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o município de Bento Gonçalves encontra-se em meio a vales e montanhas, na
Serra Gaúcha, a 125 km de Porto Alegre (capital do Estado do RS). Localiza-se a uma
latitude 29°10'17" Sul e a uma longitude 51°31'09" Oeste, estando a uma altitude de 691
metros. A cidade é reconhecida como a capital brasileira do vinho ~ o segundo maior
pólo moveleiro do país. Está em 1° lugar no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
no Estado do Rio Grande do Sul e em 6° lugar no Brasil, de acordo com a Organização
das Nações Unidas (ONU). Possui uma área de 381,55 km2.
Índice de Desenvolvimento Sócio-econômico (Idese) para Bento Gonçalves -2002
O Idese varia de zero a um e permite que se classifique o Estado, os municípios
ou regiões em três níveis de desenvolvimento: baixo (índices até 0,499), médio (entre
0,500 e 0,799) ou alto (maiores ou iguais que 0,800). Na tabela 2 são apresentados os
índices de desenvolvimento sócio-econômico para o município de Bento Gonçalves, na
qual podemos verificar como o município apresenta-se entre as melhores colocações
dentro do ranking dos 496 municípios do RS, em termos de educação, renda, saúde,
.
saneamento e domicílio, sendo um indicativo da alta qualidade de vida na região
Serrana do estado.
Tabela2: Índice de desenvolvimento sócio-economico (idese) para o município de BentoGonçalves.
EducaçãoSaneamento
DomicíliosSaúde IDESE
(fonte: FEE, 2002)
15
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,...........-
~~,~~,~.~~
~III
População e situação de domicílio
A população total do município de Bento Gonçalves é de 97.762 habitantes, dos
quais cerca de 90% reside no meio urbano e apenas 10% reside no meio rural, conforme
apresentado na tabela 3.
Tabela3: Estimativa da população e situação de domicílio para o município de BentoGonçalves.
Total Urbana
89.170
(fonte: FEE, 2005)
Produto Interno Bruto (PIB)
A região da Serra Gaúcha caracteriza-se pela produção de móveis, malhas,
equipamentos de cozinha, uvas e vinhos, maçãs, ônibus e caminhões, bem como
serviços, principalmente o turismo. Abrange cerca de 15% da população e 25% do PIB
total do RS. Dentre as suas cidades mais representativas e conhecidas, citam-se: Caxias
. do Sul, Bento Gonçalves, Farroupilha, Flores da Cunha, Gramado e Canela.
Na tabela 4 é apresentado o valor do PIB para o município de Bento Gonçalves,
bem como a contribuição das atividades agropecuária, indústria e serviços para a
economia do município.
A maior contribuição para a economia do município vem da atividade industrial,
o que pode ser relacionado ou justificar a maior parte da população residir no meio
urbano, onde as oportunidades de emprego e renda são maiores que no campo.
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~-- -
Agropecuária (R$ mil) 128.650
Indústria (R$ mil) 869.547
Serviços (R$ mil) 495.912
Administração Pública (R$ mil) 127.275
Valor Bruto Total (R$ mil) 1.494.109
PIB (R$ mil) 1.676.458
PIB per capita (R$) 17.022
,.......--
Tabela 4: Valor do PIB total, agropecuária, indústria e serviços para o município de
Bento Gonçalves.
(Fonte: FEE).
2.5. Características e importância do Agronegócio regional
Na região serrana do Rio Grande do Sul, predominam pequenas propriedades
(minifúndios) com culturas diversificadas e estrutura familiar de produção agrícola
sendo, na sua grande maioria, descendentes de imigrantes italianos.
A matriz produtiva da região tem como base, nas áreas de colônia e na região
das Hortênsias, a fruticultura, olericultura, bovino cultura de leite e avicultura. No
Planalto das Araucárias, o destaque é a bovino cultura de corte, ovino cultura,
reflorestamento e fruticultura. Na região mais próxima do Planalto, a matriz produtiva
.-
gira em tomo da suinocultura, avicultura, bovino cultura leiteira, e milho. O valor da
produção agrícola pode ser visto na tabela 5.
