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Jeffrey K. Zeig - Os Seminários Didáticos de Psicanálise de Milton H. Erickson

Nov 23, 2015

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Ronaldo Laux

Para quem se interessa por hipnose hericksoniana, uma excelente oportunidade. Livro fora de catálogo.
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  • OS SEMINRIOS DIDTICOS DEPSICANLISE DE

    MILTON H. ERICKSON

    Milton H. Erickson, M. D. (1901-1980) . foi reconhecidamente uma dasmaiores autoridades mundiais em hip-noterapia e terapia breve estratgica.Foi um psicoterapeuta tremendamentecriativo, bem como um notvel profes-sor de psicoterapia, apoiando-se basica.mente no "aprendizado inconsciente."De todas as partes do mundo vinhamterapeuts para participar dos seus se-minrios.

    O volume atual apresenta uma trans-crio completa de um seminrio decinco dias com Milton H. Erickson.Aqui o leitor ter a experincia deErickson falando sobre seu mtodo deterapia, demonstrando suas tcnicas,contando anedotas fascinantes umaaps outra - anedotas que freqente-mente produziam um sentimento dedissonncia cognitiva e de surpresa,mas que finalmente esclareciam novasmaneiras de encarar os pacientes e depensar sobre psicoterapia.

    No captulo introdutrio, Jeffrey Zeigdemonstra a .maneira como Ericksonservia-se das anedotas para comunicarse em vrios nveis de uma s vez, ede modo extremamente poderoso. Almdisso, o apndice fornece uma discussodetalhada de Erickson e Zeig sobre asindues na transcrio, revelando apreciso da tcnica de Erickson, naqual cada movimento, cada inflexo ecada associao tem um significado.

    Este volume d uma oportunidadenica de aprender com um clnico ex-traordinrio.

  • CITAOES DE MILTONH. ERICKSON

    "Acho que se deve aceitar um paciente como ele . Ele s vai viver hoje,amanh, na prxima semana, no prxi.mo ms, no prximo ano. Suas condies de vida so as de hoje."

    "Acho que o terapeuta no faz nadamais que dar a oportunidade de pensarsobre o seu problema dentro de umclima favorvel."

    "A pessoa no se diz o que vai fazerdentro de um estado de transe. A mente inconsciente sabe muito mais do quea prpria pessoa."

    "Em cada vida deveria entrar umtanto de confuso... e tambm umtanto de esclarecimento."

    "E minha voz segue contigo por todaparte, se transforma na voz de teuspais, teus professores, teus colegas, e navoz do' vento e da chuva ... "

    Embora j exista uma literatura con-sidervel sobre o falecido Milton H.Erickson, M.D., o atual volume mereceuma calorosa acolhida. No s apresen-ta uma oportunidade de saber maissobre Erickson, como atravs destatranscrio de um de seus seminriosdidticos aproximando-nos tanto quantopossvel de um aprendizado provenientediretamente dele.

    Richard Van Dyck, M. D..Presidente da Sociedade Holandesa

    de Hipnose Clnica.

  • ~Coleo Psicologia Psica~altica ,.~

    - Seminrio Didtico com M. H. Eric!

  • Material produzido para uso de deficiente visual.

    Lei n LEI N 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998. Altera, atualiza e consolida a legislao sobre direitos autorais e d outras providncias.

    Captulo IV Das Limitaes aos Direitos Autorais

    Art. 46. No constitui ofensa aos direitos autorais: I - a reproduo:

    d) de obras literrias, artsticas ou cientficas, para uso exclusivo de deficientes visuais, sempre que a reproduo, sem fins comerciais, seja feita mediante o sistema Braille ou outro

    procedimento em qualquer suporte para esses destinatrios;

    O formato.PDF e o contedo (documento/obra literrio-cientfica), possibilita ser ouvido,

    portanto est livre para reproduo, outro procedimento e suporte para deficiente visual,

    pode ser ouvido.

    Para ouvir esse livro na lngua portuguesa com o sistema operacional Windows XP,

    necessrio que seja instalado em seu computador uma voz compatvel com o idioma brasileiro,

    recomendamos a voz Raquel.

    Para saber qual a voz instalada no seu computador proceda dessa forma:

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    Caso no tenha instalado a voz Raquel, a mesma pode ser baixada e instalada gratuitamente

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    A incluso digital de deficientes visuais nosso objetivo.

    Pense nessa frase: AJUDE-ME A NO PRECISAR DA SUA AJUDA!

    DEIXE ESSE MUNDO UM POUCO MELHOR DO QUE AQUELE QUE VOC ENCONTROU!

    Forte abrao !!!

  • OS SEMINRIOS DIDTICOSDE PSICANLISE

    DE MILTON H. ERICKSON

  • CIP-Brasil. Catalogao-na-fonteSindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.

    Erickson, Milton H., 1901-1980.E62s Seminrio didtico com Milton H. Erickson / Milton H.

    Erickson ; editado com comentrios por Jeffrey K. Zeig ; tra-duo [de] Arlene Caetano. - Rio de Janeiro: Imago, 1983.

    (Coleo Psicologia psicanaltica)

    Traduo de: Teaching seminar with Milson H. Erickson.Bibliografia.

    I. Psicoterapia. 2. Psicoterapia breve. 3. Teraputic:1por sugesto I. Ttulo 11. Srie

    CDD - 616.89162616.8914

    CDU - 615.851.2616.89

  • OS SEMINRIOS DIDTICOSDE PSICANLISE

    de MILTON H. ERICKSON

    Editado com comentriosde

    JEFFREY K. ZEIG

    ,

    Coleo Psicologia Psicanaltica

    Direo deJAYME SALOMO

    IMAGO EDITORA LTDA. - ,-Rio de Janeiro . .

  • -TEACHING SEMINAR WI'FH MILT0NH. ERICKSON'- 'Copyright @-1980 by The-Milton-Brickson Foundationby arrangement with Mark Patersorr, in conjunction with

    BRUNNERji\1AZEL INC:-

    Editorao:Coordenao editorial e grfica: Mrcia Salomo PechTraduo: Arlene CaetanoCopydesk: ngelo Fabrino ValenteReviso: Domingos Augusto Germano Xisto da CunhaCapa:..c

    Direitos adquiridos por IMAGO EDITORA LTDA.Rua Visconde de Piraj, 550 - loja 324Rio de Janeiro - RJTels.: 274-8297 - 294-9391

    Todos os direitos de reproduo, divulgao e traduo soreservados. Nenhuma parte desta obra poder ser reproduzi-da por fotocpia, microfilme ou outro processo fotomecnico.

    Impresso no BrasiLPrinted in Brazil

  • "Em toda vida deveria entrar um tanto deconfuso ... e tambm um tanto de esclare-cimento.""E minha voz segue contigo por toda parte,e se transforma na voz dos seus pais, seusprofessores, . seus colegas e nas vozes dovento e da chuva ... "

  • Prefcio de Richard Van Dyck, M.Do o o . o .. o o o o o o o' . . 11

    Agradecimentos o' o . o o o o . o o o . o . o o o ... o o o o .. o o o .. o . 19

    Sobre Milton H. Erickson, MoDo . o o o .. o . o o o o o o o o . o o . 21

    Introduo o .. o o o o o o .... o o o . o o o o o o o . o o o o o . o ... o o o 25

    O Uso de f'nedotaso por Erckson . o o o . o ... o o o . o . o . . . 33

    O Seminrio o o o o o o o o o . o o o o o o o . . . 61

    Segunda.feira . o o o . o o o o o o o o . 63

    Tera-feira o o o o .. o o o .. o o o o o o .. o .. o .. o o 109

    Quarta-feira o o . o o o o o o o o o .. o o o 153

    Quintafeira o o o o o . o o . o . o . o o . o o .. o o. 213

    Sexta-feira . o . o o o o o o . o . . 279

    Apndice: Comentrio sobre as Indues com Sally e Rosa 347

  • Embora j exista uma literatura considervel sobre o faIe.cido Milton H. Erickson, M.D., o atual volume merece umacalorosa recepo. No s d a oportunidade de saber mais"sobre" Erickson, como, atravs da transcrio de um de seusseminrios didticos, nos aproximamos tanto quanto possveide um aprendizado proveniente diretamente "dele."

    Lendo este livro, mesmo aqueles que tiveram o privilgio departicipar de fato de um seminrio como este, sem dvida des-cobriro aspectos dos ensinamentos de Erickson que no per-ceheram anteriormente. Podemos afirm-lo com segurana por-que o mtodo de Milton Erickson era de tal tipo que, namente do aluno, a confuso sempre precedia a clareza, e estanem sempre se seguia necessria e imediatamente quela.Apesar do captulo introdutrio de Jeffrey Zeig, bastante escla-recedor, e do apndice, que oferece informaes valiosas sobrea mar;.eira de entender o manejo que Erickson fazia da inte-rao durante o seminrio, o leitor deste volume pode se verenredado na mesma seqncia de confuso e de esclareci-mento.

