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1
CENTRO DE EDUCAO E ARTES
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JOSU CARLOS SALVADEGO JUNIOR
TEORIA DOS QUATRO DISCURSOS E OS CLSSICOS LITERRIOS
_______________________________________________________________
Londrina PR
2010
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JOSU CARLOS SALVADEGO JUNIOR
TEORIA DOS QUATRO DISCURSOS E OS CLSSICOS LITERRIOS
Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao Curso de
Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina Pedagogia.
Orientador: Professor Gilmar Aparecido Altran.
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JOSU CARLOS SALVADEGO JUNIOR
TEORIA DOS QUATRO DISCURSOS E OS CLSSICOS LITERRIOS
Trabalho de Concluso apresentado de
Curso de Graduao em Pedagogia, da
Universidade Estadual de Londrina.
COMISSO EXAMINADORA
Prof. Ms. Gilmar Aparecido Altran
Prof. Dr. Leoni Maria Padilha
Prof. Dr. Rosngela Aparecida Volpato
Londrina, ____ de ______________ de 2010
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DEDICATRIA
A Deus e aos meus pais, pela
ateno e apoio em todos os momentos.
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5
AGRADECIMENTOS
Ao professor Olavo de Carvalho pelos conhecimentos valiosos.
Ao sbio professor, Jos Monir Nasser, pela pacincia de ensinar e
transmitir seus
conhecimentos.
Aos meus amigos, pelos timos momentos vividos durante o
curso.
minha famlia, por estar ao meu lado sempre que eu precisei.
Ao orientador deste trabalho, Professor Gilmar Aparecido Altran,
pela liberdade e ateno
concedida para o feito.
Aos amigos do Xerox CCH da Universidade Estadual de
Londrina.
A todos que diretamente ou indiretamente ajudaram na realizao e
concluso deste estudo.
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"Somente a conscincia individual do agente d
testemunho dos atos sem testemunha, e no h ato
mais desprovido de testemunha externa
do que o ato de conhecer.
Olavo de Carvalho
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SALVADEGO, Josu Carlos Junior. Teoria dos Quatro Discursos e os
Clssicos Literrios. 2010.
Trabalho de Concluso de Curso de Graduao Pedagogia Universidade
Estadual de
Londrina/PR.
RESUMO
O presente estudo teve como objeto de pesquisa a Teoria dos
Quatro Discursos de Olavo de
Carvalho e os clssicos Literrios. um apontamento de uma hiptese
criada a partir da
confluncia entre teorias, incluindo a de Olavo de Carvalho e
prticas de estudos. A
metodologia de pesquisa empregada foi de carter exploratrio,
usado principalmente, a
reviso de literatura a fim de justificar a hiptese apontada.
Primeiramente, foi entendido que
somente com a imaginao se pode entender a realidade, ou seja, a
importncia desta para o
incio de uma formao intelectual. Logo, com a juno da teoria de
Aristteles se chegou ao
objetivo geral do trabalho, a criao de um homem magnnimo, um
homem maduro. Olavo de
Carvalho prope que o incio do estudo de um intelectual ou o
homem maduro deveria
comear pela imaginao, pois seria este o caminho para o
enriquecimento de experincias e
possibilidades na mente de uma pessoa. Foi esclarecida a
relevncia do discurso potico e a
sua relao com estas experincias. Atravs dessa teoria foi-se
capaz de pensar em uma
seqncia de leitura, principalmente a leitura de livros, porm,
faltaria o que ler e como
absorver tais contedos de forma qualitativa. Isso alcanado
atravs da Grande Conversao
proposta por Mortimer Jerome Adler, ou seja, Adler selecionou os
grandes livros ocidentais
que contribuem para o alargamento do intelecto, livros matrizes
dos debates culturais, uma
lista onde contm livros com diversas maneiras de leitura, ao
qual o trabalho foca o modo
ficcional, pois este carrega o mundo das possibilidades e traz
para o indivduo, atravs dos
personagens, situaes, casos e arqutipos possivelmente vividos
criando certo respaldo de
comparao para o leitor. Comparao esta que servir de certa vacina
para a ao ou
reao do leitor perante o real fazendo assim com que seja mais
preparado para as invariveis
situaes que a vida nos traz. Concluiu-se que a confluncia entre
tais sbios demonstrados
gera um mtodo de estudo, ao qual reflete sobre o incio de uma
formao intelectual, uma
formao que visa criao de um homem magnnimo.
Palavras-chave: Teoria dos Quatro Discursos, Spoudaios, Discurso
Potico, Grande
Conversao, Leitura Ficcional.
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8
ABREVIATURAS E SIGLAS
ACIL Associao Comercial e Industrial de Londrina
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9
SUMRIO
1.
INTRODUO...................................................................................................................1
2. CAPTULO 1 A VIDA
INTELECTUAL..................................................................................4
2.1 Por que que os homens desejam
conhecer?.................................................................9
3. CAPTULO 2 TEORIA DOS QUATRO
DISCURSOS............................................................12
3.1. Processo
Cognitivo........................................................................................................12
3.2. Teoria dos Quatro
Discursos.........................................................................................14
3.3.
Spoudaios......................................................................................................................19
4. CAPTULO 3 A ARTE DE
LER..........................................................................................22
4.1. Nveis de
leitura............................................................................................................23
5. CONSIDERAES
FINAIS.................................................................................................30
REFERNCIAS
BIBILOGRFICAS.............................................................................................32
ANEXO.................................................................................................................................33
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INTRODUO
O trabalho a seguir uma tentativa de confluncia entre teorias
e
prticas de estudo de autores como Olavo de Carvalho, Mortimer
Adler, entre
outras contribuies. Essa juno de correntes ir abranger a
disciplina,
vontade e vocao para a vida intelectual e tem como objetivo a
compreenso
e domnio dos diferentes discursos prestando importncia dos
clssicos1
literrios para a absoro e melhor faculdade da linguagem.
O ncleo e principal parte do trabalho ser abordados no captulo
dois,
onde ser exibido a Teoria dos Quatro Discursos de Olavo de
Carvalho, uma
abordagem sobre as quatro linguagens que o discurso humano
possui. O
trabalho ir girar em torno desta teoria apontando a importncia
da sua
aprendizagem, como absorv-la e seus objetivos.
Dando respaldo ao incio da faculdade do imaginativo de uma
pessoa, a
teoria de Olavo de Carvalho, indiretamente, ir direcionar os
estudos de um
futuro intelectual. O contedo destes estudos ser tema do
capitulo trs, no
qual Mortimer Jerome Adler, alm de indic-los, nos mostrar como
absorver
tais contedos.
Em vista disso, o primeiro captulo ser um norte, pois mostra
os
princpios e noes devidas para qualquer pessoa que deseja seguir
o caminho
da vida intelectual. Condutas perante a prpria pessoa, perante a
sociedade e
o conhecimento que so exigncias bsicas de acordo com os sbios
no
captulo citadas.
Para concluir ser posto como tais teorias, mtodos e contedos
formam
uma unidade entre eles. Toda essa unidade, um legado da
tradio,
essencial para uma formao ntegra, logo, estar em prova a
contribuio dos
autores de referncia para esta formao.
Uma observao importante quando digo direcionar ou mostrar o
caminho de uma vida intelectual, no quero dizer que sou um e
possuo o
mapa da jornada para levar aos que no o conhecem, visto que,
estou aqui
apenas para mostrar esse seguimento que me ensinaram e ainda
ensinam.
1 Clssicos seriam livros que sobrevivem ao tempo, sem considerar
a poca, ainda trazem consigo contedo fundamental para os assuntos
que retratam.
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O mtodo de pesquisa empregado em sua amplitude foi uma
pesquisa
de forma Exploratria que contm em seu conjunto de caractersticas
um modo
mais bem conveniente ao trabalho proposto: o Exame de
Literatura. Utilizo
como base terica para explicao deste tpico Sergio Vezneyan e o
que tal
compreende sobre mtodos de pesquisa, ou seja, para Vezneyan
(2009, p.28)
a pesquisa Exploratria desenvolve, esclarece e modifica idias,
assim como
formula problemas e cria hipteses. Ainda exibe com clareza
quando cita Hart
(1998) para explicar o que se entende por Exame de
Literatura:
A seleo de documentos disponveis (publicados ou no) sobre o
tpico, que contenham informao, idias, dados e evidncias escritas de
um ponto-de-vista particular, que preencha certos objetivos e vises
da natureza do tpico e de como ele investigado, bem como da efetiva
avaliao desses documentos em relao pesquisa que est sendo proposta.
(VEZNEYAN, Srgio. Genocdios no sculo XX: uma leitura sistmica de
causas e conseqncias. (2009, p. 31).
Sintetizando, a metodologia usada foi um levante terico para se
efetuar
uma hiptese. Por mais que o objetivo da metodologia o de
resultar uma
hiptese no fao isso no trabalho, apenas a aponto, ou seja, isso
feito por
limitaes que o prprio objetivo do trabalho me impe, e tambm,
pela
ignorncia e sinceridade perante o conhecido. No sou o criador da
hiptese
divulgada por este trabalho como ser observada, a resultante j
estava
subentendido nas obras usadas como base terica.
Um porque deste feito seria a simples resposta de que baseado
em
estudos realizados a respeito acredito ser a melhor maneira de
se adquirir uma
educao de significado porque sigo esse caminho e vivencio essa
difcil
empreitada. E como se trata de um trabalho direcionado para a
educao,
antes de transmitir ou passar algo adiante necessrio possu-lo em
qualidade
e quantidade.
De maneira geral, explicado o porqu da obra mostro uma parte
do
objetivo de tal processo, agora, de um jeito mais particular,
sou experincia e
resultado real de que funciona e est funcionando nas questes de
melhor
absoro e compreenso dos legados culturais e, principalmente,
no
reconhecimento da responsabilidade para com o conhecimento
adquirido. Isto
e tudo mais, nas questes dos estudos dos clssicos e da
responsabilidade
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perante o que possui e transmite ser mais bem apurado
separadamente no
decorrer. Contudo, demonstrarei por que um caminho para a
autoconscincia
e uma maneira de se alcanar uma vida de cultura elevada.
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CAPTULO 1 A VIDA INTELECTUAL
Se a Teoria dos Quatro Discursos o centro do trabalho este
captulo
o seu norte. Para ser um bom leitor e realmente absorver o que o
escritor lhe
transmite deve por parte deste primeiro, o leitor, partir dos
mesmos princpios
que o segundo ou ao mnimo compreend-los muito bem para que haja
um
sincero e completo entendimento do assunto. Preciso fazer uma
reflexo deste
tema, ou seja, sobre o que entendo de vida intelectual, pois
segue de forma
intrnseca com o centro do trabalho.
Presumo que o domnio da linguagem seria requisito bsico de
um
estudioso e sendo o foco deste trabalho o discurso e
consequentemente a
linguagem explico para mostrar a seguir o que entendo sobre o
ttulo acima, o
porqu e o para qu esse tipo de vida cuja seja o sentido e
consequncia do
estudo.
