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Cap 01
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Parte I
Consideraes Preliminares
1 Seleo de um Projeto de Pesquisa
2 Reviso da Literatura
3 Uso da Teoria
4 Estratgias de Redao e Consideraes ticas
Este livro destina-se a auxiliar os pesquisadores a desenvolver
um pla-
no ou uma proposta para um estudo de pesquisa. A Parte I
aborada
diversas consideraes preliminares necessrias antes de
elaboraruma proposta ou um projeto de estudo. Essas consideraes
esto re-
lacionadas seleo de um projeto de pesquisa apropriado,
reviso
da literatura para posicionar o estudo proposto dentro da
literatura
existente, seleo de uma teoria no estudo e ao emprego, desde
o
incio, de uma boa redao e de prticas ticas.
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Cap 01
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Os projetos de pesquisa so os planos e os procedimentos para a
pes-
quisa que abrangem as decises desde suposies amplas at
mtodos
detalhados de coleta e de anlise dos dados. Esse plano envolve
vrias
decises, os quais no precisam ser tomadas na ordem em que
fazem
sentido para mim e na ordem de sua apresentao aqui. A deciso
geral envolve qual projeto deve ser utilizado para se estudar um
tpico.A informao dessa deciso deveria refletir as concepes que o
pes-
quisador traz para o estudo, os procedimentos da investigao
(cha-
mados de estratgias) e os mtodos especficos de coleta e de
anlise e
interpretao dos dados. A seleo de um projeto de pesquisa
tam-
bm baseada na natureza do problema ou na questo de pesquisa
que
est sendo tratada, nas experincias pessoais dos pesquisadores e
no
pblico ao qual o estudo se dirige.
OS TRS TIPOS DE PROJETOS
Neste livro, so apresentados trs tipos de projetos:
qualitativos,quantitativos e de mtodos mistos. Sem dvida, as trs
abordagens noso to distintas quanto parecem inicialmente. As
abordagens qualitativae quantitativa no devem ser encaradas como
extremos opostos ou di-cotomias, pois, em vez disso, representam
fins diferentes em um cont-
nuo (Newman e Benz, 1998). Um estudo tende a ser mais
qualitativo doque quantitativo, ou vice-versa. A pesquisa de mtodos
mistos reside no
1Seleo de um
Projeto de Pesquisa
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Cap 01
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26 John W. Creswell
meio deste contnuo porque incorpora elementos das duas
abordagens,qualitativa e quantitativa.
Com frequncia a distino entre pesquisa qualitativa e
quantitativa estruturada em termos do uso de palavras (qualitativa)
em vez de nmeros(quantitativa), ou do uso de questes fechadas
(hipteses quantitativas)em vez de questes abertas (questes de
entrevista qualitativa). Uma ma-neira mais completa de encarar as
gradaes das diferenas entre elasest nas suposies filosficas bsicas
que os pesquisadores levam para oestudo, nos tipos de estratgias de
pesquisa utilizados em toda a pesquisa(p. ex., experimentos
quantitativos ou estudos de caso qualitativos) e nosmtodos
especficos empregados na conduo destas estratgias (p. ex.,
coleta quantitativa dos dados em instrumentos versus coleta de
dadosqualitativos atravs da observao de um ambiente). Alm disso, as
duasabordagens tm uma evoluo histrica, com as abordagens
quantitativasdominando as formas de pesquisa nas cincias sociais
desde o final dosculo XIX at meados do sculo XX. Durante a segunda
metade do sculoXX, o interesse na pesquisa qualitativa aumentou e,
junto com ele, o de-senvolvimento da pesquisa de mtodos mistos (ver
Creswell, 2008, paramais informaes sobre essa histria). Com esse
pano de fundo, convmobservarmos as definies desses trs termos
fundamentais, conforme uti-lizados neste livro:
A pesquisa qualitativa um meio para explorar e para entendero
significado que os indivduos ou os grupos atribuem a um problema
socialou humano. O processo de pesquisa envolve as questes e os
procedimentosque emergem, os dados tipicamente coletados no
ambiente do participante,a anlise dos dados indutivamente construda
a partir das particularidadespara os temas gerais e as interpretaes
feitas pelo pesquisador acerca dosignificado dos dados. O relatrio
final escrito tem uma estrutura flexvel.
Aqueles que se envolvem nessa forma de investigao apiam uma
maneirade encarar a pesquisa que honra um estilo indutivo, um foco
no significadoindividual e na importncia da interpretao da
complexidade de umasituao (adaptado de Creswell, 2007).
A pesquisa quantitativa um meio para testar teorias
objetivas,examinando a relao entre as variveis. Tais variveis, por
sua vez, podemser medidas tipicamente por instrumentos, para que os
dados numricospossam ser analisados por procedimentos estatsticos.
O relatrio final escritotem uma estrutura fixa, a qual consiste em
introduo, literatura e teoria,
mtodos, resultados e discusso (Creswell, 2008). Como os
pesquisadoresqualitativos, aqueles que se engajam nessa forma de
investigao tm su-
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Projeto de pesquisa 27
posies sobre a testagem dedutiva das teorias, sobre a criao de
prote-es contra vieses, sobre o controle de explicaes alternativas
e sobre
sua capacidade para generalizar e para replicar os achados.A
pesquisa de mtodos mistos uma abordagem da inves-tigao que combina
ou associa as formas qualitativa e quantitativa. En-volve suposies
filosficas, o uso de abordagens qualitativas e quanti-tativas e a
mistura das duas abordagens em um estudo. Por isso, mais doque uma
simples coleta e anlise dos dois tipos de dados; envolve tambmo uso
das duas abordagens em conjunto, de modo que a fora geral de
umestudo seja maior do que a da pesquisa qualitativa ou
quantitativa isolada(Creswell e Plano Clark, 2007).
Essas definies tm considerveis informaes em cada uma delas.Ao
longo de todo o livro, discuto as partes das definies para que
seussignificados fiquem claros.
OS TRS COMPONENTES ENVOLVIDOS EM UM PROJETO
Dois importantes componentes em cada definio so que a abor-dagem
da pesquisa envolve suposies filosficas e tambm mtodos
ouprocedimentos distintos. O projeto de pesquisa, a que me refiro
comoo plano ouproposta para conduzir a pesquisa, envolve a
interseco defilosofia, de estratgias de investigao e de mtodos
especficos. Umaestrutura que utilizo para explicar a interao desses
trs componentespode ser vista na Figura 1.1. Para reiterar, no
planejamento de um estudo,os pesquisadores precisam pensar por meio
das suposies da concepofilosfica que eles trazem ao estudo, da
estratgia da investigao que
est relacionada a essa concepo e dos mtodos ou procedimentos
depesquisa especficos que transformam a abordagem em prtica.
