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LICAÇ40 DO JORNAL DOS AUTISTAS

Apr 05, 2023

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Khang Minh
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1877

LICAÇ40 DO JORNAL DOS AUTISTAS

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ALFARRABISTA Compra e Venda de Livros Novos e Usados Livros Raros e Antigos R. Francisco Horta,15 Tel.26618- 8000 Faro

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PUBLICAÇÃO DO JORNAL DOS ARTISTAS

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PORTIMÃO TYPOGRAHUA DA LIBERDADE

*BA IK> POSTIGO DOS ll;¥2ÍB08

1870

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ALIY1ANACH DOS ARTISTAS --

Computo ecelesiastlco Aureo numero. Cyclo solar.... indicçào romana. Epacta-.. Letra dominical.

16 ÍO 5

ir>

Têmpora» Fevereiro 21, 23 e 24, I Setembro 19, 21 e 22. Maio 23, 25 e 26. j Dezembro 19, 21 e 22.

Festa» Septuagésima, 28 de janeiro. Cinza, 14 de fevereiro. Paschoa, 1 de abril. Rogações, 7, 8 e 9 de abril. Aseençào, 10 de maio.

inoveis Pentecostes 20 de maio. SS. Trindade, 27 de maio. Corpo de Deus, 31 de maio. Coração de Jesus, 8 de junho. Advento, 2 de dezembro.

Estações do anno Primavera a 2® de março. Estio a 21 de junho. Outono a 22 de

setembro. Inverno a 21 de dezembro.

Oençãos niatrimouiaes Só não podem ter logar desde quarta feira de cinza até ao pri¬

meiro domingo depois da Paschoa, e desde a primeira dominga do Advento até ao dia de Reis.

Eclipses do anno w Eclipse total da lua, parte visivel em Portimào ; a 27 de feverei¬ ro, começa ás 4 h. e 50 m. da tarde, e finda ás 8 h. e 28 m. da tarde.

Eclipse do sol, invisivel em Portimào, a 8 de agosto. Eclipse total da lua, visivel cm Portimào, a 23 de agosto ; prin¬

cipia ás 8 h. e 30 m. da tarde, finda no dia 24 aos 28 m. da tarde. Eclipse do sol, invisivel em Portimào, a 7 de setembro.

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JANEIRO-51 DIAS

1 Segunda »í< CircumcisSo do Senhor. Grande gala. Nasceu Murillo, em 1018. Riego proclamou a constituição de 1812, cm 1820. Licoln, proclamou a abolição da escravatura nos Lstaáos-Unidos, om 1802. Revolução popular a janeiri- nha em Lisboa e Porto, em 1868.

2 Terça, S. Izidoro — Morreu Yico, erudito historiador napolitano, em 1788.

0 Quarta, S. Anthero — Nasceu Ciccro, em 102, A. de 0 : Leão X cxcommungou Luthero, em 1521; Nasceu Wir chow, medico celebre, socialista allemào, em 1821 ; Pa via, com a tolerância do governo do Castolar, vencid< na votação, dissolveu pela violência, as constituintes republicanas liespanholas, em 1874.

4 Quinta, S. Gregorio — Nasceu Paulo L. Courior, celebre panfletário francez, cm 1772 e J. Grim, em 1785.

5 Sexta, S. Simão Estilyta — Morreu o famoso pintor David, cm 1856.

6 Sabbado, £ Os santos Reis — Grande gala. (Q. ming. ú lh o 48 m. da t.) Nasceu Jcanne d Arc, 1411, e Fer¬ nando Garrido, em 1821.

7 Domingo, S. Tlieodoro — Gallileu descobriu os 4 satelites do planeta Júpiter, cm 1(510. Nasceu o padre Tlieodorb d Almeida, em 1722, Aragô communicou n Academia a invenção da photographia, em 1839.

8 Segunda, S. Lourenço Justiniaiio — Morreu Gallileu, em 1642, c Montgolfier, o inventor dos aerostatos, cm 1745. Os inglezes abandonaram o território dos Estados- Lnidos da America, vencidos pelos soldados republicanos, em 1776.

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f* Terça, S. Julião — Nasceu Af. Esquiros, socialista c senador republicano francez, em 1814.

10 Quarta, N. Sr.a de Jesus — Morreu Linneo, cmt1778, e Breguet relojoeiro mecânico, suisso, em 1747. E trai¬ çoeiramente assassinado Victor Noir, por PedroBonaparte, em 1870.

11 Quinta, S. llygino — Os Estados-Unidos reconheceram a Benito Juarez, presidente da republica federal mexicana, em 1801.

12 Sexta, S. Satyro — Morreu Ingres, em 1867. Nasceu Spallanzani, naturalista italiano, em 1729.

13 Sabbado, S. Hilário — Francisco I decreta a abolição da imprensa, em 153õ.

14 Domingo, © S. Felix (L. nova aos 54 m. da t.) Cem mil homens acompanharam o cada /cr de Victor Noir ao tumulo, em 1870.

15 Segunda, S. Amaro — Nasceu Herschell, em 1738. 10 Terça, Os Ss. Martyres de Marrocos— Morreu Gibbon,

cm 1794. 17 Quarta, O SS. Nome de Jerus, S. Antão — Nasceu

Franklim, em 1700. 18 Quinta, S. Prisca—Reuniram-se as Constituintes por-

tuguezas, cm 1837. 19 Sexta, S. Canuto — Revolução republicana na Sicilia,

em 1848. 20 Sabbado, S Sebastião •— Abriram-se em França as pri¬

meiras escolas de surdos-mudos, em 1795. 21 Domingo, S. Jgnez — Fuzilamento de'Martin Zurbano,

em 1845. O povo de Paris libertou Flourens, em 1871. 22 Segunda, 2) *í< (No patriarchado e no Algorve). S. Vi¬

cente. (Q. crescente ás 3 h. e 13 m. da t.J ?3 Terça, S. Ildefonso — A Hollanda proclamou uma cons¬

tituição republicana, cm 1579. 14 Quarta, N. Sr.a da Paz —• Abriram-se as famosas e

celebres constituintes portuguezas, em 1821. 15 Quinta, Conversão de S. Paulo — Nasceu Lagrange,

em 1730.

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26 Sexta, S. Polycarpo— Morreu Passos Manoel, em 1862, Proudhon, em 1865, e Jonner, em 1823.

27 Sabbado, S. Chrisostomo — Nasceu Mozart, em 1756. 28 Domingo, S. Cyrillo — Fundou-se em Inglaterra a pri¬

meira sociedade cooperativa de consumo, em 1855. 29 Segundo, © S. Francisco de Salles. (L. cheia ás 8 h.

e 20 m. da m:) — Nasceu Raspai], em 1794, o Ramou de Cala em 1822. Morreu Aubort, maestro allemâo, em 1782.

30 Terça, S. Martinha—Nasceu Rochefort, em 1830. 31 Quarta, S. Pedro Nolasco.

FEVEREIRO - 28 DIAS

1 Quinta, S. Ignacio—Inventou-se o telographo eletrico, em 1753.

2 Sexta, >í< Purificação de Nossa Senhora. -— Nasceu Joa- rizti, em 1835, e Lcdru-Rollin, em 1807.

3 Sabbado, S. Braz — A republica do Uraguay, alcançou a sua independencia, em 1852.

4 Domingo, S. André Corsino — Nasceu Alfredo Naquet, em 1833, e Candolle, botânico suisso, em 1778.

5 Segunda, © S. Agneda — (Q. minguante ás 4 li. e 26 m da m.) Morreu Calvino, em 15G4, e Lorente, em 1822.

6 Terça, Ás chagas de Christo — Nasceu Garcilaso de la Vega, em 1504, c o Padre A. Vieira, em 1608.

7 Quarta, S. Romualdo — Morreu Dupuytren, em 1835. 8 Quinta, S. João da Matta — Proclamou-se a republica cm Roma, em 1848.

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9 Sexta, S. Apolonia — Nasceu Leonel Tavares Cabral, em 1790. Morreu Michelet, em 1874.

10 Sabbado, S. Escolástica — Morreu Miguel Angelo, em 1564. Saiu a armada commandada por Vasco da Gama, afim de descobrir caminho, por mar, para a índia, era 1502.

11 Domingo, S. Lazaro, — Nasceu Almeida Garrctt, em 1799. Proclamação da republica hespanhola, em 1873.

12 Segunda, S. Eulalia — Nasceu Lincoln, emancipador dos oscravos, em 1808, e Danvin, em 1809.

13 Terça, @ S . Gregorio (L. nova ás 8 h. e 25 m. da m.J — Garibaldi demittiu-se do cargo de deputado, em Bor¬ déus, por causa da reacionaria maioria da assembléa, em 1871.

14 Quarta, S. Valentim — Nasceu Ruckert, em 1813. Mor¬ reu Guttomberg, em 1468.

15 Quinta, Os Ss. Faustino e Jovita — Proclamou-se a re¬ publica em Roma, em 1798.

16 Sexta, S. Porphyrio—Reuniram-se 150 represen tantesde 120 cidades de França, em Pontivy o juraram conser¬ var todas as conquistas da revolução, em 1790.

17 Sabbado S. Faustino — Morreu Luthero, em 1546, e Molieri, em 1673.

18 Domingo, S. Theotonio — Nasceu Gallileo e morreu Miguel Angelo, em 1564.

19 Segunda, S. Conrado — Nasceu Adelina Pati, em 1843. 20 Terça, S. Eleuterio — Nasceu Voltaire, em 1694. 21 Quarta, 3) S. Maximiano. (Q. crescente ás 3. h. e 41

m. da m.) — Nescou R. Owen, celebre socialista ingloz, cm 1771.

22 Quinta, S. Margarida de Cortona—Nasceu Washington, em 1732.

23 Sexta, S. Pedro Damião—Sublevação popular no Porto, em 1757.

24 Sabbado, S. Mathias — Proclamação da republica em França, em 1848. Nasceu E. Grira, em 1786. Morreu Bevenute Cellini, cm 1570.

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25 Domingo, S. Cosa rio — O governo provisorio prociamou a republica em França, cm 1848.

20 Segunda, S. Torquato —Nasceu VietorHugo, cm 1802. Abriu-se o celebre poço artesiano do Grenelle, sob a di- recçào de Molat, cm 1741.

27 Terça, © S. Leandro. (L. cheia ás 0h.40m. dat.)— Nasceu Itenan, cm 1823.

28 S. Komào—Morreu Lamartinc, cm 1869.

MARÇO —5 í DIAS

1 Quinta S. Adrião— morreu Lopes, o valente defensor da republica do Paraguay, cm 1870.

2 Sexta, S. Simplicio.— Facultou-se a liberdade de im¬ prensa no Brazil, em 1821.

3 Sabbado. S. Martinho. —O congresso dos Estados-Uni- dos votou 150.000 francos a ilorse, pela sua invenção da linha telegraphica, a grande oxtensão, em 1843.

4 Domingo. S. Casimiro. —• Colombo chegou ao Tejo, de volta da descoberta da America, em 1493. Nasceu Suner e Capdevilla, em 1826 ; Grant tomou posso da presidên¬ cia da republicados Estados-Unidos, em 1869.

5 Segunda. S. Theophilo. (Quarto ming. ás q h.e27 m. da t.)— Nasceu Babinet, em 1794. Mozart, em 1781.

6 Terça. S. Oilogario.— Morreu Laplace, em 1827. 7 Quarta. S. Thomaz d Aquino. — O povo de Pernambu¬

co nomeou governo, e proclamou a republica, em 1817. 8 Quinta, S. João do Deus. — Sairam de Lisboa, Pedro

Álvaro Cabral a descobrir o Brazil, cm 1500,

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9 Sexta, S.“ Francisca Romana. —Nasceu Américo Ves- pucio, em 1451.

10 Sabbado, S. Militão. — Nasceu o celebre pintor Se¬ queira, em 1765. Morreu Mazini, famoso republicano italiano, em 1872.

11 Domingo, S. Cândido.—Morreu J. P. Richter, em 1825.

12 Segunda, S. Gregorio. — Morreu Herde, em 180o. 10 Terça, A. B. Chancha. —Revolução republicana na

Áustria cm 1848. O visconde do Sá da Bandeira, por ordem da rainha, fusilou barbara mente o povo no Ro¬ cio, e rua Nova da Palma, em 1838.

14 Quarta S. Mutildo. —Morreu Klopstock, em 1803. Os ostudantos e o povo de Yicnna, proclamaram a repu¬ blica o ganharam a victoria ás tropas, batendo-so na* ruas, em 1848. D. Maria II, mãe do Sr. D. Luiz I. passeiou no Rocio, por sobre os cadaveres dos populares tnsilados á sua ordem, em 1838.

15 Quinta, © S. Zacharias, (L. nova ás 2 h. e 20 m. da m.)—Morreu T. Payne, em 1809.

16 Sexta, S. Çyriaco. —Nasceu Holbach, em 1789. Fo¬ ram executados no Caes do Sodré71 liberaes. cm 1831.

17 Sabbado, S. Patrício. — Morreu Ampére, cm 1864. 18 Domingo, S. Gabriel Archanjo.— Revolução commu-

nalista em Paris, em 1874. Revolução republicana fede¬ ral na Prussia, em 1848.

19 Segunda, As sete Dores de Nossa Senhora, S. José.— O comité da guarda nacional, domina por completo em Paris, em 1871. A3 constituintes de Cadiz, promulga¬ ram a celebre constituição, em 1812. Os republicano» de Berlim, dominaram na capital, em 1848. As opposi- çSes monarchicas, com o apoio do partido republicano que se viram obrigadas a reconhecer, realisaram, no sa¬ lão do Casino, um meeting, em quo reclamrauí 0 suffra- gio universal e a responsabilidade ministerial, cm 1876.

20 Terça, S. Martinho Dumiensc —. Revolução republica¬ na na Grécia, em 1821.

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21 Quarta, 3) S. Bento. (Q. cresc. aos 35 m. da t.J Ô co¬ mité da guarda nacional convidou o povo de Paris a ele¬ ger o seu governo, ou a comiuuna, fixando as eleições para o dia 26, em 1871. Morreu Goethe, em 1832.

22 Quinta, S. Einydio.— Morreu Holvetio, em 1771. 23 Sexta, S. Felix. Nasceu Laplace, em 1749. 24 S. Marcos. — Morreu Whewell, em 1867. Foi intimado

a sair de Lisboa, o núncio do Papa. Foi guilhotinado Ho- bert, rodactor do Pere Duchesne e Anacharsis Cloozt.

25 Domingo de Ramos, Annunciação. — Chegou a noticia da revolução republicana do Pernambuco, em 1817. Nas¬ ceu Fetis, 1784.

$5 Segunda, de Paixão, S. Ludgero. — Nasceu Lubboch. Começaram a imprimir-se os Lusíadas, 1580. Revolu¬ ção republicana em Madrid, em 1848.

27 Terça, S. Roberto — Nasceu Romme, author do ka- lendario republicano.

28 Quarta, S. Alexandre. Foi proclamada a municipalidade, communa de Paris, em 1871. Nasceu Alexandre Iler- culano, em 1810.

9 Quinta, ® Endoenças. S. Vitorino. (Ii« desde o meio dia até ao meio dia de set.) (L. cheia ás 5 h. e 15 m. da m.) Breslay inaugurou os trabalhos da communa, ins¬ talada no Hotel de Ville em Paris, em 1871. 30 Sexta, de Paixão, Vesporas secilianas, matança de 30:000 francezes, em 1282. Nasceu o jacobino portu- guez Pinto Pizarro, em 1788.

31 Sabbado, S. Benjamin. — Nasceu Descartes, em 1596.

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ABRIL — 50 DIAS

1 Domingo, de Paschoa S. Maurício'— Foram expulsos de Hespanha os jesuitas, em 1767. Abriu-se a exposição universal de Paris, em 1867.

2 Segunda, S. Francisco de Paula — Morreu Mirabeau, em 1791.

3 Terça, S. Pancracio — Morreu Murillo em 1682. O go¬ verno reaccionario de Versailles ataca Paris, assassina G. Flurens, em 1871.

4 Quarta, S. Izidoro — Revolução republicana na Hun¬ gria, e Kossuth é nomeado presidente do governo provi- sorio, em 1849.

5 Quinta, (£ S. Vicente Ferrer. Q. ming. ás 3 h. e 56 m. da t.)

6 Sexta, S. Marcellino — Vinoy, mandou fusilar o gene¬ ral Duval, seu prisioneiro de guerra, em 1871.

7 Sabbado, S. Amancio — D. Pedro de Bragança é ex¬ pulso do throno do Brazil, cm 1831. Nasceu o socialista Fourier, em 1772.

8 Domingo, S. Joâo do Deus — Revolução contra o go¬ verno despotico de Costa Cabral, em 1851. D. Pedro IV é obrigado a sair do Brazil, em 1831.

9 Segunda, S. Maria Clcopha3 — Morreu Donizetti, em 1848.

10 Terça, S. Ezequiel — Morreu Lagrange, em 1815. 11 Quarta, do Bom Pastor, S. Leão I — LI. Davy des¬

cobre a etherisação, por meio do pretoxido de azote, em 1799.

12 Quinta, S. Victor — Morreu Bosauet, em 1704

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lo Sexta, S. Hermonegildo— Morreu Lafontaine, em 1695. 1-4 Sabbado, Q) S. Tiburcio e Valariano. (L. nova ás h. '.16 m. da m.) Nasceu Halette, em 1788. la Domingo, as SS. Basilia o Ánastacia — Morreu de fome

e miséria, Vcsaiio, em 1564. 16 Segunda, S. Engracia — Morre BufFon, em 1778. Nas¬

ceu Thicrs, cm 1797. 17 Terça, S. Aniceto — Morreu Frankelin, cm 1790. 1'^ Quarta, S. Oualdino — Morreu Theodoro d’Almeida,

cm 1804, o Liebig, celebre chimico, cm 1873. O con¬ gresso mexicano declarou benemerito a Juarez, elevou- Ihc um monumento, declarou dia de festa nacional o do sou nascimento, e de luto o da sua morte c votou uma pensào annual do 3:000 dollars a cada uma das suas fi¬ lhas solteiras, em 1873.

19 Quinta, S. llermogencs — Morreu Byron, cm 1724. Foram assassinados em Lisboa 2:000 pessoas acusadas do christilos novos, c em virtude de uma inturgice dos padres da igreja de S. Domingos, em 1506.

20^ Sexta, g S. Ignez de Montpoliciano. (Q. cresc. ás 7 h. e ■> m. da t.J Morreu lleuner, inventor do clarinete em

Quatrefagcs aiinuffciou ao Instituto c|uc JJroucher de 1’erthes descubriu o primeiro osso humano fóssil, em 1852. 21 Sabbado, S. Anselmo — Nasceu Delille, em 1838. Lan¬ çou-se a primeira pedra dos Jeronymos do Belem, em 1500. --- Domingo, os SS. Sotero o Caio — Nasceu Madrazo em

1781; e Ivant, lilosopho allemao, em 1724. 23 Segunda, S. Jorge — Morreu Cervantes e Shakospeare,

om 1661 — Nasceu Pi y Margall, em 1824. 24 Terça, S. Fiel do Sigmaringa — Foram decapitados

Padilla, Bravo e Maldonado, communeros do Castella, om 1522.

2:> Quarta, S. Marcos — Morreu Tasso, em 1595. 26 Quinta, S. Pedro de Rates — Nasceu D. Hume, cm

1771. 27 Sexta, (g S. Tertuliano. (Lua chtia át 4 h. e 2 m. da

t.) — Nasceu Grant, em 1822.

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28 Sabbado, S. \ ital — Chega pela primeira voz Vasco da Gama, á costa do Mallabar, em 141*8.

29 Domingo, S. Pedro. Outhorga da carta constitucional — Morreu Guilherme Tell, o restaurador das liberda¬ des Suissas, em 1854. Revolução popular em Lisboa, em 1847.

«0 Segunda, S. Catharina de Sena — Nasceu Kcppler, em 1Õ71 e Cromieux em 179(1.

MAIO -51 DIAS 1

•2

4

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<

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Terça S. Filippe e S. Tliiago —'Vcnezuelia promulga a sua constituição federal, em 1804. Pedro Alvares Ca¬ bral tomou posse do lírazil, em lf>00. Quarta, A B. Mafalda — Morreu Meyerbeer, cm 1804. Revolução republicana na Saxonia, em 1849. Quinta, SS. Alexandre e Juvenil. Sexta, S. Monica — Nasceu Jonner, o inventor da va¬ cina, em 1749. Morreu Levingstone, 0 intrépido explo¬ rador da África em 1873. Sabbado, (£ Conversão dc S. Agostinho. (Q. ming. áa 10 h. o 4-fi vi. da vi.) — Nasceu o dr. Jacoby, republi¬ cano federal socialista alJomão, em 1801). Domingo, S. João aute portam latinam — Morreu A. Humboldt, em 181)9. Segunda, S. Lstanislau — Morreu Fr. Francisco dc S. Luiz, em 1845.

1 crça, S. Miguel Archanjo — Foi decapitado Lovoisier, o pao da chimica, em 1794.

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9 Quarta, S. Gregorio Naziazeno — Morreu Schiller, em 1805.

10 Quinta, ^ Asccnção S. Antonio — Nasceu Ag03tinh o Thierry, em 1795.

11 Sexta, S. Anastacio — Marianna Pineda é enforcada em 1831. Revolução da Maria da Fonte, em 1846.

12 Sabbado, S. Joanna — Revolução republicana em Pa¬ ris, dirigida por Barbes e Blanqui, cm 1839.

13 Domingo, © N. Sr.a dos Martyres. (L. nova ás 4 h. e õõ m. da m.) — Nasceu o marquez de Pombal, em 1689.

14 Segunda, S. Gil — A academia de Coimbra inicia a revolução popular, no districto, em 1846.

15 Terça, S. Izidoro — Raspail, Blanqui e Barbes, revo¬ lucionam-se contra o governo de Lamartine.

16 Quarta. Nasceu Gentaeckcr em 1816. 17 Quinta, S. Pascoal Baylão — Morreu Palissy, cm 1590. 18 Sexta, S. Venancio — Fulton fez as primeiras expe¬

riências da machina a vapor, applicada aos navios, em New-York, em 1801.

P9 Sabbado, S. Pedro Celestino — O marquez de Pombal fundou cm Lisboa, uma aula de commercio, cm 1759.

20 Domingo, 3) S. Bernardino de Sena. (Q. cresc. aos 22 m. da m.)

21 Segunda, S. Marcos — Morreu Turgot, ministro fran- cez, em 1871.

22 Terça, S. Rita de Cassia — Morreu Thierry, em 1856. 23 Quarta, S. Basilio — Nasceu Linneo, em 1707. 24 Quinta, S. Afra — Fusilamento de velhos, mulheres,

e creanças, pelas tropas versaillenses, em S. Sulpicio, cm 1871.

25 Sexta, S. Gregorio VII — O marquez de Pombal, de¬ clarou iguaes o livres os mouros ou judeus nascidos, cm Portugal, em 1773.

26 Sabbado, S. Filippe Nery — Morreu J. A. de Aguiar, em 1874.

27 Domingo, (g S. João (L. cheia ás 3 h. e 31 m. da m.)

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— Morreu Paganini, celebre violonista, em 1840. 28 Segunda, S. Germano. 29 Terça, S. Máximo. 30 Quarta, S. Fernando — Decretou J. A. Aguiar a su¬

pressão das ordens religiosas, em 1834. 31 Quinta, Corpus Christi S. Petronilla.

JUNHO-30 DIAS

1 Sexta S. Firmo — Encetou Livingstone as excurções na África, em 1840.

2 Sabbado, S. Marcellino — Morreu R. liany, o criador da christalografia, em 1822.

3 Domingo, S. Ovidio — Morreu Camões, em 1588. 4 Segunda, <£ S. Quirino. (Q. ming. ás 4 h. e 37 m. da

m.) — Os irmãos Montgolfier realisaram a primeira as¬ censão aerostatica, cm 1783.

5 Torça, S. Marciano — Morreu Pilatre des Rosiers. Re¬ volução de Paris ao grito de « Republica ou morte, » em 1839.

6 Quarta, N. Sr.a Mãe dos homens — Morreu D. João de Castro, em 1548 e P. Cornelli, om 1G0G.

7 Quinta, S. Roberto — O marquez de Pombal prokibiu aos jesuítas, o pregar e confessar, em 1758.

8 Sexta, SS. Coração de Jesus. 9 Sabbado, os SS. Primo e Foliciano. 10 Domingo, S. Margarida — Nasceu Courbet, pintor e

communalista, em 1819. 11 Segunda, 9 S. Barnabé. (L. nova á 1 h. e 08 m. da

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t.) — Mirabeau anntinciou ás constituintes, a morto de Frankelm, em 1790.

12 Terça, 8. Joào S. Fagundo— Nasceu, Oberkampf, o inventor da estamparia, em 1730. Foram assassinados em Niines 800 protestantes, pelos catholicos, em 1700.

(Quarta, ►!< (No Patriarchado) S. Antonio do Lisboa. — O México proclamou a sua independencia, em 1821.

14. Quinta, 8. Basilio Jlagno — A republica de Gaudela- jara proclamou-se independente, em 1821.

10 8exta, 8. Victo — O governo írancez dou uma pensão de (5:000 francos a Daguerro e 4:000 a Nicpso rilho, pela invenção da photographia, em 1830.

10 8abbado, 8. Joào Francisco licgis — Fez-se em Bar¬ celona, o primeiro ensaio da machina a vapor, inventada por Goray, em 1543.

17 Domingo, 8. Manuel — O marquezdc Pombal intimou o núncio do Papa a abandonar Lisboa n uma hora e Por¬ tugal em 4 dias, 1700.

18 Segunda, (£ 88. M. xrcos e Marccllino. Q. cresc. ás 5 h. e oO m, da m.) — Batalha de Waterloo, em <jue rien- ram no campo í 0:000 oadaveres, de IVancezes e allemacs em 1815. 10 1 erça, 8. Juliana do Falconeri — Nasceu Pascal, çm

1G2,». NapoleàoIII enviou para o thronodo México com 40:000 soldados írancezos, Maximiliano de Áustria.