De uma viso mais ampla a vida intelectual seria um crculo de
relaes,
segundo Carvalho (1989, p.2) 2 uma ponderao entre vidas, a
vida
natural: do qual a relao do homem com o meio terrestre; com a
vida civil:
que seria as relaes de parentesco, o crculo de amizade e de
frequentao
mtua, a forma de produo, e de apropriao dos bens, quer naturais,
quer
artificial; e com a vida poltica: que so as relaes entre grupos,
ou seja,
relacionamentos entre classes, grupos de interesse, corporaes
profissionais,
determinados quer por afinidades de inteno, por necessidade
econmica,
proximidade regional, enfim, as relaes destes ou dos indivduos
que os
representam com o restante da comunidade.
Isto tudo, para demonstrar que a vida intelectual no um
universal
abstrato, mas uma ocupao efetiva de homens reais e concretos
(CARVALHO, 1989, p.1) num tempo e num lugar sob condies
particulares
nesse tempo e nesse espao. Porm, o universal abstrato existe,
mas em uma
tenso que encontra dificuldades para se encaixar nos atos
concretos, pois, a
2 Retirado da apostila da segunda aula do curso Introduo Vida
Intelectual, ministrado por Olavo de Carvalho no Instituto de Artes
Liberais do Rio de Janeiro em 1989. Disponvel em . Acesso em 25 de
Novembro de 2010.
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concretude imperfeita, ou seja, a materializao do perfeito no
imperfeito. No
entanto, o que seria a vida intelectual? Seria uma ponte com o
objetivo de ligar
o universal abstrato acima dito com a vida real. Essencialmente,
a superao
da experincia imediata, a construo da representao universal
coerente, e a
coerenciao da representao com os atos. (CARVALHO, 1989, p.1)
Surge ento um comprometimento na vida do intelectual, cria-se
uma
tenso entre: universal abstrato dever aes reais. Para explicar
os deveres
em atos que o intelectual tem como compromisso ser necessrio se
reportar
aos critrios tradicionais legados pelas religies e pela
sabedoria universal
CARVALHO (1989, p.2) e filosofia moral de Aristteles:
Ao discutirmos deveres morais, devemos ater-nos estritamente aos
critrios tradicionais legados pelas religies e pela sabedoria
universal, evitando todo improviso subjetivo, porque decretar
deveres incumbe somente a Deus, e interpret-los no incumbe a nenhum
homem em particular, porm, ao consenso universal dos sbios. O
esforo individual de interpretao deve vir somente depois, quando,
fixado aos critrios gerais, se trate de aplic-los e viabiliz-los
para a situao particular, concreta e vivida onde h de se dar, na
prtica, o cumprimento desses deveres. Portanto, nas linhas que se
seguem, procuramos apoiar-nos o mais possvel no consenso universal
da filosofia moral de Aristteles at hoje , contornando os detalhes
incertos e as questes disputadas. (CARVALHO, 1989, p. 2)
O que seria esses atos e quais so os deveres em atos morais
que,
essa tarefa de encaixe, traz ao intelectual e qual a diferena
deste homem
cujo compromisso com a razo mais direto em relao a ele com os
demais
seres humanos? (CARVALHO, 1989, p.2)
Para responder essas questes temos que ter conscincia do que
o
autor da pergunta acima entende de dever religioso e dever de
estado.
O dever religioso seria o consentimento de que ns humanos
somos
criaturas finitas de uma fonte infinita, causados e no
causadores de ns
prprios. Este dever bifurca em dois tipos: a religio revelada e
a religio
natural. A primeira seria o que, normalmente se entende por
religio e os
deveres que esta traz para seus seguidores, ou seja, um fenmeno
mostrado
aos homens por profetas, com cada cultura a sua, em devido tempo
e espao
com seus ritos e leis que relembram e revigoram com uma
modalidade
simblica sacramentada por Deus.
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Agora, a religio natural, todo ser humano, sem distino, na
medida
em que seja capaz de articular frases, tem o dever de ter
esta
autoconscincia. (CARVALHO, 1989, p.3) O homem que atravs da
autoconscincia da alma pensante 3, independente de sua religio,
descobre
que existe algo que transcende o universo, uma causa que no pode
ser
causada pelo homem, a religio natural seria um sentimento de
espanto e
reverncia 4 que todo ser humano possui diante do Sentido da
significao,
Carvalho (1989) se refere ao senso do sentido 5:
No se trata do terror perante o inexplicvel, mas sim de um
indescritvel senso de gratido total perante a anteviso de um
Sentido final que tudo explica, que tudo redime, que tudo justifica
e tudo abarca. No nenhum senso de terror perante a escurido, nem o
deslumbramento paralisante perante uma luz que cega. o senso de
devoo maravilhada perante a explicao perfeitamente satisfatria,
perante a esquemtica humana, nos integra harmoniosamente na
Inteligncia divina, sem nos negar nem nos destruir. (CARVALHO,
1989, p. 3)
A rejeio do dever religioso a via diablica. Dos clssicos
literrios
ao cinema moderno, por meio da linguagem potica, prpria das
artes, vrias
so as denncias contrrias a esse caminho. De maneira explcita em
O
Fausto de Johann Wolfgang Von Goethe6, o personagem central
(Fausto)
possuidor de vasto conhecimento e vivenciando a angstia fustica,
aceita
viver uma trama com o diabo (Mefistfeles) achando que, com um
certo pacto
com o demnio, alcanaria um maior sentido de vivncia, ou seja,
no
aceitando a tenso que a realidade traz. Outro personagem, agora
no cinema,
o personagem Antonius Block do filme O Stimo Selo de Ernest
Ingmar
Bergman 7 em que acusa Deus de no dar as respostas
metafsicas
suficientes para o homem possuir certa garantia da aceitao do
real. Outro
exemplo clssico o personagem de Fidor Dostoievski do seu livro
Crime e
Castigo 8, ao qual o personagem cria uma conduta moral prpria
fugindo
3 Termo usado por Carvalho (1989). 4 Idem acima. 5 Idem acima. 6
Goethe, Johann Wolfgang Von (1981), Fausto. Brasil, EDITORA
ITATIAIA LIMITADA. 7 O Stimo Selo. Ernest Ingmar Bergman. EDIO DE
COLECIONADOR. 1957. 8 Dostoivski, Fidor (2009), Crime e Castigo.
Brasil. EDITORA 34.
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assim do dever religioso. Carvalho (1989) nos d outro exemplo
literrio onde
encerra:
Dante, procurando sair da selva selvaggia, tenta trs
caminhos
sucessivos, onde barrado por uma pantera, um leo e uma loba, aps
o que encontra Virgilio, que lhe recomenda outro caminho que, sem
passar pela selva, o levar ao diletoso monte que princpio e ocasio
de toda alegria (Inferno, I, vv.76-91). As trs feras representam a
impossibilidade de o homem sair da selva de sua confuso sem o
auxilio do Cristo, o qual representado pelo monte, de vez que Monte
, precisamente, um dos nomes de Cristo. Cf. Fray Luis de Len, De
los Nombres de Cristo. (CARVALHO, Olavo. A Vocao da Inteligncia. Em
. Acesso em: 25 de Novembro 2009)
Carvalho (1989) mostra que dever de todo homem cumprir a
religio
natural cuja descobrir e amar o Sentido na autoconscincia e
constatar que
o mesmo Sentido existe na autoconscincia alheia, por isso
enfatiza que a
vida humana sagrada e contextualiza a frase: Ama a Deus sobre
todas as
coisas e ama a teu prximo como a ti mesmo.
Em seguida, temos o conceito do dever de estado que, tambm
universal, so papis sociais desenvolvidos por indivduos de
acordo com seu
local, idade, gnero, riqueza, profisso, etc. Em suma, o dever de
estado no
seno a especificao, a discriminao, a infindvel subdiviso do amor
de
Deus e ao prximo na variedade indefinida das formas e modos de
existncia
social e individual, coletiva e familiar, grupal e profissional,
a assim por diante
(CARVALHO, 1989, p. 6).
Assim, respondo as perguntas feitas anteriormente sobre os atos
do
intelectual e sobre sua responsabilidade no corpo social. Por um
lado a vida
intelectual um dever religioso porque o homem difere do animal
por meio do
pensar, possui a racionalidade enquanto mero dom de
autoconscincia
pensante e domina de certa forma a linguagem e a inteligncia
tornando assim
todo homem de alguma maneira participante da vida
intelectual.
Contudo, o raciocnio continua, isto , existe uma forma de vida
que
mnima em todas as culturas j estudadas, diferente das demais
participa da
inteligncia culta e se arma com o arsenal da cultura.
A diferena entre o intelectual e os outros homens reside,
sumariamente, em que os meios de cultura a que este recorre se
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esgotam, se limitam ao nvel daquilo que lhes necessrio, de um
lado para cumprir o dever religioso e, de outro, para assegurar a
sua subsistncia material; ao passo que os meios de que se socorre o
intelectual vo muito alm disso. [...] Ora, o dever de estado
definido segundo as condies reais de existncia do indivduo. Destas
condies, algumas so externas e casuais, como por exemplo, riqueza
ou pobreza, grupo social de origem, sade ou doena, talento inato ou
debilidade, etc. Outras so internas e constitutivas, como por
exemplo, o carter e a vocao. Evidentemente a vida intelectual um
dever de estado de tipo vocacional, que no se define por condies
externas nem somticas. Um homem no toma a vida intelectual por ser
gordo ou preto, varo ou fmea, rico ou japons, e sim porque tem, em
grau maior ou menor, uma vocao, porque sente dentro de si uma
apelo, uma urgncia, um desejo, uma sede, e esta sede que o faz,
justamente, buscar algo mais do que o necessrio para a subsistncia
material e para o cumprimento do dever religioso mnimo. (CARVALHO,
1989, p.7)
Se por um lado todo homem um intelectual possuindo o dever
religioso o filsofo considera a vida intelectual, a forma mnina
de vida nas
culturas e que se arma com o arsenal da cultura, um dever de
estado de tipo
vocacional e quem se considera possuidor desta vocao9 no tem o
direito
de pretender desfrutar das suas vantagens, quando no aceitam as
obrigaes
que lhe so inerentes (CARVALHO, 1989, p.12)
Por isso no se deve ater ao estudar por estudar ou para seguir
carreira
universitria e sim estudar com o objetivo de buscar respostas,
respostas com
importncia existencial para sua formao de ser humano e no s
de
estudioso. A formao da inteligncia se d em dois planos
simultneos: o
propriamente intelectual, ou cognitivo, e o espiritual, ou
inspiracional. O que
9 Resumindo, vocao para Carvalho (1989, p. 8) significa apelo;
chamado. Hoje, para a sociedade moderna com a comunicao de massa
vocao muitas vezes algo temporrio, causado pela propaganda, por
estmulos e impulsos, uma moda a seguir, existindo uma multido de
chamados. Isso tudo extrai do homem ou lhe ofusca um julgo melhor
perante suas escolhas. Vocao tambm no o que muitos acreditam tambm
algo que venha de milagre ou de uma eleio sobrenatural. algo
natural, como o bicho sabe o que comer o homem sabe o que deseja
fazer. claro, Carvalho (1989) mostra um caminho para melhor
encontr-la cuja inteligncia, sustentada com base em sinais bvios e
patentes [...] e em seguida aceita pela vontade livre (isto ,
baseada em valores e princpios universais e no numa intensidade
emotiva qualquer), e reforada, enfim, no pela auto-sugesto nem por
qualquer tipo de estimulao emocional barata, e sim pela dedicao
constante, humilde e silenciosa. (CARVALHO, Olavo. A Vocao da
Inteligncia. Em . Acesso em: 25 de Novembro 2009)
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voc sabe depende de quem voc quer ser; o modelo do que voc pode
ser
depende do que voc sabe. (CARVALHO, 1989, p. 7)
Aqueles, portanto, que desejariam o acesso cultura como lazer,
sem o reconhecimento de um dever de estado, entendam por favor, que
pedir a um professor que se transforme voluntariamente em palhao,
to s para acompanhar a moda do tempo, realmente pedir demais. Que
outros nos desprezem ou humilhem, nos denigram ou nos persigam, ou
expulsem os intelectuais verdadeiros de seus postos legtimos para
trancafi-los a ferro nos crceres ou nos hospcios, ou para atir-los
marginalidade e ao mais fundo poro da incapacidade social, problema
deles; aqueles que o fazem so responsveis por suas aes, e cada qual
arca somente com seus pecados, sem responder pelos de seus
vizinhos. Mas que os prprios intelectuais se prestem
voluntariamente e de bom grado a ser rebaixados a saltimbancos e
travestis, para assegurar um reconhecimento social exterior custa
da perda de tudo quanto justifica perante Deus o seu trabalho, isto
j demais. (CARVALHO, 1989, p. 8)
Por que que os homens desejam conhecer?