    Confiar na "aprendizagem inconsciente" (como faz Ericksonno decorrer deste seminrio) um mtodo muito poderoso epenetrante. No entanto, devemos admitir que a compreensointelectual tambm tem seus atrativos e seus mritos. Visando

  • a uma compreenso mais ampla, encaminhamos o leitor sobras de Haley, Erickson e Rossi, Bandler e Grinder, e outroscomenta dores que apresentam esquemas de referncia para umaanlise posterior de aspectos importantes dos mtodos deErickson. De fato, o leitor estar em posio bem melhor deavaliar este seminrio se j estiver familiarizado com as outrasobras.

    Alm de apresentar um livro de bastante valor, um prazerpessoal escrever este prefcio, porque encontrei Milton Erick-son num seminrio bastante parecido com o que foi registradoaqui. Durante vrios anos, antes de encontrar-me com Erickson,alguns colegas e eu, na Holanda, trabalhamos na elaboraode um tipo de terapia breve que chamvamos de "Terapia Di-retiva". Nossa abordagem foi bastante influenciada por Erick-son, embora s o conhecssemos por seus escritos e os de JayHaley.

    Foi por intermdio de Kay Thompson, antiga colaboradorado 01'. Erickson que estivera dando cursos de hipnose ,uHolanda; que eu soube que Erickson ainda recebia visitantesquando sua ,sade o permitia. Dra. ThempSOfl escrevellumacarta de apresentao, e no foi s com grande curiosidade,mas com grande respeito, raiando admirao, que empreendia viagem a Fnix.

    Excetuando a expectativa de abundncia da cor roxa, euno sabia ao certo o que encontrar quando cheguei. O que maisme marcou no encontro inicial com Erickson foi sua simplici-dade, interesse amistoso e absoluta falta de presuno. Erick..son expressou o seu contentamento em receber um visitante daHolanda e iniciou a conversa contando uma histria que, conforme me dei conta posteriormente, pretendia estabelecer umponto de interesse comum entre ns. A anedota era sobre acriao de vacas de descendncia Frsia no deserto do Arizona,e a irrigao concomitante que foi necessria para cri-Ias. Explicou a maneira pela qual os ndios, muitos anos antes, tinhamconstrudo canais de irrigao e concl!Jiu: "A gente fica imagi-nando como que eles fizeram as exploraes necessrias paraconstruir os canais." E de fato eu fiquei imaginando como, em-bora ao mesmo tempo quebrasse a cabea para saber ,de que

  • maneira as suas observaes estariam relacionadas com a fina-lidade da minha visita._O seminrio com Erickson me deu muito mais o que pensar.

    De um terapeuta fora do comum se esperaria uma forma deensinarfom do comum. Erickson jogava uma pedra no aluno~e esta, ao atingi-Ia, revelava-se uma pedra falsa, feita de espu-ma de borracha. Ele ento afirmava enfaticamente: rtiAs coisasnem sempre so como parecem. Em seguida contava uma hist-ria de alguma terapia que ilustrava tal ponto.

    Num exame superficial, os casos clnicos pareciam apenasdivertidos. Alguns de ns desejvamos chegar ao "Ensinamen-to Real" e fazamos perguntas para nos esclarecermos. Erick-son respondia com outra histria. Novas perguntas tinhmcomo resposta novas histrias. Em vez de permitir-nos digeriruma histria e ruminar seu significado, Erickson comeavaimediatamente um novo conto, algumas vezes usando umaspiadas para prender inicialmente nossa ateno, outras vezessem usar de qualquer transio clara.

    Excetuando algumas afirmativas curtas, de uma s frase, noincio ou na concluso do conto didtico, Erickson mal davaqualquer explicao sobre o que queria _que aprendssemos.Este mtodo forava-nos a tirar nossas prprias concluses es vezes era um tanto desesperador. O sentimento de confu-so e de leve mal-estar que resultava disso era um dos ele-mentos que contribua para a ocorrncia regular de desvios deateno, -que Erickson rotulava de "transes .naturais", quefaci-litavam a api'endizagem inconsciente.

    Entrei no seminrio com a inteno de fazer certas pergun-tas. Nunca cheguei a formul-Ias. Tive resposta para algumas,sem perguntar. Outras, no fiz porque senti que j estavarecebendo mais informao do que poderia assimilar. S gra-dualmente descobri uma estrutura no seminrio. Apenas' depoisde voltar para o Europa que comecei a apreender o que teriaaprendido.

    Uma das imiJresses mais imediatas que tive foi a de queEtickson enfatizava menos o fato de ser serhpre Um tetapeutabem-sucedido do que se poderia esperar . lendo a literaturasobre ele. Frisava que, s vezes, os ganhos que se tem so de

  • natureza limitada e, algumas vezes consistem apenas numa i;IU-dana de avaliao do paciente sobre si mesmo e seu compor-tamento sintomtico. A melhora direta dos sintomas nem sem-pre possvel. Era um alvio ouvi-Ia afirmar que. s vezes,o terapeuta no pode fazer nada por algumas pessoas. Tam-bm era reconfortante saber que, s vezes, mesmo o prprioErickson achava que no cabia atender o paciente dentro dasua rea (como aparece ilustrado na sua correspondncia como gago que lhe solicitou tratamento, pg. 246).

    Claramente Erickson no tinha nenhuma tendncia a posarde figura mtica de qualquer espcie. Apresentava-se maiscomo um artfice competente, com um intenso desejo de trans-mitir suas tcnicas. Em vez de tentar impressionar a platia (oque acontecia de qualquer forma), fazia um esforo para levar-nos a trilhas que nos seriam importantes e que lhe eram tofamiliares. .

    Seu amor pelo artesanato era bvio tanto nas colees dearte e de souvenirs de que se cercava, quanto ao cuidado comque nos contava um conto sobre uma terapia ou fazia umclinduo.

    O jeito de Erckson lembrava-me o de um antigo neurolo-gista, tambm notvel perito na sua rea, que eu conheceradurante minha poca de treinamento. Os casos de diagnsticodifcil eram-lhe habitualmente reservados. Observava os pacien-tes com muito cuidado desde o momento que entravam noconsultrio. Francamente, embora talvez apenas em nosso be-nefcio, parecia efetuar o exame neurolgico padro de formaIlm tanto distrada e perfunctria. Mas parecia ser "atrado"para as reas especficas da patologia, em vez de ter de des-cobri-Ias por meio de pesquisas metodolgicas e laboriosas. queos outros usavam. claro que sua vasta experincia ensinara-lhe a reconhecer sinais sutis de que nem ouvramos falar,muitos dos quais no constavam dos manuais e alguns dosquais nem mesmo ele percebera conscientemente antes. Suaabordagem resultava na mesma simplicidade enganadora queera tpica de Erickson. Ele atingia o diagnstico de fato coma mesma facilidade admirvel que Erickson demonstrava para

  • descobrir elementos cruciais na maneira com que um pacientese. apresentava.

    Pode haver o perigo de os estudantes desvirtuarem estetipo de simplicidade. Percebendo que as regras-padro de coli-gir os dados no so respeitadas, s vezes supem que bastaseguir a intuio. Erickson quase no inclua nenhum da::lonas suas histrias didticas, nem parecia fazer praticamentequalquer trabalho diagnstico. No entanto desenvolvera cui-dadosamente certas maneiras de se aprender muito, pergun-tando-se pouco. Conseguia obter a informao de uma formaque no chamava muito a ateno. importante uma maiorelucidao do mtodo de diagnstico de Erickson para tornarseus mtodos mais acessveis a outras pessoas.

    claro que Erickson se preocupava com dados diferentesdos que geralmente usamos em psiquiatria ou em terapias psico-dinmicas: Parecia confiar mais num conhecimento quanto vida, que se acha no mago da experincia direta e quotidiana,mas como qual a psicologia e a psicopatologia tradicio;)aishesitam envolver-se. A abordagem diagnstica de Erickson in-clua idiossincrasias individuais, valores pessoais e circunstncias nicas, que contribuem pouco para a cincia enquantocorpo de dados generalizveis, mas que so cruciais para oindivduo e para seu potencial de mudana. Outro elementoda abordagem diagnstica de Erickson era o de ele no serum colecionador neutro de fatos e sim um pesquisador desolues. Desenvolveu um talento especfico para descobrirem _qualquer tipo de eventos do passado um significado quepoderia indicar um futuro positivo. Em todos os tipos de sin-toma, conseguia visualizar uma abertura construtiva para umavida melhor. - .

    Mais a-inda do que por suas i1abilidadespessoais - excepcio-nais, Erickson ser lembrado porque sua abordagem mudara direo da psicoterapia. Onde outros concentraram-se emanalisar resultados e tentaram encontrar uma compensao paraa fraqueza, Erickson mostrou como descobrir o potencJ.al ecomo transformar perdas em ganhos. No -pensamento psicote-rpico tradicional, a abordagem tpica formular uma teoriageral da disfuno e ento aplic-Ia a casos especficos. As

  • dificuldades surgem de modo consistente no momento da apli-cao. Continuam aparecendo variaes inesperadas _que . nopodem ser cnntroladas.

