Jonas o eremita que desceu iluminado 189 1 A descida do eremita Jb.campos APRECIAÇÕES PREFACIAIS Para corroborar com o sentido, o teor, a riqueza e a abrangência da mensagem contidos nesta obra, desejo, de início, tecer algumas palavras a respeito do autor do livro, meu bondoso e dedicado ami- go João Batista de Campos. O primeiro contacto social com o Campos foi tão marcante que mantemos até hoje uma sólida e fecunda amizade. Desde que o co- nheci e até hoje, dificilmente passamos uma semana sem nos falar- mos. Na maior parte dos nossos contactos telefônicos, abordamos assun- tos bíblicos, área de grande conhecimento do Campos, já que em sua juventude foi um dedicado pregador protestante. Por este moti- vo, todas as vezes que preparo os sermões a serem apresentados nas igrejas protestantes tradicionais (presbiteriana e metodista) nas quais exerço o meu ministério, nunca deixo de consultar o Cam- pos que, com bondade, tolerância e espírito verdadeiramente cris- tão, sempre me orienta com muita competência na estruturação da
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Jonas o eremita que desceu iluminado
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A descida do eremita
Jb.campos
APRECIAÇÕES PREFACIAIS
Para corroborar com o sentido, o teor, a riqueza e a abrangência da
mensagem contidos nesta obra, desejo, de início, tecer algumas
palavras a respeito do autor do livro, meu bondoso e dedicado ami-
go João Batista de Campos.
O primeiro contacto social com o Campos foi tão marcante que
mantemos até hoje uma sólida e fecunda amizade. Desde que o co-
nheci e até hoje, dificilmente passamos uma semana sem nos falar-
mos.
Na maior parte dos nossos contactos telefônicos, abordamos assun-
tos bíblicos, área de grande conhecimento do Campos, já que em
sua juventude foi um dedicado pregador protestante. Por este moti-
vo, todas as vezes que preparo os sermões a serem apresentados
nas igrejas protestantes tradicionais (presbiteriana e metodista)
nas quais exerço o meu ministério, nunca deixo de consultar o Cam-
pos que, com bondade, tolerância e espírito verdadeiramente cris-
tão, sempre me orienta com muita competência na estruturação da
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mensagem a ser levada ao meu aprisco. Ainda que não quisesse, a
divina providência se encarregaria de fazer com que o Campos es-
crevesse esta obra de auto-ajuda a todos os que dela tomarem co-
nhecimento. Uma mensagem que vale a pena ser lida e, sobretudo,
vivida.
Muito do que aqui está escrito e proposto ajudou-me na superação
da fase crítica da minha vida.
Hoje, estou convencido de que os ensinamentos sábios e cristãos,
contidos nesta obra foram os responsáveis pelo meu reencontro na
e com a vida. Sou reconhecido, portanto, pela honra em produzir
este prefácio e agradecido ao irmão Campos que me fez ver o mun-
do sob uma nova óptica e até ousar ser feliz.
São Paulo, 10.01.2000
Paulo Q. Marques
Ph. D - Livre-docente da Universidade de São Paulo -
(USP)
João Batista de Campos, ou Campos, para os amigos, tem o dom da
palavra – e da audição, ele traz para o papel, ou melhor dizendo,
para as teclas do seu computador, livros inteiros, com muita facili-
dade, sempre levando uma mensagem dignificante e terapêutica, a
quem dela necessita.
Seu autor é tão claro e cristalino como a mais pura água que brota
de uma nascente: nada esconde. Ele é! Campos não nos furta da
fonte de seus aprendizados / ensinamentos, mostrando-nos ainda, o
modo como chegar a eles.
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Ao término do livro, e ainda sob o impacto do tamanho de sua hu-
mildade, pude perceber um dos alcances profundos de suas pala-
vras, no que se refere a identificações que existem entre duas ou
mais almas. Como ele mesmo diz, nada deve ser tão importante
como o nosso irmão e, ajudando o próximo, estamos ajudando a nós
mesmos, galgando degraus em nossa escalada espiritual.
Vejo ainda, que o mais importante, é cair a semente em terra fecun-
da, e que possa vivificar e dar frutos. É o que propõe a obra de
J.B.Campos nessa mensagem recebida. Que possa o Divino Mestre
iluminá-lo para que possamos receber em breve outras obras tão
valiosas.
São Paulo, 14-01-2000
Cleide Monteiro Mourão
Psicóloga Clínica
Às vezes, até mesmo acidentalmente, nos deparamos com coisas tão
grandes e tão formidáveis que a nossa primeira reação é ficar man-
samente observando, procurando entender seu significado, sua
mensagem e o porquê de nos ter sido dada a oportunidade de pre-
senciá-las. Parece-me que quanto mais evoluímos na senda da vida,
mais expostos ficamos a acontecimentos singulares, verdadeira-
mente mágicos e que encerram, em sí só, sabedoria e ensinamentos
que efetivamente não são nem deste tempo nem deste mundo.
Porém, neste quadrante de tempo em que nos é dado viver, é co-
mum olhar-se e não ver; ouvir-se e não escutar. Na verdade, agindo
como máquinas (insensíveis e irracionais) nos vemos predispostos
por condicionamentos físicos, culturais e psicológicos na mais total
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e absurda descrença, reduzindo os mais fantásticos acontecimentos
à simples fatos normais da vida.
E é em meio a esse mundo mágico e maravilhoso que devo necessa-
riamente inserir esse insigne mestre, o meu amigo e companheiro
de jornada João Batista de Campos, que apenas num toque de mão
e num abraço – ao nos cumprimentar - nos transmite força, energi-
a, otimismo. E com suas palavras, quase sempre eivadas da mais
primitiva simplicidade, nos lança num vôo estratosférico a planos e
mundos pelos quais passamos repetidas vezes e que a vida presente
nos fez esquecer.
Vale a pena conferir.
SP - 19/01/2000
Nicodemo Sposato Neto
Advogado - Jornalista, Assessor de Imprensa da Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo - (USP). Presidente da Avilesp.
Agradecimentos.
Não tenho palavras para exprimir aos amigos que apreciaram esta
modesta obra, e já que a emoção me estouva a mente, resumo o meu
grande desejo, que brota do mais profundo de minh’alma - tudo de
bom a esses generosos irmãos de missão.
Sem cabotinismo, ou jactância, esforço-me para deixar toda a hon-
ra e glória aos nossos Amparadores e principalmente ao nosso Pai,
Deus o Criador de todas as coisas.
Com abraços campônios,
Campos
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A DESCIDA DO EREMITA
- Amigo leitor, de onde viemos e para onde vamos?
Estes escritos têm a pretensão de lhe mostrar o caminho pelo qual,
você, caro amigo leitor, encontrará o seu próprio caminho rumo à
tão almejada felicidade.
Você poderá achar este intróito um tanto petulante, porém, afir-
mamos-lhe, que nasceu do ímo da nossa alma, creia!
Desejamos-lhe prazerosa leitura, com a honra desta dedicatória,
pois, você é o causador maior do nosso ensejo de escrever.
A DESCIDA DO EREMITA
Capítulo 1
A MONTANHA DOIRADA
Lá do alto, bem do alto da montanha descia o homem, também co-
nhecido pela alcunha de: “O Homem da Montanha”.
Descia para viver seu aprendizado, que era realmente muito dife-
rente do convencional.
Houvera vivido longos dias no cume daquela montanha de porte
médio, pouco admirada pelos homens, talvez pelo desinteresse mi-
neral exploratório, oxalá, interesses latentes e futurólogos por pe-
dras britadas, mesmo assim lá estava vivendo o eremita.
Vegetariano por força circunstancial.
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Jonas, o nome do profeta-horticultor, muito jovem ainda, subira ao
monte e descobrira uma gruta, buraco da natureza, o qual, sem a
menor sombra de dúvida, passou a figurar como objeto de sua pai-
xão.
Seu grande sonho, como ele próprio dizia, era a paleontologia.
Sendo residente contumaz daquela loca incrustada no granito re-
fratário e gélido, sem fazer o menor sentido para alguns poucos
conhecedores deste seu novo endereço que, somente por este simples
fato, proferiam palavras ignominiosas a seu respeito, referenciando
ao seu modo de vida tão incomum.
Ao lado esquerdo daquela enxovia, a alguns metros, um escarpado
com suas bordas floridas e uma beleza verdejante central, faziam-se
notórios os valores vegetarianos de Jonas.
Um veio d’água da grossora de polegar de pessoa normal, escorria
de dentro da gruta, como se fosse gente grande em sua perenidade,
cujo curso fora direcionado para o belo escarpado vergel, sendo
pelo sistema de irrigação hidráulico, natural e por gravidade, con-
feccionado em mangueiras, imerso sob a Alameda das Formigas,
com placa indicativa, estando grafado na entrada da caverna, so-
mente um número, o: 1 (um).
Alameda das Formigas, nome este que Jonas arranjou para endere-
ço, inspirado no grande formigueiro que existia no caminho que
levava à entrada daquela enorme caverna.
Então, Jonas, movido pelo seu espírito parnasiano, escreveu estes
versos inspirado nas formigas trabalhadeiras daquele local.
FORMIGA
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Perturbas o homem
Tirando-lhe o alimento.
Atribulas o tanto,
Sem alento.
Atrás de inventos,
Ensacando vento.
Que não o socorrem.
Partindo para brigas,
Quais só lhe traz fadigas.
Em vão, luta inglória,
Estás na história.
Na inocência,
Haja sementes.
No teu conjunto
És um exército
No teu exercício.
Ao sono de anjo
De homem-arcanjo.
Trabalhas,
Perturbas,
Derrubas.
E, o anjo dorme.
És operosa
Na inoperância,
Passa indelével,
O anjo acorda irritado.
- E, o seu invento?
Granulado ao relento.
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Ou enterrado
Em forma líquida,
Porém, não liquida.
Oh. formiga,
Vê se te liga.,
Tenhas piedade.
O anjo, já foi à Lua,
Avenidas e ruas,
Não encontrou remédio.
Caiu no tédio,
Sem cair em si.
Coitado, não sabe nada,
É aleijado
Pobre coitado,
À um Saci.
Mas, tu formiga,
És a ferida,
Tenhas piedade.
Pobre do homem,
Anjo se acha.
- E agora?
Já era hora.
Eis a pergunta:
Que aqui se encaixa:
- Quem é o malvado?
- Quem luta por cima?
Eis nossa cisma:
- Quem luta por baixo?
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Jonas, há anos fora pesquisar aquelas paredes graníticas, e no seu
encanto de viajor daquelas entranhas terrestres, não mais pensava
em retorno, porém, agora descia ermitão, extra-sensorial mais do
que nunca, como que renascendo do útero empedernido daquela
montanha encantada, das alturas de seus mil e oitocentos metros do
nível do mar.
E, lá vinha ele para uma nova maneira de conduzir sua vida cá
embaixo, junto de outros mortais, e chegava com outros conheci-
mentos, os quais muitas pessoas ditas normais, nem imaginavam
conhecê-los
Vivendo por longos 14 anos de reclusão intensa, por livre e espontâ-
nea vontade, dentro daquele submundo.
Para sua razoável sobrevivência, Jonas se obrigara ao plantio de
uma hortícola para o seu sustento, e como o tempo lhe era sobejo,
não se esqueceu das flores, deixando assim o pátio de sua residência
requintado de muito egoísmo, já que ali estava vivendo em plena
solidão, apesar de miríades de espíritos estarem juntos dele, admi-
rando suas odoríficas e verdejantes plantas.
Não recebia visita alguma, salvo: “uma na vida, outra na morte”.
Ratificamos: o local era povoado por seus mentores espitirituais.
Consorciou a beleza e a utilidade daquelas plantas, pois, este rodeio
de flores em volta de suas hortaliças, era impregnado de muita sa-
bedoria, pois, além de evitar as pragas, embelezava o lugar encan-
tado.
Jonas aprendera que, o Cravo de Defunto, nome vulgar desta bela
flor, combatia vários tipos de insetos nocivos às suas verduras, e
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que o Gergelim dizimava as formigas cortadeiras, e que o Girassol e
a batata-doce cumpriam o mesmo papel etc.
A Montanha Doirada, como ele mesmo a batizara, era o seu verda-
deiro paraíso terrestre.
Porém, lá vinha o ermitão acompanhado do seu profundo esoteris-
mo, montanha abaixo.
Nos seus primeiros dias de hábitat montanhês, notou que o local
compunha-se de enorme quantidade de calcário, proporcionando
enormes galerias e largos corredores, fossado pela própria nature-
za.
Jonas teve de se haver com o medo, frio, fome e outras preocupa-
ções rotineiras de pessoas comuns, e até mesmo com a saudade que
sentia da família, ao qual implorava o retorno de filho pródigo,
porém, não perdulário como fora aquele jovem da parábola do
Mestre Maior, o Cristo. até porque, naquela situação nem tinha
como gastar.
LUCAS [15]
13 Poucos dias depois, o filho mais moço ajuntando tudo,
partiu para um país distante, e ali desperdiçou os seus bens, viven-
do dissolutamente.
14 E, havendo ele dissipado tudo, houve naquela terra uma
grande fome, e começou a passar necessidades.
15 Então foi encontrar-se a um dos cidadãos daquele país, o
qual o mandou para os seus campos a apascentar porcos.
16 E desejava encher o estômago com as alfarrobas que os
porcos comiam; e ninguém lhe dava nada.
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17 Caindo, porém, em si, disse: Quantos empregados de meu
pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!
18 Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e dir-lhe-ei: Pai,
pequei contra o céu e diante de ti;
19 já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me co-
mo um dos teus empregados.
20 Levantou-se, pois, e foi para seu pai. Estando ele ainda longe,
seu pai o viu, encheu-se de compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao
pescoço e o beijou.
21 Disse-lhe o filho: Pai, pequei conta o céu e diante de ti; já não sou
digno de ser chamado teu filho.
22 Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa,
e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e alparcas nos pés;
23 trazei também o bezerro, cevado e matai-o; comamos, e regozi-
jemo-nos,
24 porque este meu filho estava morto, e reviveu; tinha-se perdido,
e foi achado. E começaram a regozijar-se.
32 era justo, porém, regozijarmo-nos e alegramo-nos, porque este
teu irmão estava morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi achado.
Quiçá, o bom-senso e a santimônia de Jonas, teria um futuro seme-
lhante ao filho pródigo, desta bela parábola de Jesus.
Já na sua maioridade, nada pudera ser feito contra a sua própria
vontade, por parte da família, a qual muito se empenhara para tal.
Seus pais, tentaram discretamente interná-lo numa clínica de re-
pouso, alegando que o querido filho necessitava de um tratamento,
por ser usuário de drogas, como se ele fosse dependente químico, e
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este fato o deixou muito entristecido com seus pais, embora, não
houvesse má intenção pelas partes genitoras.
Jonas, ruminou muito aquela escabrosa acusação paterna, que lhe
doera n’alma, somente por amor aos pais, ele esqueceria o aconte-
cido, e assim o fez.
Porém, naqueles momentos, Jonas ainda não estava preparado
para perdoar aquele constrangimento, posto que estava ali para
um aprimoramento espiritual.
Todavia, até entendeu o desentendimento dos seus queridos pais,
que de tudo são capazes por um filho, pois, esperavam um futuro
promissor e extraordinário do garoto.
