Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação - 1 - LETRAMENTOS E PRÁTICAS SOCIAIS NA CONVERGÊNCIA DE MÍDIAS Terezinha Fernandes Martins de Souza – UFMT/UFSC Dulce Márcia Cruz - UFSC Resumo Este estudo é parte integrante de uma pesquisa mais ampla, desenvolvida pelo Grupo no CNPq, o EDUMIDIA da Universidade Federal de Santa Catarina, para mapear o perfil midiático de sujeitos em formação em cursos de licenciatura. O recorte apresentado tem como objetivo refletir sobre os letramentos no contexto da convergência de mídias, buscando possíveis respostas à questão: de que modo o acesso, a apropriação, o consumo e a produção de mídias nas práticas sociais de sujeitos contribuem para a ampliação dos letramentos? A pesquisa está sendo desenvolvida a partir de um estudo exploratório sobre o modo como o conceito de letramentos vem sendo discutido na literatura, tendo em vista a imprecisão na caracterização do fenômeno, a pluralidade de conceitos e a diversidade de ênfases, abordagens e perspectivas ao situá-lo no contexto atual. O estudo pretende ampliar e atualizar o conceito de letramentos, abrangendo questões como o que é/são letramentos; eventos de letramentos; competências e habilidades de letramentos; níveis ou graus de letramentos; e práticas sociais de sujeitos letrados, bem como sobre os elementos (acesso, apropriação, consumo e produção de mídias nas práticas sociais de sujeitos), refletindo sobre suas possíveis contribuições para a ampliação dos letramentos no contexto da convergência de mídias. Palavras-chave: Letramentos - Convergência de Mídias - Práticas Sociais Abstract This study is part of a larger research, developed by the Research Group of Federal University of Santa Catarina at the CNPq called EDUMIDIA, to map the midiatic profile of the students of the licenciate courses . The outline presented aims to reflect on literacies in the context of media convergence, seeking possible answers to the question: how access, ownership, consumption and production of media in the social practices of individuals contributing to the expansion of literacies? The research is being developed from an exploratory study of how the concept of literacies has been discussed in the literature owing to the inaccuracy in characterizing the phenomenon, the concepts of plurality and diversity of emphases, approaches and perspectives to situate it in the current context. The study intends to expand and update the concept of literacies, covering issues such as what is / are literacies; events of literacies, skills and abilities of literacies; levels or degrees of literacies, and social practices of literate subjects, as well as on elements (access, apropriation, consumption and production of media in the social practices of subjects), reflecting on their possible contributions to the expansion of literacies in the context of media convergence. Keywords: Literacies, Media Convergence, Social Practices.
24
Embed
Letramento(s) e práticas sociais na convergência de mídias
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 1 -
LETRAMENTOS E PRÁTICAS SOCIAIS NA CONVERGÊNCIA DE MÍDIAS
Terezinha Fernandes Martins de Souza – UFMT/UFSC
Dulce Márcia Cruz - UFSC
Resumo Este estudo é parte integrante de uma pesquisa mais ampla, desenvolvida pelo Grupo no CNPq, o EDUMIDIA da Universidade Federal de Santa Catarina, para mapear o perfil midiático de sujeitos em formação em cursos de licenciatura. O recorte apresentado tem como objetivo refletir sobre os letramentos no contexto da convergência de mídias, buscando possíveis respostas à questão: de que modo o acesso, a apropriação, o consumo e a produção de mídias nas práticas sociais de sujeitos contribuem para a ampliação dos letramentos? A pesquisa está sendo desenvolvida a partir de um estudo exploratório sobre o modo como o conceito de letramentos vem sendo discutido na literatura, tendo em vista a imprecisão na caracterização do fenômeno, a pluralidade de conceitos e
a diversidade de ênfases, abordagens e perspectivas ao situá-lo no contexto atual. O estudo pretende ampliar e atualizar o conceito de letramentos, abrangendo questões como o que é/são letramentos; eventos de letramentos; competências e habilidades de letramentos; níveis ou graus de letramentos; e práticas sociais de sujeitos letrados, bem como sobre os elementos (acesso, apropriação, consumo e produção de mídias nas práticas sociais de sujeitos), refletindo sobre suas possíveis contribuições para a ampliação dos letramentos no contexto da convergência de mídias. Palavras-chave: Letramentos - Convergência de Mídias - Práticas Sociais
Abstract This study is part of a larger research, developed by the Research Group of Federal University of Santa Catarina at the CNPq called EDUMIDIA, to map the midiatic profile of the students of the licenciate courses . The outline presented aims to reflect on literacies in the context of media convergence, seeking possible answers to the question: how access, ownership, consumption and production of media in the social practices of individuals contributing to the expansion of literacies? The research is being developed from an exploratory study of how the concept of literacies has been discussed in the literature owing to the inaccuracy in characterizing the phenomenon, the concepts of plurality and diversity of emphases, approaches and perspectives to situate it in the current
context. The study intends to expand and update the concept of literacies, covering issues such as what is / are literacies; events of literacies, skills and abilities of literacies; levels or degrees of literacies, and social practices of literate subjects, as well as on elements (access, apropriation, consumption and production of media in the social practices of subjects), reflecting on their possible contributions to the expansion of literacies in the context of media convergence. Keywords: Literacies, Media Convergence, Social Practices.
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 2 -
Considerações Iniciais
Este estudo é parte integrante de uma pesquisa mais ampla, desenvolvida
pelo Grupo de Pesquisa EDUMIDIA – Educação, Comunicação e Mídias registrado no
CNPq/UFSC, para mapear o perfil midiático de sujeitos em formação em cursos de
licenciatura. Neste texto, discutimos o modo como o conceito de letramentos vem
sendo tematizado contemporaneamente, pois a imprecisão na caracterização do
fenômeno letramento1, a pluralidade de conceitos e a diversidade de ênfases,
abordagens e perspectivas ao situá-lo no contexto atual, sugere a noção de
letramentos, no plural2.
Mais especificamente, na presente discussão, levamos em conta os
diferentes aspectos inerentes ao conceito de letramentos no contexto que vem
sendo caracterizado como cultura digital, cibercultura ou ciberespaço3, cultura da
convergência, fusão ou convergência de mídias, concebendo-o como um processo
sócio-histórico, que abarca uma multiplicidade de questões ligadas a uma
concepção de linguagem, cultura, mídias e tecnologias e contextos e práticas
sociais que conferem ao sujeito o estado ou condição de letrado.
