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JOBIM e a Montanha Sagrada
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JOBIM - PerSe · 2014-01-08 · JOBIM e a Montanha Sagrada 9 conhecendo e convivendo com pequenos grupos que viviam espalhados pelo vasto Planalto Guiano. Huayray, seu tutor, não

Apr 23, 2020

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1.ª edição

JOBIMe a Montanha Sagrada

Paulo Spínola

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Esta obra é uma publicação da

Editora Livronovo Ltda.CNPJ 10.519.646/0001-33www.editoralivronovo.com.br© 2011. São Paulo, SP Impresso no Brasil. Printed in Brazil.

Créditos

Editor-responsávelZeca Martins

Controle editorialManuela Oliveira

Projeto gráfico e diagramaçãoRafael Molotievschi

CapaZeca Martins

RevisãoRaquel Benchimol

ISBN – 978-85-62426-86-5

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livropoderá ser copiada ou reproduzida por qualquer meio impresso,

eletrônico ou que venha a ser criado, sem o prévio e expressoconsentimento dos editores.

Ao adquirir um livro você está remunerando o trabalho de escritores, diagramadores, ilustradores, revisores, livreiros e mais uma série de profissionais responsáveis por trans-formar boas ideias em realidade e trazê-las até você.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

S758j

Spínola, Paulo

Jobim e a montanha sagrada / Paulo Spínola. -- São Paulo: Livronovo, 2011.

1. Machu Picchu. 2. Romance I. Título

CDD – B869

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Os mapas que ilustram a trajétória de Jobim são de autoria de Jacke – flor

amazônica que preenche minha vida com sua graça, beleza e inteligência.

Dedico este livro à tia Nega e à tia Jael, que partiram deixando seus sobrinhos órfãos

de seu amor e entrega.

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SUMÁRIO

CAPÍTULO I _ JIM DAS SELVAS .......................................... 7

CAPÍTULO II _ A SACERDOTISA ....................................... 11

CAPÍTULO III _ JOBIM E SAMIRIS .................................... 19

CAPÍTULO IV _ PROCURANDO WILL ............................. 33

CAPÍTULO V _ RUMO AO PERU ........................................ 45

CAPÍTULO VI _ IQUITOS: CAPITAL DA SELVA PERUANA ................................................... 63

CAPÍTULO VII _ SUBINDO OS ANDES ............................ 91

CAPÍTULO VIII _ CUZCO: O UMBIGO DO MUNDO .. 95

CAPÍTULO IX _ LA PAPPA Y LA MAYS ........................... 107

CAPÍTULO X _ O LAGO TITICACA ................................. 119

CAPÍTULO XI _ A TRILHA INCA ....................................... 141

CAPÍTULO XII _ A MONTANHA SAGRADA .................. 159

CAPÍTULO XIII _ O CAMINHO DE VOLTA .................... 183

CAPÍTULO XIV _ A FRONTEIRA ....................................... 187

CAPÍTULO XV _ A PONTA DOS JACARÉS ...................... 193

CAPÍTULO XVI _ DE VOLTA AO BRASIL ........................ 199

CAPÍTULO XVII _ O ANTÍDOTO ....................................... 209

CAPÍTULO XVIII _ DE VOLTA PARA CASA ................... 219

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CAPÍTULO I

JIM DAS SELVAS

Thomas sentiu o solo desmanchar sob seus pés. Por um instante, pensou se tratar de uma acomodação do terreno, mas ao ouvir os gritos desesperados dos mineiros, não teve dúvida – a mina ia desabar.

O jovem engenheiro canadense sonhava conhecer o mundo, por isso quis trabalhar em algo diferente. Não pensava em ter uma carreira brilhante ou ficar rico.

– Eu quero viver em liberdade! Nunca serei escravo do trabalho e do dinheiro! – bradava aos colegas de faculdade que sonhavam trabalhar em grandes escritórios de engenharia do Canadá e dos EUA.

Com esse ideal, foi trabalhar em uma companhia inglesa de mineração sediada em Georgetown, que pesquisava minérios nas montanhas do Planalto Guiano. Em uma dessas incursões, durante as escavações de uma encosta, a terra começou a tremer, e os gritos desesperados dos mineiros alertavam que algo havia saído errado.

