FÁBIO PORTO ARANHA KARATÊ E O DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS DE 7 A 12 ANOS PUC-CAMPINAS FAEFI 2006
FÁBIO PORTO ARANHA
KARATÊ E O DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS
DE 7 A 12 ANOS
Monografia apresentada à Faculdade de Educação Física da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, para obtenção do título de Licenciatura Plena em Educação Física.
Orientadora: Profa. Ms. ANA CLAUDIA SANTURBANO FELIPE FRANCO.
PUC-CAMPINASFAEFI
2006
BANCA EXAMINADORA
Presidente e Orientadora Profa. Ms. Ana Claudia Santurbano Felipe Franco___________
1º.Examinador Prof. Dr. Istvan de Abreu Dobranszky ____________________________
2º. Examinador Prof. Carlos Roberto Luz ______________________________________
Campinas, de Novembro de 2006.
DEDICATÓRIA
Aos meus alunos de Karatê que foram a maior inspiração para a realização desse trabalho. Se não fossem eles, não teria tido a motivação para concluir o trabalho.
AGRADECIMENTO
A minha orientadora Ms. Ana Claudia Santurbano Felipe Franco pela atenção, carinho, dedicação que ela teve com cada aluno da sala.
Á todos que participaram dessa pesquisa, pais, alunos, professores de Karatê, que possibilitaram a realização e conclusão desse trabalho.
Aos meus amigos da faculdade, que nunca negaram ajuda e nos momentos mais difíceis me incentivaram.
Aos meus amigos, praticantes de Karatê, que acreditaram nesse trabalho, sempre me incentivando a concluí-lo.
Aos professores de Karatê Edivaldo Cavalcante, professor que me ensinou muito durante 10 anos, professor Gilson Gomes, a dois anos um grande parceiro e ao professor Valmir Zuza, meu atual professor, me ensina muito com entusiasmo, atenção, compreensão, sempre me incentivando a melhorar em todos os aspectos.
A minha namorada, que conheci no primeiro ano da faculdade e sempre me incentivou,acreditou no meu trabalho, estando do meu lado em todos os momentos.
Aos meus pais, que me colocaram no Karatê, sempre incentivando a prática de esportes e dessa modalidade. Estão sempre me orientando e me incentivando a realizar meus sonhos.
Aos meus irmãos, que durante sete anos treinaram Karatê comigo, e com certeza era um grande estímulo para ir aos treinamentos.
“Talvez não tenhamos conseguido
fazer o melhor. Mas lutamos para que o
melhor fosse feito. Não somos o que
deveríamos ser, não somos o que
iremos ser, mas graças a Deus não
somos o que éramos”
Mártir Luther King
RESUMO
Aranha, Fábio Porto. Karatê e o desenvolvimento de crianças de 7 a 12 anos de
idade. Campinas, 2006. 72f. Trabalho de Conclusão de Curso – Curso de
Educação Física, Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Campinas, 2006.
Observa-se que o Karatê é uma das Artes Marciais mais praticadas no mundo. Acredita-
se que hoje a maioria destas artes estão sendo discriminadas devido ao ensino
inapropriado de professores, potencialmente, formando alunos agressivos. De fato,
Rodrigues (2006) explica que o combate desarmado nasceu desde muito antes do que a
própria história delucida. Por isso, as origens mais antigas desta arte marcial são pouco
definidas, sendo permeadas, freqüentemente, no folclore de uma variedade de culturas
de todo o mundo. Acredita-se que esta pesquisa pode ter grande relevância para a
sociedade, pois é um tema atualmente pouco estudado e explorado. De fato, o tradicional
Mestre Funakoshi (1975), em seu livro ”KARATE-DO: meu modo de Vida” expressa que o
verdadeiro karateca não pratica Karatê somente dentro do Dojo (local de treinamento),
mas sim em todas as suas atitudes do dia a dia, tendo sempre cortesia, respeito,
dedicação e disciplina. Assim, a referida pesquisa teve como objetivos: Identificar as
contribuições que o Karatê pode proporcionar no desenvolvimento integral da
criança, levantar os benefícios da prática dessa modalidade, buscando conhecer
as modificações decorrentes após o início desse esporte, na visão dos pais de
alunos e professores de Karatê. O desenvolvimento deste trabalho foi realizado
através de pesquisa bibliográfica (BLECHER, MATTOS e ROSSETTO JR., 2004). Num
segundo momento, foi realizada uma pesquisa de campo descritiva e de caráter
exploratório, mediante elaboração e aplicação de um questionário específico composto
de perguntas abertas (BLECHER, MATTOS e ROSSETTO JR., 2004) e acompanhado
por um termo de consentimento livre e esclarecido de acordo com o Comitê de Ética da
PUC-Campinas. Os participantes da pesquisam caracterizaram-se pelos 13 pais de
alunos provenientes de uma academia de Campinas-SP, além de 5 professores de
Karatê da região de Campinas. Os resultados foram analisados qualitativamente. Assim,
o trabalho expressa em seu desenvolvimento: i) breve histórico do Karatê; ii) filosofia do
Karatê iii) Caracterização do treinamento de Karatê; iv) especificidades motoras,
cognitivas e afetivo-sociais da criança de 7 a 12 anos; v) benefícios da prática adequada.
Contudo, de acordo com os pais de alunos de Karatê, os benefícios decorrentes da
prática desse esporte, para a população investigada são: coordenação motora,
desenvolvimento muscular, disciplina, auto-controle, concentração, respeito ao próximo,
socialização, além de aprender a lidar com vitórias e derrotas. Já na visão dos
professores participantes da pesquisa, os benefícios decorrentes da prática são:
desenvolvimento muscular, coordenação motora, auto confiança, concentração, auto-
controle, disciplina e respeito ao próximo. Assim, para o Mestre Rodrigues (2006), os
benefícios morais que o Karatê proporciona para seu praticante é disciplina, respeito,
auto-confiança, companheirismo e coragem. As alterações apresentadas pelas crianças,
após o início da pratica do Karatê, faz com que pensemos em utilizar essa modalidade
como meio que auxilia na educação. Isso se da devido as melhoras apresentadas nos
aspecto físico, psicológico e afetivo- social, que são de grande importância na formação
da criança. Portanto, o Karatê, quando bem orientado apresenta inúmeros benefícios
decorrentes de sua prática.
Termos de indexação: Karatê; Desenvolvimento Humano; Educação Física.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Lista de classificação cronológica segundo Gallahue 2001
Quadro 2: Categorias de resposta geradas a partir da questão 1 (pais de alunos).
Quadro 3: Categorias de resposta geradas a partir da questão 2 (pais de alunos).
Quadro 4: Categorias de resposta geradas a partir da questão 3 (pais de alunos).
Quadro 5: Categorias de resposta geradas a partir da questão 4 (pais de alunos).
Quadro 6: Categorias de resposta geradas a partir da questão 5 (pais de alunos).
Quadro 7: Categorias de resposta geradas a partir da questão 6 (pais de alunos).
Quadro 8: Categorias de resposta geradas a partir da questão 1 (professores de Karatê).
Quadro 9: Categorias de resposta geradas a partir da questão 2 (professores de Karatê).
Quadro 10: Categorias de resposta geradas a partir da questão 3 (professores de Karatê).
Quadro 11: Categorias de resposta geradas a partir da questão 4 (professores de Karatê).
Quadro 12: Categorias de resposta geradas a partir da questão 5 (professores de Karatê).
Quadro 13: Categorias de resposta geradas a partir da questão 6 (professores de Karatê).
LISTA DE ANEXOS
Anexo 1: Carta de autorização para a realização da pesquisa de campo na academia.
Anexo 2: Termo de consentimento livre e esclarecido de participação na pesquisa ( Instituição).
Anexo 3: Termo de consentimento livre e esclarecido de participação na pesquisa ( Pais de alunos e Professores de Karatê)
Anexo 4: Questionário aos pais de alunos de Karatê
Anexo 5: Questionário aos professores de Karatê
Anexo 6: Pôster apresentado ao congresso de Educação Física realizado na ESEF.
SUMÁRIO
RESUMO
1. INTRODUCÃO 11 1.1. Delimitação do problema e justificativa 11 1.2. Objetivos 12
2. O KARATÊ 13 2.1 Breve histórico 13 2.2 Treinamento do Karatê 15 2.3 Filosofia do Karatê (Budo)
16
3. CRIANÇA 18 3.1 Conceito de desenvolvimento 18 3.2 Teorias desenvolvimentistas 19 3.3 Desenvolvimento motor 20 3.4 Desenvolvimento mental 24 3.5 Desenvolvimento Afetivo-social 27 3.6 Agressividade 29 3.7 A construção de valores
31
4. KARATÊ E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL 33 4.1 Desenvolvimento afetivo-social 33 4.2 Desenvolvimento mental 35 4.3 Desenvolvimento físico
35
5. DELINEAMENTO METODOLÓGICO 37 5.1. Tipo de pesquisa 37 5.2. População de estudo 37 5.3. Procedimentos técnicos de coleta e analise dos dados 38
6. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 39
7. DISCUSSÂO 59
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS 62
9. REFERÊNCIAS 64
10. ANEXOS 66
1. INTRODUÇÃO
1.1Delimitação do problema e Justificativa
Desde os 8 anos de idade é praticante de Karatê e escolheu a
Faculdade de Educação Física para poder ampliar os conhecimentos teóricos e
práticos nesta área e, conseqüentemente, aperfeiçoar a prática e ensino das artes
marciais, em específico o Karatê. No momento, trabalha-se com o Karatê em
algumas academias da região e tem tido grande contato com crianças de 5 a 12
anos. Essa experiência despertou o interesse pelo assunto O Karatê e o
Desenvolvimento da criança de 7 a 12 anos, o qual acredita-se ter grande
relevância social.
O Karatê é uma das Artes Marciais mais praticadas no mundo. Hoje
muitas destas artes estão sendo discriminadas devido ao ensino inapropriado de
professores, conseqüentemente, formando alunos agressivos.
De fato, o tradicional Mestre Funakoshi (1975), expressa que o
verdadeiro karateca não pratica Karatê somente dentro do Dojo (local de
treinamento), mas sim em todas as suas atitudes do dia a dia, tendo sempre
cortesia, respeito, dedicação e disciplina.
Para o Mestre Rodrigues (2006), os benefícios morais que o Karatê
proporciona para seu praticante é disciplina, respeito, auto-confiança,
companheirismo e coragem.
Acredita-se que essa pesquisa pode ter grande relevância para a
sociedade, pois é um tema pouco estudado atualmente.
Assim levantaram-se algumas indagações sobre esse tema, como: O
Karatê é uma atividade física apropriada às crianças? Quais benefícios o Karatê
pode proporcionar às crianças? Existe alguma modificação física ou
comportamental aparente no praticante de Karatê? O Karatê contribui na
formação e no desenvolvimento da criança?
Ao final desse trabalho, pretende-se expressar a influência das artes
marciais, no caso Karatê, para o desenvolvimento da criança. Assim, essa
modalidade pode ser um grande meio educacional nos dias atuais, tendo em vista
que os pais trabalham bastante e tem contato mais restrito com os filhos,
colocando-os em atividades extras escolares no intuito de complementar a
educação dos mesmos.
1.2Objetivo
Identificar as contribuições que o Karatê pode proporcionar no
desenvolvimento integral da criança, levantar os benefícios da prática dessa
modalidade, buscando conhecer as modificações decorrentes após o início desse
esporte, na visão dos pais de alunos e professores de Karatê.
Contudo, o trabalho expressa em seu desenvolvimento i) breve
histórico do Karatê; ii) o treinamento do Karatê; iii) filosofia do Karatê; iv) conceito
de desenvolvimento; v) teorias desenvolvimentistas; vi) desenvolvimento motor;
vii) desenvolvimento mental; viii) desenvolvimento afetivo social; ix) agressividade;
x) a construção de valores; xi) o Karatê e o desenvolvimento infantil.
2. O KARATÊ
O Karatê é uma arte marcial muito antiga, praticada no mundo inteiro,
não sendo somente praticada como uma modalidade desportiva, mas sim como
uma arte marcial que tem como um dos objetivos a formação do caráter do
praticante. Ressalta-se ainda que o Karatê ensina além de técnicas de defesa
pessoal, hábitos e atitudes que o tornará um cidadão disciplinado, honesto,
cortês, mais íntegro na sociedade.
Karatê é uma palavra japonesa que significa "mãos vazias". É uma arte altamente científica, fazendo o mais eficaz uso de todas as partes do corpo para fins de auto-defesa. O maior objetivo do Karatê é a perfeição do caráter, através de árduo treinamento e rigorosa disciplina da mente e do corpo. O karate-ka (cultor de Karate-do) utiliza como armas as mãos, os braços, às pernas, os pés, enfim, qualquer parte do corpo (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE KARATÊ, 2006)
Para Sasaki (1991), citado por Dornelas (2004), a industrialização
desordenada e ambiciosa trouxe grandes problemas na educação da criança,
tornando-a incompleta. Isso explica ao aumento da procura das academias de
Karatê e dá maior responsabilidade a quem se dedica ao ensino.