20 Quarta, 8. Silverio — Nasceu Lamennais. em 17^2. 21 Quinta, 8. Luiz Gonzaga. Estio. — Náseeu Carrel,

cm 1800, e Confucio, em 551, A. C. 22 8exia, 8. 1’aulino— Galileo preso aos SOíinnôsnos cár¬

ceres da inquisição, foi obrigado a abjurar perante os in¬ quisidores a sua theoria da rotação da tori'a, em 1(54-4.

2o .Sabbado, 8. Joào — Foi assassinado F. Coello, repu- bl.eauo eataiao, pelos sicários da monarcliia, cm 1851.

2! Domingo, >Is Nascimento do 8. Joào Baptista — Nas- ceu o general republicano Mocho, em 1708 e morreu Trousseau, cm 1857.

2.» Segunda, S. Guilherme. (L, cheia ás 4 !i. e 19 m.

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17

da t.) Sisinnndi, em 1842. Levantaram-se barricadas em Paris, pela republica, em 1848. Wheadstone apro- sentou o seu stereoscopio, á sociedade real de Londres, em 1838.

28 Torça, os 88. Joiío e Paulo. 27 «Quarta, 8. Ladislau — Fusilamento do poeta cubano

Plácido, em 1844. 28 Quinta, 8. ljeào IIÍ — Nasceu Mazini, oin 1808, e

J. J. Uousseau republicanos, em 1712. 2‘d Sexta, *í< S8. Pedro o Paulo. Morreu Jussieu, em 1853.

Nasceu Rubens, em 1577. 30 Sabbado, 8. Marçal — Nasceu M. Fernandos Thomaz,

cie-te do partido jacobino na* cortes de 1821, em 1771.

.1U LHO

1 Ikuniugo, 8. Thcodorico,— Fundou-se ou» Londres a primeira companhia dc illuminaçaa a gaz om 1818.

2 8egunda, 8. Mareia. — Morreu 8. Pinheiro Ferreira, em 1848.

3 Terça £ 8. Jaciutho. (Q. ás 3 h. e II m. </<i t. ) —Morreu Rou.sse.au, em 1778.

4 (Quarta, 8. l/.abel.— O congresso do FiladelphiA, procla¬ mou a independência dos Estados Unidos da America, em 1778. Morreu Borges Carneiro, um dos jacobinos das cortes, em 1821, Nasceu Garibaldi, em 1807.

5 Quinta, 8. Athenasio.—Nasceu Gcorgo Sand, om 1884. Foi condeinnado á morte Juiio Vallos, o depois fnsila¬ do pelas trepas de Vorsaillos, em 1872.

U

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18

6 Sexta, 8. Domingos. — Toussant Louverturc, conseguiu proclamar a independência da sua patria, constituindo a republica do Haiti, em 1801.

7 Sabado, S. Pulqueria. — Partiu Vasco da Gama, para a discoberta da índia, em 1497.

8 Domingo, S. Precupio. — Desembarque do Mindello, em 18132. Nasceu A. Jussica, em 1686.

y Segunda, S. Cyrillo. — Foi Tayler eleito presidente da republica dos Estados Unidos, cm 1850.

10 Terça ® S. Januario» CL. nova ás 4 h. e 17 m. da m.) Entrou no Tejo a nau de N. Coelho, uma dAs da arma- dc V. da Gama, trazendo a noticia do discobrimento da índia, em 1499.

11 Quarta, S. Sabino. —Papin com Boyle encetaram as suas experiências sobre a applicaçào do vapor da agua, c-m 1876.

12 Quinta, 8. João Gualberto. — Nasceu Mousinlio da Sil¬ veira, oui 17H0.

18 Sexta, S. Anacleto. —Carlota Corday assassinou Ma rat, em 179.8. O concilio de Roma votou a infalibilida¬ de do Papa, cm 1870.

14 Sabbado , S. Bonveuturn.— Reconhecimento da repu¬ blica do Paraguay, em 1852.

15 Domingo, S. Oamiilo de Lilis. - Morreu Harvei. cm 1658. Grouffroy fez junto a Ly<m, as primeiras experiên¬ cias do Navio a Vapor, om 17813. Nasceu Proudhon, em 1809.

16 Segunda, Triumpho da Santa Cruz. - Morreu jacobi¬ no das cortes, em 1820. F. F. de Araújo e Castro, em 1848 ; Ilartholomeu dos Martyres. om 1590.

17 Terça, 5 S. Alcixo. (Q. cre*t. ás 6" h. c 2<> :n. da t.) — Nasceu Rembranc^t, em 1616.

;8 Quarta, 8. Marinha. Morei: Pretrarca em 1874. Gi- rard, inventou a maehina de íiar, cm 1810.

19 Quinta, As Ss. Justa eKulina. — Nasceu Varlin, mem¬ bro activo da Communa, em 1804. Os proprios monar- ch;cos na rua Arena! tentaram assassinar o rei Amadeu., em 1872.

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20 Sexta, S. Jeronymo Emiliano. — Morreu Ncckor, ini¬ ciador da revolução franceza, em 1809.

21 Sabbado. S. Prakedes. — Nasceu E. Volpine, er,i 1835. Morreu Arsaky, ein 1874.

22 Domingo, S. Maria Magdelena. Morreu Van-Dick, em 1041.

23 Segunda, S. Apollinario. — O congresso nacional tio Chili reuniu em Santiago, em 1822.

-4 Ierça. @ 8. Christina. • L. cheia ds 5 h. c 7 ia. da m.) — Pronunciamento popular em Lisboa, cm 3 823» En¬ traram as forças liberaes cm Lisboa, em 1833. Foram declarados livres os filhos de escrava», nascidos om ter-

_ rctorio portuguez, em 1856. 2i> Quarta, 8. Anna. — Foi decapitado Borbaraux, .con¬

vencional francos, em 1793. Batalha d’Ouriqne, em i 13!*. 26 Quinta. Os Ss. Symphronio, Otympio o Théodulo. ^7 Sexta, S Pantalcâo. — Chistovào Colombo dt scobrio

Venezuela, em 1498. 28 Sabbado, S. Innocencio. — Foi decapitado Robç.spierre

c Saint-Just, cm 1794. Nasceu Fenorbac, cm 1804. 29 Domingo, S. Martha. — Chegou Cook a Plimouf.ii, do

volta da primeira viagem ao polo austral, em 1775. 30 Segunda, S. Rutíno. — Moiisinho da Silveira decretou

a supressão dos dizimo*, em 1832. - • força, S. Jguaoiode Loyola, o fundador da Companhia

de Jesus.

AGOSTO ~ 31 DIAS

Quarta. S. Pedro, - Proçlamçâo dos direitos do homem pelas constituinte* fraucozas, em 178(3.

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2 Quinta. QL N. Sr.1 dos Anjos (Q. minp. ás 11. h. e 47 m. da m. — Bartholomeu Dias dobrou o cabo da Boa Es¬ perança, cm 1497. 3 Sexta, S. Estevão. — Partiu Colombo para o discobri-

mento da America, em 1492. Morreu Eugênio Sue, em 1859.

4 Sabbado, S. Domingos de Gusmão. —Nasceu Gustavo Flourcns, oni 1838.

b Domingo, N. Senbora das Neves. —As provicias do al¬ to Peru declarara-se independentes de Hospanha, em 182;").

(i Segunda, S. Thiago —A republica de Bolivia alcançou a sur. indejicndcncia, cm 1825.

7 Terça, S. Caetano. — Morreu Berzolius, em 1848 o Ja- ccpiart, um dos celebres apèrfeiçoadores das machinas do tecer, em 1834.

8 Quarta, >8. Cyriaco. — Termina a installaçào do pri¬ meiro cabo transatelantico da Europa á America, em 1898. O padre Gusmão fez uma tentativa de ascensão aerostatie.a, em Lisboa em 1709.

9 Quinta. ® S. Romão. (L. nova ás 4 h. e 43 m. da m.) Rcprcscntou-so pela primeira vez, As cortes dt .Júpiter, de Gil Vicente, em 1521.

JO Sexta, S. Lourenço.— Proclamação da Republica tran- ceza, em 1792. Manin proclamou em Veneza a Repu¬ blica, cm 1848.

11 Sabbado, Os Santos Tibnrcio o Suzana. — Nasceu L< voisier, em 1743. Aassembléa Nacional proclamou a li¬ berdade de cultos.

12 Domingo, S. Ciara. — Aragu ftommuuica á Academia a descoberta dos phenomenos de colorisayào da luz polo risada, cm 1840.

J3 Segunda, Os Santos llyppolitn o Cassino. — Nasceu Lavatcr, em 1741.

14 Terça. S. liusebio. —Morreu B. Pascal, em 1662. 15 Quarta, 'g Assumpção ds Àr. Senhora. (Q. cree. às

9 h. e 54 m. da t.) — Abertura das corto j em S. Mon¬ to, em 1834.

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>1

1(5 Quinta, S. Roque e Jacintho. 17 Sexta, S. Mamede. — Sublevação liberal em Milito o

na Lombardia, em 1848. 18 Sabbado, S. Clara de Mante. —Nasceu Constantiao,

llorista portuguez, em 1802. 10 Domingo, S. Luiz. — Fernandes Thomaz e Silva Car¬

valho, formaram eom Ferreira Borges, Ferreira Vianna e J. D. Lessa, a primeira sociedade secreta núcleo da revolução de 1820, afim de mandarem vir dc estrangei¬ ro jornaes e livros para iilustrar 0 povo, em 1818. 20 Segunda, S. Bernardo. — Biot e Gay-Lussae reali- saram unia viagem aoria e seieneifica, em 1804.

21 Terça. Santa Joauna Francisea. — Nasceu J. Michele- te, em 1708. D. Joào I, e seus filhos, encetaram as con¬ quista da África, tomando Ceuta, em 1415. Immersilo

do cabo sub-marino para a Madeira, em 1873. 22 Quarta, S. Joaquim. L. clotia ás 10 h. « 27 m. dq

t.) — Congresso universal dos amigos da paz em Frauc fort, em 1850. Nasceu Papin, inventor da machina a vi por atniospberico, em 1645.

23 Quinta, S. Fellippe Benicio. — Os académicos austria- cos proclamaram em Vienna a republica, em 1848.

24 Sexta, S. Bartholoineu.—Nasceu Joaquim Antono de Aguiar, o mata frades, em 1892. Assassinos em massa em Paris, presididos pelos reis chatholieos, a S. fícrthe lemy, eiu 1572. Revolução liberal em Portugal, em 1820.

25 Sabbado, S. Luiz rei de França. — Morreu J. Walt, om 1819.

26 Dominho, S. Zeferino. — Empregou se pela primeira vez a artilheria, ua batalha deCryci, em 1346.

27 Segunda, S. José Calazans S. Rufo. — Roborí Carlos fizeram em Paris a sua primeira viagem acros- tatiea, em 1783.

28 Terça, S. Agostinho. —- Nasceu Agostinho José Freire, em 1780; Goethe, em 1739, c M. J. Clienier, em 1764.

2!) Quarta, S. Sabiuo. —Morreu o celebre mathenriihie Pedro Nunes, om 1615. Chegou a Lisboa Vasco da Gama de volta é india, cm 1499.

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30 Quinta, S.Rosa de Lima. — Nasceu P. Leroux, err. 1789.

“1 Sexta, (£ S. Rnyimmdo Nonato. (Q. ming. ã$ 8 h. e 41 m. da t.) —Morreu o alchimista R. Lulo, em 1315.

SETEMBRO -50 DHS

t Sabbado, S. Egydio.— Irwutgoraram se os trabalhos para a prefuraçào do .Monte Cenis, em 1857.

'2 Domingo, S. Estevão. Morse, nos Estados-Unidos, fez perante o congresso as suas expericncias de telegraphin.

em 1837. •» Segunda, S. Eufemia. — Foram expulsos de Portugal

todos os jesuítas, em 1759. 4 1'erça, S. Rosa de Viterbo. —O povo de Paris aclamou

o governo da defezn nacional, cm 1870. -1 Quinta, S. Antonio.— Morreu Augusto Com te, em 1851

o Niepce, em 1833. *' Quinta, S. Li bani a. —- Abriu-se o oitavo congresso de.

paz e da liberdade, em 1874. t Sexta, S. João. f L. novo. aos 26 m. da t.J — O Bra-

zil proclamou a independência nas margens do Ypiran- ga, ein 1822.

3 Sabbado. Natavidaãe de .V. Senhora. — Morreu Fenelon, om 1715.

9 Domingo, S. Sérgio. — O povo obrigou D. Maria 11 accoitar a constituição de 1822, em 1836-.

10 Segunda, S. Nicolau Telentino. — O povo dos Paize- Baixos jurou unir-se c fundar uma confederação de es- tudo* para expulsarem o jogo da Ilespanha, em 1723.

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i 1 Terça, S.Theodora.—Morreu Correia da Serra, em 1823. 12 Quarta, S. Auta..— D. Affoiiso VI, a quem seu ir¬

mão, D. Pedro, traidor e ambicioso, roubou a mulher e o reino, em 1.080.

13 Quinta, S. Filippo. —republicanos da Áustria, Prusia e outras potências, a reclamação d’estas, foram expulsos dos cantões suissos, em 1850. _

14 Sexa, Exaltação da Santa Cruz. (Q. cresc ás 10 h. t .54 m. da m.) Morreu Dantc, em 1321. Cooper, em 1851. Nasceu Huinboldt, em 1739.

15 Sabbado, S. Domingos em Soriano. —- Morreu o immor- tal Iloche, em 1793. Nasceu Bailly, em 183G.

1G Domingo, Tr/i. ladaçâode S. Vicente,—Victor Hugo pu¬ blicou as Odes e Bailadas, em 1824. Nasceu Kossuth, em 1802.

17 Segunda, S. Pedro d’Arbues. —Chegou Victor Hugo a Paris, do desterro, em 1870. Fundéu-se« a Associação internacional, em Londres, em 18G4.

18 Terça, S. José Cupertinò. — Revolução de Cadiz, em 18G8. Nasceu N. A. Pato Moniz, jacobino portuguez dc 1820, em 1781.

39 Quarta, Festa das Duros de N. Senhora. Foram dcela rados livres todos os escravos que entrassem cm Portu¬ gal, cm 1761.

20 Quinta, S. Eustachio.—O povo Francez derrotou, em Valmy, os soberanos da Europa colligados, em 1792.

21 Sexta, S. Matheus. — A.bertura da Covenção Nacio¬ nal, em* 1792.'Abriu-se a primeira exposição universal, em Pdris, om 1798.

22 Sabbado, S. Maurício. (L. cheia ás 3 k. da t.) — Botticher, preso polo prmccpo Saxe, para não revelar o: segredos das sua . experiências, descobriu o processe, para o fabrico da porcellana branca, em 1707.

23 Domingo, S. Lino. — Morreu Yirgilió, no nnno 19. 24 -Segunda N. Senhora das Mercês. — Abriu so a-; cor¬

tes constituintes de Cadiz, cm 1810. 25 Terça, S. Firmino — Mina rcvolucionou-se, pr> ■ .'.".an

■cio a constituição do anno 12, em 1814.

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24

26 Quarta, Ss. Sypriano c Justina. -Morreu Jcker. ce¬ lebre raechanico, em 1834.

27 Quinta Ss. Cosme, e Damiâo. — 1’. Lcbon descobriu (jno o gaz, que provem da combustão da madeira, peide servir para a iUuminaçãe, ^in 1739.

28 Sexta, S. Wenceslau. — Yerilicou-se a celebre confe- — repeia de operários das differentes nações, em Londres,

que deú impulso á Associação Internacional, em 1871. 29 Sabbado, S. Miguel Arcanjo, — Destronayào de Izabel

li, cm 1868. 30 Domingo, (j_ S. Jeronymo. (Q. ming. á» 5. h. >■ 48 m.

da m.) —São mandados açoutav, por 1). Pedro IV, vᬠrios marinheiros portuguezes que pediam para voltar á

patria, em 1S22.

01'Tl'BR O .UDIAS

1 Segunda, os S.S. Veríssimo. Máximo e Julia. 2 Terça, os anjos <la guarda •—■. Morreu F. Arngi), em

• 1853. .) Quarta, o Rozario da Nossa Senhora Morreu <• esculp-

tor Canova, cm ISgo. 4 Quinta, S. Francisco do Assis Nasceu Fclix 1’iat, em

1810, o Guisot em 17s7. o Sexta, S. Plácido o seus companheiros Nasceu JDidc-

*‘"t. cm 171 i■ Bcllini cm 18-Vi. O jiovo frnnccz prendeu i>u'■/. XVI o toda a sua iamilia. <pie se escapava da França, cm 1789.

6 Sabbado, •£, S. Bruno ( h. nora áj !>. c 24 m. da 1.) Nasceu Depuis, livre pensador lran.ee/: cm 1742.

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7 Domingo, >S. Marcos — Gambetta saiu de Paris num ba- lào, em 1870.

8 Segunda, S. Brigida — Foram enforcados os libcraes portuguezes, por ordem de Bcresforde e da regencia do reino, no campo de SantAnna, ein 1817.

9 Terça, S. Dionisio — Naseou Corvantos, cm 1543. 10 (Quarta, Nossa Senhora dos Remédios. Contra-revolução

no Porto, sendo preso o duque da Terceira, em 1846. 11 Quinta, S. Firmino — Colombo, avistou pela primeira

vez, a terra do novo mundo, em 1492. 12 Sexta, S. Cypriano — Desembarcou Colombo na Ameri¬

ca, em 1492. Os conspiradores do 1640 effectnaram apri meira reunião no palacio de Antão do Almeida, em 1640.

13 Sabbado, S. Eduardo — A inquisição queimou o ar¬ rojado dramaturgo Antonio José, o Judeu, em 1726. In¬ venção do microscopio pelo hollandez Z. Jauseu, em 1572.

14 Domingo, jj-S. Calixto. (Q. cr esc. m H h. c 8 m. da m.) — Nasceu J. M. Orense, o venerando patriareha dos

republicanos federaes hespanhoes, em 1803. b) Segunda, S« Thereza de Jesus — Assassinato de Guil-

len e Boliorque, em 1869. 16 Terça, S. Martiniano — Faz 30 annos a sr.* D. Ma¬ ria Pia. Grande gala. Lopez, foi eleito presidente da Re¬

publica do Paraguay, em 1862. 17 Quarta, S. Hedviges. 18 Quinta, S. Lucas Evangelista — Foi communicada a

Gomes Freire de Andrade e a maia 11 patriotas, a sen¬ tença de Beresford e da infamo regencia do reino, o preparou-se para <> suplicio, em 1817.

19 Sexta, S. Pedro de Alcântara — Morreu Ariosto, cm 1533 e Frcbei inventou o tliermftmctro, em 1634.Morsc inventou o tclcgrapho eleetrico, cm 1832.

20 Sabbado, S. João Caneio - - Morreu João de Barros, em 1570.

21 Domingo, S. IJrsuia e seus companheiros — Nasceu Lamartine, em 1790. M. Moniz morreu atravessado na porta do castello de Lisboa, atím do dar nassagem ao

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to t

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exercito portuguez, que ficou senhor d esta cidade em 1147.

22 Segunda, ¥ S. Maria Salonié. (L. cheia ás 0 h. e 57 m. da m. ) — Gorneuin fez o primeiro ensaio do pcíra quedas, cm 1797.

23 Terça, S. João Capistrano. °4 Quarta, S. Raphael Archanjo — Morreu Tasso em 1595.

5 Quinta, Os SS. Chrispim e Chrispiniano — Nasceu Ati- quetil Duperron, orientalista, em 1731.

20 Sexta, S. Evaristo — Ultima sessão da Convenção fran- ceza, que promulgou 8:370 decretos, em 1794.

27 Sftbbado, S. Elesbão — Oaribaldi offereceu a sua es¬ pada á republica iranceza, derigindo-3e para os Vosges c. sem que fosse vencido tomou um estandarte á Prussia, em 1871 — Morreu José Anastacio da Cunha, livre pen¬

sador, em 1780. 2* Domingo, S. Simão o >S. Judas Thadeu — Nasceu Dan-

ton, em 1758. Numerosa reunião popular, em Paris, em que Ledro-Rollin, Flourens, Piat Rochefort e Delescluze, etc., pediram a legislação do governo e a organização da Comnmna, ou municipio livre, em 1870.

29 Segunda, ([ Trasladação de S. Izabel— FazGlannoo sr. 1). Fernando. Q. ming, <í I h. e.47 m.da t.) — Mor¬ reu D Alainbert, em 1783. Nasceu André Chonier, em 17(52, c Pellontan, em 1813. ♦ Terça, S. Cláudio, Batalha do Bailado ganha por

Affonso XI de Castcila. em 1340, em que tomou parte Affonso dc Portugal. Foi «'leito doge de Venosa Rcdro Malipier, cm 1457. Foi decapitado o duque Montmorcnv, cm 1032. Fez-se a abertura das primeiras cortes convo¬ cados segundo a carta constitucional, cm 182(5.

31 Quarta, S. Quintino - Faz 39 annos o sr. 1). Luiz 1. Cortejo. Decapitação de Vergniaux o dos girondinos, cm 1794. O povo dc .Paris, sitiado, elege um governo, em substituição do presidido por Troebu.

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NOVEMBRO ~ 50 DIAS

1 Quinta, ►!< festa de todos os Santos — Orense organi- sou uma legiào de voluntários hcspanhoes, que sob a di • recçSo de Garibaldi, doffonderam a republica francezn, em 1871.

2 Sexta, S. Victorino — Nasceu Borges Carneiro, em 1774. 3 Sabbado, S. Malaquias — Nasceu Bellini, em 1802.

Morreu José Estevão, o grande orador que presidia a junta revolucionaria republicana de 1849, composta por Oliveira Marreca e A. R. Sampaio! em 1862.

4 Domingo, S. Carlos Borromeu — Encerraram-se as ce¬ lebres constituintes portuguezas, em 1822.

5 Segunda, ® S. Zacharias c S. Isabel. (L, nova ás H e 14 m. da m.J.

6 Terça, S. Severo — O povo francez derrota, novamente em Jemapes, osv reis da Europa, colligados, em 1792.

7 Quarta, S. Florékcio — Fei enforcado liiego, em 182J. Veltou Colombo da ultima viagem á America, em 1504.

8 Quinta, S. Severino — Morreu Milton, em 1674. Deca¬ pitação de M.mo liolland* em 1793.

9 Sexta, S. Theodoro — Fernan de MagalhSes descobriu a terra do Fogo na primeira viagem de circuinnavogaçào do Globo, em 1621.

10 Sabbado, S. André Avelino — Nasceu Schiller, em 1759. 11 Domingo, S. Martinho — Proclamou-se cm Portugal a

constituição hespanhola, cin 1812. 12 Segunda, 3> S. Martinho B. (Q. ci-es. ás 11 e 10 m.

dar.) — Nasceu Bichat, em 1771. 13 Terça, S. Eugênio — Nasceu E. Figueiras, em 1819.

Morreu Rossini, cm 1868.

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14 Quartil, Patrocínio do N. Senhora — Foi assinado eiu Ronia, o ministro Rossi, traidor ao povo, ein 1848.

lõ Quinta, S. Gertrudes Magna — Pascal demonstra o phenomeno da gravidade do ar, e a pressão que este exerce sobre os líquidos que estào á superfície da terra e ou¬ tros phenomenos naturaes até ali desapercebidos, em 16-17.

16 Sexta, S. Valerio — Furst, Melchthal o Staaffacher, «ós, reunidos n uiu vallo da Suissa, juram morrer ou fundar a republica, om 1607.

17 Sabbado, S. Gregorio — Morreu Broussais, cm 1868. Nasceu Lima Leitão, erudito medico portuguez, em 1787.

18 Domingo, S. Roinào —• Morreu Lamark, em 1827. 19 Segunda, S. Isabel — Nasceu Lesseps, cm 180õ. Morreu

Fernandes Thomaz, em 1822, e Fortuny, pintor hespa- nhol, em 1874.

20 Terça, ® S. Felix (L. cheia áx .V h. 4f> da t.) — Aber¬ tura do Istemo do Suez, em 1869.

21 Quarta, Apresentação do Nossa Senhora —O inarquez de Arlades emprehendeu uma viagem aeria, em 1876.

22 Quinta, S. Cicilia — Zaneti confirmou o diagnostico do Nelatom encontrando uma bala na ferida do Garibalde, om 1861.

26 Sexta, S. Clemente — Morreu Gavarni, em 1866 e o edronomo W. Struve, em 1864.

24 Sabbado, S. João da Cruz — Nasceu Kosciuszko, em 1746.

2õ Domingo, S. Catharina — Nasceu Lancaster, cm 1878. 26 Segunda, S. Pedro Alexamjpino — Nasceu E. Benot,

em 1822. 27 Terça, £ S. Margarida do Saboia — (Q. miij. áx !> h.

e dl m. da t.) *— Foram fusilados alguns estudantes de medicina, em Cuba, em 1871. 0 governo de Tiers fu si lou Rossel, Ferré e Cromicux, martyres da liberdade, em 1871.

28 Quarta, S. Gregorio III. 29 Quinta, S. Saturnino — Morreu Kant, cm 1724. 60 Sexta, S. André- I nangurou-se o tolegraplio em França,

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J c:

participando o irnmortal Carnot á Convenção, uma vic- toria da republica sobre os austríacos, em 1794.