A uva é a cultura de maior destaque na região, com o cultivo de aproximadamente
30 mil hectares de videiras, além do pêssego, com cerca de 3.200 ha, e o caqui, com
1.150 ha. A maçã (12.587 ha) e o alho também têm importância para a matriz produtiva
da Serra, pois os dois municípios com maior produção se encontram na região de
Vacaria e São Marcos, respectivamente. Outros grandes destaques na região são as
agroindústrias familiares, que agregam valor aos produtos, gerando emprego e renda
para mais de 270 famílias rurais envolvidas.
A região da Serra Gaúcha conta com a atuação de 210 extensionistas rurais,
incluindo Engenheiros Agrônomos, Veterinários, Zootecnistas, Engenheiros Florestais,
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~~--- -
IValor da produção (mil reais)
I Mesorregiões,I
IVegetal Animali Microrregiões e
I II Municípios Total
Total Lavouras TotalDe grande
porte
Totais16
169 907 3 854 115 3 585 874 2315 792 1 104 976
Nordeste Rio-
I
Grandense 809 374 393 040 321 853 416 334 104 309
BentoIGonçalves 25 639 I 19 242 18 123 6397 1832
I
II!
~
Técnicos Agrícolas e Agropecuários, e extensionistas de bem-estar social, além de
profissionais de apoio administrativo (tab. 6).
Do total de 145.472 agricultores familiares, 48.510 são assistidos pela extensão
rural, sendo 22.796 homens, 17.714 mulheres e 8.000 jovens. O maior número de
grupos formados é de mulheres (493), envolvendo 11.662 integrantes. Também se
destacam os grupos de produtores (323), que reúnem 8.340 agricultores, e os de jovens
(24), dos quais participam 580 jovens rurais.
A Região da Serra Gaúcha, juntamente com a Campanha e Serra do Sudeste,
constituem as 3 regiões vitivinícolas do Rio Grande do Sul, responsáveis pela maior
produção de uva e vinho do Brasil. A Encosta Superior da Serra do Nordeste é
responsável por mais de 70% da produção nacional de uvas e em tomo de 85% da
produção de vinhos (Kuhn et aI. 1986).
Na região tradicional da Serra Gaúcha, cujo cultivo de uvas data do final do
século XIX, a principal área de cultivo de uvas para elaboração de vinhos finos está
localizada sobretudo na margem esquerda do Rio das Antas, em Bento Gonçalves,
Monte Belo do Sul, Garibaldi, Farroupilha, Caxias do Sul e municípios vizinhos. A
atividade envolve milhares de produtores.
Tabela 5: Valor da produção animal e vegetal do RS, da região Encosta Superior doNordeste e do município de Bento Gonçalves.
IJ
Fonte: IBGE, 1995-1996
18
~--- -
Estabelecimentos com declaração de uso de
Mesorregiões,
I
ControleMicro rreg iões
Adubos e I
dee Assistência Conservação Energia
Municípios técnica corretivospragas
do soloIrrigação
elétricae
doenças
I
309
.Totais 205 504 351 5841404001 192 601 26814 855
I .Nordeste Rlo-
Grandense 21417 34 694 39 693 8941 3784 31 481I
""'-'--
~
Tabela 6: Estabelecimentos com infonnação de uso de assistência técnica, irrigação,adubos e corretivos, controle de pragas e doenças, conservação do solo, energia elétrica.
! Bento II
GonçalvesI
Fonte: IBGE, 2005.
12~I
15321 15941 169\ 81
I
1330
I
3. Descrição da Instituição de Realização do estágio -
Cooperativa Vinícola Aurora Ltda.
Histórico
IJ
A Cooperativa Vinícola Aurora Ltda. foi fundada no dia 14 de Fevereiro de
1931, a partir da reunião de dezesseis famílias de produtores de uva do município de
Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha. Apenas um ano mais tarde, a cooperativa já
contabilizava a produção coletiva de 317 mil quilos de uva.
Atualmente possui o título de maior cooperativa vinícola do Brasil, com mais de
1.200 famílias associadas, responsáveis pela produção média de 46 milhões de quilos de
uvas, que resultam em aproximadamente 35 milhões de litros de vinhos anuais. Conta
com capacidade de estocagem superior a 70.000.000 de litros de vinho e a área
construí da de 110.000m2.
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Seu parque industrial está em constante modernização, utilizando alta tecnologia
nas unidades de produção e adotando rigorosos padrões no controle de qualidade da
produção de vinhos.