2.1 Breve histórico
O precursor do Karatê foi Bodhi-Dharma, o mesmo que fundou o zen-
budismo da Índia. Muito conhecido no Oriente, foi convidado pelo imperador
chinês da época (520 a. C) para levar seus conhecimentos à China. Mas foi no
Japão, mais precisamente na ilha de Okinawa, que o Karatê foi definitivamente
sistematizado como a luta das mãos livres, ou melhor, sem armas (FEDERAÇÃO
PAULISTA DE KARATÊ, 2006).
As origens do Karatê têm mais de mil anos. Quando Dharma estava no
mosteiro Shao Lin, na china, ensinava aos seus alunos métodos de treinamentos
físicos que lhes permitiam acumular resistência e força física necessárias para
cumprir a rígida disciplina que então fazia parte da religião. Esse método se
desenvolveu e adaptou-se tornando o que atualmente é conhecido como a arte de
luta de Shao Lin. Ao ser importado para Okinawa, misturou-se com técnicas de
lutas nativas. O soberano da antiga Okinawa, mais tarde senhor feudal de
Kagoshima, Japão, baniu o uso de armas, estimulando assim o desenvolvimento
da luta “de mãos vazias” e técnicas de defesa pessoal. Devido a sua origem
chinesa, esta arte recebeu o nome de Karatê que tinha como significado “mão
chinesa”. O mestre Gichin Funakoshi, pai do Karatê moderno, falecido em 1957
com 88 anos alterou os caracteres para dar o sentido literal de “mãos vazias”.
Para o mestre, o Karatê não era apenas um meio de aprender a se defender, mas
sim um excelente caminho para a formação do caráter (NAKAYAMA, 1966).
De acordo com Sasaki (1989), os treinamentos de Karatê em Okinawa,
foram sempre desenvolvidos em sigilo. Ninguém treinava nem ensinava Karatê
abertamente, por isso, praticamente não existem livros nem documentos escritos
sobre o Karatê.
Segundo Nakayama (1966), o Karatê foi apresentado ao público
japonês pela primeira vez em 1922 quando Funakoshi, então professor do
Colégio de Professores de Okinawa, foi convidado a dar uma palestra e fazer uma
demonstração num festival de artes marciais tradicionais, promovido pelo
Ministério da Educação. Sua apresentação impressionou tanto que ele recebeu
uma enxurrada de convites para ensinar esta arte em Tókio. Funakoshi, em vez
de voltar para Okinawa, passou a ensinar Karatê em várias universidades do
Japão e no Kodokan, Meca do judô, até poder fundar o Shotokan em 1936, um
grande marco na história do Karatê no Japão.
Nakayama (1966) ressalta ainda que a associação japonesa de Karatê
foi criada em 1955, com Funakoshi como instrutor principal. Nesse período, ele
contava com poucos membros e inúmeros instrutores formados pelo mestre. Essa
Associação recebeu aprovação legal do Ministério da educação em 1958, ano
que foi realizado o primeiro torneio nacional de Karatê, evento que até hoje é
anual, ajudando a firmar o Karatê também como esporte competitivo.
De fato, atualmente o Karatê possui diversos objetivos. Meio de
aprendizagem de defesa pessoal, atividade física promovendo saúde, qualidade
de vida e bem estar físico e mental e ainda tem se tornado um esporte muito
praticado no mundo inteiro, onde o grande objetivo é socialização e divulgação da
arte.
2.2 Treinamento de Karatê
Os métodos de treinamento de Karatê considerado desde sua origem,
compreendem o kata (forma) e o Kumite (luta), que explicam plenamente o
verdadeiro propósito do Karatê (SASAKI, 1989).
Rodrigues (2006) expressa que o treinamento do Karatê atualmente
pode ser dividido em três partes: kihon, kata e kumite.
O kihon surgiu como maneira de facilitar o ensino e aprendizagem do
Karatê. É a parte do treinamento onde o praticante desenvolve a coordenação
motora, lateralidade, força, velocidade, além de aprender as técnicas
propriamente ditas: chutes, socos, defesas, deslocamentos e outros. Para
Rodrigues (2006), esta é a parte do treinamento onde o aluno aprende as
técnicas fundamentais do Karatê: chutes, socos, defesas. Técnicas essas que
posteriormente serão aplicadas no Kata e no Kumite. Ressalta ainda que é neste
tipo de treinamento que o praticante de Karatê vai ganhar força, velocidade,
aprimorar a velocidade de reação e técnicas de “giro do quadril”, que é
fundamental para qualquer golpe de Karatê (chutes, socos e defesas).
A definição mais conhecida de Kata é “luta imaginária contra vários
adversários” onde são executadas as técnicas aprendidas no kihon, de maneira
ordenada (em uma seqüência pré-determinada e inalterada). Para Rodrigues
(2006), os Katas são a alma do Karatê, por permitir ao praticante o contato com
técnicas ancestrais e dar a ele uma visão da tradição que existe na arte. De
acordo com Shiggeda (s/d), citado por Cruz (1994), o kata é a parte mais
importante do Karatê. Segundo ele, kata significa forma e para conseguir alcançar
uma boa base de luta, é necessário conhecer os Katas. Cruz (1994), afirma que é
no kata que deve ser colocado toda força e energia do praticante, para conseguir
domínio total de seu corpo e espírito. O kata prepara o praticante para enfrentar
diversos adversários ao mesmo tempo num combate real.
Atualmente no estilo Shotokan, que é o estilo que pratico, existem 26
katas diferentes, onde cada um possui objetivos gerais e específicos a serem
alcançados em sua execução de acordo as características particulares de cada
kata. Por exemplo: os katas iniciais possibilitam que o aluno desenvolva a
concentração, técnicas de chutes, socos e deslocamentos, respiração adequada.
Para Rodrigues (2006), “Os katas possuem objetivos e aplicações, e
eles reúnem todo conhecimento e beleza do Karatê-dô”. De acordo com Sasaki
(1989), “se for preciso classificar o kata, cai-se geralmente, em dois tipos: shorei-
ryu e shorin-ryu”. O primeiro caracteriza-se pelo desenvolvimento da força física e
da potência muscular, e o segundo enfatiza a leveza e a rapidez dos movimentos.
Todas as técnicas e capacidades físicas desenvolvidas no kihon e
no kata serão aplicadas no kumite (luta propriamente dita). Rodrigues (2006)
afirma que neste tipo de treinamento o aluno deverá aplicar junto a um
companheiro, as técnicas aprendidas no kihon e no kata. É de grande valia que
os alunos executem os movimentos com bastante controle para que não haja
risco de lesões.
De acordo com Dornelas (2004), neste tipo de treinamento o
professor precisa ter bastante atenção para que os alunos, principalmente
crianças, não se machuquem com os golpes.
2.3 Filosofia do Karatê ( Budo)
Mestre Gichin Funakoshi foi quem mais desenvolveu o Karatê,
principalmente em seu aspecto psico-social e sempre se preocupando com a
formação do caráter do praticante desta arte. Para Funakoshi (1975) o praticante
de Karatê deve trilhar seu caminho sempre de mente vazia, mas ao mesmo
tempo estar preparado para superar possíveis obstáculos que venham aparecer
no caminho.
Segundo Rodrigues (2005), o significado do prefixo Kara (vazio), da
palavra Karatê, não está relacionado apenas a ausência material, mas sim
ausência de pensamentos negativos e inferiores.
De acordo com Sasaki (1984), citado por Dornelas (2004, p.8), o
lema do Karatê, após a intervenção de Funakoshi passou a ser:
Esforçar-se para formação do caráter; Criar o intuito de esforço;Respeitar acima de tudo; Conter o espírito de agressão;Fidelidade para com o verdadeiro caminha da razão.
Segundo Sasaki (1989), fica evidenciado o caráter formativo do
indivíduo através da pratica do Karatê, preparando-o para a convivência em
sociedade, agindo de acordo com a moralidade social e através do Karatê buscar
o equilíbrio físico e mental.
Contudo, o verdadeiro karateca aplica todas as atitudes aprendidas
e desenvolvidas no dojo (academia ou local de treinamento) em todas as atitudes
de seu dia a dia.
3. A CRIANÇA
Durante o desenvolvimento, a criança apresenta diversas
características comuns a outras da mesma faixa etária. Devido a isso, necessita-
se de um estudo sobre o desenvolvimento infantil, principalmente pelos
educadores, para que durante o processo educacional seja trabalhado e
desenvolvido todas as necessidades da criança de acordo com a faixa etária que
se encontra.
3.1 Conceito de desenvolvimento
Entende-se por desenvolvimento um processo contínuo de evolução.
Tratando-se de desenvolvimento humano, esse processo ocorre desde o início da
vida intra-uterina e cessa na morte. Segundo Gallahue (2001), o desenvolvimento
é relacionado com a idade, mas não depende dela. Desenvolvimento é um
processo permanente que se inicia na concepção da vida e cessa somente na
morte.
Para Manoel (1994) citado por Campana (2001), o desenvolvimento
apresenta dois princípios: continuidade e progressividade. O princípio da
continuidade afirma que o ser humano está em constante mudança bio-psico-
social, podendo assim adaptar-se ao meio em que vive. Já o princípio da
progressividade diz que as mudanças além de serem contínuas, elas seguem
uma ordem de progressão: do mais simples para o mais complexo, do geral para
o específico.
Para Freire (1989) citado por Campana (2001), o desenvolvimento não
pode ser contado em dias, meses ou anos. Devem-se levar em consideração as
produções relacionadas com os aspectos biológicos, sociais, culturais e outros.
“Cada faixa etária apresenta determinadas características quanto ao
desenvolvimento motor, afetivos, sociais, cognitivos, morais e sexuais, embora a
idade não seja aceita como um balizador muito confiável” (FREIRE, 2003, p.14).
Não se pode confiar integralmente na idade cronológica pois sabe-
se que o indivíduo apresenta o desenvolvimento biológico que pode sofrer
algumas alterações no ritmo desse desenvolvimento em cada criança.
Segundo Gesell (1925) Thelen e Adolph (1992) citados por Bee
(1996), emprega-se maturação para descrever a seqüência de mudanças
genéticas programadas. A seqüência destas mudanças são as mesmas porém, o
que difere é o momento da vida em que estas ocorrem.
De acordo com o grau de desenvolvimento que podem ser
influenciados pela maturação, pelo meio ambiente (experiências), por fatores
hereditários (naturais), o ser humano apresenta um comportamento que resulta
em ações.
Para Tani (1988), o comportamento poder ser classificado pertencente
a um dos três domínios, ou seja, cognitivo, afetivo-social e motor. Segundo ele,
quando se estuda o comportamento humano, devem ser considerados dois
princípios: princípio da totalidade e o da especificidade. O primeiro sugere que
todo o comportamento humano apresenta a participação de todos os domínios.
Por outro lado, o da especificidade sugere que embora todos os domínios estejam
envolvidos, cada um precisa ser analisado especificamente, dada a
predominância de uns sobre outros.
Contudo, vê-se que é de grande valia investir no desenvolvimento
infantil, pois o aprendizado que a criança obtiver nessa fase a acompanhará ao
longo de sua vida encerrando somente na morte.
3.2 Teorias desenvolvimentistas
São várias as teorias desenvolvimentistas porém, quatro merece
destaque:
i) Aprendizagem: Teóricos da aprendizagem enfatizam o papel
dominante da experiência na relação natureza/ambiente. Segundo Bandura
(1989) citado por Bee (1996) o comportamento pode ser transformado de várias
formas pela experiência (direta ou indireta), dentro dos limites biológicos.
ii) Psicanalíticos: os psicanalistas acreditavam que existia a
influência do meio ambiente e também do natural (hereditário), no
desenvolvimento humano. Para Freud (1905; 1920) citado por Bee (1996) o
comportamento é governado por processos inconscientes que acompanham a
criança desde o nascimento. Por outro lado, a formação da personalidade (ego) e
da moralidade (superego) é formada à medida que a criança incorpora os valores
e costumes culturais dos pais.
iii) Biológicos: Segundo Bee (1996) os estudiosos biológicos
afirmavam que tanto os padrões comuns de desenvolvimento quanto as
tendências comportamentais são parcial ou inteiramente programados pelos
genes, ou influenciados por processos fisiológicos como as mudanças hormonais.
Esses psicólogos não afirmavam que o ambiente não era importante, porém, os
genes eram vistos como uma estrutura poderosa (Bee, 1996).
iv) Cognitivo - desenvolvimentistas: Para esses psicólogos a criança
sofri tanto influência interna quanto externa. Ela é participante ativa do
desenvolvimento (Bee, 1996).
Para Piaget, a natureza do organismo humano adaptou-se ao meio
ambiente. Segundo ele, o ambiente não molda a criança, mas sim a criança
busca compreender o meio (Bee, 1996). Portanto, o desenvolvimento pode
ocorrer através do processamento interno que a criança faz da experiência.
3.3 Desenvolvimento motor
Este trabalho enfatiza o desenvolvimento da criança de 7 a 12 anos de
idade. Porém, em alguns momentos serão descritos características do
desenvolvimento de crianças em faixas etárias inferiores a citada acima, para
facilitar a compreensão do desenvolvimento delas.
Como já foi percebido, todos os nossos gestos, atitudes, estão
relacionados à idade (cronológica e biológica). Ao falar em desenvolvimento
motor, logo se imagina habilidades motoras básicas como andar, correr, saltar,
pegar, arremessar, entre outras. Essas habilidades começam a ser desenvolvidas
desde bebê e é de fundamental importância para o desenvolvimento integral da
criança.