Mas, este, após o encontro com o buraco da montanha, abandonara
até seus estudos de egiptologia, e outros, que por ventura fossem o
de fossar a terra
E, lá descia o homem, após 14 anos de pleno isolamento.
- Por que vinha Jonas, e para quê?
Pois bem, Jonas quando chegou lá na caverna para seus estudos
fósseis, passionalmente acabou encontrando algumas pedras semi-
preciosas, porém, elas não o impressionaram tanto, quanto a paz
do lugar encantado.
(A paz em si, lhe era a maior riqueza, portanto, amava profunda-
mente aquela paz.)
Escreveu ele, que aquela gruta era de grande magia, e que provo-
cava delírio sobre o ser humano.
Enfronhado na idéia de encontrar alguma coisa interessante que,
pudesse acrescentar aos seus estudos, acabou achando outros valo-
res.
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No dia em que ali chegou, acabou envolvendo-se tanto com suas
pesquisas que, notou já ser alta hora da noite, e apenas cochilou por
pouco tempo, acabando por findar o seu pernoite, sem ter sido esta
a sua intenção, pois não pretendia ali permanecer.
Mas, no dia subseqüente se achou dormindo, recostado sobre uma
lápide de pedra fria, pois, nela a natureza havia feito um trabalho
realmente artístico e inigualável, tornando-a reluzente e de rara
beleza, que o mancebo ao ver a si mesmo refletido nela, ficou mara-
vilhado, e se comparou a Narciso, o pai do narcisismo. Narciso,
aquele que se vendo no reflexo d’água, se acha o máximo.
Pensativo, recordando de seus sonhos, associando os acontecimen-
tos como pura realidade, onde tudo se fundia.
Neste encantamento, Jonas se absteve da sua vida de muito luxo e
mordomia, e por que não dizermos: luxúria.
Abdicando de seus bens, que eram tantos, sendo um dos herdeiros
mais jovens dos irmãos, perdendo apenas pora o caçula, fazendo
parte de uma família abastada, e grande empresária, não vacilou
em viver no ostracismo, rico em outras heranças que pertencem de
fato e de direito a todos os filhos da grande mãe natureza.
Assim como qualquer herança leva certo tempo para que o seu her-
deiro a receba, o mesmo acontece com a herança natural, que todos
nós num determinado dia haveremos de recebê-la.
No seu segundo dia de habitante de caverna, começara sua grande
atividade para se tornar um troglodita.
Sentiu fome, e teria de retornar ao seu lar, porém, seu pai o procu-
rou, levando-lhe alimentos.
Havia ele, combinado com o próprio pai para ali fazerem aquela
visita, porém, seu progenitor, não pôde acompanhá-lo a contento,
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por motivos de compromissos com negócios, mas reapresentou-se
ao filho, impregnado de muitas preocupações.
Ali naquele reencontro, Jonas procurou explicar ao pai que, gosta-
ria muito de voltar ao seio familiar, porém, uma força maior exigia
que permanecesse por mais tempo no local, e o pai ficou abismado
com tal atitude, repreendendo-o rigidamente, mostrando as neces-
sidades de se preparar nos estudos, e na administração das em-
presas da família:
- Jonas, fizemos de tudo para mantermo-lo dentro dos moldes nor-
mais de um ser comum, e, é isso que você nos dá como retorno?
Pobre pai, estava chocado com aquela atitude do filho.
Porém, o jovem filho respondeu ao pai:
- Perdoe-me, papai, estou muito bem, não se preocupe, estou em
casa, posto que toda esta terra lhe pertence.
Nisto, ele tinha toda razão, pois, aquela montanha repousava sobre
as terras de uma das fazendas de seu pai, próxima à uma cidadela.
Estagiando por mais um dia, que se prolongou por outros tantos,
Jonas começava o estudo da introspecção, inteligentemente não
perdera aquela oportunidade, imbuído de um enorme desejo de
saber.
- Saber o quê? – Se os seu estudos empíricos, ficaram bem longe do
sopé daquela montanha.
O silêncio, e o frio daquele local solitário, desajustaria qualquer
cidadão.
Em compensação, o Sol, conhecido pelos pobres mortais, como o Rei
dos astros, visitava-o como se fosse o primeiro ser entre os rurais e
urbanos, que o deixava em exultante regozijo.
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Jonas, levantava-se lá pelas 6 horas da manhã, o que não tinha a
menor importância, pois, não era como seus irmãos e pais, os quais
tinham uma enorme obrigação social dentro das empresas, com a
dura sina de prestar contas aos seus empregados e subordinados,
além das infindáveis tributações da vida, enfim não passavam de
meros: “senhores-escravos”.
Aos praticar seus relaxamentos, admirava os belos animais, que a
fauna lhe presenteava, ao alcance de sua jovem visão, e que os mais
atrevidos vinham até suas mãos para delas receberem certos tipos
de alimentos.
Capítulo 2
O MAGNETISMO DAS PEDRAS
Naquela solidão preciosa, olhando para as pedras, que apenas lhes
serviam de talismãs, com suas magnitudes magnéticas, Jonas, pen-
sava agora em assuntos que lhe eram novos, e começava a conjetu-
rar consigo mesmo, sobre a vida humana e seu verdadeiro sentido.
- De onde teria ele vindo, como e por quê?
Naquela indagação que se fazia naqueles comenos (momentos),
enquanto perfurava aquelas pedras com suas ferramentas manu-
ais, ao mesmo tempo em que uma britadeira mental como se fosse
elétrica, perfurava-lhe o cérebro.
Agora, um fato estranho lhe acontecia ao dormitar.
Na passagem do estado de consciência ao estado de sono profundo,
apareciam-lhe pessoas que elucidavam suas intrigantes perguntas.
- Como? – Isso parece pura idiotice.
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Idiotice, ou não, o homem iluminado descia.
No limiar do aprendizado, sofria muito com sua luta interior, ora se
achando desequilibrado, ora crendo piamente nos seus devaneios.
Às vezes, discutindo rispidamente com os personagens de suas vi-
sões, achando que seus ensinamentos lhe eram impostos.
Aqueles momentos de sonhos acordados, fizeram com que Jonas
lutasse mais ainda, pois, eram desafiadores.
Pelejou demais com seu subconsciente, já meio desacreditando em
suas visões, e julgando-as frutos de suas alucinações, demência ou
qualquer coisa do gênero.
Na sua grande teimosia, resolveu arriscar tudo, para ver o final
daquela história, se é que teria condições para tal façanha, jogando
tudo, não perdera nada na sua pertinácia, segurando firmemente a
idéia deste desafio, pensou:
- Como pode; o homem lutar tanto?
Estando ele no meio de pessoas e coisas, tem suas preocupações e se
estiver em completo isolamento, como é o meu próprio caso, idem.
- Quantos problemos temos para resolver, hein?
Ali, iniciava uma luta renhida entre Jonas e seu interior, seu Eu
Maior, seu Substrato, sua Essência, seu Espírito.
Houveram muitas discussões entres eles e seus mentores, ampara-
dores, enfim orientadores espirituais, bem como com os atrevidos e
atrasados irmãos do mundo etéreo os quais necessitam de nossas
luzes, tal qual nós de nossos mentores.
Ou melhor expressando: entidades menos esclarecidas e outras
refertas de sabedoria e bondade.
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Aqui vai uma adenda de Jonas: nada de alusivo, ou pejorativo a
nenhuma alma existente, posto que apenas optamos e apelamos ao
amor divino!
Perturbado, pensou: jogarei o que possuo para ver o final de tudo
isto.
- Pois, de que me vale esta vida?
- De quanto tempo me valerei dela?
Tudo aqui me parece passageiro e muito rápido, não ficarei atrela-
do aos bons ensinamentos de meus pais, parentes e amigos. Quero
mais!
A vida não pode se resumir em assuntos tacanhos, chatos e perecí-
veis como vencer meus adversários ou derrotar meus semelhante e
depois erguer minha bandeira de vitória sobre humilhadas criatu-
ras de minha própria convivência.
Já vi isso antes, há milênios, pai vem sendo derrotado pelo filho,
irmão matando irmão, e vai por aí afora.
- Que vitórias são essas?
Podemos começar lá nos primórdios do Velho Testamento bíblico,
Caim matou Abel, seu irmão.
Gênesis ; 4
8 Falou [Caim] com o seu irmão Abel. E, estando eles no campo,
[Caim] se levantou contra o seu irmão Abel, e o matou.
A descida continuava, lá vinha ele.
Capítulo 3
Jonas o eremita que desceu iluminado
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BATISMO DO LAGO
Jonas se deleitava com o lago, que do lado destro da gruta, se fir-
mava com o peso de grandes paquidermes, eram águas vindas de
várias vertentes, cujo peso de milhões de quilogramas, em litros,
deixava o lugar muito leve e de uma beleza esplendorosa.
Jonas, deixara suas finíssimas banheiras de hidromassagens, e até
suas massagistas domésticas para desfrutar do Lago Verde, nome
este testemunhado pelos seus amigos de aparições constantes, que
numa bela noite estrelada, e na presença da tríade, que forma as
Trê Marias, da Constelação Estelar de Órion, às margens do grande
lago, confirmaram onomasticamente (referente a nome) em come-
moração batismal de : Lago Verde.
Existia nas profundezas daquele lago, uma passagem que saía para
dentro da caverna, por um túnel sifonado, situando-se ao mesmo
nível de um enorme salão subterrâneo, posto que o lago situava-se
num local mais baixo do que a entrada daquela gruta.
Aquelas águas eram de pureza assoberbada, realmente cristalina, e
uma certa vez, Jonas mergulhou de olhos abertos e, qual sua sur-
presa ao notar o sifão forjado pela própria natureza, e corajosa-
mente foi investigar aquela passagem, e acabou saindo para o lado
interno do salão e, ficou deslumbrado com tanta beleza natural.
Retornou pelo mesmo caminho, chegando novamente ao lago.
Jonas, durante o dia estudava as rochas, ouvindo os murmúrios de
muitas entidades desencarnadas que conheciam muito sobre pe-
dras, e que lhe transmitiam seus conhecimentos de grandes utilida-
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des, e que jamais aprenderia em lugares normais, onde habita a
massa humana.
Estamos falando das energias rupestres, (das pedras).
Também, estava sempre pronto a receber de muitos mentores espi-
rituais, mensagens de ordem ética e moral, as quais lhe trouxeram
a grande estabilidade emocional de mestre extra-sensorial, que fora
o valoroso Jonas.
E, a descida continuava, lá vinha o conselheiro Jonas.
- Como é possível, alguém deixar o amor familiar para se filiar ao
nada?
O nada não existe, por isto ele se juntava ao todo universal, sem se
preocupar com qualquer objeção que se lhe pudesse ser feita.
Forças estranhas seguravam-no ali, pois, era uma pessoa talhada
para tais atividades, este aprendizado é muito simples, porém, o ser
humano, estando sempre envolvido com valores opostos, agem em
suas lutas incessantes pela sobrevivência, ou seja: pela ânsia de
muito possuir, sem se preocupar se vai sobrar aos famélicos e se-
quiosos irmãos necessitados.
Por estas deduções todas, é que Jonas descia montanha abaixo para
passar seus conhecimentos na prática, as suas grandes teorias já
praticadas no mundos astral.
Já acostumando-se ao o silêncio natural, atendo-se aos cantos dos
pássaros e ao zunir dos ventos, e às atitudes de outros animais,
estava muito feliz com a ausência humana, provando a si mesmo,
que o homem é um ser muito adaptável às situações diversas, sendo
tudo possível na vida de um homem ou mulher, desde de que te-
nham boa vontade.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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Solitário, conversava consigo mesmo, até atingir o ápice da concen-
tração, pela qual encontrava-se com seres evoluídos, que para se
evoluírem mais, teriam de transmitir seus ensinamentos aos seres
preparados, como era o caso de Jonas.
Ensinos pragmáticos e fiéis, sem aumentar nem tirar, como nos
ensina a cosmoética da verdade etérica.
E, isto tudo, para a evolução de mestre e discípulo, ambos com o
privilégio de receber e transmitir aprendizados, no afã de galgarem
os degraus da eternidade.
Pensava Jonas, como é possível tantos seres humanos se acotove-
rem, e atropelando uns aos outros, na maioria das vezes em solidão
total, através do estresse que muito coopera através de desespera-
das preocupações do cotidiano, e com tantas escolas, não aprende-
rem os procedimentos essenciais da vida simples de pessoas felizes,
como os que tenho aprendido nesta minha pseudo solidão, junto de
meus verdadeiros companheiros de estrada eterna.
Longe de tudo, e de todos, obtenho tudo graciosamente, como o ar
puro que respiro, a água cristalina que bebo, a vista maravilhosa
da paisagem natural que Deus Pai me tem concedido e incontáveis
bens.
Em sintonia com ondas etéricas de vários rótulos, vivendo em ou-
tras dimensões, Jonas aprendia desde a mais simples matemática,
ou aritmética à mais profunda anatomia humana.
Conseguindo, em muitas projeções andar por muitos hospitais, in-
dústrias e escolas deste nosso planeta, onde desaprovava o como-
dismo humano, pois, no estado em que se encontrava, tinha muito
mais entusiasmo energético para desenvolver a própria evolução de
profissional deste nosso mundo.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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Em outras esferas, aprendia muito sobre naves ocultas de locomo-
ções espaciais, conhecidas aqui pelos humanos como Discos Voado-
res, desenvolvendo esses estudos todos, sem arredar os pés daquela
loca, onde agora era o seu lar e laboratório de ordem cósmica, ou
seja: laboratório, que se encontra dentro de cada ser humano que,
porventura queira aprender a usá-lo.
Os salões naturais daquela loca eram fenomenais, com medidas
gigantescas para estarem dentro de rochas de pedra.
Chegavam a medir 80 metros de largura por 110 de comprimento
por 100 de altura, e traziam em si verdadeiras obras de arte, escul-
pidas pela natureza, brotando de seus átrios estalagmites, como
plantas que cresciam através de milênios, bem como estalactites,
expondo lindíssimos candelabros, que cintilavam pela luz advinda
das aberturas de algumas fendas, abastecidas pela estrela menor e
de quinta grandeza.
Lagos tranparentes, apresentavam suas águas cristalinas em tons
azulados, formando outros matizes, conforme o sol ou a lua em
tempos beneplácitos, iluminavam suas covas de alguns metros de
profundidade.
Aquele lugar mistico, era considerado de singela beleza, ao rivalizá-
lo com outros que Jonas já conhecera no mundo astral, sem sair de
dentro daquela fortaleza.
Viajando por lugares espetaculares, a exemplo de um plano no qual
esteve, visitando uma fábrica de alimentos sintéticos, e do aprovei-
tamento cíclico da natureza daquele lugar, onde a união daquele
povo adiantado, era simplesmente invejável.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 22
Recepcionando muitos seres diferentes em suas aparências, não se
vexava em pedir conselhos, ajuda em sabedoria para para prestar
auxílio aos seus irmãos humanos, quiçá, à humanidade.
Relatava Jonas somente em pensamento aos seus visitantes, que
muitas vezes agraciavam-no com ótimas receitas de fazer o bem,
através dos pensamentos energéticos, que culminam em energizar
ambientes, independentemente de distância.
Assim, procurava influenciar seus pais e irmãos em seus negócios,
bem como nas suas atitudes humanitárias, sendo que nestas encon-
tra-se a maior bem-aventurança humana, segundo os conceitos do
eremita, e dos grandes luminares da humanidade.