DEZ EM B RO ~ 31 DIAS

1 Sabbado, S. Eloy — Portugal sacudiu o jugo tirânico dos

o

4

<

rois dc Hespanlia, em 1640. Domingo, S. Babiana — PrisSo dos mais honrados cida- dàos franeczes, pela traição de Luiz Napoleào, em 1851. Y. Ilugo escreveu uma notável carta, defendendo a «J. iírawn. condeinnado á morte, por combater a escrava tura, 1859. Segunda, S. Francisco Xavier — O papa mandou deca¬ pitar a Arnaud dc llroseia, republicano italiano, em 1 k>;>. Terça, ® S. Barbara. (L. nova <ís 9. h. e 30 m. da t.) — O povo de Paris toi metralhado nas rnas, em massa,

por ordem do Luiz Napoleào Bonaparto, em 18:>1. (Quarta, S. Geraldo • Nasceu o Jacobino A. A. de Araújo e Castro, em 1777. Morreu Mozart, em 1791. (Quinta, S. Nicolau —Morreu F. Flourens, em 1857. Sexta, 8. Ainbrosio Descobriu (Jhristovào Colombo o Haiti, c.m 1402.

s Sabbado, *I< N. Senhora da Conceiçflo — Niepee esciv- \v u a primeira memória sobre a photographia, cm 1827.

9 Domingo, S. Lcneadia — A cominissào Internacional fez cm IVkin as obscrvaçSes astronómicas para observar a passagem do planeta Venus por diante do sol, em 1874.

10 Segunda, S. Mclcliiade» — Morreu Garret, em 1854. 11 Terça, S. Damaso — Fuzilamento do Torrijos, em 1831. 12 t^uarta, S. Justino. (Q. cres. iís 8 h. da t.) Che

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gou Levingstono a Inglaterra do volta da primeira via¬ gem a África Meridional, cm 1856.

13 Quinta, S. Luzia Nasceu Milieri, em 1817. 14 Sexta, S. Angelo — Nicpce communicou a Daguerre

todos os factos relativos aos seus processos photographi- eos, em 1829. Morreu Washington, em 1799.

lt> Sabbado, S. Euzebio — Morreu M. Lando, o chefe da principal rovoluoào socialista de Florença, om 1380.

16 Domingo, S. Adelaide — Morreu Affonso d'Albuquer¬ que, cm 1613.

17 Segunda, S. Bartholomeu de S. Gcmiado — Manifes¬ tação republicana no theatro do Príncipe Real, em 1873.

18 Terça, N. Senhora do O — Morreu R. Bacon, em 1294. 19 Quarta, S. Fausta — Fez-se pala primeira vez, na Eu¬ ropa, uma amputação sem dór, em 1846. 20 Quinta, ® S. Domingos de Sillos. (L. cheia de 11 a

J7 m. da m.) — Independência da Republica de Buenos Ayres, em 1854.

21 Sexta, S. Thoiné—Fo’ decapitado J. do Levdo, om 1536.

22 Sabbado S. Honorato — Nasceu Sully, em 1641. 23 Domingo, S. ServuloeS. Victorino - Os patriotas suis-

sos fundaram a republica, etn 1307. 2-1 Segunda, S. Grego rio — Rcprcsentou-se peia primma

vez o Auto pastoril castelhano de Gil Vicente, o inicia¬ dor em Portugal das idéas da reforma, em 1502.

25 Terça, <i« Nascimento de Nosso Senhor Jesus tJhnsto. — Nasceu Newton, em 1642.

26 Quarta, S. Estevão — Nasceu José E-ti-vno. em 1809. 27 Quinta, (£ S. João (Q. ming. de õ e 16 m. da /?;.)

Nasceu Pasteur, em 1822. 28 Sexta, Os Santos Innocentos Morreu Macaulav, em

1859. 29 Sabbado, S. Thoinoz Nasceu Glandstonc, em 1809. 30 Domingo, S. Sabino — Morreu T.dma, trágico Frau-

ccz, em 1826. 31 Segunda, S. Silvestre— Nasceu Silvestre P. Forreira,

em 1769.

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hl

JU1S0 DO AN NO Quem te manda a ti sapateiro tocar rabecão ?Niin quem

nos impõe que nos façamos Bandarras para levarmos es¬ peranças mais ou menos fundados ao nosso agricultor, que, aiinal, é aquelle a quem mais interessa oS aconteci¬ mentos me teriologicos, V A necessidade —não diremos do prevenir o agricultor contra as occorroncias que prophtítisa- mos, mas — de não deixarmos em claro esta secção sem¬ pre importante para os que acreditam em prophocias.

Nós o que promettomos é não errar, e para uwo co¬ meçamos :

Choverá este anno ? Com certeza que chove ! Podemos essegural o ? Etn que dias ? Também não no» perece muito difiicil responder : Em todos aqulles em que as aguas condensadas caircm

na terra. Ouçam agora os nossos agricultores. Nas proximidades do Paris havia um velho que era pelo

seus bons créditos constantemente consultado polo» campo- nozes dd» sitio. Jámais errou.

.Sabem os nossos agricultores como elle lhes respondia? < .‘hárnava o sou interlocutor á junella da sua habitação no momento do occaso, e apontando para elle, o satistaz:a assim

Voíh tu ce nuago lá b*.< V H6 bien ! 11 ne faut ilire plus rieu !

E o nosso cuuiponez ia muito contente o sonegado para sita casa.

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Quando de madrugada observava o nascer do sol d’um dia d'nma bella primavera, disia entilo com sigo. « — Bem me dizia ello ! » So ao contra chovia, com a mesma facili¬ dade acreditava que aquelle era o tempo que o seu pro- pheta havia premeditado. Ora por esto modo ninguém erra, o se os nossos agricultores depositarem a sua contiança no que dizemos a respeito deste anuo, reconhece rào que os n.ào inganamos.

Observom que so no dia f> de janeiro correrem as ribei¬ ras pelas ruas e cahir aguados thelhado«, com csrteza chove : Orti as chuvas terào logar em tantos dias quantos forem a(juelles cm que se derem cazos d estes.

As colheitas do anno hào de ser boas se ararem bem os seus terrenos c os estrumarem, e as aguas pluviaes h • nào faltarem.

Os tigueiraes do Algarve hào de rebentar melhor e pro¬ duzir melhoras fructos se., além do trato feito ao terreno, fo¬ rem convenieuteinente podadas. As vinhas também hào de rebentar melhor e produzir mais uva se nào forem dema- siadamente poupados na poda.

Sc as fabricas do azeite trabalharem até taede, a colhei¬ ta da azeitona ha de ser boa este anno.

Qoiu taes promessas o t.ào lisongeiro juiso do anno, por certo que nenhum dos nossos agricultores deixará de pos¬ suir o nosso Ahnanach, uuico (jue lhe garante um anno prospero e feliz, « farto banquete c a logres festas.

tíiim i LTi n t 3i .a % n aoi x.%u i; m

Janeiro — Xo crescente enxertam-so arvores do flor temporã. Semea-se senteio, cevada, favas ervilhas, planta- se hortaliças rozeiras, oliveiras, buxo, amendoeiras, plan¬ tam-se bacellos. e enxertara-se a meixeiras.

- - Xo mingoanto corta-sc madeiras para edifícios, po-

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dam-se vinhas, limpam-se arvores, monda-se o trigo c se- semeiam-se alhos e sebolas-

Fkvereio — No crescente semeia-se mostarda, legumes pepinos metòes hortaliças o aboboras, para temporáo, enxer¬ tam-se pereiras, videiras e maceiras, planta-se murta, ba- cellos e loureiros 5 transplantam-se larangeiras, maceiras, limoeiros, e fazem-se viveiros de estacas de murta, d'amo- reiras e romeiras.

— No minguante apauham-se vimes para cestos, apara- se o buxo, colltem-so cannas, cavam-se as vinhas e visitam- se as colmeias em dia sereno.

Março — No crescente plantam se pepinos, cardos abó¬ boras e melòes ; semeia-se feijão, ortaliça e milho para temporào, cravos e goivos : e em terras quentes semeiam- se alfaces, grão3, milho e linho e as pevides azedas, plam- tam-se figueiras, larangeiras, buxo, alecrim, alfazema mur¬ ta e jasmins. — No minguante lamvram-se os campos, lim¬ pam-se as figueiras, amoreiras c inais arvores ; podam-sc as vinhas, transplantam-se roseiras esacha-se.

Abril — No crescente semeia-se feijíto, milho, melan¬ cias e melSes, planta-se toda a casta do hortaliças 0 enxer- tam-sc os damasqueiros. pereiras, cidreiras, laranjeiras, pecegueiros e íazem-se nos viveiros enxertia de berbulha. —- Nomingoante limpam-se as colmeias dos insetos.

Maio — No crescente limpam-se os asafrdes e crostam-se as colmeias, plantam-se sebòlog hortaliça, sidroiras, limoei¬ ros c larangeiras, encher ta-se de canudo, pecegueiros, da- masqueiros e*larangeiras.— No minguante cavam-se as vinhas.

Junho— No crescente ercluírtam-^edtfcanudo, as figuei¬ ras, oliveiras amendoeiras; e nas terras frias somoia-sc alhos, borrajens 0 hortaliças. ---No minguante semeiam-so íavas, grãos e outros legumes ; tosquia-se 0 gado lanígero o levantam se da terra as sebolas do tulipas.

Julho—'No crescente planta-sc cm horta senouras, na- bos c sebolas; semeia-se tremoços repoulhos e coves — No tningoante colhe-se sementes c fructas.

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Agosto — No crescente estrumam-se os campos, semeia- se rabitos, repoulhos, nabos e couves tardias, apanha-se o seca-se o figo. — No miugoante desparra-se a vinho e ar¬ recada-se as sementes.

Setembro—No crescente someia-se trigo, senteio, ce¬ vada, favas, etremossos; planta-se couves e alfaces boroco- los, e someiara-se rozas. •—Nomingoantc vindima-se, crcs- tam-se colmeias, lavra-se e extrnma-se as terras para hor¬ taliças e colho-se o milho e tremossos.

OuTTBRO — No crescente semeia-se linho, trigo e ce¬ vada; tulipas c ervilhas ; recolhe-so o mel, quinta-se o fi¬ go c apanha-se castanhas. — No mingoanto colho-se blotas, apara-se o buxo e a murta, e dispoem-se craveiros e mer- gulham-so vides.

Novembro —No crescente deita-se mergulhias, alporcSes o planta-se alhos, castanheiros e carvalhos ; semeia-se tri¬ go scroido e ervilhas, e plamtam-se roseiras — No min- goante limpa-se madeiras e cortam-se.

Dezembro —No crescente matam-se porcos e planta-se todo a casta de hortaliças.— No mingoante semeiam-se goi¬ vos, magerieSes, boas noites, saudades ; plantam-se jami- neiros eestacas de alfazema, d alecrim e de baunilha, ou ar veres de espinho epoein-se ou abrigo das geadas.

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XOVA DIV1KÂO COMARCA

8BUCKD0

O DECRETO DE 15 DE DEZEMBRO DE 1874 INDICANDO OS JULGADOS DE t^UE SE COMPÕE

E ÉPOCAS DAS ATDIENCIA6 GKRAES

Alcalceh do Sal — 3.a classe — Alcácer cio Sal, Ca- brella, Grandola e Torreio — abril e outubro.

Aldeia Gai.lkga do Riija-tejo — 3.a classe—Alcochfitc, Aldeia Gallega do Riba-Tojo, Barreiro, Ganha e Moita — maio e novembro.

Alemque# — 2.a classe — Abrigada, Alomquer, Gadaval e Merciana — abril outubro.

Almada — 2.a classo — Almada, Coimbra e Seixal - - abril o outubro.

Caktacho — 3.a classe —Azambuja c Cartacho —junho c novembro.

CiNTKA — 2.a classo — Almargcm do Bispo, Bellas, Cas- caes, Cintra e S. Joào das Lampas — abril e outubro.

Lisboa — l.a classe — l.a vara — Olivaes, Santa Engra- cia, Sé — 2.a vara — Anjos, Louros, S. José — 3.a vara — Bonifica, Brucellas, Martyrcs, S. Nicolau — 4.' vara — Lutniar, S. Antilo do Tojal, S. Mamede — õ.a vara S. Izabel, Santos-o-Velho — (5.a vara — Bei em, Oeiras e S. Paulo. — De fevereiro até novembro.

Mafka — 2.a classo — Azubira, Enxara do Bispo, Eri- coira, Mafra ■— maio e novembro.

Santo Thiago de CAcmi — 3.a classe — Alvalade, Cer¬ cal, Melides, S. Thiago de Cacem, e Sincs — fi de novembro.

Setúbal — 2.a classe — Azeitão, Palmella e Setúbal —- maio e novembro.

Torres Vedras— 1 .a classeLouzinhanme, Runa, S. Mamoáe e Torres Vedras — março e agosto.

Villa Franca de Xijía—2.a classe — Alhandra, Alverca, *

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Aruda, Sobral do Monte Agraço o Villa Franca de Xira — abril o outubro.

Beja — 1.* classe — Aljustrel, Beja, Ferreira e Salvada — abril e novembro.

Cuba — 3* classe — Alvito, Cuba e Vedigueira — abril e outubro.

Mektola — 3.* classo — Mertola, Santa Anna de Com- bas c S. Miguel do Pinheiro — 15 de janeiro e de julho.

Moura — 3.a classe — Amarellejo, Barrancos, Moura, MourSo e Santo Aleixo — março o outubro.

Odkmíka — 3.a classo — Amoreiras, Odomira, S. Theo- tonio e Vrilla Nova de Milfontes — abril o agosto.

Ouuique — 3.a ciasse — Almodovar, Castro Verde e Ou- rique — abril c agosto.

Sehpa -- 3.a classe — Aldeia Nova e Serpa — junho e novembro.

Amakantk—l.a classe — Amarante, Gondar, Real,e Villa Chaiu — j unho e novembro.

Campixlo Baiào — 3.a classe — Ancede, Campello, Ges- taçó e Santa Marinha do Zozerc — março e novembro.

FelGUEIKAs — 2." classe — Idàes, Margaride e Villa Cova — abril e novembro.

Lousada — 2.a classe — Alentem, Freamunde, Lourada, Silvares, Lentosa o Paços de Ferreira — abrd e novembro.

Makco pb Cana vezes — 2.a classe — Ari/., Fomos, Pa¬ redes, Pobre Tamega — março e novembro.

Castellões (Paredes) — 3.a classe — Castellões, Duas igrejas, Reearci e Vandoma — 15 de janeiro e de julho.

Pena fiel. — 1.* classe — Ábragão, Eja, (Entre os Reis), Paço de Sou>a, Penaliel e Rio de Moinhos — 15 de ja¬ neiro o de julho.

Porto — 1.* classe — l.a vara — Bomfim, Covello, Rio Tinto, S. Cosmo de Gondomar, >Sé — 2.a vara — Arouzollo, Avintes, Grejo, Pedroso, Sandim, Sobrado, Vallongo»* Victoria, Villa Nova de Gaiae Villar doParaiso — 3.‘ vara — Barreiro, Cedofeita, Mathosinhos, Miragaia, Ro- inalde e Santa Maria de Avioso — fevereiro até julho e de outubro e novembro.

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Povoa de Narzim — 3.1 classe — Amorim, Povo,a, de Narzim e Rates - - março e novembro.

,Santo Thirso — 2.a classe — Santo Thirso, S. Ohristo- vào de Muro, S. Christoviío de Refijos e S. Martinho do Campo — abril e outubro.

Villa do Conde — 2.a classe — Junqueira, Modivas, Vairilo e Villa do ('onde — março e novembro.

Estremoz — 1.* classe — Borba, Estremoz, Soruzel, Villa Viçosa e Vimieiro — abril e outubro.

Evora — 1.* classe —Arrayollos, Evora, (Sé), S. Man¬ sos e Vianna do Alemtejo — abril e outubro.

Monte Móu-o Novo — 2.* classe -— Monte Mór-o-Novo, Mora e Vendas Novas — maio e outubro.

Redondo — 3.a classe — Alandroal, Redondo e S. Mi¬ guel de Machede — abril e outubro.

Reouengo de Monsarás— 3.a classe — Portei, Reguen- go de Monsarás — abril e outubro.

Abrantks — l.a classe — Abrantes, Constaneia, Ponte do Sor, Rocio do Sul do Tejo e Sardoal — abril e outubro.

Benavente — 3.a classe — Benavente, Coruche e Salva- terra dos Magos — maio e outubro.

Oollegam — 3.a classe Barquinha, Chamusca, Qollegam — abril e outubro.

MaçaO — 3.a classe — Amêndoa, Carvoeiro e Mação — abril e outubro.

Santarém — l.a classe — Aleanede, Alcanhoes, Almni- rim, Rio Maior e Santarém — abril e outubro.

Thomab — l.a classe — Asseiceira, Ferreira do Zezore, Olachas e Thomar — abril e novembro.

Torres Novas — 1 .a classe — Alcanena, Chaneellaria e Torres Novas — 4 de outubro.

Villa Nova de Obrf.m — 3.* classe — Frcixianda e Villa Nova de Ourem — abril e outubro.

Faro — Ia. classe —• AI portei, Estoy e Faro - -■ abrile ou¬ tubro.

Lagos — 2.a classe — Aljezur, Lagos e VilLa do Bbnv — abril e outubro.

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Loulé — 2.'1 classe — Albofeira, Alte, Loulé, Padern® e Salir — abril e outubro.

OlhÃo — 3.1 classe — Fuzetae Olhão—abril e outubro. Silves 1.* classe — Alcantarilha, Lagoa, S. Bartholemeu

de Mcssjnea e Silvos ~ maio e outubro. Tavxka — 2. ‘ classe — Alcoutim, Castro-Marim, Martin»

Longo, S. E tcvào e Villa Real de Santo Antonio — abril de novembro.

PoktxmaO — 3.a classe — Monchique e Villa Nova de Por timão — abril e outubro.

Alcobaça — 3.“ classe — Aloobaça, Coz, Pederneira, S. Martínho do Porto e Turquel — maio de novembro.

AnciXo — 3.* classe — Alvaisore, Anciuo e Chào do Cou«c — maio e novembro.

Caldas da Rainha — 3.a classe — Alvominha, Caídas da Rainha, Carvalhal, Óbidos e Peniche — março e outubro.

Leiria — l.a classe — Arrabal Carvide, Leiria Marinha Grande, Milagres e Monte Redondo — maio e novembro.

Pedrogao Grande — 3.a classe — Castanheira, Figaeiró dos Vinhos e PédrogSo Grande — fevereiro e agosto.

Pombal — 2.“ classe — Louriçal, Pombal, Redinha e Ver- muil — maio e novembro.

PÒ1TO de Mós — 3.a classe — Batalha e Porto de Móe — maio o novembro.

Arcos do Val de Vez — 1 .* classe — Aboincdas Chocas, Arcos de Val de Vez (S. Salvador) Soajo e Tavora — 15 abril e 15 de outubro.

Caminha — 3.a classe — Caminha e Riba de Ancora — abril e outubro.

Mklgaço — 3.a classe — Fiftes, Melgaçoc Paderne—ju¬ nho e novembro.

MonçÃO — 2.a classe — Monção, Moreira o Scgudc — abril e junho.

Paredes de Couka — 3.a classe — Paredes e Ritbiae» — 15 de março e 15 de outubro.

Ponte da Bakca — 3.a classe — Ponte da Barça. Entre ambas qs Rios — 15 do abril e 15 'de outubro.

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Ponte dk Lima — l.® classe — Calheiros, Freixo, Gan¬ dra, Moreira, Ponto de Lima e Victorino dos Piàes — 15 de abril e de outubro.

VALENyA — 2.1 classe — Candemil, Ganfei, Valença e Villa Nova da Serveira — 15 de março e 15 do outubro.

Vianna do Castello — 1.® classe — Darque, Portozello, Viauna do Castello e Villa do Pincho — abril e outubro.

Amares — 3.® classe —Amaros, Chanoim, Fiscal, (S. Mi¬ guel — maio e novembro.

Bakcellos — l.1 classe — Bareellos, (Barcelliuhos) Bar- cellos (Santa Maria) e Expoaenlè—15 de janeiro o julho.

Braga — 1.® classe — Braga, (8. Pedro de Maximinos), Braga (S. Victor), Braga (Sé) — abril e novembro.

Cabeceiras de Basto — 3.® classe — Arco e Refojos — maio o novembro.

Cklorico dk Basto — 2.® classe — Borba, Froixieiro ( Britei lo), Mondim de Basto e Valle do Bouro maia o novembro.

Fafk — 2.® classe —Fafe, Moreira de Rei e Travassos -r março e nover,.bro.

Guimarães — 1.® classe — Guimarães, {Santa Maria do Oliveira), S. Miguel das Caídas e S. Tlioint do Caldel- las — março e novembro.

Povoa de Lanhoso — 3.® classe — Povoa da Lanhoso, Thaide, (Silva do Porto) — fevereiro e julho.

Vieira — 3.® classe—Celleirós (Rossas), Ventosa, Vieira e Mosteiro — fevereiro e julho.

Villa Nova de FamalicÃo — 1.® classe— Delitos e Villa Nova de FamilicSo — junho c novembro.

Villa V erde — 1.® classe — Pico dc Regalados (S Paio) Prado, (Santa Maria) e Villa Verde—maio o novembro.

A KG AN II, — 3. clas.so — Alvares, Arganil, Coja, Goes, Panpilhosa, Pomares e Bombeiro — abril e outubro.

Cantanhede — 2.® classe — Anção, Cadima, Cantanhede, Febrel, Mira e Sepi:’03 — maio e novembro.

Coimbra — f.® classe — Assafarge, Coimbra (S. Bartho- lomeu), Coimbra (Sé Nova), Condeixr. a Nova, S. Sil¬ vestre, S ruzellas, Taveiro. — Fevereiro ejulbo.

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Fkiueira da boz — l.1 classe — Alhadas, Figueira da Foz, Paiào —junho e novembro.

I.OUzX — 2.“ classe — Lousa. Miranda do Corvo, Scniide, Serpins — maio o novembro.

Monte Mór o Vei.ho — 2P dasse — Arazede, Car&pi nhcira, Monte Mór o Velho, Santo Varão, Teatugul, Vc- nide — junho e novembro.

Ox.iveira do Hospital — 2.* classe —- A vou, Lagares, Olivoira do Hospital, Sandomil —- abril c outubro.

Penacova — 3.1 classe — Farinha Podre, Marmdeirn, IV cova, Poiares (Santo André — fevereiro o julho.

Penella—3.2 classe—Penella, Podentes. — maioe no vem bro.

SOUBE—2.* classe — Ega, Pombalinho, Samuel (Marco1, Souro —junho e novembro.

Taboa — 3.* classe— Midòes, Mouronlio, Taboa — abril e outubro.

Almeida — 3.* classe — Almeida, Castello Mendo—,maio o novembro.

Ceia — SP classe -*-■ Ceia, Irriga, Paranlxos, Torrozello — maio c novembro.

CelÒBICO im Beira — 3.* classe - Celorict» da Beira, Li nhares — maio « novembro.

Figueira de Castello Rodrigo — 3.? classe — Ksca Ibào, Figueira de Castello Rodrigo — maio e novembro.

Fornos i>’Aluodbbs — 3.* classe — Ctós de Tavares, Fornos d’Algodres — maio e novembro.

Gouveia — 2.* classe — Gouveia, Manteigas, Mello, Vill» Nova de Tázom — maio c novembro.

Guarda — IP classe — Oonçalo, Guarda (Sé), Geruicllo (S. Podro), Pora do Moço, Viíla Fernando — abril c novembro.

Mkda 3.* classe - Marialva, Meda, Pcncdoaa maio e novembro.

Pinhkl — 2.* dasse—Alverca, Frcixcdas, Pinlxol — maio o novembro.

Sabooai. 3p classe — Aldeia da Ponte, Sabogal, Sor telha, \ illar Maior — abril p outubro.

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J rançoso — Aguiar da Beira, Terranho, Trancos — maio o novembro.

\ íi/f.A Nova de Foscoa — 3.* classo — Froixo de Nuniàc \ illa Nova de Foscoa — maio o novembro.

Akmamak — 2.a classe — Armamar, Mondin, Taboaço — junho e novembro.

Castbo Daire — 8.* classe — Castro Dairc, Esther, Mflee Villa Cova á Coelheira — março e novembro.

Lameoo — 1 .a classe — Cambres, Lamogo (Almarave) Lamego 3.°, (S6), Penajoia, Tarouca —junho e novetn bro.

iÍANOUALDE — 3A classe — Casouràcs, Mangualdc, Nellas. Penalva do Castello — março e novembro.

Moimenta da Beira — 3.* classe — Moimcnta, Sernan- cclho — março e outubre.

Rezende — 3.* classe — Rezende, S. Oypriano, 8. Mar- tinho de Mouros — maio e novembro.

Santa ComhadÀo — 3.* classe — Carregai, Mortagoa, Santa Combadão, S. Joíto d'Areia — abril e novembro.

S. JoÀo da Pesqueira — 3.* classe — Ervcdosa, Pes¬ queira, TrevSes — maio e novembro.

\ ii.i.a da Egre.ta — 3.1 classe — Ferra d'Avcs, Fraguas,, Villa da Egrcja — janeiro e julho.

SineÀes — 3.* lasse — Ferreiros, Fornollos, Sinfacs Ta rouquella — maio e novembro.

roNDELLA — 3.* classe — Castellôcs, 8. Miguel do Ou¬ teiro, TondeUa — abril e outubro.

\ izeu — 1 .* classe — France (S. Pedro), Riba Feita, Sil- geiros, Torredeita, Vizeu — 15 de janeiro e julho.

V ouzku.a — 2.* classe — Campia, Oliveira d« Frades Santa Cruz, 8. Pedro do Sul, Sul, Vouzclla — março . outubro.

Agueda — 2." classe — Agoada de Cima, Agueda, Al bergaria, Sever dcVouga, Vallongo—fevereiro c julho

Ana dia — 2.* classo — Anadia (Arcos), Miall.ula (Vaca riça)/ Oliveira do Bairo, 8. Louronço — abril e outubro.

Arouc.v — classo — Arouea, Canellas, Fremedo, So¬ brado — fevereiro o julho.

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Avbiko — 1.* classe—Aveiro, Ilhavo, Reiqueixo, Vagos — 1G de abril e 1G de outubro.