Concepes filosficas
Embora as concepes filosficas permaneam em grande parteocultas
na pesquisa (Slife e Williams, 1995), ainda assim influenciam
suaprtica e precisam ser identificadas. Sugiro que os indivduos que
preparam
uma proposta ou plano de pesquisa explicitem as ideias
filosficas maisabrangentes que adotam. Essa informao ajudar a
explicar o motivo
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28 John W. Creswell
pelo qual escolheram a abordagem qualitativa, quantitativa ou de
mtodosmistos para sua pesquisa. Ao escrever sobre as concepes, uma
proposta
pode incluir uma seo que trate do seguinte:A concepo filosfica
proposta no estudoUma definio das consideraes bsicas dessa
concepoComo a concepo moldou sua abordagem da pesquisa
Estratgias de investigao
selecionadas
Estratgias qualitativas
(p. ex., etnografa)
Estratgias qualitativas
(p. ex., experimentos)Estratgias de mtodos mistos
(p. ex., sequenciais)
Concepes flosfcas
Ps-positivista
Construo social
Reivindicatria/participativaPragmtica
Projetos de pesquisa
Qualitativo
Quantitativo
Mtodos mistos
Mtodos de pesquisa
Questes
Coleta dos dados
Anlise dos dados
Interpretao
Redao
Validao
Optei por usar o termo concepo significando um conjunto de
crenas bsicas que guiam a ao (Guba, 1990, p. 17). Outros tm
chamadoas concepes deparadigmas(Lincoln e Guba, 2000; Mertens,
1999); epis-temologias e ontologias (Crotty, 1998) ou de
metodologias de pesquisa am-plamente concebidas (Neuman, 2000).
Encaro as concepes como umaorientao geral sobre o mundo e sobre a
natureza da pesquisa defendidaspor um pesquisador. Tais concepes so
moldadas pela rea da disciplinado aluno, pelas crenas dos
orientadores e dos professores em uma rea doaluno e pelas
experincias que tiveram em pesquisa. Os tipos de crenasabraadas
pelos pesquisadores individuais com frequncia os conduziro a
adotar em sua pesquisa uma abordagem qualitativa, quantitativa
ou de m-todos mistos. Quatro concepes diferentes so discutidas:
ps-positivista,
Figura 1.1Uma estrutura para o projeto a interconexo das
concepes, estra-tgias da investigao e mtodos de pesquisa.
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Projeto de pesquisa 29
construtivista, reivindicatria/participatria e pragmtica. Os
principaiselementos de cada posio esto apresentados no Quadro
1.1.
Ps-positivista Construtivista
Determinao
Reducionismo
Observao e mensurao empricas
Verifcao da teoria
Entendimento
Signifcados mltiplos do participante
Construo social e histrica
Gerao de teoria
Reivindicatria/Participatria Pragmatista
Poltica
Capacitao orientada para a questo
Colaborativa
Orientada para a mudana
Consequncias das aes
Centrada no problema
Pluralista
Orientada para a prtica no mundo real
A concepo ps-positivista
As suposies ps-positivistas tm representado a forma
tradicionalda pesquisa, e so mais vlidas para a pesquisa
quantitativa do que para a
qualitativa. s vezes chamada de mtodo cientficoou da realizao
depesquisa na cincia. tambm chamada de pesquisa
positivista/ps-posi-tivista, de cincia empricae deps-positivismo.
Este ltimo termo chama-do ps-positivismo porque representa o
pensamento posterior ao positi-vismo, que desafia a noo tradicional
da verdade absoluta do conheci-mento (Phillips e Burbules, 2000) e
reconhece que no podemos ser po-sitivos sobre nossas declaraes de
conhecimento quando estudamos ocomportamento e as aes de seres
humanos. A tradio ps-positivista
vem dos escritores do sculo XIX, como Comte, Mill, Durkheim,
Newton eLocke (Smith, 1983), e tem sido mais recentemente
articulada por es-critores como Phillips e Burbules (2000).
Os ps-positivistasdefendem uma filosofia determinstica, na
qualas causas provavelmente determinam os efeitos ou os resultados.
Assim,os problemas estudados pelos ps-positivistas refletem a
necessidade deidentificar e de avaliar as causas que influenciam os
resultados, comoaquelas encontradas nos experimentos. tambm
reducionista, pois ainteno reduzir as ideias a um conjunto pequeno
e distinto a serem
testadas, como as variveis que compreendem as hipteses e as
questesde pesquisa. O conhecimento que se desenvolve por meio de um
enfoque
Quadro 1.1Quatro concepes
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positivista baseado em uma observao e mensurao atenta da
reali-dade objetiva que est no mundo l fora. Desse modo, o
desenvolvimento
de medidas numricas de observaes e o estudo do comportamento
dosindivduos tornam-se fundamentais para um positivista. Por fim, h
leis outeorias que governam o mundo, e elas precisam ser testadas
ou verificadase refinadas, para que possamos compreender o mundo.
Assim, no mto-do cientfico, a abordagem da pesquisa aceita pelos
ps-positivistas, umindivduo inicia com uma teoria, coleta os dados
que a apoiam ou refutam,e depois faz as revises necessrias antes de
realizar testes adicionais.
Lendo Phillips e Burbules (2000), voc pode adquirir uma
percepodas suposies fundamentais dessa posio, como, por
exemplo:
O conhecimento conjectural (e antifundacional) a
verdade1.absoluta nunca pode ser encontrada. Assim, a evidncia
estabelecida napesquisa sempre imperfeita e falvel. Por esta razo,
os pesquisadoresafirmam que no provam uma hiptese, mas indicam uma
falha pararejeitar a hiptese.
A pesquisa o processo de fazer declaraes e depois refin-las
ou2.abandonar algumas delas em prol de outras declaraes mais
solidamentejustificadas. A maior parte das pesquisas quantitativas,
por exemplo, iniciacom o teste de uma teoria.
Os dados, as evidncias e as consideraes racionais moldam
o3.conhecimento. Na prtica, o pesquisador coleta informaes sobre os
ins-trumentos baseadas em avaliaes preenchidas pelos participantes
ou emobservaes registradas pelo pesquisador.
A pesquisa procura desenvolver declaraes relevantes e
verda-4.deiras, as quais servem para explicar a situao de interesse
ou que des-crevam as relaes causais de interesse. Nos estudos
quantitativos, ospesquisadores sugerem a relao entre as variveis e
a apresentam em
termos de questes ou de hipteses.Ser objetivo um aspecto
essencial da investigao competente;5.os pesquisadores precisam
examinar os mtodos e as concluses paraevitar vieses. Por exemplo, o
padro de validade e a confiabilidade soimportantes na pesquisa
quantitativa.