Segundo Tani (1988), é através do movimento que o homem interage
com o meio para alcançar seus objetivos, satisfazer suas necessidades, portanto,
desenvolve. Para Bonacelli (1990), através do movimento, somos capazes de
perceber o corpo do semelhante, seus limites e capacidades, aumentando o grau
de sensibilidade para com os outros e com o mundo. O movimento caracteriza-se
por ser o meio de gerar novas informações, pois é através dele que o ser humano
interage com o outro, aprende sobre si e sobre o meio social em que vive
(Campana 2001).
Portanto, dois novos conceitos de aprendizagem podem aparecer:
aprendizagem do movimento e pelo movimento.
Segundo Halverson (1971) citado por Freire (2004), entende-se por
aprendizagem do movimento a melhora da capacidade da criança se mover e
aprendizagem pelo movimento, embora o movimento apareça, o foco principal é a
utilização dele para a criança conhecer a si própria e o mundo que a rodeia.
Antes de descrever as características motoras das crianças de 7 a 12
anos, será apresentado o quadro de classificação cronológica segundo Gallahue
(2001).
Quadro: Classificação de Idade cronológica segundo Gallahue (2001)
Período Escala1.Vida Pré- Natal
A) Período de zigoto
(b) Período embrionário
c) Período fetal
(da concepção ao nascimento)
Concepção – 1 semana
1 semana – 8 semanas
8 semanas – nascimento2. Primeira infância
A) período neonatal
b) Início da infância
(c) Infância posterior
(nascimento aos 24 meses)
Nascimento – 1 mês
1-12 meses
12 – 24 meses3. Infância
a) Período de aprendizado
b) Infância Precoce
c) Infância intermediária/ avançada
(2 -10 anos)
24 -36 meses
3 – 5 anos
6 – 10 anos4. Adolescência
a) Pré-pubescencia
b) Pós-pubescencia
(10 – 20 anos)
10 – 12 anos(F); 11 – 13(M)
12 – 18 anos(F); 14 – 20(M) 5. Idade adulta jovem
a) Período de aprendizagem
b) Período de fixação
(20 – 40 anos)
20 – 30 anos
30 – 40 anos6. meia idade
a) transição para meia idade
b) meia idade
40 – 60 anos
40 – 45 anos
45 – 60 anos7.Idade terceira
a) início da terceira idade
b) período intermediário da terceira idade
senilidade
(60 anos ou mais)
60 – 70anos
70 – 80 anos
80 anos ou mais
Nos estudos de Freire (2003, p.16), “durante o período pré-verbal, uma
criança saudável forma todas as coordenações motoras de que disporá até o fim
de sua vida”. Ressalta ainda que é a partir do período verbal que a motricidade
vai se aperfeiçoando, resultando numa complexidade inigualável.
Para Werneck citado por Moreira(2003), o início da fase escolar (6 aos
10 anos) é a fase do aumento do repertório de movimentos para melhoria da
coordenação. A instrução deve ser poli esportiva, aproveitando o entusiasmo
infantil para uma familiarização esportiva, que talvez possa ser praticado por toda
a vida.
Por volta dos 7ª nos de idade, a criança encontra-se num bom período
para o início de práticas desportivas. “O período de 6 a 10 anos de idade na
infância é caracterizado por aumentos lentos, porém estáveis, na altura e no
peso, e por um progresso em direção à maior organização do sistema sensório
motor” (GALLAHUE, 2001, p.72). “A tendência é de crescimento relativamente
lento e constante da fase tardia da infância, se estendendo aproximadamente dos
6 aos 10 ou 12 anos” (Eckert,1993). Devido a esse crescimento lento, a criança
adapta-se com o próprio corpo, que permite uma melhora drástica na
coordenação e no desenvolvimento motor.
Para Eckert (1993), no período da infância tardia a criança apresenta
padrões motores básicos mais refinados, aumento constante da resistência,
melhor coordenação e controle físico, grande espírito de aventura, espírito
competitivo e aumento do alcance da atenção.
Tani (1988), afirma que até aproximadamente 7 anos de idade, o
desenvolvimento motor da criança se caracteriza pela aquisição, estabilização e
diversificação das habilidades básicas, atingindo um padrão maduro. Ressalta
ainda que nos anos que se seguem, até aproximadamente 12 anos de idade, o
desenvolvimento motor se caracteriza pelo refinamento e diversificação na
combinação destas habilidades.
Segundo Freire (2004), por volta dos 12 anos de idade, a
reestruturação corporal resulta numa desestabilização da coordenação motora.
Movimentos que até o momento estavam bem coordenados tornam-se
repentinamente inadequados.
Nos estudos de Manoel (1994) citado por Campana (2001),
considerando uma seqüência de desenvolvimento, como foi apresentado acima, é
importante ressaltar três aspectos: i) no desenvolvimento, o que varia é a
velocidade dos acontecimentos, porque a seqüência é sempre a mesma; ii) as
seqüências são interdependentes, portanto a aquisição das habilidades motoras
básicas é essencial para a aquisição das habilidades específicas; iii)a seqüência
não mostra apenas a ordem que a criança pode aprender, mas principalmente as
suas necessidades.
Kephart (s/d) citado por Tani (1988), acredita que a defasagem no
aprendizado das habilidades básicas ou padrões básicos de movimento, como
correr, saltar, andar, arremessar, chutar, rebater e quicar, dificultaria
posteriormente a aquisição de habilidades mais complexas e específicas.
Contudo, observa-se a necessidade da prática de atividade física no
âmbito escolar e/ou fora dele de maneira adequada, pois, a falha nesse processo
pode acarretar grandes prejuízos no aprendizado e desenvolvimento dessa
criança num futuro. Vale ressaltar ainda que essas atividades devem respeitar a
fase do desenvolvimento em que a criança se encontra, seguindo uma seqüência
progressiva de desenvolvimento: geral para o específico, do simples para o
complexo.
3.4 Desenvolvimento mental
Ao falar em cognição, logo nos vêm à mente a idéia do raciocínio, a
solução de um problema matemático, ou alguém pensando.
A maneira de uma criança pensar é bastante diferente da maneira
em que o adulto pensa. Essa variação pode existir até mesmo entre as crianças
da mesma idade ( cronológica) e idades diferentes.
Segundo Bártholo (1995) quatro fatores interferem no
desenvolvimento mental: maturação ( refere-se ao desenvolvimento físico e
intelectual),experiências adquiridas, interações e transmissões sociais,
equilibração.
O ser humano, estando em contato com o mundo, necessita estar captando e reagindo aos estímulos que estão no ambiente, necessita transformá-lo mentalmente e utilizá-los em suas ações. A maneira pela qual o ser humano capta e interpreta esses estímulos e a maneira que os transforma e os utiliza em suas ações vão ser diferentes em uma criança de 3 anos de idade, comparada a uma criança de 10 anos (TANI, 1988, p.102).
Tani (1988) afirma ainda que as crianças com idades variadas
apresentam diferentes formas de agir, brincar falar. Segundo ele, dificilmente uma
criança de 3 anos de idade dificilmente irá participar de um mesmo jogo com
crianças de 8 anos de idade, compartilhando com elas as mesmas regras.
Freqüentemente, os adultos deixam de responder a uma série de perguntas que lhes são feitas por crianças, com a tradicional desculpa de que, quando elas crescerem, entenderão. Isto reflete um aspecto muito importante: o de o ser humano apresenta forma de pensar qualitativamente ao longo da sua vida. Em outras palavras, isto reflete o que se costuma denominar de desenvolvimento cognitivo (TANI, 1988, p.99).
Com base na sistematização dos estágios de desenvolvimento
cognitivo elaborado por Piaget, citado por Bártholo (1995) e também por Fontão
(1995) será descrita e caracterizada a fase do desenvolvimento mental.
O desenvolvimento mental ocorre em 4 fases: Sensório motor (0 a 2
anos), pré-operacional (2 aos 7 anos), operacional concreto (7 aos 12 anos) e
estágio das operações formais (a partir dos 12 anos de idade).
De acordo com os estudos de Bártholo (1995), as crianças de 0 a 3
anos encontram-se em grande desenvolvimento mental. É a fase em que as
crianças fazem as primeiras adaptações ao meio ambiente através da exploração
do mesmo.
Bártholo (1995) afirma ainda que dos 4 aos 7 anos as crianças
raciocinam e dão explicações através da intuição e de pressentimentos, ao
contrário dos adultos que utilizam à lógica. Para a autora, as crianças nesta faixa
etária, são fracas em compreender ordem dos eventos, explicar relações e
compreender regras.
Para Freire (2003), a criança no período da educação infantil,
apresenta pensamento predominantemente fantasioso. A partir da 1ª. Série (7
anos de idade), a criança passa a deparar com elementos concretos, onde é
preciso considerar o real para resolver os problemas, principalmente coletivo.
Freire (2003) afirma ainda que por volta da 3ª. Série (9 anos de idade), a criança
se preocupa mais em compreender do que com o fazer, tão obstinado nos dois
anos anteriores.
Segundo Piaget, (citado por BEE 1977) na faixa etária dos 6 aos 12
anos a criança se encontra o início do período das operações concretas. Segundo
ele, nessa fase a criança é capaz de realizar complexos de ações mentais, como
adição, subtração, a classificação, a seriação. Todas essas ações são reversíveis.
A criança não é capaz apenas de somar, mas também de subtrair. Isso tudo a ela
é capaz de fazer, não mentalmente, mas com algo concreto como um conjunto de
blocos de madeira.
De acordo com Bártholo ( 995) no período das operações concretas a
criança é capaz de compreender conservação de quantidade, comprimentos,
números e também reversibilidade. Afirma ainda que nesta fase, as crianças são
mais obedientes, reconhecendo a autoridade dos adultos e têm consciência do
certo e do errado.
Para Freire (2003), por volta da quinta série (10 ou 11 anos
aproximadamente), aumenta o poder de crítica da criança, e de substituir dados
concretos por hipóteses. Para ele, esse pensamento crítico não surge
repentinamente, é fruto das experiências anteriores.
Segundo Bártholo (1995), no período de 11 a 15 anos de idade, as
crianças começam a pensar como adultos. Possuem capacidade de abstração de
raciocínio e a linguagem adquire um padrão mais formal. Nesta fase do
desenvolvimento, regras e leis devem ser moralmente certas e justas. As atitudes
dos adultos passam a ser questionada.
Vale ressaltar ainda, que as crianças são capazes de pensar sobre o
pensamento: amor, ódio, honestidade, entre outros.
3.5 Desenvolvimento afetivo-social
Para falar sobre o desenvolvimento afetivo-social das crianças de 7 a
12 anos em relação a outros adultos ou até mesmo a outras crianças, descreverá
brevemente a relação afetiva de crianças de 0 a 4 anos de idade, pois as atitudes
apresentadas posteriormente terão forte ligação com essa fase do
desenvolvimento.
Em um estudo conduzido por Schaffer e Emerson citado por Bee
(1977), foram observadas três fases de desenvolvimento em crianças de 0 a 18
meses de idade.
i) Ligação afetiva indiscriminada: consiste no protesto do bebê ao ser
largado no berço, porém, não existe uma diferenciação de quem o largou, ele
apenas não quer ficar sozinho. Esta é uma fase em que não existe um vínculo
específico da criança com outra pessoa.
ii) Ligação afetiva específica: inicia-se por volta dos sete meses de
idade e segue aproximadamente por mais três meses. O bebê nesta fase tem
uma ligação mais forte com uma pessoa, normalmente a mãe, e demonstra
inquietação quando ela se distancia.
iii) Ligações afetivas múltiplas: após vários meses da ligação afetiva
específica, o bebê começa apresentar ligação com diversas pessoas (pai, irmãos,
avós). Essa fase inicia-se por volta dos 18 meses de idade. No estudo de
Schaffer, Emerson(s/d), apenas 13% permaneceram afetivamente ligados a uma
única pessoa após esse período.
De acordo com Bee (1977), os sinais de protesto diante da
separação perduram até aproximadamente os 4 anos de idade. Na fase dos 2 aos
4 anos a criança busca menos contato físico e mais atenção e aprovação de suas
atitudes por parte da mãe, professora e até mesmo de outras crianças que
convivam com ela. Nesta fase as crianças deslocam a ligação e a dependência
dos adultos para outras crianças.
Gallahue (2003) afirma ainda que neste período a criança brinca
muito mal em grandes grupos por longo período, mostra-se agressiva,
hipersensível, autocrítica, presunçosa e lidam muito mal tanto com a vitória
quanto com a derrota.
Com o decorrer dos anos, a criança vai se desenvolvendo e a
maneira com que ela enxerga outras pessoas vai alterando. Bártholo (1995),
afirma que dos 4 aos 7 anos a criança diminui o sentimento egocêntrico, sendo
um período de desenvolvimento da socialização. Por volta dos 7 anos de idade,
inicia-se o período escolar e as crianças começam a se socializar mais, criar
vínculos com amigos, professores, encerrando o período de educação exclusiva
familiar. Ressalta-se ainda, que nesta fase do desenvolvimento, muitos pais
procuram colocar os filhos em iniciações esportivas, o que mais uma vez
possibilita a maior socialização da criança. De fato, “a chegada da criança à
escola implica a divisão entre a família e outras instituições, especialmente a
escola” (FREIRE, 2003, p.22). Encerra-se, portanto o período de exclusiva
educação familiar.
