LICENCIAMENTO ÚNICO AMBIENTAL HOVIONE HQ-LUA-MC-IV.3 - Descrição águas residuais e sistemas de tratamento - ARA 20201218 Pág. 1 de 26 Módulo: RECURSOS HÍDRICOS IV.3. DESCRIÇÃO DAS ÁGUAS RESIDUAIS E SISTEMAS DE TRATAMENTO 1. Apresentação das Redes de Águas Residuais Existentes Na Instalação estão instaladas três redes de drenagem subterrânea, independentes, para a recolha e transporte de águas residuais que se passam a descrever: rede de águas residuais domésticas, rede de águas residuais industriais e rede de águas pluviais. 2. Águas Residuais Domésticas 2.1. Origens e características das águas residuais domésticas produzidas A rede de águas residuais domésticas estende-se a toda a área da Instalação e acompanha a topografia do terreno, sendo maioritariamente gravítica, conforme pode ser consultado no desenho “HQ-LUA-Desenhos MC 0800105005 - Rede efluente doméstico”. A esta rede são encaminhadas as águas residuais domésticas e equiparáveis produzidas na Instalação que provêm dos sanitários, dos balneários, do refeitório, das áreas sociais e das purgas de águas das torres de refrigeração. Devido à sua natureza, este tipo de águas não é caracterizado de forma individualizada e apresentará características semelhantes às demais águas de origem domésticas produzidas. O volume produzido deste tipo de águas residuais não é registado, podendo ser estimado com base na diferença entre o volume rejeitado a partir da Instalação e o volume tratado na Estação de Tratamento de Águas Residuais Industriais (ETARI) existente na Instalação (ambos apurados com base em registos contínuos de caudal). O volume de águas residuais domésticas assim estimado é da ordem de 130,8 m 3 /dia, considerando os dados referentes a 2018. 2.2. Localização do ponto de descarga das águas residuais domésticas produzidas As águas residuais domésticas produzidas confluem num único tanque situado na extremidade Sul da Instalação, designado por Tanque de Exportação (TEF01). Como será descrito mais adiante, a este mesmo tanque são encaminhados os efluentes industriais produzidos na Instalação que são sujeitos a pré-tratamento na ETARI. As águas residuais domésticas e as águas residuais industriais pré-tratadas são rejeitadas no coletor público de drenagem de águas residuais sob gestão dos Serviços Intermunicipalizados de Águas e Resíduos (SIMAR) dos Municípios de Loures e Odivelas, sendo previamente sujeitas a monitorização antes da sua descarga.
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Módulo: RECURSOS HÍDRICOS IV.3. DESCRIÇÃO DAS ÁGUAS RESIDUAIS E SISTEMAS DE TRATAMENTO
1. Apresentação das Redes de Águas Residuais Existentes
Na Instalação estão instaladas três redes de drenagem subterrânea, independentes, para a recolha e
transporte de águas residuais que se passam a descrever: rede de águas residuais domésticas, rede
de águas residuais industriais e rede de águas pluviais.
2. Águas Residuais Domésticas
2.1. Origens e características das águas residuais domésticas produzidas
A rede de águas residuais domésticas estende-se a toda a área da Instalação e acompanha a
topografia do terreno, sendo maioritariamente gravítica, conforme pode ser consultado no desenho
“HQ-LUA-Desenhos MC 0800105005 - Rede efluente doméstico”.
A esta rede são encaminhadas as águas residuais domésticas e equiparáveis produzidas na Instalação
que provêm dos sanitários, dos balneários, do refeitório, das áreas sociais e das purgas de águas das
torres de refrigeração.
Devido à sua natureza, este tipo de águas não é caracterizado de forma individualizada e apresentará
características semelhantes às demais águas de origem domésticas produzidas.
O volume produzido deste tipo de águas residuais não é registado, podendo ser estimado com base
na diferença entre o volume rejeitado a partir da Instalação e o volume tratado na Estação de
Tratamento de Águas Residuais Industriais (ETARI) existente na Instalação (ambos apurados com
base em registos contínuos de caudal). O volume de águas residuais domésticas assim estimado é da
ordem de 130,8 m3/dia, considerando os dados referentes a 2018.