Estahreja — l.a classe - Estarreja (lieduido), Mortoza, Sabres — ■ 15 de janeiro e julho.

Feira — 1.* classe — Feira, Loubão, Passos de Branda. — abril e outubro.

Oliveira d’Azemkis — 2.a classe — Castelloes, Locujâes, Macecira de Camara, Oliveira d'Azonieis, Pinheiro, S. Joilo da Madeira — maio e novembro.

Ovak — 2.a classe — Esmoriz, Ovar, Yallongo — maio e novembro.

Bragança — l.a classe — Bragança, Donae, Izeda, Ou¬ teiro — abril o novembro.

Macedo de Gavalleiros — 3.a classe — Ala, Macedo de Gavalleiros, Moraes — abril do outubro.

Miranda do Douro — 3.a classe — Miranda do Douro, Vimioso — maio o outubro.

Mirandklla - Avidagos, Mirandella, Torre de D. Chama de Villa Flor — maio e outubro.

Mogadouuo — 3.a classe — Alfandega da Sé, Mogadouro, Thó — maio e outubro.

Moncobvo — 2.a classe — Carrazeda d’Anciães, Casta¬ nheiro, Felguz, Freixo de Espada á Cinta, Sousa, Mon- corvo, Urros — maio e novembro.

Yinha*es —’ o.a classe — Penhas Juntas, Santalha, Vi- nhaos — abril e novembro.

Castello Branco — 1 .a classe — Alcains, Castello Branco, Monforte. S. Vicente, da Beira Sarredas, Villa Velhado o Rodão — abril e outubro.

Ceuta — 1.* classe — CertS, Olleiros, Pedrogâo Pequeno, Proença a Nova, Sernaclie do Bora Jardim, Villa de Rei — março o agosto.

Covilhã — l.a classe — Belmonte, Covilhã (Santa Maria), Covilhã (S. Pedro), Paul — 15 de abril e 15 de outubro.

Fundão — 2.a classe —• Alpedrinha, Capinha, Fundão, Silvares — abril o novembro.

ídanila a Nova — l.a classe — Idanhaa Nova, Monsanto, Pcoamaoor, Z breira — &b*il e outubro.

Page 45: LICAÇ40 DO JORNAL DOS AUTISTAS

Elvas — 1.* classe — Campo Maior, Eiras (Salvador), Eivas (Sé), Monibrto — março e outubro.

Fronteira — 3.1 classe — Alter do Chão, Aviz. Niza — 3.a classe — Crato, Gavião, Niza — abril e outubro. Portalegre — 1 .* classe — Alegrete, Arronches, Castello

de Vido, Marvão, Portalegre (S. Lourenço), Portalegre (Sé) — abril e outubro.

Alijo — 2.a classe — Alijó, Favaes, Murça, Villar de Maçada — abril e novembro.

Chaves — l.a classe —Chaves, Ervedelo, Taiòes, Morei¬ ras, Vidago (Arcosó) — abril e 15 de outubro.

MoNTALEGRE — 3.4 classe — Boticas (Biró), Covello do Gercz, Montalegro — abril e outubro.

PezO DA Regoa —2.a classe — Canellas (Poiares). Mezào- Frio, Pezo da Regoa, Santa Marta de Penaguião (Lo- brigos S. Miguel), Villa Marin — maio e novembro.

Val Passos — 3.a classe — Carrazedo, Fiães, Santa Maria de Emers, Val Passos — abril e outubre.

Villa Pouca i/Aguiar— 3.a classe—Bragado, Serva, Ri¬ beira de Pena, Villa Pouca d’Aguiar — maio e novembro.

Villa Real — l.a classe — Abbaças, Folhadelha,Mansos, Provesende, Sabrosa, Targuoda, Villa Real — maio e no¬ vembro. Só ficaram escluidas d’osta lista as comarcas do archipe-

lago dos Açores e Madeira.

Page 46: LICAÇ40 DO JORNAL DOS AUTISTAS

M

ESTABELECIMENTOS DE CREDITO KM

EM VILLA NOVA DE PORTIMÃO

<'ai\a Olial do Banco do Alcuitcjo (Rua de S. José, defronte do aterro)

Dikkctoreb— Frederico da Paz Mendes, e Joílo Fran¬ cisco Barbudo.

Operações — Faz todas as que de costume fazem estes estabelecimentos de credito : — empréstimos sobre penhores, compras de letras da terra, saca e toma papel sobre qual¬ quer praça do paiz ou do estrangeiro e aceita depositos á vista e a prasos abonando juros.

('afia Olial do Banco Insulano (Rua dos Quartéis)

Directorks— José Libanio Gomes, e José Antonio Ju dico.

Operações — Empréstimos sobre penhores, compra de letras da terra, toma e saca papel sobre qualquer praça do paiz ou do estrangeiro e acceita depositos â vista o a pra¬ sos abonando juro.

Agendas dc Bancos Do Minho — Descontos e transferencias : — correspon¬

dente Frederico da Paz Mendes. COMMKRCIAI, DF. BliAUA, e COSIMKRCIAL I)K GKIMAKXkK

— Descontos c transferencias, agente José Bernardo Mas- carenhas.

Dà Sociedade Geral Financeira e Agrícola — Agen¬ tes Almeidas & Irniàos.

De Vianna — Agente B. P. Neves. Do Commercial de Lisboa e Vianna — Agente Theo-

doro de Freitas MagalKites.

Page 47: LICAÇ40 DO JORNAL DOS AUTISTAS

46

DILIGLNÇIAS NO ALGARVE E8TAÇÀ0 DE VERÃO

Giro entre Faro k Tavira — Do 16 de abril em deante, Parte de Faro ás 12*/t da tardo; chega a Olhão á 1 hora da tarde ; ao alto da Taboeira á» 2 horas da tarde; a Ta- vira ás 3*/j. Parte de Tavira, desde 14 de abril, ás 6 da manhã; chega ao alto da Taboeira ás 7*/* da manhã ; a Olhão ás 8; e a Faro ás 1).

(imo entre Tavira e Viu,a IIeal i>e Santo Antonio — De 16 de abril em deante, parte do Tavira ás 33 ; da tarde; chega a Villa Real ás 61/*. Parte de Villa ás 3 da manhã, dosde 14 de abril; chega a Tavira ás 5*/*.

Giro entre Faro e Villa Nova de Portimão — De 16 de abril em deante, parte de Faro ás 12*/* da tardo ; chega ás Ferreiras ás 33/t; parte das Ferreiras ás 4*/*; chega a Pera ás 5*/*; a Alcantarilha ás 5*/j ; parte de Alcantari- lha ás 53/*; chega a Lagoa ás 63/t; a Portimão ás 8*/*; parte de Portimão, desde 14 de abrd, á 1*/* da manhã ; chega a Lagoa ás 2*/* ; a Alcantarilha ás 3*/* ; parte de Al¬ cantarilha ás 33/* ; chega a Pera ás 4; ás Ferreiras ás 5 ; parte das Ferreiras ás 5*/*; chega a Faro ás 9.

Giro entre Portimào e Lagos— De 16 de abril em deante, parte de Portimão ás 8* * da tarde; chega a Lagos ás 10*/*; parte de Lagos ás 11 horas da tarde; chega a Portimão á 1.

Giro entre Faro e Loulé —De 14 do abril ein dean¬ te, Parte de Faro para Loulé ás 1 D/t da manhã ; parte de Loulé para Faro, de 16 de abril em deante, ás 7* *.

ESTAÇÀO DE INVERNO

Giro entre Faro k Villa Real de Santo Antonio De 11 de outubro em deante, parte do Faro ás 2 horas

da tarde; chega a Olhão ás 23 s; no Alto da Tabueira ás 3J, *; a Tavira ás õ; a Villa Real ás 8; parto de Villa Real, de 9 do outubro em deante, ás 5 horas da manhã;

Page 48: LICAÇ40 DO JORNAL DOS AUTISTAS

46

chega a Taviro ás 7*/j; ao Alto da Tabocira ás D1 *; a OlhXo ás 10; a Faro ás 11.

Giro entre Faro f. Lagos — De 11 do outubro em deante, Parto de Faro ás 2 horas da tarde; chega ás Fer- reiras ás 5*/j; a Pera ás 7 ; a Aleantarilha ás 7l (; a La¬ goa ás 8*/a; a Portimão ás 10; a Lagos ás 12. Parte de Lagos, do 9 de outubro em deante, á 1 hora da manhã; chega a Portimão ás 3; parte de Portimão ás 31 /*; chega a Lagoa ás 4*/j ; a Aleantarilha ás 5*/*; a Pera ás &*/*; ás Fcrreiras ás 7 ; a Faro ás 11.

Giro entre Faro e Loulé — De 9 de outubro em dean¬ te, parte de Faro á 1 hora da tarde ; chega a Loulé ás 28/*; de 11 de outubro cm deante, parte de Loulé ás 9 horas da manhã ; chega a Faro ás 103/*.

Sai de Faro para Villa Real, ás 4 horas da manhã, uma diligencia, e regressa de Villa Real ás 2 horas da tarde.

CONSULADOS REPRESENTADOS

KM V1KL.4 NOVA 1»K POilTinlO

Grécia ) Vice-consul, Frederico da Paz Mondes Itai.ia j ’ Hespanha, Vice-consui, Domingos Leonardo Vieira. França, Vicc-eonsul, Jerunymo d 'Almeida Coelho de Bivar. Inglaterra, Vice-consul, J. A. Pargana Teixeira e Castro. Bélgica, Vice-consul, José Libanio Gomes. Dinamarca, Vice-consul, João José Ferreira Monteiro. Turquia, Vice-consul, F. Valente d Almoida Miranda. Brasil, Vice-consul, João José Andrez. Republica Argentina, Vice-consul, dr. Manuel dAlmoida

Coelho de Bivar. Russla, Vice-consul, José Duarte Serpa. Allkmanua, Vice-consul, José Joaquim Serpa.

Page 49: LICAÇ40 DO JORNAL DOS AUTISTAS

47

IMPOSTO DO SELLO

RECIBOS Para mais do 5*000 .. <$02(3

LETRAS DA TERRA (á vista ou oito dias de vista) ^

•*000 até 20*00(7.™ • • 20 réis. 20*000 até 50*000. 40 » 50*000 até 100*000 . *30 » 100*000 até 500*000 . 100 » 500*000 até 1:0005000 . 200 » 1:000*000 até 2:000*000 . 400 » Cada 1:000*000 a mais .... 200 »

(excedendo oito dias de proso) 5*000 até 20*000 . 20 » 20*000 até 100*000. 100 » 100*000 até 200*000 . 200 » Cada 100*000 réis a mais. 100 »

LETRAS PASAVBIS NO ESTRANGEIRO 20*000 até 100*000 . 20 » 100*000 até 200*000 . 40 » Cada 100*000 a maÍ3. 20 »

LETRAS DO ESTRANGEIRO PAGAVEIS EM PORTUGAL 5*000 até 20*000 . 20 » 20*000 até 100*000 . 100 > 100*000 até 200*000 . 200 » Cada 100*000 réis a mais. 100 »

Page 50: LICAÇ40 DO JORNAL DOS AUTISTAS

TABELLA DK

Preços dc telegrammas e franquia do carta** para os principaes pai/es

Telcgrammas até 20 palavras (a) Franquia de cartas

Paizes

Reino (b). America do Nor te

(New-York) ....

America do Sul (f).

<a £ 3 x o g.E

15 u c. _o "3

195950

25*900 Australia .... Allemunha... Áustria. Bélgica. China.. Canadá. Dinamarca.. França.. Gibraltar... Grccia. Hespanha (e) llollanda ... Inglaterra ... ftalia. Noruega. Rússia .. Suécia.. Suissa. Turquia .....

443300 34200 34350 24050

274150 194050 34000 24850

4750 34550 14300 24850 14950 34300 34000 44100 34450 34200 44100

c • -

3200 2«/ 4005

194750

4 414850

14750 14750 14400

274500 194750 14850

4050 » 4150 d) 4080

4150 4050 4050 4050 4150 4220 41G0

5015 4020 5010 £020 4015 4015 4015 4020 5030 5015

4954) 4050 5015 4850

24450 5100

5050 5170 4025

5010 5035 3005

15550 15750 13500 24200 24C50 25100 15400 24450

5050 4050 4050 4050 4050 4050 5050 4050

4015 4015 4015 4015 4015 4015 4015 4015

(a) Cada serie de 10 palavras, além de 20, custa mais metade dos preços marcados.

Page 51: LICAÇ40 DO JORNAL DOS AUTISTAS

TÁJ5ELLA I>03

IPre^os dos caminhos de ferro {jiortiigiiczes

FORTE E LESTE LESTE

LISBOA AO ENTRONCAMENTO

(Estação no Caos dos Soldados

Lisiioa

Estações 1.* elassc 2.* classe 3.* classe

Poço do Bispo. Olivaes. Sacavem. Povoa. Alvcrca. Alliandra.,. Villa Franca. Carretado. Azambuja. Ponto dc Iíegucngo • • Sant’Anna. Santarém. Valle de Figueira .... Mato de Miranda .... Torres Novas. Entkoncamknto.

,5120 5140 52<X> 5300 5440 5520 5020 5740 5940

15100 15220 15490 15070 15370 250f>0 25130

5100 5110 5100 5280 5340 5410 5480 5580 5730 5850 5950

15100 15300 15400 15590 15090

5070 5080 5120 5200 5250 52!H> 5350 5410 5520 5010 5080 5830 5930

15040 15140 15180

(bl Em Lisboa 20 palavras 50 réis. (c) Por paquetes subsidiados. (d) por paquetes não sil>sidiados. (c) Acceitam-se meias taxas de 10 palavras por 200 réis. (f) I>c Lisboa a Pernambuco, uugmentando d’ahi cm diante os

preços estabelecidos no Brasil. • 3#

Page 52: LICAÇ40 DO JORNAL DOS AUTISTAS

1)0 ENTK0XCAMEXT0 AO POUTO

Estações

Entroncamento .

Payalvo (Thomar) ... Chão de Maçãs. ('asarias. Albergaria. Vcnnoil. Pombal. Sonrc. Formosdha. Taveiro. Coimbra. Souzclln. Mcalhada. Mogoforos. Oliveira do líairro ... Aveiro. Estarreja. Ovar. Eamoriz. Espinho. Granja. Vnlladaros. V. N. de Gaia (Porto) .

1.* classe 2." classe

23410 23580 23780 23980 33220 33380 33700 43010 43210 43330 43470 43710 43870 53030 53420 03720 53980 (53200 03320'

13870 23010 23170 23320 2/510 23030 23880 33120 33280 33370 33480 33000 33790 33910 43220 43450 43050 43820 43910

03380 43900 03510 53070 03010 53110

3.* classe

13310 13440 13550 13000 13790 13880 2/0(50 2/230 2/340 2/410 23490 23020 2/710 2/790 3/010 33180 33320 33440 3/510 3/540 33020 3/080

Page 53: LICAÇ40 DO JORNAL DOS AUTISTAS

I-.I2STI3

1)0 EXTRONUAMEXTO A BADAJOZ

Estações

Entboxcaxbkto. Barepiinba. Praia c Tancos. Tramagal. Abrantes . licnipostu. Ponte <te Sor. Chança. (.. Portalegre.. Assuma r. Santa Entalia. Eivas . Bapajoz . :.

•‘3.* classe

2.5210 25370 25580

25920 35200

33970 43310 45510 •1;5WN) 5520Ã 53370

13720 13840 23010 23090 23270 23540 23850 330ÍI0 33350 33510 34800 43100 43170

3.* e

13230 15320 15410 13490 13030 13810 25030 25210 25400 25510 25720 2393o 25980

Nas estações de Lisboa, Carregado, Santarém, Coimbra. Entrem eaulcnto, Portalegre, Eivas, e Badajoz lia bufete para tomar rclVi- çíio durante o tempo do espera. Xo cntrocaincnto domdra 20 mi- n 11 toa.

A cada passageiro é concedido o transporte gratuito de30kilo;-. do bagagens.

As creanças até trns arnios nada pagam indo ao collo das pes- soas que as neonipauliam ; as de tres a icte annos pagam nu ;o j i . «.•o : as maiores de sete annos logar inteiro.

Page 54: LICAÇ40 DO JORNAL DOS AUTISTAS

52

SUL E SUESTE (Estação no Terreiro <io 1’aço, lado Occidental)

Estações

Lisboa (vapor)

Barreiro. Lavradio. Alhos Yedros.. Moita.. Pinhal Novo . . Palinclla. Setúbal.. Poecirào. Pegões. Vendas Novas. Monto-Mor... ( .'asa Branca . Evora.

I.1 classe

.3100 3320 3320 3890 3570 3770 3900

2.* classe

3150 3290 3290 3340 3470 3630 3720

3950 13250 13630 23080 23460 33110

3760 3980

13270 13610 13890 23380

Azaruja. Valle de Pereiro. Venda do Duque. Evora Monte. Extremos:. Alcaçovas. Yianna . Yilla Nova. Alvito. Cuba. Beja. Baleizào. Quintos. Outeiro.. Figueirinlm. Carregueiro. Casevcl.

33620 33740 33950 43150 43430 23760 23960 33140 33310 33640 43070 43370 43570 4.3480 43680 53010 53060

2376,0 23850 33010 33160 33370 23120 33270 23400 23550 23780 33100 33330 33480 33410 33560 33800 33990

3.* classe

3100 3200 3200 3240 3330 3430 3790 3520 3670 3860

13090 13270 13600 13860 13920 23020 23120 23260 13430 13550 13610 13720 13870 23080 23230 23330 23290 23390 23550 23680

O vapor parte de Lisboa, de manhã ús 6 horas e 30 minutos e de tarde ás 4 horas e 20 minutos.

Page 55: LICAÇ40 DO JORNAL DOS AUTISTAS

MINHO 1)0 PORTO A BRAGA

Estações 1.* classe 2.“ classe 3.* classe

líio Tinto. Ennczindc. S. líomào. Trufa. Eamalieào.. Nine. Tadim.

«120 «180 «310 «‘HO «G10 «740 «910

1«030

«090 «140 «240 «340 «480 «580 «710 «800

«070 «100 «170 «250 «340 «410 «510 «570

DOTIEO DO PORTO A PENAK1EL

Estações 1.* classe 2.* classe 3.* classe

líio Tinto. Ennczinde. Vallongo. líecarei. Cctte . Paredes. Penufiel.

«120 «180 «310 «500 «590 «070 «740

«090 «140 «240 «390 «400 «520 «580

«070 «100 «170 $280 «330 «370 «110

Page 56: LICAÇ40 DO JORNAL DOS AUTISTAS

EM PREZA

-NAVEGAÇÃO POR VAPOR O VI.GAE&Vg; IJ ftl AUM.Vt

AOK.NTF.8 DA COMPANHA

LISBOA—CENTKNO & C.a—LAliGO DA MAGOAI,EXA, N.° <> PORTIMÃO — JEROXYMO OE UIVAR — LARGO OO SAPAL

CARREIRA DO ALGARVE

PREÇOS DAS PASSAGENS

Tortos dc partida c chegada

De Lisboa a

[ Sines. L Lagos. J Portimão. 1 Faro e Olhão .. •. I Ta vira. ' Villa K. de S. Antonio. /Lagos. | Portimão.

De Sines a.. <Faro e Olhito. r Tu vira. ' Villa R. do S. Antonio. I Portimão. Faro e Olhão. Ta vira.

> Villa R. de S. Antonio. : Faro c Olliào.

De Portimão a. •. ,'Tavira. |VillaR. de S. Antonio.

to /mi ' iTavira,. De Faro ou Olhao aj yiUa £ d(J g Antonio. Dc Tavira a Villa Real de SautoAntouio .

Dc Lagos a.

Presços de ida ou volta

43800 73500 73500' 83000 83500 03000 33800 33800 43800 53100 53(100

3000 13800 23000 33200 13800 23000 33200 13000 13200 13000

43200 03500 03500 73000 73500 83000 33200 33200 33800 43300 43800

3500 13500 23250 23000 13500 23250 23000

3800 13000 3800

23000 23100 23400 23000 238<X) 33200 13000 13000 13-100 13800 23200

3300 3800

13300 130(X) 3800

13300 13000 3500 3<X)0 3500

Page 57: LICAÇ40 DO JORNAL DOS AUTISTAS

CARREIRA 1)0 GUADIANA

1»REÇ0S DAS PASSAGENS

Preços <le ida ou volta

Pontos de partida c chegada O (O to

'o *o#

O to to CS

Tj r. oi

O to tr a

í Pomarao. De Mertola a.... Alcontim.

% (Villa R. de S. Antonio.

5300 5800

15500 5100

15000 5800

5400 5(500

15000 53(K) 58<X> 5(500

5200 5300 5150 55<X) 53(50 5300

l)c 1’omarào a... ^yj)^ jp S. Antonio De Alcoutim a Villa Kcal de Santo Antonio

Os menores até dois a quatro annos, um quarto de passagem ; de quatro a dez annos, meia dita. _

Os preços sito de cada bilhete. Será concedido 1 beliche a - ere- anças que paguem meia passagem cada uma, c igualmentc 1 beliche para 4 que paguem um quarto de passagem.

O passageiro que quizer ir só n'um camarim, pagará os outros lugares que occupar com abatimento de 20 por cento.

Bagagem livre até 30 kilogrammas : para os passageiros da ca- inara 1 bahu ou mala, 1 chapclleira c um sacco; para os do con- vez 1 volume.

N. 15. Todas as passagens silo sem comida, a qual se fornece aos passageiros que a desejarem pelo preço da tabclla de bordo. O cx- cesBO de bagagem alem de 30 kilogrammas concedidos, por cada 10 kilogrammas 250 réis.

As creanças de cólo nilo pagam \ de dois a dez annos, meia pas- sagem.

O excesso de. bagagem, alem dos 30 kilogrammas concedidos, por cada 10 kilogrmmas mais 150 réis.

As mercadorias só serão transportadas no vapor por ajuste cs- peceal, e quando houver opportunidade.

Page 58: LICAÇ40 DO JORNAL DOS AUTISTAS

MARÉS Conhecem-se as horas da marés pela idade da lua, que datado 1.»

dia da lua nova. Procurando essa idade 11a tabella seguinte ter-se- hào as horas de preamar e baixamar em um dia qualquer. Suppo- nhamos que se desejam saber os preamares e baixamares de 31 de janeiro; procurando este dia na folhinha acharemos que é o dia 5.® da lua, e procurando na primeira columna o n.“ 5, acharemos na mesma linha horisontal o que desejamos.

Quando na tabella das primeiras marés se notam marés da tarde, as mares da manhã d'essc dia sào as segundas do dia antecedente, como acontece 110 dia 30 da lua, cujas mares da manhã sào as se¬ guintes do dia 29.

TabeEln das gtrcamarcs c baixamares

Nli. As horas das marés do dia 1 da lua silo as mesmas do dia 10; as do dia 2, das do dia 17; c assim por deantc. O dia 8 da lua é quarto crescente, e o dia 23 quarto minguante, 0 dia 15 c lua cheia ' o dia 30 lua nova.

Page 59: LICAÇ40 DO JORNAL DOS AUTISTAS

57

AOS LEITCRES

Encetamos este anno a publicação de um Almanak no qual recupilamos alguns dos nossos escriptos e damos ou¬ tros que por certo agradarão aos nossos leitores.

Na parte litteraria quiséramos pode" desenvolver mais esto trabalho, mas como ensaio e pelo lado cconomico, não poderíamos ir muito além, mesmo ainda quando a falta do tempo não fosse também um motivo forte para nos limitar¬ mos ao que offerccemos.

Apesar de tudo, contamos com o bom acolhimento que os nossos leitores lhe farão, convencidos de que o espirito de animár esto genero de emprezas coexiste com a sua reconhecida utilidade.

Assim o damos á luz da publicidade e o entregamos á critica e favor dos nossos leitores, a quem prevenimos que desde já recebemos qualquer escripto destinado a ser pu¬ blicado no almanach de que sairá á luz om agosto.

Toda a correspondência será dirigida á IHrecção do Jornal dos Artistas.

0 TRABALHO <' Déját l’aubc flanchit, et 1’etoilc dernière D uis les cieux, par degrés, va j àlir sa lumiére: L’aurore va rouvrir le régne du « travail. »

T.it.amm

O trabalho é a vida dos povos, n’elle está o progresso material e moral sem que se possa dizer aonde termina aquelle c começa esto. Indagar os seus limites é absoluta-

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mente impossível ao espirito humano, podendo-se assegurar que a sua influencia ó simultânea n’csso maravilhoso pho- nomeno da vida a que se chama — progresso.

E incontestável que o trabalho constitue a riqueza geral dos povos civilisados.

E a riqueza geral é o producto do trabalho individual, Mas o trabalho carece do acçao, carece de movimento,

e o movimento e a acçao não podem existir sem liberdade. E por tanto necessário que o homem na immonsa arena

aberta a actividade humana possa livremente occupar a sua intelligoncia ou o seu braço no uso de tào inalianavcl direito; a não sor assim a3 suas aspirações seriam irrealisavois e o producto do seu trabalho impotente, mosmo para satisfazer ás primeiras necessidades da vida.

O trabalho oscravisado nào produz, nào pódc mesmo existir, — é como a arvoro a que se rouba a luz; nào florocc, nào fructifica, cança e osterelisa a terra por mais arada que seja, sem que as suas hastes, as suas folhas, possam servir do abrigo aos que açoitados polas tempestades pro- curam-a com esse fim.

O homem carece pois da mais ampla liberdade; occupan- do-sc o produzindo do modo que mais convém ao3 seus in- toresses. Vae n’isso o verdadeiro progresso material e moral.

E nào so destrua o equilíbrio natural das cousas. O traba¬ lho è uma matéria primaria indispensável a todas as indus¬ trias, cujas proporções se não podem dotorminar por mero capricho dos que o tem escravisado.

O trabalho carece de liberdade, e a liberdade ó segura- mente o elemento essencial do progresso c da civilisação dos povos.