– Va dessabar! Bamos hombre! – gritou um mineiro, ao passar por ele.

Thomas ficara estático na entrada da mina, parecendo não acreditar no que estava acontecendo. O grito do homem o fez despertar para a gravidade da situação, e ele só teve tempo de

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se jogar encosta abaixo, antes que o teto da mina viesse abaixo. Na tragédia, em função de não terem encontrado vestígios de seu paradeiro, foi dado como morto, soterrado com outros funcionários no interior da galeria.

O Planalto Guiano é o habitat dos Mamoés, descendentes do povo mágico que migrou dos Andes peruanos para a Amazônia, na época dos Incas. Na hora do acidente na mina, um grupo de Mamoés que caçava na região foi atraído pelo barulho do desmoronamento e encontrou o jovem engenheiro desacordado e muito ferido. Levado para a aldeia Mamoé, Mr. Thomas foi curado pelo Pajé Huayray.

Thomas apaixonou-se pela jovem Mamoé incumbida de cuidar de seus ferimentos e pretendia levá-la consigo, quando estivesse recuperado e apto a retornar para a Guiana. Huayray, no entanto, tinha outros planos para ele. O forasteiro foi es-colhido para gerar a herdeira da Grande Sacerdotisa e, após o ritual de concepção, foi levado para longe da aldeia, nunca mais retornando.

Porém, o aventureiro engravidou não só a Grande Sacer-dotisa, como também a jovem por quem havia se apaixonado. Infelizmente, a moça morrera durante o parto, e o menino foi criado pela Sacerdotisa como irmão de sua filha Majumay.

O garoto Pavitã nunca gozou da simpatia dos guerreiros da tribo, que não o consideravam um legítimo Mamoé, mas ninguém se atrevia a contrariar a decisão da Sacerdotisa em tratar o menino como irmão de Majumay, muito menos desafiar o poderoso Huayray, que nutria por ele um carinho especial.

Ainda jovem, Pavitã começou a se aventurar fora da al-deia, passando por vezes meses a fio vagando pelas montanhas,

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conhecendo e convivendo com pequenos grupos que viviam espalhados pelo vasto Planalto Guiano.

Huayray, seu tutor, não reprovava seu comportamento, pois o garoto herdara de seu pai, Thomas, o espírito aventureiro e, além disso, mesmo com o passar dos anos, continuava so-frendo discriminação por ser filho de pai branco. Pela tradição Mamoé, somente a Sacerdotisa tinha o direito de escolher um parceiro de fora da aldeia, por isso o grande Pajé considerou a morte da mãe de Pavitã não uma fatalidade, mas um trabalho de Deus. Se sobrevivesse, a moça certamente sofreria grande rejeição na aldeia.

Pavitã ganhou o apelido “Jim” de um brasileiro que co-nheceu na Guiana, em uma de suas inúmeras incursões para fora da aldeia.

– Você é o Jim das Selvas – brincava o brasileiro, referindo--se ao personagem de um seriado a que assistia quando criança.

O rapaz gostou do apelido e, com o tempo, passou a ser chamado por esse nome, já que detestava seu nome Mamoé.

– Se eles não me aceitam como um Mamoé, não irei mais me chamar Pavitã. De hoje em diante, meu nome é Jim.

A cada ano que passava, Jim ficava mais tempo longe da aldeia e só retornava para rever sua irmã e Huayray. Durante anos, perambulou por cidades da Colômbia, Venezuela, Guiana e Norte do Brasil, aprendendo a falar fluentemente os idiomas desses países. A facilidade de comunicação aliada ao bom conhecimento da região o capacitou a intermediar transações comerciais entre o Brasil e os países vizinhos.

– Você pode se tornar o mais rico comerciante dessa re-gião – alardeavam seus amigos mais entusiasmados. Entretanto, Jim não permanecia por muito tempo no mesmo lugar, e todo

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o dinheiro que ganhava com os negócios era gasto viajando, conhecendo lugares e pessoas e, vez ou outra, voltando para o amor de sua irmã e do Pajé Huayray.

