8/16/2019 Mandalas Rodas Da Vida_apres Cortesia http://slidepdf.com/reader/full/mandalas-rodas-da-vidaapres-cortesia 1/27 M ND L S ROD S D VID Coloque em movimento as forças realizadoras que existem dentro de você Adriana Barros Psicóloga, Arteterapêuta
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Independente da forma pela qual se apresenta, a Mandala éum instrumento capaz de nos oferecer a segurança e cuidado necessáriospara entrarmos em contato com a nossa realidade mais profunda. Além denos possibilitar a Integração entre os nossos vários níveis de consciência eentendimento acerca de quem somos em um determinado momento denossas vidas.
Através do processo de criação de uma Mandala, é possívelque um indivíduo transite, com uma facilidade ampliada, por suasrealidades: física, objetiva (consciência) e subjetiva (inconsciente), de formaque consiga, ao término da criação, alcançar um outro nível de integraçãoque lhe dê a sensação de tranquilidade, paz interior ou bem estar. Porém, ocontrário também poderá acontecer: você poderá pintar uma Mandala e, aotérmino do trabalho, ter a sensação de falta, de incômodo. E, neste caso, o
ideal é que continue pintando, até que, ao olhar para o trabalho concluído,sinta uma sensação de satisfação e bem estar.O fato de se debruçar sobre o trabalho de criação de Mandalas
ser uma atividade lúdica e, ao mesmo tempo, exploratória – através da qualpodemos cartografar o nosso estado psíquico e emocional mais profundos – aponta para a direção do “cuidado”. Este simples motivo, que parece umpequeno detalhe, passa a fazer uma grande diferença quando se tem um
auxílio profissional na condução e cuidado destes processos.Mandalas têm uma linguagem própria: simbólica, não verbal,
que tem o poder de colocar nosso ego em contato com as partes maisprofundas e inconscientes da nossa psique. Isto ocorre porque o círculo éum elemento capaz de organizar e conter, com segurança, o imagináriosimbólico do qual é feito o nosso inconsciente. Além, é claro, de nos fornecer
o espaço de proteção que precisamos nos momentos em que nosencontramos fragilizados, precisando recuperar o nosso senso de equilíbrio.
As rosáceas surgiram em meio ao movimento gótico, noperíodo Medieval, conhecido e chamado de Idade das Trevas.
Precedido pela arquitetura Românica, que exibia construções
de igrejas com características de solidez e simplicidade rústicas; e queacompanharam o domínio e a queda do Sistema feudal.
Para Dahlke (2007), as rosáceas góticas são construídas combase no que ele chama de “base do doze” e que contém a representaçãodos doze signos do zodíaco. E nesta configuração do doze, a cruz principal,chamada por ele de cruz fixa do zodíaco, representa os quatro evangelistase, também, os quatro elementos da antiguidade: água, fogo, ar e terra. Paraeste autor, os simbolismos das Mandalas continuam na esfera dodesconhecido. Mas indicam que os construtores das catedrais mantinham-se mais próximos de antigos conhecimentos do que os administradoresdessas igrejas. Pois as Mandalas parecem mostrar pistas acerca doconceito de unidade dentro da multiplicidade.
Considerando-se a transposição dessa ideia para os dias
atuais, em que as polaridades se presentificam, então poderíamos notarque o lado esquerdo do cérebro se relaciona com a “versidade” (a “di-versidade), enquanto que o lado direito parece se relacionar com a unidade.
Dahlke (2007) relata que em Mandalas de diversas culturasao redor do mundo é possível, através da observação, descobrir a unidadena multiplicidade e, assim, desconstruir o antagonismo “aparente” entreesses dois conceitos para, em seguida, encontrarmos o nosso caminho devolta.
A universalidade contida no símbolo da Mandala aponta parauma verdade única, fonte da qual beberam todos os sistemas religiosos,apesar de não reconhecê-lo. Fonte da qual herdamos o predomínio dossímbolos alquímicos; motivo pelo qual se pode observar, apesar de todanegação depreciativa, imagens de santos cristãos carregando jarros e
Outro elemento simbólico encontrado na arquitetura e artegótica é o labirinto. Na verdade ele surge como um correlato das rosáceaspois, conforme apontado por Dahlke (2007), “a viagem através do mundodas rosáceas corresponde a uma viagem através do mundo dos labirintos:chegaremos ao mesmo fim”. E seu simbolismo aponta pela busca dohomem por caminhos diversificados que o conduzem tanto para longe comopara mais perto do centro, até que o encontre.
