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A ExIsTNCIA DO DIABO
Relativismomoral a
modaemmuitoscrculoshoje,masmaisseprofessaacreditarnisto,quedefatosecomportacomoseelesrealmenteacreditassem.Se
beme mal
verdadeiramentenoexistem,entonohnenhummotivoparasequeixardequlquercoisa,nadarealparaesperar,easprpriasidiase
valoresdapessoasoarbitrriose artificiaise
nohnecessidadedeseremlevadosasrioporningum.Poucosrealmenteprati-camtalf;amaioriaentendeintuitivamentequeo
malnarealidadeexiste,quetortura,fomeecrueldadesoinaceitveisenopodemserignoradas.Omalconsistenonexodosofrimentoenaintenoconscientedecausarsofri-mento.
O conceitodo Diabo til paraentendero mal? O Diabo
umaidiajudaico-cristo-muulmana,contudotambmpodeter valor
paraoutros,pelomenoscomoumametforadanaturezairredutveldo
malquetranscendea responsabilidadehumanaindividual.O
malnoneces-sitaserrestritoaossereshumanos;podeexistiremoutrosseres,noCos-mos,atmesmonaprpriadeidade.O
malparecesurgirdeumaforamalvolaqueexplorafaltashumanasetraduzosdesejosdesequilibradosdeumHitler
ou deumStalinnamortee nadestruiodemilhes.Estemal
transcendentepodeoriginar-sefora dahumanidadena
conscinciacoletivadahumanidadeoudealgumaoutrafontedentrodahumanidade.Em
todocaso,se
manifestacomoumarealidadeintencionalquetrans-cendeoslimitesdaconscincia.ComoJungumavezdisse,vocpodedamesmamaneirachamaristodeDiabo.
Agoraovalordametforapodeserdiludoemeramentetrivializadonapercepomoderna.Mas
sea figura- Satans,Lcifer ou qualquerquesejao seunome- foi
trivializada,a
realidadenaqualrepresentamaispoderosamesmonomundodeAuschwitzeHiroshima.Ns
pode-mosnecessitardeumametforanova,maso
conceitoatrsdametforaspodeparecertrivialaosquefaltamacoragemparaenfrentaromalqueagoraameaaconsumira
terra.Se esperamossobreviver,estemaldeveserenfrentadosemilusoe
sempalavrasvazias.Se o Diabo se
tornouumapalavravazia,eledevesereliminado,masnsnodevemoselimi-naro
conceitoqueelesustenta.
29/
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292 Lci/a - O Diabo na IdadeMdia
Osno-cristospodemusarumavariedadedecondiesemetforasparao
princpiodo mal,masescolherserum cristo
escolherusarascondiescrists.Algumpodemodificarouenriquecercomconceitosdeoutrastradies,masningumpodedescart-Ios.Conseqentemente,oDiabosignificanteparacristos(emuulmanos)decertomodo,quenoparamanteressesoutrospontosdevista.Recentemente,algunstelogoscristosdiscutiramqueoCristianismodeveser"purificado"daconviconoDiabo.A
dificuldadequequalqueragnsticoimparcialeeducadoqueobservao
fenmenodoCristianismoperceberqueaconviconoDiabosemprefoi
parteeporodoCristianismo,firmementearraigadonoNovoTestamento,na
tradioe empraticamentetodosos
pensadorescristosatostemposmodernos.Os
oponentesdaconvicocristnoDiabotmquepersuadiro
observadorimparcialdequeo
Cristianismo"realmente"nooquesuahistriamostraser.Talobservadornoserimpressionadocomo
mododealgunscristoscontemporneosquesuavementecortamdaBblia
edatradioqualquerelementoqueachamembaraosoouno-popular.Seo
desenvolvimentohistricodoCristianismo,baseadonaB-blia e
natradio,for abandonado,difcil
vercomoqualquerdefiniofilosficasignificantedoCristianismopoderserobtida.Istonosignificaquenenhumainovaopossaserintroduzida,masqueelesdevemfazerrefernciaaodesenvolvimentohistrico.O
mpetocliativosempreestnatensoentretradioe inovao.
Por sero DiabofixadoassimfirmementenaBblia e natradio,queo
nusdaprovajaz nessesquebuscamremov-Iodo
Cristianismo.Umjogoextraordinariamentepoderosoefirmementefundadodeargumen-tosnecessrioparacompensarasreivindicaesdaBblia
edatradio.A
pessoaprecisaassumirquetemacessoaconhecimentoderivadodeumafontediferentedaBblia
e datradio,quesabeo "real"Cristianismoquejaz portrs,emqueo
observadorimparcialsemprepercebequeistoestava.