A partir da afirmao aristotlica que todos os homens tem, por
natureza, o desejo de conhecer posta na apostila A Vocao da
Inteligncia 10 de Olavo de Carvalho, comeo a construir uma linha de
raciocnio para dar
mais significado e objetividade ao trabalho. Se acima demonstrei
o que
compreendo de intelectual e sua funo perante o conhecimento, a
seguir
adentro em suas caractersticas mais peculiares. Seguindo de
acordo com a
frase de Aristteles, por se tratar de uma natureza ou essncia,
esta deve ser
explicitada ou demonstrada.
A natureza humana no se manifesta como nas pedras e nos
bichos,
que possuem, respectivamente, uma natureza por perseverana de
seu estado
e repetio da sua essncia de sua animalidade, mas sim, antes, por
um
desejo como diz Aristteles (CARVALHO, 1989, p.1). Este desejo
o
sinnimo, segundo o autor da apostila, da insatisfao,
incompletude e da
transitoriedade sendo o contrrio mesmo de uma natureza, algo
estvel, 10 Apostila do curso Introduo Vida Intelectual, ministrado
por Olavo de Carvalho no Instituto de Artes Liberais do Rio de
Janeiro em 1989. Disponvel em . Acesso em 25 de Novembro de
2010.
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permanente num ser. Caindo em um paradoxo Carvalho (1989) cita
um fato
que podemos constatar por experincia para ser mais bem
demonstrado:
Quando um homem perde o desejo de conhecer, quando ele
simplesmente se deixa estar ao sabor das influncias externas e dos
impulsos cegos do seu organismo, ele no ganha nem a estabilidade da
pedra nem a constncia instintiva do animal, mas, ao contrario, se
torna ainda mais instvel, mais volvel, mais insatisfeito,
influencivel e errtico. Ao invs de ganhar, ele perde, precisamente,
a sua hominidade, aquilo que o define e constitui como homem... A
insatisfao e o desejo, paradoxalmente, so a forma especificamente
humana de perseverana e estabilidade. O animal persevera no ser
enquanto repete o circuito de gestos que o instinto prescreve aos
seres da sua espcie. A pedra persevera no ser enquanto nada vem a
destruir as suas propriedades de pedra. Ao homem, esta vedada esta
forma de perseverana passiva. O homem persevera no ser enquanto
deseja conhecer e enquanto se esfora para atender a esse desejo. A
natureza humana, ao contrario da natureza do animal e da pedra, uma
natureza dinmica e tensional. No um estar passivamente numa condio,
mas um querer, um mover-se de um estado a outro, um tender, com
todas as foras, na direo de uma meta. Se a essncia aquilo que
persevera, no homem a perseverana no um fruto que pelo prprio peso
cai da rvore da fatalidade e da rotina, mas um esforo, uma tenso
que, justamente, se ope fatalidade e rotina, e que toda fatalidade
e a rotina do seu contorno natural e social o convidam
incessantemente a abandonar, sem lograr jamais faz-lo ceder
totalmente. (CARVALHO, 1989, p.2)
Resumindo, a natureza humana, ao contrrio da natureza do animal
e da
pedra, uma natureza dinmica e tensional. Apesar do contorno
natural e
social pux-lo para a fatalidade e rotina existe no homem uma
tenso, um
esforo em direo a uma meta, uma fora oposta a essa fatalidade e
rotina
que as pedras e os bichos esto fadados.
Voltando pergunta do tpico e entendido sobre o aspecto da
natureza
humana, o que incessantemente o homem faz falar sempre
buscando
justificar-se em busca de uma certeza inabalvel. O homem possui
a
capacidade do discurso coerente. Sendo um ser vivo racional
dotado de
linguagem capaz de manter uma coerncia entre suas vrias
afirmaes
fazendo com que esse discurso em movimento alcance o discurso
perfeito, o
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discurso total. A razo11, a capacidade para o discurso coerente,
o
conhecimento imperfeito que o homem possui, e que sua natureza
mesma lhe
impe aperfeioar constantemente. (CARVALHO, 1989, p. 2) O homem
vive
numa posio dupla e tensional, de um lado possui a capacidade do
discurso
coerente, estvel, e sendo, por outro lado, um animal que vive
na
transitoriedade do mundo e da vida, por isso o aperfeioar da
frase acima.
Para concluir, o explicado acima de total importncia ao trabalho
pelo
motivo de exibir algumas razes para trilhar esse caminho, ou
seja, o que
procuro dar um significado real para esse modo de vida, por isso
o no
estudar por estudar e os deveres citados acima. O intelectual
tem um papel
considervel perante a sociedade, seus estudos e ele prprio. Se
voc no
capaz de tirar de um livro consequncias vlidas para sua orientao
moral no
mundo, voc no est pronto para ler esse livro. (CARVALHO, Olavo.
Pela
restaurao intelectual do Brasil. Dirio do Comrcio, 2006).
11
O que Olavo (1989) entende por razo que esta preciso ser dotada
pela base de amplitude e universalidade para dar conta da
totalidade da vida: A razo no apenas a coerncia entre uma frase e
outra, mas a coerncia total do pensado em face do vivido, a
coerncia total da representao com o ser. (CARVALHO, 1989, p. 3)
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CAPTULO 2 TEORIA DOS QUATRO DISCURSOS
Processo Cognitivo
Uma observao relevante que preciso esclarecer de antemo o
que
entendo pela construo do conhecimento. O que compreendo sobre
isso o
que Olavo de Carvalho explica da teoria aristotlica de
conhecimento. No
busco nas obras de Aristteles sua prpria teoria, pois, h uma
perfeita
homologia estrutural entre esta descrio aristotlica do processo
cognitivo e a
Teoria dos Quatro Discursos. (CARVALHO, 1996, p.47) O livro de
Olavo de
Carvalho: Aristteles em Nova Perspectiva Introduo Teoria dos
Quatro
Discursos mostra um caminho que progride na mesma proporo entre
as
duas teorias. Abaixo, Carvalho (1996) resume o processo
cognitivo:
Para Aristteles, o conhecimento comea pelos dados dos sentidos.
Estes so transferidos memria, imaginao ou fantasia, que os agrupa
em imagens, eikoi, em latim species, speciei), segundo suas
semelhanas. sobre estas imagens retidas e organizadas na fantasia,
e no diretamente sobre os dados dos sentidos, que a inteligncia
exerce a triagem e reorganizao com base nas quais criar os esquemas
eidticos, ou conceitos abstratos das espcies, com os quais poder
enfim construir os juzos e raciocnios. Dos sentidos ao raciocnio
abstrato, h uma dupla ponte a ser atravessada: a fantasia e a
chamada simples apreenso, que capta as noes isoladas. No existe
salto: sem a intermediao da fantasia e da simples apreenso, no se
chega ao estrato superior da racionalidade cientfica. (CARVALHO,
1996, p. 46)
At certo ponto na explicao acima, se fizermos uma comparao
entre
homem e bichos, estes ltimos se assemelham a ns humanos, pois
so
tambm possuidores de sensaes sensitivas, logo a diferena entre o
homem
e os bichos deve ser buscada em outro lugar. A diferena achada
na funo
da memria, o homem o animal que tem a memria mais rica e
diferenciada,
e por isto sabe mais que os outros animais. (CARVALHO, 1996,
p.63)
Para Aristteles, a nossa memria no um mero registro passivo e
sim
uma faculdade ativa, que combina, funde as imagens e cria novos
padres, ou
seja, memria e imaginao a mesma faculdade, denominada de
fantasia
esta torna real duas aes: combina ou repete as imagens.
-
22
A simples imagem retida na memria, que reproduz esquematicamente
um ente ou um fato, Aristteles denomina-a fantasma (sem conotaes
macabras). medida que os fantasmas se acumulam na memria, esta
passa a reagir criativamente, recombinando essas imagens,
esquematizando-as, selecionando-as e simplificando-as, de modo que
uma multiplicidade de fantasmas parecidos uns com os outros pode se
condensar numa imagem nica. A imaginao organiza os contedos da
memria, alinhando batalhes de fantasmas em imagens sintticas, ou
esquemas, que designam as coisas espcie por espcie, e no unidade
por unidade. (CARVALHO, 1996, p.64)
Conclui-se que a imaginao que faz a ponte entre o
conhecimento
sensorial e o pensamento lgico (CARVALHO, 1996, p.65). A memria
resume
e simplifica dados inumerveis absorvidos pelos dados sensveis,
ela tem de
fazer isso para que tenhamos o raciocnio lgico, pois este no
opera direto
sobre o percebido, age em cima da parte selecionada, nos
esquemas e
espcies.
Para os cinco sentidos, s existe o aqui e agora, o caso
concreto, o dado imediato; para o pensamento, s existe o conceito,
o geral, o esquema de esquemas, cada vez mais rarefeito e
universal. Sem a mediao imaginativa, essas duas faculdades
cognitivas estariam separadas por um abismo. O homem teria talvez
sensaes como um coelho; e talvez por dentro at pensasse alguma
coisa, como um computador; mas no poderia pensar sobre o que sente
de fato, isto , raciocinar sobre a experincia vivida; nem poderia,
de outro lado, orientar a experincia pelo raciocnio, buscando novos
conhecimentos. Seria to eficiente quanto um computador operado por
um coelho, e to vivo quanto um coelho desenhado na tela de um
computador. (CARVALHO, 1996, p.66)
De acordo com Carvalho (1996) Aristteles inventa o conceito
de
desenvolvimento orgnico e julgava que s se pode conhecer bem um
ente
ou fenmeno quando se estuda a sua gnese e o desenvolvimento
progressivo
das estruturas internas que o constituem. Ainda menciona que o
mestre de
Estagira descrevia de forma harmoniosa a origem e o
desenvolvimento do
aparato cognitivo tanto da perspectiva empirista quanto a
racionalista se
referindo cada qual a uma fase do processo cognitivo.