Para Nallin (2005), no plano afetivo o grupo tem papel fundamental
na descentralização e na conquista do pensamento. Afirma ainda que as crianças
necessitam de um espaço agradável para brincar com os amigos.
Tani (1988), explica que aos 8 anos de idade começa a comunicar-
se com espontaneidade, buscando contatos com crianças da mesma idade e até
mesmo pessoas mais velhas. Ressalta ainda que é aos 12 anos que a criança
inicia uma reação de atitude madura e aceitação social. Para Coll et al. (1995) as
relações sociais nesta fase são muito importantes para o desenvolvimento moral
da criança. Afirma ainda que deve-se sempre falar de honestidade, justiça e agir
desta maneira com freqüência.
Para Freire (2003) por volta da 3ª. série é fácil observar a diminuição
do egocentrismo, observando os jogos com bola, quando ao invés de correr todos
ao mesmo tempo atrás da bola, busca-se um bom posicionamento. Para ele, este
fato é um traço de socialização crescente. Assim, “a inserção no grupo, o
sentimento de aceitação e auto-estima dependem, em boa parte, da participação
do jovem junto ao seu grupo” (FREIRE, 2003, P.25). Para Coll et al. (1995), as
crianças adquirem nesta fase ( 7 aos 12 anos) a capacidade de se avaliar
fisicamente e psicologicamente. Aparece portanto o auto-conceito.
Desde o nascimento, a criança estabelece vínculos afetivos com
outras pessoas. Esses vínculos se acumulam dia-a-dia, de acordo com o
desenvolvimento e interação da criança. A cada dia, a criança se torna mais
independente, se individualizando ou socializando, formando uma esfera única de
desenvolvimento. Por tanto, a constituição da personalidade depende das
relações interpessoais que ela vai estabelecendo. Estas relações caracterizam-se
pelos diferentes grupos sociais que a criança faz parte (TANI, 1988).
No esporte, a discussão, elaboração e adaptação de regra, tornam-
se um excelente meio da criança socializar-se e compartilhar seu conhecimento
(FREIRE, 2003).
Portanto, buscar um ambiente (escola, clube, academia) adequado é
extremamente importante para o desenvolvimento da criança pois, todas as
relações sociais que ela tiver, influenciara na personalidade apresentada por ela
na fase adulta.
3.6. Agressividade
A agressividade pode ser apresentada decorrente ao
desenvolvimento da criança ou até mesmo ser influenciada pelo meio onde a
pessoa vive, ligada ao convívio com familiares, amigos, parentes e até mesmo
pode sofrer influência de programas na televisão.
Atualmente o número de desenhos e filmes que apresentam cenas
de lutas é muito grande. Isso acaba muitas vezes incentivando as crianças a
terem atitudes agressivas pois constantemente ela assisti isso na teleisão.
Para Freire (2003), no início da fase escolar, devido a ruptura da
educação exclusivamente familiar e pela necessidade da criança administrar
certas questões sem a participação dos pais, dos irmãos, é um período marcado
por forte agressividade. Para ele, essa agressividade é compreensível, pois a
criança tem de assumir atuação fora de casa, compartilhar linguagem,
pensamento, habilidades motoras, cultura e sentimento.
Gallahue (2001) afirma ainda que a criança brinca muito mal em
grandes grupos por longo período, mostra-se agressiva, hipersensível, autocrítica,
presunçosa e lidam muito mal tanto com a vitória quanto com a derrota.
Bee (1977) afirma que, “crianças mais velhas experimentam, por
mais tempo, os efeitos de sua agressão”.
Os acessos de raiva diminuem no período de 2 a 4 anos de idade e
quase não aparecem após os 4 anos de idade. Além disso, os motivos para a
agressão podem mudar durante essa idade. Segundo Bee (1977), crianças
pequenas (2 e 3 anos) apresentam conflitos com os pais, enquanto as maiores (4
a 6 anos) são mais inclinadas a apresentar conflitos com irmão, companheiros de
brincadeira, o que mais uma vez reforça a mudança de foco em relação a adultos
para outras crianças por volta dos 5 anos de idade.
Vale ressaltar ainda, em relação à agressividade, que não significa
que a criança agride apenas fisicamente outra criança ou até mesmo adultos.
Essa agressão pode ser apresentada de diferentes formas: física, verbal ou até
mesmo atitudinal (como por exemplo, não deixar uma criança entrar na
brincadeira).
Bee (1977) ressalta ainda que em observações feitas em escola
maternal que existe uma mudança da agressão física para a agressão verbal.
Assim, “uma criança provavelmente dirá algo como ‘você é um grande chato’ para
a criança que derrubar sua torre de tubos, ao invés de atacá-la fisicamente”.
Vale frisar que crianças que apresentarem grande quantidade de
comportamento agressivo (chutar, bater) aos 6 anos de idade provavelmente
apresentará os mesmo tipos de agressões aos 10 anos. Para Bee (1977), uma
criança que demonstrar atitudes agressivas com a mãe aos 6 anos de idade
apresentará as mesmas atitudes posteriormente aos 10 anos.
3.7 Construção de Valores
Todas as ações que realizamos, existe por trás, num plano subjetivo;
Valores pessoais que são adquiridos desde criança, através da convivência com
pais, amigos, professores e que são percebidos em todas nossas atitudes no dia
a dia como honestidade, ética, entre outros.
Ética e moral costumam ser usadas indiferentemente. Mas em geral têm um sentido bastante distinto. A moral se relaciona às ações, isto é, a conduta real. A ética são os princípios ou juízos que originam essas ações. Podemos dizer que a ética e a moral são como a teoria e a prática. A ética é a teoria moral, ou filosofia moral (LUCAS, 2005).
Segundo Piaget (1977), citado por Mantovani (2003), “valores morais”
são construídos a partir da interação do sujeito com diversos ambientes sociais
(família, escola, amigos, sociedade, meios de comunicação, entre outros).
Mantovani (2003) ressalta que será durante a convivência diária, desde
pequenina, com o adulto, com seus pais, com as situações escolares, com os
problemas com os quais se defronta, e também experimentando, agindo, que a
criança irá construir seus valores, princípios e normas morais.
Ressalta-se ainda que existe a necessidade da construção de regras
para garantir um convívio social mais saudável. Para Piaget, o que importa não
são as normas nem os valores, mas sim o porquê as segue. ”Por exemplo, uma
pessoa pode não furtar por medo de ser apanhada e outra porque os objetos não
lhe pertencem. Ambas não furtaram, mas apesar de ser o mesmo ato, possuíam
motivações bastante distintas”. (MANTOVANI, 2003).
Segundo Freire (2003), crianças de 3ª. Séries (aproximadamente 9
anos de idade) estão vivendo um período de construção e discussão das regras,
o que favorece a tomada de consciência delas. Para Coll et al. (1995), a
compreensão das regras e valores que regem a sociedade resulta numa melhor
convivência humana. Contudo, regras, valores, conceitos de honestidade,
amizade, solidariedade deve, ser trabalhados em casa, na escola ou em qualquer
outro ambiente em que a criança venha freqüentar ( clubes, academias), para que
consiga formar cidadãos mais honestos, íntegros, solidários, entre outros.
4. KARATÊ E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL
O Karatê, assim como as outras atividades desportivas, se
ensinadas de maneira adequada, devem desenvolver as crianças de maneira
integral.
As artes marciais em geral, são bastante procuradas devido à
necessidade de disciplina e concentração para aprendê-la. Porém, acredita-se
que o Karatê desenvolve muito mais que disciplina e concentração, desenvolve o
ser humano como um todo. Neste sentido, “a opção pela prática do Karatê, em
qualquer aspecto (físico, psicológico, afetivo, social, lúdico, filosófico, evolução
motora) pode ser compreendida pela terminologia milenar chamada Budo”
(SASAKI, 1989, p.7).
4.1 Desenvolvimento afeitvo-social
O Karatê, quando bem orientado, pode trazer muitos benefícios ao
praticante e principalmente à criança que está no processo de desenvolvimento
físico, psicológico, afetivo e social. Para Sasaki (1989), a prática adequada da
luta, como atividade física, ensina a controlar impulsos agressivos. Segundo o
autor, praticando as artes marciais com finalidade educativa resulta na obtenção
do equilíbrio e da tranqüilidade física e mental.
Um ponto bastante importante no Karatê é a postura do aluno no dojo
(local de treinamento). Neste, existe algumas regras básicas que devem sempre
ser ensinada para poder contribuir com a formação do aluno, além de preservar a
filosofia do Karatê. Todo aluno ao entrar no dojo deverá fazer o cumprimento
(reverência) e posteriormente dirigir-se ao professor fazendo mais uma vez a
reverência dizendo a palavra “oss” (que significa: olá, até amanhã, com licença,
por favor, obrigado).
Além disso, vale ainda ressaltar que toda aula tem em seu início e fim
o cumprimento inicial ou final. Para este, os alunos devem perfilar à frente do
professor, por ordem crescente de graduação (faixa), preservando a hierarquia e
o respeito com os alunos mais antigos, e assim, ao comando do professor, fazer a
saudação.
Para Tani (1988) a formação da personalidade, depende a cada
momento da relação interpessoal que a criança vai estabelecendo, sendo
caracterizada pelos grupos sociais dos quais as crianças vão fazendo parte.
Sendo assim, aprender a respeitar o próximo, os mais velhos, ter cortesia durante
o treinamento de Karate, provavelmente serão praticados em todas as atitudes
diárias do praticante. Segundo Galhardo (1998) citado por Dornelas (2004), é
utilizado durante uma aula, jogos e brincadeiras com regras, criadas e discutidas
pelas crianças, que visa à formação de atitudes e valores como cooperação,
respeito, trabalho coletivo, etc. Segundo Gallahue (2001), as crianças na faixa
etária dos 6 aos 10 anos de idade aceitam bem as regras.
Devido a esse novo período de socialização, aprendizado de regras e
condutas, podem aparecer atitudes agressivas nas pessoas que não concordam
com essas situações sociais. O Karatê pode auxiliar no desenvolvimento do auto-
controle. Evidencia-se isso numa frase de Funakoshi, (citada por DORNELAS
2004, p.31), “no Karatê não existe atitude ofensiva”. Segundo Dornelas, nota-se
essa atitude nos katas, que sempre começam com técnicas de defesa, pois em
qualquer situação e lugar são incabíveis atitudes de ataque.
Com todo exposto, nota-se que a prática do Karatê é adequada para
crianças de 7 a 12 anos, pois a fase de desenvolvimento da criança condiz com o
treinamento do Karatê que contribuirá na educação da mesma.
Esta fase, marcada pelo início do período escolar, onde a criança
passa a aprender a conviver em grupos, havendo um rompimento da educação
exclusivamente familiar, é um ótimo momento para o início da pratica esportiva.
Ao iniciar a pratica do Karatê, a criança fará novos amigos, será exposta a novas
situações , regras, que fará ela entender melhor a sociedade, respeitando o
próximo e ser respeitado.
4.2 Desenvolvimento mental
Podem se percebidas inúmeras melhoras no aspecto
comportamental da criança. Segundo Rodrigues (2006) a prática correta do
Karatê desenvolve disciplina, respeito, coragem, auto-confiança e
companheirismo.
Mantovani ressalta que será durante a convivência diária, desde
pequenina, com o adulto, com seus pais, com as situações escolares, com os
problemas com os quais se defronta, e também experimentando, agindo, que a
criança irá construir seus valores, princípios e normas morais.
Para Sasaki (1989), o treinamento de Karatê favorece nos aspectos
cognitivos e de reflexão o aprimoramento da personalidade. Reforça ainda que se
previna o excesso de confiança, aprendendo a não subestimar as pessoas, e sim
respeitá-las.
A sociedade vive um momento turbulento de desonestidade, violência,
corrupção, onde as pessoas que deveriam dar o exemplo e trabalhar em prol da
população, têm feito o oposto. Portanto, procurar desenvolver valores morais nas
crianças pode ser a saída para um dia termos uma sociedade mais justa, honesta,
solidária. O ambiente da academia de artes marciais favorece isso devido à
preocupação com a conscientização do papel da pessoa na sociedade.
4.3 Desenvolvimento físico
Para Gallahue (2001), as crianças de 6 a 10 anos possuem uma
coordenação visual e velocidade de reação lenta. Além disso, apresentam alta
concentração de energia, apesar de baixo nível de resistência e apresentam uma
reação ótima ao treinamento. Além de ser um excelente meio de auto-defesa, o
Karatê também é um meio ideal de exercício. Ele desenvolve a força, a velocidade,
a coordenação motora, condicionamento físico. “Neste sentido, embora esses
sejam caracterizados por crescimento físico gradual, a criança tem rápidos
ganhos, apresentando níveis crescentes maduros no desempenho esportivo”
(GALLAHUE, 2001, p.242).
Segundo Freire (2003), é no período verbal que a motricidade vai se
aperfeiçoando, resultando numa complexidade inigualável. No treinamento de
Karatê é desenvolvida força, resistência, velocidade, agilidade, lateralidade,
concentração, coordenação motora através da prática do kihon, que
posteriormente será utilizado no kata e no kumite. De acordo com Cruz (1994),
quando praticado kata regularmente se obtém um desenvolvimento equilibrado do
corpo.