Encontrava-se com músicos renomados, da clássica erudição musi-
cal, ouvia Chopin, List, Lobo e tantos outros e, até trocava idéias
com eles, sempre aprendendo com esses mestres melodiosos, atre-
vendo-se até em escrever algumas melodias, com seus parcos co-
nhecimentos de fusas e semifusas mescladas com colcheias.
Agora, descia o eremita, para aplicar seus conhecimentos os quais
aprendera no mundo extrafísico.
Estava por chegar o homem.
Aos descer, pensava sobremaneira num dos seus mais fiéis compa-
nheiros, Ciríaco, um cão selvagem que, a mais de 7 anos apareceu
no local para lhe fazer companhia, mais conhecido por Ciro, pois,
este cognome (apelido) soava mais suave e lépido.
Na sua sabedoria, Jonas era amigo de Ciro, porém nem tanto ínti-
mo, para não condicioná-lo à dependência da amizade protecionis-
ta, como agem homens, países e povos, onde o mais forte, torna-se
mais forte ainda, e o mais fraco, mais fraco.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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Capítulo 4
ALA DAS PESQUISAS
Certo dia, Jonas encontrou um rocha de cor rosada e começou a
olhá-la de maneira que sua visão ficou turva, baralhada, e naquele
torpor foi transportado a um lugar de indescritível beleza e confor-
to.
Maravilhado, menos desejo tinha de se retirar de dentro da caver-
na, como se existissem verdadeiros tesouros no âmago daquelas
rochas.
Chegando a um lugar chamado: Alas de Pesquisas Cibernéticas,
compostas de muitos mestres nestes assuntos.
Aprendeu muito com Tino, um grande mestre que lhe mostrou o
mundo do futuro, através de um telão em outras dimensões, onde
eles podiam adentrá-lo e participar de todos os movimentos daque-
las pessoas e, na prática extrafísica, aprendeu muito sobre cáculos
aritméticos e financeiros, que o fez pensar:
- Nostradamus, Pitágoras, Sócrates, Decartes. deveriam ter fre-
qüentados tais lugares, nos quais tenho me metido ultimamente,
prevendo um futuro de maneira quase precisa, deixando escritas de
suas visões, bem como outros seres iluminados, que vaticinaram o
futuro da terra, porém, os homens estão extremamente distraídos
em seus negócios, para se darem conta destes fatos, realmente são o
inconsciente coletivo que atravanca o progresso da humanidade,
posto que a maioria pensa mal.
O que significa, ter eu saído lá do ensino convencional, para vir
aprender aqui no nada, num lugar extremamente diferente, assun-
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 24
tos ou matérias nas quais não tinha o mínimo prazer, e, aqui ao
fazê-lo, sinto-me na maior alegria.
E, este povo maravilhoso de senso e atitude simples, sem ferir uns
aos outros, todas trabalhando em prol do próximo, isto deve ser o
tão decantado paraíso divino do mundo religioso, onde se “conse-
gue” pelo dízimo e ofertas, as indulgências (compra do perdão) de
pecados, aqui o mestre ironizou, pode crer.
Toda essa maravilha, dentro de um pequeno espaço, representando
os universos, como nada sabemos de nada.
Resmungou o ermitão.
Até então, não se apercebera de quanta amplidão de consciência
estava ganhando com essas experiências.
Como uma pessoa da Idade da Pedra, transladada a uma megaló-
pole em sua parafernália, com certeza ficaria apavorada dentro de
seus parcos conhecimentos, diante de tantas máquinas, pois, seria
plenamente subserviente a tantos deuses de aço.
Desta maneira, Jonas se preparava, até a contragosto para assom-
brar os mortais, cá embaixo da Montanha Doirada.
E agora, mais do que nunca, descia o iluminado.
Naquela solitude clausura, que lhe daria um futuro promissor de
grande alegria, continuava a visitar e ser visitado por seres que,
estão bem perto dos humanos, esperando uma chance para se co-
municarem, porém, a cegueira humana está realmente de portas
fechadas para um resgate carmico mais rápido, o qual poderá se
procrastinar (prorrogar) por séculos, e até milênios, que pena, tan-
ta cegueira.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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Sempre acontece, de surgir um bom pensamento criativo em algu-
ma cabeça, e aí se ouve: Eureca, eureca, (achei) ascendeu-se a fa-
mosa luzinha da inteligência humana.
Quem recebe essa gloriosa luz nem sempre sabe o que está aconte-
cendo, muito menos o seu processo criador, que logo cai no esque-
cimento.
Oxalá, se pergunte a um psicólogo, que logo vai dando sua sábia
explicação, revestida de grande autoridade:
“- Esse é, o processo mnemônico aflorado do subconsciente. coisa e
tal!”
Sendo sempre um diagnóstico cheio de lógica, porém, sem maiores
detalhes e explicações convincentes, apenas, palavras de um profis-
sional que passou a vida toda estudando para expressar dizeres bo-
nitos e verdadeiros, dentro de seus conceitos acadêmicos padroni-
zados.
Capítulo 5
AS APARIÇÕES
Jonas, pouco se importando com os ditos e os não ditos, aprofunda-
va-se em seus estudos esotéricos, dizendo para si, que os homens
sempre sofismam sobre seus pensamentos e, em suas patranhas não
deixam que outros pobres mortais possam unir outras cabeças,
também mortais, para se instruírem unilateralmente, pelo medo de
serem sobrepujados. (é, a malévola concorrência invejosa dos hu-
manos).
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 26
No entanto, impondo seus ensinos aos seres condicionados, posto
que o homem aculturado já fez coisas absurdas e destrutivas no
decorrer da história da humanidade.
Porém, Jonas estava pronto e descia pelos caminhos íngremes da
montanha.
Existia bem defronte à boca da caverna, uma plataforma na qual
Jonas trabalhara com as próprias mãos, lapindando o granito,
quem sabe o que é cinzelar um material tão duro, pode imaginar o
que deve ter passado o nosso obstinado ermitão, transformando-o
em uma confortável poltrona de pedra, para troglodita (morador
de caverna). é claro.
Localizava-se na direção do sol poente, ali passava longas horas em
contemplativa meditação extrafísica, afrouxava suas poucas peças
de roupa, e mirando a verdejante paisagem, respirava profunda-
mente, até entrar em êxtase e ser conduzido à esferas inefáveis,
Ciro, seu fiel guardião também o fitava em profunda concentração,
e como fiel vigia postava-se dele a uns 20 metros de distância.
E, às vezes o próprio guru, se dizia: - Como gostaria de ter a fideli-
dade de Ciro!
Ciro, vivia normalmente da caça e de legumes que Jonas lhe oferta-
va de quando em quando.
Jonas, tinha também um plantel de galinhas caipiras, que
completava sua dieta ovo-vegetariana.
Suas poedeiras tinham nomes como: Zefa – Zenaide – Romilda e,
outros respeitáveis, e elas ficavam bem guardadas de Ciro e de ou-
tros animais silvestres como raposas, jaguatiricas etc. Precatada-
mente, Jonas evitava os gatunos noctívagos, sem se esquecer de
velar por Terêncio, o rei do galinheiro.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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Suprimento de apoio era fornecido pelo seu nababo (ricaço) papai,
que prontamente o mandava através de seus motoristas, que deixa-
vam sob a responsabilidade de alguns moradores do local, que e-
ram especialistas em escalar aquela pequena montanha, com pa-
gamento à vista pela entrega do suprimento.
E, também atuavam como mensageiro ao guru, o qual chamavam
de: “O Guru Maluco”.
Voltando a falar de seus galináceos, moradores em repartições bem
organizadas, divisando com outras, onde ficavam algumas codor-
nas, angolas e perus, aquele galinheiro era bem construído, induzi-
da por mãos mestras vindas do cosmo, sendo um verdadeiro arte-
sanato, coisa de artista mesmo.
E, lá se encontrava Jonas em seu areópago (“tribuna”), distituído
da presença humana, porém, em estado alterado de consciência,
vislumbrava uma multidão, e falava a uma nação, um grande povo,
dissertando sobre suas visões para outras visões, porém, aquilo era
de uma realeza sem limites, a ponto do guru pensar viver puras ilu-
sões nesta vida de homens mortais e, que a própria realidade de
tudo seria suas verdadeiras visões.
- E, não seriam mesmas?
Jonas, tinha consciência de que quase todos humanos, teriam e te-
rão de chegar àqueles conhecimetos, mesmo que parcialmente, ou
seja, na sua essência têm a grande potencialidade em lidar com coi-
sas extra-sensoriais, extrafísicas, ou com assuntos do mundo invisí-
vel, do espírito etc. como ele estivera lidando em toda sua vida.
Nesta visão específica, Jonas testemunhava aquelas pessoas com
seus conhecimentos, atuava como um líder do mundo espiritual,
bem como recebia também seus ensinamentos, deixando aquela
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 28
tribuna, penetrava entre eles, cedendo o seu lugar de mestre para o
de discípulo.
- Que surpresa seria tudo isso?
E, lá vinha o iluminado.
Jonas, na curiosidade de poucas pessoas que o visitavam, descrevia
suas visões, exortando-as de como e, quando deveriam agir no seu
dia-a-dia, tornando-as mais felizes e bem com a vida.
Pregava que, somente através da meditação e da introspecção pro-
funda, o ser humano chegaria ao autoconhecimento para desfrutar
do equilíbrio, paz, alegria, amor e uma enorme verborragia, se
assim o quisermos.
Essas atitudes, concorriam ainda mais para chamá-lo de estafermo,
mentecapto, energúmeno, louco, desvairado, bem. seus adjetivos
eram muitos, pelo simples fato de terem ciúme de alguém que che-
gou mais perto de Deus, assim falaram do Filho do Homem, de Só-
crates, Gandhi, Buda, Maomé, e tantos mil.
A inveja, sobre o ser que se ilumina, é sacrificial pela própria igno-
rância do homem, que faz sofrer aquele que já sabe sofrer, mas não
resiste o sofrimento da dor de sua própria inveja por falta de sabe-
doria”
Ser invejoso, é ser burro em demasia, e perdoe-nos os animais, que
são inteligentes perto desses burros específicos.
Com o passar do tempo, seus amigos e familiares já o tachavam
como uma pessoa de mente doentia, procurando evitar aquele as-
sunto esdrúxulo e hilário, como costumavam-se expressar e às vezes
escapava um verbete. “estapafúrdio”, sinonímia de pessoas metidas
à bestas, já que anteriormente aventamos sobre o tão útil amigo do
homem, o burro, aliás, um verbete que deveria ser banido do pejo-
Jonas o eremita que desceu iluminado
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rativo, já que uma espécie de burro menor ainda, um jumento fez a
Entrada Triunfal de Jesus à cidade de Jerusalém:
Mateus: 21
MATEUS [21]
5 Dizei à filha de Sião: Eis que aí te vem o teu Rei, manso e montado
em um jumento, em um jumentinho, cria de animal de carga.
6 Indo, pois, os discípulos e fazendo como Jesus lhes ordenara,
7 trouxeram a jumenta e o jumentinho, e sobre eles puseram os seus
mantos, e Jesus montou.
8 E a maior parte da multidão estendeu os seus mantos pelo cami-
nho; e outros cortavam ramos de árvores, e os espalhavam pelo
caminho.
9 E as multidões, tanto as que o precediam como as que o seguiam,
clamavam, dizendo: Hosana ao Filho de Davi! bendito o que vem
em nome do Senhor! Hosana nas alturas!
Capítulo 6
O LARÁPIO
Numa de suas visões, Jonas saiu em projeção astral, (semelhante a
um sonho, embora, careça de profunda explicação ao laico no as-
sunto), continuando: e pairou sobre uma cidade a ele desconhecida.
Porém, leu na sua entrada a já conhecida frase: “Bem-vindo” a Ma-
rajó.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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E das alturas, com olhar aquilino, (olhar de águia), via a movimen-
tação do povo, descontraidamente notava as atitudes mais triviais
das pessoas.
Ao espiar uma feira-livre, notou que um senhor, já de certa idade,
roubava algumas frutas, colocando-as sutilmente em uma sacola.
Tomou a decisão de seguir aquele velho, larápio, na curiosidade de
averiguar ainda mais aquele senhor em suas atitudes.
Era um senhor de cabelos brancos, e de boa postura, bem trajado e
dentro da moda, acima de qualquer suspeita.
O mestre se perguntou:
- O que levaria tal criatura agir àquela maneira compulsiva?
Após vários furtos, o gatuno enveredou-se por um lugar ermo da
cidade, indo ter com uma família paupérrima, encontrando-se com
muitas crianças maltrapilhas e desnutridas.
Qual foi a surpresa de Jonas, aquele homem de certa elegância e
respeitabilidade, simplesmente distribuiu o fruto do furto com aque-
las crianças, que alegremente se atiravam em seus braços.
Porém, o “Robin Wood” (personagem que roubava dos ricos para
distribuir aos pobres) evadira-se rapidamente do local, enquanto,
Jonas continuou a segui-lo em espírito, por assim dizer, o gatuno
adentrou-se numa casa normal de pessoas simples, e Jonas tomou
outro destino que não ferisse a cosmoética de projetor de mundos
astrais, invadindo sua privacidade familiar.
Pensou muito, sobre aquela projeção e, decidiu que continuaria com
suas investigações, porém, com anuência de seus mentores astrais,
assim que os encontrasse, como de fato era uma ocorrência corri-
queira na vida do projetor-eremita encontrá-los, e assim o fez.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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- Sirkis, por acaso, você conhece um senhor que reside na rua Ta-
moyo, na cidade de Marajó?
- Sim, o senhor Freijó!
- A sua curiosidade sobre essa pessoa é bastante interessante, pois,
este é um homem que serve de exemplo às religões.
À estas, pelos seus próprios ensinos, fatalmente são induzidas a um
julgamento prévio, como é o caso de Freijó.
Porém, quero frisar e muito bem frisado, que jamais tive a intenção
de aludir que os atos desse senhor sejam corretos.
Mas, deixo para você, meu caro conservo Jonas, que medite sobre
coisas como essas, que são anômalas aos ensinos apregoados pelos
religiosos, e até mesmo pelos ensinos das leis, que regem os homens
em suas jurisprudências.
Falarei sobre esse senhor Freijó, que conceitua seus atos como se
eles fossem os mais íntegros de todos, ele é um homem aposentado,
tendo um modesto salário.
Esse vício, que alguns chamam de doença de cleptomania, Freijó o
adquiriu em sua juventude, na nefasta intenção de ajudar aos me-
nos favorecidos, embora, não entenda a lei de causas e efeitos, já
que nem tudo é possível ser feito antes de seu tempo, conquanto,
tenhamos de dispender esforços no elã de trazer o bem e a paz em
todos os planos de vidas universais.
Se está pensando, que somente você viu Freijó furtando, está redon-
damente enganado, ele já foi pego muitas vezes e até já ficou preso
pelos seus atos de furtar alimentos para repartir com os pobres, po-
rém, depois que a população teve ciência de sua cleptomania e a sua
causa, hipocritamente passou a fazer vistas grossas, colocando
Jonas o eremita que desceu iluminado
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panos quentes sobre suas atitudes em função dos miseráveis daque-
la cidade.
- Será que, os lesados feirantes não cometem o mesmo delito, sem
sequer dividir com mais ninguém o produto de seus roubos camu-
flados pelas qualidades, medidas, pesos e preços de suas mercado-
rias?