Portanto, da mesma maneira essa harmonia h de ter no
Organon:
Do mesmo modo o mtodo do conhecimento, o Organon ou instrumento
metodolgico que estrutura a atividade cientfica, deveria ser tambm
uma unidade coesa, a expresso de um organismo em
-
23
evoluo sem hiatos. Ele deveria abarcar todas as modalidades de
conhecimento, do sensitivo ao racional, estabelecendo os elos e
passagens de um a outro, bem como as converses e retornos, de modo
que vssemos as etapas desenvolvendo-se umas de dentro das outras,
sem ruptura. (CARVALHO, 1996, p. 73)
Carvalho (1996) atinge o seguinte questionamento que, se o
Organon
devia ter uma lgica da imaginao antes mesmo da lgica, logo, a
formao
do sbio no deveria comear pela disciplina da imaginao?
Teoria dos Quatro Discursos
Aps explicaes genricas sobre a vida intelectual e a construo
do
conhecimento dou incio ao captulo central do trabalho. Esta
parte tem como
base o livro citado acima: Aristteles em Nova Perspectiva
Introduo
Teoria dos Quatro Discursos de Olavo de Carvalho. O primeiro
captulo deste
trabalho foi escrito antes com a inteno de dispor ao leitor um
maior
significado de estudo para fazer que o texto a seguir tenha um
maior sentido
nesse significado, pois com as questes absorvidas de
responsabilidade
perante o estudo, vocao e interesse real criam-se um maior
propsito
intelectual. Para essa jornada Olavo de Carvalho nos deixou um
legado, uma
orientao que considero bsica no requisito de estudo, um ponto de
referncia
de como absorver melhor suas leituras e estudos.
A obra aristotlica contm uma idia central, uma idia que Olavo
(1996,
p.22) revela de Teoria dos Quatro Discursos, ou seja, na
filosofia de Aristteles,
a Potica, a Retrica, a Dialtica e a Lgica (Analtica), fundadas
em princpios
comuns, formam uma cincia nica.
Pode ser resumida12 em uma frase: o discurso humano uma potncia
nica, que se atualiza de quatro maneiras diversas: a
12 Segundo Carvalho (1996, p.26) essa idia escapou a percepo de
quase todos estudiosos de Aristteles e que somente ele e mais dois
a perceberam. [...] Esses dois foram Avicena e Sto. Toms de Aquino.
Avicena [...] afirma taxativamente [...] a unidade das quatro
cincias, sob o conceito geral de lgica. [...] Sto. Toms de Aquino
menciona tambm[...] os quatro graus da lgica, dos quais,
provavelmente tomou conhecimento atravs de Avicena, mas
atribuindo-lhes o sentido unilateral de uma hierarquia descendente
que vai do mais certo (analtico) ao mais incerto (potico) e dando a
entender que, da Tpica "para baixo, estamos lidando apenas com
progressivas formas do erro ou pelo menos do conhecimento
-
24
potica, a retrica, a dialtica e a analtica (lgica). Dita assim,
a idia no parece muito notvel. Mas, se nos ocorre que os nomes
dessas quatro modalidades de discurso so tambm nomes de quatro
cincias, vemos que segundo essa perspectiva a Potica, a Retrica, a
Dialtica e a Lgica, estudando modalidades de uma potncia nica,
constituem tambm variantes de uma cincia nica. (CARVALHO, 1996,
p.26)
Segundo Carvalho (1996, p.28) as quatro cincias so subordinadas
a
princpios comuns pelo fato de assentar-se na razo da unidade do
objeto que
enfocam, ou seja, podem ser aplicadas por igual desde em uma
demonstrao
cientfica construo do enredo trgico nas peas.13
Atravs do discurso, da palavra, o homem pode influenciar sua
prpria
mente e de outrem. Esse discurso se compe de quatro modalidades,
quatro
maneiras peculiares com suas respectivas cincias. Cada modo
possui um
nvel de credibilidade, crdito que ns ou outras pessoas damos que
vai do
possvel ao verossmil. De acordo com o que Carvalho (1996, p.39)
demonstra,
fiz, de forma vaga, uma exposio de cada modo de discurso, um
esquema
resumido que no decorrer ser mais bem verificado:
a. O discurso potico: Possibilidade.
b. O discurso retrico: Verossimilhana.
c. O discurso dialtico: Probabilidade razovel.
d. O discurso lgico ou analtico: Certeza apodctica.
deficiente[...] (CARVALHO, Olavo. 1996, p. 27) Atravs desta
anedota chego a uma reflexo onde respondo a pergunta: Por que no
buscar direto da fonte aristotlica? Pela simples resposta de que no
possuo intelecto e formao suficiente para fazer tal anlise da
estrutura da obra aristotlica. Se Olavo de Carvalho, como dito
acima, j explicita que essa idia escapou maioria dos grandes
filsofos, seria prepotncia minha achar que conseguiria tal feito.
13 O autor do livro defende que como cincias do discurso, a Potica
e a Retrica fazem parte do Organon, conjunto das obras lgicas ou
introdutrias, e no so portanto nem teorticas nem prticas nem
tcnicas(Carvalho. 1996 p.38) Isto implica uma profunda reviso das
idias tradicionais e correntes sobre a cincia aristotlica do
discurso. O autor faz um levantamento do status questiones desse
ponto, por isso, para melhor entendimento do referido assunto
aconselho a leitura plena do livro porque foco meu trabalho somente
na idia principal da teoria.
-
25
O discurso potico entra no campo da possibilidade, versa sobre
o
possvel. O discurso retrico dentro de um quadro de crenas
admitidas
produz uma deciso mostrando qual mais adequada, tem por meta
a
produo de uma crena firme, mas apenas uma crena. O discurso
dialtico
submete as crenas prova, num processo de ir e vir entre erro e
verdade
busca a probabilidade maior ou menor de uma crena ou tese com
uma
superioridade de razo e informao acurada. E para finalizar, o
discurso lgico
ou analtico j parte de premissas evidentes e pelo encadeamento
silogstico
chega demonstrao certa da veracidade das concluses.
(CARVALHO,
1996, p. 38)
Como se observa h uma escala de credibilidade crescente de
um
discurso a outro. Segundo Carvalho (1996) as cincias podem estar
em graus
diferentes, mas compartilham a mesma natureza.
Possibilidade, verossimilhana, probabilidade razovel e certeza
apodctica so, pois, os conceitos-chave sobre os quais se erguem as
quatro cincias respectivas: a Potica estuda os meios pelos quais o
discurso potico abre imaginao o reino do possvel; a Retrica, os
meios pelos quais o discurso retrico induz a vontade do ouvinte a
admitir uma crena; a Dialtica, aqueles pelos quais o discurso
dialtico averigua a razoabilidade das crenas admitidas, e,
finalmente, a Lgica ou Analtica estuda os meios da demonstrao
apodctica, ou certeza cientfica. (CARVALHO, 1996, p.41)
Outra caracterstica a relao entre discursos, no se isola um
discurso do outro14. Um discurso lgico ou dialtico, potico ou
retrico, no
em si mesmo e por sua mera estrutura interna, mas pelo objetivo
a que tende
14 Todas as tentativas de isolar e definir por seus caracteres
intrnsecos uma linguagem potica, diferenciando-a materialmente da
linguagem lgica e da linguagem cotidiana fracassaram redondamente.
V., a respeito, Mary Louise Pratt, Toward a Speech Act Theory of
Literary Discourse, Bloomington, Indiana University Press, 1977. 2)
De outro lado, desde Kurt Gdel geralmente reconhecida a
impossibilidade de extirpar do pensamento lgico todo resduo
intuitivo. 3) Os estudos de Chaim Perelman (Trait de
lArgumentation. La Nouvelle Rhtorique, Bruxelles, Universit Libre,
1978), Thomas S. Kuhn (The Structure of Scientific Revolutions) e
Paul Feyerabend (cit.) mostram, convergentemente, a impossibilidade
de erradicar da prova cientfico-analtica todo elemento dialtico e
mesmo retrico. 4) Ao mesmo tempo, a existncia de algo mais que um
mero paralelismo entre princpios estticos (vale dizer, poticos, em
sentido lato) e lgico-dialticos na cosmoviso medieval fortemente
enfatizada por Erwin Panofsky (Architecture Gothique et Pense
Scolastique, trad. Pierre Bourdieu, Paris, ditions de Minuit,
1967). Esses fatos e muitos outros no mesmo sentido indicam mais
que a convenincia, a urgncia do estudo integrado dos quatro
discursos. (CARVALHO, 1996, p. 42)
-
26
em seu conjunto, pelo propsito humano que visa a realizar.
(CARVALHO,
1996, p.41), ou seja, para melhor definir as cincias necessrio
um olhar
contextualizado para as quatro atitudes humanas ante o discurso
e para os
quatro motivos para falar e ouvir, as cincias so distinguveis,
mas no
isolveis: cada um deles s o que quando considerado no contexto
da
cultura, como expresso de intuitos humanos [...] Formam o
mapeamento
completo das comunicaes entre os homens civilizados, a esfera do
saber
racional possvel (CARVALHO, 1996, p. 42-46) Por exemplo, se
observarmos
as crenas do senso comum com essa tica, o admissvel ir diminuir
a cada
escala. Dispostas em crculos concntricos [...] a esfera prpria
de cada uma
das quatro cincias portanto delimitada pela contiguidade da
antecedente e
da subsequente. (CARVALHO, 1996, p. 46)
Quando Carvalho (1996) explica as relaes de credibilidade
dos
discursos esclarece que h uma diferena entre uma escala de
veracidade e
outra de credibilidade, isso delimita os discursos, ou seja, na
escala do
verdadeiro seu oposto seria o falso, porm na escala de crdito a
algo seu
oposto no pode ser o falso, mas deve possuir o mnimo de
credibilidade. No
se pode tomar algo determinado de falso como premissa de algo,
suas
premissas menores estaro condenadas. Dizer que algo falso
equivale a
rejeit-lo como premissa, e portanto a rejeitar sua consequncias,
isto ,
rejeitar o discurso. (CARVALHO, 1996, p. 89)
Exceto no caso da demonstrao lgica ad absurdum, nos tira do
campo da tipologia dos discursos. Na demonstrao ad absurdum, por
seu lado, o reconhecidamente falso hipoteticamente admitido como
verdadeiro, justamente para demonstrar que leva a concluses
absurdas; portanto, mesmo neste caso a credibilidade da premissa
que fundamenta a possibilidade do discurso. Assim, o minimamente
crvel plo inferior da nossa escala no corresponde ao falso, porque
o falso no minimamente crvel; incrvel, portanto est fora e abaixo
da escala de credibilidade. Se o grau mximo cabe ao absolutamente
verdadeiro, o grau mnimo corresponde ao minimamente verdadeiro,
isto , ao meramente possvel. (CARVALHO, 1996, p. 89)
No podendo tomar premissas impossveis o discurso humano
sempre
tem um objetivo real, sempre intencionado a algo, um fator real
emprico.