Na Rússia é desgraçadamente o trabalho ainda escravi¬ sado sob o regimen de castas privilegiadas ; o estimulo de¬ terminado pelo natural interesso nào existe; o homem sub- mottido á vontado dos senhores som a acção do produzir é explorado por olles; mas a par d’cstc condenmado systoma tomos o da America e o da Suissa quo do subojo nos dá provas para bem dizermos a hora da emancipação do tra-

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balho, quo entre estes povos livras se tem tornado, podo dizer-se, a nnica causa do seu progresso, da sua civilisação o linalmente da sua aurprehendcntc o maravilhosa grandeza, quer sob o ponto de vista material, quer sob o ponto de vista moral.

Porém o trabalho carecendo do liberdade também procisa do mutuo auxilio do todos os que produzem:—o o auxilio está na associação :

E na associação regida por leis harmónicas o certas, se¬ guindo-se os interosses de cada um, está o meio do esta belccer uma força productiva mais potente, e que podoro- samente influo no bom estar do cidadào e não monos nafe- licidado geral dos povos.

As vantagens da associação entro os quo vivem do trabalho são, alem de económicas pelo auxilio mutuo, enormes pelo lado político e social.

E soopensamento de auxiliar a associação das classos pro- ductoras tom sido combatido, porquo as classes perveli- giadas tem visto n’ella o cxpoctro; a visão sinistra quo as atorrorisa' não nos illudamos nós quo o trabalho não podo existir sem liberdade o careco da associação.

Associem-se as classes produtoras e terão conquistado ditoitos indiscutivois que so lhes teem negado.

Vae n’isso a felicidade d’um povo; na asssociação está toda a força productiva do trabalho e a liberdade inheren- to ao homem.

A obra é grandiosa mas a aurora nasce risonha no vas¬ to horisonto do trabalho.

Domingos Vieira.

Credo político do dornal dos Artistas

Esta folha é puramonto democrática, sendo o seu fira principal illustrar o trabalho, deffendendo ao mesmo tompo todas as suas forças — os filhos d’elle.

E o trabalho que nobilita o homem, é elle o seu brasão o verdadeiro titulo de nobresa. Que se traduza em serrar

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e aplainar madeiras, emi construir paredes, forjar e bater o ferro, arar os campos, navegar os mares, pcrmuttar os generos, prescrutar a scicncia ou escrever livros, é elle só por si um principio incontestável e sagrado donde nasce o direito á igualdade.

Os executores do trabalho não podem deixar de ser diffe- rentes, os seus productos desiguaes, diversos os seus valores, variados os seus méritos, e muito outros os seus direitos á admiração, ao respeito, á homenagem e á gratidão dos seus concidadãos. O homem eminente em qualquer classe e em qualquer genero, o talento excepcional, a habilidade rara, o inventor d’um grande beneficio para a humanidade, não precisa ataviar-se com titulos e nomes convcncionaes do distineção, para que o consenso e a consciência publica sejam os primeiros a eleval-o acima de si o a engrinaldal-o com as flóres immarcessiveis do seu reconhecimento, fundindo-lho immorredoira estatua no seio da sua própria memória. Nào póde haver aqui uma egualdade, que se contraporia ao progresso o aperfeiçoamento da humanidade.

Mas o operário, o trabalhador, o homem d oíficio, o obreiro — emfim, — que produz o que pode dar, e que auxilia quanto cm si fcabe a vida da communidade, mantendo a sua própria á custa do seu suor, é um cidadão prestante, credor de todos os foros e regalias sociaes, e perfeitamente irmanado perante a egualdade civil, que é a base d’uma sociedade liberal.

Este jornal não nasce cortezão por isso não póde lisongear ninguém. Tem a lisonja por um veneno subtil que se não é já tão deletcrio nos paços dos poderosos, por se terem affoito a elle de longo tempo, é eminentemente nocivo ao povo, que não está acostumado a saboreal-a e lhe não co¬ nhece os perneciosos effeitos.

Lisongear os que imperam é um baixo myster d umas liturgias das cortes, que tem dias o horas marcadas de serviço, com formulas, ás vezes grutescas, c que aos habi¬ tuados não parecem já o que realmente são : umas coisas e uns actos ridículos. Essas praxes de convenção vão-so

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circunscrevendo cada vez mais a uin centro limitado de idolatras fanaticos, ou embusteiros, que pouco mal podem jil causar á humanidade, so a humanidade os for deixando no innocento exercício dos seus salamaleks, para se votar, cila, ao exercicio mais alto e mais protícuo do so engran¬ decer pelo trabalho.

Lisongear, porém, o povo, nào é o mesmo; é um perigo e um crime; perigo porque intibia as aspirações do individo á perfectibilidado, e crime porque tolho assim os movimentos do progresso.

Contiadamentc crente no futuro o Jornal dos Artistas nào tomará armas agressivas contra instituições estabole- cidas, esporando que a illustraçào dos povos as irájulgando, o o tempo successitfamente sentenciando e demolindo. A propaganda dcmocraticll, que é a sua bandeira, ha do tazel-a em paz, mas com rigor e imparcialidade. A liberdade e a egualdade perante a lei, hào do aqui ser deffcndidas ató á morte. O respeito e o acatamento á independencia do simples cidadào ou do mais lmmildc obreiro, hào de encontrar aqui o mais zeloso o dedicado deffensor.

Nào toquem na liberdade, nào calquem alei paraopprimir os pequenos e poucas vezes fallarcmos em som de guerra.

Á sombra da liberdade, o ;í luz do progresso lia do o concurso de todo3 os trabalhos produzir a sincera fratemi- dado dos povos.

J. p’Aveli,ar.

Charadas novíssima*

o.* Esta'ave só está na fabula ==2 1.

10.*

Que doce é a mulher do paehá — 2 e 2. 11.*

Xo jogo d’csta arma é perito"aquclle'monge — 1 e 2.

Corre corre devastando'= 2Jc 2. Makia J. G.

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G2

ri; oupkox

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1'ROUDllOiN

Respeitadores e admiradores das qualidades moracs c su¬ perior intolligçncia do cidadào com quo abrimos esta secção do nosso almanaeh, sentimos quo nos seus estreitos limites não possamos desenvolver a noticia que desejáramos dar a seu respeito.

Resumindo-a, pois, diremos que este operário, um dos or¬ namentos da imprensa da frança democrática, cujas obras justificam a gloria do nomo que conquistou, é um filho do povo francez nascido em Besançon cm 15 de julho de 1800, c fallccido om 2(5 de fevoreiro de 1865.

Durante a sua curta existência occupou-sc nos primeiros annos em trabalhos do impressão, vivendo assim d esta arte que ellc exerceu a principio na terra pátria c mais tarde cm Lião aonde se aperfeiçoou.

A primeira prova de consideração que Proudhon obteve, <! que serviu de estimulo áqucllc gonio occulto nas officinas, foi a do scr nomeado titular da pensão de Stunrd, pela aca¬ demia de Bosançon, cm 15 dagosto do 1888. Km 184 i Proudhon foi, polo departamento do Seina, eleito represen¬ tante do povo á assembléa constituinte.

Os seus escriptos deram-lho um nome grande. Foi rodactor de diíferentos jornaos, taes como, o Repre-

scutant, Le Peuplc, La Voix ãu> Peuple, Lc Pettplc <h IN:>0, e, durante a sua carreira de jornalista, Proudhon soflrcu a perseguição dos poderes constituídos, respondendo perante os fribunacs, em 1842 e em 1849, nos quaes, neste ultimo

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armo, foi condemnado á prisão aondo permaneceu desde 4 de junho do 1849 até 1852.

Mas ellc Legou-nos obras que são dignas de admiração : as Contradictions Economiques, De la Creation de Vordre datis Vhumanite, são dois grandes monumentos das suas glorias, e em muitas outras, ainda, altamente philosophicas que não mencionamos, revela elle a agudeza do seu espirito nas deducções lógicas da sua argumentação.

Proudhon foi pois o grande homem da França, e a seu respeito, considerando este paiz em relação aos diversos séculos e nos diversos reinados, podemos dizer delle o que egual- monte com justiça se diz do Voltaire. — « O que seria da França de Luiz XV se mão fora a França de Voltaire? •— O que seria hoje da França de Xapoleão III, d’essa * França corrompida que se foi desfacellar ás portas do Scdan se não fora a França de Proudhon ?

As obras que Proudhon legou á humanidade preparam- lho um novo mundo; — um dia, das trevas, a resurgirá a confarreação dos povos civilisados. *

Veneremos pois este grande elemento revolucionário dos nossos dias que, vivendo sempre sob a força compressiva de instituições caducas, soube combatel-as como cidadão, como político, e como philosopho, entronisando a virtude como base do seu systema; o o seu nome como apostolo da da Idéa Nova.

Charadas orlglnacs

1. * Do papá o eàosinlio quando chama, voa porque é ave — 1 e 1.

2. *

No mar a ovelha balando, uma nota dá, é doce ! — 1, 1, 1 e 1.

3.* Na muisca, esta nota canta o nosso destino — 1 e 1.

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DA POPULARIDADE AOS ESTADOS UNIDOS

O favor c a aura popular foi sempre, nas republicas amigas, um elemento essencial na governança dos estados. Era, pela indole própria do systema, a condição exclusiva da perma¬ nência do poder. N um povo, qual o de Athenas por exemplo, que mais se regia pelo influxo e persuasão dos seus tribunos, que pela stricta observância da lei e da rasão, e mais vezes se governava pelas paixões do que pelos interesses verda¬ deiros da republica, a popularidade era forçosamente para os que dirigiam os negocios o mais seguro meio dc firmar o seu poder. D’ahi procedia que uma corrente de perpetua lisonja e adulação se estabelecia entre as multidões capri¬ chosas e apaixonadas e os ardentes ou argutos demagogos, que pleiteavam entre si a passageira soberania intcilectual e o privilegio de serem os guias e directores da opinião.

Buscava-se então ser popular no volúvel conceito das turbas fanatisadas. Envidavam-se todos os artifícios da pa¬ lavra, todas as scducções da liberalidade, todos os alicientes do esplendor, para captivar a benevolcncia e a mercê das massas democráticas.

Acudia-se a toda a magnificência do scenario para attrair a boa vontade popular. Quando não bastava a oração elo¬ quente declamada desde o béma ou a tribuna aos cem mil ouvidos curiosos da ecclesia ou assombléa da nação, quando não era já sufficiente n engenhosa contemporisaçãocom todos os defeitos c caprichos do demos atheniense, enfeitiçavam-se os olhos e deleitava-se a phantasia das gentes insaciáveis do novidade, com as sumptuosas edificações e os artísticos

d

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portentos. E se ainda se não lograva conquistar a vassa¬ lagem, quasi idolatria dos obsccados cidadãos, os tribunos empenhavam a republica nas emprczas aventurosas, desen¬ rolando á sua vista ambiciosa o pvospeeto seductor das glorias militares, a posso dos thcsonros adquiridos pela vi- etoria e a vaidosa fruição do principado e hegemonia sobre todos os estados circumvisinhos. Estas foram as artes de Aristophonte c dojEericlcs, de Cleonto c de Alcibiades, os quaes, sem terem diplomas da sua auctondade e realeza expedidos pela arrogante chancellaria do direito divino, alcançaram instituir o estribar a sua preeminência durante largos annos c imperar a seu talante, honestando a própria omnipotência com a sombra da magestade popular.

Estas mesmas portias dc popularidade e bem querer das multidões, que vemos tào ruidosamente assignaladas nos dissídios odientos de Esc hirtes c Demosthencs, contendendo ambos por domesticar á sua palavra a paixào e alvedrio dos seus concidadãos, reproduzcm-sc em forma meno3 attica, qual quadrava ;l rudeza dos costumes medievos, nas re¬ publicas italianas.

As contendas, que produziram a queda c a punição dos Stuarts, com o supplicio dc Carlos X e a deposição do ul¬ timo rei da sua casa, andam estreitamento vinculadas com a lucta da popularidade entre os caudilhos da revolução.

Croimvell é a popularidade, que sc senta no throno, que cllc proprio csvacion em nome da liberdade. Monk é a po¬ pularidade, quo ceifa os seus loiros com a espada da traição. Carlos II, volvendo aedamado á terra d onde saira exul e proscripto, é a popularidade, que saúda os Stuarts com a mesma bocea c a mesma voz com que os poniu e detestou.

Nas modernas democracias ainda a popularidade, este mune invejoso, este Eroteo, que so transforma sem cessar, esta calvissima fortuna, quê revoluteia sem repouso a sua roda, vem representar o seu papel no tablado da revolução.

Durante a primeira republica franccza a popularidade é e crepúsculo matinal da guilhotina. Ao romper o dia os seu^ elarões, são acclamados os hcroòs, ao meio dia já su?pcit'«.

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«o descair da tarde conduzidos na sinistra carroça, aonde vem a desfazer-se todas as iliusòes da bem qucrença e affecto popular. A bafagam amena transmudou-se em borrasca tor¬ mentosa. A aura em furacão, a popularidade levantara v abatera os tribunos e os gcneraes da França republicana.

A popularidade erigiu sobre as minas da heroica demo¬ cracia o semi-deus do império eda victoria. E a popularidade, virando costas «cm deedcm, o desterrou» o cabo dos máximos triumphos, a ser o anachorcta do Oceano, a elle, que não tinha ainda bastante côrto c companhia nos arraiacs de seis centos mil guerreiros c no cortejo humildo de quasi tosdos os soberanos europeus.

A maior e mais insidiosa popularidade, que registou historia em nossos dias, foi a de Napoliào 111. E nenhum jjotentado ainda experimentou com mais duras e acerbas <!esillus8es a ironia d esta caprichosa divindade.

Nilo houve nunca no mundo um melhor e mais sagaz ar¬ tista no ofKcio de requestar o favor das multidões. E não sc conhece exemplo mais persuasivo c edificante de quanto é perigoso astear em tão debeis fundamentos a firmeza dos governos e o futuro das dvnastins. E tão instável, tão im¬ paciente, e digamol-o, com veni i das formosas, tão femenina a popularidade, que os seus favores são finezas e requebros de Dalila. Quando parece que vos amima e galanteia, vos corta as madeixas e vos entrega imbolic e despojado aos pliilisteus. E cotuo as ondas om mar encapellado, que ora vos alteiam ao dorso das liquidas montanhas, ora vos afun¬ dam no cavado e profundo de seus verdenegros sorvedouros. A popularidade sincera e verdadeira é moeda de baixa lei. tine será, quando é falsa e só tem a semelhança do cunho, e não os quilates do metal? Espontânea é enganadora e in¬ constante. Qno será quando é artificial, cnconnnendada, feitiça, venal, industriada como a rude comparsaria d uma peça thcatral sem mérito drainatieo? Ganhastes uma batalli:.. Volvestes pompeando com bom titulo a laureola dos illustre» capitães. Saem a receber-vos c a acclanmr-vos ao caminho us agradecidas povoações. Deixae correr alguns annos, talvez

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alguns mezes ou alguns dias e haveis de esquivar-vos com o desterro voluntário, como Themistocles, ao cambio impro¬ viso da fortuna e á sanha dos proprios, que vos enramaram a fronte de lauréis. E quando a popularidade volta assim tão desabrida a face aos seus dilectos, quando elles são grandes e heroos e quando ella foi já eordeal e verdadeira, o que será se os aeclamados não tom méritos feáes, senão o berço, o acaso, a tradição, e y produzida por artificio, como se fôra de folies e ventoinhas mercenárias, a aura e viração que os bafeja e desvanece?

Anda i ; prc a popularidade espreitando o norte nos poderosos da fortuna.

E como o coro de sereias que yos vão seguindo a esteira do baixel, em quanto os mares são leito e não principiam as aguas a ennovelar-se nas resacas e nas syrtes. Se a sorte vos desampara, lá se vão os arcos triumphaes arvorados pela mão officiosa dos amigos interesseiros e dos alugados cortezàos; lá se apagaram as luminárias, com o protexto de’ que o ar.no é escasso e não póde o azeite dispender-se n . stas estereis idolatrias; lá se einmudecem as liras, que .vos cantavam levantado n braços e nos escudos da mul¬ tidão enthusiasta ; lá principia a lisonja a eorrer-se de ex¬ cessiva e a esquadrinhar defeitos c senões onde tudo eram d antes virtudes e grandezas ; lá se retraem os telogrammas panegyjrjcos o os artigos encomiásticos, c a pouco trecho lá so rasga a folha ao breviário, onde estavam consagradas as antiphonas ao santo politico do dia. Carlos X teve a sua popularidade, teve a sua Luiz Filippe. Tomou-a D. Miguel por segurança eterna do seu throno. Levou-a alegremente a rainha Izabel.

E vede cm que pararam estas liturgias da realeza e estas devoçòes do direito diyino, estremo tradicional, ou disfar¬ çado com uma demão do falça democracia!

Latino Coelho.

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A respeito da poesia O Bispo, diz Pinheiro Chagas no seu Juiso Critico :

« Como Guilherme Braga soube em dois traços caracte- risar bem a physionoinia de dois vultos revolucionários!

Debalde o Vaticano affasta a sombra estranha, Que pesa sobre nós, de tanto horror transidos; Debaldo irrompe a luz dos flancos da montanha, Que é fulgido Sinai aos crentes perseguidos!

Fluctuam já sobre elle a tempestade e a morte; Vcla-o como um sudário a nevoa sepulchral, E Roma julga ouvir, nos vendáveis do Norte, Das barbaras legiòes a marcha triumphal! »

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C IIAlt.%I)

1.* • Sc a gloria n’isso ficou — 1 E essa gente assim faria, — 2 Porque rasão nào buscou Junto á praça da Alegria.

2.»

Eu sou ave industriosa = 2 E nào trago companhia —- 1 Sendo simples criminal Invoca-me a poesia.

3.* -Quando enrugo a face minha Sou mais que o vento inconstante Certo animal me articula = 1 Só me emprega o navegante — I

Sou dos braços paternaes ÍJovcn iiula) arrebatado ’ara vir meu corpo a ser

Antes dos frios gelo.

Cacwo e Sousa.

Eckvsaco

!

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Í10MÊS LEAL

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GOMES LEAL

Gomes Leal. pertence-lho logar ao lado dos distinctos no3 homens do trabalho, porque a sua vida, posto que curta ainda, tem-se assignalado notavelmente no cultivo do ter¬ reno ainda tào agreste das aspirações da classe operaria.

Reivindicar um direito estabelecido nos mais santos prin¬ cípios da justiça, adquirir no lauto banquete da civilisaçào o logar que pertence a quem n’ella gasta sangue, suor e intelligeneia, hombrear dignamente com o seu semelhante no goso dos benefícios, na representação individual e col- lectiva, honrar o trabalho e fazel-o altivo pela consciência de sua primasia no préstimo á causa cominum. Ser homem á imagem de Deus c egual ao seu semelhante; eis talvez a formula d’esta lucta que se ergue com o nome de Idéa Nova.

Gomes Leal tem por ella a idolatria das almas immen- samente apaixonadas, e o seu coração solta em vibrações melodiosas aquelle sentimento puro e sincoro que é uma grande dedicação, um fervor—a religião d’uma consciência.

Diz Pclletan com verdade que a poosia é a parte divina do coração humano.

O amor é um sentimento innato dos mais explendidos do nosso ser e reluz á nossa alma cora o fulgurar das emana¬ ções celestes, reflecte-nos a candura, a pureza eagrandio «idade do coo. O amor é a poesia.

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Gomes Leal amante excessivo da Idéa Nova é um dos seus poetas...

Podem chamal-o visionário, o louco, o preteneioso; mas hão de d:zer o niosnio da idéa que elle consubstancia ou em que molda os cantos de sua lyra.

A poesia ha tido uma missão cspinliosa no labutar da humanidade. Tem sido o arado do progresso, abre profundos sulcos á luz, e a semente das grandes evoluções fecunda-se ali com vigor.

Que a Idéa Nova ha de ser uma evolução, dil-o a uni¬ versalidade das aspirações ; dil-o a ineontestabilidade dos princípios que a firmam, dil-o a consciência de indiíferentes e inimigos; quando, com que forma e em que condições ? é que não se podo aventurar além do vago immenso das aspirações por ella definidas.

Mau prenuncio é este para seus inimigos de a cercarem já uma plêiada de cantores que lhe votam insinuantes en- deixas, justos queixumes, lisongeiras promessas, e fazendo repercutir os eccos accordam o hymno que um dia ha de marcar o triumpho o assignalar a metempsicose da idéa no facto.

Gomes Leal entra com justo titulo n’esta pleiade, e, se como é nossa convicção, a lida que vimoe de definir e que não misturamos com as aberrações e excessos que delia se pretendo derivar ou com ella servirem-se, representa para o homem do trabalho o bem estar a que tem direito; a ho¬ menagem que lhe damos na nossa galeria funda-so no zelo c interesse da missão que cumprimos.

Em Portugal a poesia realista assignalou a sua existência pelo rancor que lhe votou a escola romantica o pelo desforço com que se soube reagir c pagar injuria com injuria, odio com odio, afironta com affronta.

De parte a parte houve excesso, baixaram a individua¬ lidades e desconceituaram-se pela maneira da luta. Nem d’um nem d’outro lado havia razão.

Não houve entre elles linha divisória senão a dos odios e rancores, a evolução fez-so lenta, gradual c insensível

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como lenta, gradual e insensível é a evolução social que a poesia consubstancia.

Nós, os profanos, que assistiamo3 alheios á pugna, liamos soberhos versos realistas feitos pelos poetas românticos que obedeciam inconscientemente ao molde social, como também os poetas realistas nos cantavam versos românticos prestando sem sentir homenagem ás bollesas o primores da phantasia e da imaginação onde ha sensações agradaveis e inspirações de brilhante effcito.

A epocha é positiva, dizem os rialistas ; mas é corto que, por mais avaro que se faça o homem, por mais cioso que elle seja na aequisição de utilidades, elle escuta nos cami¬ nhos o cantor do rouxinol, desfranze a testa e illumina-se aos beijos do filho no berço ou ás meiguices da esposa, con¬ templa o naseimento e o occaso do sol.

As invasões não podem tudo destruir! A escola realista pregando a sua utilidade não consegue

annullar o lirismo que tem ainda missão a cumprir. Nem também a escola romantica deprimindo os positivis¬

tas nos convence que elles são inúteis. Fomos levados a esta divagação por sermos obrigados

a fallar de Gomes Leal nas lettras contemporâneas e de¬ sejarmos definir a nossa posição antes que pelo bom trato que a elle vamos dar nos supponham como partilhando os odios, rancores e azedumes de sua escola de que somos tão amantes, como respeitadores e attenciosos da adver¬ saria.

Gomes Leal conquistou um papel saliente na poesia moderna com o seu livro Claridades do Sul, a par de Gurrra Junqueiro o Cândido de Figueiredo; o cantar d’ollcs esca¬ lavra os cancros sociaes e põe a descoberto a gangrena em que so esphacela o mundo velho.

A poesia da revolução democrática não pódo ser outra coisa porque é aquillo mesmo a sua aspiração, destruir o injusto, sarar as longas feridas dos falsos princípios.

A revolução que se opera é essencialmente philosophica, antes que proceda, dá razão de si.

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Eli vejo-a vir ao longe perseguida Como d’um vento livido varrida Cheia de febre rota... muito além... Pelos eamiidios ásperos da historia

É a Canalha :

« Sào os parias, os servos, os ilotas

(^uc após longo soffrer atravez dos tempos esperam o dia de redempçdo em que os reis sagrados depois de passarem osguedelhados dirào :

>• Saúde aos maltrapilhos! »

A poesia realista c essencial mente plnlosophica, pódc fal- tar-Ihe o rigor do molde mas sabe impor-se pelo vigor do conceito.

.Nos duros ecus serenos Parece que nào ha um Deus para os pequenos!

Ou este outro.

.Oh Tristes ! Tristes ! Nobres montões dc nada!

Com que allude ao perpassar das grandezas que tiveram sou nome na historia para assentar a apologia da justiça com este outro.

• F, quer seja no Norte ou no Nascente « Luz sempre a tua espada! »

Gomos Leal tem a intuição plnlosophica c vasto conhe¬ cimento da historia.

Cada um dos seus versos dá assumpto a longas e profundas moditaeies.

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Qualquer das suas poesias é um poema inteiro, com a vastidão dos séculos o raciocínio dos tempos e o vaguear de grandes esperanças.

As Claridades do Sul tem pérolas preciosas. Os Lobos é o poema das mães, são o grande martyrio

da, mulher na dedicação maternal, é o filho perdido; hoje, para o exercito, amanhã para a esquadra, para o trabalho que o sequestra dos seus beijos, para a phtisica que para¬ sita com a miséria, para os degredos porque não sabe fazer os grandes roubos.

Os Lobos são a sociedade na sua noito escura que é voraz, terrivel o horrorosa para os miseráveis c deixa as mães na prostração, esperando o momento quo haja de ser também presa dos ccrvaes.

A taberna para a qual se dirige a misera e onde o poeta lhe aponta a desgraça da familia dos pobres, é o grande mal da desventurada classe.

Fechem-se ellas, arranquo-sc de lá o operário para não se esquecer da sua esposa e dos seus filhos, que a familia não vagueará pelo deserto das noites escuras e os lobos sociaes não farão presa nos innocentes mal protegidos com o fraco amparo das mães.

A innocencia é a ignorância a que se ha votado o homem do trabalho quo gasta os tempos devolutos na orgia, em vez de cuidar de sua educação moral.

A Canalha também 6 um poema vasto e extenso como a vida da humanidade que foi c ha de ser.

E leitura de meio quarto de hora mas é cogitação do longas noites.

Não raiou ainda o dia da Justiça Mas, breve, talvez se oiça a nova missa...

Será o epilogo d’essa noito escura cm quo se ouvem os réis cantando nas festas e

« Ello », o clles ->, — maiores do que as florestas — Chorarem nos degraoa.

