UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO JOÃO DANIEL DE MEDEIROS OLIVEIRA LEAN MANUFACTURING E BPM: UM ESTUDO DE CASO DO PROCESSO PRODUTIVO EM UMA MICROEMPRESA DE NATAL/RN NATAL 2019
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
JOÃO DANIEL DE MEDEIROS OLIVEIRA
LEAN MANUFACTURING E BPM: UM ESTUDO DE CASO DO PROCESSO
PRODUTIVO EM UMA MICROEMPRESA DE NATAL/RN
NATAL
2019
JOAO DANIEL DE MEDEIROS OLIVEIRA
LEAN MANUFACTURING E BPM: UM ESTUDO DE CASO DO PROCESSO
PRODUTIVO EM UMA MICROEMPRESA DE NATAL/RN
Monografia apresentada à banca avaliadora do curso de graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do título de Bacharel em Administração. Orientador: Prof. Dr. Carlos David Cequeira Feitor
NATAL
2019
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas – SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA
Elaborado por Shirley de Carvalho Guedes. CRB/15 - 440
Oliveira, João Daniel de Medeiros.
Lean manufacturing e BPM: um estudo de caso do processo produtivo em uma
microempresa de Natal/RN / João Daniel de Medeiros Oliveira. - 2019.
46f.: il.
Monografia (Graduação em Administração) - Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Departamento de Ciências Administrativas. Natal, RN, 2019.
Orientador: Prof. Dr. Carlos David Cequeira Feitor.
Mapeamento de processos - Monografia. 4. Business Process Management (BPM) -
Monografia. 5. Lean Manufacturing - Monografia. I. Feitor, Carlos David Cequeira..
II. Título.
RN/UF/CCSA CDU 005.4
JOÃO DANIEL DE MEDEIROS OLIVEIRA
LEAN MANUFACTURING E BPM: UM ESTUDO DE CASO DO PROCESSO
PRODUTIVO EM UMA MICROEMPRESA DE NATAL/RN
Monografia apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte das exigências para a obtenção do título de bacharel em Administração.
Aprovada em: novembro de 2019.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________ Prof. Dr. Carlos David Cequeira Feitor
Orientador
________________________________________ Prof. Avaliador 2
________________________________________ Prof. Avaliador 3
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, à minha família. Aos meus pais, João e Honorina,
por todo o tempo, empenho, sabedoria e carinho dedicados a mim e aos meus
irmãos, Maria Clara e Artur. À minha irmã, Clarinha, por tudo o que já passamos,
juntos ou não. Ao meu irmão, Arturzinho, pelos momentos leves que vem
proporcionando, mesmo longe.
À minha madrasta, Olívia, e padrasto, Damázio, por toda a paciência em
entenderem e participarem do meu crescimento, pessoal e estudantil, e serem peças
importantes nesse processo.
Aos meus amigos Caio, Thiago, Artur Guz, Duarte e João Paulo, que,
mesmo distantes e com contato reduzido, não perderam importância na minha vida
e na pessoa que sou hoje.
À Lucas, Haroldo, Vitor, Carlos e Vinícius, por todos os anos de vivência e
amizade. Que a distância e o tempo não apaguem nem diminuam a amizade que foi
construída ao longo dos anos.
Ao meu professor orientador, Professor Dr. Carlos Feitor, por acreditar e
apoiar no meu projeto e em mim.
Ao professor Antônio Carlos Ferreira, por confiar a mim a oportunidade de
ser seu monitor ao longo de três semestres e a todos os conhecimentos passados
ao longo desse tempo.
Aos demais professores e professoras que tive, da escola à universidade,
que passaram pelo meu caminho e deixaram marcas e conhecimentos que levarei
durante a vida.
À todas as pessoas que passaram por mim durante minha vida e de alguma
forma deixaram boas lembranças.
RESUMO
O mercado consumidor está cada vez mais exigente, e isso faz com que as
empresas necessitem passar constantemente por melhorias, de modo a sempre
atender e suprir as necessidades e expectativas dos consumidores. Uma das
possibilidades para aprimorar as práticas empresariais é a utilização da gestão por
processos com base na metodologia BPM – Business Process Management – e na
filosofia Lean, modelos que inicialmente focam na melhoria da produção através do
mapeamento e reformulação dos processos, seguido do uso melhorado dos
recursos, gerando resultados em várias outras áreas da organização. Dessa forma,
esse estudo visa analisar, com base na observação simples e através de uma
entrevista semiestruturada, como esses métodos identificam e caracterizam os
gargalos e desperdícios que ocorrem nas atividades das organizações. A pesquisa
ocorrida durante esse estudo foi caracterizada como pesquisa aplicada em função
do objetivo de propor sugestões de melhoria, através da observação das atividades
rotineiras, à organização em análise. Assim, os resultados obtidos na pesquisa
foram a identificação e caracterização dos principais erros recorrentes no galpão em
que a produção ocorria, sendo eles o desperdício de matéria-prima e tempo, bem
como a sugestão de ações corretivas objetivadas a minimizá-los, sendo a
readequação de layout e o estudo de tempos e movimentos.
ANEXO A - ENTREVISTA ____________________________________________ 46
8
1 INTRODUÇÃO
O Brasil viveu no passado recente uma forte crise econômica,
principalmente no setor industrial, mas que teve efeitos em vários outros segmentos
da economia, em função do aumento do número de pessoas desempregadas, e por
consequência, na queda do consumo. Segundo o SIDRA, Sistema IBGE de
Recuperação Automática, o número de pessoas ocupadas na atividade de
fabricação de móveis caiu de 1698 para 1159 no RN entre 2014 a 2017 (IBGE,
2019). Assim, as empresas precisaram se especializar cada vez mais e com uma
frequência maior, a fim de manter e conquistar clientes. Os consumidores estão
cada vez mais exigentes tanto à qualidade dos produtos e serviços ofertados quanto
em relação aos preços praticados. Em função do maior acesso à informações, essa
característica tende a ser cada vez mais latente no futuro.
Esse cenário demanda das empresas um constante processo de mudança,
abandonando velhas teorias e práticas e trazendo à tona novos conceitos e
realidades. Aspectos produtivos que eram deixados de lado em épocas passadas,
atualmente fazem grandes diferenças justamente por causa dessas especificações
exigidas pelo mercado consumidor. Aspectos como preocupações em relação à
origem das matérias-primas utilizadas, se houve trabalho análogo à escravidão,
cumprimento de prazos e termos contratuais são alguns exemplos dos pontos de
preocupação dos clientes.
Para conseguir atender essas demandas e especificações do mercado, faz-
se necessária a adoção de ferramentas de qualidade na gestão e na produção.
Aspectos como tempo de produção, otimização de custos e da precificação, além do
uso melhorado de recursos são fatores importantes que devem ser considerados
pelas organizações na reconstrução de novos padrões em suas atividades e ofertas.
Podem ser listadas diversas ferramentas, tais como o Diagrama de Ishikawa,
Matriz GUT, Matriz SERVQUAL, Six Sigma, Gestão de Processos, Diagrama de
Pareto, Lean e várias outras. Todas tendo as mais variadas funcionalidades, etapas
e propósitos, permitindo a priorização da solução de problemas e diagnóstico das
causas e efeitos.
Dentre as ferramentas citadas, o BPM – Business Process Management –
(gestão de processos, em português) trata-se de uma metodologia aplicada para
otimizar resultados através da análise e monitoramento de processos
9
organizacionais. A aplicação dessa ferramenta confere às organizações que a
adotam uma redução nos custos, encurtamento dos prazos de entrega e outras
melhorias voltadas ao consumidor.
A filosofia Lean é o “enxugamento” dos processos analisados, ou seja,
prega-se uso melhorado de recursos. Trata-se de uma metodologia aplicada em
parceria com o BPM, reduzindo desperdícios de matérias primas, tempo, recursos
financeiros, além de evitar o retrabalho e melhorar o layout do ambiente produtivo,
seja esse uma indústria ou uma empresa de vendas e/ou prestação de serviços.
Sempre que houver a possibilidade de identificar processos com algum tipo
de desperdício, sejam eles referentes a custos, tempo, material ou até mesmo ao
não cumprimento de prazos, pode-se utilizar a modelagem BPM juntamente com o
Lean. Dessa forma, ambos contribuem para a resolução de problemas e gera
soluções para os fluxos. Suas utilizações para o controle da complexidade nos
processos de empresas fazem deles ferramentas de fundamental importância,
podendo tanto ser usados por grandes corporações como pequenos
empreendimentos, independente da atividade econômica.
As práticas do Lean e do BPM podem, quando aplicadas de modo
convergente, representar um ótimo modelo de gestão nas empresas, considerando o
processo cíclico de melhorias geradas. As organizações que adotam tais filosofias,
independente de porte e segmento de mercado, usufruir dos benefícios de forma
prolongada em caso de adequação.