Este fator emprico , simplesmente, o desejo de uma certeza mxima
ou a
-
27
inconvenincia de contentar-se com uma certeza mnima; contudo
[...] a
certeza mxima nem sempre possvel, e a certeza mnima nem sempre
basta
para os fins desejados. (CARVALHO, 1996, p. 92)
Carvalho (1996) chega a uma ilustrao15 ao qual demonstra
toda
tenso que uma deciso real humana pode causar perante uma situao,
de
um lado, o discurso que tende a uma certeza mxima mas no pode
obt-la, e
o discurso que, sem necessitar de uma certeza mxima, nem tender
a ela,
pode obter algo mais do que uma certeza mnima. (CARVALHO, 1996,
p. 93)
Resumindo, nunca se parte de algo falso, pois assim no
haveria
discurso, logo, o grau de credibilidade tensional do mnimo
possvel ao
mximo certo. Eis a os quatro tipos de premissas que os discursos
podem
tomar como pontos de partida, e tambm os graus de credibilidade
a que
podem aspirar em suas concluses. (CARVALHO, 1996, p.94)
Dos Quatro Discursos, como se observa, uma maior ateno ser
dada
ao Discurso Potico, primeiro, pelo fato do recorte devido que
tenho de fazer
para o trabalho, segundo, para mostrar a importncia do discurso
potico na
formao inicial de uma pessoa e terceiro, que ser mostrado no
prximo
captulo, qual o papel dos clssicos literrios perante esse
discurso e o
significado real leitura destes.
15
(CARVALHO, Olavo. Aristteles em Nova Perspectiva. 1996,
p.93)
-
28
Carvalho (1996, p. 74) havia questionado: se o Organon, a teoria
geral
das cincias, devia ter uma lgica da imaginao antes mesmo da
lgica,
logo, a formao do sbio no deveria comear pela disciplina da
imaginao?
A resposta desta pergunta traz o propsito maior do meu trabalho,
ou
seja, sendo a potica a ponte que Olavo de Carvalho descreve, ela
a chave
para desenvolver um processo de estudo. Tendo em minha mente o
como e
o que ler, que ser abordado no captulo seguinte, falta uma
seqncia para a
leitura, uma orientao para isso.
Sabendo da importncia da disciplina da potica para a formao
intelectual e o que Carvalho entende sobre discurso potico, ou
seja:
O discurso potico parte do gosto ou dos hbitos mentais e
imaginativos do pblico e, jogando com as possibilidades que a se
encontrem, procura criar uma aparncia, um simulacro, levando o
pblico a aceitar provisoriamente como verdadeiro, por livre
consentimento, algo que se admitiu de antemo ser apenas uma fico ou
uma conveno. (CARVALHO, 1996, p. 95)
Olavo de Carvalho, basicamente, gera um fundamento para a
importncia da leitura potica na formao do indivduo. Contudo,
alcano tais
pontos para ser examinados: como seria esta disciplina da
imaginao? Como
criar esses arqutipos em nossas mentes? E qual o objetivo de
tudo isso?
Primeiramente, respondo a ltima pergunta para melhor
entendimento. A base
da minha resposta ser averiguada em Aristteles e o que esse
mestre
entendia sobre maturidade intelectual, isto , a formao de um
Spoudaios.
Spoudaios16
Spoudaios um termo aristotlico para designar um homem
intelectualmente maduro, ou seja, um indivduo com experincia o
suficiente
para no se deixar levar pelas paixes juvenis, que perante o agir
em situaes
reais pondera entre extremos absolutos que esta situao
proporciona, um
indivduo que passa da contemplao ao numa atitude dialtica,
de
16 De acordo com Carvalho (2007) significa Homem magnnimo;
maduro.
-
29
confronto consigo mesmo, para ento encontrar a verdade que est
alm dos
opostos. (CORDEIRO, Jos Nivaldo. 2002. O Desafio do Mito
Brasileiro)
Carvalho (2007) descreve com exatido a concepo aristotlica:
O que o caracteriza o domnio balanceado da razo sobre os vrios
impulsos discordantes que se agitam na sua alma. O equilbrio
tensional dos contrrios, estabilizado na forma dinmica de uma
imagem pessoal que a mesma para fora e para dentro eis o ser humano
visto na plenitude da sua perfeio terrestre, que uma vez alcanada o
abre para a contemplao do transcendente e do eterno. (CARVALHO,
Olavo. Cincia ou Palhaada? Dirio do Comrcio. 2007)
Seguindo, Carvalho (2007) explica que o Spoudaios aristotlico
a
pessoa que tornou sua alma dcil razo, que se capacita atravs
da
aceitao habitual da realidade para orientar sua comunidade para
o bem e
afirma que ningum pode guiar a comunidade no caminho do bem
antes de
tornar-se maduro no sentido de Aristteles. (CARVALHO, 2007.
Cincia ou
Palhaada?) Um exemplo de quem no segue tal caminho dado aos
lderes
revolucionrios, ou seja, intelectuais ativistas so apenas homens
imaturos
que projetam sobre a comunidade seus desejos subjetivos, seus
temores e
suas iluses pueris, produzindo o mal com o nome de bem.
(CARVALHO,
2007. Jesus e Pomba de Stalin. O Globo)
Isto tudo pode ser mais bem exposto pelo mestre de Estagira:
Cada homem julga corretamente os assuntos que conhece, e um bom
juiz de tais assuntos. Assim, o homem instrudo a respeito de um
assunto um bom juiz em relao ao mesmo, e o homem que recebeu uma
instruo global um bom juiz em geral. Conseqentemente, um homem
ainda jovem no a pessoa prpria para ouvir aulas de cincia
poltica17, pois ele inexperiente quanto aos fatos da vida e as
discusses referentes cincia poltica partem destes fatos e giram em
torno deles; alm disto, como os jovens tendem a deixar-se levar por
suas paixes, seus estudos sero vos e sem proveito, j que o fim
almejado no o conhecimento, mas ao. No far qualquer diferena o fato
de a pessoa ser jovem na idade ou no carter; a deficincia no uma
questo de tempo, mas depende da vida que a pessoa leva, e da
circunstncia de ela deixar-
17 Essas aulas se referem s reflexes sobre a conduta humana
perante situaes reais, o que Olavo de Carvalho a seguir engloba nas
cincias prticas de Aristteles: As cincias prticas dizem respeito ao
humana, ou mais genericamente, conduta humana, que Aristteles
dividia em duas partes: conduta do indivduo enquanto tal e a
conduta dele enquanto membro de uma sociedade em particular. A
distino entre a tica (ou moral) e a poltica. (CARVALHO, 1994.
Pensamento e Atualidade de Aristteles)
-
30
se levar pelas paixes perseguindo cada objetivo que se lhe
apresenta. Para tais pessoas o conhecimento no proveitoso, tal como
acontece com as pessoas incontinentes; mas para quem deseja e age
segundo a razo o conhecimento de tais assuntos altamente til.
(ARISTTELES, tica a Nicmacos, p. 19)
Reavendo o raciocnio, para responder as questes feitas anterior
ao
tpico acima feito a juno da Teoria dos Quatro Discursos,
principalmente o
potico, e o que Aristteles entende sobre maturidade intelectual,
ou melhor,
Olavo de Carvalho revela uma ferramenta que ajuda a contemplao
ou
anlise do discurso, uma poderosa arma para seu arsenal que alm
de lhe dar
a possibilidade de caracterizar e esmiuar sua leitura para
melhor absoro
nos d a possibilidade de refletir sobre uma seqncia de leitura,
isto , o
comeo de um estudo seria dado pela potica. A razo de tal seqncia
no
somente pela distino dos discursos e sua progressiva
credibilidade, mas,
principalmente, pelo conceito aristotlico de spoldaius.
A ponte que fao entre esses dois mestres que para ser um
homem
maduro necessito de experincia real dos fatos, conceitos,
evidncias,
discusses, tenses humanas, etc. que a vida me proporciona ou que
os
grandes sbios transmitem. Porm, impossvel uma pessoa ter
experincia
real de tudo, no que o conceito aristotlico queira abarcar todas
as
experincias, porm, o mnimo possvel para ser um homem
magnnimo,
logo, como alcanar o spoldaius que tanto Aristteles remetia?
Atravs da
potica que os clssicos literrios nos transmitem. atravs desta
que
possamos criar em nossas mentes o mundo do possvel, criar
referncias de
arqutipos, observamos como os grandes pensadores e seus
personagens
literrios passaram em devidas situaes, em devidas tenses,
discusses,
reais ou criadas. Situaes possveis de se suceder no nosso tempo
e espao
em escalas individuais ou de maiores repercusses. Os clssicos
literrios tm
o poder de gerar na mente humana um simulacro de experincia
real, uma
possibilidade de aes e reaes humanas. Carvalho (1996)
discorre:
A credibilidade, no discurso potico, assume portanto a forma de
uma participao consentida numa vivncia contemplativa proposta pelo
poeta. Tem credibilidade pela sua magia: faz o ouvinte participar
de um mundo de percepes evocaes, sentimentos. (p. 97-98)
-
31
Concluindo, com a conscincia de que a formao do sbio deve
comear pela disciplina da imaginao e sabendo de onde tirar o
contedo
dessa disciplina, a seguir explico como tirar e o que tirar.
CAPTULO 3 A ARTE DE LER
O captulo a seguir ser baseado na obra de Mortimer Jerome
Adler,
homem que dedicou vida em prol da arte da leitura e do estudo.
Com a
colaborao de Charles Van Doren, sintetizaram em um livro A Arte
de Ler
um feito para alcanar maior critrio e apreciao perante os
legados literrios.
Retiro da obra de Adler o que mais interessa para o devido
trabalho, isto
, como analisar um livro e classific-lo a um esquema de leitura
para cada tipo
de livro, alm dos nveis de leitura e explicaes acerca da
grande
conversao. Por conseguinte, mostrarei a ligao entre a obra de
Olavo de
Carvalho e o Spoudaios aristotlico.
Adler (1902) pressupe que seu pblico so pessoas inteligentes
habituadas a buscar na palavra escrita um maior acrscimo de
conhecimento.
Noes bsicas de vivncia da vida concreta, em sua maioria, a
humanidade
aprende por observao, experincia e necessidade, todavia, para se
adquirir o
conhecimento especulativo, a maneira mais poderosa, com certeza,
atravs
da leitura. Inicia seu livro A Arte de Ler da seguinte
forma:
este um livro para leitores e para aqueles que desejam tornar-se
leitores. Particularmente para leitores de livros. E ainda mais
particularmente para aqueles cuja principal finalidade ao ler
livros alcanar maior discernimento [...] evidente; mesmo na poca
anterior ao rdio e televiso, adquiria-se uma certa quantidade de
informaes e conhecimento atravs da palavra falada e da observao.