O labirinto mais conhecido do movimento gótico pertence àCatedral de Chartres.
Nesse labirinto, estão simbolizados os dois caminhos que aalma humana deveria percorrer durante sua vida. E estão juntos, unidosem um só. Ele tem a forma de uma Mandala e os fiéis acreditavam quepercorrer o trajeto daquele labirinto constituía uma espécie de meditaçãoredentora. E eles faziam este trajeto de joelhos até chegarem ao centro,onde uma rosa branca de seis pétalas, em mármore, os aguardava.
É uma característica das sociedades ocidentais a valorizaçãodas qualidades pertencentes ao hemisfério esquerdo do cérebro.
No Oriente, as culturas dão preferência às característicaspertencentes ao hemisfério direito.
Embora o desenvolvimento da unilateralidade sirva, também ,ao propósito de movimentar esta roda, a vida, o macro e o micro-cosmo;como tudo o que existe.
Pensar, criar, produzir e pintar Mandalas é uma atividadeque oportuniza o início do processo de se buscar um lugar, em nós, dequietude, harmonia e silêncio. Pode se tornar um momento no qual, ocentro de gravidade humano, agora nas mãos, permita o início desseritual de voltar-se para sua própria interioridade.
Por meio desse fazer, desse processo, através do qual alinguagem não-verbal conduzirá o indivíduo para o centro de si mesmo.Esta experiência poderá remetê-lo a vivências profundas, possíveis detransitar por todos os estágios de seu desenvolvimento, desde operíodo perinatal, no ventre materno. Este é um dos motivos pelo quala Mandala também é um instrumento que, por carregar amplaspossibilidades de mobilizar conteúdos com carga emocionaldesconhecida e intensa, deve ser realizada com cautela. E, em muitos
casos, sua utilização dentro de um enquadre terapêutico pode semostrar um modo mais eficaz para se integrar os conteúdosconflitantes que emergirem durante tal processo. Em alguns casos, aoinvés de propiciar calma e bem estar, a Mandala poderá causar umasensação de inquietação e incômodo, justamente por conta dosconteúdos mobilizados. E, neste caso, faz-se necessário que a pessoapossa continuar pintando suas circularidades até que se sinta“completa” e em harmonia.Portanto, o trabalho com Mandalas pede um trabalho cuidadoso,devidamente planejado, com objetivos bem definidos, a fim de se evitara emergência inesperada de conteúdos mais profundos. Pois que paraeste tipo de atividade, é de fundamental importância que a atividadeseja realizada e proposta por um profissional habilitado e consciente de
seus limites, a fim de oferecer o suporte necessário em tais situações.
Ainda sobre os motivos pelos quais a Mandala é tida como uminstrumento que possui a propriedade de nos conduzir de volta “ao centro”, ao
equilíbrio e à harmonia, podemos parar para observar a Roda, símbolo de um ciclocompleto. Tomemos, aqui, como exemplo a 10ª carta do Tarot, a carta da Roda daFortuna, por uma questão meramente ilustrativa da sugestão de seu movimentopróprio.
Ao tomarmos a Roda da Fortuna como exemplo de uma Mandalaque, enquanto representante da temporalidade e espaço, começo e fim de um ciclocompleto que, em movimentos repetidos e sucessivos avançam e retrocedem em
movimentos de criação, nascimento e destruição, ilustra com fidelidade osmovimentos e atividades contidos tanto no macro como no micro cosmo; osmovimentos de toda forma de vida. Por isso movimento, esses ciclos, não devemser combatidos.
A Roda da Fortuna, ou do Destino, nos fala de uma lei esotérica eatemporal, que atravessa culturas, épocas e movimentos de arte ou de religião.Esta lei nos lembra, todo o tempo de que tudo o que sobe tem que descer e tudo oque desce também voltará a subir.
O centro, como o objetivo a ser alcançado, nos convidapara nos tornarmos conscientes do que estejamos fazendo.