O setor de produção de móveis de madeira, de acordo com (GORINI, 2000),
é caracterizado por uma série de pequenas e médias empresas atuando num
mercado altamente segmentado. Estima-se que apenas 1/3 da madeira extraída é
aproveitada e transformada em produto, com valor agregado.
A Empresa investigada neste trabalho é uma moveleira situada em Natal-
RN, que atua no mercado atacadista de produtos prontos feitos com madeira e
encomendados (sob medida). A organização sofre com a diminuição de resultados
financeiros em função da diminuição do volume de vendas e da ação da
concorrência.
Há também a problemática em análise nesse estudo, que trata sobre o baixo
aproveitamento do processo produtivo, em função de desperdícios e gargalos
encontrados quando a produção foi mapeada. Através da adoção de ferramentas de
gestão de qualidade, como as citadas anteriormente, a empresa pode minimizar
10
essas deficiências e suas consequências, além de otimizar sua produção, uso de
recursos e resultados.
Dessa forma, o presente trabalho visa analisar como a empresa poderia se
usar da metodologia de gestão BPM associada à filosofia Lean Manufacturing para
otimizar seu processo produtivo, assim otimizando seus resultados e funcionamento
de uma forma geral. Busca-se responder a seguinte pergunta: Como a empresa
pode adotar a prática do BPM e do Lean Manufacturing para aprimorar sua
gestão e suas práticas na produção?
1.1 OBJETIVOS
Como objetivo geral, pretende-se analisar os desperdícios dos processos
críticos de negócio (ou fluxo de valor) do setor de produção da empresa moveleira
com base na filosofia Lean Manufacturing. Desta forma, os objetivos específicos
são:
Mapear os processos críticos do setor de produção da empresa em
estudo;
Identificar as oportunidades de melhorias nos processos de produção
da empresa;
Investigar as causas das problemáticas identificadas no processo;
Propor ações de melhoria a partir dos princípios e ferramentas do
Lean Manufacturing.
1.2 JUSTIFICATIVA
As Micro e Pequenas Empresas (MPEs) representam aproximadamente
99% de todas as empresas do Brasil e têm papel fundamental na economia, mas
ainda carecem de estudos mais aprofundados sobre a realidade que vivem.
Segundo (MICRO, 2014), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas – SEBRAE, adota critério de classificação no qual uma microempresa tem
até nove funcionários; ou ainda, pelo faturamento, o qual sugere o limite a uma
microempresa de R$360.000,00 anuais.
Ainda de acordo com (MICRO, 2014), em 2014, as MPEs representaram
pouco mais de 25% do PIB brasileiro, 52% dos empregos formais e 40% da massa
11
salarial. Um estudo realizado em 1991, buscando dados históricos de 1985 do IBGE,
mostra que no primeiro ano, elas representavam 21% do Produto Interno Bruto
brasileiro, enquanto 2001 a participação foi de 23,2% e em 2011 representaram 27%
do PIB do país, e a projeção para os anos seguintes era de crescimento.
Tomando esses dados como base, percebe-se a importância dessas
organizações no meio socioeconômico do país, na geração de emprego e
distribuição de renda, na oferta de bens de consumo e na circulação de dinheiro na
economia. Assim, se essas empresas otimizam suas atividades, a tendência é que
sejam melhorados também seus resultados (financeiros e produtivos), levando-as a
um melhor desenvolvimento e ampliando os benefícios socioeconômicos de suas
atividades.
Assim, para as empresas sobreviverem e se manterem competitivas, elas
precisam de um sistema organizacional efetivo. Diante disso, escolheu-se o Lean
Manufacturing (ou Manufatura Enxuta), sistema cujo foco é a absoluta eliminação ou
redução do desperdício, como tema a ser desenvolvido neste trabalho. Este sistema
envolve mudanças nas práticas de gestão de qualidade e gestão de operações
utilizadas para melhorar e gerenciar os processos produtivos.
Ainda existe o fato de que as práticas BPM e Lean não são tão exploradas
em micro e pequenas empresas, seja por desconhecimento ou por falta de apoio na
implementação, visto que a maioria dos casos documentados ocorreu em empresas
de médio e grande portes. Especificamente nas MPEs do setor moveleiro, ambas as
práticas podem gerar resultados de otimização processual, e posteriormente, esses
benefícios têm potencial de se tornar otimização gerencial.
Do ponto de vista da empresa, o presente trabalho trará benefícios no
sentido de capacitá-la a identificar gargalos em sua produção por conta própria e,
com isso, otimizá-la. Há também a melhora na saúde financeira da organização,
visto que as metodologias aplicadas reduzem custos e melhoram o processo
produtivo, geral e pontualmente. Por fim, há a possibilidade de melhorar o layout do
galpão, implantar um quadro kanban para nortear as atividades diárias da
marcenaria.
Academicamente, o trabalho justifica-se na ampliação do acervo de textos
que tratam sobre a metodologia Lean e suas ramificações (Office, Manufacturing,
entre outros), principalmente por se tratar de uma aplicação prática da ferramenta
num ambiente de MPEs, visto que é mais comum identificar trabalhos científicos
12
sobre a metodologia em empresas de médio e grande portes. Espera-se também
que este trabalho seja uma fonte de contribuição à estudos futuros de discentes e
docentes, bem como para outras empresas que necessitem de reformulação e
melhorias em seus ambientes internos.
Ao final do trabalho, de acordo com os objetivos propostos, espera-se que
seja mapeado o processo produtivo crítico, identificados os seus gargalos e que
sejam propostas sugestões de melhorias no processo, de acordo com suas
especificações.
13
2 GESTÃO POR PROCESSOS
2.1 CONCEITO
Segundo (SOUSA; MEDEIROS, 2008), o conceito de processos, ao
contrário do que muitos estudantes pensam, não é novo. Frederick Taylor, um dos
pioneiros da administração científica, propôs um modelo que pode ser considerado
como ênfase em processos, estes sendo relacionados a atividades operacionais,
visto que seu nascimento ocorreu nas indústrias. Contudo, devido a evolução do
conhecimento, das organizações e das relações de trabalho, o conceito de
processos – e por consequência, de sua gestão – também evoluiu, podendo ser
caracterizada, segundo (IRITANI; MORIOKA; CARVALHO; OMETTO, 2015), como
sendo uma abordagem para identificar, desenhar, executar, controlar, medir e
melhorar os processos de negócio.
O BPM (Business Process Management, ou gestão de processos de negócio
em português) é fundamentado nas abordagens de gestão de negócio, gestão de TI
e gestão da qualidade total (TQM - Total Quality Management em inglês), que é o
melhoramento do modelo taylorista.
O TQM é baseado em três princípios, sendo eles: (1) a noção sistêmica dos
processos, ou seja, eles devem ser melhorados através de ferramentas da
qualidade, de métodos matemáticos e/ou se utilizando de outros meios; (2) é
necessário que todos os integrantes da organização estejam participando do projeto,
desde a alta gestão até os funcionários que desempenham atividades operacionais
e (3) que afirma que a principal parte interessada beneficiada deste modelo é o
próprio cliente, já que contará com a oferta de um produto/serviço de melhor
qualidade.
De acordo com (WESKE, 2007) apud (SOUSA; MEDEIROS, 2008) as
empresas ofertam produtos e serviços ao mercado através da estruturação de um
conjunto de atividades.
Processo pode ser definido também como um conjunto estruturado de atividades relacionadas através de uma sequência lógica no tempo e no espaço, com um começo, meio e fim claramente definidos, executadas para alcançar um resultado definido para um cliente ou mercado específico. (SOUSA; MEDEIROS, 2008, p. 2).
14
Um exemplo de organização que adotou este modelo é a Toyota, que
adaptou o TQM à sua realidade e criou o modelo produtivo conhecido como just in
time, o qual também evoluiu a outras áreas organizacionais e foi renomeado como
Lean.
2.2 GERENCIAMENTO DE PROCESSOS
A gestão de processos lida diretamente com vários escopos da organização,
principalmente com o aspecto produtivo, mas também recai sobre a estrutura
organizacional, gestão financeira, de pessoas e de recursos.
De acordo com (MADISON, 2005) que aparece em (SOUSA; MEDEIROS,
2008), os processos têm grande importância no ambiente interno de uma empresa,
visto que a maioria dos problemas decorre dos processos, mecanismos de controle
e estrutura mal elaborados.
A partir desses entendimentos, percebe-se que o gerenciamento de
processos é um tema muito mais amplo e aprofundado do que apenas mapear,
controlar e melhorar os processos. É a gestão da mudança de uma organização,
que pode (e deve) ocorrer em todos os seus sentidos, desde a forma como é feita a
gestão de pessoas, de recursos, finanças, tecnologias e até o relacionamento com o
consumidor.