As questões que nortearam nosso estudo foram: o que é ou são os
letramentos?; em que situações sociais ou eventos acontecem práticas de
letramentos?; quais são as competências e habilidades dos letramentos
contemporâneos?; quais são os níveis ou graus de letramentos?; quais são as
1 “Estado ou condição de indivíduos ou grupos sociais de sociedades letradas que exercem efetivamente as
práticas sociais de leitura e de escrita e participam competentemente de eventos de letramento” (SOARES, 2002, p. 145 e 148). Neste conceito segundo a autora, estão presentes alguns componentes, como: eventos; usos; funções; mudanças; impactos e consequências (históricas, sociais e discursivas) em uma sociedade letrada, analisando-o sob o viés da cultura da escrita no papel ou da cultura na tela ou digital. 2 “O termo letramento tem recoberto uma gama variada de conceitos (letramentos) que, apesar de fortemente
correlacionados, supõe diferentes objetos, o que sugere uma melhor delimitação do conceito – ou dos conceitos que ele abarca – percebendo seus usos e especificidades (...) é usado como sinônimos de alfabetismo, alfabetização e cultura escrita (...) é simplismo querer afirmar que são todos equivalentes (...) tampouco é fácil delimitar o valor exato de cada uma das expressões (...) nem mesmo sustentar uma interpretação em que sejam complementares” (BRITO, 2004, p. 51). 3 Ciberespaço para Santaella (2004, 2005) é um espaço informacional - arquiteturas líquidas; sem fronteiras
definidas e ubicação; existe em um não lugar; uma miríade de lugares; uma realidade multidirecional, artificial ou virtual; é incorporado a uma rede global, sustentada por computadores; meio de geração, acesso, manipulação, transformação e intercâmbio de fluxos e codificados de informação.
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 3 -
práticas sociais de sujeitos considerados letrados?. Tais questões relacionam-se a
elementos como o acesso, a apropriação, o consumo e a produção de mídias no
contexto digital, tendo em vista a multiplicidade de linguagens: textos orais e
verbais, hipertextos, imagens, sons e outros signos.
Desse modo, o texto pretendeu contribuir com a compreensão sobre o
conceito de letramentos, situá-lo no contexto da convergência de mídias, e, na
medida do possível, refletir sobre os possíveis caminhos para a sua ampliação.
Letramentos, Letramento Digital...
A propósito, o título deste tópico está relacionado à ideia de letramentos
como conceito plural, bem como à intenção de situar a discussão no contexto
digital. Seguindo esta lógica, Soares (2002) ressalta que no contexto das
tecnologias ou tecnologias intelectuais (LÉVY, 1993), os letramentos desempenham
um papel de organização e reorganização do estado ou condição do sujeito e no
condicionamento dos processos cognitivos e discursivos. Para tal, é importante
destacar a gradativa inserção das sociedades em práticas sociais por meio de
diversos espaços de escrita (CHARTIER, 1998) e gêneros do discurso (mais livres e
mais criativos de comunicação) (BAKHTIN, 2011), em que esta noção se amplia,
pois “diferentes tecnologias; espaços de escrita; diferentes mecanismos de
produção, reprodução e difusão da escrita resultam em diferentes letramentos”
(SOARES, 2002, p. 156).
Diante de tais questões, é salutar a assertiva de Soares (2002, p. 156) de “que
letramento é fenômeno plural, historicamente e contemporaneamente: diferentes
letramentos ao longo do tempo, diferentes letramento(s) no nosso tempo”.
Podemos resumir essa ideia em três grupos:
a) diferentes tecnologias de escrita geram diferentes estados ou condição naqueles que fazem uso dessas tecnologias, em suas práticas de leitura e de escrita;
b) diferentes espaços de escrita e diferentes mecanismos de produção, reprodução e difusão resultam em diferentes letramentos;
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 4 -
c) diferentes efeitos cognitivos, culturais e sociais são percebidos em função ora dos contextos de interação com a palavra escrita, com a comunicação visual, auditiva e espacial, ora em função de variadas e múltiplas formas de interação com o mundo.
Tendo em vista os sentidos polissêmicos dos letramentos na
contemporaneidade, e da concepção de que este é um processo, cuja natureza é
socio-histórica, Langer (1987) apud Tfouni (2006, p. 48) ressalta que as práticas,
habilidades, competências e conhecimentos a ele relacionados “confundem-se e
variam na medida das mudanças na situação de linguagem, e estas complexidades
precisam ser consideradas se quisermos entender as demandas do letramento que
ocorrem em uma cultura tecnológica”.
Ainda no sentido do conceito mais amplo de letramentos, Cavalcante Junior
(2001) sugere levar em conta as múltiplas formas de linguagem: computacional,
matemática, musical, corporal, visual, espacial e gestual. Para este autor, uma
pessoa letrada é uma boa usuária das múltiplas formas de linguagens que são
usadas para atribuir sentido ao mundo e expressar pensamentos e sentimentos. A
definição ampliada de letramento nos convida a pluralizar o conceito,
denominando-o, por isso, letramentos.
Rojo (2009, p. 102) também utiliza o conceito no plural, ao afirmar que “as
abordagens mais recentes (...) têm apontado para a heterogeneidade das práticas
sociais de (...) uso da língua/linguagem em geral em sociedades letradas e têm
insistido no caráter sociocultural e situado das práticas de letramento”.
Os letramentos em uma sociedade não são universais para Xavier (s.d), pois
estão relacionados às condições de desigualdades sócio-econômicas e históricas e
mudam porque são situados no contexto histórico, social, político, econômico,
cultural e tecnológico, modificados também pelos agentes e instituições sociais.
Assim, diferentes tipos de letramentos trazem consigo vários sentidos: “práticas
que envolvem variadas mídias e sistemas simbólicos, tais como um filme ou
computador, podem ser considerados diferentes letramentos, como letramento
fílmico e letramento computacional (computer literacy)” (BARTON, 1998, p. 9)
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 5 -
apud (XAVIER, s.d). Daí decorre a multiplicidade de tipos e conceituações como
apresentaremos a seguir.
No letramento midiático, por exemplo, perpassam o que Jenkins (2009)
chama de noções conflitantes que estão presentes na cultura da convergência. O
autor destaca que “entende-se por letramento não apenas o que podemos fazer
com material impresso, mas também com outras mídias. [Com isso, se]
tradicionalmente, não consideramos letrado alguém que sabe ler, mas não sabe
escrever, não deveríamos supor que alguém seja letrado para as mídias porque
sabe consumir, mas não se expressar” (JENKINS, 2009, p. 237). O autor ressalta que
o letramento midiático deveria ser ensinado na pedagogia informal das
comunidades, na tentativa de atrair o interesse das crianças e jovens pelos livros,
pela leitura e pela produção escrita em espaços que participam da educação dos
jovens.
Segundo Buckingham (2010), testemunhamos hoje o alargamento da lacuna
entre a cultura escolar e a cultura das crianças fora da escola. Para o autor cabe à
escola assumir um papel proativo diante de uma realidade cada vez mais dominada
pela proliferação da mídia eletrônica, das demandas e dos imperativos da cultura
de consumo, assumindo uma concepção expandida de letramento midiático, com
uma abordagem mais crítica e produtiva sobre a mídia digital, no sentido do
enfrentamento das desigualdades de acesso à tecnologia.