A concepo construtivista social
Outros adotam uma concepo diferente. O construtivismo social
(com frequncia associado ao interpretivismo: ver Mertens, 1998)
umaperspectiva desse tipo, e tipicamente encarado como uma
abordagem da
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Projeto de pesquisa 31
pesquisa qualitativa. As ideias provm de Mannheim e de obras
como TheSocial Construction of Reality, de Berger e Luekmann (1967)
e de Natu-
ralistic Inquiry, de Guba (1985). Os escritores mais recentes
que tmresumido essa posio so Lincoln e Guba (2000), Schwandt
(2007),Neuman (2000) e Crotty (1998). Os construtivistas
sociaisdefendemsuposies de que os indivduos procuram entender o
mundo em que vi-vem e trabalham. Os indivduos desenvolvem
significados subjetivos desuas experincias, significados dirigidos
para alguns objetos ou coisas. Taissignificados so variados e
mltiplos, levando o pesquisador a buscar acomplexidade dos pontos
de vista em vez de estreit-los em algumas cate-gorias ou ideias. O
objetivo da pesquisa confiar o mximo possvel nas
vises que os participantes tm da situao a qual est sendo
estudada. Asquestes tornam-se amplas e gerais, para que os
participantes possam cons-truir o significado de uma situao
caracteristicamente baseada em discus-ses ou interaes com outras
pessoas. Quanto mais aberto o questiona-mento, melhor, enquanto o
pesquisador ouve atentamente o que as pessoasdizem e fazem nos
ambientes em que vivem. Com frequncia, esses signi-ficados
subjetivos so negociados social e historicamente. Eles no
estosimplesmente estampados nos indivduos, mas so formados pela
interaocom as outras pessoas (da o construtivismo social) e por
normas histricase culturais as quais operam nas vidas dos
indivduos. Por isso, os pesqui-sadores construtivistas
frequentemente tratam dos processos de interaoentre os indivduos.
Tambm se concentram nos contextos especficos emque as pessoas vivem
e trabalham, para entender os ambientes histricos eculturais dos
participantes. Os pesquisadores reconhecem que suas prpriasorigens
moldam sua interpretao e se posicionam na pesquisa para reco-nhecer
como sua interpretao flui de suas experincias pessoais, culturais
ehistricas. A inteno do pesquisador extrair sentido dos (ou
interpretar)
significados que os outros atribuem ao mundo. Em vez de comear
comuma teoria (como no ps-positivismo), os investigadores geram ou
indutiva-mente desenvolvem uma teoria ou um padro de
significado.
Por exemplo, ao discutir o construtivismo, Crotty (1998)
identificouvrias suposies:
Os significados so construdos pelos seres humanos quando1.eles
se engajam no mundo que esto interpretando. Os
pesquisadoresqualitativos tendem a utilizar questes abertas para
que os participantespossam compartilhar suas opinies.
Os seres humanos se engajam em seu mundo e extraem sentido2.dele
baseados em suas perspectivas histricas e sociais, pois todos
ns
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32 John W. Creswell
nascemos em um mundo de significado que nos conferido por
nossacultura. Assim, os pesquisadores qualitativos procuram
entender o contexto
ou o cenrio dos participantes, visitando tal contexto e reunindo
informaespessoalmente. Tambm interpretam o que encontram, uma
interpretaomoldada pelas prprias experincias e origens do
pesquisador.
A gerao bsica de significado sempre social, surgindo dentro
e3.fora da interao com uma comunidade humana. O processo da
pesquisaqualitativa principalmente indutivo, com o investigador
gerando signifi-cado a partir dos dados coletados no campo.
A concepo reivindicatria e participatria
Outro grupo de pesquisadores abraa as suposies filosficas
daabordagem reivindicatria/participatria. Essa posio surgiu durante
asdcadas de 1980 e 1990, a partir de indivduos que acreditavam que
assuposies ps-positivistas impunham leis e teorias estruturais que
no seajustavam aos indivduos de nossa sociedade ou s questes de
justiasocial que precisavam ser abordadas. Essa concepo tipicamente
en-contrada na pesquisa qualitativa, mas pode servir como base
tambm paraa pesquisa quantitativa. Historicamente, alguns dos
escritores que adotam
a concepo reivindicatria/participatria (ou emancipatria) tm se
ba-seado nas obras de Marx, Adorno, Marcuse, Habermas e Freire
(Neuman,2000). Fay (1987), Heron e Reason (1997) e Kemmis e
Wilkinson (1998)so escritores mais recentes que estudam essa
perspectiva. Esses inves-tigadores acreditam, principalmente, que a
posio construtivista no foilonge o bastante na defesa de uma agenda
de ao para ajudar as pes soasmarginalizadas. Uma concepo
reivindicatria/participatriade-fende que a investigao da pesquisa
precisa estar interligada poltica e uma agenda poltica. Por isso, a
pesquisa contm uma agenda de aopara a reforma que pode mudar as
vidas dos participantes, as instituiesnas quais os indivduos
trabalham ou vivem e a vida do pesquisador. Almdisso, precisa-se
tratar de questes especficas, relacionadas a importantesquestes
sociais atuais, como capacitao, desigualdade, opresso, domi-nao,
supresso e alienao. O pesquisador com frequncia comea comuma dessas
questes como o ponto focal do estudo. Essa pesquisa tambmassume que
o investigador vai proceder colaborativamente, de modo a
nomarginalizar ainda mais os participantes como um resultado da
investi-
gao. Nesse sentido, os participantes podem ajudar a planejar as
ques-tes, a coletar os dados, a analisar as informaes ou a colher
as recom-
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Projeto de pesquisa 33
pensas da pesquisa. A pesquisa reivindicatria proporciona uma
voz aesses participantes, elevando sua conscincia ou sugerindo uma
agenda de
mudana para melhorar suas vidas. Torna-se uma voz unida para a
re-forma e a mudana.Essa concepo filosfica se concentra nas
necessidades dos grupos
e dos indivduos em nossa sociedade os quais possam estar
margina-lizados ou privados de privilgios. Por isso, as
perspectivas tericas po-dem estar integradas s suposies filosficas
que constroem um quadrodas questes que esto sendo examinadas, as
pessoas a serem estudadase as mudanas so necessrias, como
perspectivas feministas, discursosracializados, teoria crtica,
teoria queer*, teoria da homossexualidade e
teoria da incapacidade enfoques tericos que sero discutidos
detalha-damente no Captulo 3.
Embora esses sejam grupos diferentes e minhas explicaes
aquisejam generalizaes, cabe examinar o resumo de Kemmis e
Wilkinson(1998) sobre os principais aspectos das formas defensivas
ou participativasde investigao:
A ao participativa recursiva ou dialtica e se concentra
em1.produzir mudana nas prticas. Assim, no final dos estudos
defensivos/participativos, os pesquisadores sugerem uma agenda de
ao para a
mudana.Essa forma de investigao est concentrada em ajudar os
indi-2.
vduos a se libertarem das restries encontradas nos meios de
comunicao,na linguagem, nos procedimentos de trabalho e nas relaes
de poder noscenrios educacionais. Os estudos
defensivos/participativos com frequnciase iniciam com uma questo ou
uma posio importante sobre os problemasda sociedade, como a
necessidade de capacitao.