- Sem nenhuma alusão à indução ao crime, não existe nessas situa-
ções todas, nenhuma espécie de compensação?
- Quem poderia ser o justo pretor dessas causas?
Pois, Jonas descia montanha abaixo, justamente para expor seu
aprendizado aos ignorantes irmãos, que faziam uso de muita hipo-
crisia, que é a maneira mais cruel de se pregar mentiras, ou mentir
a si próprio, sem nenhuma repulsa ou mazela àqueles que tanto o
pejoraram em suas atitudes de anacoreta (eremita – ermitão –
isolado).
Jonas, num de seus encontros com Agnelo, um desses seres de alta
evolução espiritual, dotado de grande sabedoria cósmica e de espi-
rituosidade fora de série, porém, com peso em seus ditames, pois,
jamais fora leviano em suas palavras e, Jonas aprendeu mais uma
lição.
Ambos, andarilhavam aleatoriamente por uma bela e tranqüila
avenida arborizada, criada com muita arte e paciência ecológica,
quando repentinamente, foram convidados por alguém, a visitarem
uma fábrica de máquinas de confeccionar roupas, aceitando aquele
convite puderam testificar a simplicidade artesanal daquele eficien-
te trabalho, apesar de serem computadorizados, fez com que Jonas
ficasse meditativo, fazendo-o se perguntar:
- Por que um automóvel terreno, tem de ter tantas peças?
Jonas o eremita que desceu iluminado
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- Será, mesmo necessário tanta complicação?
Aqueles teares eram de uma simplicidade tão grande, que o deixou
deveras incomodado, ao ver seus testes “in loco” a rapidez e a per-
feição daquela produção de teste que o deixou pasmo.
Conduziram Jonas a uma sala, pedindo sempre a sua autorização,
no que sempre foi muito cordato, introduziram em sua caixa crani-
ana um minúsculo aparelho, como se fora um “chip” de computador
e, lhe disseram que após aquela pequena e simples cirurgia, ele en-
tenderia melhor aqueles processos, mas sua curiosidade era tanta
que o fez perguntar:
- Mestre Crispim, por que tanto ritual, tantos dogmas, tendo em
vista tanta potencialidade, ou poder em suas mãos?
Apesar de Jonas, não ter se expressado corretamente, Crispim lia
muito bem seus pensamentos e lhe respondeu:
- Meu filho Jonas, até no acasalamento, que representa a maior
simbologia da criação divina, existem os rituais, principalmente no
mundo animal, sendo que no ato sexual entre homem e mulher nada
deixa a desejar, pois, sem o jogo do amor, o prazer não teria a
mesma intensidade virtual, ou etérica, sentimentos inexplicáveis
pela sabedoria humana.
Na dança, no ato de ouvir maviosas melodias, tudo isto tem a fun-
ção de alimentar a alma, até nas refeições convencionais, se não
houver uma espécie de ritual, uma preparação psicossomática,
certamente o alimento não terá uma boa digestão, pois, se tudo
fosse simplificado de modo que dispensássemos o tempo a ser usa-
do, estaríamos em plena ociosidade psicofisiológica, e não vamos
esquecer o velho ditado: “cabeça fazia é, oficina do Diabo”.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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- Quanto a esta cirurgia, Jonas, é muito normal a praticarmos em
cérebros humanos, que são inconscientes, e que por aqui passaram
sem se dar conta, e hoje são prósperos em diversas áreas humanas,
desde o mais alto altruísta ao nababo senhor de muitos bens.
- Você terá de aprender tanto, até seus irmãos o chamarem de: O
Iluminado, porém, não se envaideça, posto que você não passa de
mais um deles, simples mortal, portanto, seja humilde!
Receberá intuição muito aguçada, que deixará os sábios boquiaber-
tos, pois, terá o seu campo vibracional aberto somente para as boas
e inteligentes manifestações, que o farão um ser maravilhoso aos
olhos de seus semelhante, mas jamais se esqueça, cuidado com a
vaidade, mormente aquela recheada de hipocrisia.
Eis, uma adenda de relevada importância consciencial: “enquanto,
você se regozijar no bem do seu próximo, este mesmo irmão, não
terá o seu nobre sentimento, pois, enciumado tentará atribuir-lhe
prejuízos”.
Seus irmãos não enxergam muito bem, são caolhos, de espíritos
medíocres, por este motivo deverá descer Jonas, desça desse seu
pedestal chamado: Montanha Doirada, é chegada a sua hora.
O verdadeiro artista não tem apego às suas obras, tanto que tudo o
que pensarmos já existem plasmados em alguma parte dos univer-
sos, qualquer de nossos pensamentos ficam registrados no etéreo,
nunca mais desaparecem, são seres vivos, somos deuses e, deus é na
sua essência criador, creia, e analise bem o que nos disse o salmista
Davi, ratificado por Jesus: “ Vós sois deuses filhos do Altíssimo”.
Salmos: 82
6 Eu disse: [Vós sois deuses], e filhos do Altíssimo, todos vós.
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João: 10
34 Tornou-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: [Vós
sois deuses]?
Tudo aquilo que você tem visto, ouvido, e pronunciado fica gravado
no seu subconsciente, ou alma, ou no cosmo.
Você, no seu pouco tempo em que viver, será tão ínfimo perto da
longevidade que terá em outras esferas astrais.
Ao retornar ao seu plano físico, será um ser de grande versatilida-
de, podendo exercer muitas profissões, principalmente a de ensinar
coisas duradouras, que alentarão muitas almas cambaias pelo so-
frimento material.
Será de extrema criativida, porém, não pense que estará criando
alguma coisa nova, não se envaideça, tudo o que fizer já é criação
divina, e apenas será transmitido a você, que é um privilegiado
instrumento nas mãos de Deus.
Esta é, uma verdade quase absoluta, porém, paradoxal, tudo está aí
bem perto de você, como se você estivesse debaixo de um pé de fru-
tas, porém, como existem muitas árvores frutíferas, sobejam muitos
frutos e passam desapercebidos pela fartura, e no seu desinteresse,
esses frutos despencam de seus galhos, apodrecendo, trasformam-
se em húmus, composto orgânico que alimentará muitas outras
espécies de vidas, portanto, este, é o ciclo de eterna movimentação,
onde nada se perde e tudo se transforma, como já afirmava o gran-
de “Darwin”.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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Tudo está em constante movimento, as pedras, os homens, sua pele,
nada é, ou está estático, esta estagnação não existe na natureza
cósmica.
Porém, essa aparência cíclica não se repete na realidade, o tempo e
o espaço fazem grandes mudanças nessas aparentes repetições.
Jonas, depois de outras andanças, voltou e recordou dos neurônios.
Capítulo 7
OS NEURÔNIOS
Certa feita, sob o teto de pedra de sua residência, econtrava-se Jo-
nas em estado alterado de consciência, como costumeiramente pra-
ticava, estimulando seu eu maior a deixar seu corpo, com muita
consciência, pois, esta prática estava lhe dando muita sabedoria e,
como haveria de ser bastante óbvio, estava radiante.
Saindo para um passeio ali no interior uterino de pedra, que era seu
vestibular, o qual estava prestando para transmissor de consciên-
cia, ou seja: mestre em projeciologia consciencial, ou melhor, ensi-
nar como se viver em consciência quase plena, senão, plena mesmo,
ao padrão humano.
Cujo aprendizado, dá ao aprendiz uma aura personalizada, forte e
suave ao mesmo tempo, e de sabedoria, quanto à ética pessoal.
Seria a arte de espargir energia sobre outras entidades, a fim de
ajudá-las e também receber ajuda.
Somente a simples presença de pessoas destas práticas, até mesmo
inconscientemente, já deixa qualquer ambiente impregnado de rara
Jonas o eremita que desceu iluminado
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tranqüilidade e racionalidade, donde procede o bom-senso e o equi-
líbrio, reinando a paz no local.
Inibindo qualquer resquício de sentimentos baixos, que assaltam as
pessoas supreendentemente.
Daí, fato notório, porém, imperceptível pela maioria, na admiração
das pessoas ditas carismáticas.
Naquela divagação, foi tomado de súbito por um clarão muito in-
tenso, porém, suportável, e seres reluzentes em cores variadas lo-
comoviam cumprimentando-se mutuamente com suas mão, porém,
muito rapidamente. Jonas apreciando aqueles movimentos, colo-
cou-se entre eles, e como um deles, mas longe de acompanhá-los em
sua agilidade, e teceu comparações:
- Seriam estes seres, neurônios de alguma cabeça inteligente?
Notava que, aquelas criaturas de formato meio homem, meio robô,
pois, suas fisionomias diferenciavam e muito da de Jonas, levavam
e traziam informaçoes em suas mãos, semelhantemente aos antigos
carteiros, porém, com uma rapidez indescritível.
Correspondendo entre si de forma anacrônica e sem sincronismo
convencional, algo bastante estranho, pois ao confrontar em sua
mente, com a maquinária por ele conhecida, nada batia com nada,
diferente por não seguir um rítmo compassado, próprio e peculiar
ao executar determinado serviço em série, ali aqueles correspon-
dentes agiam de forma totalmente descompassada e, nem por isto
havia alguma colisão, a exemplo do trânsito automobilístico que
Jonas conhecia muito bem, em seus antigos passeios pelas belas
avenidas de grandes cidades, apesar das desastrosas e mortais
colisões.
Voltou a repetir a mesma frase:
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- Como não sabemos nada de nada!
E lá vinha o visionário.
Rivalizou tudo aquilo com elétrodo, ou eletródio também conhecido
vulgarmente pelos professores e engenheiros como eletrodo, fazen-
do uma comparação entre o prazer e a dor, o sofrer e o gozar, en-
tendendo-se que se faz necessário esse eletrodo, o qual pode provo-
car estímulo de prazer ou dor, e conforme sua dosagem podem re-
dundar no mesmo efeito.
Concluindo que, o perigo do desequilíbrio do prazer, pode se trans-
formar em dor e vice-versa.
Daí o sistema penitenciário estar falido, posto que não reabilita pelo
processo fustigatório, pois, o criminoso é realmente sadomasoquis-
ta, sentindo o prazer de sofrer e de fazer sofrer.
Estas condições impostas pela desgraçada filosofia do egoísmo hu-
mano, estraçalha até com a constituição de uma nação.
Conjeturou com seus botões:
- O que daria maior prazer ao homem, ingerir 5 quilogramas de
mel de uma só vez, ou outro tanto do mais puro molho de pimenta?
Neste momento uma voz lhe fala:
- Descerá em breve, neurônio Jonas, pois terá de expor aquilo que
aprendeu aqui em seus dias graníticos.
Jonas, achava muito mais confortável o seu aprendizado do que ir
ensinar à muitas cabeças ocas, que certamente o chamariam de
aloprado.
Tentou ali uma discussão com aquela voz, debaixo da fortaleza de
pedra, porém, amistosamente entendeu que deveria deixar o seu
egoísmo de apenas aprender confortavelmente, ficando no anoni-
Jonas o eremita que desceu iluminado
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mato e, que deveria distribuir o que aprendera graciosamente com
seus irmãos, somente isto validaria seus conhecimentos.
E, foi lhe dito também:
- Meu caro Jonas, preste muito atenção!
- De que lhe valeriam muitos bens dessa vida terrena, se somente
você habitasse a face desse planeta?
- Apenas seria o herdeiro de tudo, e daí, para que lhe serviriam tan-
tos bens?
- Portanto, descerá meu querido irmão e, verá quanta alegria o
espera.
Sair do seu aconchego petrificado, lhe seria desconfortante sobre-
maneira, porém, recordou-se de suas primeiras lições, do frio cor-
tante lhe fustigando o corpo, a fome lhe assolando o estômago, a
falta de algum remédio que, de costume sempre usava, até então
não tinha consciência que a doença é um fantasma do psicossoma.
Acostumara-se de tal maneira com a nova vida que relutara em
voltar.
- Mas, lá vinha o sábio Jonas.
Rapidamente confirmou, tanto faz dar na cabeça, como na cabeça
dar, no fundo tanto fez como tanto faz. dor, prazer, céus e infernos,
o meu e todos os problemas humanos residem na ignorância e no
medo.
Capítulo 8
A DESCIDA
Compenetrado descia Jonas.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 40
O caminho era um tanto complicado e o seu coração estava um
tanto apertado por ter de deixar o lugar que tanto lhe aprazia.
Juntou um pouco das galinhas que lhe sobraram, pois, já havia
doado uma parte delas aos rapazes que às vezes lhe traziam rações
e outros alimentos e até correspondências etc.
Despediu-se de Ciro – desta vez descia mesmo!
A passos lentos deslizava lá de cima, no caminho encontrou com
algumas pessoas que o cumprimentaram, e Jonas lhes perguntou
como faria para chegar até a próxima cidadela, pois, há muito não
andava por aquele caminho.
Sua prosa era somente para chamar atenção daqueles campesinos,
para poder conversar com aquelas pessoas simples e humildes.
Então, Jonas faz uma oferta aos rapazes:
- Vamos negociar, vocês me ensinam o caminho e, em troca lhes dou
duas dessas minhas galinhas a cada um de vocês. feito?
Responde-lhe o mais afoito dos três rapazes:
- Não é necessário não, senhor, nós lhe ensinaremos o caminho ao
senhor, de graça.
Jonas retrucou:
- Tá bom, então vou dar uma galinha para cada um de vocês, tá
certo?
Responde o mais velho:
- Já que o senhor insiste!
Estava doido para se livrar daquelas galinhas, que lhes pesam os
ombros, posto que estavam dependuradas num varapau improvi-
sado pelo eremita.
Andou um bocado, a uma altitude de 800 metros, avistou lá embai-
xo alguns barracos que davam a impressão de uma favela com suas
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 41
antenas de televisão, que o deixou encabulado, pois, quando chegou
ali, jamais imaginou, um dia encontrar alguém morando nas ime-
diações.
Chegando até aqueles casebres, soltou o que lhe restava de galiná-
ceos para regalo daquelas pessoas, e o seu também, enquanto al-
guns curiosos vinham encontrá-lo, e, logo surgiu a pegunta:
- O senhor é o homem lá de cima?
- Sou, por quê?
- Porque temos a curiosidade de conhecê-lo.
- Muito prazer, eu sou Jonas.
- O prazer é nosso, eu sou Nelson e esse é o Moacir.
- Eu morei 14 anos lá em cima e, por que nunca recebi a visita de
vocês?
- Por que o doutor Tiago, o pai do senhor, nos permitiu que morás-
semos aqui, com uma condição incondicional, a de nunca subirmos
a molestar seu filho Jonas, o senhor.
- Muito obrigado seu Jonas por nos dar atenção.
- Por nada, pois, esta é a minha obrigação!
Pensou Jonas, é o progresso avançando por todos os lados.
Caminhou por alguns quilômetros até chegar à cidadezinha, e pro-
curou uma condução que o levasse até a sua cidade, porém, sem
usar a influência familiar.
Indicaram-lhe um motorista de praça que peremptoriamente se
negou ao préstimo, já que Jonas confessou não ter dinheiro para a
corrida e, que a acertaria quando chegasse na residência de seus
pais.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 42
Ficou por ali, no único posto de gasolina existente, esperando por
uma carona, quando repentinamente vai encostando uma cami-
nhão para reabastecer, e estava com uma carga bem grande.