Para Buckingham (2010), os jogos/games de computador envolvem uma
extensa série de atividades cognitivas: lembrar, testar hipóteses, prever e usar
planos estratégicos, etc. Estas atividades podem ser chamadas de
multiletramentos, pois geralmente envolvem a interpretação de complexos
ambientes visuais tridimensionais, leitura tanto do texto na tela (on-screen) quanto
fora da tela (off-screen), e processamento de informações auditivas e outras
habilidades e conhecimentos.
Cavalcante Junior (2001) sugere que os letramentos múltiplos podem
promover a composição de sentidos para a expressão e/ou comunicação de
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 6 -
sentimentos, ideias e pensamentos através de diferentes formas de representação.
Para ele, são dispositivos ou veículos usados para a expressão de experiências
(visuais, auditivas, sinestésicas, olfativas, gustativas, táteis e intuitivas – os sete
sentidos) – os quais se transformam em uma representação pública, feita de
diversas formas (palavras, imagens, música, dança, teatro, poesia, pintura, filme,
etc). Por meio destas, os vários sentidos e as múltiplas formas de composição de
sentidos do ser humano encontradas em um determinado contexto cultural podem
ser expressas e/ou comunicadas.
Rojo considera que multiletramentos ou letramentos múltiplos, é
um conceito complexo e muitas vezes ambíguo, pois envolve, além da questão da multissemiose ou multimodalidade das mídias digitais que lhe deu origem, pelo menos duas facetas: a multiplicidade de práticas de letramento que circulam em diferentes esferas da sociedade e a multiculturalidade, isto é, o fato de que diferentes culturas locais vivem essas práticas de maneira diferente (ROJO, 2009, p. 107).
Ou seja, sujeitos em diferentes culturas e contextos sociais exercem práticas
diferentes de letramentos. Rojo (2009, p. 119), destaca também que os
“letramentos multissemióticos ampliam a noção de letramento para o campo da
imagem, da música, das outras semioses que não somente a escrita”. A autora
destaca as linguagens (verbal oral e escrita; musical; imagética - imagens estáticas
e em movimento - nas fotos, no cinema, nos vídeos, na TV; corporal e do
movimento - nas danças, performances, esportes e atividades de condicionamento
físico; na matemática digital; etc), as quais são constitutivas dos textos
contemporâneos.
Barton (1998, p. 9) destaca que dentre estes tipos de letramentos, as atuais
condições sociais, culturais e tecnológicas se apresentam como favoráveis à
aquisição do letramento digital4, o qual seria um destes tipos e não propriamente
um novo paradigma de letramento (apud XAVIER, s.d.). Para Xavier (s.d, p. 9)
4 O termo “digital literacy”, segundo Veloso e Marinho (2011) é também referido na literatura internacional por
Gilster (1997), Esthet-Alkalai (2004), Warschauer (2006) para designar a crescente utilização de uma variedade de competências técnicas, cognitivas e sociológicas para realização de tarefas e solução de problemas em ambientes digitais.
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 7 -
“letramento digital se realiza pelo uso intenso das novas tecnologias de informação
e comunicação e pela aquisição e domínio dos vários gêneros digitais”. Este tipo de
letramento pode contribuir para “satisfazer às exigências de funcionalidade e
utilidade (...) e o desenvolvimento da capacidade analítica e crítica do cidadão”
(XAVIER, s.d., p.9).
Buckingham (2010, p. 47-8) lembra que a noção de letramento digital não é
nova, já havia argumentos em favor do “letramento computacional” desde os anos
de 1980. Todavia, segundo o autor há má definição em termos de seu objetivo
geral, bem como do que ele implica quanto à sua relevância vocacional das
habilidades em computação, ou de aprendizagens através do computador:
No uso contemporâneo, o letramento digital (ou computacional) com frequência equivale a um conjunto mínimo de capacidades que habilitem o usuário a operar com eficiência os softwares, ou realizar tarefas básicas de recuperação de informações. Trata-se de uma definição essencialmente funcional, uma vez que especifica as capacidades básicas necessárias para a realização de certas operações, mas não vai muito além disso (BUCKINGHAM, 2010, p. 47-8).
Ao usar o conceito de Letramentos digitais, Buzato (2007) o define como
redes complexas de letramentos (práticas sociais de uso de computadores e outros
dispositivos digitais) que se apoiam, entrelaçam, contestam e modificam mútua e
continuamente nas e por meio, virtude ou influência das TICs, e que o fazem
diferentemente em contextos culturais e situacionais diferentes. Assim, para
Buzato (2007), a concepção de letramento digital deve contemplar a apropriação
de habilidades para que o indivíduo possa ser letrado em diferentes linguagens no
contexto digital, participar de práticas sociais que transcendem as letradas,
envolvendo outras linguagens (visual, musical, matemática, etc) outras formas que
sejam essenciais para comunicar, expressar sentimentos, idéias e experiências nos
ambientes virtuais.
Para Eshet-Alkalai (2004) apud Veloso e Marinho (2011) “digital literacy”
constitui-se em um sistema de competências e estratégias utilizadas pelos alunos e
usuários em ambientes digitais. Utilizando diferentes tipos de competências e
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 8 -
linguagens, os usuários melhoram seu desempenho e "sobrevivem” na Era Digital. A
autora enfatiza que a literatura é inconsistente no uso do termo "digital literacy",
pois restringe o conceito aos aspectos técnicos de funcionamento da máquina,
enquanto outros aplicam-no ao contexto cognitivo e social associados aos
ambientes digitais.
Gilster (1997, p. 1) apud Veloso e Marinho (2011) define “digital literacy”,
como uma prática social (importante para a vida) em ambientes virtuais, ou seja,
“a capacidade de compreender a informação em múltiplos formatos a partir de
uma vasta gama de fontes”. Seriam habilidades para selecionar informações,
capacidades para construir sentido a partir das informações disponibilizadas pela
internet, através de hipertextos, links, hiperlinks, elementos sonoros e pictóricos
em um mesmo espaço. Para a consolidação dessas habilidades o conjunto de
competências que o usuário necessita dominar seriam localizar, filtrar e avaliar
criticamente a informação disponibilizada eletronicamente, por meio do exercício
efetivo das práticas de escrita que circulam no meio digital, o que corresponde ao
domínio dos diferentes estilos de textos: imagens estáticas e dinâmicas, som,
hipermídia e realidade virtual, marcas da tecnologia atual.
A ampliação da noção de letramentos no contexto da convergência de mídias
está relacionada a aspectos como as mudanças dos meios tecnológicos da
informação e comunicação, em especial a internet e o celular; aos diferentes
modos de circulação da comunicação; as diferentes linguagens sociais (verbal,
imagética, musical, corporal, gráfica, etc.); e a rapidez, fluidez e plasticidade da
escrita e leitura dos gêneros digitais em que elas circulam (chat, MSN, Orkut, blog,
facebook). Estas mudanças influenciam as práticas sociais e pressupõem outros
modos de uso, consumo, apropriação e produção de informação e linguagens e
implicam em novos espaços, eventos, habilidades e competências, para operar com
tais tecnologias e mídias.
