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ANO X N 76 MARO 2016
J O R N A L
Mesa-redonda discute os possveis caminhos para o enfrentamento
da violncia contra a mulherp. 6 e 7
Professora da Regional Gois, que j viajou cinco vezes pela ONG
Mdicos Sem Fronteiras, conta sua experinciap. 14
Em Jata, estudantes constroem parque infantil sustentvel e
vencem Olimpada de Empreendendorismop. 12
Carlos Siqueir
a
Confira nesta edio histrias de estudantes de graduao com mais de
60 anos que contribuem para que a UFG seja um espao diverso e
democrticop. 8 e 9
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2O
pini
o EDITORIAL
As experincias que podem ser compartilhadas
Universidade Reitor:
Orlando Afonso Valle do Amaral; Vice-reitor:
Manoel Rodrigues Chaves; Pr-reitor de Graduao:
Luiz Mello de Almeida Neto; Pr-reitor de Ps-Graduao:
Jos Alexandre Felizola Diniz Filho; Pr-reitora de Pesquisa e
Inovao:
Maria Clorinda Soares Fioravanti; Pr-reitora de Extenso e
Cultura:
Giselle Ferreira Ottoni Cndido; Pr-reitor de Administrao e
Finanas:
Carlito Lariucci;Pr-reitor de Desenvolvimento
Institucional e Recursos Humanos: Geci Jos Pereira da Silva;
Pr-reitor de Assuntos da Comunidade Universitria:
Elson Ferreira de Morais.
Jornal UFG Coordenadora de Imprensa:
Michele Martins; Editora:
Kharen Stecca;Editora-assistente:
Anglica Queiroz; Conselho editorial:
Angelita Pereira de Lima, Cleomar Rocha, Estael de Lima Gonalves
(Jata), Lus Maurcio Bini, Pablo
Fabio Lisboa, Reinaldo Gonalves Nogueira, Silvana Coleta Santos
Pereira, Thiago Jabur
(Catalo) e Weberson Dias (Cidade de Gois); Suplente:
Mariana Pires de Campos Telles; Projeto grfico e editorao:
Reuben Lago; Fotografia:
Carlos Siqueira; Reportagem:
Anglica Queiroz, Luiz Felipe Fernandes e Serena Veloso;
Reviso: Fabiene Batista e Bruna Tavares;
Estagirios: Wanessa Olmpio (Jornalismo);
Bolsistas: Anna Carolina Mendes (Jornalismo);
Adriana Silva, Camila Caetano e Victor Martins (Fotografia);
Impresso: Centro Editorial e Grfico (Cegraf ) da UFG;
Tiragem: 7.000 exemplares
Publicao da Assessoria de Comunicao Universidade Federal de
Gois
ANO X N 76 MARO DE 2016
ASCOM Reitoria da UFG Cmpus Samambaia
Caixa Postal: 131 CEP 74001-970Goinia GO
Tel.: (62) 3521-1310 /3521-1311 www.ufg.br www.ascom.ufg.br
[email protected]@ufg_oficial
J O R N A L
COMUNIDADE PERGUNTA
A UFG possui o projeto de moradia estudantil, coordenado pela
Pr-reitoria de Assuntos da Comunidade Universitria (Procom/UFG). O
projeto visa atender estudantes que no residem nas cidades sede das
Regionais em que cursa a graduao (Catalo, Jata, Goinia e Gois). No
caso de Goinia, para os que no residem na capital ou em cidades do
entorno (Grande Goinia), o projeto oferece vagas nas casas de
estudantes ou bolsas moradia, no valor de R$ 250,00. No interior no
existem casas do estudante e so oferecidas as bolsas moradia no
valor de R$ 240,00.Para pleitear uma vaga preciso apresentar uma
srie de documentos relacionados nos editais de bolsas estudantis,
disponveis no site da Procom/
A faculdade possui alojamento para quem quer ingressar na
Universidade?
Elson Morais, Pr-reitor de Assuntos da Comunidade
Universitria
UFG . O estudante precisa comprovar que no possui condies
prprias e familiares de se manter, incluindo pagamento de aluguel.
As inscries para 2016 vo at 20 de maio e o resultado ser divulgado
no dia 6 de junho. Alm disso, toda tera-feira ocorre na Coordenao
de Servio Social (CSS) da Procom, em Goinia, s 14 horas, uma reunio
do Projeto de Moradia, aberta a todos os interessados em pleitear
uma vaga. Esto sendo disponibilizadas, no edital 2016, o mnimo de
40 vagas para a Regional Jata, 17 para a Regional Gois e cinco para
a Regional Catalo. Em Goinia, h cinco vagas em Casas do Estudante e
150 bolsas moradia. medida que os estudantes concluem o curso, as
vagas disponveis so repassadas para outros estudantes classificados
e no contemplados com as bolsas na primeira lista de divulgao.
Michele Martins*Com esta edio, a equipe do Jornal UFG d as boas
vindas comunidade acadmica no in-cio de mais um ano letivo.
Escolhemos para a capa da primeira edio do ano, uma matria sobre
comportamento que mostra as histrias de alguns estudantes da
instituio, cuja maturidade e as ex-perincias de vida enriquecem as
relaes no con-vvio acadmico.Os universitrios com mais de 60 anos
ainda esto em nmero reduzido na UFG: so apenas 38 em um universo de
mais de quatro mil estudantes, cuja faixa etria est em torno dos 20
anos. No entanto, mui-tos jovens iro compartilhar o mesmo processo
de aprendizagem com esses senhores e senhoras que so exemplos de
fora de vontade. Esta uma realidade que evidencia uma nova
caracterstica da nossa socie-dade: com o aumento da qualidade e da
expectativa de vida da populao, temos hoje pessoas muito ativas e
produtivas, mesmo depois dos 60 anos. Isto signi-fica que temas que
contemplem a qualidade de vida da pessoa idosa ganharo cada vez
mais importncia, inclusive nos estudos desenvolvidos na
Universidade.Outro tema em destaque aqui o da violncia con-tra a
mulher. Fizemos questo de abord-lo no ms de maro, marcado pelo dia
Internacional da Mulher. Este assunto entrou na pauta do Jornal UFG
com a produo de uma mesa-redonda, em conjunto com a TV UFG e a Rdio
Universitria, reunindo importantes mulheres que hoje esto
envolvidas com o enfrenta-mento deste problema. Um problema urgente
e que, infelizmente, ainda permanece negligenciado pelos cidados e
pelos agentes pblicos, na medida em que, no atendimento vtima de
violncia, encontramos mulheres e crianas que ainda so submetidas
si-tuaes constrangedoras e de sofrimento. Esperamos que o nosso
trabalho nestes veculos de comunicao da UFG fortalea, de alguma
forma, o processo de educao e de sensibilizao da sociedade
quanto
necessidade de empoderamento das mulheres para a superao das
diferenas de gnero e da violncia.O contedo desta mesa-redonda est
disponvel na verso impressa e digital, para ser conferido,
dis-cutido e compartilhado, e pautar o debate pblico, evidenciando
uma realidade bastante complexa, cuja transformao depende da
superao de mui-tos obstculos. Vale a pena conferir a matria sobre a
experincia da professora dos cursos de Filosofia e Servio Social da
UFG Regional Gois, Ionara Rabelo, que esteve em misso auxiliando a
organizao inter-nacional Mdicos Sem Fronteiras (MSF). Com a
opor-tunidade, ela estudou as metodologias humanitrias
internacionais para a interveno junto s crianas e mulheres em
situao de violncia.Outras experincias vivenciadas pela comunidade
acadmica das Regionais tambm so destaque na edio. Como no caso dos
cinco estudantes empreen-dedores da Regional Jata que idealizaram a
cons-truo do Parque Infantil Sustentvel. Os estudantes tiveram a
iniciativa de mobilizar vrios parceiros e conseguiram entregar
populao uma soluo para o problema do descarte inadequado de pneus
usados e da falta de espaos de lazer na cidade. Por este tra-balho,
o projeto dos estudantes foi um dos vencedores da 2 Olimpada de
Empreendedorismo Universitrio da UFG. Da Regional Catalo,
destaca-se o trabalho do Ncleo de Tecnologia Assistiva (Nena) com o
desen-volvimento de prteses de baixo custo para amputa-dos, que so
produzidas com peas confeccionadas com plstico biodegradvel (PLA)
em impressora 3D. Uma iniciativa que se prope a apresentar solues s
pessoas de baixa renda.Divulgar temas de interesse pblico o
compromisso das equipes de comunicao da UFG. Desejamos uma tima
leitura destes e outros assuntos sobre a vida acadmica da
UFG!*Coordenadora de Imprensa da Ascom
www.jornalufgonline.ufg.br
Wendy Sara Silva, estudante do curso de Enfermagem da Regional
Catalo
Carlos Siqueira
Arquivo Pesss
oal
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3no existe. Existe legislao de telecomunicao, que permite, por
exemplo, as rdios piratas esta-rem legalizadas como rdios
comunitrias. A in-cluso da comunicao pblica no contedo das polticas
pblicas contribui para tornar visveis e oficializadas as
iniciativas que no so oficiais. Isso essencial para
institucionalizar a comuni-cao pblica.
Silvnia LimaDesde as incipientes prticas da comunica-o pblica
nas praas da antiga Grcia, sua funo a mesma: dar voz aos diversos
seg-mentos sociais na discusso de temas de interesse pblico.
Desvirtuada ao longo da histria, a comu-nicao pblica parece ter
condies nos tempos atuais, com o apoio da tecnologia, no s de
reaver sua verdadeira funo, mas de promover o em-poderamento. Maria
da Graa Miranda de Frana Monteiro, professora da Universidade de
Braslia (UnB), convidada a participar do Seminrio de Co-municao
Pblica e Cidadania, realizado na UFG no final de 2015, falou sobre
a nova perspectiva da comunicao pblica, onde ela praticada no
Brasil, bem como o papel dos profissionais e dos rgos pblicos nesse
contexto. Como voc define hoje a comunicao pblica?A comunicao
pblica aquela que se d no es-pao pblico e, alm da mdia e das redes
sociais, nas ruas, praas, sobre assuntos de interesse p-blico e que
visam o empoderamento. Mas no o empoderamento, por exemplo, do
professor que d a disciplina para o aluno, porque ele, como
pro-fessor, sabe mais do que o aluno. claro que ele tem uma
trajetria diferenciada, mas o aluno traz experincias, expectativas,
vivncias cotidianas prprias e o professor tem de estar atento a
isso. a que est o empoderamento: em uma viso de troca, que resgata
a essncia do termo comunica-o, que o compartilhamento de
experincias, de saberes, de conhecimentos.Onde mais est a comunicao
pblica?H trs dimenses em que se v, atualmente, a pr-tica da
comunicao pblica. No mbito governa-mental, a encontramos nos
portais de transparn-cia e nas emissoras pblicas de TV e de rdio,
ou nas agncias de notcias. A segunda dimenso so os movimentos
sociais, que tm usado a comuni-
cao pblica para se mobilizarem, para conversa-rem entre eles e
com a sociedade, pressionando-a em prol de seus direitos. A
terceira vertente, me-nos conhecida, a comunicao pblica da cincia,
que, alm da divulgao institucional sobre o que fazem os institutos
de pesquisa e as instituies de educao superior, objetiva
alfabetizar cienti-ficamente o pblico leigo. Alfabetizar a essncia
da comunicao pblica, sem imposio sobre um conhecimento ou uma viso
de mundo, mas de re-conhecimento do outro como uma fonte de saber e
de compartilhamento de conhecimentos. Qual o papel da imprensa
nesta pers-pectiva?A comunicao jornalstica precisa apresentar as
diferentes vozes e vises da sociedade. esse o fundamento da
comunicao pblica quando fala-mos no vis jornalstico. No entanto, h
uma ten-dncia no jornalismo, e isso comprovado cien-tificamente, de
as vozes oficiais terem a primazia ao falar quanto descrio da
realidade. Cerca de 70% das notcias que chegam hoje nas redaes
proveem de assessorias de comunicao. Os estu-diosos dizem que h uma
predominncia da fonte oficial, o primeiro a falar, quem a emissora
geral-mente procura. A partir dessa viso da fonte oficial que so
construdas as falas das demais vozes, no necessariamente so
daqueles que ocupam posies dominantes na sociedade. A importncia da
comunicao pblica por meio do jornalismo justamente dar primazia a
esses outros atores que hoje esto excludos, mas tm o que falar, tm
rei-vindicaes, tm viso de mundo. A senhora concorda que o exerccio
da co-municao pblica ultrapassa o conceito de meio e chega a ser
fim, no sentido de contribuir para a democratizao do pas?Concordo
plenamente. Eu trabalhei muitos anos no Ministrio das Comunicaes e
acompanhei bem de perto essa legislao, essa noo de co-municao
pblica como complemento da co-municao privada, dos grandes
detentores dos meios de comunicao, das emissoras de rdio e
televiso. Sem dvida alguma, mais do que um meio, a comunicao pblica
um fim, para mos-trar o que no mostrado normalmente. Ao tra-zer a
pblico realidades diferentes do que esta-mos acostumados a ver, ou
o que nos divulgado pelas grandes emissoras, a comunicao pblica est
permitindo ao cidado comum fazer esco-lhas, decidir seu prprio
destino. E, ao fazer essas escolhas, temos a comunicao pblica como
um fim, e no como um meio.