Ela emancipatria, no sentido de que ajuda as pessoas a
se3.libertarem das restries das estruturas irracionais e injustas
que limitamo autodesenvolvimento e a autodeterminao. Os estudos
defensivos/participativos tm como objetivo criar um debate e uma
discusso polticospara que a mudana possa ocorrer.
prtica e colaborativa, porque uma investigao realizada4.
comoutras pessoas, em vez de sobreou para outras pessoas. Nesse
esprito,
* N. de T. A teoria queer uma teoria sobre o gnero que afirma
que a orientaosexual e a identidade sexual ou de gnero dos
indivduos so o resultado de umconstructo social e que, portanto, no
existem papis sexuais essencial ou biologica-
mente inscritos na natureza humana, antes formas socialmente
variveis de desem-penhar um ou vrios papis sexuais.
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Cap 01
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34 John W. Creswell
os autores reivindicatrios/participatrios engajam os
participantes comocolaboradores ativos em suas investigaes.
A concepo pragmtica
Outra posio sobre as concepes vem dos pragmticos. O pragma-tismo
deriva das obras de Peirce, James, Mead e Dewey
(Cherryholmes,1992). Escritores recentes incluem Rorty (1990),
Murphy (1990), Patton(1990) e Cherryholmes (1992). Essa filosofia
tem muitas formas, mas,para muitos, o pragmatismoenquanto concepo
surge mais das aes,das situaes e das consequncias do que das
condies antecedentes (co-
mo no ps-positivismo). H uma preocupao com as aplicaes, o
quefunciona, e as solues para os problemas (Patton, 1990). Em vez
de seconcentrarem nos mtodos, os pesquisadores enfatizam o problema
dapesquisa e utilizam todas as abordagens disponveis para entender
o pro-blema (ver Rossman e Wilson, 1985). Como uma base filosfica
para osestudos de mtodos mistos, Tashakkori e Teddlie (1998),
Morgan (2007) ePatton (1990) comunicam sua importncia por
concentrar a ateno noproblema de pesquisa na pesquisa das cincias
sociais e utilizam aborda-gens pluralsticas para derivar
conhecimento sobre o problema. Usando as
concepes de Cherryholmes (1992), Morgan (2007), e as minhas
pr-prias, o pragmatismo proporciona uma base filosfica para a
pesquisa:
O pragmatismo no est comprometido com nenhum sistema defilosofia
e de realidade. Isso se aplica pesquisa de mtodos mistos,em que os
investigadores se baseiam abundantemente tanto nas su-posies
quantitativas quanto nas qualitativas quando se envolvemem sua
pesquisa.Os pesquisadores individuais tm uma liberdade de escolha.
Destamaneira, os pesquisadores so livres para escolher os mtodos,
astcnicas e os procedimentos de pesquisa que melhor se ajustem
asuas necessidades e propsitos.Os pragmticos no veem o mundo como
uma unidade absoluta.De maneira semelhante, os pesquisadores que
utilizam mtodosmistos buscam muitas abordagens para coletar e
analisar os dados,em vez de se aterem a apenas uma maneira (p. ex.,
quantitativaou qualitativa).A verdade o que funciona no momento. No
se baseia em uma
dualidade entre a realidade independente da mente ou inseridana
mente. Assim, na pesquisa de mtodos mistos, os investigado-
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Projeto de pesquisa 35
res usam tanto dados quantitativos, quanto qualitativos,
porqueeles intentam proporcionar o melhor entendimento de um
proble-
ma de pesquisa.Os pesquisadores pragmticos olham para o quee
comopesquisar,baseados nas consequncias pretendidas, ou seja, aonde
eles que-rem chegar com ela. Os pesquisadores de mtodos mistos
preci-sam, antes de tudo, estabelecer um propsito para sua
combina-o, uma base lgica para as razes pelas quais os dados
quantita-tivos e qualitativos precisam ser combinados.Os pragmticos
concordam que a pesquisa sempre ocorre em con-textos sociais,
histricos e polticos, entre outros. Dessa maneira,
os estudos de mtodos mistos podem incluir uma feio ps-mo-derna,
um enfoque terico o qual reflita objetivos de justia sociale
objetivos polticos.Os pragmticos acreditam em um mundo externo
independente damente, assim como daquele alojado na mente. No
entanto, acre-ditam que precisamos parar de formular questes sobre
a realida-de e as leis da natureza (Cherryholmes, 1992). Eles
simplesmen-te gostariam de mudar o tema (Rorty, 1983, p. xiv).Por
isso, para o pesquisador de mtodos mistos, o pragmatismoabre a
porta para mltiplos mtodos, diferentes concepes e di-ferentes
suposies, assim como para diferentes formas de coleta eanlise dos
dados.
Estratgias da investigao
O pesquisador no apenas seleciona um estudo qualitativo,
quantita-
tivo ou de mtodos mistos para conduzir, tambm decide sobre um
tipo deestudo dentro destas trs escolhas. As estratgias da
investigaoso os tipos de projetos ou modelos de mtodos
qualitativos, quantitativose mistos que proporcionam uma direo
especfica aos procedimentos emum projeto de pesquisa. Outros as tm
chamado de abordagens da investi-gao(Creswell, 2007) ou de
metodologias da pesquisa(Mertens, 1998).As estratgias disponveis ao
pesquisador aumentaram no correr dos anos, medida que a tecnologia
da computao impulsionou nossa anlise dosdados e a capacidade para
analisar modelos complexos e que os indivduos
articularam novos procedimentos para conduzir a pesquisa nas
cinciassociais. A escolha dos tipos ser enfatizada nos Captulos 8,
9 e 10, estra-
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tgias frequentemente utilizado nas cincias sociais. Introduzo
aqui aquelasque sero discutidas mais adiante e que so citadas em
exemplos em todo
o livro. Uma viso geral dessas estratgias est mostrada no Quadro
1.2.
Quadro 1.2Estratgias alternativas da investigao
Quantitativa Qualitativa Mtodos mistos
Projetos experimentais
Projetos no experimentais,
como os levantamentos
Pesquisa narrativa
Fenomenologia
Etnografas
Estudos de teoria
fundamentada
Estudo de caso
Sequencial
Concomitante
Transformativa
Estratgias quantitativas
Durante o final do sculo XIX e todo o sculo XX, as estratgias da
in-vestigao associadas pesquisa quantitativa eram as que invocavam
a con-cepo ps-positivista. Estas incluam experimentos reais e os
experimentosmenos rigorosos, chamados de quase-experimentose de
estudos correlacionais(Campbell e Stanley, 1963), alm de
experimentos espe cficos de tema nico
(Cooper, Heron e Heward, 1987; Neuman e McCormick, 1995). Mais
re-centemente, as estratgias quantitativas tm envolvido
experimentos com-plexos, com muitas variveis e tratamentos (p. ex.,
projetos fatoriais e pro-jetos de medio repetida). Elas tambm tm
includo modelos de equaoestrutural elaborados que incorporam
caminhos causais e a identificao dafora coletiva de mltiplas
variveis. Neste livro, concentro-me em duasestratgias de
investigao: levantamentos e experimentos.
A pesquisa de levantamentoproporciona uma descrio quanti-tativa
ou numrica de tendncias, de atitudes ou de opinies de uma po-pulao,
estudando uma amostra dessa populao. Inclui estudos transver-sais e
longitudinais, utilizando questionrios ou entrevistas estruturadas
pa-ra a coleta de dados, com a inteno de generalizar a partir de
uma amostrapara uma populao (Babbie, 1990).