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 9 -
Espaços, Eventos, Habilidades e Competências de Letramentos: práticas sociais de sujeitos letrados
O espaço de leitura e escrita5 na tela do computador, o hipertexto, segundo
Soares (2002) possibilita retornos ou retomadas, avanços, localização de
informação, protocolos de leitura e outros modos do ser humano interagir com a
leitura e com o conhecimento nestes diferentes espaços.
Os processos e meios de comunicação e a internet como formas de interação
e linguagens fizeram com que muitas pessoas se apropriassem de outras formas de
leitura e de escrita na tela, o que favoreceu o surgimento de novos leitores6 e
escritores com acesso a meios de publicação mediados ou não (RIBEIRO, 2004). Com
a ampliação e complexificação dessas práticas, outras habilidades e competências7
passam a ser requeridas deste leitor/escritor que tem a tela como espaço de
leitura e de escrita, seja no computador, internet, máquinas digitais ou mídias
móveis.
Para expandir habilidades de letramento para além daqueles valorizados
pela educação tradicional, a participação plena dos jovens e das crianças na
cultura da convergência segundo Jenkins (2009) é fundamental, no sentido das
5 Espaço da escrita é entendido por Soares (2002) como o campo físico e visual definido por uma determinada tecnologia de escrita, que foi historicamente ganhando novos contornos, desde a superfície de uma tabuinha de argila, madeira ou pedra; superfície de um rolo de papiro ou de pergaminho dividido em colunas; superfície da página de papel – o códice; e mais recentemente a tela do computador. O espaço da escrita mantém uma relação estreita com o sistema de escrita: cuneiforme, hieróglifos, alfabética; e com os gêneros que condicionam as práticas de escrita e leitura: escrita pública em monumentos, textos mais longos, narrativas; e formas de usos da escrita. O espaço da escrita condiciona também as relações entre escritor/leitor, entre escritor/texto e entre leitor/texto. 6 Ao tratar do perfil do usuário da hipermídia (conjunto de signos do ciberespaço e suas linguagens) Santaella
(2004) destaca que este coloca em ação diversos mecanismos e habilidades de leituras, na inter-relação entre o verbal, visual e sonoro. São três os tipos de leitores: o contemplativo é aquele da idade pré-industrial, da era do livro impresso e da imagem expositiva e fixa, nasce com o renascimento e perdura até meados do século XIX; o movente é do mundo em movimento, híbrido, de misturas sígnicas, filho da revolução industrial, do mundo dinâmico, o homem na multidão e dos grandes centros urbanos; o imersivo surge a partir dos novos espaços virtuais, os ciberespaços, espaços incorpóreos da virtualidade. 7 As competências se constituem num sistema complexo de dimensões: objetiva, intersubjetiva, subjetiva (global
e integrado). As mudanças do consumo apontam um comportamento juvenil multimidiático, menos televisivo e mais autônomo. A questão das competências constitui-se um desafio e um problema de cidadania midiática, e se apresenta aos educadores como necessidade de buscar formas de intervenção educativa para levar o jovem a relacionar-se produtiva e eficazmente com os meios e tecnologias atuais (RIVOLTELLA, 2005).
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 10 -
capacidades necessárias para unir o conhecimento que possuem8 ao conhecimento
coletivo ou inteligência coletiva:
a) compartilhar e comparar sistemas de valores por meio da avaliação de dramas éticos; b) formar conexões entre pedaços espalhados de informação; c) expressar suas interpretações e seus sentimentos em relação a ficções populares por meio de sua própria cultura tradicional; d) fazer circular as criações na internet, para que possam ser compartilhadas com outros;
e) brincar de interpretar papéis como meio de explorar um mundo ficcional e como meio de desenvolver uma compreensão mais rica de si mesmo e da cultura à sua volta.
Estas habilidades, segundo Jenkins (2009), são fonte de inspiração para
expandir habilidades de letramento (leitura, escrita, análise linguística, análise
literária, edição, editoração), fora da sala de aula e, por isso, mais recreativas e
sem controle direto do adulto, em oposição às práticas na escola.
Soares (2002) retoma o percurso histórico da escrita, (o rolo, o códice e a
imprensa), para marcar as mudanças nas práticas sociais e individuais de leitura e
de escrita que favoreceram mudanças no estado ou condição de quem participa de
eventos de letramentos, ou seja, no seu processo de produção, reprodução e
difusão. Nesse processo, segundo a autora, estão envolvidos os diferentes sujeitos
que participam da produção de gêneros textuais, as habilidades requeridas ao
sujeito, os portadores de texto, que se diferenciam da cultura manuscrita para a
cultura do texto impresso, e, substancialmente, para a cultura da tela.
Referindo-se aos resultados do INAF 2011, Brito (2004) afirma que a condição
de maior ou menor domínio de habilidades de leitura e de escrita e o exercício de
atividades dessa natureza é, em grande medida, resultante da situação social do
sujeito:
Os grupos de maior grau de letramento lêem e escrevem mais todos os gêneros de textos, assim como utilizam com maior frequência artefatos técnicos de trabalho intelectual, como calculadoras, computadores e outras máquinas. A análise comparativa do nível de alfabetismo (letramento) com a classe socioeconômica, o grau de instrução e o tipo de
8 Henry Jenkins (2009) cita como exemplos práticos de letramentos as produções de leitura e de escrita,
realizada por jovens, materializadas nos fanfictions sobre Spoiling Survivor; Matrix; Pokemon; Guerra nas
Estrelas, etc.
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 11 -
atividade profissional demonstram que são essas circunstâncias que contribuem para o letramento, e não o contrário (BRITO, 2004, p. 56).
A questão requer olhares para além daquilo que uma pessoa é capaz de fazer
usando apenas a leitura e a escrita individualmente. Brito (2004) aponta para a
necessidade de se observar a inserção do sujeito nas esferas públicas, a sua
localização nos espaços sociais, a participação (ou não) dos benefícios do avanço
tecnológico e econômico, os eventos sociais que se faz coletivamente, dentro dos
quais capacidades individuais se manifestam de formas diferentes daquelas que são
captadas pelos testes de competência. Para o autor, na discussão sobre habilidades
e competências de letramentos estão em conflito as tendências técnica (discurso
neutro, antipolítico, anti-histórico, hegemônico, unificador) e política (em que
ações e conhecimentos humanos são políticos e por isso são histórico-sociais), em
que as formas de saber e de fazer são condicionadas pelas condições materiais e
sociais objetivas em que se realizam.
