáveis)

mais importantes na análise de relação ou predição e determinar quevalores derivados serão mais úteis. Tendo em conta que estaremos alidar com conjuntos de dados com centenas ou mesmo milhares decolunas, a capacidade de processamento e resposta da aplicação in-formática de suporte é um factor fundamental.

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CAPÍTULO 4 • AS FERRAMENTAS DE BUSINESS INTELLIGENCE

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• Preparar os dados para a modelizaçãoEste passo, o último antes da construção dos modelos, pressupõe,

inicialmente, a selecção das variáveis e das colunas – uma vez que,acumulando toda a informação disponível sem um critério selectivo,poderemos chegar a um modelo incorrecto, com variáveis irrelevan-tes. Terá ainda de ser encarada a necessidade de construir e/ou trans-formar variáveis (e. g., de valores absolutos para razões maiscompostas) tendo em vista o aumento da fiabilidade do modelo e o seuenquadramento nos pressupostos de suporte à decisão.

• Construir um protótipo do modeloA construção do modelo é feita por via de múltiplas iterações, ex-

plorando vias alternativas (train & test), com vista a avaliar quais sãoas mais indicadas para resolver o business case. A decisão relativa-mente ao tipo de modelo também é importante – seja, por exemplo, umaárvore de decisão, um neural net ou uma regressão logística. A decisãoirá afectar o tempo e as condições de preparação subjacentes;

• Avaliar o modeloO modelo proposto terá de ser avaliado pelos seus resultados e

pelo seu grau de importância, detectando eventuais erros de constru-ção. É particularmente importante fazer a sua validação externa, istoé, atestar se o modelo concebido reflecte o mundo real e se é perti-nente para as explicações que se procuram – uma vez que, mesmoestando correcto, poderá não ser o mais adequado;

• Implementar o modelo validadoOperacionalizar o modelo é, pois, o último passo. A sua implemen-

tação deve ser efectuada após uma correcta validação interna e ex-terna, disseminada pelos utilizadores-chave (analistas e decisores) doprocesso de negócio respectivo e seguida por uma monitorização cons-tante dos padrões que presidiram à sua elaboração.

T E S T E O S S E U S C O N H E C I M E N T O S

1. Quais são as vantagens mais importantes trazidas pelas aplicações OLAP naanálise da informação do negócio?

2. Quais são as principais aplicações das tecnologias de dashboarding e scorecarding?3. Explicite os principais requisitos e etapas para a construção de um projecto de data

mining.

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BUSINESS INTELLIGENCE

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CAPÍTULO 4 • AS FERRAMENTAS DE BUSINESS INTELLIGENCE

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A Emergência daCPM (CorporatePerformanceManagement)

• Compreender a CPM como uma perspectiva integradora do ciclode gestão e das tecnologias de business intelligence

• Conhecer os vários componentes e funcionalidades de um sistemade CPM

O B J E C T I V O S

C A P Í T U L O5

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BUSINESS INTELLIGENCE

CONCEITO DE CPM:ALINHAR A ESTRATÉGIA COM A EXECUÇÃO

Neste novo século, o contexto dos processos de decisão empresa-rial é, como já vimos, caracterizado por mercados de grande intensi-dade concorrencial e em acelerada mudança, em que o conhecimentoem tempo real da performance e dos seus drivers (indutores) é umdos factores críticos de sucesso. O crescente nível de escrutínio, tan-to a nível do ambiente interno (empregados, accionistas) como do am-biente externo (clientes, potenciais investidores, comunicação social),tem exigido respostas que, em termos de oportunidade, conteúdo efiabilidade não são por vezes passíveis de obter nas organizações ac-tuais. Com efeito, os gestores têm sentido, nos últimos anos, as suasfraquezas estruturais nesta área: os processos e actividades estraté-gicos da gestão da performance são inflexíveis e/ou estão desligadosentre si, a estratégia e as iniciativas consequentes não são conhecidasou compreendidas em todos os escalões hierárquicos da empresa e,em resultado, não existe grande controlo sobre a fase da execução.

A dinâmica do desempenho das organizações actuais exige que ainterligação estrutura-processos-tecnologia se revista de novas capa-cidades:

• Previsibilidade – Antecipar resultados de forma sustentável, fiávele consistente através do tempo, conhecendo o contexto e as variá-veis críticas subjacentes;

• Transparência – Perceber, com clareza, da performance e os fac-tores que têm impacto sobre ele;

• Accountability – Proporcionar às pessoas da organização os da-dos necessários ao conhecimento e à gestão do seu próprio de-sempenho;

• Agilidade – Responder, em tempo útil, a qualquer alteração no con-texto concorrencial (interno e externo);

• Alinhamento – Assegurar que numa perspectiva top-down, toda aorganização está alinhada com a estratégia definida e coordenaesforços no mesmo sentido.

Em síntese, é necessário conseguir responder, permanentemente,às seguintes questões: Como estão os resultados/performance? Por-quê? O que se deve fazer para melhorar?

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CAPÍTULO 5 • A EMERGÊNCIA DA CPM (CORPORATE PERFORMANCE MANAGEMENT)

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Estas questões estão, como é óbvio, intimamente relacionadas.Saber atempadamente todos os resultados pertinentes sem saber asrazões por que se deram tem pouca utilidade para a gestão. Da mes-ma forma, saber os porquês sem ter a flexibilidade de planear nova-mente e fazer os devidos ajustes também é irrelevante.

Como declarou Rob Rose, chief strategy officer da Cognos em2002, «o próximo nível de vantagem competitiva será atingido pelasempresas que melhor interligarem os seus colaboradores com os seusnegócios, visão, estratégia e desempenho. E é importante que, nessecaminho, a organização como um todo possa focar-se num único re-sultado: bater a concorrência!».

Este novo paradigma consubstancia-se, pois, em novas reali-dades emergentes nas empresas:

• A função de planeamento está, progressivamente, a abarcar outrosdomínios para além da área financeira (operacional, comercial), deforma a fazer uma melhor gestão dos recursos disponíveis;

• Os tradicionais orçamentos anuais (estáticos e inflexíveis e, muitasvezes, com uma rápida obsolescência como instrumento de contro-lo de gestão) estão a dar lugar a rolling forecasts (previsões per-manentemente revistas e actualizadas), que permitem uma respostamais rápida aos dados reais que vão sendo apurados;

• As métricas de gestão do desempenho estão a ser implementadase comunicadas através da organização (utilização de scorecards eoutras metodologias), conferindo conhecimento, autonomia e em-powerment a todos os funcionários;

• Os departamentos de estudos e planeamento das empresas come-çam a aperceber-se da importância de estabelecer correlações quelhes permitam descortinar modelos de impacto de variáveis entresi, de forma a conferir lógica e coerência ao modelo de desempe-nho a implementar e gerir;

• As ferramentas para analisar resultados e seus catalisadores estãoa ser disseminadas pelos vários interessados, promovendo assim a«democratização» das competências analíticas e de reporting.

Neste processo, a tecnologia tem um papel essencial – o papel dechange enabler, isto é, de promotor e catalizador da mudança. Fe-lizmente, o progresso nas tecnologias de informação de apoio à ges-tão tem crescido constantemente nos últimos anos. As inovaçõestecnológicas mais recentes e a cada vez maior interligação, no âm-

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bito da investigação e desenvolvimento (I&D) desta área, entre ascomponentes «técnica» e de «gestão», veio permitir a emergênciade uma abordagem inovadora: a CPM (corporate performance ma-nagement).

Com efeito, o desenvolvimento das capacidades de integração en-tre aplicações diversas veio permitir, gradualmente, encarar a busi-ness intelligence como algo mais do que um conjunto de soluçõesdepartamentais, funcionais, tendencialmente isoladas e focalizadas naresolução de problemas específicos. Possibilitou, pois, um salto quali-tativo que posicionou este conjunto de tecnologias como um sistemacompleto que acompanha o ciclo de gestão, os seus processos estra-tégicos e contribui para uma verdadeira eficácia corporativa.

O conceito de CPM, criado pela Gartner Research em 2001, pres-supõe, pois, uma abordagem sistematizada e integrada de ligação daestratégia da empresa à sua execução, aos seus processos operacio-nais e às actividades. Consiste em estabelecer métricas, metodologiase tecnologias para uma monitorização do desempenho da empresa emtempo real e para a visualização da relação entre as diversas variá-veis. Esta abordagem abrange todas as fases do ciclo de gestão:

• Definição das opções estratégicas através da modelização dos nossosbusiness plans;

• Alinhamento da organização através do estabelecimento de objec-tivos estratégicos e intermédios;

• Estabelecimento de compromissos através do planeamento e darespectiva orçamentação;

• Medição do desempenho através de modelos pré-definidos (ba-lanced scorecard, EFQM excellence model ou outros), que con-ferem coerência ao conjunto de indicadores-chave de desempenho;

• Discernimento de eventos e tendências, através de uma análise dedados objectiva e pertinente;

• Avaliação dos resultados e consolidação de conclusões, promoven-do uma correcta accountability de todos os interessados;

• Geração de um feedback das conclusões obtidas e do conheci-mento que as justifica;

• Realinhamento, numa etapa crítica deste ciclo de gestão, da estra-tégia e/ou das iniciativas e redireccionamento da nossa organiza-ção para outros caminhos.

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CAPÍTULO 5 • A EMERGÊNCIA DA CPM (CORPORATE PERFORMANCE MANAGEMENT)

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Como declarou Rob Ashe, presidente da Cognos, «o CPM é a for-ma que eu tenho de assegurar que as minhas prioridades são as prio-ridades de quem está quatro degraus abaixo na hierarquia daorganização. O CPM preserva as intenções e o sentido estratégico dagestão de topo e confere empowerment às áreas operacionais parafazerem o trabalho certo de forma eficaz».

Esquematicamente, podemos visualizar um modelo de corporateperformance management:Figura 5.1

Modelodetalhado dasvárias etapase tarefas dacorporateperformancemanagement

ESTRUTURA E COMPONENTES DE UM SISTEMA DE CPM

A grande mais-valia da CPM, enquanto modelo de gestão potenci-ado e apoiado pela tecnologia, consiste no facto de ela conferir eleva-dos níveis de conhecimento e flexibilidade às actividades deplaneamento e controlo de uma organização. Esta flexibilidade é apedra-de-toque de todo o processo: permite à organização respondercom eficiência e eficácia às alterações do seu meio envolvente, seja

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BUSINESS INTELLIGENCE

na resposta às preferências e aos padrões de procura dos consumido-res, as estratégias dos concorrentes, alterações no pricing de deter-minada cadeia de fornecimentos ou decisões de entidades reguladorasem mercados altamente regulamentados.

Deste modo, a implementação dos vários componentes (ou módu-los) de um sistema de CPM deve ter como premissa fundamental acapacidade de permitir a integração e a flexibilidade das partes paragarantir a sustentabilidade do todo – isto para além da capacidade depermitir cobrir a totalidade ou a maior parte dos processos principaisde negócio da organização.

ESTRUTURA DE UM SISTEMA DE CPM

A estrutura integrada de um sistema de CPM é, naturalmente, cons-tituída por hardware, software, processos e pessoas (utilizadores) àsemelhança de qualquer MIS (management information system). Seráa interacção entre estas diversas partes que permitirá ao sistema apre-sentar as suas propostas de valor sequenciais: disseminação da infor-mação e do conhecimento, monitorização do desempenho emaximização da gestão do desempenho.

De uma forma geral, e com base na experiência de algumas com-panhias de software líderes mundiais nesta área, um sistema de CPMdeverá ter os componentes visíveis na imagem abaixo.

Figura 5.2Modelo com oscomponentesmais significativosde um sistemade corporateperformancemanagement(perspectivaCognos)

Referimos em seguida, sucintamente, as partes mais relevantes.

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CAPÍTULO 5 • A EMERGÊNCIA DA CPM (CORPORATE PERFORMANCE MANAGEMENT)

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Performance management solutions

Industry solutions – Cada «indústria» – aqui no sentido de «sec-tor ou área de actividade» – tem determinadas especificidades, rela-cionadas naturalmente com o seu core business e os seus factoresprincipais de sucesso.

Enterprise performance solutions – Estas aplicações são de usomais ou menos generalizado; nelas podemos encontrar soluções de:

• consolidação financeira;

• planeamento empresarial;

• aplicações de desempenho empresarial;

• scorecarding;

• análise e reporting de dados;

• performance management platform.

A plataforma de software de um sistema de CPM é formada peloscomponentes de planeamento, scorecarding e business intelligen-ce, integrados e automatizados.

Como já vimos, as tecnologias de planeamento permitem as ope-rações de modelização, orçamentação, forecasting (previsão) e re-porting financeiro. A tecnologia de scorecarding permite a gestãode métricas, a visualização das suas interligações e do efeito quetêm entre si, e uma gestão dinâmica que permite visualizar tendênciasao longo do tempo e efectuar o drill down para chegar aos dadossubjacentes.

Platform services

Os platform services do sistema de CPM são as funcionalidadesintegradoras que permitem a sua utilização em toda a organização.

• Portal – Uma simples interface web-based, que funcione como front--end agregador das várias funcionalidades ao serviço de cada utili-zador (portanto adaptado a cada perfil);

• Security – Modelo de segurança básico com respectivos requisitosem termos de sign-on;

• Configuration – Implementação e configuração de forma remota,efectuada num único momento;

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BUSINESS INTELLIGENCE

• Administration – Gestão e controlo remoto de todo o sistema;

• Information & business modeling – Modelização e controlo dainformação de forma centralizada, de forma a assegurar que osrecursos de informação estão disponíveis de acordo com as neces-sidades do negócio;

• Data integration – Possibilidade do acesso aos dados, independen-temzente da sua forma de estruturação (relational ou OLAP); dis-ponibilidade de ferramentas de ETL ou de EII (enterpriseinformation integration).

ETAPAS DO MANAGEMENT CYCLE: PLANEAMENTO,MONITORIZAÇÃO E ANÁLISE

PLANEAMENTO E FORECASTING: A BASE DA CPM

Uma das funções básicas do ciclo de gestão é a formulação daestratégia e sua respectiva quantificação, numa perspectiva top-down.Este processo estratégico essencial vai, inevitavelmente, dar origem aum conjunto de esforços no sentido de conciliar as iniciativas e osobjectivos estratégicos (strategic plans) com os planos operacionais(business plans) de cada subdivisão ou área de negócio.

As operações de planeamento e orçamentação vêm cumprir esta ta-refa, com os inevitáveis constrangimentos de um processo moroso esegmentado. Muitas empresas continuam, contudo, a realizar estes pro-cessos estratégicos através de metodologias pouco fiáveis, de centenasou milhares de folhas de cálculo (ficheiros Excel) criadas manualmente.

As ferramentas de business intelligence de suporte a uma abordagemCPM visam integrar e automatizar a composição, o cálculo, a consolida-ção e disseminação dos dados financeiros e operacionais. O processodeverá facilitar a participação de todos os intervenientes.

Uma estrutura de planeamento orçamental virada para os resulta-dos deverá obedecer a princípios/tarefas básicos:

• Definir as metas – Criar uma estratégia directa, unificada e quanti-ficada, para atingir um desempenho de excelência;

• Planear para maximizar o desempenho – Concretizar a estratégiaem planos e orçamentos para melhor orientar os esforços de cola-boradores e parceiros;

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CAPÍTULO 5 • A EMERGÊNCIA DA CPM (CORPORATE PERFORMANCE MANAGEMENT)

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• Ligar as finanças às operações – Construir planos que assegurema ligação e a coerência entre as áreas funcionais;

• Empenhar toda a organização – Proporcionar feedback em temporeal a todos os que participam no processo;

• Incrementar a flexibilidade – Refazer os planos quando as condi-ções se alteram;

• Compreender os resultados – Gerir o desempenho com base emferramentas de reporting e análise orçamental;

Quanto às aplicações tecnológicas de apoio, estas deverão ter al-gumas características essenciais:

• Assegurar a participação de todos os intervenientes no processo,numa perspectiva de colaboração e segurança, com responsabili-dades bem delineadas;

• Potenciar o planeamento contínuo (forecastings e reforecastings),com actualizações diárias, semanais e mensais;

• Flexibilizar a imputação de dados;

• Definir a hierarquia de decisão;

• Visualizar intuitivamente a estrutura de custeio pré-definida;

• Analisar multidimensionalmente;

• Integrar com ERP e respectivos módulos financeiros e definir pa-râmetros de interface com o Microsoft Excel.