    Erickson no contribuiu muito para a teoria no sentidoclssico, mas dotou a profisso de uma riqueza de exemplossobre a maneira de adapt-Ia a circunstncias nicas e delevar a cabo a mudana. Deixou a outros a tarefa de construirteorias de mudana a partir de seus inmeros experimentos.Ao contrrio de Freud e de outros como ele, Erickson nocriou uma escola de seguidores intimamente ligados a umaorganizao para conservar e guardar suas contribuies. V-rios terapeutas, com diferentes orientaes, inspiraram-se emErickson, e alguns deles tornaram-se amigos ntimos e asso~ciados. Vale como um testemunho da riqueza de contribuiesde Erickson o fato de ele ter atrado inmeros terapeutas detalento que, como Jeffrey Zeig, motivaram-se para dedicar boaparte do tempo e esforo a uma colaborao ntima comErickson. Estes colegas continuam a coligir, analisar c esclarecer a obra de Erickson, tornando-a portanto mais acessvela outros terapeutas. Mais do que fabricar "ericksonianos orto-doxos", ele estimulou processos que se ramificaram em vriasdirees diferentes, o que uma ilustrao eloqente de seuprofundo respeito pela liberdade e individualidade de seusdiscpulos, bem como de seus pacientes.

    Vrios dos pontos acima podem ser reconhecidos nas ane-dotas no livro. A de que mais gosto a da enfermeira suicida,Betty (pg. 189). B mais do que uma psicoterapia, uma obrade arte. :E: significativa de vrias maneiras. Para o pblico foiuma demonstrao dos diversos fenmenos hipnticos. Parao indivduo foi uma terapia, ou mais que isso, um conviteindireto mas poderoso para voltar a um projeto de viver. Amudana foi obtida oferecendo-lhe uma visita orientada aociclo natural de morte e regenerao, que em si mesmo fas-cinante. Observe-se o toque de mestre; a anedota no mostraapenas o valor da vida. Primeiro, descreve-se a morte, atin-gihclo portanto Betty no seu esquema imediato de pensamento.Esta histria tpica no s das tcnicas teraputicas de Erick-son como tambm importante num sentido mais amplo. Ele

  • estava fazendo algo muito especial e de valor. Ao mesmo tempoia contra a reao profissional de fuga instintiva. Que outroterapeuta teria tido coragem de permitir que Betty tomasse suaprpria deciso depois de envolver-se tanto e de maneira topblica? Conseqentemente, EricksOl1 foi inculpado pelo apa-rente suicdio de Betty. Levou vrios anos at ficar claro, final-mente, que o curso que ele tomara fora acertado e sbio desdeo incio.

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  • Fico muito feliz de poder agradecer a vanos amigos peloauxlio e apoio que me deram, ajudando-me a completar estemanuscrito. Dick Heiman, Dale Folgestron e Marge Catteyprestaram um auxlio tcnico inestimvel que possibilitou umagravao de Erickson em vdeo. Trude Gruber e Bernd Schmidforneceram elementos que facilitaram bastante a concluso datranscrio. Elizabeth Erickson, Edward Hancock e Roy Cohenfizeram a reviso e as correes editoriais. Barbara Bellamy,Sherron Peters e Barbara Curtis ajuaram a datilografar omanuscrito. Agradeo Sra. Bellamy por sua insistncia noacabamento.

    Meus agradecimentos aos participantes do semmano sema-nal de Erickson pela cooperao com a gravao.

    Embora sejam muitas as pessoas, para que eu possa enun-ci-Ias individualmente, devo um reconhecimento especial avrios participantes de minhas oficinas nos Estados Unidos ena Europa, que deram idias estimulantes que finalmente seincorporaram de alguma maneira neste livro.

    Agradeo muito a Sherron Peters pelo amor e apoio durantea redao deste livro.

  • E memona do meu mentor, Milton H. Erickson ... eledeu-me muito conhecimento para que eu transmitisse a outraspessoas. Erickson tambm me ensinou a apreciar tanto a cla-reza quanto a confuso, e acentuou meu prazer nas maravilhasde abrir os meus olhos.

  • Milton H. Erickson foi conhecido, via de regra, como amaior autoridade em hipnoterapia e em psicoterapia breveestratgica. Foi uma das personalidades mais criativas, perCep-tivas e inventivas de todos os tempos. Erickson foi consideradoo maior comunicador do mundo. Alternativamente era conside~rado tambm como o principal psicoterapeuta do sculo. No uma hiprbole afirmar que a histria demonstrar que o queFreud contribuiu para a teoria da psicanlise, Erickson con-tribuiu para a prtica da psicoterapia, como. ser reconhecidono futuro.

    Erickson recebeu seu ttulo de Bacharel, o de Mestrado emPsicologia e ttulos de M.D. da Universidade de Wisconsin.Entre suas outras realizaes profissionais, foi presidente-fun-dador da American Society of Clinical Hypnosis e diretor-fundador da Education and Research Foundation of the Ame-rican Society of Clinical Hypnosis, e editor-fundador do Ame-rican Journal of Clnical Hypnosis. Erickson foi Professor As-sociado de Psiquiatria na Wayne State University College ofMedicine. Foi membro da American Psychological Associatiorie membro da American Psychiatric Association. Erickson foiautOr de mais cento e quarenta artigos didticos, a maioriasobre o tem hipnose. Foi co-autor de inmeros livros, in-

  • cluindo: Hypnotic Experience: Therapeutic Approaches toAltered States, Hypnotherapy: An Exploratory Casebook, Hyp-notic Realities, Practical Applications of Medical and DentalHypnosis, e Time Distortion in Hypnosis. Erickson foi tam-bm tema de inmeros outros livros, tanto publicados quantoem andamento.

    Com respeito abordagem profissional de Erickson, im-portante observar que, embora criasse vrias abordagens novase permissivas para a hipnose, como terapeuta ele era bastanteinflexvel ..quanto a manter-se antiterico. No promovia ne-nhuma teoria explcita da personalidade. Acreditava firme-mente que uma teoria explcita da personalidade limitaria opsicoterapeuta e o tornaria mais rgido. Erickson estava com-prometido com as idias de flexibilidade, unicidade e indivi-dualidade. Deixou isto claro em seus escritos e na forma devida.,. Ericksontransferiu,se para Fnix, . no Arizona, em 1948.Manteve um trabalho particular ativo e viajava freqUentementepara ensinar hipnoterapia. Nos ltimos anos de vida, quandono podia mais viajar, os estudantes vinham de todas as partesdo mundo para ouvi-lo e aprender sua abordagem. Apesar demuito ocupado com o trabalho, era um homem de famlia,orgulhava-se da sua e dedicava-se a ela .. Erickson venceu um nmero considervel de problemas de

    sade durante sua vida adulta. Ficou confinado a uma cadeirade rodas desde 1967, devido a seqelas de uma poliomieliteanterior. Ericksn achava que a poliomielite fora o melhor pro-fessor que j tivera quanto ao comportamento humano e seupotencial. Erickson tinha uma deficincia de viso cromtica,mas apreciava o roxo e gostava de ganhar presentes e de teresta cor ao seu redor. Era um gnio na prtica da psicoterapia.No entanto, seu gnio na arte de viver eclipsava o gnio naprtica psicoterpica. No final da vida, quando as gravaesque compe o grosso desta obra foram feitas, Erickson sofriade v3rios males fsicos. Sentia muita dor, por causa das con-seqncias da plio e uma srie de outros males. Estava pra-ticamente paraltico, fazendo pouco uso do brao direito, e, como esquerdo podia s ter um uso limitado. No tinha nenhum

  • uso real das pernas. Erickson utilizava apenas metade do dia-fragma, seus lbios estavam parcialmente paralisados, e sualngua deslocada. No podia usar. dente,g falsos. Estvamosdiante de um homem que desenvolvera a voz como instrumentoe que se orgulhava de sua habilidade de manipular a lingua-gem. T yez por isso falasse com voz lenta e comedida. Tnha-mos a sensao de que ele pesava o impacto de cada palavra.

    Embora tivesse de trabalhar para retreinar-se de tantas ma-neiras, e apesar de padecer de tantos problemas fsicos, Ericksonera consistentemente um elos seres humanos mais felizes porestar vivo que se poderia encontrar. Quase todos que o conhe-ciam ficavam impressionados com suas qualidades pessoais .. Erickson era um indivduo muito cheio de vida e perspicaz.

    Sentados a seu lado, tnhamos a sensao de uma pessoa mtitopresente, vivendo o agora, o momento imediato. Realmentegozou a vida e era um excelente modelo de como viver uma"boa vida". Era uma pessoa amvel, cheia de considerao ecmpassiva. Ria com freqncia e tinha um sorriso agradvele lmpido. Tinha uma forma contagiante de dar risadinhas parasi mesmo quando algo o divertia.