Para Marcuschi (2001) letramento também é um processo social e histórico e
pode distribuir-se em graus (de um patamar mínimo a um máximo) de domínios.
Marcuschi & Xavier (2004) apud Xavier (s.d) afirmam que a simultaneidade de
textos dividindo um mesmo espaço de interpretação (hipertexto), são usos de
configurações textuais que poderíamos chamar de gêneros digitais que exigem
outras competências, demandam gêneros próprios e geram eventos de letramento
novos.
Por serem os letramentos um processo contínuo não linear, multimensional,
ilimitado, englobando múltiplas práticas com múltiplas funções, com múltiplos
objetivos, condicionadas por e dependentes de múltiplas situações e contextos,
consequentemente requerem, de acordo com Soares (2004),
múltiplas e variadas habilidades, conhecimentos, atitudes de leitura e de escrita, não havendo gradação nem progressão que permita fixar um critério objetivo para que se determine que ponto, no continuo, separa
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 12 -
letrados de iletrados9 (...) O processo de letramento jamais chega a um “produto” final, é sempre e permanentemente um “processo”, e não há como decidir em que ponto do processo o iletrado se torna letrado (SOARES, 2004, p. 95).
Nesse sentido, ao fazer a distinção entre o perfil cognitivo do leitor10 em
diferentes períodos, Santaella (2005) apresenta as competências e habilidades
perceptivas, sensório motoras e cognitivas, distintas que são requeridas do leitor
imersivo ou navegador dos espaços da virtualidade (novas formas de percepção e
cognição que os atuais suportes eletrônicos e estruturas híbridas e alineares da
hipermídia estão fazendo emergir), ou seja, daquele leitor ou navegador que
desenvolve disposições e competências que o habilitam para a recepção e resposta
aos diversos signos das mídias e navega através de fluxos informacionais (voláteis,
líquidos e híbridos – sonoros, visuais e textuais), da hipermídia.
Warschauer (2006, p. 4) apud Veloso e Marinho (2011) ao se referir ao
domínio da tecnologia e às competências e habilidades para encontrar, organizar e
fazer uso de informações (pesquisa), para produzir conteúdos através de seus
recursos multimidiáticos, que transformam o usuário em coautor (produtor),
comunicando-se efetivamente através de computador (comunicação), define um
conjunto de categorias prévias para o domínio do letramento digital:
a) Letramento Computacional: refere-se à capacidade de ligar e utilizar o computador para operar programas simples, o que é criticado por não considerar o letramento digital como um fator importante para o sucesso no mundo atual; b) Letramento Informacional: é a capacidade de selecionar as informações necessárias, analisá-las eficazmente, tendo em vista suas fontes e,
9 Tfouni (2006, p. 23) argumenta que “o termo iletrado não pode ser usado como antítese de “letrado”. Isto é, não
existe, nas sociedades modernas, o letramento “grau zero”, que equivaleria ao “iletramento”. Do ponto de vista do processo sócio-histórico, o que existe de fato nas sociedades industriais modernas são “graus de letramento”, sem que com isso suponha sua inexistência”. 10
Tratando das mudanças ocorridas com o advento do texto eletrônico e a relação entre leitor, leitura e história do livro Chartier (1998, p. 12-3) contribui ressaltando que “existe propriamente um objeto que é a tela sobre a qual o texto eletrônico é lido (...) cria uma distribuição, uma organização, uma estruturação do texto (...) que carrega a possibilidade para o leitor embaralhar, de entrecruzar, de reunir textos que são inscritos na mesma memória eletrônica: todos esses traços indicam que a revolução do livro eletrônico é uma revolução nas estruturas do suporte material escrito assim como nas maneiras de ler”.
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 13 -
sobretudo, incorporar as informações obtidas a uma base de conhecimentos e utilizá-las em situações outras, com fins específicos; c) Letramento multimidiático: consiste na capacidade de interpretar, criar e produzir uma variedade de recursos semióticos, incluindo textos digitalizados, sons e vídeos; d) Letramento para comunicação mediada por computador (CMC): são as competências para se comunicar eficazmente através da mídia on-line (interpretação e escrita, as regras sociais da comunicação on-line, a pragmática, a capacidade de argumentação e persuasão nos diversos tipos de mídia na internet).
Neste contexto das culturas digitais, Buckingham (2010) ressalta que há
habilidades muito específicas de linguagem e comunicação interpessoal que são
requeridas do sujeito (nos bate-papos on-line e mensagens instantâneas, por
exemplo: ler nuances sutis, aprender regras de etiqueta de comunicação on-line,
fazer rápidas trocas de gênero e registros linguísticos, explorar aspectos de
identidade e relações pessoais). Estas habilidades segundo o autor são ações
explícitas de ensino e aprendizado profundamente social: exploração aprender
fazendo e participação em comunidades de práticas.
Buzato (2007) também se refere a habilidades em níveis e graus de
letramentos distribuídas ao longo do tempo num continuum crescente de
complexidades linguísticas, conjuntos entrelaçados e mutuamente apropriáveis de
códigos e tecnologias. Para o autor é letrado aquele que domina esses conjuntos e
formas de entrelaçá-los e apropriá-los. Quanto maior a quantidade de esferas de
atividade ou eventos de letramentos11 em que participa, maior é o seu repertório
de gêneros e, consequentemente, maior o seu grau de letramento ou o seu
conjunto de letramentos. Não há letramento absoluto; ninguém é totalmente
letrado; cada um de nós domina alguns letramentos mais ou menos do que outros;
alguns letramentos são mais valorizados, disciplinados, quantificados, justificados
11
Um evento de letramentos ou esfera de atividade é concebido por Buzato (2007), a partir dos estudos de Bakhtin (1992), como uma ocasião na qual um texto escrito está integrado à natureza das interações entre os participantes e seus processos interpretativos, podendo ocorrer em atividades doméstica, escolar, jornalística, artística, científica, política, profissional, religiosa, etc.
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 14 -
do que outros; os letramentos estão relacionados aos contextos em que aparecem e
de quem está ou não está familiarizado com eles.
Para Xavier (s.d.) em geral as práticas sociais de letramento são fluidas,
mutantes e também condicionadas simultaneamente pela cultura, tecnologia,
política e ideologia. Nesse contexto, segundo o autor, estão presentes as práticas
sociais; os eventos de letramentos e os gêneros textuais digitais. Como exemplo
que envolve estes três elementos dos letramentos, o autor cita dentre outros a
iniciativa da Secretaria da Receita Federal Brasileira, a partir de 1990, de criar
condições para a declaração anual de imposto de renda, por meio do
preenchimento de formulário eletrônico.