Para Werneck citado por Moreira (2003), o início da fase escolar é a
fase do aumento do repertório de movimentos para a melhoria da coordenação. A
instrução deve ser poliesportiva, aproveitando o entusiasmo infantil para a
familiarização esportiva, que talvez seja praticada por toda a vida.
Segundo Galahhue (2001), a criança nesta faixa etária está interessada
fortemente por televisão, computadores, videogames e leitura.
Contudo, conclui-se que, a prática do Karatê além de proporcionar os
benefícios físicos apresentado anteriormente, pode favorecer a criança a ter
hábitos mais saudáveis, melhorando sua alimentação, praticando atividade física,
ficando menos tempo na frente de uma televisão se alimentando de forma
inadequada.
5. DELINEAMENTO METODOLÓGICO
5.1 Tipo de Pesquisa
Inicialmente, esse trabalho foi realizado com a pesquisa bibliográfica.
Para tanto, foi necessária a utilização de livros, artigos, pesquisas na internet
voltadas para áreas da psicologia, educação infantil, esporte e do Karatê
propriamente dito. De fato, segundo Minayo (2001), a pesquisa bibliográfica é um
conhecimento de que nos servimos no processo de investigação como um
sistema organizado de preposições que orientam a obtenção de dados e análise
dos mesmos.
Assim, para Mattos, Rosseto Jr. e Blecher (2004), a pesquisa
bibliográfica é a mais utilizada em Trabalhos de Conclusão de Curso, pois recolhe
e seleciona conhecimentos prévios e informações acerca de um problema ou
hipótese.
Posteriormente, foi realizada uma pesquisa com pais de alunos e
professores de Karatê, onde foi aplicado um questionário com perguntas abertas.
Este trabalho é descritivo com caráter exploratório. Assim,
O método de pesquisa descritivo tem como característica observar, registrar, analisar, descrever e correlacionar fatos ou fenômenos sem manipulá-los, procurando descobrir com precisão a freqüência em que um fenômeno ocorre e sua relação com outros fatos. (Mattos, Rosseto Jr. e Blecher,2004, p.15).
Para os referidos autores, o estudo exploratório tem como finalidade
familiarizar-se com o fenômeno obtendo uma nova percepção, contudo,
descobrindo novas idéias em relação ao objeto de estudo.
5.2 População de estudo
Primeiramente, nesta pesquisa foi utilizada como população de estudo
treze pais de alunos de Karatê de uma academia localizada na cidade de
Campinas. Foram selecionados os pais pelo seguinte critério: sorteio. No segundo
momento, foram solicitadas a opinião de professores de Karatê de Campinas,
com formação ou não em Educação Física porém graduado na federação Paulista
de Karatê (órgão responsável pela organização do esporte no estado de São
Paulo) faixa preta.
5.3 Procedimento de coleta e análise de dados
Inicialmente foi enviada uma carta de apresentação para a instituição
(anexo1). Posteriormente foi solicitada uma autorização para a realização da
pesquisa na academia (Anexo 2). Para os pais de alunos e professores de Karatê
foi enviado um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para a participação
em pesquisa (Anexo 3). Foi aplicado um questionário específico para os pais
(Anexo 4) e outro para os professores (Anexo 5), contendo cada um 6 perguntas
abertas com o intuito de investigar se o Karatê contribui no desenvolvimento da
criança.
Os dados foram analisados qualitativamente e os resultados
expressados na referida pesquisa em forma de quadros.
6. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Os resultados apresentados abaixo, foram obtidos a partir dos objetivos
traçados e das respostas dos questionários específicos aplicados aos
participantes da pesquisa (pais de alunos e professores).
Os quadros de 1 a 6 e de 7 a 12 apresentam as respostas e
categorização dessas, geradas a partir dos questionários aplicados e respondidos
pelos pais de alunos e professores de Karatê respectivamente.
Quadro 1: Categoria de resposta gerada a partir da questão 1 provenientes das questões aplicadas aos pais de alunos de Karatê.
ParticipantesQuestão: Quais os motivos que levaram a prática de Karatê de seu filho? Explique detalhadamente.
Categorias geradas a partir das respostas dos participantes
Freqüência
P1 Pelo que conheço do karate achei que seria ótimo a sua prática para as crianças pois o aprendizado é muito complexo e se torna mais fácil nessa fase.
- Interesse da criança
- Busca por atividade física e esportiva
- Desenvolvimento psicológico
- Defesa pessoal
- Socialização
- Melhora nos aspectos físicos
- Auxílio na formação do caráter da pessoa
- Facilidade no aprendizado
- Esporte com pouco contato físico
6
6
3
2
2
1
1
1
1
P2 Para ele interesse pela uma prática de uma luta. Para nós, pais, para que o interesse dele fosse direcionado e orientado.
P3 Busca por uma atividade física para que ele possa incorporar a prática do esporte em sua vida e o karate porque entendemos que é um esporte que, além de socializar ajuda na formação do caráter da pessoa pois ensina regras, respeito e disciplina.
P4 Atividade física, prática de algum esporte, relacionamento com demais pessoas, defesa pessoal.
P5 Escolhi o karate, pois tradicionalmente as artes marciais impõem disciplina, coordenação, agilidade, condicionamento físico,elasticidade e confiança.
P6 A sociedade brasileira experimenta uma fase de violência sem precedentes e a busca pelo karate efetivou muito para que meu filho possa defender-se em situações de risco.
P7 Sempre incentivei minha filha à prática de esporte, de tal modo que ela gosta muito de esporte. Quando o Alphaville começou o grupo, ela pediu para inscrevê-la, e até agora vem gostado muito.
P8 Interesse pelo esporte, por uma luta. A possibilidade de ter esta luta aqui, o entusiasmo a praticá-lo.
P9 Interesse pela prática de uma luta. Para nós pais, que o interesse dele fosse direcionado e orientado.
P10 Os motivos foram dar motivação para criar hábitos sadios, de disciplina. Aprender a respeitar os colegas e os professores. Aprender a saber ganhar e perder. Ter controle das emoções.
P11 Sempre o incentivamos a prática esportiva. Fez natação dos dois aos seis anos e não quis mais, foi então que pediu-nos para praticar "artes marciais", onde optamos pelo Karatê por não ter muito contato físico.
P12 Por nosso filho gostar muito de luta marcial e ser esta modalidade oferecida pelo clube.
P13 Interesse pela prática de uma luta, pelo esporte em si.
De acordo com as respostas dos pais de alunos de Karatê, observa-se que
grande parte das crianças que praticam esse esporte o fazem pelo interesse da própria
criança e também pela busca de uma atividade física e / ou desportiva. Em menor
freqüência, ressaltam-se alguns outros motivos que levam a busca deste esporte para
criança. São eles: desenvolvimento psicológico, defesa pessoal e socialização.
Quadro 2: Categoria de resposta gerada a partir da questão 2 provenientes das questões aplicadas aos pais de alunos de Karatê.
ParticipantesQuestão: Na sua opinião, quais as contribuições o Karatê pode oferecer no desenvolvimento físico do seu filho? Explique detalhadamente.
Categorias geradas a partir das respostas dos participantes
Freqüência
P1 O Karatê oferece ajuda e agilidade na parte da coordenação motora e na força física.Contribui na conscientização espacial e temporal, desenvolvimento da coordenação motora, do equilíbrio e força.
- Coordenação motora
- Força
- Equilíbrio
- Consciência espaço-temporal
- Flexibilidade
- Condicionamento físico
- Desenvolvimento global
- Agilidade
- Concentração
8
7
3
3
3
3
3
2
1
P2 Contribui na conscientização espacial e temporal, desenvolvimento da coordenação motora, do equilíbrio e força.
P3 A prática de qualquer modalidade esportiva dever ser incentiva por ajuda na formação física, mental e social das crianças.
P4 Melhorar/ desenvolver a coordenação motora; trabalhar cardio-vascular; trabalho anaeróbico; trabalho aeróbico.
P5 Maior elasticidade, com maior amplitude dos movimentos, uma ótima coordenação motora uma vez que executam movimentos combinados, variados e amplos. Melhora no condicionamento físico e força muscular.
P6 Elasticidade, flexibilidade a agilidade são elementos novos que tenho observado em meu filho
P7 O karatê como qualquer esporte, contribui para o melhor desenvolvimento físico, já que a criança que o pratica tem mais disposição e saúde.
P8 Coordenação motora, concentração, desenvolvimento motor, perfeição.
P9 Contribui no desenvolvimento da coordenação motora, conscientização espacial – temporal, equilíbrio, força, etc.
P10 der a ter controle das emoções e ter equilíbrio que se vai refletir no desempenho físico da criança ou adulto.
P11 Fortalecimento muscular, cardio-respiratório, consciência corporal, flexibilidade, coordenação motora.
P12 A criança fica mais ágil e aprende a lidar e controlar a força.
11
P13 Contribui na coordenação motora desenvolvimento motor, força, equilíbrio, conscientização espacial e temporal.
Quando questionado sobre os benefício físicos decorrentes da prática
do Karatê, observa-se, de acordo com as respostas dos pais, a predominância do
desenvolvimento da coordenação motora e da força muscular com a prática
desse esporte.
Observa-se ainda que além do desenvolvimento das capacidades
físicas citadas acima, os participantes da pesquisa acreditam também na melhora
do equilíbrio, consciência espaço-temporal e flexibilidade decorrentes da prática
dessa modalidade desportiva.
12
Quadro 3: Categoria de resposta gerada a partir da questão 3 provenientes das questões aplicadas aos pais de alunos de Karatê.
ParticipantesQuestão: Na sua opinião, quais as contribuições o Karatê pode oferecer no desenvolvimento mental e psicológico de seu filho? Explique detalhadamente.
Categorias geradas a partir das respostas dos participantes
Freqüência
P1 O Karatê oferece um aumento na concentração que ajuda a criança em todas as outras áreas.
- Disciplina
- Auto- controle
- Concentração
- Lidar com vitórias e derrotas
- Auto- estima
- Determinação/ superação
- Aprendizado de regras
- Capacidade de raciocínio
- Auto- confiança
- Respeito
- Socialização
7
6
5
5
4
3
2
2
2
1
1
P2 Contribui na disciplina, concentração, auto controle, atenção, auto estima.
P3 Socialização, respeito à regras, disciplina, tudo o que precisamos p/ sermos adultos saudáveis e integrados socialmente.
P4 Melhorar a concentração; aprimorar a capacidade de raciocínio.
P5 Agilidade para mudanças de atitude, principalmente nos campeonatos, diante de adversários diversos. Assimilar vitórias e derrotas com naturalidade. Maior auto- confiança diante de colegas na escola, em festas.
P6 Auto- controle e segurança estão sendo desenvolvidos em meu filho.
P7 O Karatê como todo esporte tem regras disciplinares e isto faz com que a criança aprenda desde cedo a ter controle emocional, o que aprimora o desenvolvimento mental e psicológico.
P8 Busca por objetivo, determinação, aprendizado em competições, lidar com as frustrações.
P9 Contribui na disciplina, concentração, auto controle, atenção, auto estima. Superar e aprender a lidar com o ganhar e perder.
P10 Pode dar controle emocional, ajudar no equilíbrio mental da criança. Dar as primeiras noções de perder e ganhar uma competição. (Levando em consideração que os alunos, já vão em várias competições.)
P11 Disciplina, melhora na auto-estima, respeito as próprias limitações e a dos coleguinhas, objetividade, auto- controle e determinação.
P12 Ajuda na memorização da seqüência dos exercícios; disciplina e controla as emoções de raiva e violência. Aprende também a se conhecer e a se desenvolver. Reconhece os seus limites físicos e mentais.
13
P13 Contribui na disciplina, concentração, auto controle, atenção, auto estima. Aprender a lidar com o ganhar e perder, superar as derrotas.
Ao questionar as contribuições do Karatê no desenvolvimento mental e
psicológico da criança constata-se que grande parte das respostas menciona a
melhora da disciplina com a prática dessa arte marcial.
Observa-se ainda que grande parte dos pais responderam que o
Karatê proporciona o desenvolvimento do auto controle, da concentração, além
de aprender a lidar com vitórias e derrotas, que é de grande importância para a
vida cotidiana.
14
Quadro 4: Categorias de respostas geradas a partir da questão 4 provenientes das questões aplicadas aos pais de alunos de Karatê.
ParticipantesQuestão: Na sua opinião, com relação a agressividade (física e psicológica), qual a influência do Karatê com relação as atitudes agressivas? Justifique.
Categorias geradas a partir das respostas dos participantes
Freqüência
P1 Com relação aos meus filhos, não houve nenhuma mudança, pois são crianças nada agressivas.
- Minimiza disputas físicas
- Respeito ao próximo
- Auto- controle
- Nenhuma (crianças não eram agressivas)
- Atitudes defensivas
- Diminuição da agressividade
- Aprendizado de regras
- Depende de como é trabalhado pelos pais e professores
4
3
3
3
2
1
1
1
P2 Ajuda na conscientização do respeitar o outro. Diminui o interesse por disputas físicas.
P3 O Karatê ajuda no que se refere as regras impostos no jogo. As crianças aprendem a respeitar o outro e isso passa a ser muito positivo.