2.2. Localização do ponto de descarga das águas residuais domésticas produzidas
As águas residuais domésticas produzidas confluem num único tanque situado na extremidade Sul da
Instalação, designado por Tanque de Exportação (TEF01).
Como será descrito mais adiante, a este mesmo tanque são encaminhados os efluentes industriais
produzidos na Instalação que são sujeitos a pré-tratamento na ETARI.
As águas residuais domésticas e as águas residuais industriais pré-tratadas são rejeitadas no coletor
público de drenagem de águas residuais sob gestão dos Serviços Intermunicipalizados de Águas e
Resíduos (SIMAR) dos Municípios de Loures e Odivelas, sendo previamente sujeitas a monitorização
antes da sua descarga.
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3. Águas Residuais Industriais
3.1. Origens e características das águas residuais industriais produzidas
As origens das águas residuais industriais produzidas na Instalação são indicadas na Tabela 1. O
caudal de águas industriais gerado na Instalação é presentemente de 240 m3/dia. A partir do arranque
do projeto de ampliação estima-se que se venha a registar um aumento do caudal global, de origem
doméstica e industrial.
Em termos das características qualitativas, o efluente industrial apresenta uma elevada carga orgânica,
atribuível dominantemente à presença de solventes, e que é contabilizada no parâmetro carência
química de oxigénio (CQO).
Tabela 1 – Proveniência e natureza dos principias efluentes industriais gerados na Instalação.
Origem dos efluentes
industriais Breve descrição
Efluentes aquosos de
processo
• Fases aquosas das extrações líquido-líquido e sólido-líquido
• Efluentes de lavagem de bolos de filtração
• Destilados
• Condensados de spray-drying
• Permeados de sistemas de filtração (ultra e nanofiltração e osmose inversa)
Lavagens de
equipamentos • Efluentes de lavagem interna de equipamentos entre passos do mesmo
processo e entre processos produtivos
Lavagem e regeneração
de colunas • Efluentes de lavagem e regeneração de colunas de permuta iónica, colunas de
purificação de carvão e colunas de leito misto
Circuitos auxiliares
• Purgas das bombas de vácuos e de sistemas de vácuo por injetor de vapor
(CEPIC)
• Purgas das torres e circuitos de refrigeração
• Purgas de caldeiras
• Purgas dos tanques de “knock-out” de alívio de emergência
Sistemas de tratamento
de efluentes gasosos
(STEG)
• Purgas das torres de lavagem de gases
• Purgas da torre de lavagem da unidade de recuperação de iodeto de sódio e
valorização térmica (URIS)
• Condensados da regeneração das colunas de carvão ativado do Edifício 7
• Futuras purgas da torre de lavagem do sistema de tratamento de gases por
oxidação térmica regenerativa (RTO) e do sistema de DENOX do RTO
Outros • Efluentes de lavagem externa de equipamentos, tubagens e pavimentos das
áreas produtivas
• Águas contaminadas de bacias e plataformas de retenção
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A rede de águas residuais industriais, desenvolve-se, maioritariamente, no setor Oeste da Instalação,
sendo constituída por tubagens de polipropileno. Trata-se de uma rede inteiramente gravítica que
conduz os efluentes à última caixa de reunião, designada por I3, existente a montante e junto à ETARI
situada no setor Sudeste da Instalação, conforme pode ser consultado no desenho “HQ-LUA-Desenhos
MC 0800105003 - Rede de efluente industrial”.
A partir da caixa I3 os efluentes industriais são encaminhados para o Tanque de Equalização (TE06),
onde se dá a admissão dos efluentes à ETARI. A etapa final de tratamento dos efluentes industriais dá-
se no Tanque de Acerto de pH (TE02) a partir do qual são elevados para o Tanque de Exportação
(TEF01), anteriormente referido, que recebe igualmente as águas residuais domésticas.
Os efluentes são posteriormente conduzidos para tratamento biológico final na ETAR Municipal de
Frielas, gerida pelo sistema, em alta, designadamente as Águas de Lisboa e Vale do Tejo.