Para tal, faz-se necessário que o gestor tenha uma noção clara de qual é o
objetivo da organização (missão e visão), para que todas as mudanças ocorram de
forma a garantir o alcance pleno destas metas e assim, a organização manter-se
constantemente num ciclo de melhorias e readequações de seus padrões.
2.3 CICLO DE VIDA BPM
É difícil enumerar e explicar cada etapa do ciclo de vida de BPM, pois existe
uma série de modelos e cada um deles expressa processos de formas diferentes,
tendo características e etapas distintas entre si.
Há, porém, alguns pontos comuns em meio a várias caracterizações, sendo
estes: (1) identificação e análise dos processos do jeito que eles são, antes de
qualquer processo de mudança (As Is, que traduzido do inglês significa como é); (2)
desenho e modelagem dos processos As Is, transformando-os em um modelo
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considerado como ideal (To Be, que nesse caso, significa como será); (3)
implementação, a qual representa a metodologia empregada na execução do
modelo To Be do processo; (4) controle, etapa praticamente concomitante à anterior,
em que dados serão coletados a fim de determinar quão bem está sendo executado
o processo e se será necessário ajustar o novo modelo, e por fim, (5)
monitoramento, etapa em que o processo To Be já é executado plenamente e há o
acompanhamento para observação de desempenho e necessidade de melhorias.
Esse modelo enumerado é bastante semelhante ao proposto por DUMAS ET
AL, 2013) citado por (DA CUNHA BEZERRA; DE ALMEIDA TAVARES; DA SILVA,
2018), conforme mostra a figura 1.
É importante destacar também que a gestão de processos não lida só e
somente só com a modelagem dos processos. Trata-se de um modelo de
melhoramento contínuo dos fluxos, ou ainda,
Apenas definir ou „desenhar‟ um processo não é suficiente para que a organização tenha os benefícios da gestão por processos. É preciso que todo ciclo de vida de um processo seja gerenciado para obter uma maximização de resultados de maneira contínua e constante. (SOUSA; MEDEIROS, 2008, p. 11)
De acordo com (DA CUNHA BEZERRA; DE ALMEIDA TAVARES; DA
SILVA, 2018), o descobrimento nada mais é do que o mapeamento do processo no
momento As Is.
A análise do processo é o levantamento de algumas informações a respeito
do processo, como possíveis gargalos. Tais informações são documentadas, para
que sejam priorizadas as melhorias necessárias e se tenha uma noção mais
aprofundada sobre suas características.
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Figura 1 - Ciclo de vida de um processo.
Fonte: (DA CUNHA BEZERRA; DE ALMEIDA TAVARES; DA SILVA, 2018, p.12)
O redesenho tem a finalidade de abordar as questões levantadas na etapa
anterior, de modo a testar sua aplicabilidade, seus efeitos e resultados. É importante
ressaltar que esta etapa e a anterior ocorrem concomitantemente, em função do
levantamento das características e de seus respectivos impactos efetivos no
melhoramento.
A implementação é o momento em que os testes pensados no redesenho
serão implementados e as mudanças organizacionais passarão a ser notadas. Esta
etapa abrange o gerenciamento da mudança (já que se altera a forma de trabalhar)
e a automação de processos.
Por fim, o monitoramento e controle é o momento em que o modelo To Be
do processo já opera plenamente e são coletados dados relativos ao seu sucesso.
Em caso de gargalos e/ou limitações, são feitas ações corretivas, de modo a atingir
o melhor aproveitamento possível.
17
2.4 MAPEAMENTO DE PROCESSOS
O mapeamento de processos tem a função de identificar os mecanismos
utilizados pelas organizações para o seu funcionamento. A partir deste entendimento
prévio, pode-se aprofundar na análise de aspectos importantes à sobrevivência
organizacional, como o CRM – gestão de relacionamento com o cliente -, o ERP
(Sistema de Gestão Integrado), entre outros.
De acordo com (VILLELA, 2000), o mapeamento de processos seria uma
ferramenta gerencial analítica e de comunicação que tem a intenção de ajudar a
melhorar os processos existentes ou de implantar uma nova estrutura voltada para
processos.
A realização do mapeamento se dá através da observação do
sequenciamento das atividades num determinado espaço (físico ou não). Assim, à
medida em que as etapas vão ocorrendo e sendo sequenciadas, é possível notar as
nuances de como se dá o andamento do processo como um todo, bem como suas
especificações e probabilidade de ocorrência de gargalos em pontos específicos.
O mapeamento de processos, inicialmente, pode ser feito de maneira gráfica
e/ou narrativa, mas a sua versão final deve ser feita de forma padronizada, sendo
possível formatar um processo de forma visual através da BPMN, Business Process
Modelling Notation, ou notação de modelagem de gestão de processos.
Esta linguagem é visual, sendo representada através de formas
geométricas, as quais simbolizam etapas e situações diversas, chamadas de
eventos, de um processo. Destacam-se no BPMN o círculo verde, que representa o
início de um processo, o retângulo amarelo (tarefa), losango amarelo (bifurcação do
sequenciamento do processo) e o círculo vermelho, simbolizando o final.
18
3 DEFINIÇÃO E HISTÓRICO DE LEAN
O Toyota Production System (ou simplesmente toyotismo) é um modelo
asiático de produção industrial, iniciado após a Segunda Guerra Mundial, voltado
para a redução de desperdícios e maior gama de produtos ofertados ao mercado. O
modelo, oposto ao fordismo (caracterizado pela produção em massa), visa a
redução de custos através da melhor programação da produção, melhor utilização
dos recursos ao longo de toda a cadeia produtiva, redução de desperdícios, da
minimização dos estoques e do foco no consumidor.
Originalmente voltado para a produção de veículos automotores, o toyotismo
expandiu-se a outras áreas de atuação organizacional, e seu braço nas áreas
administrativas e de prestação de serviços é denominado Lean, que traduzido do
inglês quer dizer enxuto. Essa nova apresentação do modelo produtivo, porém, só
obteve destaque a partir da publicação do livro Lean Thinking na década de 1990.
Segundo Womack:
A produção Lean é um sistema de produção inovador que combina as vantagens do sistema de produção artesanal com o sistema de produção em massa, evitando o custo elevado do primeiro e a rigidez do segundo. (WOMACK, 1990, apud MAIA, ALVES, LEÃO, 2011, p. 2)
Há, ainda, uma bifurcação no conceito de Lean, sendo o Lean Office e o
Lean Manufacturing. O primeiro diz respeito ao processo de mapeamento e
aprimoramento dos processos administrativos e no serviço prestado por empresas,
enquanto o segundo refere-se ao melhoramento dos processos produtivos,
normalmente em indústrias, fábricas e galpões em que ocorrem pequenas
produções. O presente trabalho tem enfoque no segundo conceito, o Lean
Manufacturing.
A aplicação deste modelo produtivo leva a uma série de vantagens
competitivas à organização, tais como: motivação dos funcionários, em função da
ativa participação deles no processo de mudança, melhoria da estrutura do
ambiente, em função do uso melhorado do ambiente e dos recursos, além do
principal objetivo do Lean, que é a redução de desperdícios, o que permite a
empresa produzir seus bens a um custo menor, levando ao repasse do valor mais
19
baixo ao consumidor e diminuindo o tempo de previsão de entrega dos bens,
atraindo-o e assim, maximizando o lucro por operação.
Neste particular, este modelo produtivo preza pelo propósito da mudança,
buscando sempre a melhor versão possível para os processos internos, então o foco
dele está nos resultados em longo prazo.
3.1 PRINCÍPIOS DO LEAN MANUFACTURING
A filosofia Lean, quando bem executada, corresponde a um ciclo virtuoso
com cinco princípios, um levando ao outro, e no final, o quinto e último processo leva
novamente ao primeiro. Os cinco princípios são: (1) valor, (2) cadeia de valor, (3)
fluxo contínuo, (4) sistema puxado e (5) busca por perfeição.
O primeiro item, valor, consiste basicamente na crença de criar valor,
primeiramente ao consumidor, mas também à sociedade e à economia de modo
geral, fazendo-o através da percepção de valor do cliente.
A cadeia de valor é o processo, ou parte de um processo, em que
necessariamente todos os produtos e/ou serviços têm de passar para serem
finalizados.
A terceira etapa do processo, fluxo contínuo, sugere que os processos,
quando bem programados e executados, minimizam os defeitos; caso tais erros
ainda ocorram, é necessário parar a produção e redesenhar o(s) processo(s) até
anular a ocorrência de erros.