    Erickson tinha tambm uma deliciosa atitude de admiraoe espanto. Era uma pessoa muito positiva, do tipo que olhamais para as flores do que para as ervas daninhas. Encorajavaseus pacientes a fazerem o mesmo. As mudanas positivas queas pessoas podiam fazer era o que lhe agradava. Sempre queum paciente fazia uma levitao de brao (mesmo que para elefosse a trigsima milsima levitao do brao), ainda assimficava satisfeito, espantado e muito orgulhoso que o pacientetvesse realizado este ato. A maioria desta admirao e deprazer transmitia-se a nvel no-verbal, o que tornava difcilreduzir seus efeitos.

    Alm disso, Erickson no tomava a seu favor as mudanaspositivas de seus pacientes e alunos. Ao invs. disso, comu-nicava seu prazer de que a pessoa tivesse entrado em contatocom novos pGtenciais e novos poderes de sua prpria vida. -Brickson nasceu em J 5 de dezembro de 1901. Cresceu naS

    comunidades rurais de Nevada c Wisconsin. A mentalidade

  • rural constituiu boa parte de sua vida. Orientava-&e em rela-o ao futuro e era muito despretensioso.

    A 25 de maro de 1980, Ericksonmorru de uma infecoaguda. Estivera ativo e gozando de relativamente boa sadeat a ocasio de sua morte.

    Em vrias de suas histrias didticas sobre a maneii'a detrabalhar com pacientes sofrendo de dores crnicas, Ericksnexplicara que, depois de aplicar sua tcnica, o paciente levavauma vida ativa at cair subitamente em coma e morrer tran-qilamente. De forma semelhante, Erickson caiu subitamenteem estado de inconscincia num domingo, 23 de maro de1980. Permaneceu em semi-inconscincia durante dois dias, ata noite de tera-feira, 25 de maro, quando morreu tranqila-mente, cercado pelos membros de sua famlia. Esteve ativo ato final. Tinha a inteno de continuar sua programao deensino antes de adoecer subitamente.

    Durante uma boa parte de sua vida profissional em Fnix,Erickson fez com que seus estudantes e. pacientes subissem ato pico Squaw, na montanha mais alta na rea de Fnix. Temcerca de 3.000 metros de altura e o caminho at o topo temuma milha e meia de extenso. O caminho transitvel; aspessoas sobem-no com regularidade por razes de sade e devi-do vista espetacular do vale Fnix. A subida extenuante, masuma pessoa saudvel pode chegar ao alto em quarenta e cincominutos ou uma hora. Alm disso, as pessoas conseguem umaviso mais elevada e uma perspectiva mais ampla do mundoem que se vive.

    Diz-se que as cinzas do Dr. Erickson foram espalhadas pelopico Squaw. Se for verdade, bem adequado. Erickson fezdaquela atividade uma parte integrante de sua terapia. Atual-mente, em apreo, as pessoas continuaro a subir o picoSquaw.

    Erickson, M. H. & Rossi, E. L. Hypnotherapy: An Exploratory eC!-sebook. Nova Iorque: Irvingto.n, 1979. . .

    Erickson, M. H. & Rossi,E. L. Hypnotic Experience: TherapeuticApproaches to Altered States.Nova Iorque: Irvington (in press).

  • Haley, J. (Ed.). Advanced Techniques of Hypnosis in Therapy: SelectedPapers of Milton H. Erickson, M. D. Nova Iorque: Grune & Stratton,1967.

    Rossi, E. L. (Ed.). The Collected Papers of Milton H. Erickson, M.D.(4 volumes). Nova IOl'que: Irvington (in press).

    Cooper, L. F. Erickson, M. H. Time Distortion in Hypnosis. Baltimore:The Williams & Wilkins Company, 1959.

    Erickson, M. H. Hershman, S., & Seeter, I. I. The Practical Applica-tion of Medical and Dental Hypnosis. Nova Iorque: The JulianPress, Ine., 1961.

    Eriekson, M. H., Rossi, E. L., & Rossi, S. I. Hypnotic Realities. NovaIorque: Irvington, 1976.

  • Um amigo meu, um fsico suo, contou-me uma histriasobre o famoso fsico dinamarqus, Niels Bohr. Durante umaaula, o Dr. Bohr estava discutindo o Princpio da Incerteza deHeisenberg. Este princpio de "complementaridade" sugereque, quando um observador revela informao sobre a locali-zao de uma partcula, sacrifica informao sobre o momentum desta partcula. Ao contrrio, quando o observador desco-bre uma informao sobre o momentum de uma partcula,sacrifica informao sobre a localizao.

    Durante a aula um aluno perguntou-lhe: "O que comple-mentar clareza?" Aps pensar um pouco, Bohr replicou:"A preciso."

    Embora seja possivelmente apcrifa, esta anedota expressauma compreenso importante. No que diz respeito a verdades,para ser claro preciso ser simples, e portanto sacrificar a pre-ciso. Para ser preciso, necessrio ser extenso, detalhado etalvez confuso, e, portanto, sacrificar a clareza.

    O manuscrito que se segue uma transcrio de um seminrio didtico de uma semana de durao, para profissionaisda rea da sade, que Milton H. Erickson organizou em suacasa em Fnix, no Arizona. A comunicao de Erickson com-plexa e o leitor observar sua consumada preciso. No entanto,

  • ao tentar entender o processo de Erickson, o leitor poderobservar alguma confuso e falta de clareza.

    ~ necessrio um comentrio sobre os seminrios de Erickson.Depois de se aposentar formalmente do exerccio privado,Erickson continuou comprometido ativamente com o ensino.Grupos de estudantes de todo o mundo entravam em contatocom ele e pediam para tomar parte em seus seminrios did-ticos. Entre os alunos que freqentavam os grupos de Ericksonincluam-se mdicos, psiclogos, psiquiatras e psicoterapeutas denvel de mestrado. Erickson ensinava aproximadamente domeio-dia s quatro da tarde, diariamente, todos os dias dasemana. medida que sua popularidade aumentou, ficou cadavez mais difcil arranjar um horrio de aula com ele. No finalde 1979, os horrios de Erickson estavam completamente toma-dos para 1980.

    No vero de 1979 (30 de julho a 4 de agosto), conseguigravar um seminrio de uma semana na casa do Dr. Erickson.Este seminrio didtico constituiu o grosso deste volume. Nofoi acrescentado nenhum comentrio para descrever a tcnicade Erickson durante esta semana. Em vez disso, d-se ao leitora oportunidade de se envolver na transcrio e chegar s suasprprias compreenses e concluses sobre os mtodos e tcnicasde Erickson.

    Outros autores descrevem a tcnica de Erickson em detalhes.Haley (1973) toma um ponto de vista internacional para des-crever o mtodo de Erickson. Bandler e Grinder (1975) usamuma abordagem lingstica, baseada na gramtica transforma-cional para analisar microscopicamente os padres de comu-nicao de Erickson. Rossi (Erickson, Rossi & Rossi, 1976;Erickson & Rossi, 1979), como analista de orientao junguia-na, usa uma perspectiva intrapsquica para entender Erickson.Pode-se especular que Erickson fez bem em incentivar a des-crio de sua obra por tericos com trs perspectivas to am-plamente divergentes. Lendo as anlises destes autores, obtm-se. uma perspectiva equilibrada da tcnica de Erickson ...0 mtodo de.Ericksoncaracterlzava-se pela maneira indireta:Durante toda' a vida Ericksonensinou indiretamente. Suas pri-meiras aulas marcaram-se pelo uso da. tcnica indireta. inte-

  • ressante observar que a fama de Erickson tambm se propagouindiretamente. Erickson foi antes popularizado pelas pessoasque escreveram sobre ele do que por seus prprios esforos.Este volume no pretende fornecer uma forma diferente deentender Erickson. A idia no apresentar nada de novosobre Erickson. Trata-se mais de apresentar Erickson sob umanova luz. No decorrer da leitura deste volume, sente-se o fluxodas histrias didticas e possvel conseguir-se uma perspectivado processo de Erickson.

    Para os que nunca o viram, o manuscrito d a oportunidadede visualiz-Ioem ao. Para os que puderam v-Io, o manus-crito d a oportunidade de obter uma viso diferente deErickson e sua obra.

    Era muito difcil obter alguma clareza dos comunicados deErickson ouvindo-o pessoalmente. As pessoas freqentementecomentavam que se sentiam "tontas" qualido o ouviam. umaexperincia diferente ler as anedotas de Erickson ou assisti-Iasl'um videotape. mais fcil entender o qe ele fez, perceben-do:o a partir destas perspectivas. Quando pessoalmente comErickson, ficvamos confusos devido multiplicidade de nveisverbais e no verbais em que Erickson trabalhava. Por exem-plo, no era raro as pessoas sarem dos seminrios didticosdizendo: "Ele estava falando para mim hoje."