3.2. Localização do ponto de descarga das águas residuais industriais produzidas
A partir do Tanque de Exportação (TEF01), as águas residuais industriais pré-tratadas e as águas
residuais domésticas são descarregadas graviticamente no coletor municipal, no ponto de descarga
designado por ED1, situado no sistema coletivo de drenagem de águas residuais, em baixa, gerido
pelos Serviços Intermunicipalizados de Águas e Resíduos (SIMAR) dos Municípios de Loures e
Odivelas. A ligação das águas residuais ao coletor municipal está enquadrada pela Autorização de
Descarga de Águas Residuais Industriais n.º 69/2018 (Processo n.º 716B) emitida pelo SIMAR de
Loures e Odivelas (apresentada no documento “HQ-LUA-MC-IV.4 - Autorização de Descarga de Águas
Residuais SIMAR”).
4. Águas Pluviais
4.1. Origens e características das águas pluviais
Conforme pode ser consultado no desenho “HQ-LUA-Desenhos MC 0800105004 - Rede de águas
pluviais”, que foi recentemente objeto de reconstrução e requalificação significativa, estende-se a toda
a área da Instalação. A rede é inteiramente gravítica conduzindo as águas drenadas a um ponto único
colocado imediatamente a montante da descarga de águas pluviais para o meio recetor.
A esta rede são encaminhadas as águas pluviais caídas nas áreas impermeabilizadas da Instalação,
que representam cerca de 85% da área da Instalação, incluindo as águas pluviais recolhidas de
pavimentos de circulação, telhados e coberturas da Instalação. Excluem-se desta situação as águas
pluviais caídas em áreas pavimentadas e delimitadas para a trasfega de produtos com características
de perigosidade, as bacias de contenção de reservatórios e as áreas de armazenamento de resíduos
cujas escorrências são, por defeito, encaminhadas para a rede de águas residuais industriais.
A esta rede são também drenadas as seguintes águas dos parques de estacionamento, sujeitas a pré-
tratamento em separador de hidrocarbonetos:
Tabela 2 – Áreas dos parques de estacionamento.
Caudal a rejeitar pelo Separador
de Hidrocarbonetos (L/s) Parque de Estacionamento Área (m2)
20 B14 – Áreas interiores 3 370
10 B18 – Áreas interiores 1 632
B18 – Áreas exteriores 455
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Nos documentos “HQ-LUA-MC-IV.8 - Especificações Separador HC Edifício 18” e “HQ-LUA-MC-IV.10
- Especificações Separador HC Edifício 14” encontram-se as especificações técnicas de cada
equipamento.
Em termos do caudal de águas pluviais gerado na Instalação, estima-se que o mesmo seja da ordem
de 0,84 m3/s para uma duração de chuvada de 10 minutos e um período de retorno de 15 anos.
4.2. Monitorização e controlo das águas pluviais
A HOVIONE tem vindo a promover e programar projetos perseguindo uma abordagem de contínua
melhoria ambiental, no contexto da qual se encontra em fase de conclusão a reabilitação da rede de
drenagem de águas pluviais da Instalação com vista ao seguinte:
• a conferir melhores condições ao escoamento das águas pluviais;
• a concentrar num único local a descarga da totalidade das águas pluviais caídas na área da
Instalação;
• a permitir, com base na ação anterior, proceder à monitorização das águas pluviais e à sua
gestão de acordo com requisitos de proteção do meio recetor, através da interposição de um
tanque a montante da descarga final da Instalação.
Neste tanque está instalado um sistema que se destina a monitorizar, em contínuo, a qualidade das
águas pluviais afluentes através do registo dos parâmetros carbono orgânico total (COT) e pH para
detetar e prevenir, imediatamente, a descarga no meio recetor de contaminantes acima de uma
determinada concentração limite (no caso do COT) ou de uma gama de valores limite (no caso do pH).
O tanque de monitorização de águas pluviais foi dimensionado, do ponto de vista hidráulico, para
assegurar um tempo de retenção do caudal pluvial afluente suficiente para se obterem resultados de
monitorização, em continuo, do parâmetro COT e pH.