A metodologia Lean demanda que seja aplicada em modelos de produção
puxada, ou seja, o cliente “ordenará” a produção através de sua demanda. Assim,
entrega-se o produto ou serviço no momento, quantidade e qualidade que o cliente
deseja. Isso também explica a geração de valor agregado ao produto/serviço final
oferecido ao consumidor.
Por fim, a busca pela perfeição, que nos modelos just in time e Lean é
traduzido na palavra kaizen, é o aprimoramento que envolve toda a organização e
baseia-se na inovação.
O processo leva a melhorias contínuas no ambiente que está sendo
submetido a esta metodologia, visto que todas as ferramentas e o objetivo principal
do Lean são focados no ciclo de melhorias contínuas através da minimização total
de desperdícios, reduzindo o custo das operações, aumentando o lucro e
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potencializando a empresa no mercado em que atua. Ao longo de todas as etapas,
se faz necessário ter em mente a percepção de valor dos clientes, que varia desde a
utilidade do produto/serviço, distribuição até o seu preço.
3.2 OS PRINCIPAIS DESPERDÍCIOS
O modelo produtivo, de acordo com (LAREAU, 2002), citado por (GENTIL;
TERRA, 2015), considera uma série de desperdícios, como consta no quadro 1, mas
o modelo mais aceito considera apenas sete tipos de desperdícios que são comuns
nas organizações, e o Lean Office visa minimizá-los e/ou até mesmo eliminá-los
através de suas ferramentas. São eles: (1) defeito, (2) superprodução, (3) transporte,
(4) espera, (5) estoque desnecessário, (6) movimentação desnecessária e (7)
processamento desnecessário.
O primeiro desperdício analisado é o defeito, que se caracteriza como a
despadronização do produto/serviço de uma empresa, e normalmente é causado por
erros no processamento de demandas e/ou de informações, e podem ser
solucionados pela utilização de um kanban no momento da produção.
A superprodução é responsável pela maior produção de desperdícios, além
de escondê-los. Pode ser definida pela superprodução em quantidade (quantidade
produzida maior do que a quantidade demandada) ou superprodução por
antecipação (produto feito com uma característica não desejada).
O transporte corresponde a aproximadamente metade do tempo de
processamento de um produto ou serviço, e para minimizá-lo, é necessário
readequar o layout da organização, minimizando o tempo perdido nos
deslocamentos.
A espera é a perda ocasionada pela não utilização de recursos, sejam
máquinas, equipamentos, matérias-primas ou operadores, além da ausência de
transportes e de processamentos.
O estoque mascara gargalos que existem no timing entre as atividades do
processo produtivo, independentemente de ser estoque de produtos acabados, em
processamento ou de matéria-prima, além de gerar custos excessivos.
Ocorrem desperdícios por movimentação desnecessária quando os
colaboradores se movimentam de forma excessiva ou desnecessária durante o
processo produtivo. Para minimizar este tipo de desperdício, pode ser realizado um
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estudo de tempos e movimentos, para maximizar o uso da capacidade produtiva de
cada funcionário.
O processamento desnecessário (ou inadequado) ocorre quando, em
determinado momento da produção de um bem, há a utilização de equipamentos,
máquinas, matérias-primas e procedimentos que não se faziam necessárias naquela
situação.
Há ainda, em algumas definições, o acréscimo de um oitavo desperdício,
este sendo o não aproveitamento do talento dos colaboradores.
Quadro 1 – Denominação e definição dos desperdícios de acordo com o Lean.
Desperdícios Ambiente
Administrativo
Descrição
Agenda Má utilização dos horários.
Alinhamento de Objetivos Energia desperdiçada em trabalhos mal definidos, e o esforço necessário para corrigir e produzir o esperado.
Alteração Esforço gasto para mudar um processo sem conhecer as consequências e os esforços seguintes para correção destas consequências.
Ativos subutilizados Equipamentos e instalações que não têm sua utilização otimizadas.
Atribuição Esforço empreendido para realizar uma tarefa desnecessária.
Checagens
Desnecessárias
Esforço empreendido em inspeções e retrabalhos
Confiabilidade Esforço empreendido para correção de resultados imprevisíveis.
Controle Energia empreendida para controle e monitoração, e que não agrega melhorias.
Disciplina Existência de falhas no sistema e inexistência de reação rápida contra a negligência, a irresponsabilidade e problemas relacionados à disciplina.
Domínio Ocorre quando não é utilizada a oportunidade de aumentar o domínio de um empregado em sua área de trabalho.
Erros Energia para refazer um trabalho que não teve utilidade.
Espera Recurso perdido enquanto espera-se por informações, reuniões, assinaturas, retorno de ligações.
Estratégia Valor que se perde ao investir em processos que
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atinjam objetivos de curto prazo, mas que não agregam valor à clientes e investidores.
Estrutura Ocorre quando a estrutura organizacional não está reforçando, guiando e orientando o comportamento ótimo para a redução/eliminação de desperdícios.
Falta de foco Energia despendida por um funcionário que não esteja voltada aos objetivos da organização.
Falta de Integração Esforço necessário para transferir informações dentro de uma organização que não tem sua cadeia de processos completamente integrada.
Fluxo Irregular Investimento de recursos em materiais ou informações que se acumulam e criam desperdícios.
Inexatidão Esforço para criação de informações incorretas ou o esforço para correção.
Informação Perdida Quando recursos são necessários para corrigir ou compensar as consequências da falta de informações.
Inventário Recursos aplicados em um serviço antes de sua requisição; materiais sem utilização; materiais prontos para entrega e que estão aguardando.
Irrelevância Esforço empreendido para trabalhar com informações desnecessárias.
Movimento Esforço desperdiçado com movimentos desnecessários.
Padronização Energia desperdiçada em um trabalho que não fora realizado de maneira ótima por todos os envolvidos.
Processamento Trabalho não executado de maneira ótima.
Processos Informais Ocorre quando processos informais são implementados e mantidos para substituir os processos formais, e a energia gasta para correção.
Processos secundários Recursos perdidos em processos secundários que ainda não podem ser utilizados pelas etapas seguintes.
Subotimização Ocorre quando há concorrência de dois processos, na melhor hipótese o desperdício é o trabalho duplicado, mas pode chegar a comprometer ambos os processos.
Tradução Esforço empreendido para alterar dados, formatos e relatórios. A má interpretação é um desperdício.
Transporte Transporte de materiais e informações, exceto para entrega ao cliente.
Variabilidade Recursos utilizados para corrigir resultados que variam do esperado.
Fonte: (GENTIL, TERRA, 2015, p. 7)
23
3.3 PRINCIPAIS FERRAMENTAS DO LEAN MANUFACTURING
De acordo com (GENTIL; TERRA, 2015) não há uma padronização do Lean
quanto à utilização de ferramentas específicas nas organizações. Portanto, faz-se
necessário analisar cada caso para inferir os detalhes e especificações de cada
empresa e processo em questão, e assim selecionar as ferramentas e metodologias
mais adequadas àquela realidade.
O Lean Manufacturing é baseado em uma série de ferramentas e técnicas
de gestão da qualidade, tais como 5S, 5W, Mapeamento do Fluxo de Valor, kanban,
heijunka, kaizen, Análise de Causa e Efeito (também conhecido como Diagrama de
Ishikawa), ciclo PDCA, entre tantas outras. Neste trabalho, serão destacadas a 5S,
5W, VSM, kanban e a kaizen.
Os 5S foram formalizados no Japão e visam a eliminação de perdas através
da transformação do ambiente produtivo. Os cinco s significam seiri, seiton, seiso,
seiketsu e shitsuke e querem dizer, respectivamente, senso de utilização,
organização, limpeza, padronização e autodisciplina. Essa ferramenta traz como
benefícios a melhora na organização do ambiente de trabalho através da limpeza e
organização, além de diminuir defeitos, promover uma melhora na produtividade dos
colaboradores, na segurança no trabalho e ajuda na manutenção dos prazos.
O kanban, que significa cartão em japonês, é um sistema prático e ágil para
controle da produção ou da gestão de tarefas, cuja finalidade é gerenciar o fluxo de
trabalho através do limite da capacidade produtiva da equipe, permitindo ao gestor
um dimensionamento do que está sendo produzido, além de equilibrar os processos,
de modo a não atrasar o início de uma atividade em função do término atrasado do
processo anterior.
O 5W, é originalmente, pertencente à ferramenta 5W2H e visa responder, de
maneira sucinta e clara, perguntas como “o que fazer?” e “quando fazer?”. Os cinco
“w” representam what (o que fazer?), why (por que fazer?), when (quando fazer?),
where (onde fazer?) e who (quem vai fazer?).