    Embora numa primeira ieitura as histrias de Erickson pare-am facilmente compreensveis, no de fato o caso. Apre-sentei filmes e videotapes sobre Erickson em congressos deassociaes profissionais nacionais. Desafiei os grupos de pro-fissionais com a afirmativa: "Se vocs conseguirem compre-ender metade do que Erickson est fazendo, ento so obser-vadors e ouvintes muito argutos. Embora seja mais fcil com-preendero que Erickson faz em form transcrita, ainda podeser um desafio semelhante ao leitor. .

    Para demonstrar esta aposta, inclu um Apndice neste volu-me. Ele fornece um comentrio que Erickson e eu fizemosnuma das indues hipnticas que ele efetuou durante a semacna. O debate sobre esta induo de cinqenta minutos durouquase cinco horas. Seria interessante o leitor ler a induo

  • (que ocorreu na tera-feira, com Sally) e comparar sua com-preenso com os detalhes fornecidos no Apndice.

    H inmeras outras coisas a ter-se em mente com respeitos histrias de Erickson. Erickson era um indivduo muitoconsistente. Vivia e trabalhava contando histrias. Isto valiatanto se estava falando com a fam1ia quanto com os colegas,alunos ou pacientes. Se algum lhe pedia um conselho, Ericksollhabitualmente respondia com uma anedota. Por isso, neste livro,tem-se uma boa avaliao da teraputica de Erickson tantoquanto de sua abordagem educacional.

    Adicionalmente, ele envolvia-se muito na narrao de suashistrias didticas. Tinha-se com freqncia a impresso deque ele as revivia quando as contava. Erickson contava ashistrias comum sentido dramtico; orquestrava-as de l!mamaneira vvida. Estas facetas no-verbais, claro, fazem faltanuma transcrio escrita. O comportamento no verbal deErickson, suas entonaes, seu uso e senso de vitalidade infeliz-mente no podem ser reproduzidos.

    Erickson contava e recontava estas anedotas vrias vezes.Como estava muito familiarizado com as histrias, podia ar.;res-centar-lhes uma parte muscular na comunicao; tornava asmensagens mais intensas com o uso de tcnicas adicionaisverbais e no verbais. Erickson sabia o que viria em seguida,o que no ocorria com os alunos. Alm do contedo da his-tria, Erickson usava as anedotas para comunicar-se em outrosnveis teraputicos ao mesmo tempo. De fato, nunca se satis-fazia em comunicar-se apenas em um nvel. Talvez no gos-tasse da bitolao que ocorria ao fazer apenas uma coisa decada vez.

    Com _respeito comunicao em nveis mltiplos, a maioriados terapeutas treinada para observar o que os pcientescomunicaro num nvel e perceber que o sentido da comuni-cao estar em outros nveis incluindo o simblico e hist-rico, bem como outros nveis "psicolgicos". Cabe a Ericksono crdito de ter demonstrado que, se o paciente pode comu-lJicar-se em mltiplos nveis, o terapeuta tambm pode. A.comunicao teraputica no precisa ser clara, concisa f' direta.A comunicao teraputica de enfoque a nvel mltiplo cons-

  • titui uma tcnica poderosa. Erickson usou-a de modo consis-tente. Por exemplo, quando lemos este manuscrito, percebemosque vrias vezes descreveu um .princpio, ilustrou~ocom umaanedota e tambm demonstrou o uso do princpio com.aspes-soas na sala; tudo aq mesmo tempo.

    Neste manuscrito, fizemos um esforo para preservar acomunc6 'Original tanto quanto possvel. Foram feiti!s mu-danas mnimas para preservar o estilo de Erickson e ao mes-mo tempo fornecer uma transcrio legvel. Devido precisoextra que Erickson colocava nas indues hipnticas, estas somantidas na transcrio exatamente como foram ditas. No foirealmente difcil e'ditar as histrias de Erickson. Em grandeparte ele falou com frases completa e gramaticalmente corretas.

    O uso de histrias por Erickson dependia muito da compo-sio do grupo a que estava ensinando. Se estava falando comum grupo cujo interesse era crianas, falava mais a respeito decrianas. Se falava com grupo mais interessado no controle dador, ento centralizava-se no controle da dor. O grupo quecompareceu na s(~mana que transcrevemos era um grupo bsicomisto; por isso, a abordagem de Erickson foi geral. No entanto,todo dia ele falava sobre um ou dois temas. Tambm, caso dealgumas anedotas, Erickson esteve nitidamente trabalhando demodo teraputico na expanso da flexibilidade dos integrantesindividuais do grupo.

    O comportamento no verbal de Erickson durante seus semi-nrios didticos era muito interessante. Habitualmente olhavapara o cho enquanto contava as histrias. No entanto, obser-vava as respostas dos alunos e pacientes com o canto dos olhos.Tinha um controle limitado de seu corpo. Quando desejavaenfatizar uma mensagem teraputica para um aluno especfico,fazia-o alterando o loeus de sua voz.

    Erickson no teve de usar indues formais para fixar aateno dos alunos. As pessoas, quando o ouviam, costumavamfechar os olhos j que entravam e saam de transes esponta-neamente durante a sesso. O prprio Erickson parecia entrarc sair de transes. Era como se usasse a oportunidade de ensinarpara sair mais de si e, por conseguinte, diminuir a dor crnicaque sentia devido s seqelas da poliomielite.

  • Haley, J. Uncommon Therapy. Nova Iorque: Norton, 1973.Bandler, R.& Grinder, J.Patterns of lhe Hypnolic Techniquesof Mil-

    ton H. Erickson, M. D., Volume 1. Califrnia: Meta Publications,1975. .

    Erickson, M. H., Rossi, E. L., & Rossi, S. L. Hypnotic Real/ties. NovaIorque: Irvington, 1976.

    Erickson, M. H., & Rossi, E. L. HYPlwtherapy: An Exploratory Ca-sebook. Nova Iorque: Irvington, 1979.

    \

  • Seminrio Didtico comMilton H. Erickson

  • Umas das marcas distintivas da abordagem de Erickson erao uso de anedotas como expediente didtico e como instrumentoteraputico. Erickson era conhecido por sua comunicao pre-cisa e focal, que se orientava para o paciente individual. O usodas anedotas representava um uso efetivo e altamente desenvol-vido da comunicao verbal. Para dar ao leitor uma estruturageral que possa ser utilizada na compreenso da transcrio queSI;: segue, descreveremos alguns usos das anedotas. Alm disso,apresento meu contato inicial com Erickson em 1973, como umexemplo do uso de anedotas por parte de Erickson, com a finali-dade de uma intensa comunicao teraputica a nvel mltiplo.

    Uma das definies de dicionrio para o termo "anedota" l de uma narrativa curta que diz respeito a um incidente ou

    Partes deste captulo foram apresentadas a 14 de outubro de 1978,num congresso cientfico da American Society of Clinical Hypnosis.

  • fato interessante ou divertido. As anedotas podem ser contos defadas, fbulas, parbolas ou alegorias. No entanto, tambmpodem ser narrativas que cronificam experincias e aventurasverdadeiras. A esmagadora maioria das anedotas que Ericksoncontava eram descries no fictcias de sua prpria vida e dasvidas de seus familiares e pacientes.

    Podemos usar anedotas em qualquer tipo de psicoterapia eem qualquer fase do processo de tratamento. No h contraindicaes conhecidas para seu uso.

    ':~ Certas operaes so comuns a todas as terapias, notadamen-te quando se faz diagnstico, ao estabelecer um relacionamento

    ...:.--~.e"mptico, ou efetuar um plano de tratamento. Podemos usaranedotas durante qualquer uma destas operaes teraputicas.

    Um observador arguto pode usar anedotas para diagnosticar.A anedota pode ser utilizada projetivamente, de forma semelhante ao Rorschach. Neste sentido apresentam-se estmulos quelevam a uma resposta que tem um significado diagnstico.

    Por exemplo, um paciente pode ouvir uma histria que temmltiplos componentes, e o terapeuta pode observar a que parte.da anedota o paciente responde. O terapeuta pode contar umahistria sobre uma pessoa que est tendo problemas que a pessoa.teve com os pais quando criana. Alm disso, estes problemas:tm ramificaes para O funciona'mento sexual atual da pessoa.e leva tambm a um abuso de 'lcooL

    Esta jlstria condensada' tem, i~u~~ros componentes. O tera-peuta perceber a que parte da 'an~d9ta, o paciente reage no::\-ierbalmente.Sobretudo, b observad~r "t~t.apeuta notar a que

    ,lparte espefffica 'da a~~dota o paciente' .r~~onde verbalmente.:Poder ento levar avantea informao dil:igiJ,stica.