Deondetalconhecimentopoderiavir?Nodacinciaquenoende-reatal
questo.No
darevelaopessoal,quenopodesertestadaouvalidadaporoutroqualquer.Nodoquepodeseradequadoadeterminadotempoou
lugar,porquetempose lugarestrocamincessantemente.Claroquese
acreditarqueo
Cristianismoesterrado,apessoatemqueadotarumaposiodiferenteedeixardechamarasi
mesmadecristo.Cristia-nismo,ouqualquercoisa,deveseratacadoouafastadocombasenoque,nonumadeclaraoarbitrriaouunilateral.Nemaperguntadoprinc-pio
domalumaenigmticabrechadateologiaescolstica;antes,
umaperguntacentraldafilosofiaedateologia.Assim,possvelparaumcris-toreinterpretar,masnocortar,o
conceitodoDiabo.
PorqueumatendnciarejeitaraconviconoDiabohoje?
inega-velmenteumaidiaimpopularnoscrculosocidentaisintelectuaiscontem-porneos,masseriaprecisoassumirqueestesquetmalgumapretenso
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A Existnciado Diabo 293
peculiar para a verdadesomente "cronocentrismo", atualmenteuma
va-
riedadepopulardo etnocentrismo.A convic.ono Diabo como
apersonifi-caodafora intencionaldo mal cientfica, masno
nenhumno-cien-tfico, porquea cincia no faz e no pode investigaro
mal. Que a cinciaevoluiu modos mais prticos de investigara doenado
que atribuir isto ademnios irrelevante,a convico que os demnios
causama doenaumadeclaraosobreo mundofsico, no sobreo mundo moral.A
cinciano tratade questesmorais. Outro obstculopara a convico
semnti-co. Pessoasevitam aexpresso"eu acreditono Diabo"
porquesoaparaleloa "euacreditoemDeus". Mas
asduasdeclaraesnosoparalelas,porque"eu ordinariamenteacreditoem
Deus" insinua consentimentointelectual
existnciade Deus e compromisso pessoal com Deus,
considerandoque"eu acreditono Diabo"
insinuasconsentimentointelectualexistnciadoDiabo, no
compromissomorap76.
Outro problema est em determinar com qual definio do Diabolidar.
No h nenhuma"viso bblica" para tal, desdeque o conceito so-freu uma
mudanaconsidervelno Antigo Testamentoe desteparaa
lite-raturaapocalpticano Novo Testamento.Os telogosda Reforma
querei-vindicaram s confiar na realidade da Bblia leram sobre o
Diabo bblico
praticamentetudo o que os escolsticosmedievaise
dramaturgostinhamelaborado.Nem os telogosepoetasconcordamentreeles.
mais satisfa-trio, ento,definir o Diabo dentrodos limites
ajustadospelo desenvolvi-mentohistrico do conceito.
O.nicQ..s.9~cilli.~!2!2...segurogue temosso-bre o Diabo o
conhecimentodo seu desenvolvimentohistrico. Tudo o
mais_que_sediga sobre o Di~;.: no iJEPortando
guoll~r~ndidoo~fisticado, especulaosemfundamento.
.. O desenvolVilnentohistrico do conceito rende uma viso
bastante
coerenteapesardas muitas inconsistnciasque ocorrem no caminho.
Al-gumasdestasinconsistnciasparecemtriviais: o Diabo o
chefedosanjosou nadamenosqueumanjo? Ele temum corpo dequalquertipo?
O pecadodeleera naturalou sobrenatural?Tais questesilustram a
impraticabilida-de de estendera razo a pontode perdero toqueda
experincia.Algumasinconsistnciaspodem ser removidas em condies
estruturais.O Diabocaiu para o ar,para a terraou parao
submundo.Estruturalmente,todas astrsvises ilustram a runa dele
simplesmente. Cristo ou Miguel que o
576.Em umnvelmaisfundo, a "existncia"deDeusno o
mesmotipodecoisacomoa "existncia"do Diabo. O Diabo existe(ou
no)comoumamesaou umhumanopodeexistir(ou no),comoumaentidadecriada
no cosmos.Mas Deusno comoqualquerentidadecriada.Na proposio
"existe"Deus,o verboexistirtemumsignificadoradi-calmentediferentedo
verboexistir quandofalado sobrequalquercriatura. O latim ex-pressaa
distinoondeo vernacularfalha. A pessoapodecredereDeo e
crederediabolo,querdizer,acreditarna existnciadeles.A
pessoapodecredereemDeum,colocar suaconfianaemDeus,masa
pessoanopodecredereemdiabolum,colocaraf no Diabo.