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CAPÍTULO II

A SACERDOTISA

Majumay assumiu muito jovem o posto de Sacerdotisa Mamoé, após sua mãe sofrer a picada mortal de uma serpente. Na ocasião, Huayray estava ausente da aldeia e a Grande Sa-cerdotisa não resistiu ao veneno da víbora.

Com sua irmã no posto de Sacerdotisa, Jim passou a visitar a aldeia com mais frequência, principalmente após ela gerar sua sucessora. Quando Samiris nasceu, Jim percebeu que entre ambos havia uma ligação muito especial.

A ligação entre Jim e Samiris foi crescendo junto com a menina, a ponto de os dois desenvolverem a capacidade de se comunicar por telepatia, mesmo a milhares de quilômetros de distância.

Foi em uma de suas visitas que Jim acompanhou a morte de Huayray, seu mestre e tutor. O grande Pajé partiu em uma manhã fria de inverno, deixando como sucessor seu jovem aprendiz Taloá. Huayray desejava treinar Jim para ser seu substituto, mas como o rapaz não pretendia permanecer na aldeia, foi forçado a optar por Taloá, que também apresentava sinais de poder.

Com a ascensão de Taloá, a Sacerdotisa passou a ser pressionada a ceder o posto de chefia do povo Mamoé a um guerreiro indicado pelo novo pajé. Foi nesse clima de disputa política que Majumay começou a apresentar sinais de doença.

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Ao ser avisado telepaticamente por Samiris de que Majumay encontrava-se gravemente enferma, Jim viajou imediatamente para a aldeia. Instintivamente, ele pressentiu que Taloá tinha algo a ver com a repentina doença de sua irmã.

Jim conseguiu tirar Majumay da aldeia Mamoé, mas Taloá não permitiu que ele levasse Samiris consigo, e isso o deixou inseguro e preocupado. Ele sabia que tomava uma atitude ex-trema e desesperada para livrar sua irmã da tirania de Taloá, mas deixar sua sobrinha Samiris com o inimigo o corroía por dentro. Só se aquietava quando a imagem de Huayray lhe vinha à mente. O semblante sábio e sereno de seu mestre e pai adotivo o tranquilizava.

– Cuide de Samiris por mim, Huayray – pedia Jim em suas orações.

A jornada para levar Majumay para fora do território Mamoé foi extremamente complicada. Debilitada pela doença, a Sacerdotisa foi transportada durante vários dias em uma rede através das montanhas por carregadores colombianos, homens fortes e acostumados a caminhar pelas acidentadas trilhas do Planalto Guiano.

Sob o efeito de ervas tranquilizantes, Majumay foi carre-gada até uma vila de lenhadores, de onde seguiu de carro até uma pequena cidade colombiana, na qual foi possível tomar um avião com destino a Georgetown, na Guiana, cidade que Jim conhecia bem.

Durante três meses, Majumay ficou internada em um hos-pital recebendo tratamento médico especializado, porém sem nenhuma melhora substancial em seu estado de saúde. Os médicos não conseguiam identificar qual o real motivo de sua doença. Jim, a cada dia que passava, ficava mais convencido de

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que sua irmã havia mesmo sido enfeitiçada por Taloá, e isso o deixava ainda mais preocupado com a segurança de Samiris.

A princípio, Jim alimentava a esperança de que os médicos conseguissem curar Majumay e de que os dois retornariam à aldeia para encontrar Samiris e enfrentar Taloá, mas agora ele não sabia o que fazer. Não poderia deixar sua irmã internada indefinidamente naquele hospital, sendo envenenada por me-dicamentos fortíssimos.

– Preciso buscar ajuda de um Pajé para descobrir o tipo de feitiço usado por Taloá. Só isso poderá salvá-la.

Com essa certeza, Jim decidiu levar Majumay para Roraima. Ele conhecia bem aquele estado do norte do Brasil e sabia que muitas tribos indígenas tinham se deslocado para a divisa com a Guiana após a construção da represa da hidrelétrica de Balbina, que inundou uma imensa área da floresta Amazônica.

– Vou levá-la para uma cidade que conheço na divisa entre o Brasil e a Guiana, lá devo encontrar um Pajé para tratar dela.