Figura 5.3Imagem de ecrãda aplicação deplaneamento,orçamentação ecusteio CognosPlanning®

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BUSINESS INTELLIGENCE

MONITORIZAÇÃO DA PERFORMANCE:GARANTIR ALINHAMENTO E ACCOUNTABILITY

A monitorização da performance baseada na tecnologia deve permitira gestão por objectivos, e estar orientada e alinhada de forma a que todosos colaboradores de uma organização estejam concentrados em esforçose metas comuns. Como tal, a componente de monitorização (scorecar-ding) de um sistema de performance management deverá ser, na actuali-dade, mais do que um conjunto de razões e indicadores. É indispensávelque ela seja um instrumento de implementação da estratégia corporativadefinida e que comunique de forma adequada os objectivos definidos atodos os interessados. A monitorização deverá permitir definir com clare-za os indicadores-chave de desempenho, efectuar uma avaliação objecti-va e eficaz do desempenho de cada «célula» da organização, e visualizarcom clareza as relações causa-efeito que revelem a influência e interliga-ção entre áreas departamentais/unidades de negócio e as variáveis. Emsíntese, a monitorização deve alinhar a estratégia à execução, através deum sistema integrado de avaliação assumido por todos. Como corolário,deverá alinhar os sistemas de compensação e incentivos, para que cadacolaborador tenha a noção concreta do seu contributo para a organizaçãoe seja reconhecido e remunerado em função dele.

O modelo de referência do BSC (balanced scorecard) é um con-ceito de gestão estratégica, criado em 1992 por David Norton e Ro-bert Kaplan, professores da Harvard Business School, que pressupõea medição e avaliação de dimensões essenciais que permitem aferirse o desempenho da organização corresponde ao definido na visão, naestratégia e nos planos de acção.

Figura 5.4O modelo debalancedscorecard,utilizado comosuportesistematizado ecoerente dasaplicações descorecarding

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CAPÍTULO 5 • A EMERGÊNCIA DA CPM (CORPORATE PERFORMANCE MANAGEMENT)

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Como instrumento privilegiado para acção (e não apenas paramonitorização), o BSC deverá ser:

• um instrumento de disseminação da estratégia, de comunicação dosobjectivos e das iniciativas a levar a cabo na organização;

• uma ferramenta de empowerment, concedendo autonomia aos res-ponsáveis operacionais para gerirem e controlarem o seu desem-penho, aferindo constantemente, através de métricas e indicadores,o seu contributo para os objectivos globais da organização.

A abordagem do BSC inclui as seguintes dimensões:

Perspectiva financeira – Avalia a capacidade da empresa de gerarlucro para os seus accionistas (rendibilidade do capital), assim como asua saúde financeira a curto ou a médio/longo prazos; as áreas/osindicadores mais comuns são:

• o ROI (return on investment – retorno do investimento);

• a liquidez;

• a solvabilidade;

• a rendibilidade dos activos;

• a rendibilidade das vendas;

• o cash-flow;

• as principais fontes de dados;

Perspectiva dos clientes – Avalia a posição da empresa perante omercado em geral e perante os seus consumidores; inclui essencial-mente matérias afectas à estratégia de marketing e à gestão comer-cial; as áreas/os indicadores mais comuns são:

• a quota de mercado;

• o volume de vendas;

• os índices de satisfação e fidelidade;

• a rendibilidade média por consumidor;

• a notoriedade da empresa/marca;

• as principais fontes de dados;

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BUSINESS INTELLIGENCE

Perspectiva dos processos internos – Avalia a eficiência das ta-refas executadas na empresa, em termos de tempo, custo e qualidadedo resultado; abrange áreas como o serviço ao cliente, logística, apro-visionamento e gestão de stocks, administração e gestão documental;as áreas/os indicadores mais comuns são:

• os prazos de resposta/entrega;

• a rotação de stocks;

• as despesas administrativas;

• a produtividade operacional;

Perspectiva da aprendizagem e crescimento – Avalia generica-mente o capital intelectual (conhecimento, capital humano) da empresae a sua capacidade de manter níveis altos de aprendizagem, desenvol-vimento, inovação, satisfação e motivação; inclui assim indicadoresem áreas como a gestão de recursos humanos, formação, cultura or-ganizacional, status tecnológico, entre outros; as áreas/os indicadoresmais comuns são:

• os índices de liderança;

• os índices de desempenho/produtividade;

• o absentismo;

• o investimento em formação per capita;

• os índices de motivação e satisfação;

• a retenção/turnover dos empregados;

• os índices de competências-chave;

O BSC tem como grande virtude a possibilidade de encarar a es-tratégia de forma alinhada e transparente em toda a empresa. Contu-do, toda esta abordagem foi complementada e melhorada com aintrodução dos strategy maps, através da obra de Kaplan e Norton,lançada em 2001, The Strategy-Focused Organization.

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CAPÍTULO 5 • A EMERGÊNCIA DA CPM (CORPORATE PERFORMANCE MANAGEMENT)

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Os mapas estratégicos são, pois, diagramas que explicitam como aorganização cria valor, fazendo a ligação entre os objectivos estraté-gicos e todos os outros existentes nas quatro perspectivas tradicionaisdo balanced scorecard (financeira, clientes, processos internos e apren-dizagem e crescimento) em relações explícitas de causa-efeito. Ba-seia-se nos seguintes pressupostos:

• A estratégia «balanceia» entre forças contraditórias e baseia-se nadiferenciação das propostas de valor para os clientes;

• O valor é criado pelos processos de negócio internos de uma orga-nização;

• A estratégia é composta de vários vectores, simultâneos e comple-mentares;

• O alinhamento da estratégia determina o valor das variáveis intan-gíveis (marca, capital humano, entre outros).

Esta abordagem é essencial para optimizar e maximizar o valoracrescentado destas aplicações específicas de business intelligencepara a gestão empresarial.

Figura 5.5Imagem de ecrãde um mapaestratégiconumaaplicacação deScorecardingCognos®

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BUSINESS INTELLIGENCE

É importante conseguir visualizar e gerir métricas. Contudo, issotornar-se-á pouco efectivo se não for possível aprofundar as análisese perceber o que, em termos operacionais, está subjacente aos diver-sos indicadores. A capacidade de analisar e reportar a informação é acondição essencial para uma correcta accountability. As ferramen-tas descritas anteriormente (OLAP, ferramentas de query, dashboar-ds) são essenciais, pois permitem responder às questões fundamentais(onde, como, quando, quanto e porquê) – só assim estará fechado ociclo de gestão prescrito na corporate performance management.

ANÁLISE E REPORTING:GERAR CONHECIMENTO DE SUPORTE AO NEGÓCIO

Figura 5.6Imagem de ecrãde uma aplicaçãode análisemultidimensionalCognos®

T E S T E O S S E U S C O N H E C I M E N T O S

1. Refira as principais capacidades exigidas aos sistemas tecnológicos que apoiamo ciclo de gestão, numa perspectiva integrada de performance management.

2. Caracterize os principais componentes de um sistema de corporate performancemanagement.

3. Aponte as principais áreas de monitorização que um sistema tecnológico de balan-ced scorecard deve sustentar.

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CAPÍTULO 5 • A EMERGÊNCIA DA CPM (CORPORATE PERFORMANCE MANAGEMENT)

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BAM (BusinessActivityMonitoring):A Promessada BusinessIntelligence parao Século XXI• Conhecer o conceito de BAM, os seus componentes e vantagens

na gestão de eventos em tempo real

• Compreender o valor acrescentado da BAM para áreas fundamentaiscomo a gestão de risco

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BUSINESS INTELLIGENCE

CONCEITO E VANTAGENS DA BAM

As aplicações designadas como BAM (business activity monito-ring) são uma subárea de business intelligence em grande cresci-mento e desenvolvimento tecnológico. Fazendo a fusão entre aabordagem de análise e reporting (que é a matriz fundamental dabusiness intelligence), e o conceito de business integration (que re-presenta a integração e automatização dos processos de negócio),as aplicações BAM proporcionam alertas em tempo real, baseadosem métricas predefinidas e despoletados quando estas atingem umvalor considerado crítico e necessitam de uma intervenção por parteda gestão da organização. As métricas e os respectivos alertas de-vem corresponder a eventos que tenham de facto relevância para asoperações e para os objectivos definidos.

Como é compreensível, a tecnologia BAM não deve funcionar iso-ladamente – só apresentará bons níveis de eficácia quando combina-da com funcionalidades de análise multidimensional ou de data miningque providenciem a informação e o conhecimento optimizado paramelhor responder ao alerta.

ESTRUTURA DO SISTEMA BAM

As aplicações BAM apresentam pois pelo menos três componen-tes essenciais:

• Data integration – Os dados são recolhidos nas suas aplicações deorigem (bases de dados, CRM, SCM, Internet);

• Análise – Os dados são analisados automaticamente mediante asregras de negócio instituídas; aqui é de realçar a importância dasaplicações terem ambientes user-friendly, sem necessidade de pro-gramação por parte do pessoal técnico afecto às TI;

• Entrega da informação – Para além das interfaces mais vulgaresdas aplicações de front-end, a informação poderá ser remetidapara telemóveis (via SMS), e-mail, fax, PDA, entre outros. Asfunções de BAM deverão permitir ao utilizador assinalar a tomadade conhecimento e, eventualmente, despoletar uma acção atravésda própria ferramenta.

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CAPÍTULO 6 • BAM (BUSINESS ACTIVITY MONITORING): A PROMESSA DA BUSINESS INTELLIGENCE PARA O SÉCULO XXI

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Figura 6.1Modelo de umaferramenta de BAM

As tendências da BAM pressupõem uma maior integração de aler-tas em áreas de ponta como o CEP (complex event processing). Nes-ta abordagem, a informação pertinente contida nos eventos registados(detecção de padrões e relações, hierarquia de eventos, etc.) deve serdescoberta, comunicada e respondida pela área da gestão. Em áreasmuito específicas da cadeia de valor da organização [como, por exem-plo a logística – na senda do just in time – ou a gestão de clientes –mantendo os SLA (service level agreements – níveis de serviços míni-mos acordados) e optimizando a gestão da relação e o controlo dosriscos comerciais], a integração de diversas variáveis e constrangimen-tos está a ser controlada com o apoio da BAM. As suas potencialidadescomeçam agora a ser aproveitadas em quatro áreas:

• Monitorização das políticas/dos processos definidos – É essencialperceber se os processos definidos, de acordo com uma boa práti-ca uniformizada, estão a ser cumpridos, devendo as excepções serdetectadas de imediato;

• Análise do impacto dos eventos – Através de modelos predefini-dos, as aplicações BAM estabelecem, de imediato, a relação entreo facto A e o facto B, permitindo aferir necessidades de correcçãoimediatas;

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BUSINESS INTELLIGENCE

• Resposta/acção automática – Implementar regras de respostas au-tomáticas baseadas em planos de solução é um desafio que já estáao dispor das novas tecnologias; esta acção pressupõe grandes com-petências a nível do desenvolvimento de modelos de impacto e derelações causa-efeito e de business integration. (E. g., o preço dedeterminada referência do produto x está, por questões de estraté-gia de marketing, indexado ao preço mínimo de três concorrentes;uma alteração detectada nos sistemas de informação de marketingdeverá despoletar, de forma automática, a alteração do preço dereferência praticado.)

Figura 6.2Gráficos comsinalética intuitiva,similar aosdashboards,assinalam alertasnas métricasrelevantes paracada responsável

É essencial, contudo, ter a noção de que nem todos os eventos erespectivas métricas têm vantagens em ser monitorizados em tem-po real. Essa monitorização só fará sentido se estivermos peranterealidades que requerem intervenções imediatas. Por exemplo, nãofará sentido monitorizar «ao minuto» o pipeline de negócios (con-junto de perspectivas de vendas e respectivas probabilidades deconcretização) de determinada equipa comercial; o pipeline é cons-truído progressivamente, mediante uma estratégia assumida e co-nhecida, sendo que só fará sentido um acompanhamento semanalou quinzenal. Da mesma forma, não haverá grande utilidade emacompanhar obsessivamente o EPS (earnings per share) da car-teira de investimentos da empresa no mercado accionista (tendoem conta que se trata de activos de risco e são investimentos amédio e longo prazos), sendo uma monitorização mensal ou trimes-tral amplamente suficiente.

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CAPÍTULO 6 • BAM (BUSINESS ACTIVITY MONITORING): A PROMESSA DA BUSINESS INTELLIGENCE PARA O SÉCULO XXI

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ID: TECNOLOGIA DE APOIO À BAM

Para cumprir a promessa de monitorização, detecção e alerta emtempo real, é necessário operacionalizar os modelos de BAM comalgumas tecnologias específicas; a RFID é, hoje em dia, um das maisrelevantes.

Os sistemas de RFID (radio frequency identification – identifica-ção por radiofrequência) são sistemas automáticos de identificaçãoque, através da tecnologia de radiofrequência, permitem a identifica-ção e localização automática de pessoas, produtos ou equipamentos.Através de portadores de dados – as etiquetas que contêm chips de

Áreas/contextos de negócio em que o BAM tem benefí-cios relevantes:

Gestão de Clientes/Comercial• Gestão de vendas e de pipelines de vendas• Gestão de SLA (serviços ao cliente)• Gestão de contact-centers• Gestão de upgrades de produtos

Transportes, logística e aprovisionamentos• Gestão de manutenções e reparações• Gestão de prazos• Gestão de espaços• Gestão e tracking de bens perecíveis

Gestão industrial• Gestão de equipamentos críticos• Gestão da capacidade de produção• Gestão do controlo de qualidade• Gestão dos prazos de produção

Gestão financeira e de crédito• Gestão do risco de crédito• Gestão da liquidez

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BUSINESS INTELLIGENCE

silicone –, que vêm anexos aos itens a monitorizar, é possível um leitordetectar a uma distância remota, sem a necessidade de estar ao al-cance visual ou haver algum contacto físico.

Esta tecnologia, integrada num modelo de gestão, pode utilizar deforma proveitosa a informação recolhida pelos leitores e processá-laconforme os objectivos e resultados pretendidos – em particular nosprocessos de negócio de operações e logística.

Com efeito, esta tecnologia torna exequível uma transparênciatotal e uma visão objectiva de uma cadeia logística em tempo real.É possível obter inventários em tempo real e aumentar a traçabili-dade dos produtos – optimizando os custos (redução de quebras eperdas ao longo de toda a cadeia logística), maximizando a quali-dade dos serviços ao cliente e proporcionando condições para ummelhor planeamento.

Figura 6.3Processosimplificadoda RFID

Como tecnologia, a RFID enfrenta ainda desafios inerentes ao factode ainda estar em desenvolvimento. Os ainda elevados custos da tec-nologia, a inexistência de uma uniformização internacional em termosde frequências ou a necessária partilha de informação com outrosparceiros na cadeia de valor (como forma de optimizar o investimen-to) tornam ainda imprevisíveis a dimensão e a importância que as em-presas darão à adopção da RFID.

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CAPÍTULO 6 • BAM (BUSINESS ACTIVITY MONITORING): A PROMESSA DA BUSINESS INTELLIGENCE PARA O SÉCULO XXI

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O RISK PORTAL: A PRÓXIMA PROMESSA DA BAM

As questões relativas à gestão dos riscos de uma organização e aoestabelecimento de um sistema de controlo interno estão hoje, comojá vimos, no topo da agenda dos gestores de topo. Com efeito, é es-sencial conceder uma atenção redobrada a eventos que possam pôrem causa os objectivos e a estratégia definidos, sob pena de a empre-sa ficar desfasada relativamente aos imperativos e pressões do mer-cado em que está inserida. Conseguimos actualmente detectar muitossintomas que revelam a necessidade de gerir os riscos:

• A gestão de topo não se sente confortável em tomar determinadasdecisões, uma vez que o trade-off entre o risco e o proveito nãoestá devidamente avaliado e as decisões tomadas a nível operacio-nal não são avaliadas no contexto geral da estratégia de risco daempresa;

• A gestão de risco não é integrada nos processos de planeamentoestratégico e nos business plans elaborados;

• Os riscos não são sistematicamente identificados, localizados, me-didos e geridos numa perspectiva agregadora e integrada;

• Nota-se uma procura crescente de informação relativa a gestão dorisco e ao controlo interno por parte das administrações das empre-sas, accionistas, investidores, clientes, público em geral – pressãoescrutinadora a que, muitas vezes, as administrações não conse-guem dar resposta de forma satisfatória.