Ento, ela deveria estar embutida nas po-lticas pblicas?Sim, e
mais do que isso. Existe uma poltica de comunicao do pas? No
Brasil, que eu saiba,
Alfabetizar a essncia da comunicao pblica, sem imposio sobre um
conhecimento ou uma viso de mundo, mas de reconhecimento do outro
como uma fonte de saber e de compartilhamento de conhecimentos.
Entrevista Graa M
onteiroCamila
Caetano
Compartilhamento de saberes retoma essncia da comunicao
Os rgos pblicos, tanto em nvel muni-cipal, estadual ou federal,
no deveriam manter uma rede de comunicao entre si? Sem dvida,
deveria haver encontros peridicos entre os comunicadores do sistema
de governo para, no s manter atualizados os gestores de comunicao
pblica, como difundir as melhores prticas; informativos que
circulem entre todos os profissionais de comunicao que trabalham em
rgos pblicos, para saber o que cada rgo faz. Em alguns rgos, h
profissionais que se sentem totalmente isolados. Penso que deveria
existir uma rede de comunicadores pblicos, em nvel governamental,
que fizesse essas trocas de experincia.Qual o papel da universidade
na forma-o de profissionais que vo exercer a co-municao pblica?
Sobre a formao dos profissionais, a tarefa r-dua porque a nova
gerao de estudantes que che-ga s universidades, particularmente na
rea de comunicao, muito impaciente e no est habi-tuada a ler. uma
gerao imediatista, que muda de ideia muito rapidamente, se mobiliza
e se des-mobiliza com muita facilidade. Critica muito, mas pouco
receptiva crtica. uma gerao que tem muita informao, mas no reflexo
ou um posi-cionamento crtico a respeito das informaes. As
universidades passam por esse desafio de criar essa reflexo crtica
sobre a realidade e a proposta de solues para futuros
profissionais.
Como voc define o perfil do profissional que quer trabalhar na
rea?Em geral o comunicador tem que saber escrever, saber falar em
pblico e dominar as tcnicas atual-mente existentes no mercado. Para
a comunicao pblica, alm disso, ele tem que, principalmente, gostar
de gente, saber ouvir, respeitar o outro e ter a capacidade de
sentar em uma mesa e negociar, at conseguir chegar a um consenso
com o outro seu interlocutor, que pensa diferente ou tem uma posio
hierrquica diferente. articulao e o foco o coletivo. Nesse ambiente
de comunicao pblica, preciso saber que o diferente faz parte da
realidade, discutir com quem pensa de forma diferente, ouvir a
argumentao do outro, expli-citar o seu argumento e, juntos,
chegarem a uma negociao com foco na sociedade.
Ao trazer a pblico realidades diferentes do que estamos
acostumados a ver, ou o que nos divulgado pelas grandes emissoras,
a comunicao pblica est permitindo ao cidado comum fazer escolhas,
decidir seu prprio destino.
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4Pe
squi
sa Mos que ganham vidaCom o objetivo de atender demanda social,
Ncleo de Tecnologia Assistiva desenvolve prteses para amputados a
baixo custo em impressora 3D
rie de ms formaes anatmicas, afetando os membros inferiores e
superiores. Conheci o projeto de confeco das prteses robticas de
baixo custo em minha primeira visita ao laboratrio de Robtica da
UFG, a convite do professor Marce-lo Stoppa, que de certa forma,
des-pertou minha curiosidade sobre o tema, explicou Smebber Lino,
que logo depois foi convidado para par-ticipar como voluntrio e
testar um prottipo de prtese que ser cons-trudo sob medida. Por ser
o primeiro a utilizar as pr-teses, h uma grande expectativa
referente aos resultados. Espero melhorar a minha qualidade de vida
e de trabalho, ganhando assim, novos movimentos na mo direita com o
auxlio da prtese. Espero tambm melhorar a vida de muitas outras
pessoas portadoras de ne-cessidades especiais que ainda no
dispem de recursos financeiros suficientes para aquisio de uma
prtese comercial, enfatizou.IniciativaCoordenador do projeto, o
profes-sor Marcelo Stoppa, explica que a iniciativa visa atender
pessoas de baixa renda, que possuem algum membro do corpo amputado,
e que dificilmente tm condies de pagar por uma prtese, que pode
chegar a custar mais de R$ 100 mil. Me preparando para o
Ps-douto-rado em 2013, escrevi um projeto de estudo e
desenvolvimento de prteses binicas de mo a baixo custo. A ideia era
produzir prte-ses de mo para amputados, mas de forma acessvel.
Enviei o projeto a um edital do CNPq voltado para Ncleos de
Tecnologia Assistiva. Felizmente o projeto foi aprovado e recebemos
o financiamento que permitiu implantarmos o NENA, explicou o
pesquisador.No NENA so produzidos dois tipos de prteses, as
mecnicas, com as quais os movimentos so realiza-dos mecanicamente
pelo prprio corpo do usurio e as eletrome-cnicas e definitivas,
controladas eletronicamente. As primeiras so indicadas para crianas
que pre-cisam trocar de prtese confor-me vo crescendo, de acordo
com sua idade. As eletromecnicas so para adultos, que podero
utiliz- las de forma definitiva. Entretan-to, as prteses mecnicas
tambm podem ser modeladas para uso de adultos, e servir para casos
onde a pessoa tem apenas alguns dedos amputados, ou seja, mais
adapt-vel, informou Marcelo Stoppa.H uma preocupao com relao
adaptao das prteses ao cor-po, pois a maioria dos usurios as
abandonam devido aos desconfor-tos causados pelas mesmas.
Pro-curamos desenvolver projetos que sejam confortveis e
funcionais, complementou o pesquisador. Para a fabricao tambm
utilizado um filamento chamado ABS, que de-rivado do petrleo.
Segundo o co-ordenador do projeto, os filamen-tos so derretidos e
depositados em camadas muitos finas, com at 0,1 mm de altura, para
construir
as peas, camada por camada. Re-centemente compramos outra
im-pressora 3D que imprime com fila-mentos flexveis, com a inteno
de construir prteses de textura mais confortvel, semelhante maciez
da pele, como um tipo de borracha, explicou Marcelo
Stoppa.Ampliando o projetoTambm foi desenvolvido um apli-cativo
para smartphones e tablets que permite controlar a prtese. J
possvel que ela seja coman-dada por voz ou por cones na tela destes
aparelhos. Ainda no foi ini-ciado o atendimento aos usurios, pois,
alm de existir aspectos a se-rem investigados, preciso mais pessoas
com qualificao para tra-balhar na confeco das prteses, ou seja, que
saibam operar as im-pressoras e o scanner 3D, tenham conhecimento
de eletrnica, dese-nhem em 3D e gostem de trabalhos manuais,
conforme explicou o pro-fessor Marcelo Stoppa.O projeto
desenvolvido desde 2013, atualmente busca parcerias. Para atender a
demanda que sa-bemos ser grande, preciso que haja o auxlio de
empresas e da so-ciedade civil organizada. O primei-ro passo foi
dado. O nosso desejo auxiliar as pessoas, mas para isso precisamos
de ajuda para que o projeto continue, afirma o coor-denador do
projeto. Desejamos, num futuro prximo, acoplar as prteses ao usurio
de modo que os movimentos dos msculos res-tantes do brao sejam
capazes de comandar o movimento. Outras iniciativasDentro do NENA h
outras iniciati-vas que buscam favorecer pessoas com deficincia,
como o desen-volvimento de cadeiras de rodas mais baratas feitas de
tubos de PVC e mveis adaptados para de-ficientes. Todos os projetos
volta-dos para a assistncia de pessoas so de baixo custo, para
conseguir atender mais usurios. A essn-cia dos nossos projetos
auxiliar e procurar solues de baixo custo para ampliar o nmero de
pessoas atendidas, conclui Stoppa.
Wanessa OlmpioUm projeto de pesquisa desen-volvido na Regional
Catalo da Universidade Federal de Gois (UFG) produz prteses de mo
em impressora 3D. A iniciativa do Ncleo de Tecnologia Assistiva
(NENA), confecciona dispositivos com plstico biodegradvel (PLA) que
tem em sua composio deriva-dos do milho. Para que sejam
con-fortveis e se adaptem ao corpo do usurio, utilizado um scanner
3D para ajustar a prtese ao corpo de quem ir receb-la.A primeira
pessoa a testar as pr-teses ser o aluno de mestrado em Modelagem e
Otimizao do Depar-tamento de Matemtica da Regional Catalo da UFG,
Smebber Lino. O mestrando portador da Sndrome de Moebius, que causa
paralisia nos nervos faciais e provoca uma s-
Fotos: NENA
Em impressoras 3D, dispositivos so confeccionados em plstico
biodegradvel
Prteses desenvolvidas pelo projeto visam atender pessoas de
baixa renda que possuem algum membro do corpo amputado
-
5Extenso
Projeto leva educao ambiental para comunidades ruraisServios
ambientais e tcnicas de produo sustentvel so temas de material
distribudo em escolasAnna Carolina MendesNo Nordeste de Mato Grosso
h uma regio de municpios pre-dominantemente rurais conhe-cida como
Vale dos Esquecidos que abarca, entre outros, os municpios de Novo
Santo Antnio, Serra Nova Dourada, Alto Boa Vista e Bom Jesus do
Araguaia. O local uma zona de fronteira agrcola e, por isso, a
regio sofre com conflitos de terra e falta de governana, com
disputas agrrias e indgenas. Para auxiliar essa comuni-dade foi
criado o projeto de extenso O Futuro de Nossas Florestas.