Toda a produção dos agricultores é feita sob orientação direta dos técnicos que,
diariamente, estão em contato com o produtor, fornecendo toda a assistência técnica
necessária. A equipe técnica do setor agrícola conta com trabalho do EngOAgrônomo
Valdemir Bellé, do EngOAgrônomo João Rigo e dos técnicos Pavan e Márcio.
Uma eqUIpe de técnicos enólogos também se responsabiliza pelo
acompanhamento permanente de todo processo industrial e pela qualidade final dos
produtos.
A Cooperativa Vinícola Aurora já recebeu diversas premiações internacionais,
todas com a chancela da OIV - Organização Internacional do Vinho, devido à qualidade
diferenciada de seus produtos. Além disso, possui uma forte marca no mercado e uma
grande variedade de produtos, como suco, vinhos e espumantes.
Localização
A Cooperativa Vinícola Aurora está localizada no município de Bento
Gonçalves - RS - Brasil. Apresenta 3 unidades de recebimento de uvas e vinificação,
sendo que a principal delas, a Matriz, localiza-se na Rua Olavo Bilac, 500, no Bairro
Cidade Alta.
.,
A empresa também mantém dois Centros Tecnológicos de Viticultura - um
localizado em Pinto Bandeira, no qual são realizados experimentos, pesquisas e eventos
relacionados à viticultura e outro no município de Bom Princípio, no qual é realizada a
propagação de mudas de videira.
Tecnologia
A preocupação com o desenvolvimento de uma tecnologia brasileira da uva e do
vinho é antiga. A Cooperativa Vinícola Aurora não tem economizado em investimentos
capazes de melhorar a qualidade de sua produção. Há muitos anos ela criou um
Departamento Agrícola onde passou a fornecer mudas a seus associados, a tal ponto que
hoje, quando um produtor manifestar o interesse em implantar um novo varietal, são os
técnicos da Aurora, em última análise, que opinarão sobre a variedade de vinha mais
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adequado para o local. Através da análise do solo, do levantamento da predominância
dos ventos, do cálculo da média de insolação, do microclima da região, é que se decidirá
qual a variedade mais adequada e capaz de obter a melhor produtividade e qualidade.
Os insumos necessários para o cultivo são adquiridos pela Cooperativa e
repassados ao agricultor. Mudas de diferentes castas e procedências são importadas e,
nas estufas dos Centros Tecnológicos, reproduzidas e multiplicadas para serem
entregues aos viticultores, para implantação de novos vinhedos ou para substituição dos
antigos.
É nos laboratórios destes centros que a empresa utiliza recursos sofisticados,
visando adaptar e desenvolver variedades isentas de viroses ou enfermidades, antes de
distribuí-Ias aos viticultores da região. Com a tecnologia de vinificação explorada ao
máximo, de acordo com os padrões mais sofisticados do universo vitivinícola mundial,
a Aurora investe pesado no aprimoramento da matéria-prima.
Produtos elaborados pela Aurora:
Varietais Aurora
Linha Espumantes Aurora
Prestige
Sangue de Boi
Reserva Aurora
..
Espumantes Marcus James
Marcus James
Frei Damião
Mosteiro
Conde de Foucauld
Espumantes Conde de Foucauld
Keep Cooler Classic
Keep Cooler Black, Suco de Uva Aurora Natural
CIos des Nobles
Saint Germain
Grappas
Linha Licoroso
Country Wine
Katzenberg
Casa De Bento
Suco Casa De Bento
Katz Wein
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~
4. O cultivo da videira (estado da arte)
A videira é uma planta pertencente à família Vitaceae, cujas principais
cultivares comerciais estão no gênero Vitis, em especial nas espécies V. vinifera e V.
labrusca. As espécies V. rupestris, V. berlandieri e V. rotundifo lia, entre outras, têm
sido utilizadas em cruzamentos para a obtenção de porta-enxertos.
A videira adaptou-se e foi difundida por diversas regiões do País. Atualmente as
áreas cultivadas com uva concentram-se nas regiões Sul e Sudeste, onde Rio Grande do
Sul, São Paulo, Santa Catarina e Paraná são os principais Estados produtores. Outro
importante pólo vitícola está no vale do Rio São Francisco, onde produz-se uvas finas
de mesa (www.mipfrutas.ufv.br).