Os projectos de gestão de risco deverão ser iniciados com umafase de avaliação do risco e encarados de forma integrada: identifica-ção dos riscos – estratégicos, financeiros, operacionais, entre outros –,sua categorização – críticos e não críticos – e definição dos respecti-vos indicadores.

As tecnologias de business intelligence, e as aplicações BAMem particular, podem auxiliar de forma muito positiva na construçãodo seu corolário, da sua etapa final, o risk portal.

O risk portal não é mais do que uma aplicação de front-endque permite um interface completo e intuitivo, com acessos segu-ros e segmentados para os responsáveis designados, de forma amonitorizar em tempo real as métricas essenciais inerentes aos prin-cipais riscos.

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Figura 6.4Imagem de ecrãde um risk portal

T E S T E O S S E U S C O N H E C I M E N T O S

1. Que possibilidades de monitorização introduz a tecnologia BAM no conceito debusiness intelligence?

2. Enumere quatro aplicações práticas de tecnologias BAM no contexto dos proces-sos de decisão empresarial.

3. Como poderá a BAM influenciar os níveis de competitividade das empresas a nívelda gestão da informação? Desenvolva esta temática à luz das inovações descritas nestecapítulo.

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CAPÍTULO 6 • BAM (BUSINESS ACTIVITY MONITORING): A PROMESSA DA BUSINESS INTELLIGENCE PARA O SÉCULO XXI

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ROI: O ValorAcrescentadode Um Projectode BusinessIntelligence

• Compreender a importância actual de avaliar e demonstrar arendibilidade de projectos tecnológicos nas empresas

• Conhecer os vários componentes necessários para calcular o ROIde um projecto de business intelligence

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A IMPORTÂNCIA DE AVALIAR A RENDIBILIDADE DA BI

As diversas experiências de implementação de sistemas e tecno-logias de informação nos últimos 10 a 15 anos tornam actualmenteindispensáveis a justificação e a análise custo-benefício rigorosa paranovos projectos nesta área. Com efeito, as implementações efectu-adas como resposta aos desafios mais recentes – integração de pro-cessos e operações (ERP), gestão da relação com os clientes (CRM),transição do ano 2000 (projectos Y2K) ou aproveitamento do ad-vento da Internet (comércio e negócio electrónicos) e os respectivosníveis de eficiência e eficácia – vieram demonstrar que a tecnologianão é, evidentemente, um fim em si própria e que é indispensávelefectuar investimentos com muita parcimónia. Nunca é demais re-lembrar, em concreto, a taxa estimada de implementações falhadasde ERP (cerca de 35% a nível mundial) ou de sistemas de monitori-zação do desempenho baseados no modelo do balanced scorecard(cerca de 60%), não mencionando as inúmeras derrapagens finan-ceiras e o incumprimento de prazos estimados.

Destas constatações, rapidamente se conclui a reserva ou pelomenos a atitude de extrema prudência com que as administraçõesencaram os seus investimentos estruturantes em novas tecnologias.A abordagem go big or go home, que dominava o mercado de TI hácinco ou seis anos, foi substituída na actualidade pela mais moderadaatitude de think big, start small.

O objectivo da introdução nas empresas de tecnologias de infor-mação em geral, e de business intelligence em particular, é a criaçãode um ambiente estável e optimizado, em que a combinação entrepessoas, processos e tecnologias possa continuar a trazer valor à or-ganização. Quantificar esse valor acrescentado trazido pela tecnolo-gia, e acumulado no tempo, deduzido dos investimentos (iniciais econtínuos) é o trabalho do cálculo do ROI (return on investment– retorno do investimento).

O ROI é uma ratio bastante simples entre custos e benefícios:

ROI = Benefícios reconhecidos/custos com implementação x 100

Como o cálculo do ROI envolve a análise ao longo do tempo (geral-mente, entre três e cinco anos), é importante ter em atenção o valor dotempo em termos financeiros. Deste modo, é pertinente ter em conta oscash-flows descontados através do cálculo do VAL (valor actual líqui-do), quer em termos de numerador, quer em termos de denominador.

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CAPÍTULO 7 • ROI: O VALOR ACRESCENTADO DE UM PROJECTO DE BUSINESS INTELLIGENCE

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Figura 7.1Análise dobreakevende um projectode businessintelligence

Iremos de seguida ver, em pormenor, os principais componentes donumerador e do denominador desta equação essencial. Ela deverá sertida em conta quer na perspectiva de uma avaliação a priori, de esti-mativa e validação do projecto, quer já em fase de funcionamentopleno das várias ferramentas de business intelligence.

OS CUSTOS DIRECTOS DO PROJECTO

Existem vários itens na implementação de projectos de BI que sãoóbvios e bastante fáceis de quantificar. Para além da aquisição desoftware ou hardware, há que contar com outros custos relativos àsustentabilidade do projecto, como sejam a optimização das infra-es-truturas tecnológicas ou a formação dos utilizadores.

CUSTOS DE AQUISIÇÃO

Os custos de aquisição de software contabilizados devem come-çar por englobar, por uma questão de coerência lógica, os valoresdecorrentes das aquisições de data warehousing (licenças com basede dados relacional e respectivos servidor, processadores, memória)nos casos em este seja o ponto de partida para o sistema analítico e dereporting a implementar. O conjunto será naturalmente complemen-tado, pelo menos, com as ferramentas de ETL e com as aplicações defront-end (software de scorecarding, dashbording, OLAP, entre ou-tras). Em boa parte das situações revelam-se igualmente necessáriasferramentas de data cleansing, que assegurem os níveis desejados dedata quality.

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BUSINESS INTELLIGENCE

De notar que o número de licenças adquirido no início pode serreduzido com o propósito deliberado de aumentar gradualmente a co-munidade de utilizadores. Esta estratégia faz sentido na perspectivada racionalidade do projecto e da sua gestão do risco; contudo, naavaliação do ROI, dever-se-á prestar atenção à progressão estimadado número de utilizadores para melhor determinar estes custos.

CUSTOS DE INFRA-ESTRUTURA DE TI

Esta tipologia de custos prende-se com a necessidade frequente deaumentar as capacidades da infra-estrutura subjacente, a modo a fazerface às exigências da «estrutura» de business intelligence. As actua-lizações do software e do hardware já existentes ou o incremento dascapacidades das redes de comunicações devem, pois, ser consideradoscom objectividade. Nos casos em que estes incrementos se façam poruma dupla exigência (da implementação de BI e de outras necessida-des paralelas), deve ser encontrada uma fórmula de imputação.

CUSTOS DE IMPLEMENTAÇÃO

Os custos de implementação referem-se, essencialmente, aos recursoshumanos reservados às tarefas necessárias ao lançamento, desenvolvimentoe conclusão do projecto, isto é, até todas as ferramentas de BI estaremoperacionais e à disposição do utilizador final. O elemento humano é geral-mente segmentado entre as categorias de colaboradores (empregados afec-tos contratualmente à organização) e consultores externos (cujascompetências foram adjudicadas para a concretização do projecto).

Os valores afectos aos consultores são transparentes e, como tal,facilmente quantificáveis, uma vez que foram estipulados antecipada-mente. Recomenda-se, contudo, a boa prática de estipular margensde conforto relativamente a eventuais derrapagens, que podem au-mentar consideravelmente este item.

Quanto aos colaboradores internos, tendo em conta que muitas vezesnão têm o seu tempo completamente adstrito ao projecto de BI, éimportante contabilizar as horas efectivas de trabalho para conferircredibilidade à imputação.

CUSTOS DE FORMAÇÃO

As acções de formação são fundamentais a dois níveis: para os uti-lizadores finais das aplicações e para os responsáveis pela sua correcta

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CAPÍTULO 7 • ROI: O VALOR ACRESCENTADO DE UM PROJECTO DE BUSINESS INTELLIGENCE

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manutenção, gestão e eventuais customizações adicionais (geralmenteperfis profissionais afectos aos departamentos de informática e tecno-logias de informação). É importante não esquecer todos os componen-tes associados à formação: os custos dos formadores, manuais didácticos,instalações utilizadas e o tempo (naturalmente valorizado) que os cola-boradores despenderam envolvidos nas acções formativas.

CUSTOS DE SUPORTE E MANUTENÇÃO

As inevitáveis actualizações de software e a manutenção de todaa estrutura têm um custo considerável, especialmente quando se con-sidera um intervalo de tempo alargado.

CUSTOS DE PERFORMANCE

Sendo de difícil previsão, numa fase prévia de avaliação, os custosde performance devem ser considerados em fases de avaliação inter-média (e. g., ao fim de dois anos) ou de avaliação final do projecto. Asineficiências a nível do serviço esperado (o chamado downtime) vêmnaturalmente retirar valor e, consequentemente, aumentar a estruturade custos destes projectos.

OS CUSTOS INDIRECTOS DO PROJECTO

Os custos indirectos de um projecto de BI referem-se, essencial-mente, aos custos de compatibilidade entre tecnologias e a custos deoportunidade com a sua utilização.

A compatibilidade entre tecnologias é um custo essencial, determi-nado basicamente pelo tempo que o pessoal de TI e os responsáveispelo negócio despendem a assegurá-la. Com efeito, hoje é normalencontrar organizações com duas ou três ferramentas diferentes deBI, cada uma com os seus requisitos próprios em termos de fontes dedados e alimentação do sistema (ETL). Estas «manutenções» devempois ser devidamente consideradas e adicionadas ao denominador daequação do ROI.

Os custos de oportunidade baseiam-se, na sua maioria, no fracassoem retirar todo o potencial que se esperava com a implementação de BInas organizações. Com efeito, através da introdução de ferramentas ana-líticas e de reporting, é suposto ser possível detectar e avaliar as melho-

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BUSINESS INTELLIGENCE

rias quantitativas nos processos estratégicos (baseados em melhores de-cisões) bem como, em certa medida, em alguns processos operacionais,através do empowerment dos seus responsáveis mais directos. Contudo,existem frequentemente «fenómenos de erosão» nos benefícios do BI,que, como tal, devem ser considerados como custos indirectos.

Em primeiro lugar, temos o problema da baixa aceitação por partedo seu público-alvo. Quer por razões de resistência à mudança, pormotivos relacionados com a falta de enquadramento ou formação, ou(problema mais frequente) por inexistência de alterações nos siste-mas, processos e relações de gestão da informação instituídos nasáreas em que o BI é implementado, são inúmeras as situações em queo potencial fica largamente aquém das expectativas. A falta de inter-ligação e de um trabalho em rede eficaz entre os utilizadores é tam-bém muitas vezes o diagnóstico mais acertado.

Podemos encarar este problema como a construção de um grandecentro comercial. Se depois de concebido e edificado não conseguiratrair um número razoável e esperado de clientes, não poderá, nãoobstante a sua magnificência arquitectónica, ser considerado um su-cesso. Em termos práticos, temos de ter a consciência do contextoorganizacional em que vamos inserir os sistemas de BI, de forma aestimar, de forma sempre conservadora, o âmbito da sua aceitação(da mesma forma que, aliás, um departamento de marketing dá luzverde a um novo produto em função do mercado esperado).

Em segundo lugar, temos a erosão motivada pelo desencanto com asfuncionalidades: após um período inicial de entusiasmo com o sistema, onível de utilização decai continuamente, ao longo do tempo. Aqui, sãomuitas vezes as questões de escalabilidade (decaem os níveis de dispo-nibilidade e desempenho do sistema) que determinam o decréscimo.

MEDIR OS PROVEITOS DA BI

Enquanto a avaliação dos custos de um projecto é uma tarefa rela-tivamente simples (com algumas dificuldades acrescidas nos custosindirectos, como vimos atrás), já a aferição dos seus proveitos reves-te-se de uma certa complexidade. De facto, a relação entre o investi-mento em tecnologias de informação e a criação de valor não éfacilmente quantificável. Há dois constrangimentos essenciais:

• As tecnologias não funcionam per se, antes interagem com «opera-dores» complexos e pouco previsíveis – os seres humanos. A cria-

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CAPÍTULO 7 • ROI: O VALOR ACRESCENTADO DE UM PROJECTO DE BUSINESS INTELLIGENCE

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ção de valor pela tecnologia depende de muitas variáveis organiza-cionais, por vezes com comportamentos diversos consoante os ní-veis hierárquicos;

• As tecnologias de BI estão cada vez mais integradas com a restan-te infra-estrutura de sistemas de informação da organização, tam-bém ela em constante mudança; deste modo, os benefícios dassucessivas mudanças e actualizações são dificilmente imputáveis aum componente específico.

Apesar destes constrangimentos, é importante fazer um exercíciode gestão e tentar simular os valores resultantes num determinadoespaço de tempo (correspondendo quer a reduções de custos, quer aaumentos de proveitos).

Por exemplo, num projecto de introdução de data mining numaperspectiva de gestão comercial, é importante determinar, em termosbrutos, o valor acrescentado de uma maior capacidade de segmenta-ção, do posicionamento e marketing-mix de um determinado produto,no âmbito de um determinado universo.

Imaginemos, de forma simplificada:

• Vendas do produto x com os antigos sistemas de CRM: 500 000 euros

• Vendas do produto x após introdução do data mining: 780 000 euros

Se mantivermos constantes as restantes variáveis, chegaríamos aovalor de 280 000 euros em benefícios. Se notarmos claras mudançasde contexto como, por exemplo, a redução do número de colaborado-res comerciais (e dos respectivos custos com o pessoal) em funçãoda introdução da tecnologia, o valor subiria; da mesma forma, se estevalor implicar diferenças cambiais positivas, teremos de fazer a redu-ção proporcional.

Já no âmbito de um projecto integrado de corporate performancemanagement, poderemos ter uma noção dos benefícios da introduçãodo componente de planeamento, orçamentação e forecasting.

De novo, um exercício académico simples:

• Ciclo de planeamento e orçamentação (antes): 25 dias úteis

• Forecastings e re-forecastings: trimestrais

• Custo do processo [considerando FTE (full time equivalents)]:85 000 euros

• Ferramentas: ficheiros Excel

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BUSINESS INTELLIGENCE

Com a implementação de tecnologia colaborativa, web-based, ecom capacidades de análise multidimensional, teremos:

• Ciclo de planeamento e orçamentação (depois): 5 dias úteis

• Forecastings e re-forecastings: mensais

• Custo do processo [considerando FTE (full time equivalents)]:15 000 euros

• Custo da nova tecnologia: 80 000 euros

O ROI do projecto, avaliado com base nestas variáveis simplifica-das, ficará, num prazo de três anos, em 130 000 euros – cerca de 163%(sem quantificar variáveis mais subjectivas como sejam a rapidez, afiabilidade dos dados e o apoio para uma maior qualidade na decisão).

T E S T E O S S E U S C O N H E C I M E N T O S

1. Explicite os principais custos directos de um projecto de business intelligence.2. Como é possível medir os efeitos positivos de um projecto de business intelligen-

ce? Quais os itens a ter em consideração nesse cálculo?3. No contexto actual, qual é a importância de medir em concreto as vantagens de uma

implementação tecnológica?

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CAPÍTULO 7 • ROI: O VALOR ACRESCENTADO DE UM PROJECTO DE BUSINESS INTELLIGENCE

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Gestão eImplementaçãode Projectos deBusinessIntelligence

• Compreender, numa perspectiva de gestão de projecto, as áreasfundamentais para o sucesso de implementação de tecnologias debusiness intelligence

• Conhecer as etapas essenciais para o planeamento, gestão e controlode um projecto de business intelligence

O B J E C T I V O S

8C A P Í T U L O

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BUSINESS INTELLIGENCE

CARACTERÍSTICAS E ESPECIFICIDADES DOS PROJECTOS DE BI

Os projectos de business intelligence são, geralmente, empreen-dimentos complexos e com um impacto considerável (positivo, de pre-ferência) nas estruturas e nos workflows de decisão empresariais.A entrada de uma nova tecnologia pressupõe, frequentemente, a alte-ração de papéis, funções e responsabilidades e a execução de novastarefas. Esta situação exige dos responsáveis do projecto e de todosos gestores directamente envolvidos uma capacidade de alterar a suagestão. O planeamento e a execução de um projecto de BI deverãoser levados a cabo mediante o desenvolvimento de várias etapas se-quenciais, que deverão gerar resultados (deliverables) objectivos.