Coordenado pela Organizao No-Governamental Aliana da Terra em
parceria com o Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada a Educao da UFG
(Cepae), o projeto elaborou materiais didticos, como livros e
vdeos, para educao ambiental de crianas dessas comunidades. O
projeto tambm con-tou com a parceria da Fundao Mon-santo, que
disponibilizou os recursos necessrios para a sua realizao.Para a
professora do Cepae e coor-denadora do projeto, Flvia Pereira Lima,
a maioria dos programas edu-cacionais realizados em comunidades
agrcolas so pontuais e pouco ex-pressivos. Ns queramos um projeto
de durao razovel em que realmen-te consegussemos construir alguma
coisa na comunidade, afirmou. A
proposta do projeto foi levar conhe-cimento cientfico sobre a
conserva-o da natureza para estudantes do primeiro ao nono ano do
ensino fun-damental, sob um vis relativamente novo na Ecologia,
surgido nos anos 70, o dos Servios Ambientais. Os Servios
Ambientais consistem na-quilo que ganhamos da natureza sem ela
cobrar nada em troca, informou a coordenadora. Um exemplo a
polini-zao feita pelas abelhas e pssaros e, tambm, o controle
biolgico. AesO primeiro passo foi entrar em con-tato com as
prefeituras dos munic-pios para estabelecer uma parceria. Aps a
parceria, a equipe formada pela professora Flvia Lima, pelo eclogo
Eduardo Pacfico (doutoran-do no curso de Cincias Ambientais da UFG)
e pela biloga Elisa Pereira (doutoranda no curso de Ecologia e
Evoluo da UFG), ambos da Alian-a da Terra, iam at as comunida-des
para informar as escolas sobre o projeto, que tambm contou com o
apoio de Gssica Ferreira, graduan-da em Ecologia e Anlise Ambiental
e bolsista do Programa de Bolsas de Extenso e Cultura (Probec) da
UFG. Uma ao importante realizada pela equipe foi a capacitao de 236
pro-fissionais das escolas que, por meio
de um curso puderam debater as me-lhores formas de levar o
material di-dtico para os alunos. O livro do pro-fessor tinha
propostas de como usar o material nas aulas, mas sempre
res-saltvamos que os professores deve-riam ir alm, adaptando o
contedo s suas realidades, explicou Flvia Lima. Aps o curso de
formao dos pro-fessores, todos os alunos receberam dois livros
contendo informaes, por
meio de textos ilustrados, sobre servi-os ambientais, formas
sustentveis de cultivar a terra, manejo de culturas e boas prticas
agrcolas. O material chegou s mos de 2.400 alunos dos municpios
inseridos no programa. A participao de todos os professores dos
quatro municpios superou as ex-pectativas da equipe e permitiu que
atividades fossem realizadas em to-das as turmas do ensino
fundamental. O diferencial do projeto educacional em relao aos
outros o monitora-mento feito pela equipe. Eu acredito que grande
parte da efetividade e par-ticipao dos professores se deu pela
nossa presena, explica Flvia Lima. Os professores eram auxiliados
nas atividades propostas para os alunos
e um membro da equipe era respon-svel por acompanhar o processo.
Ao final de seis meses, a equipe retornava ao municpio a fim de
avaliar os resul-tados obtidos pelo projeto. A bilo-ga Elisa
Pereira acredita que o passo mais importante que a comunidade
escolar continue realizando as aes de educao ambiental mesmo aps o
projeto finalizado. O projeto deixa de ser nosso e passa a ser
deles, afirmou.
PrmioNa rea de Humanidades, o projeto O Futuro de Nossas
Florestas recebeu o Trofu von Martius de Sustentabilida-de, da
Cmara de Comrcio e Inds-tria Brasil-Alemanha. Tambm ficou em
segundo lugar na premiao do Congresso Ecogerma, da Federao das
Indstrias do Estado de So Pau-lo (Fiesp). Quando recebemos o
pr-mio, voltamos para as cidades e pas-samos em todas as salas para
mostrar o trofu, que passou de mo em mo, contou Flvia Lima. Para
Elisa Pereira, a maior conquista do projeto ter um feedback
positivo dos professores e alunos, revelando que toda a comuni-dade
escolar entendeu e se interessou pelo programa.
Aproximadamente 2.400 alunos receberam os dois livros do
projeto
Fotos: Aliana da Terra
Trecho da cartilha que explica de forma ldica sobre os servios
ambientais
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6M
esa-
redo
nda
Pelo fim da violncia contra a mulherAscom, Rdio Universitria e
TV UFGNo primeiro semestre de 2015, a Central de Atendimento Mulher
o Ligue 180 , disque-denncia da Secretaria de Polticas para as
Mulheres da Presidncia da Repblica, recebeu mais de 32 mil ligaes.
Uma mdia de 179 telefonemas por dia relatando algum tipo de
violncia. Esse apenas um dado sobre um problema urgente e muitas
vezes negligenciado: a violncia contra a mulher. Recentemente vimos
diversas manifestaes femininas nas ruas pelos direitos das mulheres
e pelo fim da violncia contra elas. Nas redes sociais no foi
diferente. Grupos de diversas reas lanaram movimentos que ficaram
conhecidos no s na web, mas na mdia, o que fez com que muitas
mulheres comeassem a denunciar a violncia, que um dos passos para
mudar o quadro no pas. Mas sabemos que h um longo caminho a
percorrer.Para discutir formas de enfrentar to grave questo, a
mesa-redonda desta edio, ms do Dia Internacional da Mulher,
convidou a presidente do Centro de Valorizao da Mulher (Cevam),
Maria Ceclia Machado, a presidente do Conselho Estadual da Mulher
(Conem), Flvia Fernandes, e a pesquisadora e coordenadora de Aes
Afirmativas da UFG, Luciene Dias.
As denncias tm aumentado a cada dia. Isso significa que a
violncia contra a mulher aumentou ou que as mulheres tm tido mais
coragem?
Flvia Fernandes Acredito que as duas coisas: tanto a violncia no
paralisou ou diminuiu quan-to existe hoje um maior nmero de
denncias, em razo de uma srie de fatores, inclusive a aborda-gem do
assunto no Enem. Percebemos que houve um crescimento de denncias
aps a prova que pediu esse tema na redao e trouxe esse debate para
algumas esferas da sociedade onde ele ain-da no existia, como entre
os jovens. Alm disso, temos algumas campanhas, que so poucas, mas
existem, e algumas novelas que debatem o tema tambm. Sendo assim, o
que realmente tem acon-tecido que as denncias tm aumentado, mas a
violncia est longe de diminuir.Maria Ceclia Machado Vale ressaltar
que os nmeros de denncias que temos ainda no so nmeros que condizem
com a realidade, porque muitas mulheres se sentem inibidas, com
medo, e no denunciam. Muitas vezes, essa mulher pro-cura o Cevam,
outro mecanismo para sair desse crculo. Ento, mesmo com esses
nmeros exorbi-tantes que vemos no Ligue 180, existe um nmero ainda
maior de mulheres que no denunciam. muito importante que elas
denunciem.Luciene Dias Na verdade isso s mostra que a realidade
complexa, porque temos vrios fato-res interferindo no que vai ou no
mobilizar essas mulheres para a denncia. As campanhas
publici-trias, as iniciativas governamentais e no gover-namentais
tambm so muito importantes nesse processo de conscientizao, mas tem
outra coisa fundamental: fortalecer o processo de educao que
permita que essas mulheres passem a se re-conhecer como agentes de
construo de uma sociedade que respeite as diferenas de gne-ro, as
especificidades femininas e que no tolere a violncia contra a
mulher como um padro de comportamento social. O grande salto que
temos que dar investir no processo de educao para garantir cidads
que se reconheam enquanto agentes de construo de uma sociedade
melhor, mais igualitria, no sentindo de equidade mesmo, de ter a
sua diferena respeitada no espao social.O tema da redao do Enem A
persistn-cia da violncia contra a mulher na so-ciedade brasileira
gerou muita discus-so, como se fosse um assunto tabu, que no
pudesse ser discutido. Por qu?
Luciene Dias Porque so sculos de invisibili-zao desse tema.
Portanto, quando ele vem para a superfcie de discusso, muito
recorrente que as pessoas se espantem. Alguma coisa est
acon-tecendo, como que esse assunto vem luz, as-sim?. Todo mundo
reage.Maria Ceclia Machado Enquanto no tiver-mos uma educao
transparente, onde esse tra-balho de conscientizao dos nossos
jovens sobre a violncia domstica e o quanto ela prejudi-cial famlia
seja feito, estaremos sempre traba-lhando com esse grupo de
mulheres que, muitas vezes, prefere sofrer que denegrir a imagem
da
famlia. Ento ns precisamos de um trabalho de formiguinha, que v
s escolas, aos centros comunitrios, imprensa, que tire esse tabu da
violncia, que faa com que as mulheres deixem de ter medo de falar
que so vtimas e deixem de se calar por preocupao com que os outros
vo falar ou o que vo fazer a ela. Outra coisa muito sria: como vou
denunciar o homem que eu gos-to?, o pai dos meus filhos?.
Precisamos de uma conscientizao muito grande dos nossos jovens. Por
isso, o Enem trazer esse tema foi fundamen-tal, porque hoje o
assunto est sendo bem discu-tido e temos visto jovens querendo
trabalhar no combate violncia.Flvia Fernandes O Conselho Estadual
da Mu-lher est lanando dois projetos: Conem vai Es-cola e Conem vai
Faculdade. uma experincia que eu trouxe da Ordem dos Advogados do
Brasil, onde eu fui coordenadora por dois anos do OAB vai Escola,
programa que nos trouxe um feed-back excelente. Nos projetos do
Conselho vamos falar especificamente sobre a questo de gnero e
questes correlatas violncia domstica. J es-tamos fazendo o
encaminhamento de um projeto com a Secretaria Estadual de Educao e
com al-gumas universidades para levar esses projetos. fundamental
que essa violncia seja eliminada na base porque sabemos que,
infelizmente, coibir ela no topo muito difcil. Temos que mostrar
para os jovens, formadores de opinio, crianas e adoles-centes, que
fundamental que eles cresam sem o preconceito de que mulher objeto
ou proprie-dade e cientes que no possvel viver em uma sociedade
onde h violncia dentro do ambiente que deveria ser o mais seguro, o
lar.Maria Ceclia Machado Nesse momento, mui-tas vezes vocs vo
encontrar obstculos. Algu-mas escolas particulares no aceitam falar
na Lei Maria da Penha, em violncia contra a mulher, porque pode
gerar um conflito familiar. A criana que vtima, se no souber
encarar, ou vai chorar, ou vai sair da sala, ou contar para a me, e
aquilo ali vai fazer com que a criana fique vtima dentro da escola.
J encontramos escola que no permite falar de violncia contra a
mulher, um tema que hoje machuca, que deixa a nossa alma muitas
ve-zes sem saber o que fazer, principalmente com o que eu vejo
dentro do Cevam.Nos ltimos meses vimos proliferar nas redes sociais
campanhas como o #meu-primeiroassdio e #meuamigosecreto. Essas
campanhas so mesmo capazes de mobilizar a sociedade? E as
vtimas?
Luciene Dias Grandes pesquisadoras que pen-sam o feminismo e em
estratgias de combate violncia contra a mulher, defendem que na
verda-de temos que tentar criar redes de solidariedade. Essas novas
plataformas, como Twitter e Facebook, redes sociais em geral,
contribuem para que essas mulheres estabeleam efetivamente essas
redes de solidariedade. Na campanha #meuprimeiroas-sdio, por
exemplo, voc via descries acerca do primeiro assdio, desde uma
pr-adolescente, es-tudante, passando por uma empregada domsti-ca,
at atrizes globais. Ou seja, todas elas colocan-do numa mesma
plataforma uma experincia que as unia, infelizmente experincias de
violncia. Neste caso, as redes sociais cumprem o seu prin-cipal
papel na sociedade, de fortalecer essas redes de solidariedade.
Porque o desafio do Brasil, como pas, no processo de combate
violncia contra a mulher, imenso. Um estudo feito pela OMS, por
exemplo, entre 2006, ano em que foi sancionada a Lei Maria da
Penha, at 2013, com 85 pases, o Brasil figura em 5 lugar na
violncia contra a mu-lher. Ou seja, um pas muito misgino, um pas
que violenta muito suas mulheres. Se lanarmos mo dos instrumentos
que temos para fortalecer nossas redes de solidariedade, de repente
conse-guimos iniciar a cura, iniciar o tratamento por ns
Voc pode participar das prximas mesas-redondas enviando sugestes
de temas e convidados pelo telefone: 3521-1311 ou
[email protected]
Confira os vdeos do Programa Conexes no QR
Code ao lado.