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294 Lcifer - O Diabo na Idade Mdia
derrota?Osdoissoestruturalmenteidnticos,sendoqueDeusorganizaaderrotadele.Satansfica
presoapsa suaquedado cu,ou
depoisdaPaixodeCristo,oudepoisdoJulgamentoFinal?O
significadoestrutu-ralmenteidntico.Algumasinconsistnciaseramimportantesmassere-solveramcomo
passardo tempo,comonaltimaexclusodateoriadoresgate.
Algumasquestesimportantespermaneceramaindanoresolvidas.O
Diabolargamenteresponsvelpelopecadooriginaldahumanidade,ouo
papeldeledesnecessrioe
tangencial?SeaEncarnaodeCristoouasuaPaixodestroemopoderdoDiabo,umaquestocentralshesitante-menteresolvidapelo
argumentode quea Paixodestruiuo
poderdelefinalmente,masqueosefeitosestariamincompletosato
JulgamentoFi-nal.A questomaioratquepontoo
mal,simbolizadoporLcifer,faz,no
finaldascontas,partedoplanodeDeus.Estasgrandesinconsistnci-asposamnumobstculoracionalsobreaconviconoDiabo;oobserva-dorimparcialtambmnotarqueaidiacristhistricadeDeustambmcontmalgumasgrandesinconsistncias.Atenoaindafocalizadanasinconsistnciasmoldaoquadro,porquenamaioriadospontosessenciaisa
tradio razoavelmenteconsistenteebemdefinida.
A parteessencialdoconceitoqueumaforarealativamentepre-senteno
Cosmosqueurgeo
mal.Estaforamtemumcentrodeinten-esqueativamenteodeiao bem,o Cosmose
todoindivduonoCosmos.Nosestimulaaodiarobem,o
Cosmos,outrosindivduoseansmesmos.Temefeitosterrveise
imensos,masnofinal dascontasftil; todoindi-vduopodedenotaristo
neleutilizandoo
poderamorosodeDeus.Paracristos,ento,apessoadoDiabopodeserumametfora,masumame-tforaparaalgoquereal,querealmentetrazhorrordiariamenteparaomundoe
ameaapr todaa terraa
seperder.Paraestarealidade,algumconceito,algumametforanecessria,chameistodoquequiser.AindaqueafiguradoDiabotenhasetornadototrivializadaquepossarealmenteper-manecernocaminhodoentendimentodomal.O
queserfeitoento?
O quenoserfeitoasubtraodaidiadoDiabodoCristianismo.Isto
violariaa Bblia e a tradio,e tambmviola o
princpioquericosreservatriosdepensamentoshumanosnuncadeveriamsecar.Abandonardoismilanosextensamentefundadoseamplamentecompartilhadosdaex-perinciahumananopodeenriquecer,massempobrecer.s
vezespen-sadoquesubtrairdaexperinciacristremoverbarTeiraseserecumnico;temaapar-nciadealcanaralmepodeteralgunsbenefciosacurtoprazo.Mas
narealidadeesvaziaincontveisexperincias,dificultaa
localizaodaspessoasemnveispsicolgicosprofundos,eestreita,emlugardealar-gar,a
sabedoria.Estranhamente,terminase tornandoo opostodo
quesepretende:umaversoestreitapropensamenteimpediua
tradioreligiosadeapreciarariquezadeoutrastradiesreligiosas_No
devemossubtrairdaexperinciahumanaparaachar-omenordenominadorcomum,poisisso
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A Existnciado Diabo 295
estsemprepertodezerar;temosquealcanaralmeabsorvertodaarique-zaetexturadomundo,seguindoasabedoriasemprevisvelcomoseexpan-depararealidade.O
encontrocriativoentreo Cristianismoeo
Hindusmo(porexemplo)noestsubtraindodeambosalgumnveldeacordoa
serencontrado,masreunindotodaa sabedoriadastradiese
vendoassimatravsdeambosnadireodaverdade577
A subtraodoDiaboconduziu,narealidade,algunsmodernoste-logosa
evadirou trivializaro mal. curiosoqueno momentoquandoomal
ameaatotalmentenosengolfar,quandoo malj
reivindicoumaisvtimasnestesculoquenosanteriorescombinados,setmcadavezme-nosnotciassobreo
assuntonateologia.