São os salmo3 da desgraça levantando os legionários que

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« demolem os porticos reaes ...0 fazem resoar sobre os thronos os machados. »

Havemos citado com conscienciosa verdade a feição dc Gomes Leal na litteratura contemporânea e relações d’esta com 0 movimento social que vemos iniciar-so enorgicamete.

Para nós, Gomes Leal é um grande talento. Tem a rebustez e 0 denodo sobejamento valente para a

lucta em que se empenha a geração nova; como a vida lhe é longa ainda, abrem-se largos horisontes á sua dedicação. O seu nome é já distincto e adquiriu-o pelos seus versos que lhe deram o glorioso epitheto de poeta satanico porque a sua gargalhada faz estremecer o acolherem-se os que, de consciência impura e timidos da severidade dos opprimidos, voem no riso do poeta o louco dosvairamento da turba na hora de sua vindicta, pondo em andores de escarneo os reis esguedelhados, e fazondo-os gritar Saude aos maltrapilhos!

Gomes Leal póde não agradar ainda ao século, porque este assiste apenas á genezis da revolução que se presente, mas Gomes Leal é já para os homens do trabalho um de¬ nodado campeão, e se um dia a luz se fizer n aquella des- presada classe pela revolução evolutiva ou violenta que em taes previsões não ousamos aventurar-nos, Gomes Leal, merecerá as gratidões dos beneficiados e receberá nos lauréis da fama 0 justo prémio do seu talento, da sua grande de¬ dicação 0 da sinceridade do seu amor.

Por nossa parte esquecendo-nos, da amisade que lho votamos, esforçamo-nos por ser justos na apreciação que no3 foi pedida para honrarmos o seu retrato que vae figurar no Almanack dos Artistas.

LUIZ MASCARENHAS.

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O XOSSO «VCIIY ILLI NTRADO

Em virtude das nossas leis só pode ser jurado o cidadào que paga um certo tributo e sabe ler e escrever; e cá na parvalheira, logo que o pobre laponio sabe fazer o seu nome c soletrar uma palavra, já sabe ler e escrever para os effei- tos da lei, e assim é que sc tornam numerosos os episodios ou disparates.

lia tempo um jury, depois de ter descutido largamente sobre se o reo teria praticado o crime de que cra accusado, accordou por unanimidade dal-o por nào provado.

O presidente respondendo aos quesitos, escrevia : « Nào está provado, por maioria. Um outro jurado vendo isto, observou-lhe que nào era

por maioria mas por unanimidade. <i — Ora essa! o que abunda nào annulla. r> lhe respon¬

deu aquellc.

Charadas novíssima* 1. *

No moinho do moinho para moer — 1 e 2. 2. *

Na musica lía musica aqui esta scieucia — 1,1 e 1.

3. * Na musica todos temos esto nome — 1 c 1.

4. a Aqui esta parenta para escrever — 1 e 2.

5. »

Paf.s Dobrs.

Pàes Dobes.

Esta cidade estava alegre quando fazia peregrinações — 2 c 2. 6.*

É immenso este appeliido por ser fructa — 1 e 2. 7. *

Nào é cá, mas na cosinha que está esta cova — 11. M OUTEIRO.

8. *

Na musica do magistrado este instrumento = 1 e 2.

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CARLOS RELVAS

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*

CARLOS RELVAS

A contemplação ile obras bcllas, sublimes, eleva-nos e transporta-nos, e refleetindo sobre o alcance e a missão da arte c da seiencia folgamos de as ver reunidas nas creaçòes da intelligeneia humana.

Differentes vezes tivemos occasiSo de ver e de admirar os éxcellentes trabalhos do Carlos Relvas, fructo de um perfeito emprego dos processos photographicos. Dissemos admirar e somos de certo acompanhados n’essa admiração jx>r todos, quer artistas quer simplcsmentes amadores. K incontestável que Carlos Relvas tem para a arte um talento innato, sem o qual nunca teria attingido tào notável per¬ feição; sabemos, porém, que, sem conhecimentos-technicos não existo nem pôde existir arte, por isso diremos aos que tenham visto os trabalhos dc Carlos Relvas que ellc possue nma intelligeneia, por meio da qual, sem auxilio de mestre <hi de estranhas indicações, so tem tomado senhor de todos os segredos da technica. Pelo seu elevado entendimento, pela sna séria e estudiosa applicação, resolveu Carlos Relvas este, para tantos, difficil problema.

Se dissermos que, além das suas occtipações artistieas, elle tem muitos deveres a cumprir, que lhe exigem nào pequena parte de esforço physico e intcllectual; sc disser¬ mos que este homem, incansável cm produzir obras d arte, é ao mesmo tempo esposo affectuoso c pac sollicito, juntando a outros excrcicios a direcçfio intelligcntissima dos trabalhos de agricultura nas suas extensas c ilorescentes proprieda-

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des : teremos dado uma diminuta idéa da vitalidade do seu espirito e da sua proveitosa actividade.

Ainda nào é tempo de tratar em publico do que preoc- cupa actualmente a idéa de Relvas : falíamos apenas nas numerosas producçõos p!>otogrnphicas, obtidas por differentes processos e em que o talentoso artista reproduz as bellesas da naturesa na sua patria. Nilo procura effeitos, procura a verdade e a bellesa natural, que sabe combinar maravilho¬ samente pela boa escolha de posição do apparelho photo- graphico. Temos d’elle estampas que o mais inspirado pintor, com o maior sentimento do bello, nào traduziria melhor sobre a tella, nem com a maior comprelicnsão dos effeitos da luz; e nào ha ninguém que se ocèupe da reproducçào de paizagens que nào reconheça a innnensa difficuldnde que esses effeitos aprosentam. Só o talento, junto a profundos conhecimentos tcchnicos, está no caso de vencer essas diffi - culdades.

Nào podemos aqui fazer uma minuciosa mençào de. suas obras : damos em largos traços uma idéa sómente de sua faculdade productora.

O processo phothographieo dos retratos é completamente diverso. Para fazer um retra; > nas mais completas condi¬ ções de verdado, belleza eelegancia requerem-se qualidades e conhecimentos muito dilferentos dos que apontámos, fal- lando na reproducçào de paizagens : n uns e n'outros é Relvas um talento superior, e nos retratos se patenteia cont mais evidencia ainda a sua intelligencia o o seu sentimento do bello. Temos ouvido muitas pessoas queixarem-se de que a copia photogiaphica que produziram é imperfeita, falta-lhe um nào sei que, que ainda elles nào sabem definir, comparando comtudo a copia com o original, reconlmeemos que a imperfeição do trabalho é devida quasi sempre a um emprego machinal dos conhecimentos teehnicos sem a mais love sombra de sentimento artístico. Examinando os retratos de Carlos Rclvos, encontrámos rielles a imagem fiel e ver¬ dadeira do original, pois não se contenta em trabalhar mechanicamento ; codsagrou a sua primorosa intelligencia e

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a sua illustração ao estudo consciencioso de todas as phases da sua arte predilecta. Reconhecendo a influencia attra- hente da contemplação do bello, organisou o seu atelier por uma fôrma tal que as pessoas que tem de ser retratadas não experimentem senão sensações agradaveis ; alem d isso exerce o seu sympathico e amabilíssimo caracter uma grande influencia sobre o indivíduo, bem semelhante ao pintor, que durante cada sessão procura, conversando com o seu modelo, reconhecer-lhe as qualidades do espirito para melhor as fazer sobresair no seu trabalho; assim consegue Relvas levar insensivelmente os seus modelos á disposição do espirito e portanto de phisionomia mais agradavel il reproducçào photographica; além d’isso, auxiliado pelo seu talento artistico, nunca lhe escapa alguma das mil circum- stancias, que poderiam prejudicar os effeitos de luz, a plastica ou a verdade.

Também as suas photographias instantaneas, represen¬ tando animaes vivos, são d’uma execução e perfeição real¬ mente admiráveis ; requer esta applicaçào da photographia conhecimentos bem diversos dos que exigem os trabalhos referidos ; o leitor póde facilmente imaginar quanto tem de difiicil o obter uma cópia fiel e verdadeira de um animal vivo, sobro tudo em grande formato ; pois ainda assim são os trabalhos de Relvas n este genero de um superidr aca¬ bamento, e não só temos visto d elle quadros representando um único animal, como ainda rebanhos inteiros; observa¬ mos n esses quadros as mais finas c delicadas transições, desde as som' s mais fundas e pronunciadas até á mais viva luz; e essas tintas, ora cheias e acccntuadas, ora leves i ti uns;,ar ates, vemol-as representadas com igual v*a '.ide 119 pello li\ido do cavallo e na espessa lã dos carneiros.

Concluiremos esta pequena resenha, lembrando as pho¬ tographias a carvão, executadas pelo distineto mestre por meio do processo Marion. Vimos algumas estampas, feitas cm differontes tons, tanto nos retratos como nas paizagens, manifestar Carlos Relvas a pericia com que emprega este

<3*

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difíicil systcma, que se presta mais do quo outro qualquer á kellcsa pias ti ca; n'ello, como eni todos os demais pro¬ cessos, attinge a maior perfeição, cabendo-lhe além d’isso a honra do ter sido o primeiro na sua patria a apresental-o em producto verdadeiramento artístico.

Em toda a parte onde têm sido expostos os trabalhos de Carlos Relvas têm elles attrahido a attenção dos enten¬ dedores ; os relatórios das exposições internaciouaes de Paris, Vienna e Madrid deram d’ellos a mais lisongeira apreciação, e os jurys concederam-lhe sempre as primeiras medalhas.

Carlos liclvas, a (piem podemos justamente chamar a gloria da phototjrnphia, em Portugal é, no seu amor pela arte, de uma actividade incessante; completando ainda alguma obra, já o seu iucansavcl e fecundo espirito resolve novas manifestações; por isso também, graças a essa acti¬ vidade, a esse trabalho incessante e intelligente, elle merece e colhe aquella gloria, que a arte só concede a quem a toma a ella por irnico alvo. O numero doestes escolhidos é muito limitado.

.lOSRFlI I.EIPOLD.

• - -

• C XII A Si T

Quando a Inglaterra estava em guorra com a China, e lhe oceupava muitas cidades, um official inglez, muito porco, e que pelo seu desleixo nunca bebia vinho que o não entor¬ nasse sobre o fato, tendo um dia, com um /ninch, estragado umas calças de cnseihira branca que cfle estimava por serem feitas por um dos priíiieiros alfaiates de Londres, chamou o mais habil alfaiato (Vaqtiella cidade para lhe fazer uma outra calça egúah

Assim recouiniendou ao artista a quem chamou para lhe tomar a» medidas :

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— Se nao forem exactamente eguaes, acrescentou elle, não as acceito.

— Vou tomar-lho a medida, respondeu o alfaiate ; mas se v. me podesse ceder as suas calcas, melhor me respon- sabilisaria pelo trabalho.

O inglez consentiu n’isso. Passaram-se oito dias; uma o duas semanas depois d’estes,

e as calcas não chegavam. No fim d’um mez, cmfim, o alfaiate apresentou-so com um rosto risonho e prasenteiro levando a sua obra ao offieial inglez.

— Como ! lhe disse este, pois na China é preciso um moz para se fazer um par de calças ?

— Se so tratasse somente d isso, bem ia, respondeu o alfaiate, podia até servil-o em dois dias ; mas a pintura den-mo bastante trabalho para imitar com a maxima exa- etidào o modelo que me deu; creio porém ter conseguido os seus desejos: eu lh’as mostro para ver se as de-tlnguo. Estou certo de que se ha de enganar e...

O inglez olha com espanto para a obra, e apesar do seu desgosto interrompeu-o :

Cala-te, é permittido ser ehinez até este ponto.

Chilradas orlginacs

c* Na «•a*;!, na easa, na casa, tem casas — 1, 1 e 1.

õ.* Das garrafas <lc vinlio o melhor nào é para mim se o bobes, em¬

bora todos as tenham, n'osta terra— 1, 1 c 1. <;.*

K flor que se mira onde ha agua, <|uando se resa a Detiw — 1 c 2. 7. a

Qualquer viração me levanta e .«<: me quizeres legar os bens, tenho-o nas mãos — 1 e 2.

8. *

Incommodo nas runs qnanilo faz vento, porqne nào ignoro o qna dizem os livro» ; nào sou selvagem — 1 c 2.

*

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RAPHAEL ZACARIAS DA C OSTA

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RAPIIAEL ZACARIAS BA COSTA

_

E sempre com supremo jubilo quo u’osta secção damos cabimento a homens tão distinctos como esto, pelo seu tra¬ balho e polo seu talento!

Quando as narrações da historia estão tão ensanguen¬ tadas, bom ó que sc vão engrinaldando agora com as glorias pacilicas do trabalho e da arte.

Se aquelle magnifico axioma de Descartes fiti acceito com geral applauso — Kn penso, logo existo, — grande será a conquista do século cm que o axioma seja formulado 11 este sentido — Kn existo, logo trabalho !

E pois d um vulto grande pelo trabalho, c distincto pela sua arte, que vão occupar-se as ligeiras linhas biographicas quo sobre clle possuímos; não que o nosso fito seja sempre positivamente occupar-nos da ascendência dos nossoes ho- roes gloriosos, e arrcmessal-os á memória dos leitores, depois de lhe ter contado cscrujMilosameiitc os botões do primeiro casaco que elle vestia.

A tanto não chegam os nossos recursos de biographo; e que os altos ceos nos preservem d isso!

Não é novo de certo para todos quoseoecupam das nossas cousas nacionaes, a grande incúria cm que jaz o Jkllo. e o profundo de-salento que lavra nos nossos artistas.

A grande arte doCellini, não admira pois que não tenha tido grandes cultores, pois que é uma que carece cspeoial- mente de grandes estímulos, de apreciadores, de pessoas de tausto e gosto que as saibam retribuir, como se dá sem¬ pre nos grandes centros de vida, de luxo, nas eivilisaçõe* adiantadas.

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Quando tantas artes jazem sem cultivo, sem cultores, e sem apreço, que admira que uma que é das inais ricas e das raais faustuosas, como a de Rapluiel Zacharias da Costa, nào tenha tido incremento entro nós, nem tenlui prospe¬ rado?

E o certo é que sc os encomios nào lho faltaram, pela sua obra prima, a faca de mato, os compradores nem por isso surgiram o continuaram no remanso da sua paz bea- tifica de capitalistas, a guardarem os seus cofres fortes e a contentarem-so com os seus castiçaes c salvas de prata.

Ora nào ó dc certo o que escasseia mais entro nós — o dinheiro : mas sim o — bom gosto.

Porque nos lembramos perfeitamente d’aquelle magnifico typo de hespanhol que descreve MallcHllc nas Memórias de D. Juan, que nào tinha senào uma unica capa rota com que se cobria, c sem a qual andaria no estado do homem primitivo ; mas quo possuía uma magnifica collecçno dc pinturas, quo nSo vendia, e pela qual os reis e os museus da Europa dariam os seus milhões, — o que nao obraria um portuguez.

Sabemos além d’isso de celebres manias de ltolfandezes que se despojaram das suas fortunas, que chegavam a uma cilra incalculável de milhões de florins ; mas ainda nào nos consta que nenhum dos descendentes de Vasco da Gama, que affrontou um gigante tào negro, como o Adamastor, che¬ gasse a uma tào grande excitação cerebral.

Portanto, pois do que mais carecemos é do gosto. Ser rico em Portugal consiste em amontoar papeis de credito, ir a S. Carlos ouvir a Sass, c morrer algum dia nos braços da família consternada, diima apoplexia, effeito d’um pes¬ coço curto e d'um temperamento sanguíneo. Ser rico é amontoar capitaos, especular sobre os fundos, tor sobre- saltos quando vem a baixa ou alta, .quando se jogou na centraria, o deixar em legado no seu testamento algumas libras para a construcção do estabelecimentos pios.

Esta vida vegetativa, leva pois necessariamente ao grande abandono e desproso por todas as cousas bellas, e algum

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dia a vertnónos transportados, tíbcios de surpreza nossa e da carta geogfhphicít, para a Hofctontotia.

Os artistas raras vezes silo apreciado*, discutidos como devem, estimulados retribuídos, c ús vezes ainda liie chft mam — vadios, —- como, se quando elles trabalham, ti • vcssoin alguciu que lhes comprasse a.s obras, ou so elles devessem sentir unicamente praser em estarem a compor grandes ereuçoes para serem admiradas pela faniilia!

Kapliael /.acharias da Costa, portanto, n um tal meio, eroou-he como uma (Vossas flores espontâneas quo crescem, mau grado os gelos, no Monto .Branco, ou nas montanhas <la >Suissa. *

O que seria curioso, mas do que nós não podemos infor¬ mar devidainento os nossos leitor, s, seria descrever os-pri¬ meiros passos do distincto artista na sua carreira tão drflieil, contar-lhe as lutas, os desalentos, as horas de desoonsolòs, c os dias do vastas esperanças!

IVcllo apenas sabemos que era filho d’um honrado Ou¬ rives, que o iniciou nos. seus primorosos e delicados traba¬ lhos, quo na academia das Iiellas Art-s conquistou os pri¬ meiros louros ganhos pelo seu buril, c que uítimamenté a sua faca de mato, notável nào tanto talvez pela concepção, mas pela sua composição, lho grangeou uma reputação mo- recida entre os prííneiros artistas europeus.

Snbeíhos mais que a sua taca que se rccciou tivesse sido tragada j>elo Oceano, Joi aehada derradeiramente, e"*que só ftra do seu juiiz se encontrou um lord do assãs bom gosto quea«quizesse para si, prosando mais uma obra priuia do que- as lourfts libras -esterlinas.

Cousa mais digna ainda de citar-se — é que Rapliact /acharias da Costa é além d um artista de talento tnn ho¬ mem honesto; o que não é com certeza tuna das maiores vulgaridades.

Unir um grande talento a uma sã moral, como Cellini, 3(T uma celebridade c um homem de bem, são d’ossas cousas que reunidas devem ser esculpidas em letras d oura jíos fastos da humanidade.

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E ó pois com summo praser que n esta galeria do ver¬ dadeiros homens illustres, depois do João de Deus, o Col- lini do verso, registamos o nome notável o honrado de Raphacl Zaeharias da Costa, como um dos mais benemcritos.

G.

DKKPAIl.lTi:»

Um profossor do instrucção primaria, de bons tempos, podindo ao presidente da cnmara cpio attendesse aos estra¬ gos que uma certa estrada municipal lhe causava atravos- sando uns terrenos seus, escrevia-lhe n'estes termos :

« Ex.1"’ sr. e um coração insensível doe-so quando lhe chegam as verdados sr. presidente, pesso-lhequeattenda ao que se vai fazer. »

O mesmo, felicitando um cavalheiro que havia sido eleito deputado em oceasiào em que lhe disputaram a eleição, diri¬ giu-lho n’estes termos uma carta do felicitação :

« Ex.'m> sr.— Kelecito a v. ex.a por tão grande victoperio. »

Um dia, esto mosnio, vendeu um moinho que possuia, c, como era cousa do pouco valor, fez pelo seu proprio punho o escripto de venda, o qual não resistimos á tentação dc pu¬ blicar como um bom modelo.

«Declamou., alferes rofonnado,do maior idade, (foi pena que não tivesse juntado a certidão dc idade para pro- val-o) que vendo de hoje para todo o sempre um moinho desarmado cm exercício na rocha etc. o vai este por mim assignado com o meu nome, sobrenome, appdido c posto. »

Quem duvidará, depois de clareza tanta que não seja esto o proprio professor do sr. Jayme JoSé Ribeiro do Carva¬ lho, auctorde difforcutos Originae» Oupsculo*, quo por aí têm apparecido V 1

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DITO HKPIltITl OKO

Uma espanhola, solteirona, passava um dia por uma das ruas de Madrid ; havia-sc caracterisado de um inodo admi¬ rável para poder realisar os seus doces sonhos, mas foi logo descoberta. Passava junto de dois elegantes andaluzes que se interrogaram assim :

« — Para qué llovará esa soltorona tanta cola ? « — Porque quior ver si péga.

tii:m-»i: lá dow doido*

Um infeliz alienado que tinha saído de Rilhafoles por se julgar bom, occupava-se em trabalhos na demolição d um antigo convento da capital ; junto com elle trabalhavam diversos homens o entre estes um mestre que os dirigia.

Era no verilo, e íí hora da folga todos so recos¬ taram á sombra dos muros junto d um pequeno jardim. Dormiam todos excepto o doido que vendo os assim, lem- brou-se ir buscar uma enchada e com cila cortar a cabeça do mestre.

Feito esto serviço que ellc executou d um srt golpe, foi esconder a cabeça do infeliz e voltou apressadamente a acordar um dos companheiros a quem disso :

— Nilo sabos, fui agora esconder a cabeça do mestre Manoel ? Quando cllo acordar ha dc ser bom vel-o andar á busca d elia.

O companheiro nào comprehendia bem o que o trabalha¬ dor lhe dizia, mas voltando-se em seguida para o lado aonde adormecera aquollo, viu que effectivamonte o corpo nào tinha cabeça.

—O quo tizeste tu, lhe disse este? Deixa ; épar rirmos. Olha, ella está acolá por detrax

d aqualla alecrinoira.

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A .li STk;A

Muitos ha, sob o antigo Firmamento, Quò antes quo, uni dia, sopre aquelle vunto,

Que os varre para o chão, E os espalha :ts aragens o ás raízes, — A têein chamado em horas infelizes,

— E têcm chamado em vão!

Porque tu, ó justiça, ó L)cusa forte ! E que os animas só em quanto a morte

, Não 03 esconde emfiin ! Es sua luz no mar, e seus anhelos, — E és para nós mais bella que os raais bcllos

Lyrios de Chorasim!

Onde t escondes hoje?! A pedra dura Que me ha do tapar a valia escura,

Na solidão d’um vai.... Nào póde ser mais rija. mais pesada. Do que esta vida paííida, cansada,

Gemendo-te, ideal !

Porque, como nas largas despedidas, Com as mãos maceradas, estendidas,

Nós clamamos por ti; — Por ti, que és pura, forte o animadora, Como a agua de Bcthlem consoladora

Quo chorava David.

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!>1

Vijo teu nome oscripto em todo o inundo!... No Coo, nu Historia,' om tudo, até no fundo

Do coração da Mae! — Onde estás vã scíencia da Chaldea ? lio má, Grécia. Persepolis, JucTeà?

Triste Jerusalém!

Onde estás ó eidade consumida! Branca Sião deserta, envilecida,

— Tào chorada c tão só ! — Onde estaes, cultos mortos do Egypto? — Torres, amplas cidados de granito í

Muros de Jérichó ?!

Onde estaes’?!—Sobre o j><> donde surgistes V Desertas capitacs ! O 7'ristes. ! Tristes!

Nobres montões de nada ! Fulminaste-as, justiça etornamento ! — E quer seja no Norte ou no Crescente

— Luz, sempre, a tua espada !

Tu crias os varões simples, austeros, Os Aristides íntegros, severos,

— Os duros Cincinatos ; — Mas que vezes, teu nome é blasphcraado ! E adulas Cozar, treines do senado,

— E chamas-te Pilatos!

Que vezes é tou nome farça immundá ! Uma miséria pallida, profunda !

Palavra de sons vãos.... Que corre e faz o gyro a toda a terra, — E a cujo nome só se faz a guerra,

E matam-se os irmilos ? !

Tu estás longe da terra... mui distanto ! E em vão a tua luz divina e amante.

Buscamos tristomente,

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Como mn poeta cheio de saudade, Quo vao sentar-se :l extrema claridade

Que desce do poente !

Quantos por ti, debalde, têem clamado ! — Que grande mar de magnas elevado

Do mar da historia ao Ceu ! —■ Gilbcrt, no leito, ao fundo se consome, — Aquclle é Murger, que morreu de fome,

— Aquclle é Gallilcu !

Aquelle é Cimon, o heroe c o guia, Que salva a Grécia antiga n um só dia,

Com suas fortes naus!... — Aquelle é Mario, na enxovia escura. E aquelle, os olhos cavos da loucura,

E Salomão de Caus !

Ah ! quantas vezes presos perseguidos, Nas afHicções, nos choros abatidos

E nos exilios tristes.... Nào terào ao azul innnaculado, Erguido as mãos, Justiça, o em vão clamado,

— Justiça não existes !

Onde estás! ?... N’outros reinos luminosos, Onde os homens são fortes, valorosos

Amantes da Egualdade V — N um tranquillo paiz de irmãos e amigos V Ou nesse poço fundo dos antigos

Onde habitava a verdade ? !

Tempos de Roma! oh altos corações ! Quando os lieroes lavravam os torrões.

As soberbas collinas... E depois das contendas e das guerra*, Regressavam, cantando, ás suas. terra»

.Suas canções latina» !

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Viviam simples, fortes, socegados, Nos seus campos tranquillos, cultivados,

Na vida agreste e pura ! Nào era o ouro, ainda uma alavanca ! — Tinham sómente a Consciência branca,

E uma farinha escura!

Nós já nào temos essas crenças bellas! Nem as virtudes simples, singellas

D essa edade leal! — Vào-se indo os corações fortes e puros !!... E em vào clamamos n’estes tempos duros,

Mais duros que metal. iflr i • -.jV. f* 'J' . r’

N'estes tempos estreitos os inconstantes, Cheios d’erros e maguas penetrantes,

Em que os bons, os lieis.... Vào succumbindo aos vencedores, Outros morrem nas lagrimas, nas dóres,

Nos desterros cruéis.

E por ti, por ti, clamam tristemente, Do dia, á noite, —o ás horas dd poente

Na sua humilhaçào, Quando o sol no horisonte avermelhado, Moribundo, ferido o ensanguentado,

Parece um coraçào!

Porque tu és a fonte do deserto ; Tu cs a chuva, o pào, o cco aberto,

Es a bençào da Luz ! Es o ar á nossa alma escravisada ! — E nu.s punhos até da tua espada

Eu vejo ainda a Cruz!

Gomes Leal.