-
7contra a mulher, no podemos esquecer nesse processo final as
diferenas que nos marcam. Se a realidade muito difcil para uma
mulher branca de classe mdia, ela se agrava consideravelmen-te
quando ns estamos falando de uma mulher negra, que ocupa lugares
muito bem determina-dos dentro da sociedade, quando ns estamos
falando da mulher indgena, da mulher do cam-po, da mulher
transexual, da mulher travesti... Mulheres diversas chegam nesses
espaos com as suas especificidades e so rotuladas a partir de uma
nica definio. As diferenas com que essas mulher vo lidar com a
violncia no so consideradas no momento do tratamento. No
considerando essas especificidades, voc ignora completamente que a
diferena que vai marcar a nossa existncia no mundo. a partir da
minha negritude, a partir da minha transexualidade, do meu
pertencimento tnico-racial, da minha loca-lizao geogrfica, que eu
vou me comportar como mulher, que eu vou denunciar, que eu vou
chegar ao hospital e solicitar atendimento. Portanto, o cuidado tem
que estar sustentado no respeito a essas especificidades.
Flvia Fernandes Levando para o lado legal, temos duas leis
excelentes, uma complementan-do a outra. A Lei Maria da Penha, que
veio com algumas inovaes como, por exemplo, a mulher no poder
simplesmente retirar a queixa. Ela tem que esperar todo o
procedimento, at que, na presena de um juiz, ela diga o motivo pelo
qual ela no quer dar continuidade a aquele processo. Existe a lei,
mas no vemos ela ser efetivamente aplicada. muito diferente. A lei
muito bonita
quando ela diz, por exemplo, que o homem no vai pagar mais cesta
bsica e servio comunit-rio ou quando diz que com uma medida
prote-tiva o homem vai se afastar do lar ou da mulher e vai ainda
prestar alimentos. E temos outra lei que complementa a Maria da
Penha, que a Lei do Feminicdio, que transforma o assassinato de
mulheres em crime hediondo, crime tipificado com mais rigor. O que
ainda falta instruir as mulheres sobre os seus direitos, o que me
pare-ce que no muito querido pelas autoridades, porque existem
muitas formas de se fazer isso. Quando vamos s escolas e
universidades, no queremos apenas mostrar que violncia crime,
mostramos tambm as nuances, a responsabili-zao disso.Maria Ceclia
Machado Por nome, a Lei Ma-ria da Penha a lei mais conhecida.
preciso coloc-la em prtica!
de frente, cobramos o direito da mulher, no de ser melhor que o
homem, no de travar uma luta de foras, mas de ser respeitada, to
respeitada quanto o homem. nesse sentido que ns junta-mos foras e o
Conem, o Cevam, e tantas outras entidades lutam, de forma quase que
sozinha, contando apenas uns com os outros. Lutamos pelo
empoderamento da mulher e que ela no ga-nhe 20%, 30% a menos do que
o homem no mes-mo ambiente de trabalho e exercendo a mesma funo. No
vamos deixar a mulher desamparada e enquanto pudermos, vamos lutar.
Como vocs avaliam a fase ps-denncia: exame, depoimento, acolhida?
Esse pro-cesso faz com que a mulher desista de continuar?
Maria Ceclia Machado A maioria das mulheres encontra um obstculo
muito grande que comea com quem vai busc-la, que a polcia. No
cami-nho at a delegacia, muitos policiais j desestimu-lam as
mulheres com frases como: ruim com ele, pior sem ou desiste, isso
no d em nada, que fazem com que a mulher, que j tem medo, se
en-fraquea. Assim, muitas vezes a mulher volta para casa, apanha de
novo, sofre violncia de novo. Um trabalho muito grande tem sido
feito dentro das delegacias para que quem faz esse trabalho pos-sa
fortalecer a mulher no caminhar at a delega-cia, ao chegar l, que
ela se sinta protegida, sinta que algo ser feito, que sejam dados
os encami-nhamentos para as medidas protetivas. Mesmo assim ainda
existe um obstculo muito grande e
todos ns sabemos disso: quando h o estupro. Ao chegar no
Instituto Mdico Legal, j discriminada como a mulher que foi
estuprada suja, machuca-da, passando por vergonha, desamparada ,
ainda espera horas e, depois de tudo isso, para aonde ir? O que
fazer? E os filhos que ficaram para trs? Mas ns temos trabalhado
nas delegacias para que as coisas melhorem. O ideal seria que
existisse uma equipe multidisciplinar dentro da prpria delega-cia,
onde esses exames pudessem ser feitos, onde a mulher no se sentisse
discriminada. E a mulher que apanhou e tem que ouvir: s esse
cortinho? Lava, passa um lcool. Denuncia no, desiste dis-so. E as
crianas, s vezes, vo junto, sem comer, sofrendo. Ento h um
dificultador muito grande.
Luciene Dias Muito grande mesmo. E na cons-truo dessa verdadeira
cartografia da violncia
Mesa-redonda
mesmos, nos transformando em pessoas capazes de interferir na
elaborao de polticas pblicas, porque a violncia contra a mulher no
Brasil uma questo de poltica. Enquanto os poderes ins-titudos, em
todas as esferas, no compreenderem que fundamental elaborar
polticas que inibam e depois que combatam essa violncia, teremos
esse quadro que envergonha o pas. Maria Ceclia Machado Gois ocupa o
terceiro lugar no Brasil em violncia contra a mulher. E, onde esto
as polticas pblicas? Onde e o que es-tamos fazendo? Sei que existem
pessoas tentando criar mecanismos para que possamos trabalhar em
conjunto, em rede. Porque quando falamos de mulher, a rede
arrebenta. Precisamos criar pol-ticas. Eu costumo falar que somos
as poderosas, e estamos sofrendo violncia, uma violncia que machuca
as almas. s vezes me emociono quando falo de violncia domstica
porque eu vejo chegar ao Cevam a fragilidade de uma me, com quatro
crianas, fugindo de outra cidade, depois de passar horas num posto
de gasolina, procurando algum para traz-la. Temos que prestar
socorro a todo o Estado de Gois porque somos a nica casa abri-go
que socorre mulheres em situao de violncia domstica, passando por
problemas de neglign-cia dos nossos governantes. Vemos mulheres
che-garem fragilizadas, mas acobertando seus filhos, que so os
maiores prejudicados, porque a criana vtima vai somatizar isso e,
no futuro, se isso no for bem trabalhado, essas crianas podem se
tor-nar futuras agressoras. Ento, precisamos de um fortalecimento e
eu tenho muita esperana no Co-nem para somar nessa rede.
Flvia Fernandes Estamos juntos realmente e estamos lutando para
implementar vrios proje-tos. Ns vivemos num mundo tecnolgico onde
as coisas acontecem muito rpido. Hoje voc pu-blica uma hashtag,
marca um ator de Hollywood e ele pode ver, o que antigamente era
inimagin-vel. A rapidez na comunicao nos permite ver em tempo real
o que algum publicou l do outro lado do mundo. J existem
aplicativos que voc pode fazer uma denncia e ela chega
imediata-mente onde deveria chegar. So mecanismos que devem sim ser
usados em favor dessa luta que travamos, que uma luta um tanto
quanto complicada. Ento, ns, que somos ditas as femi-nistas, somos
tidas em muitos ambientes como persona non grata porque realmente
batemos
Maria Ceclia Machado Luciene Dias Flvia Fernandes
Sei que existem pessoas tentando criar mecanismos para que
possamos trabalhar em conjunto, em rede. Porque quando falamos de
mulher, a rede arrebenta
Se lanarmos mo dos instrumentos que temos para fortalecer nossas
redes de solidariedade, de repente conseguimos iniciar a
cura...
...no possvel viver em uma sociedade onde h violncia dentro do
ambiente que deveria ser o mais seguro, o lar
Fotos: Carlos
Siqueira
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Maturidade em sala de aulaEstudantes da UFG com mais de 60 anos
superam dificuldades e provam que no h limites para a busca do
conhecimento
Luiz Felipe FernandesEntre os milhares de adolescen-tes e jovens
que ingressam a cada incio de ano na Universi-dade Federal de Gois
(UFG), esto estudantes que provam que a idade no obstculo para
cursar o ensi-no superior. O longo perodo longe dos bancos
escolares e a necessi-dade de conciliar os estudos com as
responsabilidades de uma vida adulta podem fazer da graduao um
desafio ainda maior para esses alunos.A UFG possui hoje 38
estudantes de graduao com mais de 60 anos em todas as suas
regionais 24 em Goi-nia, oito em Catalo, trs em Jata e trs na
Cidade de Gois , em cursos das mais variadas reas do conheci-mento.
No Sistema de Seleo Unifi-cada (SiSU) de 2016, 49 pessoas com mais
de 45 anos foram aprovadas em cursos de graduao da UFG. A partir de
agora vo conviver com os mais de 4 mil jovens de 18 a 20 anos que
representam a maioria dos no-vos alunos.O Jornal UFG conversou com
alguns desses acadmicos que, com a experi-ncia de vida, contribuem
para que a Universidade se estabelea como es-pao diverso e
democrtico. Em meio a diferentes trajetrias, a rotina de es-tudos
dirios, apesar de mais difcil, guarda motivos nobres: o sonho de se
formar em uma faculdade, de explo-rar novas reas ou de simplesmente
continuar aprendendo.
O sonho de uma federalEra s terminar a faxina da casa que
Raimunda corria para ler um texto. Loua da pia lavada e l estava
ela estudando pginas e mais pginas de material didtico. Foi assim,
en-tre um afazer e outro, que em 2009, Raimunda Alves da Rocha
conseguiu aprovao no vestibular para Cin-cias Sociais na UFG. Aos
72 anos, est no stimo perodo do curso.Na poca, como achava que ia
jogar dinheiro fora, falou para a filha fazer a inscrio no curso
menos concorrido. Meu objetivo era testar minha capa-cidade de
passar no vestibular de uma faculdade federal, porque eu me acha-va
muito incapaz. Qual no foi a sur-presa ao descobrir, aps ser
aprovada, que o curso de Cincias Sociais no ha-via sido o de menor
concorrncia.Raimunda terminou o ensino funda-mental em 1967. Me de
trs filhos, o retorno escola s se daria 22 anos depois, mesmo assim
para fazer ape-nas o primeiro ano do ensino mdio, interrompido com
a chegada das netas. Em 2004, fez supletivo para concluir o segundo
e o terceiro ano. Chegou a prestar vestibular para Le-tras em 2005,
tendo sido aprovada apenas na primeira fase.Mesmo com o apoio da
famlia, Rai-munda sentiu o peso dos primeiros perodos da graduao.
Para se dedi-car aos estudos, precisou abrir mo do trabalho como
massoterapeuta, para o qual voltou algum tempo depois, ape-
sar da carga horria reduzida. Sobre a relao com os colegas e os
professo-res, no tem do que reclamar.Questionada sobre a
dificuldade do curso, Raimunda no hesita: pe di-ficuldade nisso!