Qualquerreligioquenovematermoscomo mal,nomerecedo-ra deateno.Em
vezdesubtrairo
Diabo,precisamostranscend-lo.TalaorespondeaoargumentopoderosodequeametforadoDiaboagorato
fracaparaobstruiro entendimentosobreo
querepresenta;retmaforadaBblia e da tradio;e
conduzparaumapossvelresoluodoproblemado mal.No transcendemosa idia
do Diabo abandonandoatradio,masavanandoemum contextomaiore sobreum
nvelmaisprofundo.A questooqueatradioricadoDiabopodenoscontarsobreo
Cosmos,sobreDeuse sobrearealidade.
O
Diaboumametfora.Atmesmocomotal,elenoseresqueci-do,porquenotemosnenhumacesso
realidadeabsolutaesempretemosqueconfiarnasmetforasquecriamnossossensosdeobservaes,razese
elementosinconscientes.A idiado Diabo umametfora;assim
aidiadeDeus,nosentidoquequalquervisodeDeus- crist,muulma-na,hinduou
qualqueroutra- umametforaquepassacompreenso.Fsica tambm
umametfora578.Se ns transcendemosa metforadoDiabo,podemoschegara
umacompreensoqueainda
umametfora,masemnvelmaisprofundodoentendimento.
O
aspectomaispungentedoproblemadomalparaJudasmo,Cristi-anismo,Islamismoe
todasasreligiesmonotestas a reconciliaodopoder e
dabondadedeDeuscoma existnciado mal.Urbane
Waltonmostraramqueestaumaquestofilosoficamentesignificante579.O
pro-blemaexpressadofreqentementeemumsilogismo:
1. Deusonipotente(conhecendotudoeTodo-Poderoso);Ele
capazdecriarumCosmosnoqualo malnoexiste.
577. Por exemplo,vejaR. Panikkar,TheUnknawnChristaf
Hinduism,2ed.(Maryknoll,1981).578. R. S.
fones,PhysicsasMetaphor(Minepolis,1982).579. L. UrbaneD. Walte1;The
Poweraf Gad: Readingsan OmnipatenceandEvil (Novalorque, 1978).
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296 Lcifer - O Diabo na IdadeMdia
2. Deustodobondade;DeusdesejaumCosmosnoqualomalnoexiste.
3. Entoo malnopodeexistir.
4. Mas nsobservamosqueo malexiste.5. EntoDeusnoexiste580
Respostasteolgicastradicionaisparaesteargumentonoforamsu-ficientesouconclusivas581
impossvelresponderadequadamentea esteargumentopoderosoparao
atesmosemqualificara onipotnciaou a bondadede
Deus,ouambos.SeDeusestdefinidodetal
formaquenosejatotalmenteonipo-tenteounototalmentebom,arefutaodaexistnciadeDeusvazia.TalmodificaodadefiniodeDeusnoserianenhumaevaso;seriacom-patvelcoma
visotradicionalquequalquerqualidadequeos humanosnomeiema
Deusderivada compreensohumanae nopodedescreverDeusabsolutaou
completamente.Por exemplo,o termoonipotncianopodeseraplicadoa
Deussignificativamentede
maneirainapta,porquetemvriaslimitaeslgicasinerentes582.O
conceitodebondadetemlimi-taessemelhantes.Idiashumanasdeonipotnciae
bondades
limita-ram,analgicaemetaforicamenteaaplicaoaDeus.Assimsendoento,adefiniotradicionaldeDeuspodeserqualificadacorretamente,eo
ar-gumentodosateusfalha583.
A opodelimitarouqualificaraonipotnciadeDeusfoi
desenvol-vidapormodernosprocessosdetelogosquediscutemquepropriamentelimitadonosomentepelalgica(porexemplo,Deusnopodefazerumquadradoquesejaum
crculo),mastambmpor restriesinerentesdacriaodoCosmosatual.Um
CosmosatualumCosmosnoqualosserestmrealdeterminaodeego,liberdadeouindeterminao.Deusnopo-deriatercriadonenhumCosmos.DeuspoderiatercriadoumCosmosnoqualtodoeventoerao
efeitododesejodiretodelequeseriaessencialmen-
580.Umaapresentaosofisticada,modificaeloeanlisedoproblemadeD. R.