Este projeto constitui, na sua essência, a implementação das Melhores Técnicas Disponíveis (MTD)
definidas nos documentos de referência da EU BREF OFC (Manufacture of Organic Fine Chemicals) e
CWW (Common Wastewater and Waste Gas Treatment in Chemical Sector) para a proteção das águas
naturais (subterrâneas e superficiais), que consiste na monitorização e controlo das águas pluviais
caídas na Instalação, com vista à contenção e segregação automática de águas contaminadas,
nomeadamente provenientes de situações de emergência como sejam águas contaminadas de
combate a incêndio. Mediante a medição em contínuo de Carbono Orgânico Total (COT) e pH no
tanque de monitorização, potenciais contaminações das águas pluviais recolhidas serão
automaticamente desviadas para tratamento interno na ETARI (estação de tratamento de águas
residuais industriais) da Instalação ou para a rede coletiva de águas residuais.
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Características do tanque de monitorização instalado
O tanque de monitorização consiste num tanque de betão, provido de um defletor lateral para procurar
assegurar uma descarga uniforme da água, com uma capacidade útil de 95 m3.
A admissão das águas pluviais é gravítica e entra perpendicularmente no tanque através de uma
tubagem que infletirá para a base do tanque, fazendo-se a admissão de forma afogada junto à parede
oposta aquela onde se encontra o defletor. O tanque terá três saídas, providas de válvulas de fecho e
corte automático:
• duas saídas bombadas para a ETARI
• uma saída de descarga gravítica que liga ao ponto de descarga EH1 no meio recetor.
Quanto ao modo de gestão do tanque de monitorização, conforme os valores de COT e pH medidos
será acionado o grupo eletrobomba submersível colocado no tanque que elevará as águas pluviais
para o tanque TE06 (destino para tratamento interno de contaminantes orgânicos na ETARI) ou TE02
(destino para tratamento interno de pH na ETARI), de acordo com os valores de atuação definidos para
cada tipo de desvio.
Proposta de valores limite interinos a considerar para o COT e o pH e metodologia de
acompanhamento para definição de valores definitivos
No que respeita ao estabelecimento dos valores de COT e pH para a atuação automática, e na ausência
de regulamentação nacional, a metodologia proposta tem como base o guia da Agência de Protecção
Ambiental da Irlanda (EPA Environmental Protection Agency) para o estabelecimento de valores de
atuação para descargas de águas pluviais em instalações PCIP (Guidance on the Setting of Trigger
Values for Storm Water Discharges to Off-site Surface Waters at EPA IPPC and Waste Licensed
Facilities, 2012), que por sua vez foi definido com base nos BREF OFC e CWW.
Esta proposta foi submetida à ARH Tejo e Oeste, pedido de informação prévia número
REQ_PIP_400931, que se encontra em análise, em anexo “HQ-LUA-RH.1 -
Requerimento_ARH_REQ_PIP_400931_20190622”.
De acordo com os BREF OFC e CWW, os valores de atuação na monitorização de águas pluviais não
correspondem a um valor limite de emissão (VLE) licenciado. Ao contrário, os valores de atuação
destinam-se a fornecer uma indicação dos níveis normais de um determinado parâmetro em águas
pluviais naturais e não poluídas que saem de um local. Um desvio aos valores de atuação pode indicar
contaminação não intencional de águas pluviais, desencadeando a necessidade de atuação e
realização de uma investigação das fontes potenciais do desvio.
A metodologia referida define que os valores de atuação na monitorização de águas pluviais são
determinados por meio de uma avaliação estatística de dados de monitorização de águas pluviais na
Instalação (não inferior a um ano e representativo das variações sazonais), com o fim de estabelecer
níveis de atuação de "alerta" e "ação" específicos para cada Instalação.