Apesar de ser um caminhão baú, dava para perceber seu peso pelo
ranger do seu molejo, e pelas marcas no chão de seus pneus.
Pediu carona ao motorista, dizendo, que em troca lhe descarregaria
o caminhão, já que o mesmo ía exatamente para sua cidade.
Porém, o motorista se desculpando, falou:
- Amigo, gostaria muito de ajudá-lo, mas não o conhecendo não me
arriscaria, desculpe-me, mas tem havido muitos crimes por aí, o
senhor me entende, não é.
- Sim, naturalmente que sim, de qualquer maneira lhe fico agrade-
cido, só pelo fato do senhor me dispensar sua honrosa atenção.
Imitando o campônio, que lhe dirigira quase a mesma frase.
Encostou-se num muro a espera de uma nova oportunidade, quan-
do o motorista do caminhão cismou em chamá-lo, e:
- Venha cá, amigo, vou arriscar um olho, vou lhe conceder esta ca-
rona, conquanto, o senhor terá realmente de descarregar minha
carga, que não é nada fácil. Combinado!
- Sim, vamos lá!
E, lá se foram rumo à cidade de onde Jonas partira há 14 anos.
Jonas viajava junto a carga, enquanto, o motorista e sua família
composta de mulher e um filho íam na boléia do caminhão.
O caminhão pesado, subia uma estrada asfaltada, lentamente.
Repentinamente o caminhão parou, enquanto, Jonas se encontrava
em profunda meditação ali dentro do baú, como bom projeciologis-
ta que o era, já estava sabendo do que se tratava.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 43
Quando abriu-se a porta do baú, e entraram alguns homens por-
tando armas de alto calibre e olhando para todos os lados não vi-
ram Jonas inerte na sua meditação profunda, pois, ele praticava a
arte de se passar por algo de menor significância, portanto, sem
despertar o menor interesse em quem quer que fosse.
Uma criatura insignificante em seu valor.
Jonas, com o que aprendera saiu do baú sem que ninguém o visse e
mexeu na parte elétrica do caminhão, de modo que, impossibilitou o
roubo daquela carga valiosa, e assim os bandidos desistiram de
suas maléficas ações.
Jonas, conseguia praticar a desintegração molecular de seu corpo
físico, tornando-se um espírito, numa explicação assim bem gros-
seira, como acontecera com o apóstolo Pedro quando esteve numa
prisão:
ATOS [12]
1 Por aquele mesmo tempo o rei Herodes estendeu as mãos sobre
alguns da igreja, para os maltratar;
2 e matou à espada Tiago, irmão de João.
3 Vendo que isso agradava aos judeus, continuou, mandando pren-
der também a Pedro. (Eram então os dias dos pães ázimos.)
4 E, havendo-o prendido, lançou-o na prisão, entregando-o a qua-
tro grupos de quatro soldados cada um para o guardarem, tencio-
nando apresentá-lo ao povo depois da páscoa.
5 Pedro, pois, estava guardado na prisão; mas a igreja orava com
insistência a Deus por ele.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 44
6 Ora quando Herodes estava para apresentá-lo, nessa mesma noi-
te estava Pedro dormindo entre dois soldados, acorrentado com
duas cadeias e as sentinelas diante da porta guardavam a prisão.
7 E eis que sobreveio um anjo do Senhor, e uma luz resplandeceu na
prisão; e ele, tocando no lado de Pedro, o despertou, dizendo: Le-
vanta-te depressa. E caíram-lhe das mãos as cadeias.
8 Disse-lhe ainda o anjo: Cinge-te e calça as tuas sandálias. E ele o
fez. Disse-lhe mais; Cobre-te com a tua capa e segue-me.
9 Pedro, saindo, o seguia, mesmo sem compreender que era real o
que se fazia por intermédio de um anjo, julgando que era uma vi-
são.
10 Depois de terem passado a primeira e a segunda sentinela, che-
garam à porta de ferro, que dá para a cidade, a qual se lhes abriu
por si mesma; e tendo saído, passaram uma rua, e logo o anjo se
apartou dele.
Logo após a retirada dos gatunos, Jonas saiu ao socorro do moto-
rista e sua família, econtrando-os amarrados em uns tronco de
árvores a uns poucos metros do veículo.
Estando tudo em ordem, partiram para seus destinos.
Veja amigo leitor, que tratamos muito sobre nossos amparadores,
mentores espirituais, ou anjos da guarda, como queira entender, e
quando referimo-nos a Deus nos ajudar, com certeza estamos tra-
tando de seus anjos que nos auxiliam.
E até para refrescar sua memória, anteriormente lhe foi dito:
- “Vós sois deuses, filho do Altíssimo”.
Capítulo 9
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 45
O REENCONTRO
Chegaram na cidade onde morava a família de Jonas.
O caminhão encostou numa enorme fábrica para a devida descar-
ga, e o motorista que já notara alguma virtude energética em Jo-
nas, e compadecido, começou ajudá-lo a descarregar a carga.
Terminado aquele serviço, e para surpresa de Jonas, lá vinha uma
pessoa muito conhecida, era o doutor Tiago, que saíra de dentro da
fábrica dirigindo-se ao escritório pelo átrio do estabelecimento.
Ao passar pelo caminhão nem se deu conta do filho, que por detrás
do pai lhe bateu no seu ombro esquerdo, e lhe disse:
- Doutor Tiago, por que tanto orgulho, já não conhece mais o seu
insurgente filho?
O impacto foi tão grande, que o velho quase teve uma síncope, e
chorando copiosamente lhe respondeu:
- Jonas, meu amado filho, que prazer enorme em revê-lo!
Chorando, ficou abraçado ao filho que também lacrimejava, en-
quanto o canhestro (desajeitado) motorista, abismado assistia a
cena.
Aquele momento emocionante ficou marcado na memória do moto-
rista, que mesmo sem entender nada, mais tarde desandou a narrar
a história do desconhecido que o livrara dos ladrões, e que descar-
regara a carga do próprio pai. e até acrescentava um pouco mais
para valorizá-la.
A família, deu uma festa comemorativa pela chegada de Jonas, que
a aceitou normalmente, deixando a todos perplexos.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 46
Estava irreconhecível, não podia ser o mesmo, categoricamente não
podia ser o mesmo menino Jonas, raquítico e doentio de outrora,
hoje um homem de 1,80 m esbanjando saúde, carisma e inteligên-
cia, aliás, muita sabedoria.
Seus irmãos foram refratários ao aceitá-lo como novo membro da
família, até que se convenceram pelas evidências naturais de ir-
mãos e fatos.
Na festa, que fora no dia seguinte de sua chegada, houve muita
curiosidade por parte de suas belas primas, tios, parentes e velhos
amigos, pois, Jonas dera um verdadeiro “show” de conhecimentos
na noite anterior na presença de boa parte deles, deixando seus
irmãos de queixos caídos.
O próprio pai, estava tão orgulhoso, que ordenou aos criados que o
vestissem decentemente para a respectiva festa.
Na grande festa, pomposa e requintada, com toda etiqueta, lá esta-
va o homem todo arrumado.
O orador era o diretor jurídico das empresas de Tiago, encarregado
de fazer as apresentações.
Jonas, um ser diferente, radiante, com tamanha paz e serenidade
começava a contagiar a todos.
- Quem seria aquela pessoa bem apessoada a ser homenageada?
Esta era a pergunta de muitos, que ignoravam o fato.
Era um dos herdeiros de tamanha fortuna, que despreocupadamen-
te estava emanando suas energias contagiantes ao ambiente.
Logo, lhe ofereceram o uso da palavra, que o fez com muita desen-
voltura, contagiando mais ainda pela sua maneira carismática de
tratar com aquele público, respondendo sabiamente todas as per-
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 47
guntas sobre assuntos intrincados, porém, não para o guru ilumi-
nado, Jonas.
Discursou inspiradamente, como sempre o fizera aos seus irmãos
do mundo astral.
Após as festividades, reuniu-se a família, e o assunto era um só:
- O que fazer com Jonas?
- Ficaria morando com a família? – até aí tudo bem.
- Mas, e o seu trabalho?
Alguns sugeriram, deixá-lo ocupando a vacância de uma diretoria,
até para encher lingüiça, ou apenas para preencher uma vaga de
um velho diretor que negava-se a morrer, tal a sua longevidade.
Sem que ninguém esperasse, lá estava Jonas integrando o cargo de
conselheiro das empresas.
Pediu apenas para opinar sobre qualquer assunto inerente aos seus
conhecimentos, junto das empresas.
Pediu carta branca para tomar tal atitude, e que politicamente lhe
deram.
Enquanto, seus irmãos conjecturavam jocosamente:
- Quais conhecimentos?
Capítulo 10
A FÁBRICA DE BISCOITOS
O primeiro dia de trabalho de Jonas, foi numa fábrica de biscoitos,
que não estava indo nada bem.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 48
Começou visitando todos os departamentos, desde os departamen-
tos mais sofisticados até o departamento de sucateamento de biscoi-
tos, onde ficavam os refugos.
Logo de cara, como se diz na gíria, ficou invocado com tanto des-
perdício de biscoitos defeituosos e quebrados.
Providenciou imediatamente sua reciclagem, e logo de cara foi ar-
rumando enguiço com os engenheiros de alimentos e nutricionistas,
porém, pedia sempre a presença de seu mentor maior: Ovídio, que
realmente era de alta evolução e que dava assistência ao guru Jo-
nas, nos laboratórios astrais sempre tinha um jeito de acertar os
erros daquele departamento, que colocavam aqueles profissionais
sob a égide moral de Jonas, que era um emissário especial.
Aquela providência tomada pelo conselheiro Jonas, acabou redun-
dando numa enorme economia para aquela unidade do conglome-
rado.
Aquelas atitudes de Jonas, foram tomadas sem consultar o conselho
de diretoria, e foi convocado e chamado a atenção, pela qual pediu
suas desculpas, justificando sua boa intenção etc.
Em contrapartida, humildemente explicou que seus resultados fala-
riam mais alto do que qualquer tertúlia flácida para adormecer
vacum, (conversa mole para boi dormir) frase que emcabulou a
diretoria, que se fechou em copa para não dar azo à sapiência do
guru.
Após, passados dois meses, chegaram os resultados daquele seu
trabalho específico, pois, convocaram uma reunião e simplesmente
tiveram de elogiar seus serviços, posto que “contra fatos não há ar-
gumentos”, tiveram de se dobrar ante a humildade de Jonas, o Con-
selheiro.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 49
Cumprindo-se aqui, um sábio provérbio do rei Salomão: “Aonde a
humildade vai a honra chega primeiro”.
No setor de produção, dialogou com muitos funcionários, sentindo
na própria pele seus problemas.
Convocou uma reunião de diretoria e, pediu que retirassem o siste-
ma fechado de televisão, posto que aquilo era um fator inibidor à
produção dos funcionários etc.
Aquele pedido causou enorme celeuma no grupo todo, afinal era um
pedido afoito, porém, advindo de um herdeiro das empresas. e que
se conceituara com a elevação econômica da fábrica de biscoitos
que, já estava quase abrindo o bico (quase falindo), tal a monta de
seus prejuízos, além do que, também descobrira algumas falcatruas
de grande monta, que caiu o queixo da diretoria, enfim, o conselhei-
ro era realmente um coringa atuando em todas as áreas das empre-
sas.
Aquele seu pedido, foi aceito e lavrado em ata.
Exigia que, suas opiniões fossem documentadas de forma sucinta e
clara.
Tornou-se o conselheiro mais carismático das empresas, ía almoçar
com os funcionários no restaurante da fábrica, o que não condizia
muito com a filosofia das empresas, porém, o homem estava fazen-
do acontecer.
Tratava com todos os setores, das vendas, compras, contabilidade,
estoque, logística, custos e muito mais.
Com muita sutileza, falava com todos os funcionários de per si, in-
teirando-se de seus problemas, mesmos os de ordem particular,
claro que, no elã de prestar ajuda.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 50
Com mente firme e auspiciosa convocou nova reunião, lavrando em
ata novo pedido, concessão de 45 minutos diários para uma reunião
com todos os funcionários.
Nova polêmica, mas foi assim concedido, posto que suas práticas
davam mais que certo.
Nesse horário concedido, o conselheiro reunia-se com os funcioná-
rios para praticar um relaxamento psicofisiológico, e também for-
necia-lhes um formulário para que eles levassem para suas casas e
o preenchessem com suas sugestões sobre o melhoramento da fábri-
ca etc.
Com muita perseverança e paciência, transimitia-lhes um pouco de
consciência coletiva, não se colocava como líder, e sim como a um
deles e tudo que lhe sugeriam, respeitava profundamente, tanto
prós como contra.
No dia em que aventou este assunto, começou discursando assim:
Amigos e amigas, sou um operário, e quero estar integrado na con-
fiança de vocês.
- Tudo bem?
Expectativa e silêncio total.
Peço a todos; prestarem bastante atenção.
Convoquei uma reunião de diretoria, e empenhei minha palavra na
cooperação de todos.
Pois bem, com toda liberdade, que quero todos tenham, peço àque-
les que não quiserem participar deste nosso diálogo de 45 minutos,
retomem seus lugares de trabalho sem o menor constrangimento,
deixo claro também que, estes 45 minutos serão remunerados pela
empresa.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 51
O período será escolhido por vocês, e por votação, se de manhã, ou
à tarde.
Acho imprescindível a presença de todos, para que dialoguemos
sobre assuntos do nosso bem-estar pessoal e do grupo, pois, trata-se
de qualidade de vida.
No entanto, repito será o nosso, e o meu particular prazer em tro-
carmos idéias, pois, creio que será de real valia a presença de todos,
se for possível.
Peço também a todos, que não se vexem em fazer qualquer pergun-
ta, mesmo que vocês não achem suas perguntas pertinentes nem
muito inteligentes, pois, muitos de nós chegamos a nos menosprezar
com algumas infantilidades, pela falta de auto-estima, como esta
por exemplo, de não acharmo-las muito inteligentes.
Pura bobagem, temos 45 minutos para uma conversa descontraída
e, todos os dias.
Podemos, talvez ampliá-la para 1 hora, dependendo do nosso pro-
gresso.
Explicou que, sem querer interferir no horário daquela reunião, o
qual seria escolhido por votação secreta, e que sua opinião seria de
que se fosse realizadas nas primeiras horas da manhã, um tanto
melhor, pois, a intenção era uma psicoterapia de grupo.
E, foi além, se vocês estiverem dispostos a darem mais 1/2 hora de
seus tempos, poderemos praticar o relaxamento e a meditação, que
é um relaxamento psicossomático (mente e físico) profundo, para
enfrentarmos o dia com mais força e equilíbrio emocional, pensem.
se vocês fossem pagar um tratamento terapêutico e todos os dias,
isto lhes custaria muito dinheiro, no entanto, aqui ele estará sendo
gratuito, ou melhor, vocês estão ganhando literalmente, sendo re-
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 52
munerados, posto que, servirá para o enfrentamento do dia-a-dia
no nosso mundo profissional, bem como no segmento de nossa vida
familiar e particular.
- E, o que aconteceu?
O profeta, que desceu da Montanha Doirada, com o apoio dos fun-
cionários, fez com que aquela unidade prosperasse sobremaneira,
com muito trabalho, paz e união entre os seus colaboradores.