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JOÃO DE D ET*

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JOÃO DE DEUS

Nilo cabo nos estreitos limites (Teste almanach de certo, dar uma idéa larga d’csto semi-deus da Arte.

A ninguém também podia ser mais mal entregue do quo a mim o encargo da sMa noticia litteraria!

Além de quo tenho vivido sempre com elle íTaquella inquebrantável intimidado em quo o homem póde fazer realçar o escriptor, sempre tive pelas suas crcaçòes litte- rarias o fanatismo de que Victor Hugo diz que se sente possuido por Shakspeare.

« J’admire tout commo uno bete, » diz o poeta das Con¬ templações, acerca dos defeitos d'aquelle antigo histrião inglez que Voltaire chamou um selvagem.

Ora, o fanatismo c a paixão nào são de certo, os maio¬ res attributos da critica ; — mas teem eomtudo o grande mérito, quando partem d um escriptor sincero, de fazerem ver sobre um grande aspecto, totalmente novo, as qualida¬ des notáveis d'um artista, que por vezes a malevolência, a inveja, e a indcfferença d um século pretendem encubrir ou offuscar.

Comtudo, apesar que isto é unia rapida noticia, direi d# ; assagem, sobre este poeto fluente, meigo, nervoso c sen- >ivel as cousas mais severas e justas que souber.

O homem começa primeiro por admirar, o termina só mais tarde pela critica.

• A primeira phaso por quo passa o espirito do artista demi¬ te (Tuma grande obra (Tarte é pela admiração sem limites. Desgraçado (Taquelle que ao ver a Vénus de Milo começa por observar o braço quebrado! Precisava que o auetor lho partisse sobro as costas ! Precisava, nào. Substitua¬ mos o branco e divino braço de mármore da ostaiua por

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um respeitável marmeleiro, ou mesmo por um persuasivo chicote, como um com que uma gloriosa princeza ingleza íazia entrar o esposo nos deveres conjugaes. Eu sei ha mui¬ to, pois que m’o repetem todos os dias os somenos progres¬ sistas do meu paiz, que este século é um século do analyse. E ó por isso que eu todas as noites me de-to tranquillo, esperançado, depois do tanta analyse, nos grandes melho¬ ramentos ao século 20. E isto também que nos alenta a vida, e o realismo que descobre todas as chagas moraes e p3e a nu o coração humano ; tanto a nu que os heroes dos seus romances parece que já andam no Paraiso antes da vinha!

João de Deus, infelizmente, nào é um realista. Ello nas¬ ceu n’aquelles gloriosos e desgrenhados tempos românticos, quando todos os moços de dezoito annos eram scepticos, c fa¬ ziam detestáveis redondilhas cynicas.

0 maior grau de virilidade que pôde attingir um talento é luctar contra a corrente do seu tempo, e combater as suas idéa3 deploráveis, e vencel-as ! Mas antos de as vencer, que lucta !

Joào de Deus que teve esse talento combateu o mau gosto. Eu nào quero por isto insultar o romantismo que teve a sua rasào de ser ; mas apenas celebrar a sobrenatural co¬ ragem d'um poeta delicado, que, comprchendcndo o trans viado dos espíritos e dos seus exageros, soube apenas tomar do romantismo o que elle tem de rnais acoitavel—a liber¬ dade da fôrma, a propriedade das imagens, os sentimentos delicados, e o lyrismo naturalista.

Depois de Bocage foi sem contestação o primeiro poeta, que tomando da Arcadia só a pureza da língua, começou a tazer versos fáceis, correctos, humanos, delicados, e até — ó terror dos clássicos! que podiam naturalmente pare¬ cer prosa.

Porquo a grande maravilha até cntào do classicismo, dos Philintos, dos Garço os, dos Scmedos, era construir de tal fôrma o seu editicio poético que ninguém podesse entrar n elle sem levar na mào o dicionário da Mvthologia !

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João de Deus, muito ruais do que Garrett, do que tão alto soam os clarins da fama, foi talvez o primeiro poeta lyrico que entre nós mostrou que a poesia consiste no es- tylo, nas idéas, e não nas figuras poéticas ou do gramraatica, nos esdrúxulos, ou n aquellas palavras terríveis e latinas de que só Philíntho desceu á cova com o segredo.

Dizer quaes foram os elementos de que se formou a sua individualidade poética nao será facil.

Eu creio que ello foi beber a melhor parte das suas inspirações áquella singeleza lyridaca do Bocajc, á delica¬ deza e mimo de Gonzaga, e á poesia melancholica da Biblia.

Os poetas estrangeiros mediocromento o inspiraram. Com- tudo tem muito do sentimento da natureza de Lamartine o do mysticismo de Novalis.

E porque ? Porque um artista abandonado ás suas impressões c mo¬

dulando, singellamente a sua alma n’estas grandes mutiplica- ções da sua entidade que são as suas obras c as suas creações lpa de irresistível o naturalmente encontra-se com outros.

Assim é que Lesueur, sem nunca ter saido do Franca pintou ascetas e ermitas cavados de soffrimento, como os an¬ tigos pintores hespanhoes.

Porque advinhava, observava, sentia, tinha a intuição — ,esta dupla vista da alma.

E esta dupla vista que possuo João de Deus, Sem muitos livros, sem muitos conhecimentos sem muitos

materiaes, se fosse um philosopho, na vulgar acepção da pala¬ vra, ello iria só como Descartes, fazer um systoma novo.

Mas como todos os artistas, mais ou menos ello ama muito as suas horas docio, aquollas horas em que o poeta ouve a sonora musica das rimas, cm que as imagens formam grupos divinos e graciosos como córos de brancas deusas da Grécia, em que o sol é bom, o ar puro, o azul profundo e clemente, c a ociosidade c uma boa mãe, o não um pec- cado jnortal !

Ninguém melhor do que elle nasceu para aqucllcs tempo3

simples o limpidos dos frescos idvlios de Virgílio, em que 4

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!)8

a Ode tinha um culto, o cm que os poetas se coroavam de rosas.

Elle anda asphixiado, triste, abatido n’esta nossa vida moderna toda do cálculos e systomas, em que a politica trata de nos iiludir, o commorcio de nos arruinar o o ta¬ baco de nos levar á cova.

Nasceu para o amor c paro o cantar nos tempos em que a lyra imperava, c que os coraçõos se elevavam nas la¬ grimas da Ode até á bella montanha do ideal. Mas hoje todos nós sabemos que o coração é uma viscera, e votamol-o ao despreso. O mais quo fazemos, por vezes, é dissecal-o nos romances c nas mesas da autopsia.

Oomtudo nas mesas da autopsia é sempre- um coração humano, mais ou menos combatido: 1103 romances todos são dc tigres mais ferozes que os da Hircania, e outros ani- niaes funestos das florestas.

João de Deus, no entanto, tem defeitos dc fôrma, passagens confusas quo são anthithesos á sua natural simplicidade, impropriedades de rimas.

E o que talvez é uma macula no poeta, inicia logo o seu livro por uma grave injustiça a Byron que não merecia da parte dc João dc Deus aquolles versos erueise injustos.

Deixar ú turba banal e virtuosa os apredejamentos con¬ tra Byron, Baudelaire, 1 loine, e outros espíritos melancólicos, devorados á? vezes por desgostos e calamidades intimas !

Um grande talento tem mais oni que oecupar a sua aetividade do que 110 insulto aos. pobres mortos illustres.

Não sei quantos críticos moraes e philantropicos que in¬ dultam Byron queriam ir morrer pela liberdade da Grécia! Ninguém, nein mesmo o sr. barão de Mendonça, capaz de todos os sacrifícios pela gloria ! E cointudo a nação grati- lical-o-hia !....

Mau grado 0 pouco quo temos dito ; conhecer sómente João do Deus como poeta não é conhecol-o.

João de Deus tem toda uma lenda extraordinária e po¬ pular, que podia bem excluir as suas qualidades 'lyrica-» sem deixar de sor singular e poética.

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As suas aventuras, o seu bom lmmor o seu espirito, as suas extravagancias mesmo de Universidade, tilo conhecidas por muitos, não podem ter logar aqui.

Ello teve uma larga vida original e excêntrica, como nunca um lord inglez, combatido pelas nevroses, nos tros grandes reinos unidos.

A sua conversação é pittoresca, animada, por vezes cheia d’uma ironia superior, que nem todos entendem á primeira vista.

Na sua mocidade a sua bella barba preta d um aoosto- lo, os seus grandes olhos expressivos doces, deviam ter-lho proporcionado as queridas aventuras íempninas, de que a a sua vida aventurosa e romantica devia ser fértil.

João de Deus é baixo, d’uma pallidez do homem dadoás comtemplaçõcs interiores, do sabio e do mystico, nariz re¬ gular e perfeito, barba preta, hoje não muito crescida, c nos lábios um sorriso triste e esperituoso.

E uma alma superior, e um espirito d umas delicadezas até ao excesso.

Pinta desenha o escreve com umu perfeição surpreheu- dente.

As suas originalidades fizeram-o notável, os seus senti¬ mentos fazem-o adorado, as suas producções tornarain-o celebre.

Mas, comtudo este philosopho, este poeta, este artista, achou uma .missão mais alta a cumprir, e inventou o No¬ vo Mtthoâo de ensinar a ler a3 Creanças, que é hoje o maior poema que se tem escripto ultimamente.

As fadigas da vida, a grande sensibilidade poética sem¬ pre cm lucta teem-o abatido um pouco, tornado niais triste, mais amigo d'ouvir do que do fallar.

Veste do preto, anda ligeiramente curvado como sob o peso das suas reflexões, o sorri pouco.

Ah ! mas o seu sorriso é sempre o mesmo — superior o bom.

ÍÍOMIIS l.KAI..

*

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vfOlíGE WASHINGTON

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JORGE WASHINGTON

Procurao os bosques desconhecidos aonde brilha a espada de Washington e o que achareis? Tumulos? Não, um mundo ! Washington deixou os Estados-Unidos por tropheo sobre o seu campo de batalha, como disse Chateaubriant.

E esse mundo, cujas maravilhas do progresso a Europa contempla e admira, e cuja grandeza provém não tanto da sua natural riqueza como das suas instituirdes livres, tem uma historia brilhante e em suas paginas figura em primeiro Jogar o cidadão com que iliustramos o nosso almanaeh.

Jorge Washington foi um desses raros espiritos que pas¬ sam á posteridade com a grandeza da sua obra, do seu es [pirito, da sua virtude, da sua sciencia governativa o emtim dos gloriosos feitos com que soube immortalisar o seu nome.

Filho d aquelles povos que resurgiram entre as 'mattas virgens das terras que Chistovâo Colombo apontou ao ve¬ lho mundo, ã\ ashington foi um dos que niais cooperou, não n> para a independência nacional, como, para a instituirão da republica dos Estados-Unidos, que é hoje a escola do pmgnsso — o modelo dc um governo verdadeiramento de¬ mocrático.

Nascido em Eridgo-Creck em 17D2, contava apenas 22 annos de idade quando na occasiào da guerra levantada pelos inglezes contra os franoezes do Canadá, em 17Õ4 a 17(»0, empunhou a espada como official de milícias, aban¬ donando a sua profissão do engenheiro agrimensor. Durante e?ta guerra provou \\ ashington o seu talento militar no

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meio das innumeras difficuldades que o cercavam e que elle soube extinguir e vencer, obtendo para si, em honra dos seus feitos, o grão de coronel.

Finda esta epoca de aventuras militares, cm que elle só contou victorias, voltou ás occupações da sua vida domes¬ tica ; decorrendo assim alguns annos seirw que o nome, já então conhecido de Washington figurasse mais nos negocios políticos d aquellas colonias.

Entretanto as idéas democráticas e o sentimento de in¬ dependência progrediam incessantemente e firmavam-se de dia a dia á voz eloquente do Franklin; c a hora da grande revolução, approxiinava-se cada vez mais ao grito da inde¬ pendência nacional, reservando para este grande heroe da America um nome glorioso.

Pouco tempo depois, em 1774, o nome Washington figu¬ rava no numero dos sete deputados da Virginia, eleitos ao con¬ de Boston, que teve logar após a rotura d essas colonias com Inglaterra.

Em 1775 assumiu o cominando em chefe das tropas re¬ volucionarias ; e no anno seguinte, no cumprimento da missão que tomou a si, ardua e espinhosa, este heroe proclamou a independência dos Estados-Unidos, conseguindo com o seu genio prudência!, a sua constância e rara capacidade, e <> auxilio de alguns soccorros frnncezos, resistir aos elemen¬ tos poderosos c fortes da Inglaterra, levando a lucta até a capitulação, do general inglez Cornwallis, cm York-Toivn, em 1781.

Foi uma guerra do sete annos, vigorosa, onde o canhão mortífero da Gran Brecanha immudeceu envergonhado. E após essa lucta, em que a obra de Washington foi acceita como ligitima pela própria Inglaterra, reconhecendo em 178o a independência dos Estados-Unidos, em harmonia com os principies da sciencia economica que elle períilhava, com as necessidades reconhecidas do estudo, cujos destinos es¬ tavam então na sua própria mão, depoz nas mãos do governo a sua espada victoriosa, licenciando o exercito sem que este facto cm nada alterasse nem perturbasse a ordem publica.

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A sua grande obra estava concluida, e no dia seguinte a este acontecimento, Washington, de novo se tinha entre¬ gado á vida agrícola, voltando a risidir na sua quinta do Mount-Vernou.

Esto acto de abnegação, o seu amor pela liberdade, a sua virtude e o seu grande e natural talento, foram titulos raros que recommendaram desde logo o nome de Washing¬ ton aos olhos d’aquejlcs povos; e, com elfito, em 1780, foi eleito por unanimidade presidente da união, e ainda reeleito em 1793 pela mesma unanimidade.

Os povos da união manifestaram assim a sua confiança, e provaram bem quanto Washington valia a seus olhos; o este, durante todo o tempo da sua governação, não lhes pro¬ vou menos que estava á altura de corresponder aos (fosejos dos governados, mantendo a ordem e fazendo progredir as industrias e recrescer a crença nas instituições republica¬ nas.

Em 1797, Washington resignou o poder, e dois annos depois morreu contando 07 annos de idade.

Todas as nações teem olhado Washington como um dos altos espíritos, quo teem governado; um dos honrais sahios o probos, dignos da maior veneração ; e a sua morte ibi con¬ siderada uma calamidade publica.

Os Estados-Unidos choraram a sua falta com profunda magoa, bem dizendo a hora do seu nascimento !

A virtude, os seus feitos gloriosos, os grandes o r volan¬ tes serviços por elle prestados á patina que o viu'nascer e ao povo de quem era filho, não poderiam passar di sapper- eebidos aos olhos dos que lhe succeder.no mvgovemação sem gravo offensa feita á sua immortal memória, e pnroiss o congresso decidiu quo em sua honra se levanta»*.* um monumento na cidade federal, a qual tomou o nome de Wash- ington.

E quo o tributo sagrado de um povo grato á memória d aquellcs que bem merecem da patria, já «mis ficauo limbo do esquecimento.

Por muitos e muitos motivos não poderia passar para nós

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desappercebido este grande vulto d’aquelles Estados que hojo, á luz do progresso e da civilisaçào, é apontado na historia da America como um dos mais altos espíritos a quem aquclles povos devem as prosperidades e liberdades do que gosam. 1

Washington ignorou jamais os preceitos e regras quo de¬ vem existir na combinação harmónica de todas as peças que se movem no grande mcchanismo social c isso nâo é sómente sciencia.

Governar é também uma arte, c Washington mostrou que 11,10 desconhecia os preceitos o regras doesta arte.

Governou bem, foi um grande artista! Admiremos pois o conjuncto de boas qualidades quo dis¬

tinguiram \\ ashington, quo ellas relovam-sc na obra gran¬ diosa que ellc emprehondeuc consumou, e legou ao mundo!

A obra de \\ ashington não ó para um povo é para a humanidade! r

A humanidade a bem dirá! Paguemos pois em seu nome a divida quo ella lhe deve,

desde o dia em que elle deixou a sua vida do agrimensor para se occupar em serviço delia.

Tributemos á sua memória as poucas palavras que ao correr da penna nos occorrcm como noticia para os que desconhecem de todo a sua biographia, e deixemos a Fon- tanes a gloria do seu bem merecido elogio.

Para os Estados-Unidos, Washington, foi o primeiro ele¬ mento da sua independência. O Deus das suas liberdades! Para nóá é, na sua historia c na da fundação da republica — um alto espirito quo quizeramos fosse imitado em todas as suas obras. Um inimitável artista na arte de governar ho¬ mens livres!...

D. L. VlEIHA.

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FACTOS ARTÍSTICOS DO BRASIL

« Yêde-o soberbo, em pé! :is veias lhe circula « O sangue juvenil. O coração lhe pula * Da liberdade á voz

(Zallak.)

I

O Brasil, que deixou ha tanto tempo de ser politicamente ;olonia nossa, parece a muitos que o è ainda littcrariamente. Tom havido d’csto lado, na litteratura nacional, uma bar¬ reira de desdenhoso e injusto silencio.

É ver : quem conhece, quom falia aqui d’Alencar ou de Varella, ou de Macedo ou do Bernardo Guimarães, ou de Teixeira de Sousa ou de Joaquim Celso, ou de Kosendo Moniz, ou de Guimarães Júnior?

Quem deu aqui pela existência de Gonçalves Dias ou de Guilherme de Azevedo, ou de Junqueira Freire ou de Casimiro d'Abreu, antes que a reputação d’elles se nos impozesso de fóra, e ainda assim se nos impozesse com a brutalidade d’um facto, sem que procurássemos justifical-o para comnosco proprios pela serena ligitknidade da critica ?

Quem soube da eífervescencia litteraria da academia de S. Paulo, de que nos falia com tão generoso euthusiasmo Pessanha Porva?

Quem sabia entre nós, ha alguns mezes, quantos sabem hoje o nome de Pedro Américo, o aitista da Sarbona, o erudito da academia das bellas-artes de Paris, o discipulo do

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Coinhot, ío Vemot, e de Flaudrin ; o alumno de Dospretz, de Deviile e de Claude Bernard; o homem que pintou a Carioca e que discutiu a Esthetica com Tiberguien e o Po¬ sitivismo com Julio Mathieu?

Quantos sabem por ahi da existcncia de Carlos Gomes, que esteve aqui entre nós como Pedro Américo ; Carlos Gomes o compositor da Guarani, uma opera em que nào sonha de certo um certo dilottantismo de cA, mas em fim uma opera que foi laureada no Scala, cantada pela Sass c por Yillani e em cujo libreto trabalharam Antonio Scalavini e Carlos d Ormcviilc?

Nào vimos, porém, nós recentemente como esse dilettan- tismo bronco o pretencioso recebeu Miguel Angelo, o por¬ tuense compositor do Eurico ?

* * *

Vào-so felizmente derrocando aquellas barreiras que nos tem occultado uma parte formosíssima da nossa própria lit- teratura, ao passo que vamos tentando acompanhar com grandes difficuldades, do certo estremunhados e tropegos ainda, os outros povos da rapida evolução da Idéa o do Sentimento moderno.

, No. medir do avanço que clles nos levam e do tempo que temos perdido no lazzaronismo moral de que a nossa arte monotona c hypocrita, de que a nossa pobreza de critica, do que toda esta mystitícaçào grotesca que nos tem envol¬ vido na politica como na litteratura, são resultantes : — è natural a admiração d uns e a má vontade d’outros quando vemos todos ir-nos disputando a dianteira Aquelia vigorosís¬ sima creança chamada — o Brasil — a quem demos no berço mais as asperezas de padrasto de que os mimos do pae o que julgamos fadada apenas para nos amassar e for¬ necer o barro A nossa olaria de fadigas alarves o ricassas.

Que se admire é logico; mas que se admire, applauda e som reservas nem despeitos ; — que admiremos e nos rego- sijemos; — quo seja boa a admiração, porque em fim

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aquella creança admiravel que se banha no Aihazonas e trepa pelo Itá-tiaya,

as nuvens enfestando quo

.nos braços do granito A barca vigorosa um âmbito infinito,

como dizia /aluar, — é filha d’este velho venerando c he¬ roico que, se perdeu por momentos o tino no meio do turbi¬ lhão catholieo da Idade Média, foi, c ninguém póde esquecer que foi, quem com animo valente abriu motado da terra á outra metade; — quem rasgou nos horisontes purpurados do Oriente a larga senda por onde se precipitou com ancias a civilisação apertada e abafada no ergástulo da Idade Média. Foi elle, foi este velho sublime que se debruça sobre o immcnso Atlântico no extremo do Mundo Velho, queiu deu á civilisação no oxtremo do Novo Mundo aquella vas¬ tidão feracissima quo o ímmenso Amazonas rasga; — foi elle o que escreveu para todo o sempre o seu nome nos dorsos de todos os oceanos, o quo deu a historia á huina nidade o infante D. Henrique e á. arte de todos os séculos o Camões : — foi elle quem gerou o Brasil.

N aquelle solo opulento ha ossadas de nossos avôs ; n’a- quellas florestas ubérrimas ha talvez ainda vestigios de sangue portuguez; n'aquelle povo moço e forte circula abun¬ dantemente sangue nosso; no trabalho que sobra por aquellas praias e sertões, sentem-se braços de nossos irmãos ; aquella lingua é a nossa ; aquella historia ó a nossa ; aquella arte é a nossa; aquella litteratura é a nossa litteratura, porque senós somos dois estados, dois povos, somo uma sé nação, e... lembrança amarga!... os que lã pisam e cospem affrontas na signa portugueza, seriam uns infames se não fossem uns idiotas.

* * *

Olhemos, pois, desassombradamente, alegremente para aquelles progressos e valentias — sigamos com o alvoroço

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(la boa dltima e recebamos com a imparcialidade da critica 11011 sta os productos d aquellos talentos, os trabalhos d a- quelles obreiros, que são trabalhos portuguezes também.

E trabalhos notáveis alguns. líonipa-se e dissolva-se d’este lado como se tem ido rom¬

pendo e fustigando d’ontros, a acção injusta, odienta c pe¬ tulante das caniarilhas litteraria», que o niais que tem dado de genuinamente seu, é a conspiração do silencio esta cousa ridícula, que, como ha pouco dizia lloppe no seio de um dos primeiros congressos scientificos da Europa, é o recurso extremo dos dogmas e das escolas caducas c condcmnadas.

L. Cokdeiko.

i: c;\it■ esali>i

(ao MEU AMIGO 8. DE MAGALHÃES LIMA)

Um chama-se Antonclli, é o deus da Reacção, Traja a sotaina vil, manda no Vaticano. Olha para o passado, vê morto Geórdano E quer também matar ! c quer a Inquisição !

O outro ó Garibaldi, a Idéa, a Redempção, O homem qu expulsou de Nápoles um tyranno, (^ne não quiz ver na Italia, foroz o deshumano O espectro do Passado, a sombra da Traição.

Um vê ainda na Sombra os reflexos da Luz, Exconununga o Progresso em nome do Jesus E incensa o deus do Mal, no altar da Iniquidade....

O outro aflfronta a ira aos homens do Passado Saúda, cm Roma— a nova, a queda do Papado... Um quer o Dospotismo, o outro a Liberdade.

Porto. JOAQUIM D’ARACJO.

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XIYSTI2RIO* OO BCCO (i>’iiia r.uiiNA kscoxdida)

Morreu! — cccoava cin montes nús e seccos A minha voz — Morreu ! E a voz (los eecos

Ao longe suspirou ! ,— Dissipa-te ! visão da morta Olinda ! E um ecco brandainente disse — « Linda! *

Outro repetiu «Inda ! » E... íicou !

— Ainda ó bclla a dor que a mào da morte No valle d’escura sorte

Cultivou ! Quem ainda na campa se desvela ? — E um ecco brandamente disse — « Vella »

Outro repetiu — « Ella! » E... ticou!

— Alisa ainda os mádidos cabellos !... Na morte seus desvelos

Quem ousou?... Ai se a laços ainda me convida !... — E um ecco tristemente disse — « Vida ! »

Outro repetiu—« Ida! » E... ficou!

— Ido meu paraiso de magia ! O sol que mo cobria

Se apagou 1 — Dissipa-te ! visão ! Sombra d Olinda! E um ecco tristemente disse — « Linda! »

Outro repetiu — « Inda ! » E... expirou !

Barcellos. ALBERTO 1IÁLI1EIRO

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!>. MARIA JOSÉ DA SILVA CANUTO

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J). MAIU \ JOSÉ 1) \ SJLYA CAM TO

Ao Jornal dos Artistas destinado a promover a associa¬ ção e a instrucção publica, na o podia passar desapercebida I). Maria José da Silva Camilo, sem que deixássemos uma grande lacuna na nossa vida jornalística, porque os servi¬ ços que cila tem prestado á sociedade como martyr no ensino publico , são grandes e nSo vulgares, como não é vulgar esta decanda de quem nos occupamos.

Em verdade não cabe nos estreitos limites deste artigo, uma biographia completa da distincta professora, num a monos authorisado podia caber a honra d osto trabalho que não tem pretenções litterarias, nem outro merecimento que nào seja o da exuctidâo e verdade da noticia.

1). Mãria José Canuto, levada do amor pela instrucçào, dedicou-sc ao ensino publico ha longos annos, onde lhe tem envelhecido a matéria c não o espirito, porque, embora con¬ te hoje sessenta e cinco annos do idade, comtudo, apezar das leis lhe porinittirem o repouso, a vontade e o desejo do ser util ;í sociedade, póde nella inaisdo que a necessidade do seu dcscanço, .

Mas esta dccanda, nào é sómente distincta na arte de ensinar, como tem provado, preparando todos os annos para exames no lycou Nacional de Lisboa, um gran i ■ numero de meninas, que em abono da verdade, é uma das glorias da sua profissão; mas também artista na nossa liíteratura que cila cultiva com esmero: — Canuto é uma das nossas distinctas cscriptoras publicas e poetisa de merecimento no seu genero.