Assim, enquanto decorre este período e, porque deverão ser estabelecidos valores interinos enquanto
decorre o estudo de caracterização da qualidade das afluências de águas pluviais, a HOVIONE propõe
os seguintes valores interinos de atuação automática para desvio/fecho de descarga de águas pluviais,
valores esses com base no Anexo XVIII do Decreto-Lei n.º 236/98:
• COT – 50 mg/L
• pH – 6,5 a 8,5
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Este período interino destina-se a permitir à HOVIONE o seguinte:
• Caracterizar detalhadamente o perfil de concentrações dos parâmetros de COT e pH a
monitorizar em contínuo nas águas pluviais escoadas a partir da HOVIONE e perceber a sua
evolução ao longo do ano em relação com a precipitação;
• Estabelecer as concentrações de fundo das áreas envolventes no que respeita aos parâmetros
a monitorizar nas águas pluviais escoadas a partir da HOVIONE, nomeadamente águas pluviais
provenientes da Rua Comandante Carvalho Araújo.
No final de um ano de monitorização, será elaborada uma Nota Técnica para fundamentar a proposta
de valores de atuação a estabelecer para dai em diante, com base no seguinte:
• Valor de alerta (que tem como consequência o encaminhamento das águas pluviais para a rede pública de drenagem de águas residuais, passando primeiro pelo tanque de neutralização TE02) - valor médio registado acrescido de 2 desvios padrão ou o percentil 90%;
• Valor de atuação/desvio (que tem como consequência o encaminhamento das águas pluviais para a ETARI, para o tanque de equalização TE06) - valor médio acrescido de 3 desvios padrão ou o percentil 95%.
Depois de estabelecidos estes valores, os mesmos serão acompanhados e aferidos regularmente para
refletir os resultados obtidos ao longo dos períodos de monitorização.
Esta metodologia é consubstanciada com a experiência, desde 2009, dos trabalhos de gestão,
operação e estabelecimento destes valores de atuação de um sistema similar de outra instalação fabril
do grupo HOVIONE, situado em Cork, Irlanda, em conjunto com as autoridades ambientais desse país.
4.3. Localização do ponto de descarga das águas pluviais drenadas
Como anteriormente referido, as águas pluviais monitorizadas são descarregadas exclusivamente no
ponto designado por EH1, de coordenadas UTM 0484621 (X) e 4299285 (Y), localizado na secção
terminal do canal artificializado que atravessa a Instalação. Este canal recebe na sua extremidade de
montante a drenagem pluvial do terreno localizado a norte da HOVIONE e de algumas áreas adjacentes
próximas.
O ponto de descarga designado EH2 na Licença Ambiental em vigor, de coordenadas UTM 0484679
(X) e 4299295 (Y), foi descomissionado na sequência da requalificação da rede de drenagem pluvial
descrito.
Foi efetuado o cálculo do caudal de águas pluviais drenado pelo canal ao longo de várias secções de
referência caracterizadas, e procedeu-se à verificação das respetivas condições de escoamento.
Concluiu-se que o canal tem capacidade de vazão suficiente para transportar o caudal gerado nas
áreas das bacias de drenagem dominadas pelas secções de cálculo definidas para um período de
retorno de 100 anos.
Após esta secção, o canal prossegue sob caminho existente a sul da Instalação em passagem
hidráulica e o seu traçado continua em seguida em tubagem circular de grande dimensão sob a área
de implantação da GELPEIXE, descarregando no terreno a jusante, cerca de 90 m mais adiante.
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5. Descrição da Estação de Tratamento de Águas Residuais Industriais (ETARI) Existente
5.1. Descrição da linha de tratamento e da geometria dos órgãos
Na Instalação possui uma Estação de Tratamento de Águas Residuais Industriais (ETARI) onde se
procede ao tratamento físico-químico dos efluentes industriais produzidos que, em conjunto com as
águas residuais domésticas produzidas, são descarregadas no coletor municipal.
A ETARI está dimensionada para as capacidades hidráulicas e de tratamento indicadas na Tabela 3.
Tabela 3 – Capacidade hidráulica e de tratamento da ETARI existente.
Capacidade Unidade Capacidade Atual
Hidráulica m3/d 260
m3/h 11
Tratamento Habitante-equivalente
(1h.e = 60gCBO5/dia) 8.840
A ETARI compreende as operações de tratamento de remoção de sólidos, equalização, remoção de
solventes por stripping e acerto de pH, com a sequência indicada na Figura 1. A implantação dos órgãos
principais encontram-se representadas no desenho “HQ-LUA-Desenhos MC 0800108014 -
Implantação da ETARI”.