A pesquisa experimentalbusca determinar se um tratamen-to
especfico influencia um resultado. Esse impacto avaliado
propor-cionando-se um tratamento especfico a um grupo e o negando a
outro, edepois determinando como os dois grupos pontuaram em um
resultado.
Os experimentos incluem os experimentos verdadeiros, com a
designaoaleatria dos indivduos s condies de tratamento, e os
quase-expe-
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Cap 01
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Projeto de pesquisa 37
rimentos, os quais utilizam projetos no aleatrios (Keppel,
1991). Dentrodos quase-experimentos esto includos os projetos de
tema nico.
Estratgias qualitativas
Na pesquisa qualitativa, os nmeros e os tipos de abordagens
tambm setornaram mais claramente visveis durante a dcada de 1990 e
o incio dosculo XXI. Os livros tm resumido os vrios tipos (como as
19 estratgiasidentificadas por Wolcott, 2001), e atualmente esto
disponveis procedi-mentos completos sobre abordagens especficas de
investigao qualitativa.Por exemplo, Clandinin e Connely (2000)
construram um quadro sobre o que
fazem os pesquisadores narrativos, Moustakas (1994) discutiu as
doutrinasfilosficas e os procedimentos do mtodo fenomenolgico, e
Strauss e Corbin(1990, 1998) identificaram os procedimentos da
teoria fundamentada. Wolcott(1999) resumiu os procedimentos
etnogrficos, e Stake (1995) sugeriu pro-cessos envolvidos na
pesquisa de estudo de caso. Neste livro, os exemplos sobaseados nas
estratgias que se seguem, reconhecendo que abordagens comoa
pesquisa de ao participativa (Kemmis e Wilkinson, 1998), a anlise
dodiscurso (Cheek, 2004) e outras no mencionadas (ver Creswell,
2007b) sotambm maneiras viveis para a conduo de estudos
qualitativos.
Etnografia uma estratgia de investigao em que o
pesquisadorestuda um grupo cultural intacto em um cenrio natural
durante um perodode tempo prolongado, coletando principalmente
dados observacionaise de entrevistas (Creswell, 2007b). O processo
de pesquisa flexvel e sedesenvolve, tipicamente, de maneira
contextual em resposta s realidadesvividas encontradas no ambiente
de campo (LeCompte e Schensul, 1999).
Teoria fundamentada * uma estratgia de investigao emque o
pesquisador deriva uma teoria geral, abstrata, de um processo,
ao ou interao fundamentada nos pontos de vista dos
participantes.Esse processo envolve o uso de muitos estgios da
coleta de dados e orefinamento e a inter-relao das categorias de
informao (Charmaz,2006; Strauss e Corbin, 1990, 1998). Duas
caractersticas principais destemodelo so a constante comparao dos
dados com as categorias emer-gentes e a amostragem terica de
diferentes grupos para maximizar assemelhanas e diferenas entre as
informaes.
* N. de R. Para detalhes ver: CHARMAZ, K.A construo da teoria
fundamentada: guiaprtico para anlise qualitativa. Porto Alegre:
Artmed, 2009.
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Cap 01
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38 John W. Creswell
Estudos de caso so uma estratgia de investigao em que
opesquisador explora profundamente um programa, um evento, uma
ati-
vidade, um processo ou um ou mais indivduos. Os casos so
relacionadospelo tempo e pela atividade, e os pesquisadores coletam
informaes de-talhadas usando vrios procedimentos de coleta de dados
durante um pe-rodo de tempo prolongado (Stake, 1995).
Pesquisa fenomenolgica uma estratgia de investigao emque o
pesquisador identifica a essncia das experincias humanas,
comrespeito a um fenmeno, descritas pelos participantes. O
entendimentodas experincias vividas distingue a fenomenologia como
uma filosofiae tambm como um mtodo, e o procedimento envolve o
estudo de um
pequeno nmero de indivduos por meio de um engajamento extensivoe
prolongado para desenvolver padres e relaes significativas
(Mous-takas, 1994). Nesse processo, o pesquisador inclui ou pe de
lado suasprprias experincias para entender aquelas dos
participantes do estudo(Nieswiadomy, 1993).
Pesquisa narrativa uma estratgia de investigao na qual
opesquisador estuda as vidas dos indivduos e pede a um ou mais
indi-vduos para contar histrias sobre suas vidas. Essas informaes
so, com
frequncia, recontadas ou re-historiadas pelo pesquisador em uma
crono-logia narrativa. No fim, a narrativa combina vises da vida do
participantecom aquelas da vida do pesquisador em uma narrativa
colaborativa(Clandinin e Connely, 2000).
Estratgias de mtodos mistos
As estratgias de mtodos mistos no so to conhecidas quanto
asabordagens quantitativas ou qualitativas. O conceito de misturar
diferen-
tes mtodos originou-se em 1959, quando Campbell e Fisk
utilizaram ml-tiplos mtodos para estudar a validade de traos
psicolgicos. Eles enco-rajaram outros a empregar sua matriz de
mltiplos mtodos para examinarmltiplas abordagens coleta de dados.
Isso estimulou outros a combi-narem os mtodos, e logo abordagens
associadas aos mtodos de campo,como observaes e entrevistas (dados
qualitativos), foram combinadasaos levantamentos tradicionais
(dados quantitativos; Sieber, 1973). Reco-nhecendo que todos os
mtodos tm limitaes, os pesquisadores acharamque os vieses inerentes
a qualquer mtodo especfico poderiam neutralizar
ou cancelar os vieses de outros mtodos. Nascia assim a
triangulao dasfontes de dados, um meio para a busca de convergncia
entre os mto-
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5/25/2018 Legado C CRESWELL John W Projeto Pesquisa 3Ed Liberado
Cap 01
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Projeto de pesquisa 39
dos qualitativos e quantitativos (Jick, 1979). No incio da dcada
de 1990,a ideia da combinao evoluiu da busca da convergncia para a
real in-
tegrao, ou conexo, dos dados quantitativos e qualitativos. Por
exem-plo, os resultados de um mtodo podem ajudar a identificar os
partici-pantes a serem estudados ou as perguntas a serem feitas
pelo outro mto-do (Tashakkori e Teddlie, 1998). Como alternativa,
os dados qualitativos equantitativos podem ser unidos em um grande
banco de dados ou os re-sultados usados lado a lado para reforar um
ao outro (p. ex., citaesqualitativas corroboram resultados
estatsticos; Creswell e Plano Clark,2007). Ou os mtodos podem
servir a um propsito maior, transformativo,para defender grupos
marginalizados, como mulheres, minorias tnicas/
raciais, membros das comunidadesgayse lsbicas, pessoas
portadoras dedeficincias e pobres (Mertens, 2003).