Figura 8.1Representaçãogenéricadas actividadesde gestão deprojectosde businessintelligence

PREPARAÇÃO DO PROJECTO: O PROJECT CHARTER

A gestão do projecto começa por exigir uma sustentação racionalde forma a tornar clara a sua necessidade de implementação. Comotal, numa perspectiva de business case do projecto, prévio ao início da

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CAPÍTULO 8 • GESTÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE PROJECTOS DE BUSINESS INTELLIGENCE

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implementação, terão de ser prosseguidas algumas etapas fundamen-tais e definidas as seguintes questões essenciais, agrupadas no que sedesigna frequentente como project charter:

Questões a definir num project charter1. Análise do contexto2. Âmbito3. Objectivos e metas4. Solução de business intelligence proposta5. Análise da infra-estrutura tecnológica6. Gap analisys7. Análise custo-benefício8. Resultados (deliverables) do projecto9. Requisitos do histórico10. Condições de data quality11. Controlo e gestão da mudança12. Estrutura organizacional da equipa13. Risk assessment

Todas as questões anteriores deverão estar definidas neste sumá-rio executivo, que representará, na prática, um compromisso entre osresponsáveis pela implementação tecnológica e os responsáveis pelonegócio quanto às condições básicas – âmbito, objectivos, recursos –e uma base de trabalho para fazer os frequentes (quase inevitáveis)ajustamentos numa fase posterior.

ANÁLISE DO CONTEXTO

A avaliação do contexto de negócio envolvente constitui uma eta-pa preliminar essencial do começo de um projecto de business intelli-gence. Com efeito, pela análise do contexto competitivo de umaorganização descortinamos os problemas, entropias e estrangulamen-tos no processo de tomada de decisão (relacionados com a qualidadee pertinência da informação) que irão requerer uma solução destanatureza. Geralmente, temos duas causas fundamentais: a existênciade um problema de negócio previamente identificado que requer umasolução técnica (e. g., a necessidade imperiosa de um sistema de cus-teio que consiga aferir a rendibilidade por segmento, unidade de negó-cio ou actividade) ou a vontade de aproveitar ou descortinar novasoportunidades de negócio (e. g., aprofundar conhecimento sobre a base

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BUSINESS INTELLIGENCE

de clientes da empresa com vista a perceber tendências e assim ma-ximizar o efeito de campanhas de marketing segmentadas). A aná-lise dos condicionalismos e constrangimentos da empresa vai permitiro início da construção de modelos de análise e reporting que gradual-mente, permitirão a integração transversal e a uniformização de da-dos, informação e conhecimento.

ÂMBITO

Para determinar os resultados que queremos retirar de um pro-jecto de business intelligence, é essencial demarcar com a maiorobjectividade possível o seu âmbito. Neste conceito de âmbito, de-vemos definir:

• as áreas funcionais/departamentais, as unidades de negócio ou osprocessos de negócio específicos que serão abrangidos pelo pro-jecto (âmbito horizontal);

• a profundidade dos dados informativos requeridos como outputsdo projecto – conforme o desejo de ter uma informação maisoperacional, mais executiva ou, noutro plano, mais analítica (âm-bito vertical);

De referir que estes são, tipicamente, projectos transversais à es-trutura organizacional e aos processos de negócio, pelo que estes doispontos devem ser equacionados de forma conjunta e coordenada parase poder ter um planeamento o mais realista possível.

As escolhas estratégicas num projecto de BI

Quando definimos o âmbito, somos obrigados, desde logo, a ter emconsideração algumas escolhas estratégicas que irão influenciar todoo processo a montante. São três as questões a equacionar:

• Definir e segmentar os perfis de utilizador – Num projecto de BI,não é recomendável uma uniformização de perfis; deve-se, pelocontrário, definir de forma explícita e segmentada as várias tipo-logias de utilizadores dos deliverables do projecto: top manage-ment (executivos), gestores de unidades de negócio, analistas,eventualmente fornecedores e clientes (através de extranets).Assim, como forma de estabelecer de imediato as ambições/limi-tações do projecto, a comunidade utilizadora terá de ser uma dasprimeiras questões a ter em conta;

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CAPÍTULO 8 • GESTÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE PROJECTOS DE BUSINESS INTELLIGENCE

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• Definir as diferentes necessidades dos utilizadores – É fundamen-tal que o projecto considere: – a profundidade da informação; – a amplitude (abrangência) da informação; – a complexidade funcional; – a customização; e – a especialização funcional ou sectorial das aplicações;

• Enquadrar o projecto nos padrões da arquitectura dos sistemas deinformação – Importa, para maximizar a value proposition do pro-jecto, ter o cuidado de o enquadrar no contexto organizacional; exis-tem, neste âmbito, quatro áreas essenciais:– Plataformas – A maioria das organizações dispõe, na sua

infra-estrutura de SI, de diferentes plataformas e sistemasoperativos: Unix, Windows, NET, entre outros. As aplica-ções de business intelligence implementadas terão de asse-gurar a compatibilidade entre elas;

– Aplicações instaladas – Como já vimos, é hoje habitual en-contrar-se uma diversidade de aplicações departamentais,de natureza tanto operacional como analítica. As ferramen-tas de business intelligence terão, por vezes, de aceder àinformação directamente a partir dessas aplicações, o queobrigará em muitos casos ao desenvolvimento de interfa-ces especiais;

– Nível de globalização – O fenómeno cada vez mais fre-quente da internacionalização das grandes e médias em-presas traz consigo um importante pré-requisito: acapacidade das aplicações de BI serem facilmente imple-mentáveis num ambiente transnacional, com recursos eesforços à escala global. A necessária funcionalidade desuportar diversas línguas é aqui um factor fundamental;

– Escalabilidade – O conceito de escalabilidade é extrema-mente importante: hoje, é essencial que as aplicações pro-porcionem um acesso eficiente, seguro e fiável a um númeroconsiderável de utilizadores (por vezes milhares) sem cau-sar um «desgaste» excessivo dos recursos de hardware dis-poníveis.

OBJECTIVOS E METAS

É fundamental alinhar os objectivos estratégicos e as metas espe-cíficas de um projecto de BI com a estratégia e as iniciativas corpora-

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BUSINESS INTELLIGENCE

tivas. Especificamente, é preciso saber de que forma a tecnologia vaipotenciar resultados concretos (i. e. conhecimento) para incrementarmargens, volume de negócios, explorar novos segmentos, reduzir cus-tos (e. g., cycle times mais pequenos) ou rentabilizar quaisquer recur-sos empresariais. Em suma, definir, de forma quantitativa, que«problemas de negócio» ou que «oportunidades de negócio» o projec-to de BI irá resolver ou potenciar o aproveitamento. Por exemplo: «deforma a reduzir em x % os custos relativos à cadeia de fornecimentoda área de negócio y, o departamento de aprovisionamentos e logísti-ca deverá ter acesso aos dados de consumos, preços, quantidades, eforecastings e à sua análise multidimensional no dia seguinte ao fimde cada ciclo de produção semanal»; ou ainda «de forma a maximizara taxa de sucesso das nossas campanhas de telemarketing, o departa-mento de marketing deverá ter acesso ao perfil dos seus clientes, de-finindo e correlacionando os vários atributos em tempo real».

Como vimos, nestes enunciados é igualmente fundamental definir cla-ramente os destinatários (end-users) que irão beneficiar das mais-valiasdo projecto em termos de tarefas concretas e respectiva duração.

SOLUÇÃO DE BUSINESS INTELLIGENCE PROPOSTA

Uma vez definidos o contexto, o âmbito de actuação desejável e osrespectivos objectivos e metas, é possível propor uma solução tecno-lógica que se apresente como a mais adequada para a prossecução doprojecto.

Como já se enunciou, as aplicações, ferramentas e os modelos deBI são muitos e variados, conforme o enquadramento do projecto.A solução proposta deverá descrever, de forma sintética, toda a ar-quitectura subjacente (data warehousing, soluções de ETL) até aosutilizadores finais (que terão então os interfaces finais – dashbords,scorecards, cubos multidimensionais, entre outros).

ANÁLISE DA INFRA-ESTRUTURA TECNOLÓGICA

Os sistemas de informação em actividade na organização no mo-mento zero (o momento de que partimos para a implementação doprojecto) devem estar perfeitamente definidos e identificados – apli-cações de tipo ERP, CRM, SCM, sistemas de gestão da produção,ficheiros Excel e TXT, intranet e extranet, aplicações de e-commer-ce, entre outros. Este componente é essencial para validar/expandir//refrear as ambições iniciais do projecto.

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CAPÍTULO 8 • GESTÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE PROJECTOS DE BUSINESS INTELLIGENCE

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GAP ANALISYS

Uma vez definida a infra-estrutura tecnológica de base, podemosanalisar os gaps (as lacunas, os hiatos na integração actual ou capa-cidade de integração futura) existentes nos sistemas de informação,que deverão ser resolvidos para atingir os objectivos delineados.

ANÁLISE CUSTO-BENEFÍCIO

Nesta fase, considera-se o exercício de avaliação já proposto noCapítulo 7 – a determinação preliminar do ROI (retorno do investi-mento) do projecto. Já será possível, nesta fase, ter uma perspectivarazoável do investimento a efectuar e dos benefícios a obter, pelo queuma estimativa se torna pertinente.

RESULTADOS (DELIVERABLES) DO PROJECTO

Os resultados são definidos em função dos objectivos e metas de-lineados. Serão constituídos pela definição das aplicações concretas esua consequente aplicação de negócio; por exemplo:

• uma aplicação de scorecarding, como suporte a um modelo debalanced scorecard;

• uma ferramenta OLAP, capaz de analisar, de forma multidimensio-nal, um conjunto de variáveis críticas de uma área de negócio;

• uma ferramenta de dashbording que reflicta o estado financeirode uma dada organização.

O projecto poderá igualmente apresentar como resultados manuaisde procedimentos e acções formativas, para conferir capacidade deautonomia aos utilizadores.

REQUISITOS DO HISTÓRICO

Um projecto de BI pressupõe, naturalmente, o acompanhamentodos factos mais relevantes ao longo do tempo. É essencial dividir otempo em dias, semanas, meses, trimestres ou anos (conforme os ci-clos de negócio inerentes a cada realidade ou os que a empresa queiramonitorizar) para a consolidação de conclusões relativamente aos prin-cipais factores de decisão. Como tal, é importante, na medida em queas condições de data quality o permitam, armazenar alguns anos de

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BUSINESS INTELLIGENCE

histórico, para que a análise temporal possa desde logo ser feita e nãosejamos obrigados a partir da «estaca zero».

CONDIÇÕES DE DATA QUALITY

Não é possível planear com o mínimo de objectividade um projectode BI sem ter uma noção do estado de data quality da organização.Com efeito, não obstante este condicionalismo ser alvo de uma gran-de atenção na implementação tecnológica, que será descrita mais adi-ante (a fase bastante rigorosa de data analisys), é necessário ter umanoção básica do estado dos ficheiros de origem de dados operacionais(source files) e das várias bases de dados. Só assim será possíveluma estimativa razoável das tarefas de «limpeza dos dados» (datacleansing) e um consequente compromisso relativamente ao crono-grama de execução do projecto.

CONTROLO E GESTÃO DA MUDANÇA

Tendo em conta que os projectos de business intelligence não sãolineares, é natural a ocorrência de alterações no modelo inicialmenteproposto. Estas alterações podem ter vários indutores, como sejam odesejo, a posteriori, de um nova dimensão de dados, a integração deum novo processo, um maior aprofundamento vertical ou um impedi-mento imprevisto. Existem duas boas práticas a ter em conta:

• Criar mecanismos de registo e tracking para todas as alterações (des-crição, data do pedido, pessoa que promove, data de efectivação);

• Não menos importante, quantificar o impacto que a alteração teveno plano-base, em concreto nas variáveis tempo, recursos afectos,custo e qualidade dos outputs.

Esta questão é particularmente importante e a sua omissão é, muitasvezes, a causa de desvios inesperados e conflitos na condução dos pro-jectos. Com efeito, estes impactos devem ser definidos e controlados deforma a garantir um mínimo de transparência nas tarefas executadas.

ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA EQUIPA

É essencial definir bem a estrutura e o modelo de gestão da equipade projecto para assegurar que o projecto preenche os níveis de qua-lidade desejados. O princípio-base é, como já vimos, assegurar uma

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CAPÍTULO 8 • GESTÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE PROJECTOS DE BUSINESS INTELLIGENCE

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boa simbiose entre o conhecimento do negócio e o conhecimento tec-nológico. Aqui, acrescentamos naturalmente um outro factor funda-mental óbvio relacionado com este capítulo – a capacidade de gerir eimplementar projectos.

Assim, num cenário típico em que temos uma empresa objecto deimplementação e um implementador (um papel assumido frequente-mente por consultores externos), as equipas de um projecto de BIpoderão ter uma estrutura como a que se propõe em seguida:

Figura 8.2Organigramada estruturaorganizacionalda equipa

• Direcção de projecto – responsável pela coordenação operacionaldos trabalhos, cumprimento do cronograma, afectação dos recur-sos disponíveis e validação preliminar dos resultados (depois colo-cados em fase de aprovação);

• Equipa de projecto – conjunto de pessoas que executa os trabalhos«no terreno», de acordo com o previsto e com as indicações dadirecção de projecto;

• Comissão de acompanhamento – responsável pela coordenaçãodo trabalho a nível superior, reúne-se periodicamente para avaliara evolução dos trabalhos, aprovar os outputs intercalares e osresultados finais; deverá ainda validar alterações relevantes aoplano do projecto;

• Controlo de qualidade – responsável por assegurar os níveis qualitati-vos dos trabalhos realizados, tendo em conta os requisitos acordados;

• Painel de especialistas – conjunto de peritos que, conhecendo asespecificidades dos processos e factores críticos do sector/activi-dade em causa, servem como advisers para uma correcta imple-mentação tecnológica.

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BUSINESS INTELLIGENCE

RISK ASSESSMENT

Todas as actividades e todos os projectos têm riscos subjacentes.Eventos indesejáveis podem impedir a concretização de determinadoscenários ou objectivos requeridos. Num projecto de BI, os grandesriscos estão no cronograma, no custo financeiro e na qualidade dosresultados do projecto. É, portanto, essencial debruçarmo-nos um poucosobre esta matéria na perspectiva da gestão do projecto.

Ela impõe, na fase de planeamento, as seguintes tarefas:

Identificação dos riscos

Os riscos terão de ser identificados como tal; a identificação po-derá basear-se, genericamente, em dois pontos:

• Objectivos – tendo em consideração que todas as organizações têmobjectivos definidos, nas mais diversas áreas, qualquer evento que po-nha em causa a sua prossecução deverá ser definido como um risco;

• Cenários – a análise de cenários é útil para perceber a interacçãodas forças e tensões que rodeiam uma organização e as diferentesevoluções na procura das metas pretendidas; qualquer evento quepossa despoletar um cenário indesejável será um risco.

Enquadramento e categorização dos riscos

Passada a fase de identificação, os riscos são avaliados quanto à suagravidade para o projecto, mediante a análise de duas variáveis: o impactoe a probabilidade. Nesta fase, será pertinente a elaboração de uma RASM(risk assessment scoring matrix), uma matriz que categorizará os riscos.Para que ela confira uma maior objectividade quantitativa a esta operação(se a dimensão do investimento e a relação custo-benefício o justificar),poderão fazer-se as análises de sensibilidade e prever cenários.

Figura 8.3Padrão paraelaboração de umarisk assessmentscoring matrix

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CAPÍTULO 8 • GESTÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE PROJECTOS DE BUSINESS INTELLIGENCE

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Identificação de indicadores e triggers

Deverão definir-se os indicadores de risco (métricas que avaliam oestado presente do risco – e. g., nível de tratamento dos dados numprojecto de data warehousing) e os triggers (despoletadores), que con-sistem em situações de gravidade extrema que anunciam uma emi-nente ou muito provável materialização do risco;

Definição de planos de mitigação

Os planos de mitigação têm como finalidade explicitar um conjunto deacções (pontuais ou continuadas), com o objectivo de prevenir a ocorrên-cia do risco ou, pelo menos, diminuir a severidade do seu impacto.