Figura 1 - Sequência de tratamento dos efluentes industriais na ETARI existente.
As etapas de tratamento da ETARI consistem sumariamente no seguinte:
Gradagem (GR)
A gradagem é efetuada através da passagem das águas residuais afluentes à ETARI por uma caixa
com rede metálica, colocada na conduta de admissão, de forma a impedir que objetos de grandes
dimensões cheguem ao tanque de equalização (TE06). A limpeza do sistema de gradagem é feita de
forma manual mediante rotina pré-definida (manutenção preventiva).
Tanque de Equalização (TE06)
No tanque TE06 é efetuado a equalização dos efluentes residuais industriais brutos em termos de
cargas, caudal e pH. O acerto do pH é feito com adição de CO2 para valores de pH superiores a 8 ou
com solução básica de hidróxido de sódio a 50% para valores de pH inferiores a 6.
O tanque de equalização é um tanque fechado, fabricado em polipropileno reforçado revestida a fibra
de vidro com estrutura metálica, com uma capacidade de 168m3 e que se encontra dentro de uma bacia
de retenção construída em betão armado.
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Este tanque tem instalados três agitadores de 1.5kW, que garantem a homogeneidade das águas
residuais, e um sistema de monitorização em contínuo de nível, a que está associado um alarme de
nível alto.
A exportação do tanque para a unidade de stripping faz-se através de duas bombas centrifugas
submersíveis de 15m3/h cada.
Stripping (SS)
A unidade de stripping atualmente elemento principal de tratamento das águas residuais industriais,
que tem como objetivo a remoção dos compostos orgânicos voláteis. O tratamento consiste num
processo de destilação que utiliza a injeção de vapor saturado para promover a evaporação dos
compostos voláteis das águas residuais.
Os principais equipamentos que constituem a unidade de stripping são os seguintes:
• bombas de alimentação;
• filtros de malha de alimentação;
• permutadores de calor para aquecimento da alimentação de efluente bruto;
• coluna de stripping com enchimento;
• coluna de retificação com enchimento;
• condensador com refluxo ;
• decantador;
• tanque de exportação.
Os compostos orgânicos evaporados no processo são arrastados no vapor até ao topo da coluna, são
condensados no condensador e separados no decantador.
As águas residuais tratadas são recolhidas na base da coluna de stripping e encaminhadas para o
TE02, onde se procede ao acerto final de pH. A subcorrente de topo da unidade, constituída pela fase
orgânica condensada, enriquecida em solventes orgânicos, é enviada para valorização por oxidação
térmica na Unidade de Recuperação de Iodeto de Sódio (URIS) por oxidação térmica.
Tanque de recolha e acerto final de pH (TE02)
O tanque de recolha TE02 é fechado, construído em polipropileno reforçado com estrutura metálica.
Possui uma capacidade de 40 m3 e encontra-se dentro de uma bacia de retenção feita em betão
armado. Neste tanque, é realizada a reunião das águas residuais tratadas no stripping com as águas
residuais não contaminadas com solventes orgânicos (efluente do STEG da URIS e potenciais águas
pluviais com pH inferior a 6,5 ou superior a 8,5).
Neste tanque faz-se um novo acerto de pH, por injeção de CO2, no caso de o pH se encontrar com um
valor superior a 9, ou por introdução de uma solução de soda cáustica (NaOH) a 20% se o pH se
encontrar com um valor inferior a 6. Enquanto o pH não estiver entre 6 e 9, as bombas de trasfega para
o TEF01 ficam bloqueadas.
A partir do TE02 as águas residuais são bombeadas para o tanque de expedição TEF01. Nesta corrente
de trasfega faz-se a monitorização em continuo de COT com o objetivo de aferir a eficiência da unidade
stripping, regulando a injeção de vapor e a extração de fases em função do valor de COT.
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Tanque de Expedição (TEF01)
O tanque de expedição TEF01, consiste numa bacia de recolha onde se faz a reunião das águas
residuais industriais pré-tratadas e as águas residuais domésticas, antes de serem enviadas para o
Coletor Municipal, que irá conduzir a mistura à ETAR municipal de Frielas.