Assim como o oleiro depende da centralização adequada deuma porção de barro no torno para que seu trabalho aconteça, o trabalhocom Mandalas exige que se tome consciência crescente de si, todo otempo. Como o intelecto se alimenta de variações (o caos), busque osilêncio, concentre-se, por exemplo, em sua respiração, contando-a.
Este tipo de repetição poderá dar início ao estado mental eemocional propício para que se inicie o processo de criação e produçãode sua Mandala. A quietude se encontra “no centro” da roda, longe doseu movimento...
São válidos recursos extras que contribuam para adistração do hemisfério esquerdo do cérebro, como os recursos queincitem o hemisfério direito, como sons repetitivos e circulares, músicas,aromas, luminosidade reduzida, sons de natureza, etc.
A palavra sânscrita Mandala também significa “ciclo completoatravés do tempo” e contém o simbolismo da revolução do próprio tempo,mostrando-nos as mudanças que ocorrem na natureza e na própria históriahumana.
A roda zodiacal é uma das Mandalas de ciclos mais antigas deque se tem conhecimento. Nela são expressos os ciclos de repetição do anosolar, assim como os movimentos das estrelas e dos planetas. Mandalastambém surgem para demarcar ciclos e tempos, além de contribuir para aprevisão de eventos importantes.
A roda da medicina dos índios nativos americanos também é umaMandala de ciclo completo. na qual os seus quatro raios representam asquatro estações e as quatro horas do dia (amanhecer, meio-dia, pôr-do-sol emeia-noite), que servem como orientação no tempo e no espaço. Essa rodarepresenta a vida em suas fases: mudança, nascimento, morte, vida eaprendizagem.
Nas estações do ano, podemos aprender sobre o ciclo doplantio e do crescimento da semente, o cultivo da planta e sua maturação,e a colheita, seguida pela devolução das sementes para o solo, a fim de
que se inicie um novo ciclo. É o acontecer da vida que, em sua plenitude,nos leva a observar constantemente que tudo o que existe aconteceatravés de padrões de repetições infindáveis, que cumprem com suafinalidade de manter a ordem mesma das coisas.
Desde sempre, a vida desabrocha sob o nosso olhar empadrões que se repetem...
Tucci, em seu livro Teoria e prática da Mandala, define ahistória da religião indiana como um “paciente esforço para a conquista daautoconsciência”.
Para ele, a Índia é um país em que religião e filosofia fazemparte da unidade de uma visão (darçana) que serve de base para umaexperiência (sâdhana)
Ele ressalta que na Índia, o intelecto “jamais” predominou aponto de sobrepor-se às faculdades da alma e de destacar-se dela,provocando a “perigosa cisão” entre Intelecto e psique que, para ele, é a
doença de que sofre o Ocidente.Ele considera que o “intelecto puro”, separado da alma, é amorte do homem. Pois, acaba despersonalizando-o e rebaixando-o, edestitui-lhe do direito natural de participar, amorosamente, da vida dascoisas e criaturas com a capacidade inata de sua alma – com suasemoções e suas intuições. Ele considera o intelecto um princípio dedesintegração...
Tucci aponta os cinco atributos divinos, que nos pertencem também:
A eternidade A onipresença A plenitude A onisciência A onipotência
A ilusão à qual os hindus se referem parece nascer nos
momentos em em que nós, desfocando a nossa atenção de nós mesmos,nos voltamos ora para o passado, ora para o futuro; ora para o nosso ego(as estruturas que construímos, nossas máscaras, para sobrevivermos nosmeios em que vivemos), ora para o outro.
Na onisciência divina, não existe um eu contraposto a um não-eu...Mas existe um eu absoluto, eterno, imóvel, obscurecido pela mâyâ...Aalma infinita, quase que adormecendo, pensa que é limitada...Mas por causade mâyâ (a ilusão), o ser supremo se projeta para longe de si, como objeto.Não mais reconhece ele que sujeito e objeto são idênticos em sua unidadeprimordial e, esquecido de si mesmo, substitui a quíntupla infinitude porcinco limitações:
A eternidade se circunscreve no tempo;
A onipresença na determinação; A plenitude no desejo; A onisciência no intelecto A onipotência em limitada capacidade criativa