Um sujeito letrado, para Buzato (2007), é alguém que conhece e pratica
diferentes formas de falar, ler e escrever que são construídas sócio-historicamente
– ou utiliza diferentes gêneros do discurso (BAKTHIN, 1992). É alguém que é capaz
de acionar modelos correspondentes a essas situações específicas para
interpretar/prever como será interpretado algo que lê ou escreve. Ser letrado para
o autor seria dominar ao menos alguns desses vários letramentos, mas é também
ter clareza de que eles se combinam de formas diferentes em contextos diferentes
e para finalidades diferentes12.
Buckingham (2010) destaca que letrado,
é aquele que faz buscas eficientes, que compara uma série de fontes e separa os documentos confiáveis dos não confiáveis e os relevantes dos irrelevantes [que sabe] usar o computador e o teclado, fazer pesquisas na web, selecionar material, usar navegadores, hiperlinks, mecanismos de procura, etc.”. O autor ressalta que nestes indicadores “há pouco reconhecimento dos aspectos simbólicos ou persuasivos da mídia digital, das dimensões emocionais de nossos usos e interpretações dessas mídias,
ou mesmo dos aspectos da mídia digital que excede a mera informação (BUCKINGAN, 2010, p. 49).
12
Para Jenkins (2009, p. 237) é possível encarar as atuais lutas sobre letramento sob o efeito de quem tem o direito de participar de nossa cultura e sob quais condições, pois historicamente restrições ao letramento advêm das tentativas de se controlar diversos segmentos da população, de modo que estas questões constituem-se um ponto focal para o estudo destas restrições que envolvem educação e hábitos de leitura das populações.
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 15 -
Ao tratar das exigências de novos letramentos, é especialmente importante
para Rojo (2009) destacar as mudanças gradativas que têm ocorrido e que são aqui
resumidas:
a) a intensificação dos meios de comunicação analógicos e digitais – implicando mudanças significativas nas maneiras de ler, de produzir e de fazer circular textos nas sociedades;
b) a diminuição das distâncias espaciais – em termos geográficos, pela rapidez dos transportes, em termos culturais e informacionais, por conta da mídia digital e analógica, desenraizando as populações e desconstruindo identidades;
c) a diminuição das distâncias temporais ou a contração do tempo – velocidade dos transportes, da informação, dos produtos culturais das mídias;
d) a multissemiose ou multiplicidade multimidiáticas e hipermidiáticas do texto eletrônico – diversas modalidades de linguagem (imagem estática, imagem em movimento, música, fala) que são textos multissemióticos que extrapolam os limites dos ambientes digitais e invadiram os impressos (jornais, revistas, livros didáticos).
Assim, para refletir sobre os espaços, eventos, habilidades e competências
de letramentos presentes nas práticas sociais de sujeitos considerados letrados no
contexto digital, deve-se levar em conta também os aspectos relacionados ao
acesso aos bens culturais como museus, bibliotecas, teatros, espetáculos e mídias
analógicas e digitais; os graus de reprodução dos usos da escrita/leitura entre
gerações; as apropriações de diversas linguagens; a democratização, a quantidade,
mas também a qualidade da posse dos objetos de leitura e escrita e de domínio de
outras linguagens; e, finalmente, o consumo e a produção possíveis nas práticas de
letramentos das quais os sujeitos participam cotidianamente, tendo em vista as
finalidades e condições objetivas nos contextos culturais, econômicos e sociais em
que estão inseridos.
Convergência de mídias: contribuições para a ampliação dos
letramentos
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 16 -
As práticas sociais de letramentos se apresentam cada vez mais fluídas e
com visíveis transformações, condicionadas pela cultura, tecnologia, política e
ideologia, trazendo também novas formas de acesso à informação, novos processos
cognitivos e novas formas de conhecimento.
A este respeito Canclini (2008) afirma que as sociedades estão em processo
de “convergência digital13”, a qual está ocorrendo velozmente por meio das fusões
multimídia (integração de rádio, televisão, música, notícias, livros, revistas,
internet, celular). A partir da convergência destes meios, são também
reorganizadas as formas de comunicação e de acesso a bens culturais, o que requer
“reconsiderar o que vinha sendo sustentado nos estudos sobre educação e leitura
nas políticas educacionais, culturais e de comunicação” (CANCLINI, 2008, p. 33).
Para o autor há uma visão antagônica entre escola, leitura e tecnologias midiáticas,
sendo recolocada há vários anos nos estudos sobre cultura e nos efeitos sobre a
comunicação: “os saberes e o imaginário contemporâneos não se organizam (...)
em torno de um eixo letrado (...) relutam em traduzir estas mudanças no conceito
de uma escola que admita a interação da leitura com a cultura oral e a audiovisual-
eletrônica” (CANCLINI, 2008, p. 33).
Seguindo os estudos de Xavier (s.d.) a relação letramento digital e ensino,
reflete sobre as novas práticas de uso da linguagem na sociedade, por meio das
tecnologias de comunicação digitais (computadores, cartão magnético, caixa
eletrônico, rede mundial de computadores, internet, etc), as quais requerem
habilidades para fazer intercâmbio de informações na rede, participar de salas
virtuais, etc.
Análises sobre práticas sociais de letramentos segundo Brito (2004) implicam
na percepção de vários aspectos da vida e do fazer histórico humano, seja na
13
A convergência digital para Canclini (2008) articula uma integração multimídia que permite ouvir áudio, ver imagens, escrever textos, transmitir dados, tirar fotos, fazer vídeos, armazenar arquivos, comunicar-se com outras pessoas, receber noticias, usando apenas o celular, por exemplo. De modo que não é mais possível nem leitores-espectadores-internautas, nem escolas, nem empresas, continuarem isoladas produzindo seus textos, imagens e sua digitalização.
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 17 -
escola ou nas práticas sociais, pois há uma estreita correlação entre letramentos e
condição social do sujeito. Essas condições sociais estariam ligadas ao acesso, à
apropriação, ao consumo e à produção de produtos culturais, implicando conhecer,
apreender e poder utilizar os objetos e discursos da cultura escrita socialmente, o
que requer deter a informação, saber manipulá-la e inseri-la em universos
referenciais específicos.
As necessidades pragmáticas vitais para a sobrevivência em uma sociedade
urbano-industrial, que vão desde o uso do cartão eletrônico, computador, internet,
livros, revistas, jornais, TV, rádio, frequência a bibliotecas, gêneros textuais
diversos, etc, que são realizadas com relativa familiaridade por pessoas
independem de escolaridade (BRITO, 2004). Para o autor, competências práticas
evidenciam usos concretos da leitura e da escrita na dinâmica social, em especial
mediados pelas relações interpessoais orais, na família, igrejas, clubes, sindicatos,
no trabalho e mediatizados por meios eletrônicos diversos, os quais permeiam as
práticas sociais de letramentos em contextos que não estão diretamente ligados à
educação formal.