Principalmente Cin-cia Poltica. Ainda assim, considera que Cincias
Sociais um curso que faz pensar. Prestes a realizar o gran-de sonho
de se formar em uma facul-dade, Raimunda no tem dvidas de que o
esforo valeu a pena. Hoje eu vejo o mundo de outra forma.Da
matemtica s artes
O que Filosofia, Arte e Matemtica podem ter em comum? A resposta
ser dada em breve, no Trabalho de Concluso de Curso de Maria Nlia
Gomes, aluna de Artes Visuais, habi-litao em Artes Plsticas. Este o
l-timo ano de curso, mas no ser a pri-meira vez que a estudante de
66 anos ir concluir uma graduao pela UFG.Maria Nlia terminou o
ensino m-dio em 1971. Os 20 anos seguintes foram dedicados ao lar,
como me e esposa. Sempre atenta educao dos filhos, quando o mais
velho foi prestar vestibular, achou que tam-bm pudesse estar
preparada. A confirmao veio com a aprovao no vestibular para o
curso de Mate-mtica, no qual se graduou.J a arte a fascinava desde
a infncia e, depois de adulta, dedicou-se por Dividida entre as
tarefas domsticas e os livros, Raimunda Rocha conseguiu ser
aprovada para o curso de Cincias Sociais da UFG
Paulo Roberto e Jos Hidasi: depois da aposentadoria, o desafio
de mais uma graduao
Fotos: Carlos
Siqueira
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niversidade
conta prpria a aulas de pintura, do-minando vrias tcnicas. Maria
Nlia ento decidiu fazer uma ps-gradua-o em Filosofia da Arte. Foi a
que entendi que Matemtica, Filosofia e Arte poderiam formar uma
triangu-lao, pois elas se completam e tm muito em comum. Em 2011,
foi apro-vada para o curso de Artes Visuais da UFG como portadora
de diploma.Maria Nlia diz que s o apoio da fa-mlia no basta.
preciso ter muita garra, fora de vontade e perseve-rana para fazer
o que gosta, pois tive que dividir meu tempo entre a faculdade, a
famlia e o trabalho, e, recentemente, com as netinhas. Ela confessa
ter tido medo quanto acei-tao dos colegas, mas garante que foi
recebida com muito carinho. Sin-to-me to vontade que parece que
tenho a mesma idade dos colegas, e o mesmo se refere aos
professores, alguns deles com a idade dos meus filhos. Sinto-me em
casa!.Maria Nlia no tem pretenses de ser uma artista plstica
reconhecida, mas diz que a ideia de fazer o curso foi uma maneira
de procurar conhecer o mundo das artes de maneira aprofun-dada. O
curso corresponde a todas as minhas expectativas, tanto na teoria
como na prtica. tudo o que eu pro-curava em termos de realizao.
O colecionador de diplomasNutrio, Medicina, Direito e Biolo-gia.
Estes so apenas os diplomas de graduao que Jos Hidasi Filho
co-leciona. Soma-se a isso trs especia-lizaes, um mestrado e,
atualmente, aos 62 anos de idade, mais um curso superior:
Odontologia na UFG.Os motivos que o levaram a cursar tantas
faculdades so os mais di-ferentes e inusitados possveis. Ainda
adolescente, escolheu Nutri-o por causa das moas bonitas que
frequentavam o curso. Medici-na veio com a vocao. Direito, pela
proximidade com o ex-sogro, que era procurador de Justia. E
Biologia pela influncia natural do pai, Jos Hidasi, fundador do
Museu de Ornitologia e referncia na rea.Com uma vida acadmica e
profissio-nal to movimentada, era natural que h alguns anos,
prestes a se aposen-tar, Jos Hidasi Filho se questionasse: e
agora?. Na contramo do cio e interessado em aprender mais so-bre
sade bucal, em 2010 concorreu a uma vaga para Odontologia como
portador de diploma. Est no ltimo perodo do curso.Estudante assduo
e interessado, ele reconhece as limitaes da idade. O
ritmo de aprendizado outro, ad-mite. Jos Hidasi diz que, em sala
de aula, o choque de geraes inevit-vel, embora procure compreender
os colegas mais novos. Existe um receio natural por causa da idade.
So fases de vida diferentes. Para eles, sou um estranho no ninho,
brinca.Nada que atrapalhe mais uma realiza-o pessoal e profissional
de quem orgulho e exemplo para os sete filhos. Cursar mais uma
faculdade me tirou da ociosidade. Sinto-me til mesmo depois da
aposentadoria. Com o di-ploma de Odontologia, Jos Hidasi pensa em
ter um consultrio. Questio-nado sobre o que vem a seguir, a
res-posta no poderia ser outra: quem sabe uma especializao?.Em
busca de respostasAs Cincias Biolgicas j no respon-diam a todos os
questionamentos le-vantados por Paulo Roberto Marra. Ele se formou
em Histria Natural em 1971 e, em 2001, mesmo ten-do enfrentado um
infarto, concluiu o mestrado em Biologia pela UFG. Vinte anos
depois de obter o ttulo de mestre, decidiu ir em busca do es-tudo
do pensamento filosfico e en-trou para o curso de Filosofia da UFG
como portador de diploma.Aos 69 anos Paulo Roberto est na reta
final de mais uma graduao e no toa que destaca o esforo pessoal
como uma de suas principais caractersticas. Senti dificuldade no
primeiro perodo, depois fui me adaptando e, atualmente, tenho
mais
facilidade em relao aos contedos. Para ele, a experincia ajuda
na hora de assimilar uma leitura mais densa.Paulo Roberto conta que
a convivn-cia com os colegas harmnica e que alguns at procuram
saber sobre sua trajetria profissional e a deciso de cursar
Filosofia. A relao com os professores tambm tranquila. Al-guns me
consideram um colega, afir-ma. E mesmo com a proximidade da
concluso do curso, os bancos acad-micos permanecem em seus planos.
Futuramente, pensa em concorrer ao mestrado em Filosofia da UFG e,
as-sim, continuar os estudos na rea.Experincia enriquecedoraAs
experincias de vida levadas para a sala de aula so um diferencial
quan-do o aprendizado envolve estudantes adultos e idosos. Segundo
o professor Carlos Cardoso Silva, da Faculdade de Educao da UFG,
preciso trabalhar metodologias que valorizem essas ex-perincias
individuais uma forma de superar as dificuldades cognitivas e at
mesmo o receio que esses estu-dantes tm de no conseguir apren-der
por causa da idade.O professor avalia que a insero de idosos no
meio acadmico, alm de promover participao social, esco-larizao e
profissionalizao, repre-senta realizao e valorizao pessoal, ainda
que no atuem no mercado de trabalho. A convivncia com idosos muito
significativa no sentido huma-no, pois so pessoas que tm muita
experincia e enriquecem o grupo.
Formas de ingresso na UFG
SiSU O ingresso na UFG de estudantes com mais de 60 anos se-gue
o mesmo procedimento dos demais: o candidato usa a nota do Exame
Nacional do Ensino Mdio (Enem) para se candidatar a uma vaga pelo
Sistema de Seleo Unificada (SiSU).
Portador de diploma O Conselho de Ensino, Pesquisa, Exten-so e
Cultura (Cepec-UFG) vai discutir mudanas no Processo de
Preenchimento de Vagas Remanescentes. A proposta de resolu-o da
Cmara Superior de Graduao altera as regras atuais e prev a utilizao
das notas do Enem para estudantes concorre-rem a vagas como
portadores de diploma.
Com quatro graduaes, Jos Hidasi est na reta final do curso de
Odontologia
Para Raimunda Rocha, a graduao uma experincia transformadora
A busca pelo pensamento filosfico levou Paulo Roberto de volta
Universidade
-
rural. Para o grupo taxonmico me-lhor representado, as aves,
pudemos investigar quais eram as caracters-ticas morfolgicas, de
histria natu-ral e de histria de vida das espcies mais tolerantes
ou intolerantes pre-sena humana, relata Diogo Samia.Segundo o
estudo, as populaes de aves de reas urbanas e suburbanas so as mais
tolerantes dentre as popu-laes estudadas. Alm disso, os
pes-quisadores concluram que espcies de aves maiores so mais
tolerantes que espcies menores. Os resultados desse estudo podem
ajudar a identifi-car as espcies potencialmente mais vulnerveis a
expanso urbana e, por isso, podemos direcionar os esforos de
conservao sobre essas espcies, ressalta Diogo Samia. Segundo ele, a
pesquisa esclareceu ainda que tama-nho da ninhada, dieta e abertura
do habitat so caractersticas importan-tes para explicar o grau de
tolerncia ou intolerncia das espcies frente presena humana.
10Pe
squi
sa Maior tolerncia entre humanos e vida selvagemTrabalho o
primeiro modelo baseado em evidncias para predizer as espcies de
animais mais sensveis ao crescimento populacional humano
res estrangeiros, Shinichi Nakagawa (Universidade de New South
Wales, Austrlia) e Daniel T. Blumstein (Uni-versidade da Califrnia,
EUA).Reviso sistemticaPara desenvolver o modelo, os pesqui-sadores
realizaram uma reviso sis-temtica da literatura e uma sntese
quantitativa das evidncias acumula-das. A partir de 75 estudos
realizados ao redor do mundo com mais de 200 espcies de animais
entre elas, aves, mamferos e lagartos , eles investi-garam se as
populaes de animais de reas onde h frequente presena humana esto
tolerando ou se sensi-bilizando aos humanos. Trabalhos recentes tm
demonstrado que popu-laes de aves da Europa e Austrlia que so menos
tolerantes presena humana esto em declnio, enquanto as populaes
mais tolerantes esto aumentando de tamanho, detalha Diogo Samia.O
pesquisador explica que a tolern-cia das espcies foi avaliada a
partir da diferena entre as distncias nas quais os animais permitem
a aproxi-mao humana num local com alta e baixa presena humana, por
exem-plo, em uma cidade e em uma rea
Anglica QueirozA populao humana em todo o mundo j ultrapassou a
marca de sete bilhes de habitantes. A expanso urbana, o
desmatamento e a modernizao dos meios de loco-moo tm feito com que
seres hu-manos e animais silvestres tenham cada vez mais contato. O
problema que por serem frequentemente vis-tos como potenciais
predadores, a simples presena dos humanos pode gerar mudanas
fisiolgicas e com-portamentais em animais silvestres, tais como o
aumento do estresse e re-duo de suas atividades. Por exem-plo,
alteraes no comportamento antipredatrio dos animais silves-tres,
como a fuga, pode desencadear efeitos a nvel populacional.
Preocupados em entender como as populaes naturais esto res-pondendo
comportamentalmente
crescente presena humana, pesqui-sadores da UFG em parceria com
pes-quisadores estrangeiros, desenvolve-ram o primeiro modelo
baseado em evidncias para predizer as espcies potencialmente mais
suscetveis expanso humana, seja em reas ur-banas e suburbanas, ou
em reas na-turais e reservas. O estudo concluiu que a maioria das
populaes de aves, mamferos e lagartos residen-tes em reas onde h
maior distrbio humano so as populaes mais tole-rantes presena
humana.O trabalho, publicado na Nature Com-munications, uma das
revistas cient-ficas de maior prestgio no mundo, fruto de um
captulo da dissertao de mestrado de Diogo Samia, mestre pelo
Programa de Ps-graduao em Ecologia e Evoluo da UFG. Contri-buram
com o trabalho os professo-res da UFG, Fausto Nomura e Thiago
Fernando Rangel, e os pesquisado-
Os resultados desse estudo podem ajudar a identificar as espcies
potencialmente mais vulnerveis a expanso urbana e, por isso,
podemos direcionar os esforos de conservao sobre essas espcies
Confira na ntegra (em ingls) o artigo publicado na Nature
Comunnications
COMBATA OS MOSQUITOS PERIODICAMENTE.
S
DISQUE SADE
136
COMO DENUNCIAR
OS FOCO DO MOSQUITO?
TUDO QUE ACUMULE GUA FOCO DE MOSQUITO. ATENO.
1
Mantenha bem tampadostonis e barris de gua.
6
Encha os pratinhosde vasos de planta com
areia, at a borda.
3
Mantenha a caixa-dgua bem fechada. Coloque tambm
uma tela no ladroda caixa-dgua.
2
Lave semanalmente, pordentro, com escovas e sabo,os tanques
utilizados para
armazenar gua.
7
Outra opo para os pratinhos de vasos de planta lav-los com
escova, gua e sabo,
uma vez por semana.
4
Remova folhas, galhos etudo que possa impedir
a gua de correr pelas calhas.
5
No deixe gua acumulada sobre a laje.
8
Troque a gua dos vasosde plantas aquticas e lave-os com escova,
gua e sabo,
uma vez por semana.
9
Coloque o lixo em sacosplsticos e mantenha alixeira bem
fechada.
10
Feche bem os sacos de lixo e deixe-os forado alcance de
animais.
11
Mantenha as garrafascom a boca virada para
baixo, evitando o acmulo de gua.