Jim sabia que essa seria a melhor decisão a tomar, embora significasse se distanciar ainda mais da terra dos Mamoés e de Samiris.

– Dói na alma deixar minha sobrinha nas mãos daquele crápula, mas com o estado de saúde de minha irmã se agra-vando a cada dia, não tenho outra opção. Preciso com urgência descobrir a cura para Majumay. Sofrendo desse jeito, ela não vai resistir por muito tempo.

Em um pequeno avião, os dois viajaram para Normandia, cidade onde Jim já havia trabalhado para uma empresa de im-portação e exportação. Sabendo que boa parte da população da pequena cidade era de descendência indígena, Jim acreditava que lá encontraria um Pajé para cuidar de Majumay.

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Assim, alugou uma casa confortável para se alojar com Majumay e contratou uma jovem enfermeira para cuidar dela. Após arrumar o necessário para se instalar na casa, saiu à procura de um Pajé; ao pisar na rua, porém, foi interpelado por um indiozinho.

– Senhor Jim! Me mandaram buscar o senhor.Jim olhou espantado para o garoto. Já havia estado naquela

cidade, mas nunca imaginou que alguém soubesse de seu retorno.– Quem mandou me buscar?– Só posso dizer para o senhor me seguir até minha aldeia.Sem entender o que estava acontecendo, Jim seguiu o me-

nino índio até a aldeia que ficava a pouco mais de duas horas de caminhada em direção às montanhas. Chegando à aldeia, o menino indicou uma grande cabana que ficava à parte das demais.

– É ali que o senhor é esperado.Da cabana pouco iluminada, saía uma fumaça branda que

cheirava a ervas. Aos poucos, a visão de Jim foi se acostumando à penumbra, até que ele pôde distinguir três Pajés sentados em um semicírculo. O mais velho dos três mandou que se sentasse com eles, fechando o círculo.

– Espírito de grande Pajé pediu a nós para ajudar amigo e sua irmã. Nós estar esperando chegada de vocês há alguns dias.

– Hã! Huayray entrou em contato com vocês?– Sim, espírito de Pajé Huayray carrega sabedoria de muitas

vidas, e tudo nós fazer para atender seu pedido de ajuda para curar Sacerdotisa Mamoé.

Ao deixar a cabana, Jim estava eufórico. Com o espírito do mestre Huayray orientando os Pajés, com certeza Majumay logo ficaria sã.

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No dia seguinte, os Pajés foram visitar Majumay. Embora esse ritual tenha se repetido dia após dia, nenhuma melhora significativa ocorria em seu estado de saúde.

Após uma semana, o entusiasmo de Jim já se encontrava totalmente minado, pois os esforços dos Pajés pareciam inócuos para diagnosticar o problema de Majumay.

– Se Huayray contatou estes Pajés para cuidarem de Ma-jumay, não entendo por que razão ele já não lhes disse como curá-la. Não é possível que ele não conheça o feitiço usado por Taloá. O que será que nosso sábio Pajé pretende com isso?

Uma torrente de dúvidas e receios veio à cabeça de Jim. – Será possível que minha irmã precisa passar por todo

esse sofrimento? E Samiris! Huayray estará olhando por ela? Apesar das dúvidas e incoerências, Jim acreditava que, se

as coisas estavam sendo encaminhadas dessa forma, Huayray deveria ter suas razões. Ele confiava no carinho que o Pajé nutria pelas duas.

– Senhor Jim, nós não consegue identificar qual feitiço está consumindo sua irmã, mas nós fez uma poção para atenuar seu efeito. Nós vem ver ela todos os dias, como pediu espírito de grande Pajé, e você faz ela tomar a poção ao nascer e ao pôr do sol – disse o Pajé mais velho, entregando uma garrafa contendo um líquido verde-azulado.

Mesmo sem conseguir curar definitivamente Majumay, a poção promoveu uma melhora substancial em seu estado de saúde, porém ela permanecia distante, como se não estivesse vivendo na Terra.

– Ao menos ela nunca mais teve crises de loucura, e essa poção a acalma, não faz mal como faziam os fortes remédios que lhe deram no hospital.