Ao tematizar sobre as culturas digitais relacionadas à educação midiática,
Buckingham (2010) também destaca questões relacionadas ao acesso, apropriação,
consumo e produção de mídias. Para o autor,
a mídia digital – internet, telefonia móvel, jogos de computador, televisão interativa – hoje é um aspecto indispensável no tempo de lazer das crianças e dos jovens. De fato, a primeira relação deles com a tecnologia
digital já não ocorre no contexto escolar – como fora nos anos 1980 e 1990 -, pois ela se tornou domínio da cultura popular (BUCKINGAN, 2010, p. 38).
O acesso das crianças e jovens, segundo Buckingham (2010), não é só
disponibilidade de equipamentos, ou aquisição de habilidades técnicas, mas uma
questão de capital cultural, ou seja, a capacidade de usar formas culturais de
expressão e comunicação. Ressalta também o papel da escola em buscar parceria
com bibliotecas, centros de tecnologia, projetos de arte, museus e cybercafés,
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 18 -
espaços liminares situados no intermédio da casa, da escola e da rua, os sítios on-
line e off-line, de trabalho e brincadeira.
Os usos das tecnologias e mídias digitais feitos por crianças e jovens,
segundo Buckingham (2010), envolvem senso de autonomia e autoridade e
desenvolvem diversas atividades: quando conversam em salas de bate papo,
mandam mensagens instantâneas, procuram informações sobre hobbies, esporte e
lazer, jogam games com pessoas distantes do planeta, fazem compras ou conhecem
os produtos na internet, baixam música e filmes, postam fotos e músicas, visitam
sites relacionados a seus interesses, assistem novelas, jogos de computador,
celebridades, etc., aprendem a usar a mídia por meio da exploração, da
experimentação e da colaboração, diálogo e interação com outros, em formas
virtuais.
Assim, diante da diversificada e complexa experiência multimídia que as
crianças e jovens têm fora da escola, Buckingham (2010) indaga: o que os jovens
fazem na internet na escola? Para o autor, o objetivo não é desenvolver habilidades
técnicas, nem promover a autoexpressão14, mas estimular uma compreensão mais
sistemática de como funciona a mídia e daí promover formas mais reflexivas de
usá-la, contestando o uso instrumental da tecnologia como auxílio pedagógico
transparente e neutro.
Em relação ao acesso e à produção feitas por crianças e jovens com a
tecnologia digital, na educação infantil e ensino fundamental, Buckingham (2010)
aponta desafios, mas, também, possibilidades de produzir textos multimídia e
hipermídia interativa. O autor faz uma ressalva aos professores que usam
programas multimídia apenas para o ensino na escola, minimizando seu potencial.
Buckingham lembra que, enquanto isso, os alunos produzem seus textos multimídia
(CD-roms combinando texto escrito, imagens visuais, simples animação, audio e
14
Segundo o autor o uso das tecnologias e mídias digitais por crianças e jovens é feito apenas para autoexpressão e exploração da criatividade e das artes e envolvem temas como identidade, memória, família, comunidades, histórias e experiências, mudanças, diversidades (fotografia, vídeo, desenho, narração de histórias, ilustração digital, som, texto) (BUCKINGAN, 2010, p. 51-2).
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 19 -
video, sites) que envolvem a interatividade com diferentes usuários para
interpretar suas produções e para as quais recorrem a elementos da cultura popular
(jogos de computador), ainda que o conteúdo das produções seja factual e
informacional.
Daí a razão pela qual é salutar a preocupação em tematizar a relação entre
a convergência de mídias, as práticas sociais de letramento e as possíveis
contribuições da escola e dos professores na compreensão de que, para a
ampliação dos letramentos, é necessária uma postura política a partir da qual é
possível identificar discursos e práticas que legitimem mecanismos sociais
excludentes.
Considerações Finais
A intenção de discutir sobre os letramentos reforçou a ideia inicial de que há
diversas significações atribuídas ao termo, relacionadas aos contextos, aos eventos,
às habilidades e competências e às práticas sociais sob as quais se analisa o
fenômeno.
Os estudos apontaram que letramento digital pode ser entendido não como
um novo tipo, paradigma ou modalidade, mas como um processo/ação e como
estado/ condição da e na qual os sujeitos se encontram. Como processo pelo qual
os sujeitos participam e interagem continuamente em situações sociais, envolve
políticas educacionais e culturais, e pressupõe agentes formadores (seja em
situações formais ou sociais). Como estado ou condição (habilidades e
competências objetivas de um sujeito ou grupo social) é favorecido pelo
intercâmbio, troca de informação e conhecimentos em que diferentes tecnologias;
espaços; diferentes mecanismos de produção, reprodução e difusão da informação
resultam em diferentes letramentos, definindo o sentido conforme o contexto.
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 20 -
A noção de letramentos em uma sociedade não é universal (é situada no
contexto histórico, social, político, econômico, cultural e ideológico), ou seja, tem
caráter sociocultural e situado e mantém estreita correlação com as condições
sociais dos sujeitos. Estas são determinantes, condicionantes e influenciadoras das
condições de acesso, apropriação, consumo e produção de produtos culturais, as
quais implicam também modos de conhecer, utilizar e interagir com os objetos e
discursos da cultura digital em universos referenciais específicos. Há diferentes
tipos, que envolvem práticas diferenciadas e, também, variadas mídias e sistemas
simbólicos.
A noção de letramentos é mutante, em função das mudanças sociais,
econômicas, científicas, tecnológicas e ideológicas que ocorrem nas sociedades. E a
partir das mudanças sociais decorrem também alterações nos modos como os
sujeitos se relacionam com a leitura e a escrita (eventos e usos sociais), de modo
que há um processo de entrelaçamento entre letramentos (oral+alfabético+digital)
em um processo fluído, dinâmico e não linear. É ao mesmo tempo um conjunto de
ações político-sociais e pedagógicas de formação (na cultura escrita e digital) e
pressupõe um agente formador (família, associação, clube, escola, etc.), em uma
condição ou estado em que se encontram os sujeitos ou grupos sociais que lhes
permite utilizar habilidades e competências para atuar na sociedade.
As práticas sociais comuns a sujeitos considerados letrados se materializam a
partir da desigualdade, das diferenças e das disputas no interior da própria
sociedade, pois revelam as diferenças sociais, tanto no nível individual quanto em
um grupo social. As discussões sobre as lutas sobre letramentos trazem à tona
questões de acesso, apropriação, consumo e produção e põem em evidência o
direito dos sujeitos de participar e usufruir de bens culturais e as condições
objetivas a que estão submetidos, decorrentes da situação socioeconômica. Para
ser considerado um sujeito letrado, é então necessário manifestar um estado ou
condição diante do exercício de práticas sociais de escrita e de leitura (seja
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 21 -
impressa, na tela ou digital), por meio da assimilação e avaliação crítica das
informações, transformando-as em conhecimento para a vida.