O Mapeamento de fluxo de valor (VSM, do inglês Value Stream Mapping),
objetiva-se em diagramar o fluxo de materiais e informações, diferenciando-se dos
modelos propostos em fábricas, pois em organizações deste modelo, é muito mais
simples de identificar em que ponto do processo estes recursos se encontram,
enquanto que nas organizações prestadoras de serviços, esta identificação é
24
dificultada em função da distinção (ou da falta dela) de fluxo de materiais e fluxo de
informações. Esta ferramenta pode servir de base para um plano de ação e permite
a rápida e fácil visualização de todo o processo produtivo.
A palavra Kaizen, do japonês, mudança (kai) e bom (zen), nada mais é do
que a busca contínua pelo aperfeiçoamento. Ela considera que todos os
participantes devem estar o tempo todo buscando melhorar, e baseia-se em
autodisciplina, trabalho em equipe, ferramentas de gestão simples e o bom senso.
3.4 PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DO LEAN MANUFACTURING
De acordo com (TAPPING; SHUKER, 2010), há oito etapas para a
implementação do Lean. São elas: (1) comprometimento com o Lean, (2) escolha do
fluxo de valor, (3) aprendizado sobre o Lean, (4) mapeamento do estado atual, (5)
identificação de medidas de desempenho Lean, (6) mapeamento do estado futuro,
(7) criação dos planos kaizen e (8) implementação dos planos kaizen.
O processo de implantação do Lean deve ser iniciado a partir da alta gestão
da organização, para que ela ocorra da forma mais ordenada possível e possa
atingir todos os níveis organizacionais de maneira equilibrada e coesa, além de não
sofrer resistência por parte dos colaboradores. Neste ponto, o trabalho em equipe
deve ser fomentado em toda a organização, para que todos saibam, apoiem e se
comprometam com as mudanças.
A escolha do fluxo de valor pode, por vezes, ser simplificada, bastando
observar alguma demanda de um cliente. O propósito do Lean é melhorar o fluxo
para fazer com que o trabalho flua mais rápido dentro do fluxo de valor (TAPPING;
SHUKER, 2010). É importante lembrar que, neste caso, o fluxo de valor selecionado
deve estar diretamente relacionado ao cliente e dentro dos limites da organização.
Na terceira etapa da implementação, é necessário que sejam apresentados
materiais sobre o Lean às equipes, de modo que todos tenham conhecimento sobre
o que é e como funciona essa metodologia; ou ainda, que os funcionários sejam
incentivados a fazer pesquisas sobre o tema e aprendam seu funcionamento.
O mapeamento do estado atual nada mais é do que uma representação
gráfica, feita com ícones, de um fluxo de valor. Um mapeamento tido como ideal é
iniciado pelo ponto mais próximo ao cliente e fazer o sequenciamento voltando ao
início do processo.
25
Identificação de medidas de desempenho Lean nada mais é do que a
análise um pouco mais aprofundada dos processos em melhoria e a adoção de
métricas para verificar sua eficiência, sendo essas variáveis genéricas e específicas.
Antes de realizar o mapeamento do estado futuro, há de se analisar o estado
como ele está no presente criticamente e identificar e solucionar gargalos; além
disso, é necessário entender e atender as demandas dos clientes.
Considerando que o significado de kaizen é melhoria contínua, a criação dos
planos kaizen representa é o planejamento visando o alcance das melhorias e o
reconhecimento dos esforços.
A última etapa para o pleno funcionamento do Lean em uma organização é a
implementação dos planos kaizen, que se subdivide em três passos: preparação,
implementação e follow-up. É necessário lembrar que todo plano, em algum
momento, precisará passar por readequações, para ficar sempre em seu estado
ideal de funcionamento.
Também se faz necessário considerar que, além das etapas propostas por
Tapping e Shuker, uma adequação à filosofia Lean por parte de uma empresa deve
ir além da adoção e uso de ferramentas de gestão, métodos e melhorias pontuais,
ele deve sustentar as mudanças na organização, para que sejam contínuas e
vinculadas às metas de negócios (LIKER; CONVIS, 2013).
26
4 METODOLOGIA
4.1 TIPO DE PESQUISA
Para a elaboração da presente pesquisa, foram estudados os processos
produtivo e de venda de uma empresa madeireira com a aplicação da metodologia
BPM e as Ferramentas Lean. De acordo com (DEMO, 1985, p.23), “Pesquisa é a
atividade científica pela qual descobrimos a realidade”. A finalidade das pesquisas,
principalmente no ambiente acadêmico, segundo (DEMO, 1985) é produzir
conhecimento.
A pesquisa científica, de acordo com (PRODANOV; FREITAS, 2013), pode
ser classificada de formas distintas, de acordo com interesses, enfoques, campos,
metodologias, objetos de estudo e outros critérios. Os autores classificam pesquisa
quanto à natureza, podendo ser básica ou aplicada; quanto aos objetivos, podendo
ser exploratória, descritiva ou explicativa, e quanto aos procedimentos, sendo
documental, bibliográfica, experimental ou operacional.
Este trabalho classifica-se como uma pesquisa aplicada quanto à sua
natureza, descritiva quanto aos objetivos e bibliográfica pelos procedimentos. Ou
ainda, especificamente, como pesquisa-ação e estudo de campo.
Numa pesquisa descritiva, segundo (MARTINS; THEÓPHILO, 2007), o
pesquisador analisa os fatos observados sem interferir neles. Buscou-se descrever
nesse trabalho como se dá, em certo grau de detalhamento, como ocorre o processo
produtivo numa empresa moveleira e quais os desperdícios identificados mais
comuns.
Pesquisa-Ação (PA), ainda de acordo com (MARTINS; THEÓPHILO, 2007),
pode ser definida como uma pesquisa em que há a peculiaridade proposital de
propor uma ação sobre os problemas identificados. Caracteriza-se pela relação
entre pesquisador e pessoas na situação analisada e na solução (ou pelo menos a
explicação) dos problemas observados.
Pesquisa aplicada gera conhecimentos para a aplicação prática numa
realidade local, dirigidos à solução de problemas, sendo eles imediatos ou não,
segundo (VERGARA, 2000). Ainda segundo a autora, tem finalidade prática e não
está meramente baseada na curiosidade do pesquisador.
27
Estudo de campo, de acordo com (PRODANOV; FREITAS, 2013), é aquele
que consiste na observação de fatos tal qual ocorrem normalmente na coleta dos
dados, bem como no registro das suas variáveis, para que a sua análise seja
viabilizada.
O presente trabalho analisou dados relacionados ao processo produtivo de
uma madeireira, visando compreender quais as suas características (gargalos,
desperdícios e etapas) de acordo com as metodologias Lean Manufacturing e BPM.
Após a identificação e classificação dessas características, serão apresentadas
sugestões de melhorias, levando ao melhoramento do processo produtivo em si e na
empresa como um todo.
Assim, esse estudo foi realizado em 7 etapas, sendo elas: (1) pesquisa
bibliográfica, (2) priorização do processo, (3) mapeamento do processo em seu
momento As Is, (4) identificação dos gargalos e desperdícios, (5) classificação dos
desperdícios de acordo com o Lean Manufacturing, (6) identificação de
oportunidades de melhoria e (7) desenho do processo em seu momento To Be.
4.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA
Para a realização de um estudo acadêmico, é necessário antes delimitar o
universo a ser analisado. Na administração, esse universo pode ser caracterizado,
por exemplo, como o corpo de funcionários da organização ou de um setor
específico. Para (VERGARA, 2000), População é a totalidade de elementos com
características comuns entre si, pertencentes a um universo, podendo ser
representada por pessoas, produtos, empresas e outros agrupamentos. Amostra é
um subconjunto da população, enquanto a técnica de seleção da amostra chama-se
amostragem. Para o desenvolvimento desse trabalho, a população é a totalidade de
pessoas ativas na empresa (11), sendo 9 funcionários e 2 sócios.
A amostragem realizada neste trabalho é a não probabilística, que sugere
que a amostra é selecionada deliberadamente, de forma não aleatória, e intencional
(ou por acessibilidade), a qual o pesquisador seleciona intencionalmente os
indivíduos da amostra, a partir de determinada característica, por causa da facilidade
de acesso.
A amostragem desse trabalho selecionou dois participantes da empresa,
sendo um dos dois sócios que a administra e o funcionário responsável pela
28
produção. A empresa possui em seu quadro, 9 funcionários, sendo dois na área
produtiva e sete na área comercial.
Assim, foram selecionados na amostragem 1 de dois sócios e um de dois
funcionários do galpão. Ambos foram selecionados por serem, respectivamente,
responsáveis por administrar a empresa e liberar o acesso à organização e pelo
processo produtivo em análise.