Naquela promissora liderança, seus pais e irmãos começaram a
freqüentar tais reuniões, ouvindo as palavras de Jonas, que muda-
vam as personalidades humanas, modificando as atitudes dos fun-
cionários, e se perguntavam, onde teria o ermitão aprendido tanto
para modificar o estado de espírito dos homens.
Naquelas reuniões, até curas físicas foram plasmadas, ele teve de
tomar muito cuidado, sempre explicando que, ali estava Deus junto
aos homens de bem e que se davam ao trabalho, posto que Deus tra-
balhava incessantemente para manter o seu poder universal, e que
ali não era igreja e sim, um lugar abençoado e chamado “pão nosso
de cada dia”, como reza o Pai Nosso, sinônimo de trabalho prazero-
so.
E citava os trechos bíblicos, posto que, leu os envangelhos de ponta
à ponta, nos seus dias de clausuras lá na montanha:
Êxodo: 20
9 Seis dias trabalharás, e farás todo o teu [trabalho];
Enciumados com a sabedoria, e o carisma do profeta, alguns subi-
ram à Montanha Doirada atrás de alguma pista, que lhes indicasse
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 53
tanta educação e polidez tão poderosa, e que pudessem habitar num
só ser.
Porém, decepcionados nada puderam encontrar, pois, tais virtudes
encontravam-se no interior de Jonas, o Iluminado.
Pois, o guru continuava em suas peregrinações ocultas, aprendendo
mais e mais, era ávido discípulo e mestre.
Após 10 anos de convivência com a família, foi compelido a aban-
donar o cargo de Conselheiro-Executivo das empresas, deixando-as
em ótima situação financeiro-social.
Agora sim, era o filho-irmão querido, que prestava serviços inesti-
máveis às empresas, ao grupo. No segmento das finanças e sociais,
posto que os funcionários não mais faziam greves, e aumentaram a
produção sobremaneira, reduzindo as reclamações drasticamente.
Realmente um milagre acontecera, o grupo parecia mais um con-
glomerado religioso, ou melhor, uma família que permanecia uni-
da, através dos aconselhamentos de Jonas, sabedoria vinda das
esferas cósmicas, dos mundos esotéricos, ou extrafísicos, que a ciên-
cia, ou cientistas podem explicar, pois, são conhecimentos inefáveis,
porém, são fatos e, “contra fatos não há argumentos”.
Jonas, já descera da montanha e cumprira aquela sua etapa junto à
sua querida família, aparentemente tão estranha, como aquela do
mecânico que, às vezes sujava-se todo consertando máquinas, como
prensas, tornos e até computadores lá das indústrias, que emperra-
vam, bem como encontrava-se numa reunião de diretoria ou de
vendas e “marketing”.
E os elogios lhe eram constantes, sua fama continuava em alta, e o
iluminado mestre, como era revenciado nas empresas, título que
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 54
considerava tão desprezível perto de tantos mestres-mentores, com
os quais contatava freqüentemente no mundo astral.
Chegou incontáveis vezes ministrar aulas de vendas, tendo conse-
guido grande melhoria no faturamento das empresas.
Certa vez, mandaram chamá-lo, como último recurso para uma
reunião com o departamento de vendas, pois, o pessoal carecia de
ânimo, estímulo, entusiasmo.
Lá, chega Jonas trajando um macacão puído e sujo de graxa, en-
quanto, o diretor daquele departamento fazia um longo discurso,
chamando a atenção dos vendedores diante de um quadro de ano-
tações sobre índices, cotas, metas a serem cumpridas etc.
Alguns vendedores, vendo aquele mecânico ali, esboçavam certo ar
de riso e de desprezo e se perguntavam:
- O que faz entre nós um mecânico, será que quebrou o carro do
chefe?
Respondia outro:
- Não, veio para engraxar nossas vendas, para que elas deslisem
melhor.
- Mas, dormindo assim, acho que não vai engraxar nada aqui.
E, a galhofaria continuava durante o longo discurso do marketólo-
go diretor.
Jonas, quando não fazia alguma coisa, meditava, portanto, perma-
necia de olhos fechados em suas projeções pelo ambiente.
Terminado aquele discurso, o diretor dirigiu-se com todo respeito a
Jonas, apresentando-o aos funcionários que, eram no total de 50
pessoas.
Os engraçadinhos se amofinaram, quando lhes foi dito que Jonas
era um dos donos do grupo.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 55
Jonas, começa o diálogo, e usa verbetes eruditos, que faz com que
haja sempre uma pergunta sobre tal palavra, já no intuíto de puxar
um diálogo com a rapazida das vendas.
- Meus amigos, o que vocês acham da concorrência?
- Creio que, vocês sentem ojeriza por ela.
É bem possível, que os primeiros colocados em vendas até façam
apologia à ela.
Quero me pactuar com vocês, porém, me parece um tanto difícil, sei
que o que falarei, lhes parecerá utópico, mas apenas parecerá.
Fez uma pausa, e continuou.
Como alguns de vocês aventaram sobre minhas graxas e, que estou
aqui para engraxar suas vendas, e que estou aqui também para
dormir, quiçá, para consertar o carro do chefe, vejam amigos, vocês
estão em um número de 50 profissionais da melhor qualidade, mas
falo de meia dúzia de vocês, que nada deixam a desejar, porém, este
assunto, eu trago à baila para lhes mostrar que o bom vendedor
terá de usar o sexto sentido, pois, estando sentado na frente, perto
da tribuna e de costas à platéia, pude saber perfeitamente da goza-
ção que me fizeram nas últimas poltronas desta sala, e até gostei
bastante das galhofas que me fizeram, acho que a vida deve ser
uma comédia e não um drama, parabéns.
Neste exato momento páro, para que alguém se manifeste com suas
perguntas.
Levantou-se um vendedor de aparentemente 35 anos e:
- Prezado diretor, realmente essa fala confirma nossa brincadeira
toda, pela qual lhe peço desculpas em nome dos demais, embora, o
faça sem seus consentimentos, sem declinar nomes, pela ética do
bom-senso.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 56
Responde o eremita:
- Gostei muito da sua franqueza, amigo.
- Antonio João, senhor!
- Não me chame de senhor, sou um companheiro que gosta de ven-
der também, apenas quero acrescentar que, no momento não posso
derimir dúvidas sobre o fato ocorrido, pois, trata-se de projeciolo-
gia, assunto que se distende muito, mas um dia qualquer, se houver
interesse posso conversar amiúde com quem for laico no assunto.
Após, alguns meses, Jonas formou um grupo da área de comunição
das empresas, enfim, de relações públicas, e fundou um curso de
projeciologia, e os extra-sensoriais foram aproveitados nas áreas
de vendas, marketing, propaganda, relações humanas e até mesmo
da área de produção, como engenharia etc.
Aquele curso, foi providencial, pois, o grupo alçou vôo espetacular
rumo ao progresso.
Continuou o eremita:
Voltemos a falar da concorrência.
- Que tal se usarmos o bom-senso e a ética, se deixarmos a ganância
e nos atermos somente ao trabalho, como um objeto de prazerosa
responsabilidade.
Perdoem-me, jamais chamaria alguém de irresponsável, sem ter
um forte motivo, e neste particular, o irresponsável aqui sou eu,
pois, enquanto, vocês todos mantêm uma boa aparência em seus
ternos e gravatas, apresento-me engraxado, liso como quiabo, nem
podendo me aproximar de vocês, para não borrá-los.
A platéia mexeu-se, diante de um discurso tão formal e informal,
simultâneo, advindo de uma roupa cheia de graxa, fato raro naque-
le setor.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 57
Bem, Jonas prosseguiu:
- Para aqueles que não sabem, ocupo o espaço de conselheiro do
grupo “Couch”, treinador talvez. tendo livre acesso a qualquer de-
partamento, podendo opinar sobre qualquer assunto que suponha
ter algum conhecimento, e o mais importante é: tudo é anotado e
depois votado para um sim ou um não.
Quero deixar claro que, a mim pouco me importa o resultado do
meu trabalho de instrutor-conselheiro, já que o faço de coração
aberto, na mais íntegra sinceridade.
O doutor Fred, naturalmente fará um relatório sobre esta minha
fala nesta reunião.
Doutor Fred, era o diretor de “marketing” que o precedera em seu
longo discurso.
Obviamente já estava no local a secretária de Fred, fazendo as de-
vidas anotações.
Novo burburinho e, Jonas continuou:
Voltemos às vendas, amigos, este tema é, realmente fascinante.
Qualquer profissional, que não venda os seus serviços ou produtos
jamais terá algum sucesso na vida.
Até num namoro, se não vender a imagem ao parceiro, não se obte-
rá o sucesso, e neste caso vende-se de tudo.
O velho, discretamente “inocente”, vende seus bens para uma bela
jovem, ou vice-versa.
O jovem, negocia sua beleza, saúde, status, e até mesmo a honesti-
dade.
O pai, ao chantagear o filho para conservá-lo dentro de um bom e
saudável padrão, vende-lhe alguma idéia ilusória ou não, pois, tra-
ta-se do seu querido herdeiro.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 58
E assim. em tudo está a danada da venda, às vezes dissimulada de
propaganda.
Na religião, esporte, escola, família enfim em qualquer setor social
configura-se disfarçadamente a venda.
A venda, meus colegas, é a alavanca em qualquer setor da vida
humana, creiam!
A venda, é o progresso!
Vejam meus amigos, aqui um mecânico vendendo a vocês a própria
idéia da venda.
Educadamente, um vendedor chamado Eduardo, faz uma pergun-
ta:
- Jonas, me chamo Eduardo, e a verdade nisso tudo como é que fica,
se me parece tudo sofisma (mentira) uma boa venda, aos moldes do
seu discurso.
- Obrigado pela pergunta, Eduardo, em primeiro lugar devemos
saber realmente o que é verdade, existe a relativa, que verdadeira-
mente existe, e a absoluta, que realmente não existe.
- Como? - Não entendi.
- Vou ser sucinto e, todos vão entender: se todos aqui fossem mu-
çulmanos, e todas suas esposas estivessem aqui de biquini, mesmo
que aqui fosse uma praia, posto que, no islamismo ortodoxo a mu-
lher, é peremptoriamente proibida de mostrar seu rosto, e o seu
corpo então. pelo amor de Alá, meus amigos.
– O que aconteceria?
No entanto, se vocês todos fossem católicos, nada aconteceria, com
certeza!
- Então eu faço a pergunta, o que é verdade?
A minha verdade, pode ser a mais escabrosa mentira ao meu irmão.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 59
Aliás, este assunto levantado pelo Eduardo foi providencial, pois, o
bom vendedor na realidade não vende, deixa o comprador com-
prar, assim ele compra a sua verdade e fica com sua mentira, dei-
xando o vendedor praticamente livre de responsabilidades.
Mas, para isto necessita-se de muita arte de vender.
- Vocês, não acham mesmo, que vender a própria arte de vender, a
grandes vendedores, é muito difícil?
- Existe o lado reverso da moeda, tem-se na venda um preconceito
de que ela se presta a indivíduo falaz, trapaceiro, mentiroso, for-
mando um cataclismo dentro da nossa classe, afora meu macacão,
é claro.
Risos.
Amigos, o setor social do nosso grupo está intimamente atrelado ao
departamento o qual vocês são responsáveis.
Necessitamos de vendas, pois, delas depende o meu salário, os seus
salários, e o que é mais notável ainda, o setor produtivo, sendo o
mais sofrido de todos, posto que lá estão as pessoas mais humildes e
necessitadas, depende de vocês, porque venda é sinônimo de fatu-
ramento e este, representa dinheiro, remédio, comida etc.
Alguém vociferou:
- Falar é fácil, o senhor conhece o que diz, na prática?
- Amigo, se falar é fácil, é exatamente isso que você deve fazer, pois,
terá grande êxito nas suas vendas!
- E. Como nós; infelizmente não tivemos a oportunicade de nos co-
nhecermos intimamente, eximiu-se-lhe o direito de me fazer essa
pergunta, portanto, afirmo-lhe pleonasticamente, tendo em vista o
que pronunciei anteriormente.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 60
Se falar é fácil, ou não, nesta profissão torna-se preponderante a
fala, de outra maneira tornar-se-ia muito difícil.
Jonas representava muito bem, parecendo que os deuses do palcos
agiam e falavam por ele, pois, o seu interesse não era totalmente
materializado, não tendo muitas necessidades de bens materiais,
despojado de vaidades, apenas cumpria os seus compromissos as-
trais, na orientação de seus semelhantes, já que era solteiro, portan-
to, tendo de preocupar-se consigo mesmo.
Mais uma vez, seus conselhos foram úteis às vendas, e elas aumen-
taram substancialmente.
E, Jonas pensou:
- Não faz muito sentido tantas preocupações, mesmo pelas nobres
causas, a tranqüilidade deve imperar nos nossos corações, pois, ela
é a maior riqueza, já que esta vida é mesmo curta demais.
Lembrou-se de sua infância, como se fosse hoje, jogando bolinha de
gude com seus coleguinhas de infância.
Chegou a hora de uma nova separação.
Abraços e choros, e tudo aquilo que acontece em despedidas, lá se ía
o nosso ermitão à outras plagas.
Tomaria um avião e, desceria como acontecera quando desceu da
montanha, porém, desta vez seria bem diferente.
Uma nova etapa a se cumprir.
Não levaria consigo muitas coisas, pouco dinheiro, pouca roupa,
sementes de hortaliças e outros quetais.
Tendo viajado por muitos lugares a serviço das empresas, conheceu
uma ilha que o deixou encantado.
Notou em seus habitantes muita simplicidade, pessoas autênticas e
felizes, e humildes em todos os sentidos.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 61
Em uma de suas meditações esteve também naquela ilha, pesqui-
sando a energia emanante daquele povo.
Palestrou com muitas pessoas, saboreou muitas frutas tropicais, e a
atividade principal dos ilhéus era o plantio do mamão.
Capítulo 11
A PANE
Sem mais nem porquê, iniciou-se sua retirada perplexa, somente
aos olhos de seus amigos e parentes, que não entendiam a sua re-
pentina saída missioneira, uma constante em sua vida de ilumina-
ção sensitiva.
Dentro daquele avião, que o levaria para aquela ilha encantadora,
sentado ao lado de uma formosa donzela, que começou a lhe dizer
palavras que indubitavelmente eram fora de série.
Sem nunca tê-lo visto, ela lhe disse:
- Jonas, você tem-se conduzido à maneira muito especial, embora,
também tenha praticado atos triviais, peculiares aos humanos.
Porém, sem envolvência, desvencilhado de seus valores humanos,
você está de parabéns.
Esteja preparado, sua jornada é longa.
Continue assim, pois, está recebendo aquilo que tem plantado, aliás
a única verdade que se pode dizer absoluta é esta: “Colherás aquilo
que plantares” – como relata o livro eclesial, o qual o apóstolo Paulo
escreveu aos “Gálatas”:
Gálatas: 6
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 62
7 Não vos enganeis; Deus não se deixa escarnecer; pois tudo o que o
homem semear, isso também ceifará.
Terá de continuar a ajudar muitas pessoas, tanto neste plano como
no plano astral.
E, ela continuou:
- Você se encontra nesta nave pelos desígnios cósmicos, e nessa sua
instrospecção poderá ver o futuro que lhe espera muito em breve,
verá perfeitamente os próximos acontecimentos, podendo visualizar
os motivos, bem como a conduta que terá de tomar para se safar de
situações difíceis, nem tanto por você, mas por aqueles que estarão
com você e sob a sua égide espiritual.