5.2. Indicação da eficiência de tratamento e dos sistemas de monitorização atuais
A amostragem das águas residuais da instalação é efetuada em concordância com o definido pela
Licença Ambiental (pontos de amostragem, frequência e parâmetros) e a Autorização de Descarga de
Águas Residuais Industriais SIMAR.
As águas residuais são regularmente amostradas e analisadas por laboratórios externos acreditados,
em caixas de visita, com registo dos valores de caudal do efluente descarregado, através de medidores
de caudal com totalizador, nos pontos indicados na Tabela 4.
Tabela 4 – Pontos de amostragem e monitorização da ETARI.
Ponto de amostragem 1 Ponto de amostragem 2 Ponto de amostragem 3
Efluente
amostrado
Efluente do STEG
da URIS
Efluente industrial
pré-tratado
Efluente global
(industrial e doméstico)
Local de
amostragem URIS - T203 ETARI - TE02 ETARI - TEF01
Programa de
amostragem e
análise
Periodicidade Mensal:
• sólidos suspensos totais
(SST)
• carência química de
oxigénio (CQO)
• metais
Periodicidade Semestral
• PCDD+PCDF
(dioxinas e furanos)
Periodicidade Trimestral:
• diclorometano
• monoclorobenzeno
• cianetos totais
• compostos orgânicos
halogenados absorvíveis
(AOX)
• cobre total
• crómio total
• níquel total
• zinco total
Periodicidade Trimestral:
• pH
• carência química de oxigénio (CQO)
• carência bioquímica de oxigênio (CBO)
• sólidos suspensos totais (SST)
• cloreto total
• sulfuretos
• cianetos
• chumbo total
• ferro total
• zinco total
• fenóis
• clorobenzeno
• diclorometano
• tolueno
Periodicidade Anual:
• azoto amoniacal
• nitritos
• nitratos
• detergentes
• hidrocarbonetos totais
• metais pesados (total)
• arsénio
• cádmio
• cobre
• crómio hexavalente
• mercúrio
• níquel
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As amostras representativas da descarga de águas residuais são compostas e proporcionais aos
caudais tendo em consideração os períodos de funcionamento da Instalação e as atividades de
descarga de águas residuais que ocorrem.
Os volumes médios dos efluentes produzidos em 2018 na Instalação, e que podem ser considerados
característicos da mesma, foram os seguintes:
• Ponto de amostragem 1 - URIS (T203): 6.720 m3
(correspondente a 280 dias com uma descarga média de 1 m3/h)
• Ponto de amostragem 2 - Efluente Industrial (ETARI - TE02): 94.268 m3
(correspondente a 337 dias com uma descarga média de 11,7 m3/h)
• Ponto de Amostragem 3 - Efluente Global (TEF01): 133.863 m3
(correspondente a 365 dias com uma descarga média de 15,3 m3/h)
Com a linha de tratamento instalada na ETARI tem sido possível remover uma elevada carga poluente
das águas residuais industriais afluentes e cumprir as exigências estabelecidas na Licença Ambiental
e para a descarga de águas residuais no coletor municipal, tal como atestam os resultados obtidos na
monitorização dos efluentes e reportados em sede de Relatório Ambiental Anual. Nas Tabelas 5, 6 e 7
sistematizam-se as eficiências atuais de tratamento na ETARI dos parâmetros monitorizados e os
valores limite de emissão (VLE) que têm sido cumpridos nos pontos de emissões relevantes da
Instalação.
Tabela 5 - Valores limite de emissão (VLE) estabelecidas para as águas residuais monitorizadas no
Ponto de amostragem 1 - URIS (T203).
Parâmetros VLE (Nota 1)(Nota 2) estabelecidos para o
Ponto de amostragem 1 – URIS (T203)
Cumprimento
dos limites (CL)
Carência Química de Oxigénio (CQO) LA (URIS) 250 (Nota 3) mg O2/L CL
(Nota 1) Valores limite de emissão estabelecidos na Autorização de Descarga de Águas Residuais Industriais n.º 69/2018 (Processo n.º 716B) emitida pelo SIMAR.