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Na aridez doseu trabalho diz ella nas Escavações, poesia que ha pouco publicou o Jornal do Povo :

Xào se casa o a, b, c Com a doce melodia : qncm de basta intelligencia perde o trilho á poesia

Este incessante malhar, quasi sempre cm pedra dura, afaz o braço á rudeza, o espirito á secura !

A verdade que cnoerrara estas duas quadras que deixa¬ mos transeriptas, ninguém melhor do que a incansável auctora a conhece. Ella com certeza é um grande talento, não diremos perdido no arido trabalho do ensino ; mas ap- proveitado, com utilidade da sociedade, na cultura dos es- piritos incultos, d’essa nova geração que se prepara para a grande reforma social que Leibnitiz por estas palavras : « dai-mo instrução publica durante um seeulo, e eu vos mudarei o mundo » assegurou fazer. Canuto votando pois a sua intelligencia o o seu trabalho á instrucçào da crença que tem um dia de ser mãe do familia, toma uma parte importante n’esscs serviços que sâo da humanidade e que bem dirá os seus oxforços, a sua abnegação e o seu traba¬ lho: — O seu nome na historia da nossa instrucção publica tomará um dos primeiros logarcs em honra das nossas letras.

Ainda não ha muito que esta escriptora e propagandista do ensino popular, em signaj de gratidão e respeito pelo nome do grande visconde de Castilho, deixou escriptas so¬ bro o seu tumulo estas palavras :

« Elle ropousa ! Calaram-se os odios mesquinhos, as insi¬ nuações traiçoeiras, a inveja luciferina. Calou-se tudo ante o semi-Deus, que se alou ao coro dos immortaes !

a Plantemos-lhe aqui este cedro ; quem sabe se o espirito que nos foi disvellado do amigo e mestre, quando passar nas brisas fagueiras da noite á meiga luz da terna amiga

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dos vates, não aspirará com prazer este singelo aroma de gratidão ! ? »

N’esta sympathica homenagem ao grande poeta, ao gran¬ de reformadador do ensino popular, ha um grande exemplo de virtude, um intimo sentimento de religião digno d’um coração bem formado. Estas palavras encerram um pen¬ samento prolundamente philosophico e uma verdade ina- balavel.

Quantas vezes a arma vil da calumnia e das insinuações periidas não é manejada até á sepultura; mas que vezes foi elia além d’esta ? Ali cessam todos os odios, todas as vinganças ! a Quem sabe se o espirito !....» Quem sabe se elle gosará os triubtos de gratidão ou sentirá das injurias, além da sepultura, a mão que o fere.

Deixemos a liberdade de consciência operar os seus et- feitos consoante á fé de cada um, como a nossa propagan¬ dista do ensino popular deixa ver das suas palavras.

Canuto pagou assim um tributo de amisade, nós pagamos uma divida em nome da sociedade que utilisa do seu saber e trabalho, escrevendo estas poucas linhas com a maxima imparcialidade e sem atavios a seu respeito.

É um dever acatar os que desinteressadamente influem e concorrem para o progresso material e moral da nossa sociedade, em cujo numero, D. Maria José da Silva Canuto, figura, sendo considerada como uma das que mais tem com- jorrido para este fim — como um dos ornameetos da nossa •ittcratura.

Mas na vida publica que ella tom seguido desinteressa¬ damente, levada por um sentimento humanitário, acompa¬ nhando o contribuindo para a grande evolução social, ha sem¬ pre espinhos : D. Maria José Canuto, apesar do seu saber, e da sua coragem e bondade, também por vezes tem sen¬ tido os abrolhos d’esta vida experimentando dissabores im- morecidos que a inveja lhe tem enxecado, obrigada por isso a entrar nas lides jornalísticas com intrepidez e sciencia, com lealdade e convicção impolluta.

Figura ella, pois, n'osta galeria de artistas distinctos, por-

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que, para nós, todos os seus titulos a recommendam como martyrd’um trabalho que niio é condignamente remunerado no nssso paiz, e como uma propagandista sinceramcnto con¬ victa dos serviços grandiosos que está prestando aos filhos do povo.

Porém, se, como cila diz n’aquellas suas Escavações.

.Lá disse Jesus ao grnpo que adormecia, que o espirito era forte ; mas a carne enfraquecia.

tiver de cedor aos embates da vida, e ao penoso encargo da suav missão por falta de forças physicas, a mocidade de Lisboa, o sobretudo das Mercês onde rego a sua cadeira do on3Íno publico, ha de sentir profundamente a sua falta.

Nao tecemos encomios immerecidos, bem longe d isso, com a maior simplicidade falíamos assim da distincta artista que nos maravilha com o seu incansável trabalho no ensino popular, o nos entretom com a amenidade dos seus escri- ptos que são hoje bem conhecidos do publico.

Nao pagamos -comodesejávamos o muito que lhe devemos: mas, com estes pequenos traços biographicos, mostramos somente quo não passam para nós desapercebidos os que bem merecem da sociedade c quo se distinguem pelo seu genio, arte- e trabalho.

n: vieira.

VIVO S Bi X TI M 05 X T O

Lm sugeito foi encommendar a uma oflicina um mauso- loo de primeira classe para encerrar os restos raortaes de sua esposa.

O artista — Que inscripção quer v. s.* gravar no tu¬ mulo ?

O sugeito — A que o mestre tiver mais cara !

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5 33 X K íi GB Cí C' 4t> X S K IS V A I> O Bt

Uma chuva torrencial surprehendeu um negro numa das ruas de f'orto-Rieo, aonde ainda a escravatura existe de facto: apenas isto se deu, este, tirou o chapoo e cautelosamente ímttou-o debaixo do casaco. Quanto mais chovia maior era o cuidado que olle tinha em guardal-o som pensar que a ca¬ beça o fato se lhe ensopavam d'agoa

« — Porque escondes tu o cliapeo, o porque o não o pões na cabeça para a não molhares tanto ? lhe perguntou um sugeito quo passava,

« — Não sou tão tolo como isso, respondeu o pobre negro, a minha cabeça é do meu senhor, mas o chapeo é meu ! »

-■ -

No Aucto da Baixa do Purgatório cncontra-se a seguin¬ te poesia popular marítima que nos dá a ideado sentimento poético do século XV o XVI.

It OíIAXtll

« Remando vão remadores Barca de grande alegria ; O patrão que a guiava Filho de Deus se diria. Anjos eram os remeiros, Que remavam á poldia ; Estandarte do esperança Oh que bem que parecia ! O mastro a fortaleza Como christal reluzia ; A vela com fé cozida Todo o mundo cxdarecia; A ribeira mui serena Que nenhum vento bolia. »

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PADREANTONIO JOSE NONES DA GLORIA

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A.MOMO JOSK MM-S DA GLOIUA

Tot ou tartl le « jzínio • IYree [toiir son éclut les nuagcs obcurs Klevóc contre lui par la maín dc 1’Envic

De IIolll.

As vocações sao diversas como diversas as organisações individuaes. Nem todos nascem para a mesma cousa, nem sempre as vocações se approveitam dovidamente. Perde-se muitas vezes um talento porque ao homem, nos seus pri¬ meiros annos, sem liberdado de seguir a sua natural vocaçào, erradamente lhe c marcada e determinada uma carreira contraria áquella que lhe ora destinada pela providencia. Caqui resulta que a mor parte das vezes esses talentos, esses génios, nào produzem nem podem produzir o que de¬ viam, de grande o admiravel aos olhos do mundo civilisado!

O abbade Weber diziorque, influindo a escolha do estado sobre todo o resto da nossa existência, por isso que fixa a nossa posiçào no mundo, e é a base no nosso futuro, e mui¬ tas vezes decide da nossa felicidade ou desgraça; o estudo da vocaçào, a escolha das occupações da vida, devia ser para todos os homens o objecto da mais incançavel solici¬ tude, e assumpto de exame mais serio e profundo.

Eis uma verdade que senào contesta e que com grave prejuiso da humanidade deixa de ser considerada.

Perde-se muitas vezes um grande poeta erradamente con¬ duzido para as aridas folhas de umas taboas de logarithmos; wn grande pintor, ou um genio na escultura quo no thea-

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tio da guerra nunca passará de um sujeito obscuro; um estadista, um jurisconsulto que nunca poderá ser um bom marceneiro; um grande talento finahnente em qualquer arte, porque essa verdade 6 tào despresada como muitas outras do grando e sublimo livro que o propheta nos legou e que poderiam já ter leito a redempção da humanidade.

.Nào se contestam, mas todos os dias temos exemplos do nenhum respeito por ellas e nào menos occasiôes do os ci¬ tarmos.

Antonio José Nunes da Gloria é um d’esses exemplos. Fez-se padre, mas elle é antes um talento que admiramos, um genio nas artes e não um orador da tribuna sagrada. Para uma cousa faltam-lhe os dons para outra sobeja-lhe o talento!

Temos visto muitos dos seus trabalhos, e, entre clles, ci¬ taremos os que dirigiu e em parte executou na igreja da Mexilhoeira Grande, que paroclda. Esses, nos bastavam para que elle nos attestasse o seu genio ; mas muitos outros em pintura que temos visto nos confirmam o juiso que fa¬ zemos do seu talento. Aonde recebeu Gloria as luzes que tem da pintura, da escultura e de outras artes ? Está n’isto a nossa admiração, vac n isso a nossa surpreza e o nome que elle conquista com bem justo fundamento de um talento artístico. No seminário aonde foi educado, com certeza, nada do que Gloria executa aprendeu, que uaquello estabeleci¬ mento de instrucçào publica apenas algumas noçòes do de¬ senho teria tido.

Paguemos pois, assim, uma divida a este nosso artista amador, a esto filho da terra quo no3 viu nascer e onde levantámos uma folha, dedicada aos artistas, por que elle além de ser um talento com quo a devemos iilustrar, é um d'esses caracteres probos dignos da consideração do to¬ dos. Foi sempre extremoso filho, tem sido bom irmão c é virtuoso cidadão.

Gloria além dos dotes da sua intelligencia não lhe faltam os do espirito. Elle nào é sómente um artista mas também um d’esses corações inspirados pelo sentimento da humani-

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<lado. A par da sua probidade e do seu talento, o sentimento do bem do proximo não o tem destinguido menos, repar¬ tindo com os mais obscuros os thesouros da sua intelligen- cia.

Em outubro do 1868, apenas Antonio da Gloria saiu do seminário, empregou todos os meios para organisar uma associação de artistas operários, como organisou, com o fim de lhe promover alguns melhoramentos materiaes e moraes.

O seu plano era grande, mas apenas poude ser cumprido em parte.

Criou-lhes um pequeno theatro, como meio de distrail-os das fadigas do seu trabalho quotidiano, e abriu-lhes uma aula noturna aonde elle proprio lhos leccionava os rudimentos in¬ dispensáveis ás artes mechanicas. Era incansável sem que se sentisse impotente para vencer as difliculdades que pesa¬ vam sobre seus hombros. Nào lhe faltava, apesar da sua dcbil constituição, a energia de que se carece para a rea- lisaçào de taes melhoramentos, nem aquella resignação com que na vida se vencem sempre as grandes contrariedades.

A sua missão era bem alta, instruindo o nosso operário e repartindo com elle os conhecimentos indispensáveis ás suas artes. Havia comprehendido que o operário sem es¬ cola para se instruir e aperfeiçoar no seu officio; sem luzes algumas sobre as artes mechanicas que exerce, jámais poderia satisfazer com o seu producto ás mais reconhecidas e urgentes necessidades; por isso, levado pelo sentimento humanitário e ainda pelo amor das artes que elle considera em alto grau, empregou assim os meios de ropartir com elles não só o que tinha aprendido, mas o muito que a pro¬ videncia lhe concedeu! Por alguns annos foi essa a sua vida, o seu trabalho assiduo que sómente abandonou no dia cm que a politica local, essa politica mesquinha e nociva, filha da emulação e da condemnavel inveja, lhe invadiu o arraial d’aquelles seus uleis trabalhos!...

Semeava flores, colhou para si abrolhos, sentindo-se, ape- zar de tudo, penalisado por nào ter concluído a sua obra que era grando.

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Elle conta hojo quarenta de idade, tem um parecer som¬ brio, e é um d’esses espiritos concentrados que logo revelam o genio artístico.

— Ainda lioje Antonio da Gloria, vivendo na Mexilhoeira Grande, entregue aos seus livros, perde, sempre que póde e com praser, algumas horas no ensino dos que o procuram.

Com taes titulos, Antonio José Nunes da Gloria que vem ainda hoje illustrar este nosso pequeno trabalho.

D. VlEIBA.

FOI BLMCAIl Ll FICOU TOSQUIADO

Um municipal de Middleton foi encarregado de conduzir um alienado ao hospício de Lancastro o tinha o documento com que o acompanhava na sua carteira. Como o alienado pertencia a uma família bastante respeitável, alugou-lhe um trem no qual o doido nào mostrou a mínima difficuldade em entrar, convencido de que era para dar um passeio para se distrair. Durante a jornada o doente concebeu algumas suspeitas, mas nào as revelou, e ao contrario continuou mostrando-se encantado do seu passeio. Quando chegaram a Lancastre era tarde para o municipal se apresentar no hospício, em virtudo do que este resolveu pernoitar u’um hotel.

O doente acordou do madrugada, c certo de que seu companheiro dormia profundamente, levantou-se, buscou as algibeiras do fato deste, o encontrou dentro da carteira o documento com que havia de desempenhar a sua commissào. As suas suspeitas eram fundadas. Meditou um pouco, e em seguida tomou o expediente que julgou mais acertado. Ves¬ te-se e sae immediatamente e com direcção ao hospício ; diri¬ ge-se a um dos croados que estava já a pé, e advirtiu-o de que dentro em pouco iria ali com um doido que na sua jornada conduzia dos arredores de Middleton.

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— Ê um ratão exquisito, disso ello, tem toda a qualidade de chimeras e manias n’aquella cabeça, a ultima é dizer que vem trazer-me ao hospicio porque estou doido, e que elle ha de desempenhar a sua missào. E preciso ter paciência com ello. O que quer v... é um louco excêntrico!

O creado prometteu aproveitar o aviso e o verdadeiro doido voltou ao hotel.

O municipal ainda dormia. — Pois ainda v. dorme! gritou o alienado entrando :

tenho fome, vamos almoçar. Já dei um passeio pela cidade ; c não mo sinto de todo mal.

— Quer v. acompanhar-me depois de almoçar: eu também desejo ver Lancastre e v. naturalmento não está ainda fatigado ?

O alienado annuiu da melhor vontade, e depois de terem almoçado saíram; o municipal dirigiu-se ao hospicio para depositar ali aquolle.

— Que bonito edifício que é aquelle que acolá está! — E verdade tem umabella apparencia; replicou o outro,

e realmento gostava ver o interior. — Eu tambom. — Vamos então? O municipal tocou a campainha electrica, e o creado que

já esperava o doido, estava ali proximo com alguns guardas para recebel-o. O municipal procura a sua carteira para cumprir a sua missão, mas o alienado a esto tempo en trega o documento ao creado, dizendo-lhe :

« Aqui está o homem de que lhe fallei ha pouco. Tenha-o bem seguro, corte-lhe os cebeilos; e se elle se enquictar e tornar-se furioso, não tem mais do que por-lhe a camisa do forças. »

O pobre funecionario foi, pois, acceite apesar dos seus protestos contra esto quiproquo. Elle gritava que era engano e qua ora o seu companheiro quem estava doido. « Ora adeus, » lhe respondiam ; e quanto mais elle se irritava, tanto mais se convenciam da sua loucura: até que atinai, desesperado o despeitado por ser a victima da lucidez de

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um doido, so enraiveceu a ponto de ser necessário vesti- rein-lhe a camisa de forças.

O verdadeiro louco voltou eontentissimo para o hotel e depois do sc julgar restaurado voltou para sua casa.

— Que lizeste do teu companheiro ? lhe perguntaram. — Fil-o encerrar na casa dos loucos em Lancastre. Cem effeito, ofunccionario estava no risco de perder a razào

por ter sido tão habilmente illudido poí um doido; e teria isso acontecido se nao fora a ordem do magistrado de Mid- dleton que tomando conhecimento desta occorreneia o mandou pôr em liberdade.

oe o 8r. Esteves de Carvalho tivesse procedido assim para com o sr. May Figueira o o director de Rilhafoles, nao se queixaria hoje com tanta razào, o teria logo casti¬ gado os autores do attentado que se praticou contra a sua liberdade.

- —

D1ÍV1M Mal sabes o que soflVo n um momento De duvida ou ciumc! Se soubesses, I ao bem formado coraçào pareces Que me nào davas nunca esse tormento.

l)espedir-me do ti; a face rindo, Mas estalando o coraçào!... que em summa Deus.me livrasse a mim por fôrma alguma, De te nublar um dia o gesto lindo!

Que eu soffra, muito embora! O meu destino Qual é senão soífrer a vida inteira, Causa da tua lagrima primeira F que nunca serei. Nào te amofino!

Quiz converter a terra cm paraiso! Vendo uma luz no ceo, ergui o braço A ver so apanhava n’csse espaço Como faz a crcança sem juizo!

Joâo dk Dkus.

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A JUSTIÇA POR 86B ^ U 3' I li tf>

Um velho advogado do tribunal da Boa-hora, em Lisboa, foi nomeado em audiência pelo juiz afim de tomar a defeza d’uina pobre mulher que respondia cm policia correccional.

— « Sr, juiz, v. ex.1 dá licença que vá conferenciar com n minha cliente? disse o advogado. »

« — Bois nâo ? lho respodeu o juiz. » O advogado levantou-se e chamou a ré para uma casa

immediata á sala do tribunal. « — Então, diga lá, quanto dá você ? lhe perguntou

aquellc. _ «■ — O sr. doutor, pois que ihe hei de dar, se sou pobre e

nito tenho nada! » « — Pois nem ao menos dois pintos ? «—Netn um ; durante estes dias que tenho estado na

cadeia tenho vivido da caridade publica ! » « — Pois nem doze vinteins ? » « — Nao senhor, nem ao menos para comprar um pào

tenho hoje. « — Bom. E ambos voltaram para o tribunal. Seguiu-se a audiência, até que pelo juiz foi dada a pala¬

vra ao defensor da ré. Esto levanta-se e voltando-so para o juiz diz:

«—Fiat de, justiça, sr. juiz ! » o inclinando-se em segui¬ da pera um collega continua !

— Ta! paga tal cantiga. •

. - —O**—

86ST8) COM SJWSPii 811 TO.

Um audaluz nas ua s d o c 1 a r a çO ■ ■ s amorasasdiziaa sua bellai — Seôoritu. mi amor és puro.... — De regalia ! rospondeu-!ho cila.

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CESAR POLLA

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CESAll POLLA

Se ha carreira na Arte quo seja cercada de espinhos, nenhuma maia de certo do quo a vida de actor, ella é unia lucta permanento ; sempre a acçáo ; sempre o combate ; sempre o sangue trio, aliás uma hesitação pódc tornar-se n’um revés, o nenhuns revezes fazem mais ruido nem são mais desastrosos, depois das dos generaes, do que os do }ia!co!

Porque? Porque como as dos generaes os seus distroços ou os seus triumphos repercutem-se logo; teem logo a sancçào ou o desagrado publico; começa logo ali a chronica, a his¬ toria, a immortalidade e o desagrado, ou a indirterença hu¬ milhante, sem um raio do gloria.

Uma ruina ou um monumento! Vencer o grande mar das opiniões humanas ó portanto

talvez a victoria mais difficil; estabelecer a grande corrente eloctrica que abala n um dado momento uma turba ao mesmo tempo, como um mar levantado por uma tempestade é o triumpho humano mais glorioso e que só é dado realisar — ao orador, ao actor e ao poeta, ao maestro divino — aquello ente privilegiado que se chama artista, na accepção gran¬ diosa da palavra.

Cczar Polia, na sua larga carreira, deve ter conhecido estes momentos supremos em que a victoria depende d um gesto, uma ovação duma palavra beiu acentuada !

Elle deve ter gratas recordações d aquelles momentos, em que o artista quasi que não couheco o seu estado, quasi

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<iue não pensa, depois das doudas vertigens duma tempes¬ tade dapplausos.

I ois bem, elle que diga, a finidade, se bastantes noites antes de se erguer o panno em que se ha de talvez decidir uma batalíia, elle nào ha de ter sentido a hesitação, terri- vel, aquella hesitação convulsiva de que Difaxet dizia que a punha todas as noites na situação d uma debutante!

Isào além doutros mais duros, estes os espinhos da vida de actor : —a hesitação, a duvida, a anciedade; os grandes receios seguidos á» vezos «lo ovações que na organisaçào nervosa dos artistas chegam até ao dilacerar das lenços, aos grandes abraços, ú consolação incomparável das lagrimas !

O palco portuguez pode-se dizer hoje sinceramente ou leahmnte, conta bons actores : a alguns falta-lho a direeçào, o estudo, o bom gosto, a boa escola — e mais lamentável ainda do que isso, principalmente, o bem publico. lias dc aquelles mesmos a quem faltam muitos destes requisitos todas as noites ha novas provas d'um grande talento vivo, no\o, peninsular, que os locahstas, os ratos do bastidores e um publico irrasoavel nào conseguem de todo penetrar.

Temos continuo» exemplos. Lezar folia que é ho jo um dos primeiro» artistas.do palco,

merece unia menção especial: já porque tem um gosto muit< apreciado, distincto; já porque é um dos que hoje sabe mai da sua arto.

Eile nào tem sacrificado a sua vocação á deusa dostrinm- pnos taceis; as ovações que nada significam: á musa da >aixa opereta, da baixa canção, da baixa comedia ; aos

applausoa vulgares d um publico cotnmum, sem gosto, pe¬ quenino, saído da rua dos Rctrozeiros, rindo epileticamente com iarça.s ly ricas, e tendo convulções de se lazer ideota deante d um ideal barato c que mo ira as ligas...

Aiistocrata da Arte tem sustentado as suas tradic^õos : nào tem querido deitar nunca uma nedoa nos seus per¬

gaminhos ! b iuno Ciiambord que presa as sua:* ííõres de !iz, eile morrerá amando as velhas trndicçòcs de bom gosto, de ideal, jiara que nasceu, e para cujo ceo se levantaram os seus o.nos, como uma consolação e um destino.

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Mais do que nenhum outro actor em Portugal elle possuo a exposição. Sabe dizer bem o seu papel; nào devora pa¬ lavras como um inglez ou como um comico do baixo plano sem convicção e sem dentes.; é correcto; pronuncia distin- ctamente; tem urna elevada dcclamação.

Sabe ser sarcástico, tem o riso fino, tem o gesto, tom as reticências, tem os ditos sublinhados, cadenceados, profun¬ dos; acompanhados d um encolher de hombros desdenhoso, d’uma risada aguda.

Nào c um cllephistopheles como o entendeu Petit, é um verdadeiro ellephistoplu les a Ary Sheífcr — rindo sombria¬ mente.

.V sua indole pede sempre os papeis de reflexão, frios, do cabeça, do analyse, tinos, delicados; não aquelles cm que basta abrir enormemente a bocea e uns grandes bra¬ ços desconsolados, acompanhados d um interminável nu¬ mero de ohs!... o de ahs!... que alguns dramaturgos ingçnuos tomam por indícios de paixão.

E hoje o primeiro artista nosso, n’oste genero — que cu chamarei o genero Tommorol por ser um typo distincto, n uma comedia moderna, d’um escriptor altamente moderno se assim se póde dizer, e onde o seu caracter ficou reco¬ nhecido, c acentuado.

Nós que não amamos as baixas lisonjas nem tecemos ico mios inconscientes ; mas que também nào somos capazes de callar um elogio merecido, aqui traçamos ligeiramente sobre Polia estas linhas desapaixonadas e verdadeiras, sob o nosso ponto de vista, e que nos parece dar a face mais caractoristica da sua vocação.

Com um publico mais educado, menos prevertido pelas obras dc Torrai 1 c pelo sr. barão de Mendonça, Olfenbaeh & C.a, Polia teria tido no estrangeiro, ou aqui, sem estes elementos dissolventes, um destino mais alto e glorioso. O seu talento aporfeieoar-se-hia mais; a sua individualidade encontraria muito mais recursos em si.

Assim mesmo c'ic e mais uma nobre legião d artistas tem resistido valentemente á carreira impetuoso do pidhisma

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artístico, da prever sito, sem ideal, da comedia e da farça do vaudeville mal traduzido o sem syntaxo.

Todos se lembram das suas coroas 11a Fernanda da Fa¬ mília Mongral, do Afilhado de Pompignac, — ainda ha pouco tào applaudido no gymnasio — e todo o vasto reportorio, quo escusamos de mencionar em quo ó preciso dizer bem, ter gostos concentrados, reflcctidos, declamação grave, exposição clara e intelligivel.

Polia é hoje o empresário do Gymnasio, o chefe da companhia — e para seu completo elogio, nem guardo as profundas e occultas dissenções dos bastidores, Polia fez-se respeitar e amar dos seus collegas o companheiros, que como elle emigraram, e estão continuamentc emigrando para aquella pequena Thebaida da arte dramatica.

Hoje quem quer as> reducçõcs económicas do baixo im¬ pério procura a opereta e a plastica d’algodâo cm rama ; quem quer, no emtanto ver representar a alta comedia, e deseja as emoções do drama, applaude sinceramente, como nós, Polia, um talento moderno, — todo reflexão, todo analysc, subtileza.

Eis o que sobre Polia nos occorre ao ligeiro correr da penna, com a qual desejaríamos desenhar, se soubéssemos, a seu favor, flôros mais ideaes do que um chincz nas suas porcellanas transparentes.

Gomes Leal.

AREIS, A PARTIR

Murmurio d’agua, virarão arpejo Ecco de trova, que chegar aqui, São ais do peito, soluçado beijo E mil saudades que te envio a ti!

(Tribuna) A. Malueiko.

187li—poctisiIo— tvpograpiua da lihebdadk.

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