Definição de planos de contingência (ou remediação)

A definição de planos de contingência pressupõe a indicação das ac-ções reactivas a pôr em prática se o risco identificado se materializarefectivamente. Por exemplo, se os mecanismos de ETL não estiveremconcluídos numa determinada data-limite, que deve ser feito – promoveruma reunião para prolongar o cronograma ou afectar novos recursos dis-poníveis para atingir os resultados finais numa data-limite posterior?

Definição das actividades de comunicação e reporting(implementação tecnológica de controlos de detecção)

Esta é talvez a questão mais sensível de todo o plano, uma vez quedela depende a capacidade da gestão tomar conhecimento e agir emtempo útil sobre os eventos. É importante estabelecer rotinas (basea-das, sempre que possível, em sistemas automatizados e informatizados,de forma a dispensar a intervenção humana, mais dispendiosa e pro-pensa ao erro) que permitam a comunicação de determinados parâme-tros ou métricas específicas, que tenham atingido um nível consideradoalarmante e que exija medidas específicas. Os responsáveis pelos pro-cessos em causa serão, pois, os destinatários destas actividades.

AFECTAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DOS RECURSOS HUMANOS

As actividades e tarefas previstas pressupõem, naturalmente, aafectação de capital humano em quantidade e qualidade necessárias

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BUSINESS INTELLIGENCE

à concretização dos objectivos do projecto. As estimativas do esforçoa ser exigido conduzem à enumeração das competências necessáriase do número de pessoas detentoras dessas competências que se temde envolver. Devemos, pois, definir três questões:

• Competências (skills) técnicas para desempenhar as tarefas re-queridas;

• Conhecimentos específicos (expertise) na área/actividade de ne-gócio;

• Impedimentos previsíveis ao trabalho efectivo dos recursos huma-nos – férias, doença, reuniões, formação, disponibilidade do siste-ma informático, entre outros.

A definição da natureza do projecto e a respectiva enumeraçãodas competências necessárias permitirá definir as várias funções (pa-péis a desempenhar) dos intervenientes. As funções mais comuns numprojecto de business intelligence são as seguintes:

• Project manager – Assegurará a gestão da equipa envolvida edefinirá os aspectos mais relevantes da gestão e execução do pro-jecto, controlando prazos, recursos e resultados;

• Business representative – É um elemento fundamental, quer nafase de planeamento, diagnosticando e negociando os obstáculos àinterligação negócio/tecnologia, quer na fase de implementação, fun-cionando como «patrocinador» e garante da «vontade política» parao desenvolvimento e conclusão do projecto;

• Application developer – Tem por responsabilidade, trabalhandoem estreita colaboração com o data administrator e o databaseadministrator, analisar e planificar o modelo de acesso e de aná-lise dos dados e as capacidades da ferramenta concreta a serutilizada; a estimativa do tempo necessário para o «protótipo» e oposterior desenvolvimento da aplicação são igualmente responsa-bilidades desta função;

• Data administrator – É o primeiro responsável pelos dados queirão alimentar o modelo; deverá avaliar os modelos existentes (oupropor um modelo lógico de dados) com vista a validar a sua con-formidade com os requisitos e âmbito do projecto;

• Data quality analist – Este analista específico terá de pugnarpela qualidade da informação, através da pesquisa e do diagnóstico

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CAPÍTULO 8 • GESTÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE PROJECTOS DE BUSINESS INTELLIGENCE

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de problemas de qualidade, como inconsistências e redundâncias;terá igualmente de conceber e propor os planos de solução dessesproblemas;

• Database administrator – Deverá assegurar a fiabilidade, segu-rança e o desempenho das bases de dados a serem utilizadas noambiente de um projecto de BI; deverá ainda responder pela con-cepção, pelos testes de conformidade, implementação e ajustamentosà qualidade do serviço e dos acessos;

• ETL developer – É responsável pela construção de programas,scrips (guiões com estrutura proposta) e todos os componentesnecessários para levar os dados das fontes para o seu destino; assuas competências deverão abarcar, para além do desenvolvimen-to das ferramentas de migração de dados, o conhecimento dosmodelos e bases de dados e as regras de data transformation e aarquitectura dos fluxos de dados do data warehouse;

• Metadata administrator – Será responsável por implementar edesenvolver a estratégia dos metadados, para além de garantir quetodos os metadados necessários são capturados, armazenados eactualizados;

• Business expert – É o responsável por transmitir conhecimento es-pecífico de determinada área ou especificidade do negócio; é, pois,uma tarefa operacional fundamental à compreensão das potencia-lidades do sistema, da capacidade de retirar informação da infra--estrutura que vai sendo desenvolvida e obtenção do melhor impac-to positivo no negócio.

DEFINIR O ROAD-MAP: O PLANO DO PROJECTO

Uma vez definidas (e apontadas no project charter) as principaisquestões resultantes da especificidade de cada projecto, será possíveldefinir o plano do projecto, explicitando o road-map das principaistarefas. Em concreto, o plano do projecto deverá:

• definir a estrutura do trabalho a efectuar, listando as actividades,tarefas e subtarefas a executar;

• estimar as horas ou os dias necessários a essas actividades e tare-fas – importa efectuar, dentro dos benchmarks existentes no merca-do para cada tarefa, uma estimativa razoável em termos temporais,

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BUSINESS INTELLIGENCE

para determinados âmbitos do projecto; de sublinhar que dado ocarácter irrepetível e inimitável de cada projecto, estas estimativasserão dinâmicas, ajustadas ao longo do tempo;

• determinar a subordinação de recursos a essas tarefas – subordi-nar, em função dos intervalos de tempo previstos, os recursos ne-cessários ao cumprimento das tarefas com os níveis de qualidade edentro dos prazos esperados;

• determinar a interdependência entre tarefas – as tarefas a desen-volver não são necessariamente sequenciais, uma vez que muitaspodem ser levadas a cabo em paralelo, dependendo da disponibili-dade de recursos; como tal, importa enumerar estas dependênciaspara potenciar sinergias e conseguir assim optimizar todo o proces-so. Importa, também, em coerência lógica, determinar a interde-pendência entre recursos;

• determinar o road-map e o cronograma final.

Sintetizando, um projecto de business intelligence não é uma sequêncialinear de tarefas perfeitamente definidas no tempo. Por um lado, dado ocarácter único de cada projecto, existirão, quase inevitavelmente, ajus-tes às várias fases, em virtude do aparecimento de novos obstáculos,negociais ou tecnológicos. Por outro lado, a interactividade entre asvárias tarefas implica um ambiente de prototyping, isto é, de construçãoincremental dos vários componentes do projecto, sendo que o aperfei-çoamento de um irá permitir igualmente melhoramentos noutro que, apriori, já tinha sido provisoriamente concluído.

Depois de serem definidas e validadas as tarefas e suas dependên-cias, é então possível calendarizar as actividades por meio de um cro-

Diferentes interdependências entre as tarefas

• Finish to start – a tarefa B não pode começar antes de terminar atarefa A;

• Start to start – a tarefa B pode começar ao mesmo tempo que atarefa A;

• Finish to finish – a tarefa B não pode terminar antes de terminartambém a tarefa A;

• Start to finish – a tarefa B não pode terminar antes da tarefa Acomeçar.

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CAPÍTULO 8 • GESTÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE PROJECTOS DE BUSINESS INTELLIGENCE

123

nograma. Uma das formas mais comuns de representação das acçõese da sua implicação no tempo e nos recursos é um gráfico de Gantt.

Figura 8.4Gráfico com aafectação derecursos àsdiferentesactividades

Importa, naturalmente, enumerar com objectividade o contexto, âm-bito e os objectivos do projecto, bem como os deliverables (os resulta-dos a entregar, os produtos finais do projecto). As boas práticas deproject management devem igualmente ficar definidas nesta fase.

IMPLEMENTAÇÃO TECNOLÓGICA

A implementação tecnológica difere, obviamente, de um caso parao outro, conforme a especificidade dos projectos de business intelli-gence – vimos já, por exemplo, no Capítulo 3, as fases mais importan-tes de um projecto de data warehousing. As condicionantestecnológicas são, pois, muitas e variadas; não obstante, queremos, semrepetir aquilo que já foi descrito, referir as etapas mais importantes naperspectiva de um projecto de BI completo, incluindo a necessáriainterface dos utilizadores.

IDENTIFICAÇÃO DAS FONTES DE DADOS

Esta etapa consiste, basicamente, em confirmar a disponibilidadee localização das fontes da raw data, isto é, dos dados em bruto, eidentificar as ligações entre as colunas de dados e os mapas dasdimensões.

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BUSINESS INTELLIGENCE

CONVERSÃO DE DADOS LINEARESEM DADOS ESTRUTURADOS

Este passo materializa-se na definição de modelos estruturados dedados, de acordo com os modelos de análise e decisão de cada negó-cio. Deverá assegurar a integração de dados e a comparabilidade dasmesmas medidas nos vários modelos definidos.

CRIAÇÃO DE MECANISMOS DE ETLPARA ALIMENTAR O MODELO

Como já referimos em pormenor, esta fase baseia-se na execuçãodos modelos definidos na fase anterior; é importante ter em conta aintegridade (se estão de acordo com as reais variáveis de negócio eas expectativas dos utilizadores), a dispersividade (se há lacunasnos níveis inferiores que afectem a arquitectura do modelos) e adimensão dos dados.

MODELAÇÃO E CRIAÇÃO DO FRONT-END

Definindo o front-end, decidimos a forma de visualização dosvários modelos implementados – em termos de layout, tipologias devariáveis, métricas e dados, e caminhos específicos de drill-down(smart ways).

DEFINIÇÃO DA ESTRATÉGIA DE ACESSIBILIDADE

Nesta fase, é necessário definir a distribuição e difusão da infor-mação pelas várias categorias de utilizadores tendo em vista a seg-mentação de áreas, as respectivas métricas, dimensões específicasde análise e o nível necessário de profundidade de informação.

AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DOS OUTPUTS

Esta validação final determina que voltemos a comparar o âmbitoe os objectivos do projecto com os resultados finais, e em termos dosseus resultados esperados (reportings, análises, monitorização emtempo real, entre outros). As variáveis oportunidade (timing), visuali-zação e navegação intuitivas e auto-suficiência dos utilizadores serãofundamentais para a avaliação.

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CAPÍTULO 8 • GESTÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE PROJECTOS DE BUSINESS INTELLIGENCE

125

T E S T E O S S E U S C O N H E C I M E N T O S

1. Caracterize as principais questões a explicitar no project chater.2. Quais as principais etapas a definir no plano do projecto?3. Tendo por base um projecto específico de scorecarding para implementação de um

balanced scorecard, elabore um exercício teórico de descrição das tarefas de análise egestão de riscos do projecto.

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BUSINESS INTELLIGENCE

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CAPÍTULO 8 • GESTÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE PROJECTOS DE BUSINESS INTELLIGENCE

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Apresentação deEstudos de Caso

• Conhecer exemplos práticos da implementação de businessintelligence, suas dificuldades e seus factores críticos de sucesso

• Compreender e conseguir diagnosticar necessidades e aplicar asrespectivas soluções tecnológicas

O B J E C T I V O S

9C A P Í T U L O

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BUSINESS INTELLIGENCE

Descrita a «teoria geral» da business intelligence, suas aplicações, seus contextosde negócio e boas práticas de implementação, importa conferir uma vertente práticaa este manual, com a descrição de dois casos reais de introdução destas tecnologias.Os casos, pertencentes aos sectores farmacêutico e de distribuição/retalho, são frutodo trabalho da Bi4all – Consultores de Gestão, empresa de consultoria na área desoluções tecnológicas de suporte à decisão, responsável já por várias implementa-ções na sua ainda curta história. Procuraremos descrever, em pormenor, as necessi-dades, dificuldades, os pré-requisitos e especificidades de implementação de cadacaso, com vista a proporcionar uma perspectiva completa do contexto envolvente edas metodologias utilizadas para assegurar o sucesso destes projectos.

PROJECTO GRUPO BRODHEIM

O Grupo Brodheim opera sob a representação de marcas impor-tantes, gerindo negócios em diversas áreas por meio de cadeias defranchise e diversos pontos de venda.

Com o objectivo de criar mecanismos de análise dinâmicos e reaisao nível da organização, o Grupo Brodheim optou pela criação de ummodelo de análise de informação financeira com capacidade de com-paração de dados (real vs. planeado) e de formas de cálculo de KPI(key performance indicators) relevantes para a gestão.

Ao nível da organização do modelo, para efeitos dos outputs dese-jados, definiram-se hierarquias a nível dos produtos e característicasfundamentais para a consolidação de dados financeiros. Esta infor-mação apresenta-se consolidada com as restantes aplicações de loja(relevantes para o input e integração de dados reais, sendo que naslojas se encontram, em média, quatro aplicações de suporte).

ÂMBITO DO PROJECTO

O projecto do Grupo Brodheim surge na sequência de um conjuntode factos bem identificados a nível da gestão. Neste contexto, o mo-delo de gestão da Brodheim visa solucionar as seguintes limitações:

• Falta de uniformização;

• Elevada margem erro de informação de gestão disponível;

• Elevados custos de manutenção;

• Baixa acessibilidade à informação;

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CAPÍTULO 9 • APRESENTAÇÃO DE ESTUDOS DE CASO

129

• Utilizadores insatisfeitos;

• Ausência de perspectiva global do negócio de franchise.

A definição ds objectivos do projecto, um factor fundamental desucesso, foi feita de forma clara. Neste contexto, os objectivos defini-dos nas equipas de trabalho visaram as seguintes situações:

• Obtenção de um conhecimento mais actualizado do negócio;

• Criação de um sistema flexível para antecipar mudanças no mer-cado;

• Aumento do grau de acessibilidade;

• Maior autonomia aos utilizadores;

• Aumento do conhecimento dos utilizadores acerca do negócio.

Tendo em vista o objectivo de criar uma interligação de dados, omodelo visa a integração dos serviços do grupo nos diferentes postosde trabalho, permitindo a centralização e organização dos dados parafuturas análises de negócio.

Figura 9.1Âmbito do projectoBrodheim

Ao nível do interesse de controlo e análise por um sistema debusiness intelligence definido para as áreas fundamentais de suces-so, o Grupo Brodheim focou-se nas áreas relevantes. Neste contex-to, o projecto baseou-se nas áreas de vendas, stocks, clientes,vendedores e auditoria, representando estas áreas a chave do su-cesso do projecto.

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130

BUSINESS INTELLIGENCE

Este projecto de business intelligence foi elaborado com níveisde controlo específicos, em função do sucesso que se queria garantir.Assim, o projecto de business intelligence foi definido de acordocom as seguintes metas:

• Aumento da disponibilidade;

• Diminuição acentuada da margem de erro (e correspondente au-mento da fiabilidade);

• Redução do tempo médio de acesso à informação;

• Uniformização entre marcas com a criação de mapas e funcionali-dades;

• Transmissão da responsabilidade por mapas e elementos de análisepara os utilizadores;

• Simplificação dos processos através da disponibilização dos ele-mentos na Internet.

Tecnicamente, a Brodheim apresenta uma solução de qualidade e comcapacidade de analisar a informação com clareza. No entanto, face aosobjectivos de business intelligence, deve-se actuar também ao nível dagestão. Neste contexto, o Grupo Brodheim definiu as seguintes metas:

• Obtenção integrada do negócio de franchise;

• Potenciação do crescimento de vendas através da definição de me-canismos de controlo interno e metodologias objectivas de análise;

• Melhoria da gestão de stocks;

• Criação de mecanismos de apoio à gestão de equipas;

• Permitir o acesso mais rápido a uma maior base de dados de clientes.

A definição e a implementação correctas do projecto de businessintelligence permitiram a obtenção de benefícios económicos, quetornaram o projecto rentável para a organização do grupo.

Neste contexto, o Grupo Brodheim conseguiu: diminuir o tempo eas necessidades de capital humano no que diz respeito à emissão demapas de apoio à gestão; aumentar as potencialidades de desenvolvi-mento com a criação fácil e adequada de novas funcionalidades noâmbito do controlo de gestão; e, um dos elementos mais relevantes noprojecto de business intelligence, capacitar o grupo e diminuir a rec-tificação de erros, rentabilizando assim o tempo.

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CAPÍTULO 9 • APRESENTAÇÃO DE ESTUDOS DE CASO

131

SISTEMAS EXISTENTES NA GESTÃO DO GRUPO BRODHEIM

Face à diversidade de postos de trabalho e à área de gestão, oGrupo Brodheim apresenta vários softwares de aplicação. Os siste-mas existentes não forneciam as informações, formatações e funcio-nalidades necessárias. Assim, foram criadas várias aplicações de apoioao controlo e à tomada de decisões, para que a empresa efectuasseanálises e controlasse todos os aspectos do seu negócio.