    Um exemplo clnico d~ prpria experincla'~qp autor pode ser,citad'o para ilustrar o uso diagnstico adicion'+

  • saram seus problemas em perodos de tempo de extenso vari-vel. Alguns pacientes venceram os problemas, imediata e ines-peradamente. Estes resolveram os problemas com rapidez e noprecisaram de muito insight. Outros pacientes resolveram os pro-blemas devagar, com esforo, e apreciando o insight que foramobtendo em relao a seus problemas. Esta paciente particularteve um jeito de acenar com a cabea nas partes da anedota quetinham a ver com o fato de vencer os problemas devagar. Demodo igualmente consistente, conteve o movimento nas partesque tinham a ver como resolver os problemas imediatamente.Este padro confirmou-se com o uso de anedotas semelhantescontadas em ordens diversas.

    Como seu movimento de cabea confirmava que ela iria resol-ver o problema devagar, no tentei nenhuma terapia na sessoinicial. Em vez disso, fiz perguntas detalhadas que oncerniam11 etiolo ia e ao_padro~ sintomatolo ia dela. Durante o msseguinte, vi a paciente em duas sesses adicionais e ela conseguiuum alvio para a fobia. No havia nenhuma necessidade de tersesses a intervalos menores porque a paciente j indicara queiria modificar-se devagar.

    Quando contava suas histrias, Erickson acompanhava as res-postas comportamentais de seus pacientes de modo consistente.Freqentemente no olhava diretamente para os pacientes aocontar as histrias. No entanto, acompanhava as respostas com-portamentais, observando-os com sua viso perifrica bastantedesenvolvida.

    A percepo de Erickson era legendria. Treinara-se laborio-samente para perceber e compreender as nuanas sutis docomportamento humano. Sua capacidade de responder terapeu-ticamente baseava-se na sua perspiccia diagnstica. No entanto,nunca demais enfatizar a importncia da capacidade aguadade Erickson perceber rapidamente pontos cruciais para os pacien-tes individuais.

    Considera-se geralmente a formao de um sentido de relacio-namento e de relao emptica como uma das pedras funda-

  • mentais da psicoterapia. Alguns tericos (p. ex. Carkhuff e Be-renson, 1967) consideram as respostas empticas como um dosinstrumentos principais da psicoterapia. No entanto, h incon-venientes na abordagem emptica. O paciente pode aprender umtipo de autodiagnstico por empatia que implica em um escru-tnio corrente de seus estados de nimo. Este escrutnio podeocasionar uma ruptura no processo de apreciao e de utiliza-o do fluxo de sentimento. Em alguns casos, uma abordagemdireta emptica pode ser contra-indicada ou desnecessria. Porexemplo, no do feitio de algumas pessoas estarem em sintoniacom seus sentimentos. Alguns pacientes tambm tm objeese sentem-se embaraados se lhes mostramos diretamente seussentimentos.

    A abordagem de Erickson fala idia de que as coisas fun-cionam melhor quando funcionam automaticamente ou incons-cientemente, isto , sem interferncias ou obstculos da menteconsciente. Erickson serviu-se muito dos meios indiretos paraocasionar mudanas inconscientes to rpido quanto possvel.

    De acordo com o uso dos meios indiretos, como Ericksonfazia, tambm possvel usar anedotas para empatizar com opaciente e com processos que no esto nem dentro nem fora dapercepo consciente imediata do paciente. O paciente no ne-cessita perceber conscientemente que o terapeuta deu uma res-posta emptica. Podemos usar as anedotas para estabelecer umarelao emptica com o inconsciente. Embora o fato de ter havi-do uma resposta emptica permanea fora da percepo cons-ciente do paciente, o cliente muitas vezes reconhece, a nvelverbal ou no verbal, que o terapeuta deu uma resposta emp-tica "inconsciente".

    Para ilustrar o uso de anedotas empticas, podemos apresen-tar um caso de um antigo seminrio didtico com Erickson. Em1975, trs estudantes estavam presentes no seu consultrio paraaprender suas abordagens. Erickson contou uma anedota sobreum paciente competitivo que o procurara e queria ser posto emtranse. Erickson afirmou que estabelecera o transe com este pa-ciente dizendo-lhe para observar as prprias mos para ver qualdelas se levantaria primeiro, e qual tocaria seu rosto em primeirolugar. Desta maneira, Erickson utilizou a competitividade dCl

  • paciente para ajud-lo a atingir as prprias metas. Esta anedotaatraiu os estudantes, porque Erickson estava ensinando umaspecto interessante de sua tcnica.

    No entanto, logo ficou visvel que havia um propsito adicio-nal histria. Alguns dos alunos na sesso tambm estavamcompetindo pela ateno e tempo de Erickson. Quando Erick-son indicou a finalidade mltipla da anedota, discutiu este aspec-to adicional da tcnica. Mirmou que reconhecia a competiodos alunos, e que indicara por meio da histria que reconhecerasua existncia.

    Os estudantes ento podiam responder reconhecendo a com-petio conscientemente (foi o que fizeram). Ou poderiam terrespondido por meios no verbais que reconheciam a compe-tio e que no estavam prontos para levar percepo cons-ciente. Finalmente, os estudantes podiam ter falhado em reco-nhecer o significado implcito da histria no que se aplicava situao imediata.

    Qualquer destas trs histrias acima mencionadas seriam res-postas satisfatrias para Erickson porque estariam de acordo comas prprias necessidades e personalidades dos alunos. Ericksonestava preparado para prosseguir em qualquer direo que semanifestasse. A prpria observao de Erickson naquela situaofoi a de que estava desejando discutir a anedota consciente-mente porque ela era uma situao didtica.

    E, alm disso, a anedota tinha uma terceira mensagem. Estavaelaborada de modo a sugerir ou "encurralar" os alunos numaresposta comportamental especfica. Depois de discutir a anedota, Erickson acrescentou que no sabia o quanto havia decompetio entre os alunos, mas que seguramente no desejavaque competissem com ele.

    Podemos usar as anedotas em qualquer fase do processo detratamento para atingir as metas da terapia. Por exemplo, con-sideremos as seguintes oito categorias que no so mutuamenteexclusivas.

  • Mediante o uso de anedotas podemos esclarecer um assuntode modo memorvel e intenso. Considerando-se a estrutura da..I'memria humana, mais fcil lembrar o tema de uma anedotado que lembrar o mesmo material sob a forma de uma simples.'frase. Podemos usar a anedota para "rechear" a memria da

    ./ pessoa, elas do vida a simples idias. Consideremos o seguinte, exemplo:

    No incio de 1980, eu estava envolvido no meu primeiro casocom respeito ao so forense da hipnose. Procurei Erickson parame aconselhar. Ele comeou a histria com a seguinte frase:"Conhea o advogado oponente." Erickson explicou que estavatestemunhando o caso da custdia de uma criana por parte domarido. Afirmou que a esposa estava nitidamente com gravesproblemas psicolgicos e que o marido era a melhor pessoa parater a custdia da criana. Erickson prosseguiu dizendo que co-nhecia a advogada oponente e sabia que era uma pessoa muitometiculosa.

    Explicou que quando o dia de prestar o depoimento chegou,a advogada oponente tinha quatorze pginas datilografa das comperguntas para interrog-Io. Erickson disse que quando subiu bancada a advogada perguntou: "Doutor Erickson, o senhordisse que um especialista em Psiquiatria.' Quem o seu men-tor?" Erickson respondeu dizendo: "Eu sou o meu prpriomentor." Sabia que, se citasse algum, a advogada, bem 'prepa-rada, comearia a minar a percia dele, citando autoridadesconfli tan tes.. A advogada perguntou ento: "Doutor Erickson, o senhor

    diz que um especialista em Psiquiatria. O que Psiquiatria?"Erickson dera-lhe a seguinte resposta: "Vou dar-lhe este exem-plo: se eu fosse especialista de Histria da Amrica, certamentesaberia algo sobre Simon Girty, tambm conhecido como "Dir-ty Girty" /"Erickson disse que quando olhara para o juiz, este estava

    sentado com a cabe enterrada nas mos. O '-funcionrio da

  • \corte estava debaixo da mesa tentando achar um lI,'is. O adv-gado a seu lado tentava suprimir um riso incontrolvel.

    Erickson afirmou-me que, depois de fazer a analogia, a advo-gada botou os papis de lado e disse: "Nenhuma pergunta amais, doutor Erickson." Erickson ento me olhou e disse: "Eo nome da advogada era ... Gertie." Prosseguiu explicando que,sempre que seu advogado encarava a advogada oponente, encon-trava sempre um jeito de incluir nos seus argumentos uma refe-rncia a "Dirty Girty".

    A anedota de Erickson era muito divertida e envolvente. Foiuma maneira agradvel de esclarecer uma questo. Se Ericksontivesse dito: "No se intimide com a situao", o impacto teriasido mnimo. No entanto, dito desta maneira, ilustrativa eatraente, aumentou o impacto da mensagem. ~

    2) Para sugerir solues.

    Erickson freqentemente usava anedotas para sugerir, diretaou indiretamente, uma soluo ao paciente. Comumente conse-guia isto contando uma anedota paralela- e/ou, contando anedo-tas 'mltiplas om o mesmo tema. As concluses destas anedotaspodeam fornecer ou uma nova perspectiva ou uma soluoanteriormente negligenciada.