A unidade de observação será uma empresa madeireira, situada na cidade
de Natal/RN, onde serão coletados dados referentes ao processo de vendas. É uma
empresa fundada em 2004, após a baixa de uma loja anterior, e em 2017 houve a
entrada de um sócio, totalizando dois no quadro. Enquadrada no modelo tributário
Simples Nacional, sob o porte de Microempresa (ME), a organização não possui
missão, visão e valores definidos
Apesar da escolha de um único processo poder ser uma limitação do
trabalho, o estudo foi direcionado a um processo fundamental e considerado
importante no contexto produtivo da empresa. Portanto, o estudo permitirá grande
contribuição a melhoria nos resultados da empresa.
4.3 COLETA DE DADOS E INSTRUMENTO DE PESQUISA
Os dados foram coletados através de uma entrevista semiestruturada
(anexada) realizada com o funcionário responsável pelo processo produtivo, que a
respondeu presencialmente, e as respostas foram anotadas, sendo validadas
posteriormente por um dos sócios da empresa. A entrevista foi formulada com base
nos objetivos da pesquisa, de mapear o processo produtivo, identificar seus gargalos
e propor sugestões de melhorias de acordo com os critérios do Lean Office.
A entrevista semiestruturada é caracterizada, de acordo com (MARTINS;
THEÓPHILO, 2007) como aquela em que há um roteiro, mas o pesquisador dispõe
de certa flexibilidade de adaptá-lo à situação e modificar as questões.
A entrevista foi realizada pessoalmente no dia 14 de outubro de 2019, sendo
direcionados dois aspectos relacionados à produção. O primeiro como sendo o
sequenciamento das etapas do processo, e em seguida, a percepção, por parte do
funcionário responsável e do sócio, da existência de erros, como lidar com eles e
das principais dificuldades encontradas.
29
Além da entrevista, houve também a observação simples do ambiente
produtivo e do processo produtivo. No modelo de observação Simples, (VERGARA,
2000) afirma que é necessário manter um certo distanciamento do evento em
análise, ou seja, o pesquisador é um espectador não interativo. A observação,
segundo (MARTINS; THEÓPHILO, 2007), consiste num exame minucioso visando
coletar informações, dados e evidências.
A coleta realizada de duas formas distintas, sendo a entrevista e a
observação, faz com que o pesquisador tenha a possibilidade de perceber os
resultados de formas diferentes e, assim, possa compará-los para melhor analisá-
los. A entrevista foi formulada de modo a saber como se dá, por etapas, o processo
produtivo na empresa a partir da visão do funcionário responsável, sendo
posteriormente validada por um dos sócios, juntamente com as dificuldades
enfrentadas, se há algum procedimento a se fazer em caso de erro e se as
produções são definidas exclusivamente pelos projetos. Tais questionamentos foram
feitos para que fosse possível ter uma noção mais clara de como se dá o processo,
em sua totalidade, e seus detalhes e limitações, de modo a evidenciar pontos de
melhora a trabalhar na sugestão de melhoria.
4.4 TÉCNICA DE ANÁLISE DE DADOS
Após a coleta dos dados e da comparação com os modelos BPM e Lean
Office, foi inferida uma análise qualitativa, a qual, segundo (PRODANOV; FREITAS,
2013, p.113), é definida como “uma sequência de atividades, que envolve a redução
dos dados, a sua categorização, sua interpretação e a redação do relatório.” Essa
análise visou identificar, através da metodologia Lean Office, os gargalos e suas
consequências para a produção e para a empresa.
Após a realização in loco da observação simples e da entrevista, foram
comparados os dados levantados aos preceitos da metodologia Lean Manufacturing,
buscando perceber a ocorrência de gargalos no processo, os desperdícios
recorrentes e maneiras de minimizá-los. A análise de conteúdo, segundo (MARTINS;
THEÓPHILO, 2007), caracteriza-se como a “técnica para se estudar e analisar a
comunicação de maneira objetiva e sistemática.”. O modelo de análise de conteúdo
utilizado nesse trabalho é o categorial, que detalha o texto em categorias com
30
características similares e se subdivide em três etapas, sendo elas: pré-análise,
descrição analítica e interpretação inferencial.
Ainda na visão de (MARTINS; THEÓPHILO, 2007), na etapa de pré-análise
ocorre a coleta e a organização do material; na descrição analítica há o
aprofundamento no material coletado, tendo como base o referencial teórico; e por
fim, a interpretação inferencial é o momento em que “os conteúdos são revelados
em função dos propósitos do estudo.”
31
5 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Após a produção da pesquisa bibliográfica e da consequente construção do
referencial teórico, foram realizadas visitas à empresa em análise. Essas visitas
ocorreram diariamente de 14 a 25 de outubro de 2019. Foram visualizados a loja de
uma forma geral, os processos de venda e de produção em seu estado “puro” (As Is)
e o ambiente onde ocorre a produção dos móveis.
No processo de coleta de dados, foram construídos os mapeamentos a partir
da observação simples. Esses mapeamentos foram documentados, inicialmente,
através do registro de texto para depois serem representados graficamente no
software Bizagi Modeler, de forma virtual.
5.1 IDENTIFICAÇÃO DOS GARGALOS E DESPERDÍCIOS
Segundo (OHNO, 1997, p. 39), coautor do TPS, desperdício é “qualquer
atividade que consome recursos, adicionando custos não gerando, no entanto,
qualquer valor”. Isto é, todas as atividades que ocorrem numa organização que não
acrescentam valor ao produto ou serviço fornecido ao cliente, interno ou externo.
Terminada a coleta dos dados na organização, o processo (feito
parcialmente) foi apresentado ao gestor da empresa, que sugeriu algumas
alterações para melhor representá-lo e assim, o validando. O processo em seu
estado As Is está representado na figura 2.
Na figura, foram feitos alguns comentários detalhando o andamento normal
do processo e relativos à ocorrência de desperdícios, nas caixas de diálogo. O
processo inicia-se com o recebimento do pedido de um cliente, levando um projeto
de móvel, que negocia com um membro da equipe de vendas.
Terminada a etapa de negociação, o projeto é levado ao funcionário
responsável pelo galpão para análise e início da produção propriamente dita, com a
seleção das peças para dimensionamento e corte, sendo evidenciado nessas etapas
o desperdício de matéria-prima na produção. Na sequência do processo no galpão,
as peças cortadas são montadas e finalizadas (envernizadas, lustradas, pintadas,
limpas, entre outras formas de acabamento) e são separadas para entrega. A partir
desse ponto, o processo volta à área comercial, com o contato ao consumidor, para
32
que o móvel seja retirado ou para combinar local e horário para instalar ou retirar o
móvel da loja.
Figura 2 - Mapeamento do processo As Is.
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2019
Os desperdícios mais notados são: (1) material, nas etapas de
dimensionamento e corte, em que aproximadamente 20% de toda a matéria-prima é
desperdiçada, de acordo com resposta obtida na entrevista; (2) transporte, visto que
a forma como o layout do galpão está disposto gera movimentações relativamente
longas para o uso de alguns produtos importantes ao processo; (3) espera, pois
caso seja necessário instalar um móvel, os processos produtivos de outros móveis
são interrompidos e/ou desacelerados bruscamente, já que o marceneiro
responsável pela produção precisa sair do galpão, assim comprometendo o
rendimento ideal da produção e (4) movimentações desnecessárias, que ocorrem
durante todo o processo produtivo, sejam relacionadas ao transporte de materiais
úteis ao processo ou por falta de foco. Há ainda a possibilidade, ainda que pequena,
de desperdício relacionado a defeitos nos móveis, em função de uma interpretação
equivocada do projeto do cliente, porém a ocorrência desse tipo de erro não é
comum.
Na sequência em que o processo passa pelo setor de produção, as etapas
têm alta possibilidade de ocorrência de erro, em função de uma possível análise
errada do projeto apresentado pelo cliente.
33
Foram notados também outros fatores que distanciam o processo produtivo
do seu aproveitamento considerado ideal, e que não necessariamente são
mapeados e/ou representados no desenho do processo. Uma das perguntas da
entrevista semiestruturada questionava as maiores dificuldades do processo e a
resposta obtida foi a falta de estrutura adequada, seja ela física (galpão) ou de
equipamentos (quantidade limitada), levando ao uso não ideal de um determinado
equipamento em função da falta do maquinário ideal. É possível notar essa limitação
na imagem 1.
Imagem 1. Disposição do galpão da empresa. Destaque para a luz artificial,
desorganização do espaço e sujeira acumulada
Fonte: Autor, 2019
A disposição física (layout) do ambiente produtivo não favorece o andamento
ideal do processo, visto que materiais como verniz (utilizado na fase de acabamento)
estão dispostos em prateleiras distantes da bancada em que as outras fases
acontecem, entre outros fatores que geram movimentações desnecessárias. Além
disso, o galpão onde ocorre a produção é muito sujo, em função das lascas e pó de
34
madeira provenientes dos cortes, e a limpeza não é realizada diariamente nem de
modo satisfatório, gerando acúmulos em determinados pontos, e esses acúmulos
podem danificar peças na etapa de acabamento.