Mas para os inteligentes e curiosos isso nunca foi suficiente. Eles
sabiam que deviam ler tambm, e liam. (ADLER, 1902. p. 17)
Um caso aparte o que isso faz pensar: Atualmente existe o
imaginrio
imposto pela mdia, Silvia (2001) afirma que devemos se contrapor
a esse
imaginrio porque a cultura audiovisual inculta e o dever da
escola recha-
la no imit-la. Adler (1902) questiona se com os modernos meios
de
-
32
comunicao a nossa compreenso de mundo aumentou e logo responde
que
muitas vezes o excesso de fatos representa para o entendimento
um
obstculo to rduo quanto a escassez deles. Em certo sentido, ns
modernos
estamos abarrotados de fatos em prejuzo do entendimento. (ADLER,
1902, p.
18)
Por mais que determinadas leituras de diferentes formas sejam
incultas
ou cultas, so todas ativas, pois no h leitura totalmente
passiva. Para Adler
(1902) a diferena que certas leituras exigem maior labor e
outras menos.
Receber uma informao no como receber uma sentena do tribunal,
este
compara a leitura como pegar uma bola de beisebol, receber a
bola tanto
importante como arremess-la, o arremessador (o escritor)
arremessa a bola (o
escrito) para o receptor (o leitor). Este ltimo d fim ao
movimento, a nica
coisa passiva nessa ao a bola. Da mesma forma, a arte de ler
a
habilidade de captar toda espcie de comunicao da melhor
maneira
possvel. (ADLER, 1902, p. 19)
O que diferencia uma leitura de outra o objetivo que tem o
leitor
perante a escrita. o que Adler (1902) chama de metas de
leituras, uma visa
informao e outra o entendimento. A primeira dada pelo exemplo de
leitura
de jornais, revistas ou algo que nos compreendido. A segunda
meta algo
lido que ainda no nos entendido, ou pelo menos no por completo.
O que o
autor do livro quer nos ensinar que na segunda meta de leitura
necessitamos
de uma subida de patamar, alcanar o que nos no tnhamos. Isto
tudo a
primeira meta no nos d, pois j estamos em seu patamar de
compreenso
por isso no exige muito de nosso intelecto.
Outra questo importante o que Mortimer Adler entende de livro,
ou
seja, quando cursamos uma escola, uma faculdade, temos um
professor de
carne e osso presente e aprendemos ouvindo. Porm, no tempo que
no
frequentamos mais um espao que nos fornea auxlio intelectual
resta o livro,
um professor ausente. E se ainda desejarmos subir de patamar
de
entendimento, temos de saber como fazer que os livros nos
ensinem bem
(ADLER, 1902, p. 28)
Isso de os livros nos ensinarem bem ser mais bem esclarecido
nas
sistematizaes de nveis de leitura a seguir:
-
33
Os Nveis de Leitura
De forma resumida, h quatro nveis de leitura e dependendo da
meta
que o leitor faz uso determina cada nvel. De acordo com Adler
(1902) o
primeiro nvel a Leitura Elementar, ou seja, uma leitura inicial.
Seria a
passagem do estado de analfabeto para alfabetizado, quando
reconhece as
palavras na pgina. Neste nvel de leitura, a pergunta que se impe
ao leitor :
Que diz a frase? (ADLER, 1902, p. 30)
O prximo nvel a Leitura Inspecional: folheio sistemtico do
livro.
Adler (1902) cita perguntas estratgicas que devemos ser
capacitados a
responder neste nvel: de que se trata o livro?; qual a estrutura
do livro?;
quais so suas partes?; que tipo de livro ?.
O terceiro nvel se chama Leitura Analtica a qual visa sempre de
forma
ativa o entendimento e depende da complexidade do texto exige
mais ou
menos do leitor. Por fim, o quarto tipo de leitura a Leitura
Sintpica, de
acordo com Adler (1902) a mais laboriosa e ativa forma de
leitura, onde no se
limita a um livro em particular e sim vrios para onde o leitor
pode construir
uma anlise do assunto que talvez no esteja em nenhum dos livros.
(ADLER,
1902. p. 32)
Dentro dos nveis de leitura irei focar ao terceiro nvel de
leitura Leitura
Analtica. Fao isto por seguintes razes, pelo fato da leitura dos
clssicos
caracterizados pelos discursos poticos serem de melhores
proveitos
estudados em algumas caractersticas esquematizadas por Mortimer
Adler
dentro dessa modalidade. Outra razo de no precisar,
necessariamente, do
ltimo nvel de leitura Leitura Sintpica. Se utilizando do
terceiro nvel, ainda
assim, no se pode renunciar s duas primeiras Leitura Elementar e
Leitura
Inspecional, segundo Adler (1902) prprio dos nveis que os mais
altos
incluam os mais baixos.
Abaixo h um esquema dos tpicos em que Adler (1902) sistematiza
a
discusso feita em seu livro sobre a leitura Analtica. Apontarei
apenas alguns
tpicos de todos citados por achar mais cabvel no recorte do meu
trabalho,
tpicos em que mais adiante sero mais bem explicados para a ajuda
do
entendimento dos livros.
-
34
Leitura Analtica
I. A Primeira Etapa da Leitura Analtica:
Regras para Descobrir de que Trata um Livro
1. Classifique o livro de acordo com o tipo e o assunto.
(Livro
prtico ou terico).
2. Defina o problema ou os problemas que o autor tentou
resolver. (Unidade do livro)
II. A Segunda Etapa da Leitura Analtica:
Regras para Interpretar o Contedo de um Livro
1. Conhea os argumentos do autor, descobrindo-os nas
sequncias dos perodos ou construindo-os base dessas
sequncias.
2. Determine quais os problemas que o autor resolveu e quais
os
que no resolveu.
preciso saber que tipo de livro voc est lendo, e sab-lo o
mais
cedo possvel, de preferncia antes de comear a ler. (ADLER, 1902,
p. 68)
Classificar o livro de acordo com o assunto importante porque,
geralmente,
isto acontece com o primeiro contato com o livro, logo deve ser
de forma
inteligente. Outra questo que pode ser vista num pr-exame a
diferena
entre livros prticos e livros tericos. Os livros tericos nos
ensinam que
determinada coisa assim ou assado. Os livros prticos nos ensinam
como
fazer aquilo que desejamos fazer ou julgamos que devemos fazer.
(ADLER,
1902, p. 73) Aes no muitos necessrias para o entendimento do
livro, pois
so antes mesmo da leitura, porm, de muito ajuda para sua
organizao real
e imaginria dos seus estudos.
Depois de lido o livro, um exerccio de muita importncia
esclarecer a
unidade do livro ou contar em poucas palavras a histria passada.
Isto remete
diferena entre informado e esclarecido, de recordar e explicar.
Estar
-
35
informado saber simplesmente que uma coisa assim ou assado.
Estar
esclarecido saber, alm disso, do que se trata [...] diferenas
entre ser capaz
de recordar uma coisa e ser capaz de explic-la. (ADLER, 1902,
p.24)
Aristteles (1959, citado por ADLER, 1902, p. 84) nos d um
exemplo de
enunciar a unidade de um livro. Aristteles enuncia a histria do
livro Odissia,
de Homero. Demonstra como resumir uma histria em poucas
palavras
ligando as partes sem perder sentido:
Um homem afastado de sua ptria pelo espao de longos anos vigiado
de perto por Posseidon acaba por se encontrar sozinho; sucede, alm
disso, que em sua casa os bens vo sendo consumidos por pretendentes
que ainda por cima armam ciladas ao filho; depois de acossado por
muitas tempestades, regressa ao lar, d-se a conhecer a algumas
pessoas, ataca e mata os adversrios e assim consegue salvar-se.
(ARISTTELES, Arte Retrica e arte potica, traduo de Antnio Pinto de
Carvalho. So Paulo, Difuso Europia do Livro, 1959, p.305).
Adler (1902) afirma que se no capaz de descrever com detalhes
o
livro lido porque no o entendeu. S o fato de voc expor o que
leu, sendo os
argumentos, os problemas a resolver, histria transmitida ou o
que quer que
seja vindo do escritor j lhe mostra que seu entendimento
aumentou, desde a
organizao temporal e espacial em sua mente do acontecido no
livro at a
confrontao entre o escrito e a realidade do leitor. Isto so
exemplos de
exerccios para qualquer tipo de livro, o bsico para possuir o
entendimento do
que o escritor deixou para a compreenso.
A seguir tornarei mais estreito o caminho, partindo para a
literatura
imaginativa, ou seja, um tipo de leitura onde o reino da potica
predomina.
Fico
Se j sabemos como tratar de maneira inicial qualquer tipo de
livro,
agora foco o trabalho no tipo de livro ficcional. Antes de tudo,
quero demonstrar
genericamente a diferena entre literatura imaginativa e
expositiva. A primeira
seria o que chamamos de fico, transmitida atravs de prosa
narrativa, teatro,
verso, etc. e a segunda entraria no campo dos fatos reais, a
filosofia, histria,
etc. Os livros expositivos tentam transmitir conhecimento [...]
Os livros de
fico tentam comunicar uma experincia. (ADLER, 1902, p. 1997)
-
36
O que mais interessa para o devido trabalho a fico imaginativa.
Isso
pelo motivo de conter esta modalidade o contedo, pelo menos a
maioria dele,
de tal disciplina que Olavo de Carvalho nos questionou. Melhor
explicando, se
retomarmos um pouco o raciocnio, como foi dito antes, a imaginao
a ponte
para o conhecimento do real, logo, a formao de um homem
maduro
aristotlico deveria comear pela disciplina da imaginao. Adler
(1902) refora
a conjuntura que quero obter com o raciocnio, onde afirma que a
fico apela,
sobretudo para a imaginao. essa uma das razes para cham-la
de
literatura imaginativa ou de fico. (ADLER, 1902, p. 198)
Abaixo a citao onde completa a reflexo sobre o Spoudaios
aristotlico, quando demonstrei que, com os arqutipos dos
personagens e
situaes vividas que os livros de fico transmitem, o leitor
consegue uma
maior experincia para a ao no seu real, uma gama de
possibilidades para
determinada maneira de agir.
Aprendemos por experincia a experincia que adquirimos no
dia-a-dia. Assim tambm, podemos aprender atravs de experincias
vicrias, ou criadas artisticamente, que a fico produz em nossa
imaginao. Nesse sentido, poemas e narrativas no s causam prazer
como ensinam. (ADLER, 1902, p. 199)
A obra Adleriana ainda nos mostra como agir perante esta
modalidade.
De maneira vaga, mostrarei os aspectos mais importantes a tomar
diante da
fico.