Espécies e cultivares
Videiras européias (Vitis vinifera) - cultivares de melhor qualidade para vinhos. São
plantas exigentes quanto às condições climáticas, preferindo clima seco, com baixa
Figura 11: Sintoma de podridão da uva madura no cacho.
... Figura 12: Escurecimento interno típico da fusariose.
Todas essas doenças devem ser controladas preventivamente, para evitar perdas
na produção e assegurar o adequado desenvolvimento vegetativo para o ciclo
subseqüente.
Porém, é importante que se faça a utilização de diferentes métodos de controle
das doenças, com a finalidade de obter otimização na redução da incidência e
severidade das mesmas, alcançando boa produtividade com menor impacto ao meio
ambiente.
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.
.
.
.
...
---
Prevenção:
. evitar áreas recém desmatadas, propícias a podridões readiculares
escolher áreas bem drenadas, com pouca declividade.. evitar terrenos expostos a ventos frios (implantar quebra-vento)
exposição do vinhedo que proporcione boa insolação. (ex: exposição.
.norte)
utilizar mudas sadias
. desinfestação de ferramentas e implementos
Eliminação de plantas ou partes vegetais doentes.. Eliminação dos restos de poda
Rotação de cultura.
Na implantação e condução do vinhedo recomenda-se:
Proteção:
. Usar sistemas de sustentação altos (1 m do solo no mínimo)
Realizar poda verde.Realizar a limpeza e desbaste dos cachos para uvas demesa
Evitar o excesso de nitrogênio na adubação
Utilizar quebra-ventos
Evitar ferimentos nas raízes, os quais facilitam a entrada de fungos
Utilização de variedades resistentes, imunes ou tólerantes (Normalmente, as
cultivares americanas e híbridas são mais tolerantes aos principais patógenos.
Com relação ao Fusarium oxysporum, os porta-enxertos Paulsen 1103 e Richter
99, apresentam certa resistência.)
Devido à alta severidade das doenças, o método de controle mais utilizado na
cultura da videira é o de proteção, ou seja, prevenção do contato direto do patógeno com
a planta hospedeira, evitando sua penetração.
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~
.
II.
~
A eficiência da proteção depende das características do produto (fungicida) e da
estratégia de aplicação. O produto, o método, a época e o número de aplicações são
aspectos que devem ser considerados.
Do ponto de vista prático no controle Fitossanitário, devem ser consideradas: a
ordem cronológica de ocorrência das doenças; a eficácia e o preço dos produtos
disponíveis; a preservação ecológica e, principalmente a saúde do produtor e do
consumidor utilizando-se produtos menos tóxicos e observando o período de carência
dos defensivos empregados (EMA TER/RS, 2003).
Nas condições ambientais do Rio Grande do Sul, as pulverizações devem ser
iniciadas logo após a brotação.
Durante o mês de outubro até meados de novembro (pré-floração à fecundação),
recomenda-se a utilização de produtos mais eficazes com ação sistêmica ou de
profundidade.
Após a fecundação, do grão de chumbinho até a colheita, o uso de produtos
cúpricos, em pulverizações espaçadas de 15 a 20 dias, pode ser suficientes para manter a
sanidade do parreiral se a precipitação não for muito elevada e freqüente.
No caso da safra 2006, devido à maior ocorrência de chuvas e dias nublados
consecutivos, os produtores eram obrigados a fazer aplicação mais fTeqüente dos
fungicidas. Mesmo assim, a produção foi prejudicada devido a alta incidência e
severidade das podridões da uva. Os produtores anteciparam a colheita, mesmo a uva
não estando no ponto ideal, para minimizar as perdas devido às doenças.
Os tratamentos pós-colheita são importantes para manter a folhagem ativa, até o
período de senescência normal. Com isso, a planta acurÍmla reservas necessárias a.,
brotação e frutificação para o ciclo subseqüente. Na Serra Gaúcha é comum a aplicação
de calda bordalesa neste período.
O tratamento de inverno é pouco utilizado pelos viticultores do RS, mas é uma
prática recomendada para redução de inóculo das doenças, além de reduzir a população
de pragas, principalmente cochonilhas da parte aérea. Pode-se aplicar calda sulfocálcica
na concentração de 4°Bé. Pode causar ação corrosiva sobre os arames do parreiral.
O fungicida mais utilizado pelos produtores da Serra Gaúcha é a calda bordalesa
para o controle do míldio, acarretando em altas concentrações de cobre no solo. Essas
altas concentrações de cobre interferem no desenvolvimento radicular e absorção de
nutrientes.
