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LER DORT
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CopyrightSBR- Comisso de Reumatologia Ocupacional, 2011
O contedo desta cartilha pode ser reproduzido
desde que citada a fonte.
LER/DORT
Cartilha para pacientes
CRIAOEDESENVOLVIMENTO:
Comisso de Reumatologia Ocupacional
http://canyonwalkerconnections.com/2010/the-law-of-
kindness-on-your-tongue-and-typing-hands/olympus-digital-camera/
EDITORAO:
Rian Narcizo Mariano
CREDITOIMAGEMDACAPA:
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Leso por EsforoRepetitivo / Distrbio
Osteomuscular
Relacionado ao Trabalho(LER/DORT)
Cartilha para pacientes
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ndice
Qual a origem ou a histria
do termo LER/DORT? ...........................................4
H novas descobertas que possam mudar
a interpretao atual de LER/DORT? ....................5
H opinies ou evidncias contrrias
ao uso rotineiro do termo LER/DORT? .................6
Qual a importncia do diagnstico correto
para os pacientes e para a sociedade? ....................7
LER uma doena? ...............................................8
Porque a sigla DORT? ...........................................8
Quais so os distrbios mais comuns? ...................9
Como se adquire um distrbio osteomuscular
relacionado ao trabalho? ........................................9
Quais so os trabalhadores mais vulnerveis? .......10
O trabalhador com dor ou outro sintoma portador de LER ou DORT? ...............................10
Esses distrbios so incapacitantes? ......................11
Como o tratamento desses distrbios? ................11
O estresse psicolgico inuencia os sintomas? .....11
Como prevenir os Distrbios Osteomusculares
Relacionados ao Trabalho? ....................................12
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1. Qual a origem ou
a histria do termoLER/DORT?
Incontveis casos identicados como LER/DORT em um passado recente resultaram na po-
lmica epidemia de LER/DORT no nosso pas.
LER/DORT no um diagnstico etiolgico, mas
apenas uma denominao genrica. Trata-se de
uma sigla cunhada na poca sem grande embasa-
mento cientco. A simplicidade do seu signicado,atualmente questionada pela medicina moderna, fa-
cilitou seu uso disseminado, permitindo uma sim-
plicao inadequada da interpretao dos casos.Na dcada de 80, trabalhadores submetidos a
intensas jornadas de trabalho, muitas associadas
baixa remunerao, ergonomia inapropriada eao estresse, passaram a apresentar vrios sintomas
heterogneos que resultaram em aes trabalhistas.
Na ausncia dos conhecimentos mdicos atuais,
esse grupo de sintomas foi reunido em uma sigla
arbitrria (LER, e depois, DORT) quando, de fato,representavam muitas doenas, com causas, meca-
nismos e tratamentos diferentes. O desconhecimen-
to que marcou esse perodo atribuiu, equivocada-
mente, a causa de todas essas doenas s repeties
de movimentos no contexto do trabalho. Esse equ-voco foi facilitado pelo fato de a maioria dos traba-
lhadores em litgio trabalhista serem provenientes
da indstria, que produz em srie.
No havendo uma descrio tcnica do que era,
realmente, LER/DORT, os prprios trabalhadoresafetados permaneciam sem tratamentos especcos,corroborando a falsa ideia de incapacidade perma-
nente para esse grupo de doenas, as quais dispem
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de tratamentos. Afastados do trabalho e do trata-mento, os indivduos afetados criavam precedentes
jurdicos para o embasamento de uma avalanche de
aes trabalhistas, maior disseminao do uso da
arbitrria sigla LER/DORT e aprofundamento do
desconhecimento sobre suas causas e teraputicas.
Esse crculo vicioso prejudicou a Justia, os traba-
lhadores e a sociedade, retardando esforos para a
maior compreenso das doenas envolvidas, em es-
pecial no meio jurdico.
2. H novas descobertasque possam mudara interpretao atualde LER/DORT?
Alguns trabalhos cientcos e anlises deespecialistas passaram a evidenciar a associao
de muitos casos de LER/DORT com fatores
sociais, familiares, econmicos e com o estresse
ou a insatisfao no trabalho, inclusive de casos delombalgia e outras dores nas costas. Isso explicava
porque muitos, mesmo no envolvidos na execuo
de trabalhos repetitivos, apresentavam sintomas
similares.
O chamado modelo biopsicossocialpassou a sermais aceito na comunidade cientca envolvida comesses problemas musculoesquelticos e de dor crnica
mal esclarecida. Os fatores mecnicos (repetio,
fora, posturas) continuavam presentes, mas tiveram
sua importncia reduzida frente a outros fatoresto ou mais importantes (insatisfao no trabalho,
depresso, ansiedade ou problemas pessoais, por
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exemplo). O modelo biopsicossocial explicava melhor
as caractersticas comuns desse grupo de pacientes,
inclusive sua caracterstica litigante frequente.