    Erickson freqentemente contava ao paciente uma anedotaque jazia uni paralelo com um problema, mas que lhe dava umanova perspectiva. Por exemplo, se um paciente dscrevia ml-tiplos fracassos na sua vida, ouvia histrias sobre algum quetambm vivera mtrltiplos fracassos. No entanto, as histrias tera-puticas podem ser cuidadosamente construdas de forma a queo resultado final seja o sucesso. Desta forma, constri-se cadaum dos fracassos dentro da. histria teraputica de forma aconstiturem, finalmente, um "bloco superior" para o .sucesso.

    H um bom exemplo de uma anedota paralela com uma novaperspectiva na transcrio da sesso semanal. Na tera-feira,Erickson fez uma induo com Sally. Ela passara por vriascircunstncias de vida difceis e complicadas. Ento, Ericksonsecundou este fato contando-lhe uma histria sobre um pacienteque vivera circunstncias complicadas, e, neste processo, tor-nara-se mais flexvel e tivera maior xito.

  • Erickson tambm sugeria, s vezes, ao paciente uma soluonegligenciada, contando-lhe uma histria. Este uso especficodas anedotas pode ter maior efeito teraputico do que um con-selho direto ao qual o paciente tende a resistir. Apresenta-se aopaciente uma histria sobre algum com um problema seme-lhante, que utilizou certa soluo com xito. Cabe ento aopaciente estabelecer, de fato, a conexo e aplicar uma soluosemelhante sua prpria vida.

    Podemos usar anedotas para sugerir indiretamente solues.Quando fazemos uma sugesto indireta, o paciente que "tema idia" da soluo. Por isso, o paciente pode fazer a mudana aseu crdito, em vez de faz-Ia a crdito do terapeuta.

    Erickson muitas vezes usava um estilo indireto de ensino,constando da narrativa de mltiplas anedotas, com o mesmotema. Por exemplo, Erickson s vezes introduzia uma idia,como a da importncia de "entrar em contato com o pacientedentro do prprio esquema de referncia do mesmo." Entocontava anedotas mltiplas versando sobre o mesmo tema. (Almdisso, ao mesmo tempo, invariavelmente, demonstrava o princ-pio, entrando em contato com os alunos dentro do esquema dereferncia dos mesmos.) Erickson s vezes precedia as anedotasmencionando o tema em geral ou, s vezes, mencionava o temano final da srie de anedotas. Se percebia que o paciente ou oaluno captava inconscientemente (ou conscientemente) o ponto,s vezes nem mesmo mencionava o tema.

    Um dos instrumentos habituais dos terapeutas confrontar opaciente para que ele se veja como na realidade. Ento opaciente pode fazer uma mudana conseqente. Podemos usaras anedotas para suprir este entendimento de forma mais oumenos indireta.

    Por exemplo, na transcrio da semana com Erickson, nofinal da quarta-feira ele contou histrias sobre psicoterapiasimblica. Descreveu um caso de terapia de casal quando man-dou um psiquiatra e sua mulher fazerem tarefas em separado.As tarefas incluram subir ao Pico Squaw e ir ao JardimBotnico.

  • Neste caso, Erickson serviu-se de uma atividade para levaros pacientes a reconhecerem-se simbolicamente e tomarem aao apropriada. No entanto, com isto Erickson tambm su-priu um exemplo aos terapeutas que estavam na sala ouvin.do-o. Os terapeutas na audincia puderam usar esta oportuni-dade para se conhecerem.

    Erickson prosseguiu a anedota sobre o psiquiatra com outraanedota sobre um psicanalista e sua esposa. Quando lemos es-tas duas anedotas, percebemos que elas orientam as associaesda audincia (e do leitor). E muito difcil ouvir Erickson con-tar esta histria ou ler as duas sem pensar nos nossos prpriosrelacionamentos. Erickson servia-se das anedotas para orien-tar as associaes e levar as pessoas a tomarem conhecimentodelas mesmas para que pudessem decidir a ao adequada.

    Este uso de anedotas para orientar e selecionar associaesera muito importante na abordagem de Erickson. Orgulhava-se de dar este exemplo: "Se voc quer que uma pessoa falesobre seu irmo, tudo o que voc precisa fazer contar-lheuma hist6ria sobre seu pr6prio irmo."

    Erickson nos lembra que o poder de mudar algo que jazadormecido dentro do paciente e necessita ser despertado. Po-demos usar as anedotas para guiar as associaes das pessoas,mas realmente o paciente quem faz a mudana. "O tera-r"uta apenas cria o clima, a ambincia."

    4) Para semear idias e aumentar a motivao.

    No caso anteriormente citado sobre a paciente f6bica, deve-ramos observar que as anedotas que ela ouviu foram sobre psi-coterapias bem-sucedidas. Por isso, as anedotas tambm servi-ram para aumentar sua expectativa positiva. Mais ainda, asanedotas serviram para diagnosticar sua motivao para mu-dana. Ficou claro, a partir do padro da paciente de balanara cabea, que ela estava motivada para fazer a mudana neces-sria no seu padro anteriormente fbico. A nica questo con-.cernia no tempo que levaria para a mudana ocorrer.

    Erickson era bem capaz de contar uma anedota que estimu-laria uma idia bsica num paciente ou num aluno. Ento,

  • como conhecia a sequencia de suas anedotas, podia estruturaresta idia com uma hist6ria que contava mais adiante, nestemesmo dia, ou mesmo dias ou semanas mais tarde.

    Esta idia de "semear" muito importante na tcnica hip-n6tica. Se o hipnotizado r vai sugerir uma levitao do brao,ele o faz "encadeando" pequenos passos ou sementes. Por exem-plo, o operador atrai a ateno da pessoa para a pr6pria mo,depois conduz a ateno para a possibilidade de sensao namo, em seguida atrai a ateno para o potencial de movimen-to, depois conduz a ateno para o fato do movimento, e porfim sugere o movimento de fato. Quando o terapeuta conheceo resultado desejado, pode plantar a idia do resultado desdeo incio da terapia. Semear a tcnica era muito comum naabordagem de Erickson. Era uma das tcnicas que adiciona-vam muita fora sua comunicao.

    Os pacientes freqentemente aprendem padres de relaciona-mento mal-adaptados, manipulat6rios e autofrustrantes. Asanedotas so um instrumento eficaz que pode ser utilizado paracontrolar o relacionamento para que o paciente se mantenhanuma posio complementar "uni-inferior" (cf. Haley, 1963).Esta ttica do terapeuta pode ser teraputica para alguns pa-cientes que so rgidos e tm problemas de sentir-se vontadeou eficientes quando esto numa posio "uni-inferior" num re-lacionamento. As anedotas podem manter um paciente "fora deequilbrio" de forma a que no possa usar os mtodos habituaispara controlar o relacionamento. Atravs do uso das anedotas,os pacientes podem tornar-se mais seguros devido ao conheci-mento de que h algum que eles no podem manipular comsua sintomatologia.

    Podemos usar as anedotas para dar diretivas inseridas (cf.Bandler e Grinder, 1975). Esta tcnica implica tomar uma fra-se importante fora do contexto de uma hist6ria e proferi-I?

  • direta ou indiretamente para o paciente. O terapeuta apresentauma diretiva implantada ao paciente ou aluno de forma indireta,como, por exemplo, subenfatizando ou redirecionando o loeus,de sua voz.

    Por exemplo, na sexta-feira da transcrio semanal, Ericksondiscutiu o desenvolvimento sexual humano. No meio desta dis-,cusso contou uma histria sobre o doutor A., que era seu su-pervisor no Hospital Estatal de Wooster. A anedota parecefora do contexto. No entanto, imaginem o efeito da ltima frase da anedota quando dirigida a um estudante residente. Naltima frase sugere-se que a pessoa mantenha "o rosto impas-svel, a boca fechada, os olhos e os ouvidos abertos, e esperepara formar seu julgamento at ter alguma evidncia de fato,que apie- sua inferncia e seus raciocnios".

    As anedotas so indiretas e por esta razo mesmo ajudam adiminuir a resistncia s idias. Uma anedota estimula umaassociao dentro do paciente. O paciente ento pode guiar-sepela associao que foi estimulada. B difcil resistir a uma as-~ociao que ns mesmos temos.

    Igualmente, uma anedota pode apresentar uma idia indire-tamente. Vrias idias so apresentadas numa s anedota e.() paciente tem de envolver-se ativamente no processo de per-ceber o sentido da anedota e decidir qual a parte da mesmaque se relaciona com ele. Por isso, a energia para a mudan-a recebe um estmulo para surgir de dentro do paciente.

    As mensagens anedticas, devido sua estrutura, podem virarinconscientes rapidamente. O paciente no pode absorver cons-cientemente e compreender todas as mensagens contidas numaanedota complexa. O paciente pode vivenciar uma mudana.comportamental que ocorre fora de sua percepo conscienteporque ele pode responder a uma parte de uma anedota, ain-da que esta parte no seja registrada conscientemente. Conta-se muitas vezes que os pacientes viam Erickson e descobriam-se fazendo mudanas por conta prpria, sem perceber o efei-to da comunicao teraputica do prprio Erickson.