P4 Depende de como é trabalhado isso pelo professor e pais, pois se houver influências negativas a criança pode se tornar agressiva no seu dia-a-dia e imaginar que por saber lutar pode sair por aí batendo em todo mundo.
P5 Passaram a ter um controle maior, buscando principalmente a defesa em situações de briga.
P6 É claro que, com as habilidades que ele vem desenvolvendo, surge não uma atitude agressiva, mas sim, atitudes firmes e seguras.
P7 A minha filha nunca foi agressiva de tal maneira que nesse aspecto não atribuo nada ao Karatê.
P8 Para meu filho, que não é indisciplinado e nem agressivo, o Karatê se soma à sua determinação e capacidade de concentração.
P9 Ajuda na conscientização do respeitar o outro. Diminui o interesse por disputas físicas.
P10 O karate tem uma relação de acalmar o aluno, pois sendo ele trabalhado, emocionalmente, ele não terá impulso para atacar e sim pensar em não lutar no caso de atitudes agressivas. Pois, o aluno, não vai precisar mostrar que sabe lutar, se exibir. Ele já tem isso no inconsciente.
P11 Ao analisarmos o comportamento agressivo de nosso filho verificamos que com a prática do Karatê houve melhora gradativa. Em nenhum momento notamos que a prática dessa modalidade esportiva contribuiu para atitudes agressivas que tivessem relação com a mesma.
15
P12 Embora seja uma luta, ela possui regras a serem seguidas o que facilita a disciplina e o controle das emoções.
P13 Ajuda na conscientização do respeitar o outro. Diminui o interesse por disputas físicas.
O Karatê é uma modalidade desportiva que durante as aulas, além das
atividades de alongamentos, flexibilidade, coordenação global, desenvolve
também as habilidades de socar, chutar, defender. Com isso, observa-se grande
preocupação se a prática desse esporte não vai contribuir na formação de
pessoas mais agressivas.
Segundo os pais de alunos, a prática do Karatê minimiza o interesse
pela disputa física, ensina a respeitar o próximo, desenvolve o auto-controle.
Ressalta-se ainda que alguns pais responderam que seus filhos não são
agressivos, portanto, neste aspecto, o Karatê não influencia em nada.
Nas respostas dadas pelos pais, observa-se uma única na qual
acredita-se ter bastante relevância. De acordo com esse participante, o
desenvolvimento da agressividade dependerá de como essa for trabalhada por
pais e professores. Portanto, se houver um estímulo que favoreça a
agressividade, a criança poderá se tornar agressiva.
16
Quadro 5: Categorias de respostas geradas a partir da questão 5 provenientes das questões aplicadas aos pais de alunos de Karatê.
ParticipantesQuestão: Na sua opinião, quais as contribuições o Karatê pode oferecer no desenvolvimento afetivo- social de seu filho? Explique detalhadamente.
Categorias geradas a partir das respostas dos participantes
Freqüência
P1 Não houve mudanças, somente aumentou o circulo de amizades que envolveu também a família.
- Respeito ao próximo
- Trabalho em grupo/equipe
- Socialização (aumento do circulo de amizades)
- Aprender a lidar com vitórias e derrotas
- Aceitar críticas/ supera-las
- Responsabilidade
- Auto-estima
- Envolvimento familiar
5
5
3
2
2
1
1
1
P2 Lidar com situações como: ganhar e perder, lutar com o amigo, competir com o amigo ou com o irmão.
P3 Principalmente a sociabilidade. Quando uma criança entende que as regras existam e devem ser cumpridas ela passa a ver o outro com respeito e isso é tudo o que um adulto saudável precisa compreender para que o mundo seja melhor.
P4 Dependendo de como é trabalhado pelo professor e pais, a criança passa a entender que com o esporte ela pode se tornar um vencedor na vida, pois recebeu boa base na sua formação enquanto criança.
P5 O Karatê é um esporte individual, mas que exige treinamento em equipe, principalmente para a prática do kumitê. Isso proporciona aprendizado no sentido de respeito aos adversários, com suas diferenças. Aprendem a torcer para os colegas, pensar como "equipe". Aceitar críticas como construtivas e procurar melhorar. Responsabilidade com os compromissos e horários.
P6 Creio que o desenvolvimento ora questionado se concretize com uma família bem estruturada e o Karatê pode ser, se bem aplicado, um fator a mais nesse desenvolvimento.
P7 Sinceramente não sei.P8 O Karatê pode ajudar ampliar o
circulo de amigos e estimular uma competição saudável.
P9 Lidar com situações como ganhar e perder, lutar com o amigo ou irmão, competir de forma saudável com os colegas.
P10 No relacionamento com o grupo dos alunos, e também nas competições, aprender os limites de cada pessoa.
17
P11 Superação dos limites e posterior reconhecimento social melhorando a auto-estima, o vínculo afetivo que se forma com a convivência em grupo que contribui para o amadurecimento pessoal e emocional; e respeito as limitações de cada indivíduo.
P12 É um momento de descontração também, porque o coloca em contato com outras crianças o que promove a colaboração de uma criança ajudando a outra a fazer os exercícios.
P13 Tem aumentado o carinho e o respeito com o grupo que faz a aula. Preocupação com os colegas nas competições. Vínculo forte, respeito, admiração pelo professor.
Ao se tratar de uma atividade esportiva, acredita-se que possa haver
uma contribuição no desenvolvimento afetivo-social decorrente da prática do
Karatê.
De acordo com os pais de alunos, o Karatê desenvolve respeito ao
próximo e também o trabalho em grupo / equipe, que facilita o relacionamento
entre as crianças. Além disso, observa-se também nas respostas o
desenvolvimento da socialização decorrente do aumento do círculo de amizades.
18
Quadro 6: Categorias de respostas geradas a partir da questão 6 provenientes das questões aplicadas aos pais de alunos de Karatê.
ParticipantesQuestão: Você notou alguma alteração em seu filho após o início da prática do Karatê, nas dimensões físicas, mental, afetivo- social? Explique detalhadamente.
Categorias geradas a partir das respostas dos participantes
Freqüência
P1 Meus filhos tiveram aumento de forca física, maior coordenação motora e concentração.
- Coordenação
- Concentração
- Disciplina
- Superar dificuldades
- Respeito
- Motivação
- Auto-controle
- Força
- Humildade
- Resistência
- Velocidade de Raciocínio
- Auto-confiança
- Todos os esportes desenvolvem as alterações elencadas
- Nenhuma
5
5
5
4
4
3
3
2
1
1
1
1
1
1
P2 Sim, melhora no auto controle, disciplina, coordenação motora. Vontade de superar as dificuldades dele para participar das competições.
P3 Sim principalmente no que se refere à disciplina. Meu filho passou a respeitar mais o espaço do outro e a luta pelo seu próprio espaço.
P4 Dimensões físicas, entendo que o crescimento está normal. Mental, era meio disperso e agora parece que está conseguindo uma melhor concentração. Afetivo-social, começando a entender que é preciso se esforçar para conseguir alguma coisa na vida.
P5 Físicas: Melhora no alongamento, força muscular, coordenação motora. Mental: Maior agilidade de raciocínio, maior concentração. Afetivo- social: Maior confiança, respeito pelos amigos, aceitação quando corrigido, maior humildade.
P6 Qualquer pratica esportiva leva às alterações elencadas.
P7 Não notei nenhuma mudança, até porque além do Karatê, ela sempre praticou outro esporte.
P8 O Karatê tem estimulado muito a aprendizagem e domínio do corpo, tanto que meu filho não quer nunca perder aula.
P9 Envolvimento grande, vontade de se superar. Melhora na coordenação, disciplina, atenção e na auto estima.
P10 Sim. A minha filha não fica chateada quando perde. E já entra na quadra de esporte para competição, mais calma.
P11 Físicas: resistência muscular, força, disposição; Mental: determinação, auto-controle, motivação; Afetivo- social: está mais compreensivo, equilibrado e sociável.
19
P12 É provável que ele tenha começado a se concentrar mais em outras atividades especialmente as escolares, nas quais ele tem uma exigência muito grande. Tem também controlado mais a sua agressividade. Há, em geral, maior disciplina em suas atitudes.
P13 Melhora na auto estima, coordenação motora, disciplina. Respeito as regras, interesse crescente pelo esporte.
Quanto aos pais, quando questionados sobre as alterações observadas
nas crianças após o início da prática do Karatê, um resultado surpreendente. Os
pontos mais enfatizados não foram relacionados aos aspectos físicos, mas sim ao
desenvolvimento psicológico e afetivo-social. Ou seja, o ponto mais observado
refere-se a mudanças de atitudes das crianças.
De acordo com as respostas dos pais participantes da pesquisa,
observa-se uma melhora na coordenação motora, na concentração e na
disciplina. Além disso, ressalta-se numa escala um pouco menor, o
desenvolvimento do respeito ao próximo. Destaca-se ainda o desenvolvimento do
auto-controle, além dos pais observarem seus filhos mais motivados.
20
Quadro 7: Categorias de respostas geradas a partir da questão 1 provenientes das questões aplicadas aos professores de Karatê.
ParticipantesQuestão: Na sua opinião, quais os motivos levam os pais a colocarem seus filhos no Karatê? Explique detalhadamente.
Categorias geradas a partir das respostas dos participantes
Freqüência
P1 Quando os filhos não fazem a escolha pela modalidade, os pais os trazem normalmente, por pedido médico, para gasta as energias e na maioria das vezes a escolha se dá pelo motivo do Karatê trazer disciplina.
- Atividade física/ desportiva
- Desenvolvimento psicológico
- Disciplina
- Defesa pessoal
- Auto controle
- Criança
- Médico
4
3
2
1
1
1
1
P2 Muitos, mas os principais são, os benefícios, de se praticar uma atividade física, que desenvolva ainda a mente, o Karatê é mais que uma luta é uma filosofia de vida.
P3 Eu divido em dois grupos os pais que decidem colocar seus filhos para praticar Karate:1º grupo – são os pais que sabem apenas que o karate é uma luta com bastante atividade física, ou seja, ajudará seu filho a se defender melhor e ao mesmo tempo se exercitar.2º grupo – pais que de alguma forma têm um maior conhecimento do que realmente é uma arte marcial como o karate, seja por praticar, já terem praticado ou conhecerem através de pessoas próximas. Este grupo de pais enxergam o karate além de um simples meio de defesa e atividade física e entendem que é um modo de vida (o karateca é karateca 24 horas por dia), podendo transmitir valores para serem usados no dia-dia e que o colégio não consegue trabalhar de forma adequada.
P4 Acredito que um dos principais motivos é a busca do controle psico motor e agressividade baixa ou em demasia, alguns chegam com baixa estima e falta de confiança em si própria, pouca coordenação e agressividade mal dosada.
P5 A maioria dos pais sabem que ao colocar o filho no Karatê, estarão expondo o filho a um trabalho físico e também a uma vivência onde a criança conhecerá sobre hierarquia, disciplina e conduta social.
21
Na visão de grande parte dos professores de Karatê que participaram
da pesquisa, os alunos que buscam as academias e clubes para a prática desse
esporte têm o intuito de praticar uma atividade física e / ou desportiva. Numa
escala um pouco menor, aparece o interesse dos pais pelo desenvolvimento
psicológico e da disciplina em seus filhos.
22
Quadro 8: Categorias de respostas geradas a partir da questão 2 provenientes das questões aplicadas aos professores de Karatê.
ParticipantesQuestão: Quais os benefícios o Karatê pode proporcionar para a criança no aspecto físico? Explique detalhadamente.
Categorias geradas a partir das respostas dos participantes
Freqüência
P1 Conhecimento do próprio corpo, sentindo a mudança dos exercícios sejam eles lúdicos ou técnicos. Coordenação motora, lateralidade.
- Desenvolvimento muscular
- Coordenação
- Condicionamento físico
- Agilidade
- Equilíbrio
- Lateralidade
- Conhecimento Corporal
4
3
2
1
1
1
1
P2 Massa muscular, uma melhora significativa na condição cardio-vascular.
P3 Desenvolvimento muscular, postura, alongamento, coordenação motora, agilidade, equilíbrio e, para mim o principal, conhecer melhor seu corpo.
P4 No aspecto físico é notável o desenvolvimento do corpo como um todo, resistência aumenta, sua respiração passa a ser melhor controlada, o tônus muscular se inicia de maneira saudável.
P5 Estímulo ao desenvolvimento motor, correção postural e queima de gordura.
- Desenvolvimento global
- correção Postural
1
1
De acordo com grande parte dos professores participantes da
pesquisa, no aspecto físico o Karatê proporciona o desenvolvimento muscular.
Em escala inferior, mas considerável, aparece o desenvolvimento da coordenação
motora e ainda a melhora no condicionamento físico.
Outros aspectos podem ser observados com a prática do Karatê
como: agilidade, equilíbrio, conhecimento corporal, lateralidade.
23
Quadro 9: Categorias de respostas geradas a partir da questão 3 provenientes das questões aplicadas aos professores de Karatê.
ParticipantesQuestão: Quais os benefícios o Karatê pode proporcionar para a criança no aspecto mental? Explique detalhadamente.