Passou-se a demonstrar que LER/DORT se re-
feria a vrias doenas diferentes, sem relao com o
trabalho, enfatizando-se que deviam ser devidamente
identicadas, individualizadas e tratadas. Algumasdelas ocorrem com maior frequncia. H estudos de-
monstrando que um grande nmero delas pode ter
relao com a depresso ou com a ansiedade, como a
bromialgia e a sndrome miofascial, contabilizandoem torno de 60%-70% de diagnsticos equivocados
e includos como LER/DORT. Isso corrobora tanto a
adequao do modelo biopsicossocial quanto a cres-
cente impropriedade do uso de uma sigla nica.
3. H opinies ou evidnciascontrrias ao uso rotineirodo termo LER/DORT?
Vrios tribunais estrangeiros passaram a atua-lizar seus conceitos e valorizar as novas evidncias
cientcas. Tribunais da Austrlia, Reino Unido ede vrios Estados norte-americanos deixaram de
reconhecer ocialmente os quadros denominados
de LER/DORT, exigindo a identicao da real do-ena do litigante.O termo LER/DORT tambm considerado
inapropriado por entidades mdicas ociais. OConselho Regional de Medicina do Estado de So
Paulo (CREMESP), por meio do Parecer n. 76034,ocializou a opinio de que incorreto considerar-se LER como entidade mrbida bem denida. OCREMESP considera o termo polmico (LER ainda
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hoje um tema polmico) e admite ocialmenteque as morbidades relacionadas com o termo LER/
DORT sofrem forte inuncia de fatores sociais,culturais, disputas trabalhistas.
4. Qual a importnciado diagnstico corretopara os pacientes e paraa sociedade?
Com a evoluo da medicina e com a incorpora-o de novas descobertas e novos conceitos, o antes
to debatido termo LER/DORT passa a enfraquecer
frente s evidncias cientcas, dando lugar inter-pretao individual de cada caso e sua classica-
o, segundo doenas que atualmente so melhorconhecidas e estudadas.
Recomenda-se que doenas antes agrupadas
em uma nica sigla LER/DORT sejam melhor
identicadas, analisadas e tratadas, o que inclui
como exemplos as tendinites, a sndrome do tneldo carpo, as sndromes miofasciais, a bromialgia,as cervicalgias, cervicobraquialgias, lombalgias,
lombociatalgias e quaisquer outras que antes eram
agrupadas sob aquela sigla.
O forte impacto cultivado em torno da siglaLER/DORT ao longo de toda a sua histria impede
sua erradicao instantnea seja no meio mdico seja
no jurdico, mas no impedimento para uma lenta
e necessria interpretao mais detalhada dos fatos
e doenas que ela envolve, em prol da adequaocientca da interpretao pericial, de uma Justiaatualizada e do melhor tratamento e da recuperao
dos trabalhadores afetados.
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5. LER uma doena?
No, LER no corresponde a uma doena ou en-fermidade. LER a sigla para Leses por Esforos
Repetitivos e representa um grupo de afeces do
sistema musculoesqueltico. So diversas afeces
que apresentam manifestaes clnicas distintas e
que variam em intensidade.
6. Porque a sigla DORT?
Representa a sigla para Distrbios Osteomus-culares Relacionados ao Trabalho e foi introduzi-
da para substituir a sigla LER, particularmente por
duas razes: primeiro porque a maioria dos traba-
lhadores com sintomas no sistema musculoesque-
ltico no apresenta evidncia de leso em qual-quer estrutura; a outra razo que alm do esforo
repetitivo (sobrecarga dinmica), outros tipos de
sobrecargas no trabalho podem ser nocivas para o
trabalhador como sobrecarga esttica (uso de con-
trao muscular por perodos prolongados para ma-nuteno de postura); excesso de fora empregada
para execuo de tarefas; uso de instrumentos que
transmitam vibrao excessiva; trabalhos executa-
dos com posturas inadequadas.
Atualmente, sabe-se que, alm dos fatoresmecnicos, tambm esto envolvidos fatores
sociais, familiares, econmicos, bem como graus
de insatisfao no trabalho, depresso, ansiedade,
problemas pessoais ou outros, tornando altamente
questionvel o diagnstico de LER ou DORT em
muitos trabalhadores.
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7. Quais so os distrbios
mais comuns?Os distrbios osteomusculares ocupacionais
mais frequentes so as tendinites (particularmente
do ombro, cotovelo e punho), as lombalgias (dores
na regio lombar) e as mialgias (dores musculares)
em diversos locais do corpo.