13
Faa sempre a manuteno de piscinas ou fontes, utilizando os
produtos qumicos apropriados.
12
Pneus devem seracondicionados em locais
cobertos.
14
Se o ralo no for de abrir e fechar, coloque uma telafina para
impedir o acesso
do mosquito gua.
15
Coloque areia dentro de todos os cacos que
possam acumular gua.
16
No deixe gua acumulada em folhas secas e tampas
de garrafa.
18
Limpe sempre a bandeja do ar-condicionado para evitar
o acmulo de gua.
17
Os vasos sanitrios fora de uso ou de uso eventual
devem ser tampados everificados semanalmente.
19
Lonas usadas para cobrirobjetos ou entulhos devem ser
bem esticadas para evitarpoas dgua.
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
Reuben Lago
-
Pesquisa11
Os fantasmas da guerrilhaInvestigao mostra que clima de represso
da Guerrilha do Araguaia ainda assombra populao do sul do
ParSilvnia LimaA busca pela compreenso de um dado fenmeno social,
considerando-se os fatores e elementos com os quais interage e o
influenciam, o principal objetivo da pesquisa em Cincias Humanas. O
esforo para decifrar o objeto de estudo geralmente se d por meio de
uma rea temtica e suas teorias. Mas a determinao do pesquisa-dor no
exaustivo trabalho de inves-tigao e de interpretao dos fatos que
atribui o valor e o sucesso da sua abordagem. O combate a um grupo
de guerri-lheiros movido pelo ideal poltico de promover a
resistncia no campo, s margens do Rio Araguaia, entre Marab e
Xambio, sul do Par, em plena represso militar, ocorrido h 43 anos,
ainda atrai a ateno de historiadores. Primeiramente, pela
verdadeira estrutura de guerra com o uso de extrema violncia para
deter um grupo pequeno de jovens guerrilheiros em sua maioria,
uni-versitrios e profissionais gradua-dos, sem nenhuma experincia
com armas, mas resistentes ao mili-tar ostensiva. Posteriormente,
pela continuidade da opresso na regio, mesmo com o fim da
Guerrilha, que nem chegou a acontecer.
Conhecida pelos conflitos de terras, a regio do sul do Par tem
sido palco de tenses continuadas entre foras opressoras e de
resistncia desde o militarismo com destaque para o perodo da
Constituinte (1987/88) e no toa que nasce ali um dos ncleos de
criao da Unio Demo-crtica Ruralista (UDR/1986). Regis-tros
sinalizam o aumento de prticas criminosas, incluindo assassinatos
de camponeses e at de lideranas ecle-sisticas, sob o fomento da
prtica da pistolagem e da falsificao de docu-mentos. poca, prximo
dali, eclo-diu ainda o advento de Serra Pelada, maior garimpo a cu
aberto do mun-do. No entanto, o que esses fatos tm em comum com a
desconstruo da Guerrilha do Araguaia?O estudo do professor Romualdo
Pessoa Campos Filho, do Instituto de Estudos Socioambientais (Iesa)
da UFG, mostra que a partir da Guerri-lha (1975-2000) a luta pela
terra na-quela regio foi impregnada pela ide-ologia da Lei de
Segurana Nacional. As estratgias militares passaram a ter como
objetivo influenciar nos conflitos, identificando e reforando as
estruturas dos sindicatos. O refi-namento de estratgias sutis de
infil-trao e o processo de violncia ins-talado, a partir da atuao
do Servio Nacional de Inteligncia (SNI), com
destaque para a Guerra de Perdidos, que resultou na morte de um
policial, um agente do Incra e na priso de 30 camponeses, entre
1975 e 1976, j depois da Guerrilha, no seriam pos-sveis se no
houvesse o amparo do estado, afirma o professor.
Alm da bibliografia e das dezenas de viagens in loco, a
investigao dos fatos e a caracterizao geogrfica da regio foram
possveis por meio das cerca de 50 entrevistas feitas com pessoas da
regio. O trabalho que resultou no doutorado em Geografia, com vis
em Geopoltica, foi orien-tado pela professora Celene Cunha Monteiro
Antunes Barreira, do Iesa.Curi muito traumtico o ps-guerra. Famlias
vitimadas, pessoas desapa-recidas, e as foras opressivas
conti-nuando a agir, mantendo vigilncia permanente, a fim de evitar
que hou-vesse desdobramentos do movimen-to de resistncia. Passei a
perceber que o que aconteceu ps-guerrilha, para a populao local foi
pior pelo terror vivido. Todo aquele aparato para destruir a
Guerrilha permane-ceu na regio para eliminar vestgios e garantir a
ordem, sob o comando de um indivduo, Sebastio Rodri-gues de Moura,
o major Sebastio Curi. No imaginava incluir Serra Pelada na
pesquisa, que fica a 150 km da regio da Guerrilha, no entanto,
chamou-me a ateno o fato do Curi ter sido interventor em Serra
Pelada. Observei que a estrutura montada por ele no era s para
controle do ouro, mas tambm pelo mesmo mo-tivo de sua permanncia na
regio da Guerrilha, o de impedir uma possvel organizao dos
garimpeiros, cons-tata Romualdo Campos Filho.Conhecido por sua
natureza fria e perversa, e pelo poder de persuaso, Curi era do
centro de informao do Exrcito, elemento de um poder real, mas no
institucionalizado. Com o apoio de trs centenas de agentes do
Servio Nacional de Investigao (SNI), Curi comandava uma espcie de
quartel general em Serra Pelada. Sempre que tinha um conflito, ele
era o primeiro que ia para resolver a questo, um verdadeiro
coronel. De-legado prendia, Curi mandava sol-tar. Dessa forma,
acabou sendo eleito deputado federal, em 1982.
Formao continuada
A construo do trabalho cientfico em cincias humanas no se d de
forma efmera e ao acaso. Geral-mente o pesquisador segue uma li-nha
de conhecimento, eleita no in-cio de sua formao, e isso conduz ao
aprimoramento de sua linha de pesquisa. Outro aspecto importante do
estudo continuado o potencial de gerar diversos trabalhos
cient-ficos. Motivo pelo qual esse estudo ganhou fora.Enquanto
historiador, aquele fato histrico ainda sem fechamento continuava a
atrair a ateno de Romualdo Campos Filho, que h 20 anos, conclua o
mestrado dedicado ao estudo da Guerrilha do Araguaia, que resultou
na publicao do seu primeiro livro. Anos depois, foi con-vidado pelo
Ministrio da Justia e da Defesa e pelo Ministrio dos Di-reitos
Humanos, a integrar o Grupo de Trabalho do Araguaia (GTA), for-mado
por antroplogos, arquelo-gos, historiadores e familiares das
vtimas, para dar respostas ao desfe-cho do fato ocorrido no sul do
Par, entre os anos 72 e 74. O GTA contou com o apoio do Exrcito e
teve, como base, levantamentos j listados pelo Grupo de Trabalho do
Tocantins, mantido pelas famlias atingidas.O alto nvel do grupo, a
facilidade de acesso a documentos, inclusive de Guarda Nacional, e
o olhar diferen-ciado para novos fatos investigados levaram
Romualdo Campos a redi-recionar seu doutorado, j em anda-mento. Ao
retornar regio do con-flito, o pesquisador constatou a fora da
represso ainda presente, perpe-tuando srias consequncias para a
populao. Sendo assim, o ps-guer-rilha passa a ser o objeto de sua
pes-quisa. A tese, defendida h dois anos, tambm foi transformada no
livro Araguaia depois da guerrilha, outra guerra, da Editora Anita
Garibaldi. Romualdo Campos Filho membro da Comisso de Altos Estudos
do Memrias Reveladas Centro de Re-ferncia das Lutas Polticas do
Brasil (1964-1985), vinculado ao Arquivo Nacional. Na UFG, o
professor est ligado ao Laboratrio de Estudos e Pesquisas das
Dinmicas Territoriais (Laboter), ao Ncleo de Estudos e Pesquisa
sobre o Capital e ao Ncleo de Estudos Geopolticos.
Mapa de localizao dos municpios em rea de conflitoAlgumas das
lideranas populares assassinadas no sul do Par
Fotos: Arquiv
o Pessoal
-
12Ex
tens
o Estudantes da Regional Jata constroem parqueCom a ajuda de
voluntrios, ideia foi colocada em prtica em apenas uma semana e,
alm de alternativa para as crianas, foi tambm soluo para problema
ambiental Anglica QueirozMesas, quadra de futebol, t-nel,
amarelinha, balano, pisadas, burrinhos, girafas, vasos decorativos,
bicicletrio, tudo feito com pneu reaproveitado 190 pneus de trator,
carros, camionetas, carreta, motocicletas e bicicletas. Esse o
Parque Infantil Sustentvel, trabalho idealizado e executado por
cinco estudantes da Regional Jata e um dos vencedores da 2 Olimpada
de Empreendedorismo Universit-rio da UFG, realizada pelas
incuba-doras de empresas da UFG das re-gionais Goinia, Jata e
Catalo.Os estudantes fazem parte da em-presa jnior do curso de
Psicolo-gia da Regional Jata, a HUMANIZA Consultoria Jnior em Gesto
de Pessoas, e a ideia de construir um parque surgiu em uma conversa
en-tre os estudantes que decidiram se inscrever na Olimpada.
Enquanto pensavam no projeto, eles assisti-ram a uma reportagem da
TV local que informava sobre um depsito de pneus da prefeitura que
estava servindo de criadouro para o mos-quito da dengue. Decidiram,
ento, unir as duas coisas.Ficamos mais apaixonados em re-solver o
problema, que na verdade eram dois: fazer um parque para crianas
que no tinham um local pblico para brincar e amenizar o problema
dos pneus do depsito da cidade, detalha a estudante de Psicologia
da Regional Jata, Jssika Marcolino Silva.
Da teoria prticaOs estudantes contaram com a ajuda de voluntrios
para colocar a ideia em prtica e finalizar o projeto em uma semana.
Durante a implanta-o, 48 pessoas estiveram envolvi-das diretamente
com a construo fsica e mais de 40 empresas, rgos pblicos e pessoas
fsicas foram parceiros para a arrecadao dos materiais e recursos
necessrios para a construo do parque. Cada membro da equipe teve
uma funo primordial para que o parque se so-lidificasse dentro de
uma semana, destaca Maria Clara Assis.Segundo outra integrante do
grupo, Aline Carvalho, a escolha do local foi um desafio, mas o
grupo conseguiu identificar a Praa Adauto Assis, na interseco entre
trs comunida-des que possuem grande nmero de crianas e no tinham
espaos destinados ao lazer e recreao, com uma rea verde e onde j
havia uma academia e iluminao pblica, o que facilitaria a implantao
do projeto. No dia da inaugurao mais de 150 pessoas estiveram
presentes. Pais e crianas mostraram-se satisfeitos com a opo de
lazer ofertada e afir-maram nunca terem visto um local to seguro,
criativo, sustentvel e til no bairro. Poder ver todos esses
benefcios para a natureza, para as crianas, para a comunidade, para
os voluntrios e para a equipe o nosso maior resultado, comemora
Danyel-le Rodrigues.
O parque fixo e foi projetado com ajuda de trs arquitetos e um
estu-dante de arquitetura. Ficou um tra-balho bastante cuidadoso e
seguro, destaca Jssika Marcolino. Agora a prefeitura da cidade a
responsvel pela manuteno e segurana do par-que que, de acordo com a
aluna, um local bastante visitado pela comu-nidade, que aprovou a
ideia. O que fica de aprendizado que vemos que possvel fazer uma
grande mudan-a para uma comunidade em pouco tempo. E se todos
tirassem uma se-mana em prol de um projeto social?, provoca a
estudante de Psicologia.ReplicaoDe acordo com os membros do gru-po,
vrios integrantes de outras co-
munidades, de escolas e at outras cidades j procuraram a equipe
para tirar dvidas, visando implantar par-ques semelhantes em outros
locais. A equipe se prontificou a auxiliar no que for necessrio
para a replicao do projeto, afirma Jssika Marcolino.Para o grupo, o
interesse se deve, principalmente, ao fcil acesso matria-prima
(pneus) e por conta da simplicidade dos brinquedos, que podem ser
implantados desde o quin-tal de uma casa at em uma praa, como no
caso do projeto. Os pneus so resduos slidos que levam cerca de 600
anos para se degradarem. A equipe obteve sucesso ao atender ao
quesito sustentabilidade, retirando esses materiais da natureza e
trans-formando em brinquedos duradou-ros, destaca Danyelle
Rodrigues.