Essas razes para combinar os mtodos levaram os escritores
domundo todo a desenvolver procedimentos para estratgias de
investigaode mtodos mistos, o que trouxe os numerosos termos
encontrados naliteratura, tais como multimtodos, de convergncia,
integrados e com-binados(Creswell e Plano Clark, 2007), e a moldar
procedimentos para apesquisa (Tashakkori e Teddlie, 2003).
Em particular, trs estratgias gerais e umas tantas variaes
dentrodelas esto ilustradas neste livro:
Procedimentos de mtodos mistos sequenciais so aquelesem que o
pesquisador procura elaborar ou expandir os achados de ummtodo com
os de outro mtodo. Isso pode envolver iniciar com umaentrevista
qualitativa para propsitos exploratrios e prosseguir com ummtodo
quantitativo, de levantamento com uma amostra ampla, para queo
pesquisador possa generalizar os resultados para uma populao.
Comoalternativa, o estudo pode iniciar com um mtodo quantitativo,
no qual
uma teoria ou conceito testado, seguido por um mtodo qualitativo
queenvolva uma explorao detalhada de alguns casos ou
indivduos.Procedimentos de mtodos mistos concomitantesso aque-
les em que o pesquisador converge ou mistura dados quantitativos
e qua-litativos para realizar uma anlise abrangente do problema da
pesquisa.Nesse modelo, o investigador coleta as duas formas de
dados ao mesmotempo e depois integra as informaes na interpretao
dos resultadosgerais. Alm disso, nesse modelo, o pesquisador pode
incorporar umaforma menor de dados com outra coleta de dados maior
para analisar
diferentes tipos de questes (o qualitativo responsvel pelo
processoenquanto o quantitativo responsvel pelos resultados).
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Cap 01
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40 John W. Creswell
Procedimentos de mtodos mistos transformativosso aque-les em que
o pesquisador utiliza um enfoque terico (ver Captulo 3) como
uma perspectiva ampla em um projeto que contm tanto dados
quanti-tativos quanto qualitativos. Esse enfoque proporciona uma
estrutura paratpicos de interesse, mtodos para coleta de dados e
para os resultadosou mudanas previstos pelo estudo. Dentro desse
enfoque pode haver ummtodo de coleta de dados que envolva uma
abordagem sequencial ouconcomitante.
Mtodos de pesquisa
O terceiro elemento importante da estrutura so os mtodos de
pes-quisaespecficos que envolvem as formas de coleta, anlise e
interpretaodos dados que os pesquisadores propem para seus estudos.
Como mostra oQuadro 1.3, convm considerar toda a srie de
possibilidades da coleta dedados e organizar esses mtodos, por
exemplo, por seu grau de naturezapredeterminada, seu uso de
questionamento fechadoversusaberto e seu en-foque na anlise de
dados numricos versus dados no numricos. Essesmtodos sero mais
desenvolvidos nos Captulos 8 a 10.
Quadro 1.3Mtodos quantitativos, mistos e qualitativos
Mtodos quantitativos Mtodos mistos Mtodos qualitativos
Predeterminado
Questes baseadas no
instrumento
Dados de desempenho,
dados de atitudes, dados
observacionais e dados
de censo
Anlise estatstica
Interpretao estatstica
Tanto mtodos
predeterminados quanto
emergentes
Tanto questes abertas
quanto fechadas
Formas mltiplas de
dados baseados em
todas as possibilidadesAnlise estatstica e de
texto
Por meio da interpretao
dos bancos de dados
Mtodos emergentes
Perguntas abertas
Dados de entrevistas,
dados de observao,
dados de documentos e
dados audiovisuais
Anlise de texto e
imagemInterpretao de temas
e de padres
Os pesquisadores coletam dados sobre um instrumento ou teste
(p.ex., um conjunto de questes sobre atitudes com relao
autoestima)ou renem informaes sobre uma lista de controle
comportamental (p.
ex., observao de um trabalhador engajado em uma habilidade
com-plexa). Na outra extremidade do contnuo, a coleta de dados pode
envol-
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5/25/2018 Legado C CRESWELL John W Projeto Pesquisa 3Ed Liberado
Cap 01
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Projeto de pesquisa 41
ver visitar um local de pesquisa e observar o comportamento dos
indi-vduos sem questes predeterminadas ou conduzir uma entrevista
em
que seja permitido ao indivduo falar abertamente sobre um tpico,
emgrande parte sem o uso de perguntas especficas. A escolha dos
mtodosvai depender de a inteno ser especificar o tipo de informao a
ser co-letada antes do estudo ou permitir que ela surja dos
participantes doprojeto. Alm disso, o tipo de dados analisados pode
ser informaes nu-mricas reunidas em escalas de instrumentos ou
informaes de textoregistrando e relatando a voz dos participantes.
Os pesquisadores fazeminterpretaes dos resultados estatsticos ou
interpretam os temas ou ospadres que emergem dos dados. Em algumas
formas de pesquisa, so
coletados, analisados e interpretados tanto dados quantitativos
quantoqualitativos. Os dados coletados por instrumento podem ser
ampliadoscom observaes abertas, ou os dados de censo podem ser
acompanhadosde entrevistas exploratrias detalhadas. Nesse caso dos
mtodos mistos,o pesquisador faz inferncias tanto sobre os bancos de
dados quantita-tivos quanto sobre os bancos de dados
qualitativos.
OS PROJETOS DE PESQUISA CONCEPES,ESTRATGIAS E MTODOS
As concepes, as estratgias e os mtodos, todos contribuem paraum
projeto de pesquisa que tendea ser quantitativo, qualitativo ou
misto.O Quadro 1.4 cria distines quae podem ser teis na escolha de
uma abor-dagem. Essa tabela tambm inclui prticas de todas as trs
abordagensque esto enfatizadas nos captulos restantes deste
livro.
Os cenrios tpicos da pesquisa podem ilustrar como esses trs
ele-
mentos so combinados em um projeto de pesquisa.Abordagem
quantitativa Concepo ps-positivista, estratgia deinvestigao
experimental e avaliaes pr e ps-teste das atitudes
Nesse cenrio, o pesquisador testa uma teoria especificando
hip-teses estritas e a coleta de dados para corroborar ou para
refutar ashipteses. utilizado um projeto experimental em que as
atitudes soavaliadas tanto antes quanto depois de um tratamento
experimental.Os dados so coletados em um instrumento que mede
atitudes, e as
informaes so analisadas por meio procedimentos estatsticos e
datestagem de hipteses.
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Cap 01
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42 John W. Creswell
Quadro 1.4 Abordagens qualitativas, quantitativas e de mtodos
mistos
Tende a ou
tipicamente ...