8. Como se adquire um
distrbio osteomuscularrelacionado ao trabalho?
Quando um ou mais dos seguintes fatores
organizacionais no ambiente de trabalho no so
respeitados:
Treinamento e condicionamento (tcnicas paraexecuo de tarefas)
Local de trabalho adequado (piso, superfcie, ba-rulho, umidade, ventilao,
temperatura, iluminao, distanciamentos, angu-laes, etc) Ferramentas, utenslios, acessrios e mobilirios
adequados
Durao das jornadas de trabalho
Intervalos apropriados Posturas adequadas Respeito aos limites biomecnicos (fora, repeti-
tividade, manuteno de posturas especcas porperodos prolongados)
Portanto, um ambiente de trabalho organizadoreduz muito a possibilidade de um indivduo
desencadear um distrbio musculoesqueltico.
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Convm ressaltar que existem predisposies
individuais que aumentam a possibilidade de um
trabalhador desenvolver DORT. Diversas variaes
congnitas do aparelho locomotor, enfermidades
associadas, estresse, distrbios psicolgicos, estilo
de vida, entre outros fatores, podem todos contribuir
para o aparecimento desses distrbios.
9. Quais so ostrabalhadores mais
vulnerveis?Qualquer tipo de trabalho mal executado ou que
no respeita os limites biomecnicos, juntamente
com a predisposio constitucional da pessoa, pode
desencadear DORT.
10. O trabalhador com dorou outro sintoma portador
de LER ou DORT?No, necessariamente. Sintomas como dor, dor-
mncia, formigamento, sensao de pontadas ou
agulhadas, diminuio da fora, sensao de peso
ou cansao nos membros, inchao, diculdade demovimentao, desconforto, entre outros, podem
ser decorrentes de diversas condies no relacio-
nadas s sobrecargas biomecnicas no ambiente de
trabalho. Muitos distrbios reumticos, imunolgi-
cos, hormonais, metablicos, ortopdicos, neuro-lgicos ou infecciosos podem ser responsveis por
sintomas que simulam um distrbio osteomuscular
relacionado ao trabalho. Portanto, faz-se extrema-
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mente importante procurar o mdico para a realiza-
o de diagnstico preciso e de adequada estratgia
teraputica.
11. Esses distrbios so
incapacitantes? muito importante desmisticar o prognstico
dessas enfermidades. Ao contrrio do que algunsdeclaram, todos esses distrbios tm tratamento
e, felizmente, os casos mais graves ou que no
respondem ao tratamento clnico, podem ser
beneciados por procedimentos cirrgicos ereabilitao especca.
12. Como o tratamentodesses distrbios?
O tratamento depende sempre do diagnstico
preciso, de corrigir as causas no ambiente de tra-balho e de instituir um plano teraputico adequado.
Diversas so as modalidades teraputicas: siotera-pia (eletroterapia e cinesioterapia), medicamentos,
inltraes, rteses (acessrios para ns teraputi-
cos tais como talas, protetores, cintas, coletes, etc)e reabilitao.
13. O estresse psicolgico
infuencia os sintomas?
Sim. Qualquer forma de estresse psicolgico
pode inuenciar diretamente na percepo da dor
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ou de outros sintomas. A ansiedade, a depresso eoutros distrbios psicolgicos podem tambm gerar
ou agravar a tenso muscular (a qual causa contrao
e dor no msculo). Em muitos casos, a insatisfao
com o trabalho, ou outro componente emocional,
tem sido a principal responsvel pela perpetuao
da sintomatologia. A boa relao mdico-paciente,a satisfao com a vida, a motivao pelo trabalho
e as convices do indivduo so ingredientes
essenciais para o sucesso teraputico.
14. Como prevenir osDistrbios OsteomuscularesRelacionados ao Trabalho?
Criando-se um bom ambiente de trabalhoe respeitando-se os limites de cada indivduo.
A preveno deve ser iniciada com a seleoadequada dos operrios, aprendizagem de tcnicas,
condicionamento e ensinamento de posturas
apropriadas. A durao das jornadas de trabalhodeve ser respeitada, assim como a presena de
intervalos peridicos. Todos os instrumentos,
ferramentas, acessrios, mobilirios e postos de
trabalho devem ser convenientes, como tambm
as posies, distncias e angulaes envolvidas.Tudo isso somado a um adequado estilo de vida,
com boa qualidade do sono, condicionamento
fsico e manuteno da sade geral, proporcionar
a qualquer trabalhador condies de executar
suas tarefas laborativas com os mnimos riscos dedesenvolver um distrbio osteomuscular.
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Sociedade Brasileira de Reumatologia
www. reumatologia.org.br
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