É nítido também que numa área do galpão, há uma imensa quantidade de
peças de madeira e de outros materiais, sendo tanto restos de produções anteriores
quanto matérias-primas que ainda não foram utilizadas, armazenados no mesmo
espaço, conforme pode ser observado na imagem 2.
Imagem 2 – Disposição de peças de madeira, sendo matérias-primas e restos de
produções anteriores, no mesmo espaço.
Fonte: Autor,2019
Por fim, a luminosidade do ambiente é fraca, limitando o expediente ao tempo
em que ainda há luz solar, já que a luz artificial é insuficiente para manter a
produção durante um período maior. O que também pode ser observado pela
imagem 2.
As consequências da ocorrência desses erros levam a um andamento lento
do processo, em função das horas limitadas de trabalho no galpão, do tempo
35
desperdiçado com movimentações desnecessárias e a espera. Minimizar os
desperdícios de tempo e matéria-prima, principalmente, torna-se crucial para elevar
o padrão do processo.
Aprofundando a análise dos principais desperdícios encontrados durante o
andamento do processo, percebe-se a explicação para cada um deles. Os recursos
mais afetados durante a produção são tempo e madeiras (matéria-prima).
A escassez de tempo é resultado do expediente (aproximadamente 8 horas
diárias) limitado em função da má iluminação do ambiente produtivo somada ao fator
de várias desconcentrações dos funcionários e o próprio transporte de materiais.
Esses fatores levam o processo a sofrer pausas e movimentações desnecessárias,
limitando o tempo de trabalho efetivo por dia, levando a um prazo de entrega mais
longo do produto finalizado.
Há também a espera quando o produto já está finalizado, em que, por vezes,
é guardado durante algum tempo no galpão antes do cliente ser devidamente
avisado e poder fazer a retirada do produto. Durante esse tempo, o móvel corre
alguns riscos de danificação em função das más condições do espaço em que é
estocado.
Em relação ao desperdício de madeira, sua ocorrência se dá, principalmente,
em função da seleção errada da tábua em função de caracterizações do produto
contidas no projeto que não foram observadas. Esses erros terminam culminando na
necessidade de reprocessar uma peça (ou de processar mais de uma), gerando
desperdícios além daqueles já previstos no projeto.
5.2 IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE MELHORIAS
De modo a minimizar os desperdícios elencados como 1, 2, 3 e 4 (matéria-
prima, transporte, movimentações desnecessárias e espera, respectivamente), serão
elencadas sugestões de melhoria para a minimização dos efeitos de cada um
desses erros. Tais proposições são baseadas na metodologia Lean, sendo elas
ferramentas, métodos ou quaisquer outras práticas que se façam necessárias para o
alcance do estado considerado ideal do processo.
Para a resolução do desperdício de matéria prima, a seleção das peças para
dimensionamento poderia ser reformulada, fazendo com que a escolha das tábuas
fosse feita de acordo com as medidas e indicações sugeridas em cada projeto.
36
Manter os equipamentos necessários ao corte bem conservados também pode ser
uma solução útil para minimizar o risco de falhas mecânicas.
A minimização do transporte pode ser feita reformulando o layout do galpão,
de modo a dispor os materiais do acabamento mais próximos à estação de trabalho.
As movimentações desnecessárias podem ser solucionadas por meio da
aferição e análise dos tempos médios de execução em cada etapa da produção
(estudo dos tempos e movimentos), determinando um tempo a ser adotado como
padrão em cada etapa, de acordo com variáveis como tamanho do projeto e sua
complexidade.
Por fim, a espera será minimizada, parcialmente, com os benefícios oriundos
da prática do estudo dos tempos e movimentos, que levará a uma otimização do
tempo durante a produção. Além disso, a aquisição e/ou otimização de
equipamentos e ferramentas pode representar ganhos na produtividade, gerando
melhoras quanto à frequência da espera.
Juntamente com as propostas anteriores, o uso de ferramentas como 5s,
kanban e 5w, apesar de simples, pode ser altamente eficaz, visto que elas servem
para delimitar e especificar as ações que deverão ser realizadas durante
determinado período.
As aplicações da 5s e do kanban são mais fáceis de acontecer, visto que
podem ser representadas como murais e dispostas nas paredes do galpão, como
um controle visual, sem necessariamente ocupar o espaço que é destinado aos
equipamentos e materiais. Ademais, ambas as ferramentas são “padronizadas”, ou
seja, suas aplicações não variam de acordo com a situação.
A utilização do 5s serviria para melhorar a organização do ambiente
produtivo, de modo a deixá-lo mais limpo e organizado, tornando-o mais enxuto e
com menos distrações, e por consequência, gerando um trabalho mais eficiente,
poupando tempo e outros recursos importantes ao longo do processo produtivo,
minimizando movimentações desnecessárias, distrações e transporte. O kanban
seria aplicado de modo a elencar todas as atividades que precisam ser executadas,
que estão em execução e aquelas já finalizadas, tornando claro aos funcionários
quais as próximas ações, assim diminuindo o desperdício da espera no galpão.
Em relação ao uso da 5w, por ser uma ferramenta que gera variação de
resultados dependendo de onde e como é aplicada, poderia ser feita para tornar
padronizado o processo de limpeza do galpão, especificando como fazê-la, quais
37
materiais seriam utilizados, quando (qual a frequência) fazer a limpeza, entre outras
variáveis. A 5w poderia também ser utilizada em cada produção de móvel,
especificando o “when?” (quando?) que o móvel deverá ser finalizado, otimizando a
projeção do prazo de entrega do produto finalizado ao cliente.
Pode haver também a adoção da postura kaizen, sendo peça fundamental
para a plena implementação e usufruto da cultura Lean na empresa, visando o
melhoramento contínuo. Desta forma, a empresa pode lidar com mais facilidade a
questão de novas mudanças no futuro e poderá usufruir de mais agilidade e fluidez
em seus processos, não restringindo os benefícios somente ao setor da produção.
Além do uso das ferramentas e da incorporação do kanban, faz-se necessário
também a readequação do espaço físico no ambiente produtivo. O descarte
apropriado de restos de produções anteriores, a adequação da luminosidade, a
reformulação da disposição dos equipamentos e materiais em uso na estação de
trabalho são necessárias para aprimorar os resultados da produção sem
necessariamente modificar o sequenciamento lógico do processo, visto que são
fatores que não entram no mapeamento da cadeia produtiva.
5.3 REPRESENTAÇÃO DO PROCESSO EM SEU MOMENTO TO BE
Baseado nas considerações anteriores, sobre as medidas e ferramentas a
serem tomadas e aplicadas junto com a readequação do espaço, e nas respostas
obtidas na entrevista semiestruturada, o processo remodelado para o seu estado To
Be ficaria como está representado na figura 3. Nesta proposição, houve o acréscimo
de uma atividade na produção: a limpeza do ambiente, com o detalhe que essa
atividade é “independente” do processo (ela deve ser feita diariamente,
independentemente do andamento da produção).
Nesta nova fase, a análise do projeto deverá ocorrer junto ao cliente, para que
este possa explicitar informações e detalhes que não estão contidos e/ou bem
representados no projeto, de modo a minimizar potenciais defeitos e, por
consequência, eliminando um possível retrabalho. Assim, as três primeiras etapas
ocorreriam num curto intervalo de tempo e contaria com a presença do membro do
setor de vendas em parceria do funcionário da produção, além do cliente.
A partir desse ponto, a representação do processo permanece inalterada com
o dimensionamento e o corte (devidamente melhorados pela adoção das
38
ferramentas) das peças, seguido da etapa da limpeza, incluída para que o risco de
danificar peças e outros materiais seja minimizado.
Figura 3 - Representação do processo no estado To Be.
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2019.
Depois da fase de limpeza, caso o móvel não precise de instalação, ele é
montado, acabado e separado para entrega; caso seja necessária a instalação de
um móvel, as peças devem preferencialmente ser transportadas até o local
desmontadas e ainda inacabadas (sem verniz, por exemplo), para que não haja o
risco de danificação do material, além de facilitar o seu transporte. Assim, as fases
de montagem e acabamento deverão ocorrer após a montagem do móvel no local
combinado.
A organização pode adotar também o planejamento e controle da produção,
de modo a “sacrificar” um tempo a mais na etapa de análise, compensando essa
“perda” nas etapas subsequentes, tornando o produto finalizado o mais próximo
possível do considerado ideal pelo cliente.
Dessa forma, o processo deverá correr de forma mais plena, reduzindo o
tempo desperdiçado e otimizando o uso de matéria-prima. Será reduzido também o
risco da ocorrência de defeitos nos produtos.