Primordialmente a fico antes deleita que ensina. muito mais
fcil
deleitar-se que aprender, mas muito mais difcil saber o porqu do
deleite. A
beleza mais difcil de analisar do que a verdade. (ADLER, 1902,
p. 197)
Antes de qualquer coisa, essa citao acima traz para uma
discusso
sobre esttica, assunto que tentarei fugir ao mximo, pois no ser
necessrio
ao objetivo do trabalho. Porm, Adler (1902) retoma discusso
quando aborda
o tema sobre como criticar uma obra de fico. Isso importante
para o
trabalho porque toca na explicao de como ler esse modo. Por
exemplo:
Em outras palavras, devemos relembrar o fato bvio de que no
concordamos nem discordamos da fico. Ou gostamos dela ou no
gostamos. [...] quando criticamos as belas-letras, como a prpria
palavra sugere, consideramos principalmente sua beleza. A beleza
de
-
37
qualquer obra de arte se relaciona com o prazer que sentimos
quando a conhecemos bem. [...] quanto melhor puder discernir
reflexivamente as causas do seu prazer de ler fico ou poesia, mais
perto chegar de conhecer as virtudes artsticas da prpria obra
literria. Assim, pouco a pouco desenvolver um padro de crtica.
[...] o bom gosto em literatura quem o adquiri quem aprende a ler.
(ADLER, 1902, p. 205-206)
Resumindo, o que Olavo de Carvalho chama de sonho acordado
dirigido. Quando entra na leitura de fico, como um sonho voc se
deixa levar
pela historia onde tudo possvel, no a olha de forma rigorosa, se
no voc
acorda.
Quando voc l um romance ou pea de teatro, no tem como julgar a
verossimilhana das situaes e dos caracteres se antes no deixar que
a trama o impressione e seja revivida interiormente como um sonho.
Fico isso: um sonho acordado dirigido. Como os personagens no
existem fisicamente (mesmo que porventura tenham existido
historicamente no passado), voc s pode encontr-los na sua prpria
alma, como smbolos de possibilidades humanas que esto em voc como
esto em todo mundo. (CARVALHO, 2008. Como Ler a Bblia. Jornal do
Brasil).
Adler (1902) vai mais fundo e ainda mostra sugestes
diferenciadas para
a leitura de fico narrativa, peas e poemas. Coisas para um
estudo
minucioso, contudo, para melhor aproveitamento do tempo e para
no fugir do
foco passo a falar agora da Grande Conversao. Este termo de
Adler seria o
que os grandes pensadores deixaram de herana sobre determinado
assunto.
No uma mera opinio, mas algo que to edificante que sobrevive ao
tempo.
Existem certas opinies que resistem ao teste do tempo; passam-se
anos, sculos, e at milnios, e elas continuam sendo relevantes nas
discusses da atualidade. este conjunto de opinies que paira acima
dos debates culturais de cada poca que Adler chama de grande
conversao. A grande conversao ao mesmo tempo tanto o alimento como
o produto das grandes mentes da histria. Estas opinies persistem ao
longo das pocas porque so justamente as mais valiosas que cada
tempo produziu; e, por serem as mais valiosas, so elas justamente
que sero consideradas pelas grandes mentes de cada poca. (MAFALDO,
Lucas. 2007. O que Educao Liberal?)
Carvalho (2001) comenta que a Grande Conversao seria um
requisito bsico para todo homem comum na poca de Mortimer Adler,
por isso
que um clssico, no sentido de Adler, no sempre uma obra de
literatura:
entre os clssicos h livros sobre eletricidade e fisiologia
animal [...] clssico
no um livro para especialistas. um livro que deu origem aos
termos,
-
38
conceitos e valores que usamos na vida diria e nos debates
pblicos.
(CARVALHO, Olavo. Benfeitor ignorado, 2001)
Chegamos seguinte questo: quais livros trazem essa bagagem
cultural, essa conversao? No livro A Arte de Ler existe um
apndice de uma
lista de livros recomendados18. So esses livros que alargam a
inteligncia [...]
tipo de livro que voc deve procurar se quiser melhorar sua
capacidade de ler e
ao mesmo tempo descobrir o que de melhor se pensou e escreveu em
nossa
tradio literria. (ADLER, 1902. p. 322)
Como se observa no anexo, a lista est em ordem cronolgica, isso
para
Mortimer Adler irrelevante: o importante ter em mente que a
lista toda
avana pelo tempo afora. (ADLER, 1902, p. 325). Como o autor da
lista diz,
so livros de todos os tipos de leitura, porm, para o meu
trabalho s os de
fico imaginativa so relevantes19.
Supondo que a lista estaria de acordo com teoria dos Quatro
Discursos
de Olavo de Carvalho deveria estar primeiros os de fico, o que
nos interessa,
e assim subindo de nvel para cada discurso, criando, talvez, uma
pirmide de
credibilidade.
Contudo, o mais importante que seria de levantar a hiptese entre
a
confluncia dos sbios est conclusa. Sintetizando, a teoria dos
quatro
discursos de Olavo de Carvalho demonstra a importncia do potico
na
construo do conhecimento humano. Aristteles nos d o objetivo a
alcanar
do trabalho todo: o Spoudaios. E Adler nos mostra como se
adquirir
determinado alcance, ou seja, nos d uma lista de livros e indica
aonde achar
nesta lista os contedos para formar tal conceito de homem
aristotlico.
18
A lista esta em anexo no fim deste trabalho. 19
Uma reflexo que me surgiu foi a de porque no separar a lista de
acordo com os Quatro Discursos de Olavo de Carvalho. No a fiz pelo
simples motivo que passaria, talvez, anos para conhecer e
classificar um por um.
-
39
CONSIDERAES FINAIS
Olavo de Carvalho nos mostrou o incio de um caminho para a
formao
de um indivduo sbio, ou melhor, observou-se que a potica no gira
em torno
do falso e impossvel e sim est contida no possvel. Sendo a arte,
a literatura,
a fico o mundo da possibilidade onde varias tenses e esquemas
humanos
so transmitidos podemos nos apossar dessas vrias figurinhas
de
possibilidades de aes e reaes, situaes que atravs de grandes
obras,
personagens, expresses criadas e recriadas pelos grandes
pensadores que
oferecem aos leitores certo tipo de vacina contra determinadas
situaes,
criando influncia qualitativas em nossos juzos reais, um
respaldo notvel
perante determinadas situaes.
Tudo acima para um caminho, para se alcanar o Spoudaios, que
seria
o resultado, ou pelo menos a hiptese do trabalho. Com a teoria,
Mortimer
Adler nos d a prtica do feito, o como absorver e aonde
procurar.
Para concluir, todas essas questes trazem vrios problemas a
resolver.
Porm, no a inteno de criar um mtodo de estudo para todos, no
existe
um mtodo universal. A mente humana nunca avana em linha reta:
precisa
de interrupes e rodeios (CARVALHO, Olavo. 2004. Dicas de estudo.
Zero
Hora)
Um exemplo de problema, a moda hoje em voga de proclamar o
hbito de leitura, segundo Monir Nasser (2010) isso uma das
pragas do
Egito 20. De acordo com as teorias abordadas falta ao iniciante
uma orientao
de um sbio e ademais, como dito no incio do trabalho o ler por
ler no
elevaria a cultura do homem, quando no atrapalharia demais
estudos. Se
voc no capaz de tirar de um livro conseqncias vlidas para
sua
orientao moral no mundo, voc no est pronto para ler esse
livro.
(CARVALHO, 1996. Dirio do Comrcio) Conclui-se que muito mais
importante estimular a imaginao, abrir o horizonte do possvel,
despertar
aspiraes. E isso a arte e a fico fazem de maneira exemplar.
(CARVALHO,
1999. Educao e Conscincia). 20 Comentrio proferido por Monir
Nasser em Palestra realizada no Auditrio da ACIL (LONDRINA) por
ocasio do programa "Expedies pelo Mundo da Cultura" em Julho de
2010.
-
40
De forma genrica, adentrei um pouco a esse problema para mostrar
as
possibilidades de estudos a respeito posteriormente. E para
concluir, conheo
a difcil empreitada para atingir tal objetivo, no se alcana a
maturidade com
objetivos superficiais de possuir pensamento crtico ou formar um
cidado e
sim com dedicao e sinceridade intelectual. um longo caminho
proposto,
porm, neste caminho Carvalho (2005) declara: voc talvez ainda
seja um
ano. Mas j estar sentado sobre os ombros de gigantes.
-
41
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
ARISTTELES, Arte Retrica e arte potica, traduo de Antnio Pinto
de
Carvalho. So Paulo, Difuso Europia do Livro, 1959, p.305.
ADLER, Mortimer Jerome, 1902. A Arte de Ler. Mortimer Adler e
Charles Van
Doren; traduo de Jos Laurennio de Melo. Ed. Ver. E atual. Rio de
Janeiro,
Agir, 1974.
CARVALHO, Olavo. Aristteles em Nova Perspectiva: Introduo
Teoria
dos Quatro Discursos. Rio de Janeiro. TopBooks, 1996.
CARVALHO, Olavo. A Vocao da Inteligncia. In: Curso de
Introduo
Vida Intelectual, 1989. Rio de Janeiro, Instituto de Artes
Liberais. Disponvel
em: Acesso em: Julho
2010.
CARVALHO, Olavo. A Vocao da Inteligncia: A Essncia da Vida
Intelectual. In: Curso de Introduo Vida Intelectual, 1989, Rio
de Janeiro,
Instituto de Artes Liberais. Disponvel em:
Acesso em: Julho
2010.
CARVALHO, Olavo. Pela restaurao intelectual do Brasil. Dirio
do
Comrcio, 2006. Disponvel em:
. Acesso em Julho
2010.
CORDEIRO, Jos Nivaldo. 2002. O Desafio do Mito Brasileiro.
Disponvel
em: . Acesso em
Setembro 2010.
CARVALHO, Olavo. 2007. Cincia ou Palhaada? Disponvel em:
. Acesso em
Setembro 2010.
-
42
VEZNEYAN, Srgio. Genocdios no sculo XX, uma leitura sistmica
de
causas e conseqncias. 2009. 2v. Tese: (Doutorado) Programa de
Ps
Graduao em Psicologia Social, Instituto de Psicologia da
Universidade de
So Paulo, So Paulo, 2009.
-
43
ANEXO
1. Homero (sculo 9 A. C.)
Ilada
Odissia
2. O Antigo Testamento
3. squilo (c.525-456 A . C.)
Tragdias
Os Persas
4. Sfocles (c.495 425 A . C.)
Tragdias
Trilogia Tebana, Elektra, Os sete contra Tebas
5. Herdoto (c. 484 406 A . C.)
Histria (das guerras persas)
6. Eurpedes (c.485 406 A . C.)
Tragdias (especialmente Media, Hiplito e O banquete)
7. Tucdides (c.460 400 A . C.)
Histria da guerra do Peloponeso
8. Hipcrates (c.460 377? a. C.)
Textos mdicos
9. Aristfanes (c.448 380 A . C.)
Comdias (especialmente As nuvens, As vespas e As rs)
10. Plato (c.427 347 A . C.)
Dilogos (especialmente A repblica, O simpsio, Fedro, Apologia de
Scrates, Prot
11. Aristteles (384 322 A . C.)
Obras (especialmente rganon, Fsica, Metafsica, Sobre a alma,
tica, Poltica,
Retrica e Potica.