(Nota 2) Valores limite de emissão para a média anual estabelecidos no Aditamento de 06.2016 à LA nº 136/2008. (Nota 3) Valores de referência Metcalf & Eddy (2013). (Nota 4) Valores de referência da BREF para Organic Fine Chemicals 2006 - Tabela 5.6 (Nota 5) Valores de referência da BREF para Organic Fine Chemicals 2006 - Tabela 5.7 (Nota 6) Valores de referência da BREF para Organic Fine Chemicals 2006 - Secção 5.2.4.6 (Nota 7) Valores de referência da BREF para Organic Fine Chemicals 2006 - Secção 5.2.4.4.1 (Nota 8) VEAs da BREF referentes à descarga em sistema biológico na Instalação ou no ponto de descarga para a ETAR Municipal
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A eficiência desta unidade é dependente do rácio CQOremovido/Fe/H2O2, o que significa que quanto maior
a adição de peróxido de hidrogénio e ferro/energia (consumo de placas) maior será a eficiência de
remoção, tal reflete-se no custo de tratamento. Estima-se que, para atingir valores de CQO final de
1500mg/L o custo de tratamento será de 7,8€/m3, para valores de CQO na ordem dos 800-1000mg/L
o custo de tratamento ascende até aos 15€/m3.
Acresce que em termos de benefícios para a ETARI municipal a jusante, o grande desbaste da carga
orgânica recalcitrante e não-biodegradável é efetuado nos primeiros 30 minutos de reação (cerca de
80%), estimando-se aumentos de biodegradabilidade e redução da toxicidade do efluente
descarregado muito significativos. A seguir aos primeiros 30 minutos a quantidade de reagentes
Fe/H2O2/energia necessária para remover a mesma quantidade matéria orgânica aumenta
exponencialmente. Tendo isto em conta, a partir deste ponto, em que já se degradou e/ou converteu a
matéria orgânica recalcitrante em matéria orgânica biodegradável, o tratamento mais viável é o
tratamento biológico e daí o encaminhamento para o coletor municipal.
No que diz respeito aos consumos de reagentes e aditivos é apresentado na Tabela 14 os valores
expectáveis de consumo por substância. Durante o comissionamento da unidade serão efetuados
testes de seleção dos floculantes mais adequados ao tratamento.
Tabela 14 – Consumos de reagentes e aditivos no EPC.
Substância Consumo previsto Função
Hidróxido de sódio a 30% Não disponível Ajuste de pH EPC
Ácido sulfúrico a 98% Não disponível Ajuste de pH EPC
Ácido clorídrico 2-3% Não disponível Limpeza química das placas dos reatores EPC
Hipoclorito de sódio 15% Não disponível Limpeza química dos filtros de areia
Polímero aniónico 0,13 kg /m3 de efluente
tratado
Coadjuvante de floculação da DAF
Polímero catiónico 8 g/kg matéria seca Coadjuvante de floculação na centrífuga
Peróxido de hidrogénio 49% 33,8 L /m3 de efluente
tratado
Limpeza química das placas dos reatores EPC
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6.5. Demonstração do tratamento de compostos não adequados à ETAR municipal
Em novembro de 2017, a Hovione iniciou 2 meses de testes em contínuo com uma unidade piloto de
electroperoxicoagulação (EPC) na fábrica de Sete Casas. Os testes foram realizados com efluente
industrial bruto e alimentados em contínuo, paralelamente ao sistema de tratamento por stripping.
A unidade de EPC foi submetida às condições mais extremas de stress, nomeadamente foram
simuladas condições hipotéticas de descarga de efluente industrial com API e solventes, com a injeção
de uma quantidade determinada de API e determinados solventes no efluente bruto. Estes testes
simulados tiveram por fim validar a capacidade da tecnologia EPC para degradar compostos
farmacêuticos e compostos críticos, como substâncias halogenadas, solventes e metais. Na Tabela 15
encontra-se os resultados dos testes-piloto à tecnologia EPC nas condições simuladas.
Tabela 15 – Resultados de eficiências médias de remoção e degradação de API e
outros compostos críticos com tecnologia EPC (Instituto Superior Técnico).
Remoção de compostos críticos [%] Degradação de API [%]