Essas aplicações seguiam principalmente a estrutura organizacio-nal antiga, que se dividia rigidamente entre os vários modelos de ne-gócio de retalho e multimarca.

Outras áreas de negócio em que a informação de apoio à decisãose reveste de grande importância são a área financeira e o serviço declientes.

Os sistemas de retalho têm por objectivo apoiar as unidades denegócio nas suas funções de gerir o negócio diariamente e a longoprazo. Estes sistemas são desenvolvidos internamente, sendo por issocompletamente controlados.

O modelo de agenciamento é distinto do de retalho, com necessi-dades de informação muitas próprias. O negócio de agenciamentoabrange as actividades e os acontecimentos seguintes:

• Registo de notas de encomenda e de crédito;

• Entrega do fornecedor ao cliente;

• Recepção de facturas do fornecedor;

• Devoluções de mercadoria;

• Recepção de comissão do fornecedor;

• Pagamento de comissão ao vendedor (agente).

São introduzidos no sistema a maior parte dos documentos envolvi-dos no agenciamento. O sistema produz mapas que ajudam a contro-lar cada uma destas actividades. Porque o agenciamento não envolveprodutos físicos, não há necessidade de módulos de stocks. A análiseé feita a nível de documentos.

Limitações dos sistemas existentes

De acordo com a diversidade de sistemas e face ao objectivo deconcentrar a informação por sistemas consolidados, o Grupo Brod-

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BUSINESS INTELLIGENCE

heim determinou como fase inicial a análise das limitações das apli-cações existentes. Da análise realizada, concluíram-se as seguinteslimitações:

• Softwares de retalhoO desenho e a funcionalidade das aplicações de retalho encontra-

vam-se aquém do que os utilizadores pretendiam. Todos os sistemasde BI ou DSS (sistema de suporte à decisão) eram completamentedependentes do funcionamento de sistemas de apoio. Problemas coma qualidade de dados, a pontualidade das comunicações e a acessibi-lidade destes softwares prejudicam directamente os sistemas de in-formação de gestão. Em resultado dessa situação, a qualidade dasinformações era insatisfatória.

O novo projecto de BI apresentou como objectivo a agregação dosdados de todos os softwares. A agregação tornará a empresa menosdependente de cada um dos fornecedores. No novo sistema de BI, osoftware de retalho torna-se transparente;

• Sistemas de informação de gestão:– Desempenho – O desempenho dos sistemas era fraco. O

fraco desempenho tornava a pesquisa de informação pesa-da e pouco acessível;

– Segurança – A segurança era limitada e, consequentemen-te, a estrutura do programa, os dados e a informação eramgeralmente acessíveis a todos;

– Fiabilidade – Devido à falta de metodologia no desenvolvi-mento dos sistemas, nomeadamente a falta de planeamen-to, desenho e documentação, e a uma plataforma fraca, afiabilidade encontrava-se abaixo do nível pretendido. Asaplicações só satisfaziam uma parte das necessidades deinformação de gestão da empresa;

– Acesso – Os dados encontravam-se espalhados em váriasbases de dados. Os sistemas só permitiam assim consul-tas parciais dos dados, sendo difícil obter uma perspecti-va geral;

– Integração e flexibilidade – Um sistema baseado apenasem mapas torna-se muito rígido. Não existiam possibilida-des de fazer drill-down e slice and dice sobre valores sus-peitos (criando obstáculos a análises eficazes de razões emedidas);

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CAPÍTULO 9 • APRESENTAÇÃO DE ESTUDOS DE CASO

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– Problemas lógicos – O sistema existente apresentava ain-da vários problemas lógicos: a distinção entre dimensõesapresentava problemas com os cálculos de stocks e ven-das, enquanto a distinção entre os stocks permanentes, per-manentes de dimensões específicas e stocks transferidosde outras dimensões era difícil. Era assim impossível paraalgumas empresas do Grupo Brodheim determinar e com-parar o que tinha sido encomendado e recebido por loja;

• Sistemas para agenciadas e distribuídas:– Desempenho – O desempenho destes sistemas era com-

parativamente melhor do que o dos sistemas de retalho;– Segurança – A segurança era limitada. A estrutura do pro-

grama, os dados e as informações eram geralmente aces-síveis a todos;

– Integração e flexibilidade – Um dos maiores problemas eraa falta de integração entre sistemas.

O NOVO MODELO DE BUSINESS INTELLIGENCE

Um sistema de suporte à decisão (DSS) é um sistema informá-tico que ajuda os gestores responsáveis de actividade a tomardecisões que optimizam os resultados da área por que são respon-sáveis. Os sistemas aplicam-se principalmente aos problemas es-truturais, por exemplo, a elaboração de objectivos numéricos, aavaliação de resultados e as comparações entre os resultados e osobjectivos.

Num ambiente competitivo em que só a mudança é constante, umsistema dinâmico com um forte componente tecnológico ajuda a con-trolar, de uma forma consistente e permanente, os riscos e as incerte-zas internos e externos.

O Grupo Brodheim é uma empresa que opera num ambiente com-plexo, comercializando uma vasta gama de produtos em vários mer-cados. Para controlar os riscos e optimizar os resultados destenegócio, era imprescindível ter um sistema que apoiasse a tomadade decisões estratégicas (a longo prazo), orçamentais (a médio pra-zo) e pontuais (a curto prazo). A Figura 9.1 apresenta esquematica-mente esta ideia.

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BUSINESS INTELLIGENCE

Figura 9.2Processosestratégicos doGrupo Brodheim

OBJECTIVOS DA BUSINESS INTELLIGENCENA ÁREAS DO RETALHO

Determinou-se que o projecto teria um alcance geral a todas asáreas de negócio e administração do grupo. A análise em pormenorfoi realizada por área, de acordo com o desenvolvimento. Nesta fase,o projecto de BI alcançou apenas a área de franchise/retalho.

Foi importante considerar um sistema íntegro de forma a assegu-rar que cada parte contribuiria para o fim desejado. Também foi es-sencial a definição dos factores fundamentais do projecto, de modo agarantir que todos os factores seriam cumpridos.

Os principais objectivos a alcançar foram:

• a acessibilidade do sistema, para que fosse:– Acessível a partir de qualquer computador ligado à Internet;– Facilmente aprendido e utilizado;– Tecnologicamente transparente para o utilizador;– Rápido em tempo de resposta;– Adaptado visualmente às necessidades de cada utilizador;

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CAPÍTULO 9 • APRESENTAÇÃO DE ESTUDOS DE CASO

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• a fiabilidade e segurança do sistema:– Informação pontual;– Tecnologia estável e robusta;– Consistência de dados e cálculos;– Informação útil e relevante para os utilizadores;– Acessibilidade à informação exclusiva às pessoas indicadas;

• a racionalização de procedimentos do sistema:– Redução de dependência dos departamentos;– Manutenção e desenvolvimento simples;– Sistema aberto (input e output);

• ter um sistema dirigido para o futuro:– Adaptável a mudanças dos procedimentos internos;– Capaz de funcionar com outros softwares e tecnologias futuras;– Capaz de integrar novas áreas de negócio;– Escalável (com o crescimento da empresa).

Objectivos do sistema de retalho

Os objectivos dos sistemas de retalho definidos foram a garantiada fiabilidade na gestão do Grupo Brodheim e o sucesso do projectode BI. O modelo de BI tinha como factores de sucesso:

• a melhoria dos orçamentos de compras e da gestão de stocks;

• a melhoria do controlo dos objectivos e vendas;

• o aumento das vendas;

• a melhoria da motivação e da gestão dos vendedores;

• a melhoria da relação com os fornecedores.

Mapas uniformizados

A análise de vendas tem por objectivo o acompanhamento das ven-das permanentemente durante a estação, de modo a tomar medidascorrectivas conforme a sua evolução. Estabeleceram-se, por cada mês,objectivos comerciais e expectativas de vendas, sendo possível com-parar as vendas do ano corrente com as do ano anterior e com osobjectivos. Este follow-up deve ser efectuado regularmente ao longodos períodos.

A análise de vendas deve ser feita por loja e marca, e distinguirdiversas dimensões. A análise específica é importante para controlar

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BUSINESS INTELLIGENCE

nitidamente as vendas e mesmo para utilizar como uma oportunidadede rentabilizar mais as lojas.

Figura 9.3Imagem de ecrãda aplicaçãoProclarity paraanálise de vendas

IMPLEMENTAÇÃO DE UMA NOVA SOLUÇÃO TECNOLÓGICA

Técnicas e ferramentas

Com a elaboração de um sistema moderno de business intelligen-ce com ambiente tecnológico, o Grupo Brodheim identificou-se comdeterminadas técnicas e ferramentas:

• Data warehouse e data mart;

• Análise multidimensional;

• Data mining;

• Sistemas Expert;

• Quadro de bordo;

• EIS.

Face às necessidades de melhoria do sistema de business intelli-gence do Grupo Brodheim, a solução apresentada e implementada

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CAPÍTULO 9 • APRESENTAÇÃO DE ESTUDOS DE CASO

137

visava a garantia dos pressupostos assumidos pelas equipas de traba-lho. Neste contexto, face à constituição de submodelos específicospara o projecto de BI, os modelos apresentavam objectivos concretospara o grupo.

Com este projecto pretendeu-se alcançar os seguintes objectivos:

• Estratégicos – Através da melhoria dos níveis de decisão, controloe acompanhamento dos dados da actividade do grupo controladospelo sistema de BI; agilizar a produção de indicadores com o au-mento da capacidade de análise;

• De gestão – Garantir a disponibilidade dos indicadores de rentabili-dade do Grupo Brodheim através de uma ferramenta de auxílio àanálise da evolução temporal. Cumulativamente, o sistema teve comoobjectivo melhorar o controlo dos produtos, cadeias e respectivasunidades de produção. O modelo visa melhorar a qualidade dastarefas realizadas pelos colaboradores e a normalização da quali-dade dos procedimentos, conceitos de negócio e a métrica no Gru-po Brodheim;

• Funcionais – No âmbito da funcionalidade, o modelo de BI imple-mentado visa objectivos concretos para a rentabilização. Neste con-texto, o modelo garantiu maior fluidez de informação, redução dotempo utilizado na gestão da informação, automatização de proces-sos de decisão e análise e melhoria na gestão de stocks.

Módulo de vendas

Este modelo apresentou como objectivo observar indicadores so-bre a posição diária do Grupo Brodheim. De acordo com as necessi-dades apresentadas, o modelo permite a identificação de valores emvárias vertentes.

Como base do sucesso, o modelo garante a visualização diária dedados e o acompanhamento dos desvios em relação a períodos ante-riores.

Como pressuposto do submodelo a desenvolver, o modelo de ven-das apresentou o cumprimento dos seguintes pressupostos: resumosemanal e mensal de valores; controlo das unidades de franchise;análise de desvios comparados com períodos e estações anteriores;análise de evolução de vendas de vários grupos de produtos e porcliente; e comparação de desempenho de vendedores.

Num âmbito mais financeiro, o modelo final dá resposta a determi-nados indicadores significativos para a gestão: controlo de saldos e

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BUSINESS INTELLIGENCE

promoções e saldos vs. época normal; cálculo da taxa de transforma-ção das lojas; agregação das vendas por unidade de negócio, empresagrupo e área de negócio; elaboração de mapas históricos; consultados números e tipos de documentos e descontos reais; análise de via-bilidade das lojas.

Módulo de reposições

Este modelo apresenta objectivos a nível da eficácia e fiabilidadedos procedimentos de reposições, encomendas e gestão de perma-nentes das lojas do Grupo Brodheim e dos franchises. Ele permite,assim, a observação de valores em várias vertentes. O modelo dereposições tem como elemento fundamental a detecção das reposi-ções e encomendas necessárias, controlo dos stocks bem como o con-trolo e gestão dos stocks permanentes.

No entanto, com o objectivo definido de dinamizar e criar mecanis-mos de acção específicos para a área, o modelo apresenta objectivosde resposta em áreas significativas para a gestão e o controlo de ac-tividade. Neste contexto, a área de reposições garante, com o projec-to BI, resposta a situações essenciais:

• Detecção de excepções e alertas sobre quebras e falhas de entre-ga;

• Análise de stock actual e vendas de permanentes a nível de loja eempresas;

• Possibilidade de agrupar ou não o stock de referências de váriascolecções;

• Possibilidade de controlo de encomendas, recepções e pendentes;

• Racionalização do tempo de análise e decisão sobre as reposições;

• Possibilidade de filtrar e agrupar as referências numa maneira rele-vante para a reposição.

Módulo de stocks

Este submodelo apresentou como objectivos a promoção do apoiono controlo da posição de stocks, dos movimentos principais e dassell-out rates das várias marcas comercializadas nas lojas do grupo,bem como a previsão da posição do stock e das sell-out rates no fimda estação.

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CAPÍTULO 9 • APRESENTAÇÃO DE ESTUDOS DE CASO

139

Cumulativamente, o modelo implementado apoia-se no processode gestão de stock no final de cada fase significativa da actividade daempresa.

O objectivo principal do modelo é a análise de stock das fases.

Módulo de auditoria

O módulo de auditoria visa tornar mais eficazes a análise, explora-ção e correcção das diferenças de stocks apuradas através dos in-ventários das lojas do Grupo Brodheim.

Em resumo, deve apoiar a área de auditoria em todos os processosde inventário, incluindo a elaboração de mapas resumidos.

As necessidades de auditoria (política de descontos e devoluções, etc.)e dos sistemas de retalho foram igualmente contemplados no sistema.

Módulo de clientes

Este módulo tem como objectivo a observação dos indicadores so-bre a posição diária do Grupo Brodheim. Esta análise permite a obser-vação de valores em várias vertentes:

• Acompanhamento e observação de desvios em relação a períodosanteriores e homólogos, bem como valores acumulados;

• Gestão de clientes uniformizada nas várias cadeias da empresa;

• Análise de desvios comparados com períodos anteriores;

• Classificação dos clientes consoante critérios dinâmicos;

• Determinação do estado de cada cliente em relação a fidelização//perda;

• Disponibilização de métricas que meçam a qualidade de gestão defidelização dos clientes;

• Extracção de listagens de clientes e elaboração de endereçamen-tos por carta e e-mail.

Módulo de vendedores

O módulo de BI para a área de vendedores, pelos pressupostos enecessidades específicos, foi implementado de acordo com duas filo-sofias de gestão diferentes. O modelo deve ser assim caracterizadode acordo com o seguinte foco:

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BUSINESS INTELLIGENCE

• IncentivosEste submodelo apresenta como objectivo disponibilizar indicadores

sobre a equipa de vendedores do Grupo Brodheim, permitindo a obser-vação de valores nas vertentes de análise (desempenho de vendedores,desvios comparados com períodos e estações anteriores), cálculo (in-centivos por vendedor com critérios de objectivos rotativos), criação deoutputs específicos da área (mapas históricos de objectivos e incenti-vos, mapas de contabilidade do pagamento de incentivo);

• Avaliação e formaçãoO objectivo deste modelo é analisar os resultados das visitas de

teste à qualidade dos serviços, os resultados das avaliações, auditoriase a formação de vendedores e equipas.

O submodelo permitiu a observação de valores quanto aos seguin-tes pressupostos: gestão e análise das avaliações periódicas dos ven-dedores; gestão das necessidades e as acções de formação dosvendedores; avaliação da eficiência de acções de formação; monito-rização da evolução ao longo do tempo dos vendedores; gestão dehorários de vendedores e equipas; alocação de recursos humanos; ecomparação com os horários estabelecidos.

SOLUÇÕES PROPOSTAS PARA O RETALHO

A solução de BI proposta visou, no limite, cumprir os objectivosestabelecidos e foi orientada para o futuro em termos de integraçãocom outros modelos, áreas e funções do negócio do grupo.

