Nadando para não morrer na praia O ano de 2012 foi marcado pela Olimpíada de Londres. E o Brasil mais uma vez decepcionou. Mesmo tendo o maior número de medalhas conquistadas na história, o País ficou devendo em várias modalidades. Para entender esse fato, basta descobrir mais sobre os esportes olímpicos. São vários os exemplos, mas vamos tratar do nado sincronizado. Um dos esportes mais belos dos jogos olímpicos é tratado com indiferença em nosso país. Basta ver a quantidade de locais que disponibilizam aulas da modalidade. Aqui no Rio Grande do Sul, apenas dois. Uma delas é a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que no Campus da Escola Superior de Educação Física (ESEF) oferece aulas gratuitas e abertas para a comunidade. Fomos até lá conferir uma das aulas. Sob orientação do professor Flávio meninas com idades entre 7 e 14 anos de idade, recebem instruções sobre os principais movimentos da modalidade. O professor Flávio de Souza Castro é quem coordena o projeto na instituição que atualmente recebe dentre 15 e 20 meninas que fazem treinos de acordo com suas capacidades. A única exigência para que iniciem os treinamentos é a de que saibam nadar, pois desta forma conseguirão aprimorar seus conhecimentos. Os treinos ocorrem duas vezes por semana e são divididos em duas etapas. Na primeira, que é fora da piscina, às meninas fazem alongamentos para evitar possíveis câimbras debaixo d’água. Logo após elas vão para a piscina onde, em primeiro momento são separadas de acordo com suas habilidades, para que depois sejam reunidas e façam um único treinamento. De acordo com o professor, atualmente existe perspectiva de que essas meninas cheguem ao nível de atletas olímpicas a menos que saiam do Estado e procurem escolas específicas, que em sua maioria ficam em clubes localizadas no Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. No Rio Grande do Sul, não existe nenhum campeonato da modalidade. Flávio relatou que no começo do século, os esportes aquáticos eram muito fortes no Estado, principalmente o Eduardo Oliveira Jucinara Schena pólo aquático com competições sendo disputados no Cais do Porto, e as arquibancadas ficavam lotadas. Nos anos 70 e 80, uma atleta gaúcha ganhou destaque no nado sincronizado e tentou ensinar suas técnicas, mas não obteve êxito a ponto de criar atletas olímpicos. Apesar da falta de apoio, é possível perceber no sorriso das meninas, o grande significado do esporte na vida delas. A pequena Mariana Fagundes, de apenas 9 anos, disse que “viu o nado sincronizado nas Olimpíadas e gostou” do esporte. Achou bonito e resolveu praticar. Ela faz o alongamento com disciplina de atleta profissional, como se estivesse indo para uma competição. Ela ainda não sabe, mas se quiser seguir carreira, terá que enfrentar desafios muito maiores o que aprender os movimentos básicos do esporte, como o eggbeater que é o Porto Alegre, terça-feira, 09/10/2012 Foto: Jucinara Schena Na terceira etapa do treino do dia, as meninas praticam movimentos típicos do nado sincronizado. As meninas do nado sincronizado da ESEF treinam forte mas sabem que são poucas as condições de chegar ao nível de competidor olímpico, pelo menos aqui no RS.