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~
~
I
o número de aplicações é muito variável, de acordo com as condições
climáticas. De um forma geral pode ser aplicada a cada 15-20 dias ou reaplicar após
ocorrer precipitação de 20 a 25 mm. O cobre pode causar fitotoxicidade em clima frio e
úmido, principalmente nas brotações novas e durante a floração, afetando a polinização
(fecundação).
Controle de insetos praga
As recomendações de controle de insetos praga, durante o estágio, foram
acompanhadas pelo estagiário de acordo com as diferentes situações no campo. Alguns
produtores buscavam assistência técnica no escritório da Cooperativa, levando partes de
planta (ramos, folhas e cachos) para serem diagnosticados pelos técnicos do setor
agrícola. Alguns insetos mais importantes e seu controle serão abordados abaixo.
Nos últimos anos, muitos produtores têm encontrado dificuldade na implantação
de novos parreirais devido a presença de insetos como a pérola-da-terra (Eurhizococcus
brasiliensis) e a filoxera (Daktulosphaira vitifoliae), que são pragas de difícil controle e
responsáveis pelo declínio e morte das plantas. Além destes insetos, em parreirais
adultos, a presença de cochonilhas da parte aérea, ácaros, cigarrinhas e insetos que
atacam as bagas no período de pré-colheita como lagartas, gorgulho, vespas e abelhas,
devem merecer atenção dos produtores.
Embora os diversos métodos de controle sejam recomendados, o mais utilizado
pelos produtores é a utilização de porta-enxerto resistentes e a aplicação de produtos
IJquímicos.
Pérola-da- Terra (Eurhizococcus brasiliensis)
. Utilizar mudas de boa procedência e livres de viroses
Utilizar porta-enxerto resistente como 39-16 e o 43-43.. Controlar as plantas hospedeiras do inseto presentes na área (ex: língua-
de-vaca)
. Realizar adubação do parreiral
Evitar a utilização de equipamentos como a enxada rotativa, evitando a.dispersão do inseto
Preservar a sanidade das folhas da videira, após a colheita das uvas.
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~ r
Os inseticidas devem ser aplicados no solo, podendo ser dividida em duas
aplicações, uma em novembro, quando inicia o ataque das ninfas, e outra em janeiro. O
thiamethoxam, na formulação granulada, deve ser aplicado sobre o solo, incorporando o
produto em seguida. O imidacloprid deve ser diluído em água e regado no solo, na
região do sistema radicular, aplicando de 2 a 4 litros de calda por pé. O tratamento deve
ser realizado por mais de uma safra, pois a redução na população do inseto não tem sido
significativa.
Filoxera (Daktulosphaira vitifoliae)
A maneira mais eficiente para evitar os danos do inseto á através do emprego de
porta-enxertos resistentes como o Paulsen 1103, 101-14 e 420 A. Embora cultivares
americanas produzam quando cultivadas como pré-ftanco, sempre recomenda-se o uso
de plantas enxertadas.
A forma galícola, quando ocorre em plantas matrizes de porta-enxertos, deve ser
controlada sistematicamente (a intervalos quinzenais) a partir do aparecimento dos
sintomas.
Cochonilhas
Danificam as plantas através da sucção de seiva, provocam fitotoxicidade devido
à injeção de enzimas digestivas e facilitam o aparecimento da fumagina.
.
Cochonilha parda- Parthenolecanium persicae
A poda de inverno ajuda a eliminar o inseto dos ramos infestados. Após a poda,
utilizar um inseticida associado com 1% de óleo mineral ou vegetal. Controle deve ser
direcionado a fase de ninfa, que geralmente ocorre no. início da brotação. Tratamento de
inverno com calda sulfocá1cica auxilia no controle.
Cochonilha algodão - Icerya schrottkyi
Ataque é de pouco indivíduos, permitindo sua eliminação manualmente.
Cochonilha do tronco - Hemiberlesia lataniae
Recomenda-se o controle químico em infestações elevadas, fazendo previamente
uma limpeza da casca, pois o inseto se localiza sob o ritidoma.
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Ácaros
Ácaro branco - Polyphagotarsonemus latus
Emprego de acaricidas específicos em elevada infestação. Pode ser empregado o
enxofre, direcionando às brotações novas, mas cuidar com a fitotoxicidade.