Categorias geradas a partir das respostas dos participantes
Freqüência
P1 Com a disciplina dentro do Karatê a criança se sente com mais interesse na busca de novos movimentos, fazendo com que fique mais focada no seu aprendizado seja ele esportivo ou educativo (estudos). Começa a aprender a se concentrar, a pensar mais nos objetivos que quer alcançar.
- Auto confiança
- Concentração
- Auto-controle
- Disciplina
Auto estima
- Velocidade de raciocínio
- Determinação
- Socialização
3
2
2
2
2
1
1
1
P2 Auto-confiança, reflexos rápidos, melhor poder de decisão. Raciocínio acentuado.
P3 Auto confiança, auto controle e auto estima.
P4 De início notamos o controle da agressividade, a concentração em suas tarefas quanto na academia, sua coordenação motora e sua confiança.
P5 Aumento da auto-estima, maior entrosamento social, maior capacidade de discernimento sobre conduta e com isso conseguindo se manter afastado das drogas e condutas nocivas a sociedade.
Com relação aos benefícios que o Karate pode proporcionar a criança
no aspecto mental observa-se, na visão dos professores, um quadro bastante
diversificado, porém, algumas alterações merecem destaques.
De acordo com eles, na maior parte dos participantes, a auto-confiança
se acentua após o início da prática do Karatê. Observa-se ainda a melhora na
concentração, auto-controle, disciplina e auto-estima do praticante desta arte
marcial.
24
Quadro 10 : Categorias de respostas geradas a partir da questão 4 provenientes das questões aplicadas aos professores de Karatê.
ParticipantesQuestão: Na sua opinião, com relação a agressividade (física e psicológica), qual a influência do Karatê com relação as atitudes agressivas? Justifique.
Categorias geradas a partir das respostas dos participantes
Freqüência
P1 Aprende a pensar antes de tomar qualquer atitude. Com a prática constante dos exercícios ele sabe do potencial de seus membros, tornando-o com um maior auto controle em relação a outros indivíduos.
- Auto-controle
- Respeito ao próximo
5
2
P2 Cada indivíduo, responde de forma diferente, porém os resultados normalmente são o mesmo, espírito de respeito ao próximo e controle das atitudes agressivas.
P3 Desde que praticado em uma escola que siga o verdadeiro karate, influencia para diminuir a agressividade de um modo geral, pois devido aos benefícios físicos e mentais citados nas questões 2, 3 e 5, a agressividade começa a não ter mais sentido
P4 Muitos chegam até a pratica do Karatê com a agressividade desequilibrada, alguns com menos agressividade, sendo o memo maltratado por colegas e ficando em baixa estima pois não consegue reagir nem com palavras. Outros com a agressividade além do normal, vindo a machucar e maltratar os colegas. O que fazemos e trazer a criança para o centro dessa agressividade, o meio, o controle.
P5 Os Karatecas no treinamento são expostos a situações onde são testados, através das lutas leves e pesadas ( sombra, shiai kumite e Jiu Kumite). Aprendendo a controlar a agressividade e também o medo.
Com relação a agressividade, de acordo com todos os professores que
responderam o questionário, não é acentuada após o início da prática dessa
modalidade, pois desenvolve o auto-controle no praticante. Além disso, alguns
professores acrescentaram que o Karatê desenvolve o respeito ao próximo. Com
isso, dificilmente o praticante agride alguma pessoa.
25
Quadro 11: Categorias de respostas geradas a partir da questão 5 provenientes das questões aplicadas aos professores de Karatê.
ParticipantesQuestão: Quais os benefícios o Karatê pode proporcionar para a criança no aspecto afetivo-social? Explique detalhadamente.
Categorias geradas a partir das respostas dos participantes
Freqüência
P1 No Karatê temos o aprendizado individual e em equipe, com o aprender da tradição desta arte marcial a criança fica mais social, mais dócil, aprendendo a conviver com todas as classes sociais, através de um bom desenvolvimento disciplinar, educativo, começa a moldar seu caráter.
- Respeito ao próximo
- Disciplina
- Humildade
- Socialização
- Auto-estima
3
2
1
1
1P2 Um dos fundamentos do Karatê é
justamente, esse "O importante é manter o espírito agressivo" os orientais por ex: valorizam os idosos ou mais velhos pela experiência, aqui no Brasil por ex: uma pessoa c/ mais de 30 anos ou 40 é considerada velha p/ o mercado de trabalho.
P3 Melhorias no respeito com os demais, responsabilidade, disciplina, liderança, humildade e senso de justiça.
P4 É um tópico muito importante, pois com o controle de suas ações e gestos a criança passa a ser admirada pela sociedade, vindo conviver melhor em coletividade e o mais importante, feliz.
P5 Com o aumento da auto-estima e com o convívio social que o Karatê proporciona a criança, mesmo as mais tímidas, começam a se relacionar com mais facilidade
Quando questionado sobre o desenvolvimento afetivo-social, grande
parte dos professores participantes da pesquisa respondeu que a criança aprende
a respeitar as pessoas (amigos, familiares, professores). Além disso, na visão de
alguns professores, após o início dessa prática desportiva a criança apresenta
uma melhora na disciplina, que facilita seu relacionamento social.
26
Quadro 12: Categoria de respostas geradas a partir da questão 1 provenientes das questões aplicadas aos professores de Karatê.
ParticipantesQuestão: Quais as modificações você percebe na criança após o início da prática do Karatê? Explique detalhadamente.
Categorias geradas a partir das respostas dos participantes
Freqüência
P1 Inicialmente aprende a se comunicar com seus colegas, sociabilizar; depois aprende a se comportar, melhora a educação na escola, academia, com familiares; aprende e observa seu corpo melhorar, como: saltando, pulando, girando, esquerda, direita, etc; Insistência no aprendizado, é o querer. Aprende que ter amizade é ser sincero é ser cordial com as pessoas (pais, professores, amigos), e também desenvolve o instinto de auto defesa.Passados por esta etapa 7 a 12/13 anos, notamos que se houve o treinamento adequado, influenciamos de maneira satisfatória na formação do carater e ajudamos a formar um novo indivíduo em todos os aspectos que a sociedade espera.
- Disciplina
- Socialização
- Respeito
- Auto confiança
- Habilidades motoras
- Valores morais
- Condicionamento físico
- Concentração
- Auto controle
3
3
2
2
2
2
2
1
1
P2 A segurança nas atitudes. O poder de decisão. O relacionamento c/ o próximo. O respeito para com os amigos. E principalmente c/ os pais.
P3 O que aparece logo no começo é a melhora na disciplina e que tem hora que se pode brincar e hora que tem que fazer algo com seriedade. Depois é possível perceber melhoras no condicionamento físico e motoras, em paralelo com o aprendizado dos movimentos do karate, que inicialmente são uma tentativa de cópia dos parceiros mais graduados até gradativamente irem se soltando e aprendendo por si mesmos, apenas com as explicações do “Sensei”.
P4 Primeiramente a disciplina, depois a hierarquia, respeitando melhor seu pais, amigos. O controle psico motor, distinguindo melhor suas ações, trabalhando melhor seus hemisférios. Sua concentração e auto confiança.Seu desenvolvimento passa a ser mais notório.
P5 Aumento da disposição física, melhora no desempenho escolar com o aumento da concentração, diminuição da agressividade, consciência do seu papel na sociedade, se torna mais solidário e cooperativo.
27
De acordo com os professores participantes da pesquisa, após o início
da prática do Karatê, consegue-se observar diversas alterações físicas,
psicológicas e sociais na criança. Algumas dessas alterações merecem
destaques.
De acordo com a maioria dos professores as crianças apresentam uma
melhora disciplinar e se socializam melhor. Numa freqüência menor, porém de
bastante relevância, aparecem outras alterações. Respeito ao próximo, auto-
confiança e desenvolvimentos das habilidades motoras são percebidos na criança
após o início da pratica desse esporte.
28
7. Discussão
A pesquisa de campo levantou dados bastante interessantes. Talvez
seja a primeira pesquisa de campo feito com o enfoque do Karatê sobre o
desenvolvimento infantil.
Foi realizada a discussão da seguinte maneira: apresentou-se as
respostas dos pais de alunos e dos professores de Karatê referentes às mesmas
questões. Em seguida foram apresentadas opiniões de alguns autores a respeito
do tema, para finalmente elaborar a conclusão.
Conforme foi demonstrado anteriormente, a maior parte dos pais de
alunos afirmou que levam seus filhos a praticar Karatê devido ao interesse da
criança e também pela prática de uma atividade física e desportiva. De acordo
com os dos professores, os pais levam as crianças até uma academia ou clube de
Karatê, pois existe o interesse pela atividade física e desportiva. Afirmam ainda
que buscam também o desenvolvimento psicológico da criança. Esse interesse,
também foi mencionado pelos pais, porém numa quantidade pequena de
respostas.
Como vimos no capítulo 3, as crianças na faixa etária de 7 a 12 anos
de idade encontram-se bastante propícia à prática de atividades físicas e
desportivas por vários fatores. Dentre esses fatores destacam-se dois: a criança
encontra-se numa fase mais sociável (lidam bem com grupos de amigos), além da
fase do desenvolvimento motor, que favorece a prática de esporte. De fato, Nallin
(2005) afirma que dentre os esportes de luta, para esta faixa etária estudada,
Judô, Capoeira, Karatê são os esportes mais praticados.
Neste sentido, é muito importante incentivar a prática de esporte
para crianças, pois de acordo com Gallahue (2001) o ambiente das crianças está
demasiadamente passivo e sedentário. Portanto, incentivar a prática de atividade
física é melhorar a qualidade de vida das crianças.
A criança encontra-se em constante desenvolvimento bio-psico-
social. Ao questionar o que o Karatê pode proporcionar no desenvolvimento físico
da criança, grande parte dos pais e professores acredita que a modalidade auxilia
29
no desenvolvimento da coordenação motora e do desenvolvimento muscular.
Nota-se em algumas respostas, outras capacidades físicas e habilidades motoras
que essa modalidade desenvolve, porém as mais enfatizadas, tanto por pais
quanto pelos professores, foram a coordenação e o desenvolvimento muscular
(Força).
Como citado anteriormente, o ser humano não se desenvolve
apenas em uma das esferas, mas sim de maneira global. Com relação ao
desenvolvimento Mental (psicológico) mais uma vez as respostas dos pais foram
semelhantes às respostas dos professores. De acordo com os pais, o Karatê
pode auxiliar na melhoria da disciplina, auto-controle, concentração, além da
criança aprender a lidar com vitórias e derrotas. Na visão dos professores, o
Karatê proporciona desenvolvimento da auto-confiança, concentração, auto-
controle, disciplina e auto-estima. De fato, a auto-confiança nessa etapa da vida
da criança é de grande importância. Nesta fase, ela busca por todos os meios
evitar o sentimento de inferioridade e incompetência (COLL, PALÁCIOS,
MARCHESI, 1995). Portanto, desenvolver a auto-estima é trabalhar contra esses
sentimentos negativos, evitando posteriormente problemas psicológicos.
Outro ponto bastante importante é a relação da agressividade e as
artes marciais. Para os pais, participantes da pesquisa, o Karatê minimiza
interesse por disputas físicas, trabalha o respeito ao próximo e desenvolve o auto-
controle. De acordo com os professores, a prática de artes marciais auxilia a
reprimir o espírito agressivo, além de ensinar os alunos a respeitar o próximo. De
acordo com Cruz (1994) um dos lemas do Karateca é exatamente esse, “reprimir
o espírito agressivo”.
Destaca-se ainda que o Karatê como outros esportes, tem grande
papel no desenvolvimento afetivo-social da criança. Isso pode se dar por diversos
motivos. De acordo com os pais de alunos, o Karatê auxilia no desenvolvimento
afetivo-social, pois trabalha o respeito ao próximo além de ser um ambiente
propício a aumentar o círculo de amizades. Para os professores, o
desenvolvimento do respeito ao próximo e da disciplina é de grande importância
para o convívio social. Segundo Freire (1993) citado por Moreira (2002), a criança
30
que pratica esporte tem que aprender com ele valores humanos fundamentais à
sua existência, tornando-se mais hábil, inteligente, mais afetivo e sociável.
Por fim, ao analisar as alterações apresentadas na criança pela visão
de pais e professores, observa-se que as alterações mais comuns apresentadas
pelas crianças foram: habilidades motoras em geral, concentração, disciplina,
respeito e auto-confiança.
Contudo, pode-se concluir que grande parte dos benefícios decorrentes
da prática do Karatê já são propícios a desenvolver-se em crianças da faixa etária
estudada (7 a 12 anos). Porém, o ambiente oferecido nas aulas de artes marciais,
pode servir de agente facilitador do desenvolvimento e de auxílio na educação.
Sabe-se que atualmente os pais não têm tanto contato com seus filhos devido à
necessidade de trabalhar fora para sustentar a família, proporcionando boa
educação, lazer, e outros.
31
8. Considerações Finais
Na população investigada, a prática de Karatê proporcionou diversos
benefícios ao praticante. Na visão dos pais de alunos, destacam-se os seguintes
benefícios decorrentes da prática dessa modalidade: i) desenvolvimento físico:
coordenação motora e desenvolvimento muscular; ii)desenvolvimento psicológico:
auto controle, disciplina e concentração; iii)afetivo-social: respeito ao próximo e
trabalho em equipe. Ressalta-se ainda que após o início da prática do Karatê
foram observadas as seguintes modificações: melhora na disciplina,
concentração, coordenação motora e respeito ao próximo. Já na visão dos
professores de Karatê, os benefícios decorrentes da prática são:
i)desenvolvimento físico: desenvolvimento muscular e coordenação motora;
ii)desenvolvimento psicológico: auto-confiança, concentração e auto-controle;
iii)desenvolvimento afetivo-social: auto controle e respeito ao próximo. Destacam-
se ainda as seguintes modificações após o início da prática de Karatê: disciplina,
desenvolvimento motor, respeito ao próximo e socialização.