Griffin,God, Power,andEviJ (Filadlfia, 1976).581. Urbane Waltel;pp.
6-8; Diabo,pp. 221-228;Satans,pp. 225-230.582. Urbane Waltel;pp.
8-13.583.SuponhaqueDeusestdiferentementedefinidodeonipotentee
onisciente;suponhaEle sestdefinidocomoo conscie11lee
organizadoprincpiodo Cosmos. estecompa-tvelcoma
existnciademal?Sim,porqueasdeclaraesseguintessobreDeusseloentoconsistemescoma
existnciadomal:Deusmau;Deusbommasnoonipotente;Deus ambos,bom e mal;
Deus nela bomnemmal. Se discutidoque
nenhumprincpioorganizandoconscientedo
Cosmosexiste,entonenhumvalorpode ser
absoluto,malnelapodeserabsoluto;e nelOpodeseraduzidoaomalcontraa
existnciadeDeus.Assim o argumentodomalpara
asfaltasdoatesmo.Algunsateusinsistiramqueo
argumentocontinuesendodebatidonas
antigascondies,indefensveis,tradicionais;masisto teimaremlutar
comumhomemdepalha e negarqueos testastmo direitodefazer
oproblemadeDeuse malmaisinteligvel.
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A Existnciado Diabo 297
te indistinguveldo prprioDeus.Deuspoderiatercriadoum
universoatual,umessencialmentediferentedelecomrelao
suaindeterminao.O ltimoprocessoquea teologiadiscute o
CosmosqueDeuscriounarealidadecriado.Um Cosmosque
verdadeiramenteindeterminadonoestperfeitoeissoexigetempoepersuasodivinaparamelhorar.A
evolu-odo Cosmosprocedelongedadiscrdiae
datrivialidadeparamaioremelhorharmoniae
intensidade.Enquantoisso,aliberdadeeindetermina-o
dosserescriadossoverdadeiramenteperigosase
necessariamentecausaromal,amenosqueaperfeiodoCosmossejaatingida584.
Um modoparaavanaro problema reconciliara onipotnciadeDeuscomo
livre-arbtrioouindeterminaodascriaturas.A onipotnciadeDeus
compatvelcom a escolhade limitaro
Seupodernareadelivre-arbtriodacriatura,permitindoa absolutalivre
escolhado maloudobem.Mal
moralpodeserpercebidoentocomoaabsolutalivre
esco-lhadesmotivadadascriaturasparafazeromal.E Deustercriadoo
Cos-mosdetal formaqueenglobeo livre-arbtrioe essasescolhas.Ele
terpermitidoo
malcomoumanecessidadeconcomitantedaquelaliberdade,umaliberdadesemaqualnenhumabondademoralpoderiaexistir.Poresteargumento,Deusescolhelimitara
Suaprpriaonipotnciaparapermitirqueabondadedaautonomiaentreemjogo.O
argumentotemduasdesvan-tagensimportantes.Umaqueaquantidadedesofrimentonomundoex-cedeaquelanecessriaparaoexercciodolivre-arbtrio.A
outraquenodiz nadasobremeningitesetornados,o
livre-arbtriodacriaturapareceterpoucoa vercomcausardoenanaturale
desastre.Deusmantm-seres-ponsvelpelomundono
qualagrandequantidadedesofrimentoexcedeaquelanecessriaparaaexistnciado
livre-arbtriohumano.O
dilemaaperfeioadopeloposicionamentodaexistnciadoDiabo,paraistopos-svelqueasuperabundnciadesofrimentosejaoresultadodalivreescolhadomalpeloanjoLcifer,queo
malnaturalsejaaconseqnciadopecadodele.Istoaindanosolucionaodilema,porqueentoDeusaindarespon-svelpor
umCosmosno qualEle
permitequehorroresexistamcomooresultadodeumaescolhaporpartedeumacriatura.Deuspoderiatercria-dooCosmoscommaiorrestrionaaodomal.O
processodateodiciasugerequeoproblemapossaserevitadoestendendoautonomiaatodasascriaturas(noshumanoseanjos)enegandooulimitandoo
conhecimen-todeDeussobreo futuro.