Todos serão surpreendidos pelos flagelos desta vida, creia, minha
missão é ajudá-lo.
Não tema, nem se atemorize diante da luta, combata o bom comba-
te e guarde a fé, como bem disse novamente o apósto Paulo, na car-
ta que escreveu ao irmão Timóteo, seu “filho na fé” cristã.
II-Timóteo: 4
7 Combati o [bom combate], acabei a carreira, guardei a fé.
Depois de uma pequena pausa, continuou a jovem:
- Lembra-se das plantações de mamões, e da sua grande safra, e da
sua colheita?
Tratava-se uma visão, onde Jonas convivera no plano astral com
aquela gente e seus plantios,
Pois, eis novamente a descida do eremita.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 63
Jonas ouvia atentamente aquela rapariga, que nem lhe revelara o
seu nome.
Identificando-se com tais fatos, ajeitou-se na poltrona, cerrou seus
olhos pensando amistosamente na linda jovem que lhe dizia aquelas
palavras, porém, logo que ressuscitou seu olhar, viu que alguns
passageiros estavam a olhá-lo com olhares abismados, atônitos e
murmurando entre si.
Resolveu olhar à bela donzela, mas no canto esquerdo daquele as-
sento, o que viu foi um velho de barbas brancas, que dormia pacifi-
camente um sono de anjo.
Sem muita admiração, voltou à prática de sua costumeira medita-
ção.
O seu eu interior, exteriorizou-se do seu invólucro carnal, e desceu
até uma mata e numa cordilheira localizou uma enorme árvore,
parecendo-se com uma sequóia milenar, com muitos metros de al-
tura.
Porém, aquela região não era apropriada àquela espécie.
Volatilizando sobre a mata, chegou à uma bela cachoeira, com um
porém, aquele véu de águas distava a uns 3 quilômetros daquela
enorme árvore.
Enquanto voltava ao seu estado normal, sentiu um forte sacolejar
no avião, e a tripulação em pânico, e fez se ouvir a voz trêmula da
aeromoça, a dizer:
- Senhores passageiros, não fiquem preocupados, ouve um pequeno
problema com a nossa nave, que será sanado em alguns minutos.
Enquanto, o avião pegava um vácuo, e os passageiros ficavam com
seus corações a saírem pelas suas bocas.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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O comissário, um jovem que era também apaixonado pelo assunto
esotérico, e notando aquela serenidade de Jonas, aproximou-se-lhe
e, perguntou:
- Desculpe-me, mas o senhor não entra em pânico, não?
- Sim, meu jovem, fico com muito medo do medo, que deixa esses
cidadãos com tanto medo!
Enquanto conversavam o avião perdia altitude, e aqueles passagei-
ros já estavam para complicar ainda mais aquela situação.
Em desespero, alguns tentavam retirar seus cintos de segurança,
cada um querendo resolver o seu problema particular.
Ouviu-se um estrondo, e em seguida o raspar dos galhos das árvo-
res nas asas do aparelho.
Aquilo, durou alguns segundos, até que tudo ficasse estático, inclu-
sive a nave.
De imediato, ouviram-se os agradecimentos aos santos e a Deus.
Pessoas importantes, que pareciam deuses em seus altares, chora-
vam abraçadas, sem o menor preconceito.
Um pudico senhor, engravatado à italiana, e vestido à inglesa, cho-
rava copiosamente no ombro de um travesti, enquanto uma fervo-
rosa senhora, negava-se a desatar seu forte abraço a uma prostitu-
ta, “strip” de cabaré.
- Seria amor?
- Arrependimento?
- Medo?
O comissário que parlamentava com Jonas, deslizara sobre o cor-
redor do avião, indo amontoar-se com muitas bagagens, perto dos
pilotos.
Jonas, ria de alegria e de sarcasmo, e exclamava:
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 65
- Como somos insignificantes em nossos sentimentos egoísticos.
Logo que, se acalmaram os ânimos, sem nenhuma vítima fatal,
somente escoriações e luxações, começaram os primeiros socorros.
Presentes, três médicos, puseram-se a trabalhar sobre os machuca-
dos e, lá estava o homem que havia descido da Montanha Doirada,
e agora por força oculta encontrava-se numa outra bela montanha,
e com muita gente necessitando de seus préstimos.
O avião estava em destroços, e os relógios da população marcavam
9,30 horas, e, como o dia estava começando, teriam de trabalhar
rapidamente no aproveitamento do tempo. Tanto que, ouviu-se
uma voz grave, pedindo calma, porém, advertindo:
- Minha gente, tempo é vida, apressemo-nos!
Era a voz do profeta Jonas.
Realmente, o dia estava ensolarado de alegria, apesar dos pesares.
Alguns dos tripulantes saíram em busca de socorro, embrenhando-
se na mata, porém, logo se deram conta de que a situação era muito
mais complicada do que parecia.
Jonas, recordando e confirmando suas visões sobre a grande árvo-
re, que na realidade servira de breque àquela aeronave, falou:
- Senhoras e senhores, estamos todos no mesmo barco, ou avião, ou
na mesma mata, estamos realmente “perdidos no mato e sem ca-
chorro”.
Peço aos amigos, que poupem seus esforços, pois, temos de nos ar-
rumarmos por aqui mesmo, com muita calma e sutileza, não so-
mente pelo momento hostil no qual vivemos, bem como no trata-
mento de um para com o outro.
Nada de jactância, cabotinismo, empáfia, orgulho, temos de apren-
der que: aqui somos todos iguais, somos todos “iguais”.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 66
As pessoas queriam ouvi-lo e, ele prosseguiu:
Para começar, temos de eleger um líder, que deverá ser escolhido
por votação, e na minha modesta opinião, isso dever ser feito da
maneira mais rápida possível.
Quem sabe se, pedindo para que todos levantem os braços, para que
se configure o eleito, e para isto teremos de ter candidatos.
Urge, que se faça uma rápida pesquisa com respeito curricular dos
candidatos, que mais se aproxime de sobrevivência, principalmente
em selva.
Depois desta eleiçaõ, sugiro que se faça uma cartilha básica, no que
tanja à ética, moral e bom-senso para que haja respeito mútuo en-
tre nós.
Ao pronunciar tais palavras, foi vaiado por alguns, que concluí-
ram:
- Está pensando que somos selvagens?
Veio a réplica, incontinenti:
- Não, ainda não, é muito cedo para conclusões, mas daqui a algum
tempo saberemos, apesar de estamos numa selva, não quer dizer
que sejamos selvagens, porém, quero recobrar suas memórias, cri-
me hediondo pratica-se nos centros urbanos de pessoas pseudo civi-
lizadas, onde certamente o índio desfaleceria somente de pensar em
habitar tal ambiente “inóspito”.
E Jonas, proseguiu:
Notem bem, meus senhores, que cuidado absurdo é este.
Porém, com o passar dos dias, irão estar mais cautelosos do que eu
estou neste momento.
Foi interrompido por uma dama muito bem vestida, e pelo tipo, era
uma perua daquelas, cricri, como se diz na gíria.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 67
- Senhor.
- Jonas, seu criado!
Senhor Jonas, provavelmente o senhor está tomando nosso precioso
tempo com suas palavras sensacionalistas, querendo chamar a
nossa atenção para o senhor.
Daqui a algumas horas estaremos a salvo, posto que estarão à nos-
sa procura.
Quero que saiba, sou uma pessoa de muito dinheiro e de relevada
importância social para ficar neste esquecimento.
Então, replica o mestre Jonas:
- Meus amigos, não querendo polemizar com ninguém, tampouco
me importa a importância com a qual os senhores se apresentem
aqui, já que somos todos iguais, peço rapidez na votação para se
eleger o líder, antes que anoiteça, pois, aqui há pessoas que não
sabem nem nunca sentiram o que é, um crepuscular selvagem, exis-
tem os animais noctívagos etc.
- Cadê nosso líder?
Pergunta Jonas.
Um senhor empresário, pede a palavra:
- Meus amigos, estou com o senhor Jonas, tem ele o meu apoio, es-
tamos num lugar onde nossas vaidades não têm a menor importân-
cia., teremos de objetivar essa votação de maneira rápida, estamos
perdendo muito tempo.
E, para começar, tomo a liberdade em convocá-los, começando por
mim:
Sou engenheiro químico e, trabalho na industrialização farmacêuti-
ca, sem a menor experiência em sobrevivência, apesar de certa vez
ter sido seqüestrado, mas tive sorte, após um longo sofrimento,
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 68
escapei por um descuido qualquer dos bandidos que eram pés-de-
chinelos.
E o empresário concluiu: pedindo que cada um fizesse sua ficha
curricular, conforme surgerira Jonas, e assim o fizeram.
Porém, antes perguntou a Jonas:
- E o senhor, Jonas?
- Fui Conselheiro Empresarial, e já tive alguma experiência em mo-
rar em mata.
O empresário, aparentava seus 65 anos, e devolveu a palavra a
Jonas, após ter dado muita força às palavras de Jonas, seu nome
era Jarbas.
- Como disse o senhor Jarbas, tomem cada um dos senhores um
papel e anotem suas profissões e experiências que julgarem úteis à
nossa convivência e sobrevivência.
Não nos esqueçamos do provérbio:
“A união faz a força”.
Naquele mesmo dia, organizaram o sistema de votação, analisaram
o currículo de cada um e, elegeram o líder, pura formalidade, posto
que, quem liderou tudo fora o eremita, que ali estava para tal fina-
lidade, como acontece com nossos governadores, que sempre são
dirigidos pelo próprio sistema cósmico, e jamais têm consciência
deste fato.
Quiseram colocar Jonas numa das chapas, porém, ele não aceitou.
O sol já se punha, e Jonas tomou o devido cuidado em arrumar le-
nha para uma duradoura fogueira.
Bandearam-se junto ao fogo, e ali pernoitaram.
Uns, amedrontados com os movimentos que faziam os animais de
hábitos noturnos, mal cochilaram naquela primeira noite.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 69
No dia seguinte, a maior preocupação era com os produtos enlata-
dos que sobraram da malfadada viagem, pois, em pouco menos de
um dia já estavam pela metade, talvez, dando para mais um dia e
meio ao máximo.
Jonas, aproveitanto a reunião matinal, falou:
- Amigos, tenho uma proposta a fazer a todos.
Ao lado norte, existe um belo e saudável lençol de água, de onde
poderemos sobreviver sem maiores traumas.
Minha proposta, é bem simples: é pedir para que todos rumemos
para lá, e sendo apenas realista, devo lhes alertar que, estamos
isolados nestas cordilheiras, e quanto antes construírmos nossas
cabanas, melhor!
Aquelas pessoas ouviram atententamente suas palavras, porém,
alguém bradou:
- Esse cara tá bêbado, para não dizer desvairado.
Era um jovem estudante, e parecia ser um mancebo revel (rebelde).
- Amigo, não estou bêbado, estou muito sóbrio e convicto do que
estou falando.
- O senhor tem jeitão de mapoteca mesmo!
- Não precisará se desculpar, meu ancho jovem, após confirmar
tudo aquilo que aqui estou afirmando.
- Como pode o senhor, saber do que há nesta mata?
Responde o eremita:
- Intuição, meu jovem. intuição.
Quando Jonas deu esta resposta, ouviu-se em uníssono aquelas
pessoas exclamarem: - Oh. Ele, também é profeta.
Em seguida o jovem, o inquire:
- O que o senhor quer dizer com: ancho jovem?
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 70
- Sem nenhuma ofensa, quero dizer ensimesmado efebo (jovem). que
sem dúvida, é melhor que: embriagado rapaz.
As pessoas, ouvindo o palavreado de Jonas, começaram se atinar
mais aos seus conselhos.
Alguém interveio:
- Nisto todos somos unânimes, quem pode nos garantir que existe
mesmo água no lado norte, como disse o senhor Jonas?
Agora era a voz de Paulo, o atleta ao qual, Jonas respondeu:
- Paulo, só existe uma maneira de sabermos, é irmos constatar.
Paulo, era uma atleta internacional, com várias medalhas, até de
ouro.
Vamos senhor Jonas, eu o acompanharei, e tomara; exista mesmo
essa “fonte da juventude” como o senhor aludiu.
Depois, nada tenho a perder, tenho de praticar exercício mesmo.
Andaram 3 km guiados por uma bússula de bolso, que Jonas carre-
gava consigo.
O jovem quase não falava, mas quando chegaram na zona das á-
guas, começou a inquisição por parte do atleta, que fazia toda sorte
de pergunta sobre o local paradisíaco.
- Como o senhor sabia da existência deste maravilhoso local, seu
Jonas?
- Paulo, pode me tratar por você, e sobre suas perguntas terei o
maior prazer em respondê-las.
Lentamente, voltaram carregando vasilhas com o precioso líquido e
Jonas ía respondendo as curiosas perguntas de Paulo.
- Paulo, o fato de estarmos a sós, é providencial, pois, você foi o
escolhido para testificar minhas visões e anunciá-las.
- Farei isto de muito boa vontade, Jonas.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 71
- Fico-lhe muito grato, Paulo.
Paulo escutou aquela prosa, meio céptico, porém, nada podendo
fazer diante dos fatos.
Chegaram sorrateiramente e ouviram o murmúrio daquela gente, e
Paulo tomado por um espírito brincalhão, fez uma brincadeira de
mau-gosto, o que até foi bom para que Jonas avaliasse o estado de
espírito daquela gente.
Paulo, falou:
- Minha gente, tenho uma péssima notícia, não existe o tal rio cau-
daloso e mais coisa nenhuma.
Aquelas pessoas foram afetadas em suas emoções e, lançaram pa-
lavras de baixo calão sobre Jonas e, até ameaçaram açoitá-lo com
alguns cipós e pedaços de paus.
Jonas, tomou a frente e:
- Calma amigos, há bem pouco tempo, quando aqui chegamos, fa-
lamos sobre selvageria.
– Lembram-se?
Jonas continuou, pois bem, amigos, peço-lhes muita calma, posto
que o nosso atleta Paulo acaba de fazer uma brincadeira, que nem
mesmo eu esperava, fui pego de surpresa.
Paulo, meio envergonhado, redime-se de seu gesto, e explica a ver-
dade dos fatos.
- Senhores, é incrível, porém, veraz, está tudo lá como predisse o
nosso profeta Jonas, e para provar os fatos, trouxemos águas, que
estão embaixo daqueles arbustos, e desculpem-me a bricadeira de
mau-gosto.
Capítulo 12
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 72
A CACHOEIRA
Cada um, pegou sua bagagem, e partiram rumo ao local da cacho-
eira, seguindo o cicerone Jonas.
Alguns íam trocando idéias, e até duvidando de tudo aquilo, ao
mesmo tempo em que aventavam: é impossível que duas pessoas
aparentemente idôneas estejam tramando uma farsa tão desastro-
sa.
- E, a troco de quê?
Para Jonas, aquele lugar era como a Montanha Doirada, um ma-
ravilhoso paraíso verde, com suas águas cristalinas.
Fizeram muitas tentativas para se safarem daquela situação.
O comandante havia feito um esforço descomunal para falar ao
rádio do avião, e nada conseguira, pois, um robusto galho de uma
árvore perfurara a fuselagem da nave atingindo em cheio o rádio,
danificando-o por completo.
Nada mal, tinham água, muita água.
E a comida?
