Líquidos serosos Narcizo A. Tonet Citologia Clínica
Líquidos serosos (cavitários)
As cavidades fechadas do organismo (pleural, pericárdica e peritoneal) são revestidas por duas membranas chamadas serosas.
Uma delas reveste as paredes da cavidade (parietal) e outra os órgãos no interior da cavidade (visceral)
Chama-se seroso o líquido entre elas.
Formação Ultrafiltrado de plasma. Sem secreção de substâncias pela membrana. Pressão hidrostática e coloidal (proteínas) exercidas
pelos capilares. Maior pressão do lado sistêmico
COLETA
- Aspiração com agulha na respectiva cavidade:
Toracocentese (pleural)Pericardiocentese (pericardial)Paracentese (peritonial)
AMOSTRA
- 1 tubo com EDTA: Citologia- 1 tubo estéril: Cultura- 1 tubo: visualização de coágulo, exame
físico, químico e imunológico.
Amostra sanguínea.concentração
Transudatos e exsudatos Causas de derrame e para evolução das análises
laboratoriais (transudatos não precisa outras análises).
Distúrbio sistêmico compromete o equilíbrio entre formação e reabsorção transudatos (processo mecânico).
Compromete diretamente as membranas exsudatos (processo inflamatório e neoplásico).
Distinção laboratorial entre transudatos e exudatos
Transudato ExsudatoAparência transparente opaca Densidade <1,015 (78%) >1,015 (87%)Proteína total <3,0g/dl (86%) >3,0g/dl (90%) Pt. rel. liq/soro < 0,5 (97%) > 0,5 (93%) LDH <200 UI (97%) > 200 (73%) LDH rel liq/soro <0,6 (95%) > 0,6 (89%)Células <1000/ul (81%) > 1000/ul (78%)Coagulação ausente possívelColesterol < 55 mg/dl > 55 mg/dl Rel pt/LDH/rel LDH (100%) (100%)
Distinção laboratorial entre transudatos e exudatos
Critérios mais importantes:
Antigamente densidade e proteínas.
Hoje razão entre os níveis de proteínas e de LDH encontrados nos líquidos serosos e os no sangue são os mais confiáveis.
EXAMES LABORATORIAIS De rotina para todos os líquidos e para
categorização: Exame físico: cor, aspecto (antes e após
centrifugação), coágulo, densidade e pH. Exame químico: proteínas e glicose. Exame citológico: contagem global e diferencial. Exame microbiológico Exame imunológico Outras provas conforme cada líquido.
Líquido pleural Acúmulo líquido pleural. Insuficiência cardíaca congestiva e hipoalbunemia
transudatos; Pneumonia e carcinomas exsudatos.
Categorização
Colesterol.
Líquido pleural Colesterol
Nível pleural acima de 55 mg/dl ou Razão entre o nível pleural e o sérico for
superior a 0,3.
↓
EXSUDATO
Líquido pleuralAparência
Normais e transudatos: transparentes e amarelo-claros.
Turvos (geralmente leucócitos) infecção bacteriana, tuberculoso, imunológicos (AR).
Sangue: hemotórax (lesão traumática), lesão membrana (neoplasias) ou aspiração traumática (filamentosos e sem uniformidade). Fazer hematócrito (alto no hemotórax).
Leitoso: material quiloso de vazamento do ducto toráxico ou pseudoquiloso de quadros inflamatórios crônicos. Fazer teste do éter (extrai o verdadeiro) ou Sudam III (positivo para quiloso).
Líquido pleuralExames citológicos
Contagem global e diferencial de leucócitos. Contagem alta: > 1000 células/ul. Tuberculose - contagem moderada, predomínio
de linfócitos e presença de plasmócitos. Infecções bacterianas - contagem alta,
predomínio de neutrófilos. Neoplasias – contagem alta de linfócitos. Células anormais (células mesoteliais,
macrófagos e tumorais) citologia ou patologia.
Líquido pleuralExames bioquímicos
Glicose, pH e amilase. VR são os mesmos do plasma. Glicose baixa na inflamação tuberculosa e
reumática. pH < 7,2 indicação de intubação e uso de
antibiótico nas pneumonias pH > 7,4 nas neoplasias. Amilase alta há indício de lesão pancreática.
Líquido pleuralExames sorológicos
Origem imunológica e neoplásica.
Exames: anticorpos antinucleares, dosagem Ig, CEA.
Líquido pericárdico Líquido transparente e amarelo-claro. Pequena quantidade: 10 a 50 ml.
Derrame pericárdico alteração da permeabilidade das membranas (infecção, neoplasia ou comprometimento metabólico). Suspeita de derrame -compressão cardíaca ao exame físico.
Líquido pericárdico Aspecto
Transparente: distúrbios metabólicos
Turvo: infecção e neoplasias
Leitoso: sistema linfático comprometido
Sanguinolento: tuberculose, tumores e anticoagulantes
Líquido pericárdico Citologia:Leucócitos > 1000 / ul indício de infecção.↑Neutrófilos endocardite bacteriana.Pesquisa de células neoplásicas – importante.
Bioquímica:Glicose baixa na endocardite e neoplasia
Imunologia:CEA – correlação com citologia
Líquido peritonial Ascite: acúmulo de líquido na cavidade
peritoneal.
Normal: amarelo-claro e transparente.
Transudatos e exsudatos.
Líquido peritonialAspecto
Turvos (exsudatos): infecções bacterianas ou fúngicas.
Leitoso: material quiloso ou pseudoquiloso Verde: derrame biliar. Tira reativa
confirma ou dosagem. Hemorragia: traumatismo
Líquido peritonialCitologia
Normal: hemácias < 100.000 / ul.Aumenta no traumatismo hemorrágico Leucócitos <300 /ul.Aumenta na cirrose e peritonite bacteriana.↑ Granulócitos (> 250 / ul) peritonite.
Citologia para diagnóstico de metástase.
Líquido peritonial Exame imunológico:CEA e CA 125: neoplasias.
Exame bioquímico:Glicose < sérica – peritonite tuberculosa e
neoplasias.↑ Amilase - pancreatite e nas perfurações
intestinais.↑ Fosfatase alcalina - perfuração intestinal.↑ Nitrogênio uréico e creatinina - perfuração na
bexiga.
Líquido peritonial
Exame bacteriológico:
Gram e cultura (aeróbica e anaeróbica) nas suspeitas de peritonite.