Outraaproximao aceitara totalidadedo
serdeDeus,inclusiveaexistnciadoCosmoscomoumaextensooumanifestaodeDeus.Nesteargumento
queo
conceitohumanode"bondade"vistocomosendodeaplicabilidadesomentelimitadaa
Deus.Deus tudoque. No hnadadiferenteemDeus.
melhornousarotermoexistnciaparaaplicaraDeus,
584.A melhordeclaraodoprocessoda teodicia a de Griffin.
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298 Lci/a - O DiabonaIdadeMdia
desdequeexistnciaalgopertencenteacriaturas,ea"existncia"deDeusultrapassacompletamentee
transcendeo significadodapalavra.Deussim-plesmenteo que:euSOU O QUE
SOu. A
doutrinamsticadacriaoexpressaistocorajosamente.DiferentedeDeusnohnada:nenhumcaos,nenhumamatriaprimitiva,nenhumpoderindependentedomal.
No h nenhumoutroprincpiodo
qualqualquercoisapossavir."Nada"simplesmentenonada,enadapodevirdisto.O
"nada"doqualo Cosmosfeitononada,eo
queexistetemquevir,nodonada,masdeDeus.Tudo
feitoda"matria-prima"deDeus;tudo
umaextenso,manifestao,expressodeDeus:tudo teofania585.Tudoo que,
domaterialdeDeus;mal;entomalfazpartedamatria-primadeDeus.Osofrimentodo
famintoedo torturado real,e
fazpartedoCosmosquefeitodamatria-primadeDeus586
Comoo malpodeexistirnamatria-primadeDeus?A pessoapodever
trsfasesprogressivasno entendimentohumanodo
Diabo.Estgioum,representadopelamaioriadasreligiesmonistase incio do
pensa-mentohebreu,foi
caracterizadoporumaculpadedistirioentreobemeomalanlogoprimeirafasedodesenvolvimentopsicolgicohumano,quan-doo
bemeo
malnosodiferenciadoscompletamente.Estgiodois,re-presentadopelodualismoiraniano,gnsticoemaniquesta,postulouqueobemeo
malsototalmentediferentes,contrriose inconexos;estafaseanlogaao
desenvolvimentoindividualna
mocidade,quandosovistascoisasemtermosdepretoebranco.O
terceiroestgio,indicadoporNi-cholasdeCusae
expressamentedeclaradopor C. G. Jung, a
noodeumaunidadequetranscendeo beme o mal; isto sugerequeo
malnopossasersuperadonegandoistomaso transcendendo587.Seo
malexistiremDeus,o
desejoparalutarcontraaquelemaltambmexisteemanifes-tonavidaenotrabalhodemuitaspessoas.Tambm,estedesejoDeusfez;istotambmfazpartedeDeus.Assim,atotalidadedeDeusnosincluiomal,masaresistnciaaomal.DeuscriaoCosmoscommalnele,ecomalutacontraomaltambmnele.MaisprofundoqueaambivalnciadeDeus
o amordeDeus,quegerouo Cosmosemamore intimaadevolveremamor588.
585. Isto no nemumaemanaodo
neoplatonismonempantesmo;tecnicamentepanentesmoquetemprecedentesemDionsio,
Eriugenae outroscristosmsticos.586.Isto nonegarqueo
argumentodaprivaopodeservlidoemumsensolimitado,para mal podefaltar
a abundnciada existnciade Deus.Mas usar o argumentodaprivaopara
sugerirqueDeusno responsvelpelo malno Cosmos
umaevaso.587.EspecialmentevejaE.
Neumann,DepthPsychologyandaNewEthic(NovaIorque.1969).588.Eu no
reivindicofazer qualquerdeclaraosobrea
verdadeiranaturezadeDeusemsi, quesempreestoculto.Quandoeudigoqueo
malestemDeus,eunopressupo-nho istona essnciadele;eunemmesmosaberiao
quesignificariaseumapessoatentoufazer assim.Mas para
usarumadistinodeDionsio, o malpareceestarnaenergeiadeDeus,as
manifestaesdelequeincluemo Cosmos.
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A Existnciado Diabo 299
oDiaboumametforaparao
malnoCosmos,ummalqueestemDeuseopostoporDeus;elerepresentaotransconsciente,omaltranspessoalqueexcedeavontadehumanaindividualdomal;eleo
sinaldoradical,intratvel,contudono
finaldascontasmaltranscendentenoCosmos.Po-demosagoranecessitardeoutronomeparaestafora.Deixeentoqueumpossaser
encontrado.Mas deixeserum quenoevada,obscureaoutrivializeo
sofrimento.