Os estudantes Marcos Alves dos Santos (Cincias da Computao) e
Maria Clara Assis Soares, Jssika Marcolino Silva, Danyelle
Rodrigues de Souza, Aline Carvalho Costa (Psicologia) idealizaram o
parque feito com pneus
Fotos: HUMAN
IZA
-
13Pesquisa
Atlas prope uso sustentvel de madeirasPesquisadores mapearam a
ocorrncia de 364 espcies nativas em municpios de Gois, Mato Grosso
e Distrito Federal, das quais 34 integraram o material
Fotos: Atlas E
spcies do Cer
rado
Serena Veloso O Cerrado o bioma que possui 5% da biodiversidade
de todo o planeta. Junto com a regio da Amaznia, conserva espcies
que podem ser utilizadas como matria-prima para produtos diversos.
Dentre os recursos, a madeira amplamen-te utilizada para diversos
fins, como para construo civil, a produo de mveis e de carvo
mineral. Entretan-to, a explorao convencional da ma-deira disponvel
nestes biomas, legal ou ilegal, tem gerado grandes impac-tos
ambientais.S na Amaznia, a derrubada de r-vores e a transformao em
madeira serrada para a construo civil pro-duzem entre 6,5 e 24,9
toneladas de dixido de carbono (CO) por metro cbico. J no Cerrado,
devido aos desmatamentos provocados prin-cipalmente pela
agricultura e pela retirada de madeira para a produ-o de carvo,
restam apenas 20% de sua cobertura vegetal original. Em ambos os
casos, a extrao ilegal estaria relacionada aos problemas
vivenciados nos biomas.Por isso, a explorao sustentvel ainda um
desafio a ser enfrentado para reduzir os impactos nesses
am-bientes. Conscientes da situao dos biomas, pesquisadores e
tcnicos da Escola de Agronomia da Univer-sidade Federal de Gois
(UFG), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da
Universidade de So Paulo (USP) e da Rede de Sementes do Cerrado se
reuniram em um pro-jeto para identificar e determinar a qualidade
de espcies do Cerrado e transio com a Amaznia para o
manejo florestal sustentvel. O re-sultado da iniciativa um atlas
in-dito, que rene informaes sobre 34 espcies madeireiras dos dois
biomas. O projeto teve incio h dois anos e meio, com coordenao do
Laboratrio de Qualidade de Madei-ra e Bioenergia da UFG (LQMBio) e
parceria da Embrapa Agrossilvipas-toril de Sinop, no Mato Grosso, e
do Jardim Botnico de Braslia.De acordo com o coordenador do projeto
e professor da Escola de Agronomia da UFG, Carlos Roberto Sette
Jnior, a ideia inicial era suprir a carncia de informaes sobre
es-pcies tanto do Cerrado quanto da Transio com a Amaznia com uso
potencial como matria-prima. Para o professor, o conhecimento sobre
os recursos provenientes das flores-tas contribui para a definio do
uso correto de cada espcie, segundo caractersticas que demonstram a
qualidade dessas madeiras para de-terminadas finalidades. H espcies
que so pouco conhecidas comercial-mente e a ideia que o projeto
propo-nha usos madeireiros sustentveis, por meio do manejo dos
recursos flo-restais, explica o coordenador.Caractersticas da
madeiraEntre as informaes reunidas no Atlas consta, por exemplo, a
des-crio de caractersticas aparentes como a de alguns tecidos
celulares, cor e textura, alm de propriedades fsicas, anatmicas e
energticas como a densidade aparente, dimen-ses celulares, teores
de carbono e a presena de materiais volteis e cin-zas na composio.
Tambm foram
levantadas informaes sobre os lo-cais de ocorrncia das
espcies.Alguns dos parmetros utilizados para essa caracterizao
foram o di-mensionamento da espessura, o di-metro, a largura e o
comprimento das fibras das rvores. Carlos Sette afirma que, apesar
da utilizao de tcnicas sustentveis para retirada de material para
anlise a partir de uma amostragem no destrutiva, ou seja, sem o
corte das rvores, a quantidade de informaes reuni-das no permite
definir certamente a destinao de uso de cada espcie pesquisada, mas
d um direciona-mento para possveis utilizaes.Dentre as espcies
pesquisadas, o Carvoeiro, comum no Cerrado e que, devido as suas
caractersticas ener-gticas, pode ser empregado como matria-prima
para produo de energia, como o carvo. J a sucupi-ra preta e a
tanibuca so rvores que possuem maior afinidade para usos na
construo civil. At o pequizei-ro pode ser aproveitado para esses
fins. Alm de possuir um fruto que utilizamos na culinria, a madeira
do pequizeiro tem caractersticas interessantes do ponto de vista do
uso slido para pisos, estruturas de telhado e na construo civil de
ma-neira geral, sugere Carlos Sette.
Conhecimento de espcies alternativas pode contribuir na explorao
sustentvel
A falta de planejamento para ex-plorao dos recursos naturais da
floresta sem que haja o manejo apropriado das reas nativas uma das
causas dos desmatamentos nos biomas da Amaznia e do Cerrado e do
desenvolvimento de uma cadeia produtiva sem a priorizao da
sus-tentabilidade. Segundo estimativa do Instituto Brasileiro do
Meio Am-biente e dos Recursos Naturais Re-novveis (Ibama), entre
43% e 80% da produo madeireira amaznica considerada ilegal. Alm da
extra-o ilegal, o consumo intensivo de determinadas espcies
tradicionais, preteridas para a produo de ma-teriais diversos, como
o caso do mogno, bastante procurado para fa-
bricao de mveis, uma das ame-aas na preservao das florestas.
A mudana no perfil de explorao da madeira, com a incluso na
cadeia produtiva de espcies alternativas que possuem propriedades
seme-lhantes s tradicionais, apontada atualmente como uma sada para
reduzir a predao de algumas es-pcies nativas e para tornar o uso da
matria-prima sustentvel. Segundo Carlos Sette, os dados disponveis
no atlas contribuem para compreender o comportamento das espcies
ma-deireiras e demonstram a diversi-dade contida nos dois biomas
com potencial para serem incorporadas ao projeto de extrao
sustentvel.
FiscalizaoO coordenador do projeto avalia que a identificao
dessas espcies, alm de possibilitar a construo de conhecimentos
sobre usos susten-tveis da madeira desses dois bio-mas, tambm pode
ser ferramenta eficaz para contribuir no trabalho de monitoramento
e fiscalizao das reas onde so retiradas esp-cies madeireiras,
sobretudo aque-las extradas ilegalmente. Segundo Carlos Sette,
poucos laboratrios no pas so capacitados para fazer esse tipo de
identificao, ferra-menta necessria aos rgos fisca-lizadores para
realizar apreenses efetivas a partir do reconhecimento de espcies
cuja retirada proibi-da. Descrevemos algumas espcies e demos
condies para que rgos como o Ibama ou a Polcia Federal, ao
apreender uma carga de madeira transportada nas rodovias, possam
olhar para aquela madeira e chegar a uma definio de gnero e
esp-cie, comenta.
Material extrado das espcies foi encaminhado para o LQMBio, onde
foram feitas anlises da qualidade da madeira
Pesquisadores e tcnicos da UFG, USP e Rede de Sementes do
Cerrado participaram do projeto
O documento do Atlas est disponvel para download gratuito no
site do LQMBio
-
14Re
gion
ais Professora relata
experincia na ONG Mdicos Sem FronteirasIonara Rabelo, da
Regional Gois, j atuou cinco vezes junto organizao e esteve na
frica, Oriente Mdio e Amrica do Sul
Weberson DiasA psicloga e professora dos cursos de Filosofia e
Servio Social da UFG Regional Goi-s, Ionara Rabelo, retornou no
in-cio deste ano da viagem a Turquia e Sria, pases onde esteve em
mis-so auxiliando a organizao inter-nacional Mdicos Sem Fronteiras
(MSF). Essa a quinta viagem que a professora faz pela entidade a
pa-ses nos quais a crise humanitria j uma realidade. Ionara Rabelo,
que j esteve no Oriente Mdio, Turquia, Sria e Libria, relata que o
trabalho voluntrio algo que modifica a per-cepo do mundo. Segundo a
professora, fazer parte da UFG Regional Gois um estmulo para
estudar as metodologias huma-nitrias internacionais para a
inter-veno junto s crianas e mulheres em situao de violncia.
Segundo ela, a Universidade autoriza sempre que ela faz o pedido de
afastamento
para outro pas e, na volta, ela pode ento produzir reflexes
tericas por meio de artigos cientficos ou captulos de livros.
Vinculado com a produo do saber, compartilho mi-nhas experincias
com os alunos e crio novas perspectivas de trabalho junto a eles,
detalha.O trabalho voluntrio, de acordo com Ionara Rabelo, algo que
modi-fica a percepo do mundo e o maior desafio se perceber fazendo
parte da histria e ajudando a alterar sua escrita, talvez para
construir em conjunto um mundo melhor. Quan-do estamos l, como
profissionais, cuidamos pensando no outro. Nosso compromisso de
construirmos jun-tos. A Mdicos Sem Fronteiras me ajudou a ampliar
minha perspectiva de compromisso social, de imagi-nar que o mundo
pode ser melhor e que eu contribuo com uma pequena parte, no
importa em que ponto do mundo eu esteja, afirma.
O atendimento ao longo de vrios meses de uma menina sria de
qua-tro anos de idade foi uma das expe-rincias mais marcantes para
Ionara Rabelo. A professora recorda-se que, durante a guerra e sem
energia el-trica, a casa da criana pegou fogo e ela perdeu sua irm
gmea. S res-tou ela, a me, a irm de cinco anos, o pai e o av. No
mesmo incndio, a criana teve 90% do corpo quei-mado e seus ossos
dos ps ficaram totalmente deformados, tamanha a gravidade das
queimaduras.Por muitos meses, a criana ficou internada, passando a
ter medo da equipe mdica e horror a hospitais. Por causa disso,
quando chegamos ao pas, tivemos que prepar-la para a prxima
cirurgia. Com o auxlio da me, consegui construir o vnculo de
confiana com a menina. Entre as estratgias adotadas por mim
es-tavam a ludoterapia e as massinhas de modelar, sempre com apoio
da me e da irm um pouco mais velha que ela. Sentvamos juntas no cho
e brincvamos durante as sesses, ge-ralmente brincadeiras que
envolviam cuidados, relata. Nessas sesses a professora descobriu
que a criana destrua todos os presentes novos que ganhava, como
forma de voltar para a casa incendiada. Ela tambm se mostrava
irritada o tempo todo,
no se alimentava nem dormia direi-to, sempre chorava antes do
banho, no deixava ningum tirar a meia dos ps e no permitia que
ningum os la-vasse, completa Ionara Rabelo.A professora explica que
a menina so-fria muito quando tinha que fazer exa-mes e passar por
consultas. Foram vrias sesses at que pudesse aceitar novas
brincadeiras, novos ambientes, uma nova perspectiva de vida. Foi em
uma dessas sesses que trabalhei o cuidado dela com a boneca,
brincva-mos que a boneca iria precisar de uma cirurgia no p. Na
preparao para a cirurgia a me nos explicava como a boneca poderia
se sentir mais segu-ra. Pusemos o hijab (vu que cobre a cabea das
muulmanas) na boneca, enfaixamos a perna, colocamos talas feitas de
lpis de cor e, em uma folha, desenhei o Raio-X e brincamos que
iramos fazer a cirurgia na boneca. Ao voltar para casa, orientei a
criana que ela e a irm mais velha deveriam criar brincadeiras, mas
que a boneca no poderia sair da cama por dois dias, at voltar para
a sesso. Com isso, a pequena sria comeou a se preparar para o longo
processo de recuperao cirrgica que ela teria que enfrentar,
aprendeu a confiar na equipe mdica e a dar limites de como toc-la,
relata a professora. Isso fantstico, emocio-no-me s de lembrar,
conclui.