Bem, junto deles havia um botânico de madura idade, que muito os
ajudou com brotos de bambu, raízes. além dos tubérculos, outras
ervas comestíveis etc.
Jonas, tinha as sementes que trouxe para semear onde imaginava
ficar, na formosa ilha, e era um bocado delas, hortaliças, legumino-
sas, e teria de usá-las ali para a sobrevivência de tanta gente.
Com um pouco de sacrifício, chegaram ao fim da marcha, e estupe-
fatos exclamaram:
- Oh. que maravilha!
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 73
Extasiados, contemplavam a cortina prateada que descia de uma
montanha, numa queda de mais de 40 metros de altura.
Mais um pernoite e, no dia seguinte começaram a preparar o a-
campamento, utilizando as madeiras de espessura mediana, até
para facilitar o trabalho, aquele dia se pôs e mais uma noite nascia,
acompanhada de uma lua cheia, que substituia o alvorecer.
Alvoreceu e, logo bem cedo, mãos à obra.
Jonas pediu, que se apresentasse um voluntário para que fossem
atrás de alimentos, enquanto alguns engenheiros e construtores
cuidavam das cabanas etc.
Um senhor dispôs-se acompanhá-lo, era Demóstenes, um médico de
muitas cirurgias.
Jonas, ía mostrando algumas plantas e falando de suas utilidades.
Curioso, o companheiro o inquiriu:
- Jonas, você estudou botânica?
Responde-lhe, Jonas:
- Sinto desapontá-lo doutor Demóstenes, estudei sim, porém, não à
maneira empírica, e com estas momenclaturas.
- Jonas, dá para você se explicar melhor?
- Sim, doutor, desde a minha mais tenra idade, costumava praticar
uma meditação profunda, que muito intrigava meus pais, e profes-
sores, que nada podiam fazer, uma vez que minhas notas escolares
eram exemplares.
Relaxando e concentrando minha mente, meus trabalhos e estudos
atingiam seus fins colimados.
- Como isso é possível, de uma maneira tão simples?
- Demóstenes, posso tratá-la à maneira informal?
- Sim, claro.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 74
- Desmóstenes, o que vou lhe dizer, espero não escarnecê-lo, tendo
em vista sua inteligência e cultura.
É perfeitamente possível, aqui, neste instante contatarmo-nos com
seres completamente desconhecidos da maioria das pessoas, atra-
vés da nossa mente, nosso espírito, nosso eu maior, inconsciente,
subconsciente, conciex, enfim espero, tenha entendido até aqui, pois,
são frases simples e corriqueiras do nosso cotidiano.
Dentro de uma comunição muito rápida, muito além do que imagi-
namos, a exemplo da velocidade da luz, do pensamento e até mesmo
atemporal, ou simultânea.
São fatos extremamente peculiares, ligamos o rádio e, ouvimos a
voz de alguém quase sem limite de distância aqui na Terra, trans-
mitindo mensagens, fatos que alucinariam qualquer um de nossos
ancestrais.
Nós, temos o mau hábito de dissociarmos tudo. através de classifi-
cações.
Exemplo: corpo da alma, alma do corpo, corpo do espírito, espírito
corpo, alma do espírito, mente da consciência, e por aí vai.
Ou seja: estamos classificando coisas que, ainda não são do nosso
inteiro conhecimento, embora, as nomenclaturas médicas sejam
extremamente úteis à medicina.
Mas, na classe médica, existe também uma concorrência tacanha,
entre alopata e homeopata por exemplo, ao invés de se digradia-
rem, porque não se unirem.
Agora, fala o doutor:
- É bem interessante ouvir alguém, neste fim de mundo, falando
sobre assuntos tão simples e que, não conseguimos enxergar no
nosso ambiente de trabalho.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 75
- Isto acontece aqui, pelo simples fato de no seu dia-a-dia, você, não
dispender de tempo para tratar de assuntos aparentemente desin-
teressantes.
Eis os motivos de cair uma aeronave, para que possamos ter uma
lição de vida mais profícua já que, quem está vivo tem de saber so-
breviver.
O condicionamento mercantilizado e convencional humano, é que
leva o homem a não pensar, eu diria a ele para: despnotizar-se.
Repentinamente, Jonas exclamou:
- Estamos salvos.
- Estamos é, perdidos, balbuciou o médico.
- Araucária, Demóstenes, araucária.
- Vamos fabricar algum artefato de madeira, Jonas?
- Veja aquelas árvores, com seus 35 metros de altura mais ou me-
nos, e com diâmetro de até 3 metros.
- Você não gosta de pinhão cozido, Demóstenes?
- Claro que sim, ainda mais nesta situação, em tais circunstâncias.
- Pois é, teremos de tomar cuidado, para não nos congestionarmos
de tanto comê-los, podemos até nos adoecer. Embora, tenhamos
alguém junto de nós, que fez o juramento hipocrático.
Jonas, pronunciou aquela frase, sem saber muito bem se era cor-
respondente ao pai da medicina, Hipócrates.
O médico, pensou logo num futuro distante:
- Jonas, essa planta pode ser cultivada?
- Não, absolutamente, somente a mãe natureza pode encarregar-se
dessa agricultura, através de uma ave chamada Gralha Azul, esta
ave enterra suas sementes no solo, para depois desenterrá-las para
se alimentar delas, porém, a natureza faz com que elas se esqueçam
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 76
de algumas, que brotarão maravilhosamente para o bem geral do
ecossistema.
Como faz com a nossa memória, impondo sobre ela muitos lapsos,
para que outros nossos irmãos possam tirar proveito da nossa falha
mental.
Chamo isso de: distração de concorrência.
Demóstenes, o clima aqui é de temperado para frio.
- Como pode você saber sobre o clima daqui?
- Pura dedução, doutor, pois este é o clima do verdadeiro hábitat
dessa magnífica espécie de árvore.
- Como poderemos apanhar aquelas pinhas, Jonas?
- Não se preocupe, é somente olhar ao chão e encontrará uma infi-
nidade delas.
- Para nossa sorte, Demóstenes, é como tomar doce de criança, ou
bater em bêbado.
Encheram 4 sacolas, que outrora serviram para transportar coisas
muito importantes, porém, agora nada mais importante do que um
simples amontoados de pinhões.
Prontos para o retorno, Jonas fez uma brincadeira:
- Estamos perdidos, Demóstenes.
- Como, você é o nosso guia, e as suas visões?
Voltearam e voltearam, e o vate (profeta) preconizou:
- Eis aqui minhas visões, Demóstenes, mostrando-lhe a bússula
sacada de seu bolso.
Jonas, havia tomado todos os cuidados no que se dizia respeito aos
pontos cardeais.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 77
Chegaram ao acampamento com as sacolas cheias, e ao serem vis-
tos, foram aclamados pelas suas perspicácias por tirarem bom pro-
veito daquela situação.
Fizeram um belo assado dos pinhões daquelas araucárias, e todos
compartilharam daquele banquete.
Alguns religiosos, para ser mais preciso, dois padres e dois pastores
evangélicos, faziam parte do grupo.
Um deles, não contendo a curiosidade, perguntou a Jonas:
E, logo surgiram perguntas do tipo:
- Desculpe-me senhor Jonas, mas corre entre nós que o senhor se diz
um profeta, um visionário.
- Poderia nos falar a respeito?
Era o padre Frederico, argüindo o ermitão.
- Sim, com o maior prazer, e insisto que ninguém me trate de se-
nhor, pois, o Senhor está nos céus.
- Quero esclarecer que, desde a minha mais tenra idade, cotumava-
me entregar às profundas meditações, com minha mente limpa à
maneira evangélica, como disse o Mestre Jesus: “Aquele que olhar a
uma mulher com olhar impuro, já adulterou com ela”, querendo
ensinar que a maior maldade humana está no pensamento, posto
que o ato de orar é comungar com Deus, é estar em comunhão com
o Amor, até porque Deus é, Amor!
Como realmente está escrito:
I-João:4
8 Aquele que não ama não conhece a Deus; porque [Deus é amor].
Mateus: 5
Jonas o eremita que desceu iluminado
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28 Eu, porém, vos digo que todo [aquele que olhar] para uma mu-
lher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.
E, como fazia Jesus, sem a menor comparação ao Mestre dos mes-
tres, gosto de me insular em orações profundas, tendo o privilégio
de me encontrar com meus irmãos do mundo astral e, às vezes vou
até planos maravilhosos que, não dá para explicar aos meus ir-
mãos, como relatou o poliglota Saulo, da cidade de Tarso, o apósto-
lo Paulo à igreja de Corintho:
Fui arrebatado até o terceiro céu, e vi e ouvi coisas inefáveis, as
quais não são possíveis relatar aos homens.
Corínthios: 12
2 Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo
não sei, se fora do corpo não sei; Deus o sabe) foi [arrebatado] até o
terceiro céu.
4 que foi arrebatado ao paraíso, e ouviu palavras [inefáveis], as
quais não é lícito ao homem referir.
Mateus: 17
3 E eis que lhes apareceram[ Moisés e Elias], falando com ele.
Lucas: 19
30 E eis que estavam falando com ele dois varões, que eram[ Moisés
e Elias],
Mateus: 14
Jonas o eremita que desceu iluminado
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23 Tendo-as despedido, [subiu] ao monte para orar à parte. Ao
anoitecer, estava ali sozinho.
Lucas: 9
28 Cerca de oito dias depois de ter proferido essas palavras, tomou
Jesus consigo a Pedro, a João e a Tiago, e [subiu] ao monte para
orar.
Aliás, Jesus apregoou muito a sabedoria divina, e desprezou a dos
aculturados homens das letras:
Lucas: 10
21 Naquela mesma hora exultou Jesus no Espírito Santo, e disse:
Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste
estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos [pequeni-
nos]; sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.
Porém, voltando às minhas narrativas, quando entro em estado de
êxtase, ou em catarse, ou em alfa, como queiram entender, apesar
de saber que se trata de projeção astral, recebo informações, as
quais devo transmiti-las no afã de ajudar o meu próximo. Como se
fosse uma profecia.
Quero afirmar que, estes dotes não são privilégios meus, são de
todos aqueles que se dispuserem a desenvolvê-los, como de fato,
chegará um momento na eternidade que todos teremos de desen-
volver aquilo procrastinarmos, ou adiarmos.
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 80
Quando jovem, no princípio de minha missão, sofri muita discrimi-
nação, muitos me tinham por obsedado, louco e outros adjetivos, os
quais nos dias atuais até me são elogios.
Agora é a vez de Cristóvão, padre mais velho e experiente na her-
menêutica eclesial:
- Meu filho Jonas, insinuas-te a comparar com o profeta Jonas, ou
com o apóstolo Paulo?
Jonas, sentiu estar ouvindo perguntas viperinas, que como relhos,
zurzindo a lhe açoitar seus tímpanos.
- Jonas, grande Jonas, profeta e servo do Deus Altíssimo!
O homem que foi vomitado nos arredores de Nínive, por estar em
desobediência ao Pai.
JONAS [2]
1 E orou Jonas ao Senhor, seu Deus, lá das entranhas do peixe;
10 Falou, pois, o Senhor ao peixe, e o peixe vomitou a Jonas na ter-
ra.
Quanto ao grande Paulo, “o homem que combateu o bom combate e
guardou a fé,” e que também aprontou lá suas traquinagens, quan-
do encontrava-se em algum aperto, que tal a mentira por exemplo:
O grande Paulo se disse romano de nascimento, quando na verdade
nasceu na Cidade de Tarso da Cilícia na Judéia
Atos: 21
39 Mas Paulo lhe disse: Eu sou judeu, natural de Tarso, cidade não
insignificante da [Cilícia]; rogo-te que me permitas falar ao povo.
Jonas o eremita que desceu iluminado
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Atos: 22
27 Vindo o comandante, perguntou-lhe: Dize-me: és tu romano?
Respondeu ele: Sim sou.
28 Tornou o comandante: Eu por grande soma de dinheiro adquiri
este direito de cidadão. Paulo disse: Mas eu [o sou de nascimento].
Portanto, não me comparo a ninguém, sou um pobre mortal, aqui
vivendo pela graça, pela qual vós sois salvos, Padre Cristóvão.
Atos: 15
11 Mas cremos que somos salvos [pela graça] do Senhor Jesus, do
mesmo modo que eles também.
Agora é a vez de Clarindo, o pastor:
- Irmão Jonas, a comparação, realmente é um tanto exagerada em
se tratando do apóstolo Paulo.
Jonas, interrompe aquela fala:
- Afirmo a todos vocês, meus companheiros, não ficarei aqui pole-
mizando, discutindo o sexo dos anjos, porém, na casa de nosso Pai
há muitas moradas.
João: 14
2 Na casa de meu Pai há [muitas moradas]; se não fosse assim, eu
vo-lo teria dito; vou preparar-vos lugar.
- Jonas, porque você perde tanto tempo com coisas utópicas, como
suas visões?
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 82
- Pois, a mim você me parece uma pessoa inteligente.
- Por que não procura algo produtivo, que possa trazer bens às pes-
soas, bens reais, palpáveis, duradouros, algo concreto, ao invés de
ilusões?
Era Prado, grande goleiro de futebol.
- Meu caro e jovial atleta Prado, vou lhe fazer uma pergunta bem
óbvia, que não poderá negar sua resposta, até porque, não estou
sendo entrevistado por nenhum repórter, onde este se limita apenas
a perguntar, o que facilitaria extremamente sua vida de inquisitor.
- Você gosta de futebol?
- Realmente, é uma pergunta que não posso negar sua resposta,
gosto, é claro que gosto!
- Pois bem, vamos movimentar essa bola, sua bola, por que pertence
ao seu metiê de pessoa ativa e inteligente, além da sua grande utili-
dade como profissional.
- Temos aqui um pessoal, que dá para formar um time e ainda so-
bra torcedores.
Fico feliz e, até agradecido por provocações como dessa natureza,
pois, elas poderão nos dar a oportunidade de explanarmos nossos
conhecimentos.
- Quando, alguém ensina alguma coisa e não a coloca em prática,
então, este alguém não é muito digno de crédito, como a velha má-
xima: “Faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço”.
Voltemos ao futebol, caro Prado, você acabou de dizer dos meus
devaneios, das minhas ilusórias visões, e dos meus pensamentos
doentios.
No seu campo de futebol, estão vários atletas, lá onde você é um
goleiro. que há muitas décadas correm sofregamente atrás de uma
Jonas o eremita que desceu iluminado
189 83
coisa arredondada chamada de bola, e que insitem em movimentá-
la com os pés.
Meu querido Prado, você, sendo uma pessoa inteligente, já está se
apercebendo para onde você vai sendo levado pela minha fala, e já
está se preocupando com suas evasivas - não é verdade?
Porém, como você externou sua fala publicamente, e eu a ouvi pu-
blicamente, espero que a sua educação permita-me concluir a mi-
nha.
Pois, essa bola, lá no meio do campo, qualquer um de nós poderia
pegá-la com as mãos e baldeá-la para o fundo da rede, sem a menor
utilidade, e lembre-se de que você, caro Prado, fez uma grande alu-
são à minha inutilidade.
Digamos até, que houvesse alguma necessidade premente de se
movimentar uma bola, mas mobiliza-se vários jovens fortes, saudá-
veis, que ao invés de estarem fazendo nada correndo atrás de uma
bola, estivessem cuidando de alguma latrina, ou de uma família
pobre, ou estudando, ou praticando alguma coisa palpável e de