Abordagens
qualitativas
Abordagens
quantitativas
Abordagens de
mtodos mistosUsa essas
suposies
flosfcas
Declaraes de
conhecimento
construtivistas/
reivindicatrias/
participatrias
Declaraes de
conhecimento
ps-positivistas
Declaraes de
conhecimento
pragmticas
Emprega essas
estratgias de
investigao
Fenomenologia,
teoria fundamentada,
etnografa, estudo de
caso e narrativa
Levantamentos e
experimentos
Sequenciais,
concomitantes e
transformativas
Emprega esses
mtodos
Questes abertas,
abordagens
emergentes, dados detexto ou imagem
Questes fechadas,
abordagens
predeterminadas,dados numricos
Tanto questes
abertas quanto
fechadas, tantoabordagens
emergentes quanto
predeterminadas,
e tanto dados
e anlises
quantitativos
quanto qualitativos
Usa essas
prticas de
pesquisa
medida que o
pesquisador
Posiciona-se
Coleta signifcados dos
participantes
Concentra-se em um
conceito ou fenmeno
nico
Traz valores pessoais
para o estudo
Estuda o contexto
ou o ambiente dos
participantes
Valida a precrio dos
resultados
Faz interpretaes dos
dados
Cria uma agenda para
mudana ou reforma
Colabora com osparticipantes
Testa ou verifca
teorias ou
explicaes
Identifca variveis
para o estudo
Relaciona as
variveis em
questes ou
hipteses
Observa e avalia
as informaes
numericamente
Usa abordagens
no tendenciosas
Emprega
procedimentos
estatsticos
Coleta tanto dados
quantitativos
quanto qualitativos
Desenvolve uma
justifcativa para a
combinao
Integra os dados de
diferentes estgios
da investigao
Apresenta quadros
visuais dos
procedimentos do
estudo
Emprega as
prticas tanto
da pesquisa
qualitativa quanto
da quantitativa
Abordagem qualitativa Concepo construtivista, modelo etnogr-fico
e observao do comportamento
Nessa situao, o pesquisador procura estabelecer o significado
deum fenmeno a partir dos pontos de vista dos participantes. Isso
significaidentificar o grupo que compartilha uma cultura e estudar
como ele de-
senvolve padres compartilhados de comportamento no decorrer do
tem-po (isso , etnografia). Um dos principais elementos da coleta
de dados
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Cap 01
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Projeto de pesquisa 43
dessa maneira observar os comportamentos dos participantes
engajan-do-se em suas atividades.
Abordagem qualitativa Concepo participativa, modelo narrativoe
entrevista aberta
Para esse estudo, o investigador procura examinar uma questo
rela-cionada opresso dos indivduos. So coletadas histrias sobre a
opressodo indivduo usando uma abordagem narrativa. Os indivduos so
entre-vistados com uma certa profundidade para determinar como
experimen-taram a opresso pessoalmente.
Abordagem de mtodos mistos Concepo pragmtica, coleta se-
quencial de dados quantitativos e qualitativos.O pesquisador
baseia a investigao na suposio de que a coleta de
diversos tipos de dados proporciona um melhor entendimento do
pro-blema da pesquisa. O estudo comea com um levantamento amplo
parageneralizar os resultados para uma populao e depois, em uma
segundafase, concentra-se em entrevistas qualitativas abertas
visando a coletarpontos de vista detalhados dos participantes.
CRITRIOS PARA A SELEO DE UM PROJETO DE PESQUISA
Dada a possibilidade das abordagens qualitativas, quantitativas
ou demtodos mistos, quais fatores afetam a escolha de uma abordagem
sobreoutra para o projeto de uma proposta? Alm da concepo, da
estratgiae dos mtodos, estariam o problema de pesquisa, as
experincias pessoaisdo pesquisador e o(s) pblico(s) para o qual o
relatrio ser redigido.
O problema de pesquisaUm problema de pesquisa, mais
detalhadamente discutido no Captulo
5, uma questo ou uma preocupao que precisa ser tratada (p. ex.,
a ques-to da discriminao racial). Alguns tipos de problemas de
pesquisa socialrequerem abordagens especficas. Por exemplo, se o
problema requer (a) aidentificao de fatores que influenciam um
resultado, (b) a utilidade de umainterveno ou (c) o entendimento
dos melhores preditores de resultados,
ento uma abordagem quantitativa melhor. Essa tambm a melhor
abor-dagem a ser utilizada para testar uma teoria ou uma
explicao.
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Cap 01
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44 John W. Creswell
Por outro lado, se um conceito de fenmeno precisa ser
entendidoporque pouca pesquisa foi realizada a respeito, ento ele
merece uma
abordagem qualitativa. A pesquisa qualitativa exploratria e
convenientequando o pesquisador no conhece as variveis importantes
a seremexaminadas. Esse tipo de abordagem pode ser necessria porque
o tpico novo, porque o tpico nunca foi tratado com uma determinada
amostraou grupo de pessoas e porque as teorias existentes no se
aplicam amos-tra ou ao grupo particular que est sendo estudado
(Morse, 1991).
Um projeto de mtodos mistos til quando a abordagem
quantitativaou qualitativa em si inadequada para um bom
entendimento de umproblema de pesquisa, ou quando os potenciais da
pesquisa quantitativa
e da pesquisa quantitativa no conseguem proporcionar o melhor
enten-dimento. Por exemplo, um pesquisador pode querer generalizar
os re-sultados para uma populao e tambm desenvolver uma viso
detalhadado significado de um fenmeno ou de um conceito para os
indivduos. Nessapesquisa, o investigador primeiro realiza uma
explorao geral para saberquais variveis estudar e depois estuda
essas variveis com uma amostramaior de indivduos. Como alternativa,
os pesquisadores podem primeirolevantar um grande nmero de
indivduos e depois acompanhar alguns
participantes com o intuito de obter sua linguagem e suas
expresses es-pecficas sobre o tpico. Nessas situaes, mostra-se
vantajoso coletar tantodados quantitativos fechados quanto dados
qualitativos abertos.
Experincias pessoais
O treinamento e as experincias pessoais do prprio
pesquisadortambm influenciam sua escolha da abordagem. Um indivduo
treinado
em escrita tcnica e cientfica, em estatstica e programas de
estatsticacomputadorizados e que tambm seja familiarizado com as
publicaesde natureza quantitativa teria uma maior probabilidade de
escolher umprojeto quantitativo. Por outro lado, os indivduos que
gostam de escreverde uma maneira literria ou de realizar
entrevistas pessoais ou, ainda, derealizar observaes de perto,
podem preferir a abordagem qualitativa.O pesquisador de mtodos
mistos um indivduo familiarizado com apesquisa quantitativa e com a
pesquisa qualitativa. Alm disso, tambmtem o tempo e os recursos
para coletar tanto dados quantitativos quanto
qualitativos, bem como os meios para a realizao de estudos de
mtodosmistos, os quais tendem a ter um amplo escopo.
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Cap 01
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Projeto de pesquisa 45
Como os estudos quantitativos so o modo tradicional de
pesquisa,existem para eles procedimentos e regras criteriosamente
elaborados. Os
pesquisadores podem se sentir mais vontade com os procedimentos
ex-tremamente sistemticos da pesquisa quantitativa. Alm disso, para
algunsindivduos, pode ser desconfortvel desafiar as abordagens
aceitas entre al-guns docentes utilizando abordagens qualitativas e
reivindicatrias/parti-cipatrias para a investigao. Por outro lado,
as abordagens qualitativasabrem espao para a inovao e para
trabalhar mais dentro das estruturasplanejadas pelo pesquisador.