12. Epicuro (c. 341 270 A . C.)
Carta a Herdoto
Carta a Menoceu
-
44
13. Euclides (fl.c. 300 A . C)
Elementos de Geometria
14. Arquimedes (c.287 212 A . C)
Obras (especialmente Sobre o equilbrio dos planetas e Sobre os
corpos flutuantes)
15. Apolnio de Perga (fl.c. 240 A . C. )
Sobre as sees cnicas
16. Ccero (106 43 A . C)
Obras (especialmente Oraes, Sobre a amizade e Sobre a
velhice)
17. Lucrcio (c.95 55 A . C.)
Sobre a natureza das coisas
18. Virglio (70-19 A . C)
Obras
19. Horcio (65 68 A . C)
Obras (especialmente Odes, A arte da poesia)
20. Lvio (59 A . C. 17 D.C.)
Histria de Roma
21. Ovdio (43 A . C. 17 D.C)
Obras (especialmente Metamorfoses)
22. Plutarco (c 45 120)
Vidas dos nobres gregos e romanos
Moralia
23. Tcito (c.55 117)
Histrias
Anais
Germania
24. Nicmano de Gerasa (fl.c. 100 D.C)
Introduo aritmtica
-
45
25. Epiteto (c.60 120 DC)
Discursos
Encheiridon (manual)
26. Ptolomeu (c.100 178; fl.c 127 - 151 DC)
Almagest
27. Luciano (c.120 c.190 DC)
Obras (especialmente A forma de se escrever Histria)
28. Marco Aurlio (121 180)
Meditaes
29. Galeno (c.130 200 DC)
Sobre as faculdades naturais
30. O Novo Testamento
31. Plotino (205-270)
As novenas
32. Santo Agostinho (354-430)
Obras (especialmente Sobre o mestre, Confisses, A cidade de Deus
e A doutrina
crist)
33. A cano de Rolando (sculo XII?)
34. O anel dos Nibelungos (sculo XIII?) (A Saga dos Volsungos a
verso escandinava da
mesma lenda)
35. A saga de Burnt Njal
36. So Toms de Aquino (c.1225 1274)
Summa Theologica
37. Dante Alighueri (1265 1321)
Obras (especialmente A vida nova, Sobre a monarquia e A divina
comdia)
38. Geoffrey Chaucer (c.1340 1400)
Obras (especialmente Troilus e Criseyde e Os contos de
Cantebury)
-
46
39. Leonardo da Vinci (1452 1519)
Livro de notas
40. Nicolau Maquiavel (1469 1527)
O prncipe
Discurso sobre os primeiros dez livros de Lvio.
41. Erasmo (c.1469 1536)
O elogio da loucura
42. Nicolau Coprnico (1473 1543)
Sobre as revolues das esferas celestiais
43. Sir Thomas More (c.1483 1546)
Utopia
44. Lutero (1483 1546)
Trs tratados
Conversa de mesa
45. Franois Rabelais (c.1495 1553)
Gargntua e Pantagruel
46. Calvino (1509 1564)
Institutos da religio crist
47. Michel de Montaigne (1533 1592)
Ensaios
48. William Gilbert (1540 1603)
Sobre o im e os corpos magnticos
49. Miguel de Cervantes Saavedra (1547 1616)
Dom Quixote
50. Edmund Spenser (c.1522 1599)
Prothalamion
The Farie Queene
-
47
51. Francis Bacon (1561 1626)
Ensaios
A evoluo do aprendizado
Novo Organum
Nova Atlndida
52. William Shakespeare (1564 1616)
Obras
53. Galileu Galilei (c.1564 1642)
O mensageiro das estrelas
Dilogos sobre duas novas cincias
54. Johanes Kepler (1571 1630)
Eptome da astronomia de Coprnico
Sobre a harmonia do mundo
55. William Harvey (1578 1657)
Sobre o movimento do corao e do sangue nos animais
Sobre a circulao do sangue
Sobre a concepo de animais
56. Thomas Hobbes (1588 1679)
O Leviat
57. Ren Descartes (1596 1650)
Regras para a direo da mente
O discurso do mtodo
Geometria
Meditaes sobre a primeira filosofia
58. John Milton (1608 1674)
Obras (especialmente os Poemas curtos, Areopagitica, Paraso
Perdido e Samson
Agonistes)
59. Molire (1622 1673)
Comdias (especialmente Escola de mulheres, O misantropo, O
doente imaginrio e
Tartulf)
60. Blaise Pascal (1623 1662)
-
48
As cartas da provncia
Pensamentos
Tratados cientficos
61. Chrisitiaan Hyugens (1629 1695)
Tratado sobre a luz
62. Espinoza (1632 1677)
tica
63. John Locke (1632 1704)
Carta sobre a tolerncia
Sobre o governo civil (o segundo tratado de Dois tratados sobre
o governo)
Ensaio sobre a compreenso humana
Pensamento sobre a educao
64. Jean Baptiste Racine (1639 1699)
Tragdias (especialmente Andrmaca e Fedra)
65. Isaac Newton (1642 1727)
Princpios matemticos de filosofia natural
66. Gottfried Wilhem von Leibniz (1646 1716)
Discurso sobre a metafsica
Novos ensaios sobre a compreenso humana
Monadologia
67. Daniel Defoa (1660 1731)
Robinson Cruso
68. Jonathan Swift (1667 1745)
Dirio para Stella
As viagens de Gulliver
Uma proposta modesta
69. William Congreve (1670 1729)
O caminho do mundo
70. George Berckeley (1685 1753)
Princpio do conhecimento humano
-
49
71. Alexander Pope (1688 1744)
Ensaio sobre a crtica
Ensaio sobre o homem
72. Charles de Secondat, Baro de Montesquieu (1689 1755)
Cartas da Prsia
O esprito das leis
73. Voltaire (1694 1778)
Carta sobre os ingleses
Cndido
Dicionrio filosfico
74. Henry Fielding (1707 1754)
Joseph Andrews
Tom Jones
75. Samuel Johnson (1709 1784)
A vaidade dos desejos humanos
Dicionrio
Rasseslas
As vidas dos poetas (especialmente os ensaios sobre Milton e
Pope)
76. David Hume (1711 1776)
Tratado sobre a natureza humana
Ensaios morais e polticos
Uma investigao sobre a compreenso humana
77. Jean Jacques Rousseau (1712 1778)
Sobre a origem da desigualdade
Sobre economia poltica
Emlio
O contrato social
78. Laurence Sterne (1713 1768)
Tristam Shandy
Uma viagem sentimental pela Frana e pela Itlia
79. Adam Smith (1723 1790)
-
50
A teoria dos sentimentos morais
Ensaio sobre a natureza e as causas das riquezas das naes
80. Immanuel Kant (1724 1804)
Crtica da razo pura
Princpios fundamentais da metafsica as moral
Crtica da razo prtica
A cincia do direito
Crtica do julgamento
A paz perptua
81. Edward Gibbon (1737 1794)
O declnio e a queda do imprio romano
Autobiografia
82. James Boswell (1740 1795)
Dirio (especialmente o Dirio de Londres)
Vida de Samuel Johson
83. Antonio Laurent Lavoisier (1743 1794)
Elementos de qumica
84. John Jay (1745 1829), James Madison (1751 1836) e Alexander
Hamilton (1757
1804)
Os documentos federalistas (ao lado de Artigos da Confederao, da
Constituio dos
Estados Unidos e da Declarao de Independncia
85. Jeremy Bentham (1748 1832)
Introduo aos princpios de moral e legislao
Teoria das fices
86. Johann Wolfgang von Goethe (1749 1832)
Fausto
Poesia e verdade
87. Jean-Baptiste Joseph Fourier (1768 1830)
Teoria analtica do calor
88. Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770 1831)
Fenomenologia do esprito
-
51
Filosofia do direito
Ensaios sobre a filosofia da Histria
89. William Wordsworth (1770 1850)
Poemas (especialmente Baladas lricas, Poemas de Lucy, os sonetos
e O Preldio)
90. Samuel Taylor Coleridge (1772 1834)
Poemas (especialmente Kubla Khan e Rime of the ancient
mariner)
91. Jane Austen (1775 1817)
Orgulho e preconceito
Emma
92. Karl von Clausewitz (1780 1831)
Sobre a guerra
93. Stendhal (1783 1842)
O vermelho e o negro
A cartuxa de Parma
Sobre o amor
94. George Gordon, Lord Byron (1788 1824)
Don Juan
95. Arthur Schopenhauer (1788 1860)
Estudos sobre o pessimismo
96. Michael Faraday (1791 1875)
Histria qumica de uma vela
pesquisas experimentais em eletricidade
97. Charles Lyell (1797 1867)
Princpios de geologia
98. Auguste Comte (1798 1857)
A filosofia positivista
99. Honor de Balzac (1799 1850)
O pai Goriot
Eugnie Grandet
-
52
100. Ralph Waldo Emerson (1803 1882)
Homens representativos
Ensaios
Dirio
101. Nathaniel Hawtorne (1804 1864)
A letra escarlate
102. Alexis de Tocqueville (1805 1859)
A democracia na Amrica
103. John Stuart Mill (1806 1873)
Sistema da lgica
Sobre a liberdade
O governo representativo
Utilitarismo
A submisso das mulheres
Autobiografia
104. Charles Darwin (1809 1870)
A origem de espcies
A queda do homem
Autobiografia
105. Charles Dickens (1812 1870)
Obras (especialmente Os papis de Pickwick, David Copperfield e
Tempos difceis)
106. Claude Bernard (1813 1878)
Introduo ao estudo da medicina experimental
107. Henry David Thoreau (1817 1862)
Desobedincia civil
Walden
108. Karl Marx (1818 1883)
O capital (ao lado de O manifesto comunista)
109. George Eliot (1819 1880)
-
53
Adam Bede
Middlemarch
110. Herman Melville (1819 1891)
Moby Dick
Billy Bud
111. Feodor Dostoivski (1821 1881)
Crime e Castigo
O idiota
Os irmos Karamazov
112. Gustave Flaubert (1821 1880)
Madame Bovary
Trs histrias
113. Henrik Ibsen (1828 1906)
Peas (especialmente Hedda Gabler, Casa de bonecas e Gansos
selvagens)
114. Leon Tostoi (1828 1910)
Guerra e paz
Anna Karenina
O que arte?
23 contos
115. Mark Twain (1835 1910)
As aventuras de Huckleberry Finn
O estrangeiro misterioso
116. William James (1842 1910)
Os princpios de psicologia
As variedades da experincia religiosa
Pragmatismo
Ensaios de empirismo radical
117. Henry James (1843 1916)
Os americanos
Os embaixadores
118. Friederich Wilhelm Nietzche (1844 1900)
-
54
Assim falava Zaratrustra
Alm do bem e do mal
A genealogia da moral
A vontade de potncia
119. Jules Henri Poincar (1