De acordo com as características e particularidades do
desenvolvimento das crianças de 7 a 12 anos de idade e os benefícios que o
Karatê pode proporcionar aos praticantes participantes desta investigação nos
aspectos físicos, psicológicos e afetivo-sociais, conclui-se que essa modalidade é
apropriada para as crianças, desde que respeitada a fase de desenvolvimento em
que ela se encontra.
Ressalta-se ainda que para tanto, professores de Karatê devem ser
bastante cuidadosos com o crescimento e o desenvolvimento infantil, para que as
atividades organizadas nas academias e clubes possam ser benéficas e
correspondentes às necessidades do público alvo.
Uma das limitações desse trabalho foi a aplicação do questionário aos
pais de alunos de apenas uma academia e a professores da cidade de Campinas.
Para futuros trabalhos, seria interessante estender a pesquisa a outras academias
e a um número maior de professores.
32
Destaca-se ainda a grande dificuldade para a realização desse
trabalho, pois são bastante escassos trabalhos relacionados ao tema pesquisado.
Um dos grandes motivos é a não exigência de formação acadêmica em Educação
Física para ministrar aulas de Karatê. Com isso, aumenta o risco da prática
inadequada dessa atividade devido à falta de conhecimentos referente ao
desenvolvimento infantil, pois não é conteúdo necessário para se tornar faixa
preta de Karatê.
Concluo esse trabalho na certeza de que muito pode ser feito para o
Karatê e o desenvolvimento através dele.
33
REFERÊNCIAS
BEE, Helen, A criança em desenvolvimento. 1. Ed. São Paulo: Harper 7 Row do Brasil, 1977.
BEE, Helen, A Criança em Desenvolvimento. 7. Ed. Artmed, Porto Alegre, 1996.
BARTHOLO, Raquel S, O Construtivismo e Piaget na Educação Física. Monografia ( trabalho de conclusão de Curso), Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1995.
BONACELLI, Maria C L M, O Papel do Jogo na Criança: A Evolução dos Processos Sociais. Monografia (Curso de Especialização em Educação Física Escolar), Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, 1990.
CAMPANA, André, A Importância da Atividade Lúdica no Desenvolvimento Motor da Criança de 7 a 10 Anos. Monografia (trabalho de conclusão de curso), Faculdade de Educação Física, Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas, 2001.
COLL, César, PALÁCIOS, Jesus, MARCHESI, Alvaro, Desenvolvimento Psicológico e Educação. Psicologia Evolutiva. 1 Ed. Artmed, Porto Alegre, 1995.
CRUZ, Valmir Z, Shotokan: O Karatê de Gichin Funakoshi. Monografia, Faculdade de Educação Física de Santo André, Santo André, 1994.
DORNELAS, Durval J, Treinamento de Karatê para Crianças de 5 a 7 anos de idade. Monografia (trabalho de conclusão de curso), Faculdade de Educação Física, Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas, SP: 2004.
ECKERT, Helen M, Desenvolvimento Motor. 1. Ed. Editora Manoele, São Paulo, 1993.
FONTÃO, Fábio A.J, Iniciação Esportiva: A especialização esportiva e os talentos infantis. Monografia ( Barcharel em Educação Física) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1995.
FREIRE, João B, ALCIDES, José S, Educação como Prática Corporal 1. Ed. Scipione, São Paulo, 2004.
FUNAKOSHI, Gichin, O Meu Modo de Vida. 4. Ed. Cultrix, São Paulo: 2004.
34
GALLAHUE, D.L. & Ozmum, Compreendendo o Desenvolvimento Motor: Bebês, Crianças, Adolescentes e adultos. 1. Ed. Phorte, São Paulo: 2001.
MOREIRA, Sandro M, Pedagogia do Esporte e o Karatê-dô: considerações acerca da iniciação e da especialização precoce, Campinas, SP: 2003.
NAKAYAMA, Masatoshi, Karatê Dinâmico. 1. Ed. Cultrix, São Paulo: 2004.
RODRIGUES, Silvio R, Filosofia do Karatê, Barretos, SP: 2005, disponibilizado: http://www.karatebarretos.com.br acessado em 2/12/2005.
SASAKI, Yasuyuki, Clínica de Esportes: Karatê, 2.Ed.Cepeusp,São Paulo
TANI, Go, Educação Física Escolar. 1.Ed. Edusp, São Paulo:1988
VINHA, Telma P, O Processo de resolução dos conflitos interpessoais na escola autocrática e democrática. Disponibilizado em: <http:// www.unicamp.br/lpg/arquivos/artigo_sobre_conflitos_iane.doc> acessado em 21/11/2005.
História do karatê. Disponibilizado em: <http://www.karatedobrasil.org.br/história> acessado em 18/06/2006.
História do karatê. Disponibilizado em: <http://www.fpk.com.br/história> acessado em 18/06/2006.
66
Campinas, Março de 2006.
Caro (a) Senhor (a) Diretor (a)/ Coordenador (a) Pedagógico (a)
Eu Profa. Ms Ana Claudia Santurbano Felipe Franco, encaminho esse
documento que tem a função de apresentar o acadêmico Fábio Porto Aranha, RA
03297876, aluno regularmente matriculado na 4ª série do curso de Licenciatura
em Educação Física, 7º. Período, que está desenvolvendo a pesquisa de
conclusão de curso na área do desenvolvimento humano.
O aluno em questão pretende desenvolver a sua pesquisa de campo na
Instituição dirigida/coordenada por V.Sa. e os dados coletados serão analisados
em sua monografia de conclusão de curso, mantendo-se o anonimato dos
respondentes, bem como da Instituição.
A pesquisa consiste em, após o estudo teórico do Karatê e do
desenvolvimento infantil, identificar se: o Karatê contribui no desenvolvimento
integral da criança; busca-se conhecer as modificações ocorridas na criança
decorrentes da prática do Karatê, na visão dos pais de alunos e professores de
Karatê; Busca-se levantar os benefícios que a pratica dessa modalidade pode
proporcionar a criança. Para tanto, Será elaborado e aplicado questionário
específico para os pais e outro para os professores, contendo cada um 6
perguntas abertas com o intuito de investigar se o Karate contribui no
desenvolvimento da criança. Após essa investigação e avaliação será identificado
se essa modalidade contribui no desenvolvimento da criança, as modificações
decorrentes da prática dessa modalidade e os benefícios que o Karatê
proporciona ao seu praticante.
Esclareço que esse estudo será do tipo qualitativo, através da aplicação de
questionários específicos para pais de alunos e outro para professores, não
sendo em hipótese alguma identificada a instituição, assim como preservado o
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA
67
total e absoluto sigilo de todos os participantes que deverão assinar um termo de
Consentimento Livre e Esclarecido sobre os objetivos da pesquisa.
Dessa forma venho solicitar a autorização expressa por escrito de V.S.
para que o aluno pesquisador dê continuidade aos passos para a concretização
de seu estudo. Coloco-me à disposição para contato e esclarecimentos através
do e-mail [email protected] ou ainda pelos telefones: 3251-6034
(resid.), 3756-7141/7142 (FAEFI – Campus I).
Na certeza do aceite da avaliação de nossa proposta, agradeço
antecipadamente a acolhida de minha bolsista. Atenciosamente
__________________________________
________
Profa. Ms Ana Claudia Santurbano Felipe Franco
69
T E R M O D E C O N S E N T I M E N T O L I V R E E E S C L A R E C I D O
P A R A A P A R T I C I P A Ç Ã O E M P E S Q U I S A
Estou desenvolvendo a pesquisa, que tem por título “Karatê e o desenvolvimento da criança de 7 a 12
anos”, sob a orientação da Professora Ms.Ana Claudia Filipe Franco, do curso de Educação Física, da PUC-
Campinas. O objetivo da pesquisa é identificar se o Karatê contribui no desenvolvimento integral da criança,
conhecer as modificações ocorridas na criança decorrente da prática do Karatê e levantar os benefícios que a
prática dessa modalidade pode proporcionar à criança). Este estudo é relevante, pois permitirá a obtenção de
dados sistematizados sobre o assunto e será realizado a partir de uma pesquisa bibliográfica e na seqüência
será realizada uma pesquisa de campo, na qual pais de alunos e professores de Karatê serão submetidos a
questionários específicos contendo perguntas abertas e a partir dos resultados obtidos serão construídos
quadros, tabelas e figuras.
Os benefícios deste trabalho serão: o conhecimento da contribuição do Karatê para o
desenvolvimento da criança, as modificações ocorridas na criança após o início da pratica do Karatê, e os
benefícios que esta arte marcial proporciona para a criança.
Garanto-lhe que os seus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos na pesquisa
serão utilizados para alcançar o objetivo do trabalho, exposto acima, inclui sua possível publicação na
literatura científica especializada. Se desejar, a sua participação na pesquisa poderá ser interrompida a
qualquer momento e o telefone de contato do Comitê de Ética em Pesquisa é: 3729.6808, o da Professora Ms.
Ana Claudia Filipe Franco é: 3251.XXXX e o do pesquisador é: 3213.XXXX.
Caso concorde em dar seu consentimento livre e esclarecido para participar, como voluntário, da pesquisa
supracitada,assine o seu nome abaixo e responda ao instrumento apresentado a seguir:
Campinas.... de.............................de 2006
Autor: Nome: Fábio Porto Aranha
Assinatura__________________________
Eu,...........................,estou devidamente esclarecido(a) e dou consentimento para que as informações por mim
prestadas sejam usadas nessa pesquisa.
Assinatura_______________________________________
Data: __________________________________________
70
ANEXO 4: QUESTIONÁRIO AOS PAIS
Eu, Fábio Porto Aranha, aluno do 4º. Ano de Educação Física da
Pontifícia Universidade Católica de Campinas, estou desenvolvendo a monografia
cujo tema é “O Karatê e o Desenvolvimento da criança de 7 a 12 anos de idade”.
A presente pesquisa tem como objetivos: identificar se o Karatê contribui no
desenvolvimento integral da criança. Por outro lado, busca-se conhecer as
modificações ocorridas na criança decorrente da prática do Karatê, na visão dos
pais dos praticantes e professores de Karatê. Além disso, busca-se levantar os
benefícios que a prática dessa modalidade pode proporcionar à criança. Por isso,
conta-se com sua participação que é de suma importância para o
desenvolvimento da mesma. Obrigado pela colaboração.
1. Quais os motivos que levaram a prática de Karatê de seu filho? Explique
detalhadamente.
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
71
2. Na sua opinião, quais as contribuições o Karatê pode oferecer no
desenvolvimento físico de seu filho? Explique detalhadamente.
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
3. Na sua opinião, quais as contribuições o Karatê pode oferecer no
desenvolvimento mental e psicológico de seu filho? Explique
detalhadamente.
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
4. Na sua opinião, com relação a agressividade (física e psicológica), qual a
influência do Karatê com relação as atitudes agressivas? Justifique.
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
72
5. Na sua opinião, quais as contribuições o Karatê pode oferecer no
desenvolvimento afetivo-social de seu filho? Explique detalhadamente.
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
6. Você notou alguma alteração em seu filho após o início da prática do
Karatê, nas dimensões físicas, mental, afetivo-social? Explique
detalhadamente.
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
73
ANEXO 5: QUESTIONÁRIO AOS PROFESSORES DE KARATÊ
Eu, Fábio Porto Aranha, aluno do 4º. Ano de Educação Física da
Pontifícia Universidade Católica de Campinas, estou desenvolvendo a monografia
cujo tema é “O Karatê e o Desenvolvimento da criança de 7 a 12 anos de idade”.
A presente pesquisa tem como objetivos: identificar se o Karatê contribui no
desenvolvimento integral da criança. Por outro lado, busca-se conhecer as
modificações ocorridas na criança decorrente da prática do Karatê, na visão dos
pais dos praticantes e professores de Karatê. Além disso, busca-se levantar os
benefícios que a prática dessa modalidade pode proporcionar à criança. Por isso,
conta-se com sua participação que é de suma importância para o
desenvolvimento da mesma. Obrigado pela colaboração.
1. Na sua opinião, quais os motivos levam os pais a colocarem seus filhos no
Karatê ? Explique detalhadamente.
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
2. Quais os benefícios o Karatê pode proporcionar para a criança no aspecto
físico? Explique detalhadamente.
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
74
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
3. Quais os benefícios o Karatê pode proporcionar para a criança no aspecto
mental? Explique detalhadamente.
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
4. Na sua opinião, com relação a agressividade (física e psicológica), qual a
influência do Karatê com relação as atitudes agressivas? Justifique.
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
75
5. Quais os benefícios o Karatê pode proporcionar para a criança no aspecto
afetivo-social? Explique detalhadamente.
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
6. Quais as modificações você percebe na criança após o início da prática do
Karate? Explique detalhadamente.
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________