Elas permitem uma escrita mais criativa, emestilo literrio, uma
forma que os indivduos, podem gostar de usar. Para osescritores que
preferem a abordagem reivindicatria/participatria, h, sem
dvida, um forte estmulo para escolher tpicos de interesse
pessoal ques-tes que se relacionem a pessoas marginalizadas e a um
interesse em criaruma melhor sociedade para elas e para todos.
Para o pesquisador de mtodos mistos, o projeto vai requerer um
tempoextra, devido necessidade de coletar e de analisar dados
quantitativos equalitativos. Isso se ajusta a uma pessoa que goste
tanto da estrutura dapesquisa quantitativa quanto da flexibilidade
da investigao qualitativa.
PblicoFinalmente, os pesquisadores so sensveis ao pblico para
quem
relatam sua pesquisa. Esse pblico pode ser composto de editores
deperidicos, leitores de revistas, comits de estudantes de
ps-graduao,participantes de conferncias ou colegas da sua rea. Os
estudantesdevem considerar as abordagens normalmente preferidas e
usadas porseus orientadores. As experincias desses pblicos com os
estudosquantitativos, qualitativos ou de mtodos mistos podem moldar
a tomada
de deciso em relao a essa escolha.
RESUMO
Ao planejar um projeto de pesquisa, os pesquisadores precisam
iden-tificar se empregaro um projeto qualitativo, quantitativo ou
de mtodosmistos. Esse projeto se baseia em unir uma concepo ou as
suposiessobre pesquisa, as estratgias de investigao especficas e os
mtodos
de pesquisa. As decises sobre a escolha de um projeto tambm
soinfluenciadas pelo problema de pesquisa ou pela questo que est
sendo
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Cap 01
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46 John W. Creswell
estudada, pelas experincias pessoais do pesquisador e pelo
pblico paraa qual o pesquisador escreve.
Exerccios de Redao
Identifque uma questo de pesquisa em um artigo de peridico e
discuta1.
qual projeto seria o melhor para estudar a questo e por qu.
Escolha um tpico que gostaria de estudar e, utilizando as quatro
combi-2.
naes de concepes, estratgias de investigao e mtodos de
pesquisa
apresentadas na Figura 1.1, discuta um projeto que rena concepo,
es-
tratgias e mtodos. Identifque se essa seria uma pesquisa
quantitativa,
qualitativa ou de mtodos mistos.O que distingue um estudo
quantitativo de um estudo qualitativo? Mencione3.
trs caractersticas.
LEITURAS ADICIONAIS
Cherryholmes, C. H. (1992, agosto-setembro). Notes on
pragmatism
and scientific realism.Educational Researcher, 14, 13-17.
Cleo Cherryholmes discute o pragmatismo enquanto perspectiva
contrastante do realismocientfico. O ponto forte desse artigo so as
numerosas citaes de escritores sobre o prag-matismo e um
esclarecimento de uma verso do pragmatismo. A verso de
Cherryholmesindica que o pragmatismo direcionado por consequncias
antecipadas, pela relutnciaem contar uma histria verdadeira, e pela
adoo da ideia de que h um mundo externoindependente de nossas
mentes. Tambm esto includas nesse artigo muitas referncias
aescritores histricos e recentes sobre o pragmatismo como uma
postura filosfica.
Crotty, M. (1998). The foundations of social research: Meaning
and per-
spective in the research process.Thousand Oaks. Thousand Oaks,
CA: Sage.
Michael Crotty oferece uma estrutura til para vincular as muitas
questes epistemolgicas,perspectivas tericas, metodologia e mtodos
da pesquisa social. Ele inter-relaciona os quatrocomponentes do
processo de pesquisa e mostra em uma tabela uma amostra
representativados tpicos de cada componente, tais como o
ps-modernismo, o feminismo, a indagaocrtica, o interpretivismo, o
construcionismo e o positivismo.
Kemmis, S. & Wilkinson, M. (1998). Participatory action
research and
the study of practice. Em B. Atweh, S. Kemmis & P. Weeks
(Eds.),Action
research in practice: Partnerships for social justice in
education(p. 21-
36). New York: Routledge.
Stephen Kemmis e Mervyn Wilkinson apresentam uma excelente viso
geral dapesquisa participativa. Registram, em especial, as seis
principais caractersticas dessa
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5/25/2018 Legado C CRESWELL John W Projeto Pesquisa 3Ed Liberado
Cap 01
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Projeto de pesquisa 47
abordagem da investigao e discutem como a pesquisa de ao
praticada nos nveisindividual, social ou em ambos.
Guba, E. G. & Lincoln, Y. S. (2005). Paradigmatic
controversies, contra-dictions, and emerging confluences. Em N. K.
Denzin & Y. S. Lincoln, The
Sage handbook of qualitative research (3rd ed., p. 191-215).
Thousand
Oaks, CA: Sage.
Yvonna Lincoln e Egon Guba apresentaram as crenas bsicas dos
cinco paradigmas dainvestigao alternativa na pesquisa de cincias
sociais: positivista, ps-positivista, dateoria crtica,
construtivista e participatrio. Isso amplia a anlise anterior
apresentadana primeira e segunda edies doHandbook. Cada um
apresentado em termos daontologia (isto , natureza da realidade),
da epistemologia (istso , como sabemos oque sabemos) e da
metodologia (isto , o processo da pesquisa). O paradigma
par-ticipatrio acrescenta outro paradigma alternativo queles
originalmente sugeridosna primeira edio. Aps uma breve apresentao
dessas cinco abordagens, eles ascontrastam em termos de sete
questes, como da natureza do conhecimento, como oconhecimento se
acumula e dos critrios de excelncia ou de qualidade.
Neuman, W. L. (2000). Social research methods: Qualitative and
quanti-
tative approaches. Boston: Allyn & Bacon.
Lawrence Neuman apresenta um texto abrangente sobre os mtodos de
pesquisacomo introduo pesquisa em cincias sociais. Especialmente
til no entendimentodo significado alternativo da metodologia o
Captulo 4, intitulado Os Significadosda Metodologia, em que ele
contrasta trs metodologias cincia social positivista,cincia social
interpretativa e cincia social crtica em termos de oito perguntas
(p.ex., O que constitui uma explicao ou teoria da realidade social?
O que parece umaboa evidncia ou uma informao factual?)
Phillips, D. C. & Burbules, N. C. (2000).Postpositivism and
educational
research. Lanham, MD: Rowman & Littlefield.
D. C. Phillips e Nicholas Burbules resumem as principais ideias
do pensamento ps-positivista. Em dois captulos, O que
Ps-Positivismo? e Compromissos Filosficos
dos Pesquisadores Ps-Positivistas, os autores apresentam
importantes ideias sobre ops-positivismo, especialmente aquelas que
o diferenciam do positivismo. Isso incluisaber que o conhecimento
humano mais conjectural do que incontestvel, e que nossas
justificativas para o conhecimento podem ser extradas de novas
investigaes.