39
Como consequência secundária da otimização desse processo, a projeção do
prazo de entrega passará a ser mais realista, o que pode gerar um grau de
satisfação maior do cliente.
Tais resultados somados às respostas obtidas na entrevista nortearam o
pesquisador a propor um plano de ação 5W2H de forma a guiar a empresa nas
práticas a serem adotadas para otimizar a sua produção e seu ambiente produtivo.
Considerando que a primeira pergunta também foi respondida através da
observação, foram obtidas as seguintes respostas às perguntas 2 a 6,
respectivamente:
Mal aproveitamento da madeira na produção dos móveis;
Tudo depende do projeto, de modo que o material a ser selecionado
dependerá do tamanho e das especificidades do móvel;
A maior dificuldade é a falta de estrutura, tanto do galpão quanto de
equipamentos;
Sim, a produção é pausada para que possa ser reavaliada;
A frequência das reclamações é baixa, visto que o móvel sai sob
medida e de acordo com as especificações do projeto.
O conjunto com as principais ações sugeridas para implementação está todo
contido no quadro 2, em que é apresentado um plano de ação 5W2H.
40
Quadro 2 – Plano de ações sugeridas a empresa, sob o formato 5W2H.
What (O que fazer?)
Why (Por que fazer?)
Where (Onde fazer?)
Who (Quem vai fazer?)
When (Quando fazer?)
How (Como fazer?)
How Much (Quanto custa?)
Limpar o ambiente produtivo.
Manter o espaço limpo e organizado para o pleno andamento da produção.
Galpão da empresa.
Funcionários participantes da produção.
Todos os dias, seja ao final do expediente ou após a etapa de corte.
Separar e coletar resíduos e restos da produção para descarte.
Sem custos.
Otimizar o tempo da produção.
Melhorar a produtividade através da otimização do tempo.
Galpão da empresa.
Sócio responsável pelo dia a dia da empresa.
Quando surgirem novas demandas.
Analisando os tempos e movimentos de cada etapa.
Sem custos.
Adoção do controle visual da produção.
Orientar os funcionários sobre as atividades
Galpão da empresa.
Sócio e funcionário responsável juntos.
Início de imediato.
Aplicação de quadro na parede do galpão.
Custo mínimo.
Readequação do layout produtivo.
Melhorar a produtividade através da otimização do espaço físico.
Galpão da empresa.
Sócio e funcionário responsável juntos.
Em algumas semanas.
Mudança de lugar dos móveis da estação de trabalho e ampliação da iluminação artificial.
Custo das luminárias.
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2019.
A tabela do 5W2H foi elaborada de forma que a empresa consiga seguir
satisfatoriamente os objetivos e preceitos da metodologia Lean Manufacturing,
otimizando o espaço através de sua organização e de uma nova padronização, e
consequentemente, melhorando a produção. As ações sugeridas foram feitas sob o
detalhe de não serem muito onerosas, em virtude da potencialização dos resultados
financeiros da adoção dessas medidas.
Todas as medidas foram sugeridas para que ocorram dentro do galpão da
empresa, já que o processo em análise ocorre predominantemente nesse espaço e
uma melhoria do ambiente potencialmente trará benefícios. Foi sugerida também a
participação do sócio responsável na adoção de algumas medidas dentro do galpão,
para que todos os níveis da organização participem efetivamente desse processo de
mudança.
41
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A metodologia Lean Manufacturing é uma filosofia de gestão que visa
melhorar a competitividade das organizações, de forma a satisfazer as
necessidades dos clientes, através da minimização dos custos, tempos de entrega,
e recursos (matérias-primas, mão-de-obra, entre outros), do aumento da qualidade
do produto e do envolvimento de todos os colaboradores da organização, no
processo de melhoria contínua.
De acordo com o objetivo principal expresso na introdução, o propósito desse
estudo foi visualizar na prática como a metodologia Lean pode ser aplicada para
otimizar a produção de uma organização, através do mapeamento do processo
produtivo e da identificação do seu fluxo de valor e dos seus gargalos. Ademais, os
objetivos secundários (mapeamento dos processos críticos do setor de produção,
identificação das oportunidades de melhoria, investigação das causas das
problemáticas identificadas e proposição de ações de melhoria embasados na
metodologia Lean Manufacturing).
De modo a conseguir alcançar os objetivos, foi realizada primeiramente, uma
ampla pesquisa bibliográfica em livros e principalmente artigos e publicações
científicas, a fim de aprofundar conhecimentos sobre BPM, Lean e suas
ferramentas. A partir daí, foi possível identificar as aplicações e especificações
dessas metodologias nas empresas e os seus benefícios, possibilitando executar
cada etapa desse trabalho de forma mais assertiva.
A metodologia Lean pode ser aplicada em vários segmentos do mercado
(sendo ramificada em Office e Manufacturing), em especial na produção. Partindo da
análise do ambiente da organização e de seus processos, notou-se que uma
abordagem relativamente simples tem potencial para gerar resultados muito
positivos a médio e longo prazo, visto que geram melhorias internas e agregam valor
ao consumidor.
Os momentos de visita e entrevista aos responsáveis pelo processo foram
fundamentais na realização do trabalho, já que foi possível observar, com detalhes,
como se dá o dia a dia da empresa e como seria possível aplicar as ferramentas e
nuances das metodologias Lean e BPM.
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Durante o período de análise, foi possível detectar os seguintes desperdícios
e elencá-los como principais pontos a serem melhorados: matéria-prima usada de
forma não otimizada; transporte de matéria-prima e demais recursos no galpão,
gerando perda de tempo; movimentações desnecessárias em função de
desconcentrações; espera de móveis acabados e/ou em processamento, devido ao
expediente limitado na produção.
Da mesma forma, foram sugeridos pontos de melhoria visando a minimização
dos efeitos de cada desperdício. São eles, respectivamente: seleção criteriosa da
matéria-prima e otimização das etapas de dimensionamento e corte; reformulação
do layout, visando a diminuição da distância entre a estação de trabalho e as
estantes em que estão armazenados máquinas e produtos necessários à produção;
análise dos tempos e movimentos, de modo a avaliar com alguma exatidão o tempo
médio devido à cada etapa produtiva para padronizar o andamento ideal da
produção; aquisição e/ou otimização das ferramentas, de modo que não sejam mais
feitas adaptações de máquinas e equipamentos em situações que elas não são
necessárias, evitando complicações no trabalho e minimizando o risco de defeitos
nos produtos.
Após a realização do estudo, conclui-se ser importante que a empresa
continue a tomar atitudes preventivas com o objetivo de melhorar continuamente os
seus processos, identificando e reduzindo/eliminando os desperdícios. Tais medidas
podem ser alcançadas através da aplicação periódica de análise detalhada do seu
fluxo de valor, a fim de aumentar continuamente o nível de satisfação dos seus
clientes.
Nesse contexto, deve-se considerar também que o sucesso da
implementação da metodologia Lean depende dos esforços de todos na empresa.
Não existem “receitas mágicas” que permitam soluções óbvias, sendo necessário
empenho e perseverança na organização. Logo, os resultados da aplicação das
ferramentas da metodologia Lean são obtidos através de tentativas e aprendizagem
com os erros. Portanto, o processo aqui apresentado neste estudo está limitado ao
espaço de tempo dispendido, restrito ao semestre letivo, e resultados efetivos
poderão ser conseguidos em novos ciclos de aplicação da metodologia.
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ANEXO A - ENTREVISTA
Entrevista semiestruturada realizada no dia 14/10/2019 com o funcionário
responsável pela produção no galpão.
Questionário
1. Como ocorre a produção (passo a passo)?
R: A produção começa com a entrega do projeto do cliente. Em seguida, são
selecionadas e dimensionadas as peças para o corte e por fim, as peças são
montadas e acabadas. Dependendo do móvel, ligamos para o cliente retirar o
produto na loja, caso contrário, combinamos com o cliente para montar.
2. Quais os erros identificados mais recorrentes?
R: O maior problema encontrado na produção é o aproveitamento da madeira.
Aproximadamente 20% a 25% da matéria-prima é desperdiçada
3. Como é a definição do que será produzido?
R: Depende do projeto e de suas especificações. O tipo de madeira e as
dimensões das peças selecionadas dependem do que está no projeto.
4. Quais as dificuldades do processo produtivo?
R: A maior dificuldade é a falta de uma estrutura mais completa. Tanto na
parte física do galpão quanto na quantidade de ferramentas e equipamentos
5. Quando há falhas, a produção é pausada?
R: Sim, a produção é pausada para que possa ser reavaliada e identificar
onde estão ocorrendo os erros, para que sejam minimizados.
6. Qual a frequência de reclamações?
R: A frequência de reclamações é baixa, visto que o móvel sai sob medida e
de acordo com as especificações do projeto. Nos últimos anos, foram apenas