Ácaro rajado - Tetranychus urticae
Controle é feito eliminando as plantas hospedeiras da praga. Os produtores
utilizam a ervilhaca como cobertura morta, realizando a dessecação no início da
brotação. Os ácaros presentes nesta planta acabam migrando para videira, causando
danos a cultura.
Evitar a utilização exagerada de adubos nitrogenados e o emprego de produtos
pouco seletivos aos inimigos naturais. O controle químico deve ser direcionado para
face inferior das folhas.
Cigarrinha-das-fruteiras - Aethalion reticulatum
Como o inseto apresenta hábito gregário, as ninfas são facilmente destruí das
manualmente o que pode ser feito no momento da poda de inverno. Com relação ao
controle químico, alguns viticultores preferem carregar conjuntamente com o material
da poda, um pequeno pulverizador manual com capacidade para um ou dois litros,
contendo solução inseticida para pulverizar nas colônias do inseto.
O tratamento deve ser repetido após 20 a 30 dias, com o objetivo de atingir as
ninfas que eclodiram após a aplicação, visto que os produtos não atuam sobre as
posturas.
Besouros desfolhadores da videira Maecolaspis aenea, M trivialis e M
geminata
O controle normalmente é realizado com a aplicação de inseticidas, podendo ser
necessário mais de uma pulverização dependendo da intensidade de ataque.
Formigas Cortadeiras
As formigas cortadeiras, tanto as saúvas (Atta spp.) quanto as quenquéns
(Acromyrmex spp.) causam sérios danos à videira devido ao corte de folhas, brotos e
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I
cachos. O ataque de formigas é prejudicial em qualquer fase do ciclo, porém, o dano é
maior na fase de formação da planta, quando paralisa o crescimento.
Dentre os principais métodos de controle das formigas cortadeiras, destacam-se
as iscas formicidas e o emprego de inseticidas em pó.
Controle de viroses
. Enrolamento da folha
. Entrenós curtos
. lntumescimento dos ramos
De um modo geral, o controle de viroses é feito através do uso de material de
propagação sadio e controle de vetores.
O controle das viroses da videira somente é viável, no campo, através da
utilização de material propagativo sadio (mudas, estacas e gemas) do porta-enxerto e da
produtora.
No Brasil ainda não está definido se as espécies de cochonilhas que ocorrem nos
vinhedos transmitem vírus. Mesmo assim, como tem sido constatada a disseminação de
viroses, especialmente nas regiões vitícolas tradicionais, deve-se fazer o controle
eficiente desses insetos.
Recomendações específicas para controle de pragas e de doencas
. Adubação equilibrada, especialmente a nitrogenada que favorece o desenvolvimento
vegetativo e por conseqüência o sombreamento e a criação de microclimas!li
favoráveis ao desenvolvimento de doenças, princjpalmente podridões e afetando a
maturação;
. Manejo da copa das parreiras para melhorar a aeração e insolação interna da copa;
Evitar o estresse das plantas - que compreende aquelas ocorrências não.convencionais para o universo fisico-químico-biológico das mesmas, principalmente
os estresses nutricionais e hídricos, que podem ser suprimidos pela escolha do local
do vinhedo e pelo monitoramento das propriedades fisicas e químicas do solo;
Manejo da resistência de doenças, pragas e plantas daninhas:../ Não utilizar produtos com modo de ação único, isoladamente;
./ Restringir o número de aplicações por ciclo vegetativo e de preferência não
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--
~ r.t.
II.
I
~
.
I
I
.
~
aplicá-Ios na seqüência;
./ Aplicar a dose recomendada pelo fabricante e respeitar a recomendação
técnica da empresa;
./ Fazer aplicações preventivas raCIOnaIS e evitar aplicações curativas e/ou
erradicantes;
./ Fazer o manejo integrado de doenças e pragas;
../ Aumentar a diversidade química dos tratamentos fitossanit~os;
Respeitar a carência dos produtos e os intervalos mínimos entre as aplicações e a
.colheita para vinificação;
Manter o equipamento de aplicação de produtos fitossanitários bem calibrado e em
.bom estado de conservação;
Aplicar produtos fitossanitários que tenham baixo impacto ambienta!.
. Para evitar acúmulo residual de calda bordalesa nos cachos é aconselhado não
realizar aplicações direcionadas aos mesmos a partir do início da maturação.