Figura 9.4Sistemas de apoioà decisão noretalho

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CAPÍTULO 9 • APRESENTAÇÃO DE ESTUDOS DE CASO

141

A solução satisfez os quatro grandes objectivos técnicos do siste-ma estabelecidos na maneira seguinte:

• Melhor acesso à informação– Interface disponível na Internet para consultas externas e in-

ternas oferecendo acessibilidade global;– Softwares OLAP uniformizados com fácil aprendizagem e uti-

lização. O utilizador afastado dos sistemas operacionais;– Análise com a terminologia corrente dentro da organização;– Rotina nocturna e OLAP garantindo tempos curtos de respos-

ta em situações normais;– Solução baseada numa análise interna e em entrevistas e docu-

mentação das necessidades reais da área comercial;– Distinção clara entre as áreas de análise e os acessos perso-

nalizados por UN/Função.

• Fiabilidade e segurança– Tecnologias fiáveis e comprovadas com grande base instalada;– Funcionalidades sujeitas às fases de testes e criação de sistema

de qualidade de dados que garantem a consistência dos dados;– Garantia de possibilidade de impor segurança nos níveis do

sistema.

• Racionalização de procedimentos– Acessibilidade alta originou independência do departamento

SSD;– Ferramentas de alto nível facilitaram o desenvolvimento de

mapas e funcionalidades;– Rotinas para importação automática garantiram a substituição

de lançamentos manuais;– Troca de dados e informação com parceiros externos passou

para a Internet (Extranet) e formatos digitais;

• Sistema dirigido para o futuro– Possibilidade de assumir qualquer software de retalho e rece-

ber qualquer formato de input;– Adição de novos softwares de reporting com análises mais

avançadas;– Possibilidade de implementação de data mining, ferramenta

que pode revelar tendências sobre os dados históricos;

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BUSINESS INTELLIGENCE

– Estrutura de dados flexível e geral garante a possibilidade deincluir novas áreas de negócio;

– Sistema escalável que torna possível adicionar novo hardwa-re para satisfazer aumentos no número de utilizadores.

Relativamente à área de retalho o sistema cumpre os objectivoscomerciais seguintes:

• Melhoria dos orçamentos de compras e gestão de stocks;

• Inclusão de um módulo de análise e simulação automatizado paraelaboração de propostas de compras;

• Análise flexível de movimentos, stock e SOR à data no nível maispormenorizado possível;

• Melhoria do acompanhamento de vendas e objectivos;

• Informação estruturada conforme as necessidades específicas daempresa inerentes à resolução de problemas actuais.

Além de mapas melhorados, há possibilidade de consultas que dãorespostas rápidas sobre a razão de anomalias, e indicam quais as me-didas correctivas a tomar e a sua eficácia.

Figura 9.5Imagem de ecrãda aplicação deanálise de vendas

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CAPÍTULO 9 • APRESENTAÇÃO DE ESTUDOS DE CASO

143

Valor acrescentado do modelo para potenciar o aumento das vendas:

• Módulo específico para a análise de clientes;

• Possibilidade de avaliar as acções de marketing;

• Inclusão de incentivos flexíveis para os vendedores.

A preparação da informação a nível do sistema tecnológico passoua ser realizada de acordo com várias fases:

• Extracção de dados dos sistemas de retalho;

• Transformação dos dados conforme a estrutura definida;

• Carregamento dos dados para os data marts e, finalmente, para odata warehouse;

• Geração de cubos OLAP.

Figura 9.6Arquitecturado reporting OLAPdo Projecto

Os computadores em rede e na Internet ligam-se unicamente aoscubos gerados, através dos softwares ou do Excel. Esta solução mo-dularizada dá muita flexibilidade em termos de escolha de tecnologiae ferramentas para interface.

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BUSINESS INTELLIGENCE

PROJECTO JANSSEN-CILAG

Apresentado no Grupo Johnsson & Johnsson como um caso desucesso a nível da business inteligence, a Janssen-Cilag assumiu comoobjectivo relevante no decorrer do ano de 2005 a criação de condi-ções tecnologicamente favoráveis para o apoio dos processos de pla-neamento e controlo de gestão, considerando o nível de complexidadeexistente na sua realidade.

Este caso de estudo demonstra de forma eficaz a relação crucialentre a tecnologia e o business intelligence, sendo que a primeira deveser considerada como uma ferramenta de apoio de extrema relevân-cia para o controlo de gestão e organização de processos na empresa.

A realidade da companhia Janssen-Cilag, de acordo com as neces-sidades de reporting existentes para o grupo internacional, implicavaa elaboração do sistema de budget distribuído por nove business plansagregando as respectivas revisões e alterações necessárias.

No contexto estrutural do Grupo Johnsson & Johnsson, que apre-senta divisões desde o país das diferentes empresas ao sector em quese inserem, os business plans da empresa devem respeitar regrasessenciais que permitam a consolidação das diversas dotações com oobjectivo de poderem ser apresentadas informações segmentadas pelosdiversos tópicos de análise.

ANÁLISE ESTRUTURAL DA COMPANHIA

O processo de orçamentação e planeamento financeiro da empre-sa era inicialmente efectuado com a ajuda de ferramentas tradicionaisatravés de modelos não integrados que, apoiando-se nas regras denegócio previstas, permitiam a extracção de informação relevante paraa análise desejada.

Sem prejuízo da solução até então adoptada, com a identificaçãodas limitações do modelo utilizado potenciou-se a decisão de mudançanos sistemas de apoio, tendo em perspectiva a aplicação de um mode-lo de business intelligence integrado com resposta às necessidadesimediatas na gestão da empresa.

Este sistema, permitindo a conjugação de ferramentas com funcio-nalidades de análise drag and drop, drilldown, e com vantagens anível da recolha e extracção de dados dos principais sistemas de ges-tão utilizados, respondia assim às limitações mais relevantes identifi-cadas pelos serviços da empresa no modelo até então utilizado:

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CAPÍTULO 9 • APRESENTAÇÃO DE ESTUDOS DE CASO

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• Elevado risco no sistema;

• Complexidade da estrutura num sistema que não se encontravadireccionado para o business plan;

• Dificuldade na manutenção de acessos;

• Dificuldade na comparação dos exercícios do business plan en-quanto ferramenta importante para o controlo de gestão;

• Complexidade e morosidade da recolha de informação para a ela-boração das previsões necessárias;

• Dificuldade na gestão das diversas versões existentes para o mes-mo exercício.

O objectivo da Janssen-Cilag era promover na empresa um siste-ma de planeamento eficaz e flexível que permitisse a sua análise fi-nanceira e o seu controlo de gestão. Para tal, seriam definidosworkflows perfeitamente integrados no sistema de BI e, simultanea-mente, na ERP em utilização na empresa. No contexto de grupo e deanálise global do business intelligence, a integração com os sistemasa montante e jusante foi considerada essencial para o sucesso do casoagora apresentado.

PRESSUPOSTOS ASSUMIDOS PARA A SOLUÇÃO DE BI

Sendo os objectivos a modernização e a criação de um sistema deBI flexível e fiável, todo o projecto envolveu um conjunto de pressu-postos considerados essenciais para o processo.

Neste contexto, a solução BI definiu-se com características tãofundamentais como o seu funcionamento online em tempo real ecom capacidades de integração de dados em offline (particulari-dades relevantes visto que todo o projecto de planeamento deveabranger a totalidade da empresa, não podendo ser interrompidocom o objectivo de manter os timings de todo o grupo). Cumulati-vamente, todo o modelo deveria ser efectuado com tecnologiascapazes de apresentar versões diferentes de planeamento e orça-mentação, de acordo com as necessidades pontuais e a tipologiade análise em causa.

Todo o modelo de business intelligence deve ser orientado para aempresa. Cada realidade deve ser enquadrada, permitindo a constitui-ção de modelos de sucesso que permitam a extracção de mais-valiaspara o negócio. O caso Janssen-Cilag não é excepção, assentando

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BUSINESS INTELLIGENCE

portanto a modelização do projecto de orçamentação e planeamentofinanceiro em três bases essenciais:

• Um modelo orientado para a estrutura da organização;

• Orientação para o negócio da empresa e do grupo;

• Constituição de um modelo baseado em regras da empresa e dogrupo perfeitamente definidas.

DEFINIÇÃO DO MODELO DE PLANEAMENTO FINANCEIROE ORÇAMENTAÇÃO

O modelo definido para a Janssen-Cilag obedece às necessidadesde cumprimento de critérios específicos a nível da empresa e do gru-po. Neste contexto, o modelo foi definido considerando a estruturaorganizacional a nível de unidades de negócio, áreas core business ea relação entre ambas.

Figura 9.7Estruturaorganizacionalde tipo matricialda Janssen-Cilag

Sendo um factor essencial na perspectiva da organização do mo-delo e respeitando um dos pressupostos essenciais do projecto de BI(quanto à definição e ao cumprimento das regras de negócio da em-presa), todo o projecto teve por base a relação entre as áreas de su-porte e as áreas de negócio materialmente relevantes. Esta análise,bem como a definição das metodologias de input de pressupostos noâmbito do planeamento financeiro, permitiu que todo o modelo fossecriado de acordo com a estrutura desejada para cada fase.

Considerando a complexidade da estrutura e do negócio quer daJanssen-Cilag e do Grupo Johnsson & Johnsson, todo o processo de

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CAPÍTULO 9 • APRESENTAÇÃO DE ESTUDOS DE CASO

147

planeamento foi realizado com fases de input de dados em submode-los específicos com funcionalidades de consolidação de informaçãoreforçada pelas regras da empresa.

Figura 9.8O business plancomo aglomeradorde várioscontributos

O objectivo de business plan é alcançado com a integração datotalidade dos modelos a montante. Este processo é realizado deacordo com regras instituídas pelo negócio da empresa, sendo osdados consolidados de acordo com workflows previstos para a aná-lise do business plan.

Toda a definição do modelo de orçamentação se encontra elabo-rada de acordo com o workflow orientado para a perspectiva denegócio. Somente através da sua execução, a Janssen-Cilag garantea fiabilidade da informação existente e o controlo dos processos as-sociados.

Devido à diversidade de intervenientes no processo, todo o modeloelaborado para a empresa foi efectuado por área consolidando os da-dos e os processos com a execução de processos-chave de integra-ção de dados.

O modelo de orçamentação de acordo com regras específicas tevecomo objectivo a criação de um modelo estruturado de dados quepermitisse outputs a nível de:

• constituição de demonstrações financeiras por companhia e pro-duto;

• constituição de um modelo organizado que permitisse o relaciona-mento cruzado de dados (cubo multidimensional) que, associado àaplicação de suporte, permite a análise e a extracção dos dadospara as ferramentas de suporte utilizadas na empresa.

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148

BUSINESS INTELLIGENCE

Figura 9.9Arquitecturada soluçãoJanssen-Cilag

SOLUÇÃO DE BUSINESS INTELLIGENCE

Na procura de uma solução de business intelligence com garantiasde sucesso, a Janssen-Cilag optou pelo Cognos Planning.

Todo o modelo de orçamentação foi realizado de acordo com asfases do processo da empresa e do grupo. No sentido de integraçãodos serviços, o projecto encontra-se desenvolvido em submodelos que,de acordo com estruturas e planos de validação específicos, se inte-gram no orçamento da empresa.

O modelo de orçamentação, integrado num projecto global de bu-siness intelligence deve estar ser estruturado e flexível, com o ob-jectivo de garantir o registo de informação de forma adequada eclara para os utilizadores. Cumulativamente, toda a estrutura domodelo se revelou essencial para o sistema de aprovações (work-flow de aprovação) necessário para o registo e a aprovação do or-çamento da empresa.

Neste contexto, o modelo de orçamentação da Janssen-Cilagapresenta-se constituído por oito submodelos baseados em pro-cessos de ligação internos executados por administradores com oobjectivo de interligar os dados até ao modelo com propriedadesagregadoras.

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CAPÍTULO 9 • APRESENTAÇÃO DE ESTUDOS DE CASO

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Figura 9.10Página de entradada aplicaçãoCognos Planning(Contributor) comos vários modelosde planeamento

Na perspectiva de orçamentação da empresa, os modelos apre-sentam-se segmentados por áreas fundamentais para o planeamentoda empresa a nível da sua actividade e gestão. A elaboração doplaneamento financeiro da empresa a nível da business intelli-gence foi assim definida pela constituição de workflow directa-mente suportado pela ferramenta tecnológica, permitindo aintrodução da informação financeira através das hierarquias deutilização assumidas.

Face à diversidade de factores de introdução de informação (rela-tivamente a factos de produtos, centros de custo, recursos humanos,trademarks e product brands, entre outros), tornou-se imperativa acriação de submodelos.

Com o apoio da ferramenta utilizada (no caso da Janssen-Cilag, aCognos Planning), a criação de submodelos foi realizada de acordocom as necessidades de organização, consolidação e definição de pres-supostos de aprovação dos valores no modelo.

Deste modo, o modelo de orçamentação apresenta, nas suas diver-sas áreas, apresentações distintas, de acordo com as necessidadesexistentes: modelo de vendas e custo de vendas associado por produ-to e trademark; modelo de recursos humanos com agregações a níveldo recurso; modelos financeiros (OPEX, P&L, entre outros) a níveldo centro de custo.

Toda a informação deve ser consolidada com o objectivo de seragregada em último reduto a nível do modelo financeiro que constituia elaboração da demonstração de resultados.

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BUSINESS INTELLIGENCE

O processo de orçamentação da Janssen-Cilag ficou definido emduas fases distintas:

• Fase de preparação de informação – aplicada a supervisores eresponsáveis de áreas com o objectivo de estabelecer basespara o seu processo de orçamentação;

• Fase de desenvolvimento e pressuposto – desenvolvimento específi-co das equipas a nível da orçamentação da empresa a ser efectuadae posteriormente validada pelos superiores das áreas em questão.

No seguimento da fase de preparação (período de definição e inte-gração de dados de suporte a nível da orçamentação das áreas degestão e actividade), os responsáveis apuram custos unitários, preçosde venda e outros indicadores essenciais para o modelo. A aprovaçãodos mesmos indicadores é efectuada imperativamente pela equipa queos submete e relaciona com os modelos receptores.

É relevante apontar que os modelos desenvolvidos para as equipas detrabalho são perfeitamente flexíveis e integráveis entre si, no sentido depermitir a correcta execução e organização dos workflows de orçamen-tação. A integração de dados, enquanto elemento essencial para a con-clusão e o relacionamento de informação, é executada como tarefaexclusiva dos superiores hierárquicos com competências para o proces-so. O modelo da Janssen-Cilag apresenta um modelo de planeamentofinanceiro capacitado com hierarquias de aprovação baseadas em critéri-os de segurança definidos pelas respectivas equipas responsáveis.

Após a definição dos modelos de preparação e a execução dos proces-sos de integração, compete aos diversos intervenientes a preparação doorçamento por área. No caso específico das vendas, após a integração dovalores-base de custo e preço de venda, as equipas comerciais verificam,por produto, a imputação de proveitos associados ao exercício corrente.

No caso do modelo de vendas, a imputação de dados é realizada porproduto e submetida a um rigoroso sistema de aprovação com agregado-res a nível do tipo de produto, trademark, business segment e empresa.

De referir que o mesmo modelo contempla inicialmente o sistemade orçamentação de mais uma empresa do grupo, sendo que o siste-ma de aprovações e validações é independente da Janssen-Cilag (nestecontexto, apenas a estrutura e organização da informação bem comoo workflow são respeitados pelo modelo).

Como inicialmente exposto, o modelo de planeamento financeiroda Janssen-Cilag foi definido no pressuposto de flexibilidade e de acor-do com o workflow do processo de gestão. Assim, aquando da intro-

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CAPÍTULO 9 • APRESENTAÇÃO DE ESTUDOS DE CASO

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Figura 9.11Imagem de ecrã daestrutura deplaneamento ecusteio do modelo

Figura 9.12Imagem de ecrãda interface deinserção de dadosdo modelo deplaneamento

dução de dados relativos ao modelo de vendas, o planeamento finan-ceiro foi realizado com a definição de responsabilidades a nível dosresponsáveis de vendas por produto e trademark.

Todo o processo de planeamento se baseia em aprovações e vali-dações estabelecidas com a hierarquia da fase do planeamento emcausa. Assim, aquando do encerramento de uma trademark ou uni-dade de negócio (sendo os dois elementos agregadores da estruturade produto), o sistema de planeamento financeiro suporta a obrigato-riedade de aprovação ou rejeição da alocação de valores.

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BUSINESS INTELLIGENCE

O sistema de input sobre o planeamento é realizado de acordocom plataformas multidimensionais que, através da funcionalidade deintrodução de dados por dimensão, permitem a navegação pela orga-nização da empresa.