Mdicos Sem FronteirasA organizao humanitria internacional Mdicos
Sem Fronteiras (MSF) foi criada em 1971, na Frana, por jo-vens
mdicos e jornalistas, que atuaram como volunt-rios no fim dos anos
60 em Biafra, na Nigria. No Brasil, a Mdicos Sem Fronteiras (MSF)
chegou em 1991. A en-tidade independente e comprometida em levar
ajuda s pessoas que mais precisam.
A menina e a boneca
Para saber mais acesse o site da ONG
No trabalho, a professora sempre tenta desenvolver metodologias
novas, que envolvem sobreviventes de pases em conflito ou vtimas de
violncia
Para Ionara Rabelo, cada pas uma nova e diferente experincia,
sempre com algo a aprender
Fotos: Arquiv
o Pessoal
-
15U
niversidade
ARTIGO
Ravi Passos, Mateus Sperandio, Lina Lopes, Cleomar Rocha e Hugo
Nascimento*
Perspectivas interativas contemporneas
Nesta mesma direo a UFG se ins-trumentaliza, a partir do Media
Lab, na construo deste conceito con-temporneo de sociedade
interativa e conectada, com o olhar frente, para onde se vislumbra
o devir. Com uma srie de projetos que vo desde a eco-nomia criativa
at a nova concepo do projeto museogrfico do Museu Casa de Cora
Coralina, na Cidade de Gois, a equipe multidisciplinar de
pesquisadores do Media Lab protago-niza a reinveno do modus
operandi da sociedade contempornea. O Mu-seu Casa de Cora Coralina
receber, a partir de abril, projees e ambien-tes interativos como
parte de uma reformulao de seu conceito: uma experincia com a
poesia de Cora. Cinco ambientes sero reformulados, ampliando a base
sensvel da visita e incorporando a poesia como base essencial para
compreender a poeti-sa goiana. A casa no mais somen-te para ser
vista, ela ser poetizada e entregue experincia com seu ma-terial
mais rico: a poesia.Compreendendo e atuando neste novo contexto
sociocultural, o Media Lab produz e discute o nosso tempo. Isso
feito com a participao de pes-quisadores renomados e envolvendo
estudantes de iniciao cientfica do ensino mdio e da graduao, da
es-pecializao, do mestrado, do douto-rado e do ps-doutorado. Em
maio de 2016, o Media Lab organizar mais uma edio do Simpsio
Internacio-nal, abrindo suas portas e mentes para um exerccio denso
de mapear a rea, prospectar futuros e abraar o mundo. Saiba
mais:Media Lab/UFG: www.medialab.ufg.brSIIMI 2016:
siimi2016.medialab.ufg.br* Integrantes da equipe do Labora-trio de
Pesquisa, Desenvolvimento e Inovao em Mdias Interativas da UFG
(Media Lab/UFG)
Seja no caixa eletrnico de um ban-co, no smartphone ou na
utilizao das chaves de um novo modelo de automvel, a vida
contempornea est cada vez mais mediada por dispositi-vos
interativos. Nos ltimos trinta anos, observou-se a migrao de um
mundo repleto de objetos manipulveis para objetos e informaes
orientados pela interatividade, orquestrados pelas tecnologias das
interfaces. Viso com-putacional, sensores de gestos e movi-mentos,
interfaces grficas e resolues em ultra alta definio fazem parte do
arsenal tecnolgico que o incio do s-culo XXI estabeleceu como sua
marca. A miniaturizao dos componentes eletrnicos, a reduo dos
custos de fabricao e a computao nas nuvens so foras propulsoras
deste fenmeno que, aliado Internet das Coisas, repen-sam as
funcionalidades dos objetos do mundo ao alcance do usurio por meio
de pequenos dispositivos pervasiva-mente presentes no cotidiano das
pes-soas. So cmeras e sensores atentos e vidos por aes
desencadeadas por usurios. Os sistemas computacionais so os
gerentes desse tempo, tendo as interfaces como elementos fundantes
da experincia neste modelo. Em telas, dispositivos e gadgets, o
futuro desve-lado em cada nova concepo de obje-tos comunicantes.Em
funo disso, os prprios museus, instituies tradicionalmente
empe-nhadas no resgate histrico, tm se transformado. O Museu do
Futuro, em Linz, na ustria, o Museu da Lngua Portuguesa, em So
Paulo, e ainda, o recm inaugurado Museu do Amanh, no Rio de
Janeiro, so exemplos de uma nova proposta expogrfica no mais
baseada na apresentao de um passado, mas de uma experincia com este
passado por meio de dispositivos interativos. E a relao no
conduzi-da pelo olhar, como ocorria at ento. O espectador convidado
a estabele-cer conexes com novas camadas de informao. Mesmo que o
contedo museogrfico seja o passado, ele pro-jetado em moldes
contemporneos. H, ainda, as experincias que no se calam na
visualizao de peas antigas ou nicas, mas que vislumbram nosso tempo
e at o futuro.
Victor Martin
sReuben Lago
CAMINHOS DA PESQUISA
Programa de Bolsas de Licenciatura apresenta novidades
Anglica QueirozA identidade do Programa de Bol-sas de
Licenciatura (Prolicen) foi debatida no ano de 2015 na UFG,
envolvendo o Comit Assessor do Prolicen, a Pr-reitoria de Gradu-ao
(Prograd) e a Pr-reitoria de Pesquisa e Inovao (PRPI). Em vi-gor
desde 1980, o programa vinha perdendo prestgio entre os estu-dantes
da licenciatura, o que mo-tivou as discusses visando,
prin-cipalmente, recolocar o Programa em seu lugar de iniciao
cientfica, uma vez que ele financia pesquisas que tenham vinculao
com a edu-cao bsica. O novo edital, publicado em dezem-bro de 2015,
apresenta mudanas que aproximam o Prolicen de outros programas de
iniciao cientfica na UFG, especialmente no que tange ao
Mudanas no edital aproximam o Prolicen dos demais projetos de
iniciao cientfica da UFG, mas mantm sua identidade
processo de avaliao e seleo dos projetos contemplados com bolsa.
Desta forma, espera-se que o Prolicen possa despertar o interesse
de pro-fessores e estudantes das licenciatu-ras e ampliar o alcance
do Programa em todas as Regionais da UFG.Coordenadora de
Licenciatura e Educao Bsica da UFG, Miriam Fbia Alves explica que,
com as ade-quaes, o Prolicen includo no Programa Institucional de
Iniciao Cientfica e torna-se semelhante ao Pibic/Pivic, mantendo
sua identida-de como programa que visa inser-o dos estudantes da
licenciatura na pesquisa, mas tambm na produ-o de conhecimento
sobre a educa-o bsica, locus de atuao dos fu-turos licenciados.
Assim, o Prolicen integra a iniciao cientfica da UFG, mantendo seus
objetivos e identida-de, observa.
O ProgramaNa UFG, o Prolicen representa um esforo institucional
na poltica de formao inicial de professores, uma vez que financia
65 bolsas para os estudantes das licenciaturas. Em conjunto com
outras iniciativas do Governo Federal, como o Programa de Iniciao
Docncia (Pibid) que visa introduzir o licenciando no contexto de
sala de aula, participando de projetos pedaggicos em escolas da
rede pblica de ensino, o Prolicen atua diretamente na qualidade da
formao ofertada nas licenciaturas, pois incentiva a participao de
estudantes, por meio de concesso de bolsas, em pesquisas envolvendo
a educao bsica.
O Jornal UFG no endossa as opinies emitidas nos artigos, por
serem de inteira responsabilidade de seus autores.
-
16Ex
tens
o
Xeque-matepedaggicoApesar da pouca divulgao, esporte incentiva o
raciocnio lgico e a concentrao de estudantes
Fotos: Adrian
a Silva
Anna Carolina MendesMelhorar o raciocnio lgico e desenvolver
habilidades do aluno na resoluo de pro-blemas sob presso, alm de
apri-morar a agilidade de pensamento. Foi pensando nisso que o
diretor da Faculdade de Direito da UFG, profes-sor Pedro Srgio dos
Santos, resol-veu criar na unidade a disciplina In-troduo ao
Xadrez. Ministrada pelo prprio diretor, a disciplina oferta-
da como ncleo livre, possibilitando que alunos de outras
unidades aca-dmicas tambm possam curs-la. Segundo Pedro Srgio dos
Santos, a interdisciplinaridade do jogo um dos ganhos, pois os
estudantes po-dero aprender noes de tticas e estratgias que os
ajudaro a pensar de forma crtica e elaborar formas diferentes de
resoluo de conflitos em seus futuros profissionais.Nosso objetivo
no a formao
de jogadores em alto nvel, mas in-troduzir o xadrez na vida do
aluno que no conhece nada do universo desse jogo, esclarece Pedro
Srgio dos Santos. Na disciplina, os alunos aprendem sobre o
desenvolvimento do jogo ao longo da histria e a rela-o entre o
xadrez e outras reas do conhecimento, como Histria, Artes, Cinema e
Psicologia. A meta no final do curso deixar o aluno apto a jo-gar e
se inserir nesse mundo, expli-ca. Para o professor, o Brasil, ainda
que timidamente, tem introduzido o xadrez nos ensinos fundamental e
mdio como ferramenta pedaggica, aumentando a capacidade de
con-centrao e o raciocnio dos alunos.Federao de XadrezCriada em
1981, a Federao de Xa-drez do Estado de Gois divulga o xadrez no
Estado, realizando par-cerias com o meio escolar e acad-mico, ao
promover campeonatos do jogo. Estamos preocupados com o fomento da
atividade. Incentivamos
o xadrez desde a escola at a uni-versidade, explica Renato
Genovesi, vice-presidente da Federao. Ele acredita que o xadrez um
agente facilitador no meio educacional, au-mentando a capacidade de
racioc-nio e de aprendizagem. Mesmo com as dificuldades de divulgao
do es-porte, Renato Genovesi acredita que a Federao tenha
conseguido in-centivar o xadrez em Gois. Temos conseguido divulgar
e promover o xadrez no ambiente escolar, afirma.
SimultneaUma das parcerias realizadas en-tre a Federao e a
Faculdade de Direito resultou na I Simultnea de Xadrez, em dezembro
de 2015. O evento teve a participao do mes-tre internacional de
xadrez Leandro Perdomo, que jogou partidas simul-tneas com 16
pessoas. A estudante de nutrio na UFG, Sulanne Olivei-ra, joga
xadrez desde a adolescn-cia e quis testar suas habilidades na
Simultnea. Eu no tenho com quem praticar o xadrez, espero que
tenham outros torneios.Falta divulgaoPraticado no mundo todo, o
espor-te ainda possui pouca divulgao no Brasil, o que faz com que
os be-nefcios do xadrez no sejam apro-veitados de forma eficaz. Nos
Es-tados Unidos temos insero do xadrez de forma muito intensa nas
universidades, inclusive em cursos de ps-graduao, lato sensu e
stric-to sensu, informa Pedro Srgio dos Santos. Para Leandro
Perdomo, o xadrez carece de divulgao espec-fica na mdia, que
costuma deixar a importncia pedaggica do esporte de lado. Mesmo que
o xadrez seja muito praticado no mundo todo, ele no aparece tanto
como outros es-portes, lamenta.Xadrez capaz de auxiliar os
estudantes a terem uma resposta rpida resoluo de conflitos