Cuidados com embalagens de agroquímicos: É imprescindível fazer a triplice
lavagem e a inutilização das embalagens, após a utilização dos produtos, não permitindo
que possam ser utilizadas para outros fins. É necessário observar a legislação para o
descarte de embalagens. As embalagens, após triplice lavagem, devem ser destinadas a
urna central de recolhimento para reciclagem. Tríplice lavagem significa enxaguar três
vezes a embalagem vazia, tomando possível a reciclagem do material usado na
fabricação da embalagem de produtos fitossanitários.
5.3. Determinação do ponto de colheita
Durante o estágio, urna das principais atividades realizadas pelo estagiário foi a
avaliação do ponto ideal de colheita, que era feita durante as visitas técnicas aos
produtores, em diferentes vinhedos e variedades de uva.
A determinação correta do ponto de colheita é uma atividade de muita
importância, pois está diretamente relacionada com a qualidade da uva que será
destinada à elaboração dos vinhos, influenciando no processo de vinificação e qualidade
40
,...........- ,-I
final dos produtos. Além disso, o ponto de colheita também irá influenciar na
rentabilidade do produtor de uva, uma vez que, o associado receberá o pagamento do
lote de acordo com a quantidade e qualidade da uva entregue na vinícola.
Uvas destinadas à elaboração de vinhos devem ser colhidas segundo critérios
que determinam o ponto ótimo de maturação, visando a obtenção de máxima qualidade.
Diferentes critérios são utilizados para a determinação do ponto ideal de colheita
da uva:
. Medida do teor de açúcar (grau glucométrico)
Conjugação da medida de açúcares e ácidos;.. Conjugação da medida de açúcares e pH.
o critério mais utilizado é a medida do teor de açúcar, devido a sua facilidade de
ser realizado no campo (dentro do próprio vinhedo), sendo um método simples e rápido
de ser efetuado.
Os outros critérios, como teor de ácidos, pH, antocianas, são menos utilizados
por serem determinados em laboratório, mediante uma análise mais completa da uva
..
(ANEXO B), o que acaba aumentando os custos e diminuindo sua praticidade de uso. A
determinação ponto de colheita da uva através de análise laboratorial, apenas foi feita
para os vinhedos pré-selecionados e de maior potencial de qualidade.
O critério de controle mais utilizado é o grau glucométrico (teor de açúcar), que
é medido em escala de graus Babo, que representa a percentagem de açúcar existente
em uma amostra de mosto (caldo da uva), ou em escala de graus Brix, que representa o
teor de sólidos solúveis totais na amostra, 90% dos-oquais são açúcares. Esta medida
pode ser feita diretamente no vinhedo, com a ajuda de um equipamento de bolso
chamado refratômetro. O mesmo dispõe de uma lente graduada, através da qual pode-se
ler a percentagem de açúcar do mosto (Fig. 13 e Fig. 14).
Quando se utiliza o refratômetro, devem-se fazer diversas medidas em diferentes
locais do vinhedo e fazer sua média, para que a amostra realmente seja representativa.
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Figura 13: Refratômetro.
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Figura 14: Medida do grau glucométrico no vinhedo, Bento Gonçalves, 26/0112006.
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rA medida do teor de açúcar do mosto pode ser também efetuada com o auxílio
de um densímetro (também conhecido como mostímetro) graduado em °Brix ou em
°Babo (Fig. 15). Deve-se, para tanto, colher amostras de uvas representativas de todo o
vinhedo, esmagá-Ias, colocar o mosto em uma proveta de 250 mL , colocar o
mostímetro e efetuar a medida (Fig. 16).
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Figura 15: Mostímetro.
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Figura 16: Leitura do grau glucométrico com o mostímetro, Bento Gonçalves, 10/0 1/06.
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Para detenninar o teor de açúcar, utilizando o mostímetro, deve-se levar em
consideração a temperatura do mosto, pois o grau de açúcar é variável de acordo com a
temperatura. Deve-se usar a seguinte tabela:
Tabela 7: Correção do grau glucométrico confonne a temperatura do mosto.
.' DATA DA COLHEITA: 02/01/2C<:>6 ENTREGA C?E CRONOGRAMA Sllr.(X) Nao, ~
CAIXAS FLAS:rCAS LIMPAS Sim(X) Nao( )
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