Todos os modelos do sistema utilizado prevêem rotinas de integraçãoentre as dimensões de budget, real e forecast, com o objectivo de permitiro controlo de gestão e a análise crítica da actividade da empresa. Encontra--se deste modo prevista a ligação dos dados reais importados para o mode-lo de planeamento, permitindo assim bases de comparabilidade.

O sistema de importação de dados realiza-se de acordo com aspermissões a nível da hierarquia do organograma da empresa e dosintervenientes no processo de orçamentação.

Como inicialmente previsto na definição do protótipo, o cubo con-solidado do planeamento financeiro foi capacitado para a inclusão dedados reais em dimensões distintas para esse efeito. Esta rotina éexecutada periodicamente para a obtenção de dados reais sobre asituação financeira actual (todo o processo é realizado paralelamenteao sistema de orçamentação, fazendo a ligação ao sistema de suporteà decisão da Janssen-Cilag, mediante a acção de operadores comcompetências e autorizações para o efeito).

A consolidação de informação dos dados de orçamento da empre-sa face ao grupo visa a sua integração de acordo com os centros decusto que constituem um elemento relevante na apresentação dasdemonstrações financeiras.

Para efeitos de criação de processos de input simples e directos parao utilizador final, os modelos de introdução são apresentados numa meto-dologia e através de nomenclaturas próximas das utilizadas pelos respon-sáveis pelo planeamento financeiro e pelas equipas de trabalho. Estasituação obriga o modelo a ter características de adaptação face à estru-tura da empresa e do grupo por meio de rotinas específicas para o efeito.

Neste contexto, todos os modelos de introdução de dados (no casoda Janssen-Cilag representam seis de modelos de input) são consoli-dados no modelo exclusivo para a integração e o ajustamento de da-dos, bem como de introdução de acertos manuais aos centros de custo.(Todo o modelo é caracterizado pela simplicidade e adaptabilidade devistas acessíveis aos utilizadores. Estes cubos encontram-se relacio-nados através de regras detalhadas interligadas entre si, de modo agarantir a operacionalidade dos modelos de integração e apresenta-ção de dados para controlo de gestão.)

Os modelos de input, capazes de organizar a informação em rotinasespecíficas, organizam os dados em cubos consolidados que permitema sua ligação subsequente a um modelo com características de recolha

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CAPÍTULO 9 • APRESENTAÇÃO DE ESTUDOS DE CASO

153

de dados. Como referido anteriormente, este modelo de consolidaçãorecolhe a informação através de rotinas próprias validadas e de acordocom os níveis de segurança associados na estrutura da Janssen-Cilag.

Este modelo (denominado OPEX) tem como objectivo principalpermitir a recolha e a organização de dados para fazer a demonstra-ção de resultados por área e por produto e permitir a introdução deajustamentos manuais sobre os valores que transitam dos cubos desuporte à introdução do planeamento financeiro.

Aquando da elaboração das diversas fases do orçamento e da apro-vação dos dados, o orçamento é consolidado no modelo financeiro(P&L), que apresenta a seguinte estrutura:

• Desdobramento por empresa – considerando que o modelo temcaracterísticas multiempresa, com posterior agregação ao níveldo grupo;

• Estrutura de unidade de negócio e estrutura da empresa – estaorganização permite a organização e exposição dos dados;

• Modelo de P&L – de acordo com a actividade da empresa e dogrupo, o modelo de planeamento financeiro também é organizadopor duas filosofias de análise que acompanham toda a organizaçãode dados e do plano financeiro da empresa.

O modelo de P&L é um modelo de consolidação de dados para aempresa e relevante quanto à reportação ao grupo.

Figura 9.13Estrutura dademonstração deresultados (P&L)da Janssen-Cilag

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154

BUSINESS INTELLIGENCE

ANÁLISE GLOBAL DO MODELO

Considerando os objectivos do grupo e da própria Janssen-Cilag, omodelo de planeamento de orçamentação representa o sucesso e agarantia de eficácia na informação prestada e nos timings necessá-rios anualmente.

Face aos diversos requisitos anuais do grupo, o modelo e aplicaçãode suporte foram sujeitos à necessidade de apresentarem caracterís-ticas fortes de flexibilidade e adaptação à realidade do grupo.

Estes requisitos fazem do próprio modelo um caso de estudo desucesso. No primeiro ano de execução do orçamento e planeamentofinanceiro os timings foram cumpridos, sendo que a flexibilidade ecapacidade de actualização dos modelos criaram uma mais-valia rele-vante para a sua execução.

No âmbito da business intelligence, a flexibilidade, a fiabilidade eclareza são elementos importantes que devem acompanhar todo o pro-cesso em causa. Neste contexto, o caso apresentado a nível da orça-mentação e do planeamento desta multinacional permite determinarcom clareza os principais pontos de sucesso a serem cumpridos aquan-do da instalação de um processo de mudança e organização da gestãodas instituições.

Num processo complexo de mudança, todos os elementos apre-sentaram características fundamentais para o sucesso.

O processo de melhoria baseia-se sempre num binómio essencial en-tre a capacidade tecnológica das soluções a serem implementadas e ocapital humano da entidade (igualmente essencial na organização e defi-nição de estruturas de apoio à gestão bem como a manutenção e o con-trolo dos inputs essenciais para o controlo de gestão e análise de dados).

T E S T E O S S E U S C O N H E C I M E N T O S

1. Que mais-valias se podem esperar de um projecto como o que foi desenvolvido noGrupo Brodheim?

2. Que necessidades de negócio foram supridas com o projecto desenvolvido naJanssen Cilag?

3. Na sua opinião, de que forma os requisitos e constrangimentos de cada negócioafectam a solução de business intelligence proposta? Desenvolva esta questão, tendopor base os exemplos apresentados neste capítulo.

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CAPÍTULO 9 • APRESENTAÇÃO DE ESTUDOS DE CASO

155

Í N D I C E

CONCEITO DE BASES DE DADOS ............... 28

RELAÇÕES ENTRE TABELAS ..................... 29AS FORMAS NORMAIS ............................... 30

CONCEITO DE DATA WAREHOUSE .............. 32

ARQUITECTURAS

DE DATA WAREHOUSE .............................. 34STAR SCHEMA ........................................... 36TABELA DE FACTOS ................................... 36TABELAS DIMENSIONAIS ........................... 36CHAVES SUBSTITUTAS .............................. 37SNOW-FLAKE SCHEMA ........................... 38

CONCEITO DE DATA MART ........................... 39

CONCEITO E IMPORTÂNCIADOS METADADOS ......................................... 39

IMPORTÂNCIA DA DATA QUALITY ............. 41

ETAPAS PARA A CONSTRUÇÃODE UM DATA WAREHOUSE ............................ 42

CAPÍTULO 4

AS FERRAMENTASDE BUSINESS INTELLIGENCE ................... 57

DATA INTEGRATION/ETL ............................... 58

BUSINESS/PRODUCTION REPORTING ......... 59

FERRAMENTASDE ANALISYS & QUERYING ............................ 59

APLICAÇÕES ANALÍTICAS(ANÁLISE OLAP) ............................................. 60

O ROLAP ...................................................... 61O MOLAP ..................................................... 62O HOLAP ...................................................... 62CUBOS OLAP .............................................. 62APLICAÇÕES DA TECNOLOGIA

OLAP – PROJECTOS ANALÍTICOS

DEPARTAMENTAIS ...................................... 63Finanças ...................................................... 64Comercial/Vendas .................................... 65Marketing .................................................. 66

INTRODUÇÃO ....................................................... 5

CAPÍTULO 1

APRESENTAÇÃO E CONCEITO .................... 7

ENQUADRAMENTO ........................................ 8

ARQUITECTURA E CARACTERÍSTICASDE UM SISTEMA DE BI ................................. 11

PROPOSTAS DE VALOR E VANTAGENS

COMPETITIVAS DE UM PROJECTO DE BI .. 12

CAPÍTULO 2

PANORAMA ACTUAL DOS SISTEMASDE INFORMAÇÃO E DA GESTÃO .............. 17

OS SISTEMAS DE INFORMAÇÃOPARA GESTÃO: LEGACY SYSTEMSVS. INTELLIGENCE SYSTEMS ......................... 18

OS INTELLIGENCE SYSTEMS

E O SEU VALOR ACRESCENTADO ............. 19

PROCESSOS OPERACIONAIS E PROCESSOSESTRATÉGICOS: EFICIÊNCIA OPERACIONALVS. EFICÁCIA NA DECISÃO .......................... 19

AS BUSINESS PAINS: FORECASTING,PLANEAMENTO E ORÇAMENTAÇÃO,CONTROLO INTERNO, IMPLEMENTAÇÃOESTRATÉGICA E GESTÃODA PERFORMANCE – GAPS E LACUNASPARA A GESTÃO ............................................. 20

PLANEAR, ORÇAMENTAR, PREVER .......... 20IMPLEMENTAR A ESTRATÉGIA

E GERIR A PERFORMANCE ...................... 22ANALISAR A INFORMAÇÃO ...................... 24EFECTUAR O CONTROLO INTERNO

E GERIR O RISCO ......................................... 25

CAPÍTULO 3

BASES DE DADOSE DATA WAREHOUSING ............................... 27

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BUSINESS INTELLIGENCE

Produção .................................................... 66Gestão de recursos humanos ............... 67

APLICAÇÕES DE EVENT MANAGEMENT .... 67

FERRAMENTAS DE VISUALIZAÇÃO:DASHBOARDING E SCORECARDING ............ 68

AS APLICAÇÕES DE SCORECARDING .... 69O DASHBOARDING ................................... 70A VISUALIZAÇÃO DE INFORMAÇÃO

MULTIDIMENSIONAL .................................. 71Pie charts multidimensionais ................ 72Gráficos de barras

multidimensionais ................................... 72Histogramas multidimensionais ........... 73Aplicações avançadas .............................. 74

DATA MINING ................................................... 74

DATA MINING DESCRITIVA ....................... 75DATA MINING PREDICTIVA ....................... 75O PROCESSO DE DATA MINING ................ 76

CAPÍTULO 5

A EMERGÊNCIA DA (CPM) CORPORATEPERFORMANCE MANAGEMENT ............... 79

CONCEITO DE CPM: ALINHARA ESTRATÉGIA COM A EXECUÇÃO ........... 80

ESTRUTURA E COMPONENTESDE UM SISTEMA DE CPM ............................ 83

ESTRUTURA DE UM SISTEMA DE CPM ..... 84Performance management solutions .... 85Platform services ...................................... 85

ETAPAS DO MANAGEMENT CYCLE:PLANEAMENTO, MONITORIZAÇÃOE ANÁLISE ........................................................ 86

PLANEAMENTO E FORECASTING:

A BASE DA CPM ......................................... 86MONITORIZAÇÃO DA PERFORMANCE:

GARANTIR ALINHAMENTO

E ACCOUNTABILITY .................................. 88ANÁLISE E REPORTING: GERAR

CONHECIMENTO DE SUPORTE

AO NEGÓCIO ................................................ 92

CAPÍTULO 6

BUSINESS ACTIVITY MONITORING (BAM):A PROMESSA DO BUSINESSINTELLIGENCE PARA O SÉCULO XXI ...... 93

CONCEITO E VANTAGENS DA BAM .......... 94

ESTRUTURA DO SISTEMA BAM ................. 94

ID: TECNOLOGIA DE APOIO À BAM .......... 97

O RISK PORTAL: A PRÓXIMA PROMESSADA BAM ............................................................ 99

CAPÍTULO 7

ROI: O VALOR ACRESCENTADODE UM PROJECTO DE BUSINESSINTELLIGENCE ............................................ 101

A IMPORTÂNCIA DE AVALIARA RENDIBILIDADE DA BI ........................... 102

OS CUSTOS DIRECTOS DO PROJECTO .... 103

CUSTOS DE AQUISIÇÃO ........................... 103CUSTOS DE INFRA-ESTRUTURA DE TI .... 104CUSTOS DE IMPLEMENTAÇÃO ............... 104CUSTOS DE FORMAÇÃO .......................... 104CUSTOS DE SUPORTE E

MANUTENÇÃO ........................................... 105CUSTOS DE PERFORMANCE ................. 105

OS CUSTOS INDIRECTOS DO PROJECTO .. 105

MEDIR OS PROVEITOS DA BI .................... 106

CAPÍTULO 8

GESTÃO E IMPLEMENTAÇÃODE PROJECTOS DE BUSINESSINTELLIGENCE ............................................ 109

CARACTERÍSTICAS E ESPECIFICIDADESDOS PROJECTOS DE BI ............................... 110

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ÍNDICE

157

PREPARAÇÃO DO PROJECTO:O PROJECT CHARTER ................................... 110

ANÁLISE DO CONTEXTO .......................... 111ÂMBITO ..................................................... 112As escolhas estratégicas

num projecto de BI ................................. 112OBJECTIVOS E METAS ............................. 113SOLUÇÃO DE BUSINESS INTELLIGENCE

PROPOSTA ................................................ 114ANÁLISE DA INFRA-ESTRUTURA

TECNOLÓGICA .......................................... 114GAP ANALYSIS ........................................ 115ANÁLISE CUSTO-BENEFÍCIO .................... 115RESULTADOS (DELIVERABLES)

DO PROJECTO ........................................... 115REQUISITOS DO HISTÓRICO .................... 115CONDIÇÕES DA DATA QUALITY ............. 116CONTROLO E GESTÃO DA MUDANÇA .... 116ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

DA EQUIPA ................................................. 116RISK ASSESSMENT ................................. 118Identificação dos riscos ........................ 118Enquadramento e categorização

dos riscos ................................................ 118Identificação de indicadores e triggers .. 119Definição de planos de mitigação ........ 119Definição de planos de contingência

(ou remediação) ...................................... 119Definição de actividades de comunicação

e reporting (implementação tecnológica

de controlos de detecção) .................... 119

AFECTAÇÃO E ORGANIZAÇÃODOS RECURSOS HUMANOS ....................... 119

DEFINIR O ROAD-MAP:O PLANO DO PROJECTO ............................ 121

IMPLEMENTAÇÃO TECNOLÓGICA ........ 123

IDENTIFICAÇÃO DAS FONTES

DE DADOS .................................................. 123CONVERSÃO DE DADOS LINEARES EM

DADOS ESTRUTURADOS .......................... 124CRIAÇÃO DE MECANISMOS DE ETL

PARA ALIMENTAR O MODELO ................ 124

MODELIZAÇÃO E CRIAÇÃO

DO FRONT-END ........................................ 124DEFINIÇÃO DA ESTRATÉGIA

DE ACESSIBILIDADE ................................. 124AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA

DOS OUTPUTS ......................................... 124

CAPÍTULO 9

APRESENTAÇÃODE ESTUDOS DE CASO ............................. 127

PROJECTO GRUPO BRODHEIM ................ 128

ÂMBITO DO PROJECTO ........................... 128SISTEMAS EXISTENTES NA GESTÃO

DO GRUPO BRODHEIM .............................. 131Limitações dos sistemas existentes ... 131O NOVO MODELO DE BUSINESS

INTELLIGENCE ......................................... 133OBJECTIVOS DA BUSINESS INTELLIGENCE

NAS ÁREAS DO RETALHO ........................ 134Objectivos do sistema de retalho ....... 135Mapas uniformizados ............................ 135IMPLEMENTAÇÃO DE UMA NOVA

SOLUÇÃO TECNOLÓGICA ....................... 136Técnicas e ferramentas ........................ 136Módulo de vendas .................................. 137Módulo de reposições .......................... 138Módulo de stocks .................................... 138Módulo de auditoria ............................... 139Módulo de clientes ................................. 139Módulo de vendedores ......................... 139SOLUÇÕES PROPOSTAS PARA

O RETALHO ................................................. 140

PROJECTO JANSSEN-CILAG ...................... 144

ANÁLISE ESTRUTURAL DA COMPANHIA .. 144PRESSUPOSTOS ASSUMIDOS

PARA A SOLUÇÃO DE BI .......................... 145DEFINIÇÃO DO MODELO DE PLANEAMENTO

FINANCEIRO E ORÇAMENTAÇÃO ............ 146SOLUÇÃO DE BUSINESS

INTELLIGENCE .......................................... 148ANÁLISE GLOBAL DO MODELO .............. 154

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158

BUSINESS INTELLIGENCE

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ÍNDICE

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BUSINESS INTELLIGENCE