É possível refletir também sobre as mudanças constitutivas dos contextos
culturais e sociais contemporâneos, no uso das múltiplas linguagens nas práticas
sociais, as quais exigem habilidades e competências que envolvem a relação do
sujeito em interação com diversos signos e mídias escritas e digitais e produção
ativa e crítica, como um desafio à educação escolarizada e aos educadores, tendo
em vista a noção mais ampla dos letramentos. As práticas sociais evidenciam usos
concretos dos letramentos na dinâmica social, mediados pelas relações
interpessoais e mediatizados por meios eletrônicos e digitais diversos, em
contextos específicos e que não estão diretamente ligados à educação formal.
Em relação às habilidades e competências de letramentos, as discussões
giram em torno da afirmação de que não há nível ou grau zero de letramentos e
que estes podem distribuir-se em graus ou níveis de domínios que vão de um
patamar mínimo a um máximo e que a condição de maior ou menor domínio e o
exercício de atividades dessa natureza está relacionado também à situação social
dos sujeitos (classe socioeconômica, cultura, grau de instrução, tipo de atividades
cotidianas - profissional, educacional, sindical, lazer), modos de inserção e
localização nas esferas públicas, nos espaços sociais, participação e benefícios dos
avanços tecnológicos, etc. As habilidades e competências, do ponto de vista
individual e/ou do grupo/comunidade se manifestam de formas diferentes.
As habilidades e competências de letramentos na cultura da convergência de
mídias são usadas de forma coletiva, pública, conjunta, em ambiente aberto, na
rua, sala de espera, avião, etc. Não requer que o suporte esteja preso a cabos,
nem a energia, pois são objetos portáteis e fáceis de carregar (atualmente
netbooks, tablets e celulares). Favorecem a reconfiguração de experiências: novos
suportes, novos leitores, novos gêneros, novos modos de publicação, novas
linguagens.
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 22 -
As práticas sociais como eventos de letramentos envolvem os usos e domínios
de múltiplas linguagens, seja em contextos educacionais ou não formais.
Demandam gêneros textuais/digitais próprios e leitura de diversos signos (imagem,
música, cores, sons e outras semioses), escrita (análise linguística, análise literária,
edição, editoração, etc); diversas mídias eletrônicas e digitais; diversos suportes
em que circulam mídias analógicas e digitais, que, por sua vez, são constantemente
transformados e condicionados pelas mudanças na cultura, tecnologia,
comunicação, política e ideologia.
É importante desenhar novos mapas ou cartografias para pensar sobre a
ampliação dos letramentos na cultura da convergência ou convergência de mídias,
sobretudo na escola, tendo em vista sua forte presença nas práticas sociais
cotidianas dos sujeitos, sobre as reconfigurações das formas de comunicação,
aprendizagem, entretenimento e acesso a bens culturais e na viabilidade de
traduzi-las para propostas de formação (concepções, práticas e políticas
educacionais).
Nesse sentido Buckingham (2010) ressalta que por meio da metáfora do
letramento é possível
imaginar uma abordagem mais coerente e ambiciosa diante da crescente convergência da mídia atual, isso significa que precisamos abordar as habilidades e competências – os múltiplos letramentos – demandadas pelo
conjunto de formas contemporâneas de comunicação (...) precisamos de uma reconceituação mais ampla do que queremos dizer com letramentos num mundo cada vez mais dominado pela mídia eletrônica (BUCKINGAN, 2010, p. 53).
Diante dos argumentos apresentados no texto, reconhecemos a abrangência
da problemática aqui discutida bem como a necessidade de uma imersão mais
acurada no tema e ressaltamos que há espaços para estudos que possam elucidar
outros efeitos e sentidos das variadas e múltiplas formas de interação com o mundo
por meio dos letramentos.
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 23 -
Referências BAKHTIN, Mikhail M. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2011. BRITO, Luiz Percival Leme. Sociedade de Cultura Escrita, Alfabetismo e Participação In RIBEIRO, Vera Masagão (Org). Letramento no Brasil: reflexões a partir do INAF 2001. São Paulo: Global, 2004. BUCKINGHAM, David. Cultura Digital, Educação Midiática e o Lugar da Escolarização. Revista Educação Real. Porto Alegre, vol. 35, n 3, p. 37-58, set/dez, 2010. Disponível em: http://www.ufrgs.br/edu_realidade BUZATO, Marcelo El Khouri. Entre a fronteira e a periferia: linguagem e letramento na inclusão digital. 2007. Tese (Doutorado em Estudos da Linguagem) Pós-Graduação do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas, São Paulo, 2007. CANCLINI, Néstor Garcia. Leitores, Espectadores e Internautas. São Paulo: Iluminuras, 2008. CAVALCANTE JUNIOR, Francisco Silva. Sujeito, Palavra e Cultura. II Congresso Norte Nordeste de Psicologia, 23 a 26 de maio de 2001. CHARTIER, Roger. A Aventura do Livro: do leitor ao navegador. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo: Editora UNESP, 1998. COSCARELI, Carla; RIBEIRO, Ana Elisa. Letramento Digital: aspectos sociais e possibilidades pedagógicas. Belo Horizonte: Ceale; Autêntica, 2011. JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. 2 ed. São Paulo: Aleph, 2009. LEVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência. Rio de Janeiro: Ed 34, 1993. MARCUSCHI, L. A. Da Fala para a Escrita: atividades de retextualização. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2001. RIBEIRO, Vera Masagão (Org). Letramento no Brasil: reflexões a partir do INAF 2001. São Paulo: Global, 2004.
Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação
- 24 -
RIVOLTELLA, Pier Cesare. Milán (Italia). Formar a Competência Midiática: novas formas de consumo e perspectivas educativas. 2005. ROJO, Roxane. Letramentos Múltiplos, Escola e Inclusão Social. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. SANTAELLA, Lúcia. Navegar no Ciberespaço: o perfil cognitivo do leitor imersivo. São Paulo: Paullus, 2004. ________________. Espaços Líquidos da Cibermídia. Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação, Compoós, 2005. SOARES, Magda. Novas Práticas de Leitura e Escrita: letramento da cibercultura. Revista Educação e Sociedade. Campinas, vol 23, n 81. P. 143-160, dez, 2002. Disponível em: Http://www.cedes.unicamp.br _______________. Letramento e Escolarização. In RIBEIRO, Vera Masagão. Letramento no Brasil: reflexões a partir do INAF. São Paulo: Global, 2004 (letramento(s) na realidade brasileira). TFOUNI, Leda Verdiani. Letramento e Alfabetização. São Paulo: Cortez, 2006. VELOSO, Maria Jacy Maia. MARINHO, Simão Pedro P. Letramento Digital via Web 2.0: uso do site Toondoo em sala de aula. Anais do XXII SBIE - XVII WIE Aracaju, 21 a 25 de novembro de 2011 XAVIER, Antonio Carlos dos Santos. Letramento Digital e Ensino. Disponível em: http://www.ufpe.br/nehte/artigos/Letramento%20digital%20e%20ensino.pdf