  • Em geral, Erickson usava anedotas quando era necessanauma quantidade maior de indireo. Quanto maior a resistn-cia s idias, mais Erickson se fazia indireto e anedtico. Istoparte do princpio de que a quantidade de meios indiretos uti-lizados diretamente proporcional quantidade de resistnciapercebida (Zeig, no prelo, b.).

    Alm disso, podemos usar as anedotas de uma forma tcni-ca para desmanchar a resistncia. Por exemplo, o terapeutapode semear uma idia numa anedota e depois passar rapida-mente para uma segunda anedota com um tema diferente. Estetipo de manobra teraputica toma mais difcil ao paciente re-sistir idia apresentada na anedota inicial. Adicionalmente,usando esta manobra, h uma chance maior de que a idia apre-sentada na primeira anedota se tome "inconsciente" com maiorrapidez. O paciente s vezes tem uma amnsia da primeira his-tria.

    Tambm possvel usar uma anedota para desviar a atenodo paciente. Erickson lembrou que s vezes usava anedotas parapenetrar terapeuticamente no paciente. Esta tcnica pode seruma maneira de propor a idia tera~utica numa ocasio emque o paciente est menos resistente e mais receptivo.

    8) Para recolocar e redefinir um problema.

    Podemos usar tambm as anedotas para "recolocar" um pro-blema. A arte da "recolocao" foi descrita por inmeros auto-res (p. ex. Watzlawick, Weakland, e Fisch, 1974.). Recolocar uma tcnica para fornecer uma atitude positiva e alternativapara a situao sintomtica. A recolocao opera a nvel de ati-tudes. Os pacientes tm atitudes frente a seus sintomas. A re-colocao pode modificar a atitude das pessoas sobre seus sin-_tomas.

    Mudar de atitude sobre o sintoma teraputico. Erickson foium dos proponentes da idia de que a terapia algo que mudao padro habitual de comportamento. A mudana pode sucedernuma direo positiva ou ocorrer inicialmente numa direo ne-gativa. A mudana de atitude da pessoa quanto a seu sintomafreqentemente transforma o prprio complexo (Cf. Zeig, noprelo, b.).

  • Redefinir uma tcnica de definir o problema de forma le-vemente diferente da que o paciente define o problema. Depoisde definir de forma diferente, pode-se completar com uma te-rapia que corrigir a nova definio do problema, corrigindo,por conseguinte, o mesmo. Erickson usava as anedotas tantopara recolocar quanto para redefinir. Temos um bom exemplodeste uso das anedotas, no incio do seminrio de quinta-feira,no qual Erickson conversa com Christine e conta-lhe anedotassobre dores de cabea. Quando lemos estas anedotas, observa-mos como Erickson recoloca e redefine as dores de cabea deChristine.

    As categorias que apresentamos acima no exaurem o as-sunto. Podemos enumerar certo nmero de usos adicionais dasanedotas:

    1) Podemos usar as anedotas como tcnicas de construode ego, isto , para estruturar a emoo, o comportamento e/oupensamento, e, portanto, ajudar o paciente a equilibrar-se me-lhor na vida.

    2) As prprias anedotas so uma maneira criativa e fora docomum de comunicar-se. Neste sentido, servem para "moldar"uma boa vida. O terapeuta encoraja o paciente a viver de modomais criativo e flexvel, sendo criativo e flexvel na sua pr-pria comunicao.

    3) Podemos usar as anedotas para estimular e redespertarpadres de sentimento, pensamento e comportamento. Podemosus-Ias para auxiliar uma pessoa a entrar em contato com umrecurso de sua vida pessoal que no percebera anteriormente.Erickson lembra-nos que os pacientes tm recursos em suasprprias histrias para resolverem os problemas que trazem aoterapeuta. Podemos usar as anedotas para lembrar a um pa-ciente os seus prprios recursos.

    4) Podemos usar as anedotas para dessensibilizar um pacien-te de seus medos. Ao trabalhar com fbicos podemos contar-Ihesuma srie de anedotas e altemadamente aumentar e diminuir atenso, e por conseguinte dessensibilizar o medo.

    Podemos usar as anedotas por vrias razes tcnicas em qual-quer terapia. Tambm podemos us-Ias durante uma induo eutilizao formal e naturalista da hipnose.

  • As anedotas e a hipnose formal tm trs semelhanas estru-turais bsicas:

    1) Em ambas, o terapeuta basicamente busca falar a um in-divduo passivo. O terapeuta tenta extrair o poder de dentro dopaciente e demonstrar-lhe que ele/ela tem o poder de mudar.2) No uso da hipnose e no uso da anedota, define-se o indiv-duo como algum que est num papel complementar unilate-ralmente inferior. 3) Nas duas tcnicas, o operador trabalha apartir de pistas comportamentais mnimas por parte do paciente.

    Devido a semelhanas estruturais, podemos aplicar as anedo-tas de modo bastante eficaz tanto na hipnose formal quanto na-turalista; Aplicamos as anedotas na hipnose, de modo seme-lhante maneira com que so usadas em psicoterapia. Pode-mos usar as anedotas nas fases de induo e de utilizao dotratamento hipntico.

    Podemos usar as anedotas diagnosticamente a fim de avaliarli facilidade para ser hipnotizado, e o estilo de utilizao detranse que c' indivduo manifestar. O 'processo de diagnstico semelhnte o uso diagnstico de anedotas na psicoterapia quefoi descrito acima. No entanto, entram fatores adicionais aodiagnosticar facilidade para ser hipnotizado.

    Quatro fatores so especialmente importantes: a absoro, areceptividade, a aterio e o controle.

    1) Quando o terapeuta conta uma anedota, pode percebero graU" de absoro que o ouvinte manifesta. Os indivduos quemanifestam uma ateno mais embevecida e que parecem maisabsortos na histria, habitualmente tendem a ser os classica-mente melhores sujeitos hipnticos.

    2) Podemos avaliar alguma coisa sobre o estilo de respostaao sujeito especfico, usando anedotas. Algumas pessoas respon-dem melhor sugesto direta e outras sugesto indireta. Pc-

  • demos usar as anedotas para saber a que tipo de sugesto opaciente responde melhor. Por exemplo, se, ao contar uma ane-dota, o operador menciona que o protagonista da anedota su-bitamente olhou para ver que horas eram, pode determinar al-guma coisa sobre a capacidade de resposta do paciente, ob-ser-vando sua reao a este tipo de sugesto especfica.

    3) Podemos usar as anedotas para diagnosticar o estilo deateno do paciente, se concentrado ou difuso, se interno ouexterno. Enquanto o paciente ouve uma anedota, o terapeu-ta pode observar se o paciente est focalizado ou difuso no seuestilo de ateno. Uma pessoa mais enfocada ter um movi-mento mais limitado e focalizar apenas uma coisa em pero-dos mais extensos de tempo. Uma pessoa mais difusa passare deslocar sua ateno com maior freqncia de uma coisapara outra.

    Podemos diagnosticar a ateno tambm quanto ao foco serinterno ou externo. P.essoas interiorizadas preocupam-se com suaprpria vida interior: seus sentimentos, pensamentos e movi-mentos. As pessoas exteriorizadas esto mais atentas ao que sepassa a seu redor. (Erickson parecia um gato. Gostava de es-piar, e tinha uma orientao bastante exteriorizada.)

    4) Contando uma anedota, o terapeuta tambm pode aprenderalgo sobre a flexibilidade do paciente com respeito ao controlenos relacionamentos. Alguns pacientes precisam ser o que estpor cima, outros o que est por baixo, e outros necessitam seriguais. Estas necessidades aparecem na resposta verbal e noverbal s anedotas pr-hipnticas.

    Embora possamos usar outros fatores para diagnosticar oestilo hipntico, os quatro fatores acima - a saber: a absor-o, a receptividade, a ateno e o controle - so especial-mente acessveis a um diagnstico, enquanto o terapeuta vaicontando casualmente a histria para o paciente. Levando-seem considerao esta abordagem diagnstica (e sem nos afas-tarmos muito do alcance deste livro) ficam claras as implica-es para compor-se uma estratgia teraputica. As anedotas(; diretivas que um terapeuta usa tm mais fora quando tocamde perto experincia do paciente. Por exemplo, as tcnicas

  • hipnticas e psicoteraputicas que aplicamos a uma pessoa dotipo unilateralmente inferiorizado e de orientao exterioriza-da. e que seja altamente receptiva sugesto direta, ser di-ferente das tcnicas teraputicas que aplicaremos a uma pes-soa do tipo unilateralmente superiorizada, absorvida internamente e que responda melhor sugesto indireta.

    De incio, at sabermos realmente como faz-Io, o uso de ane-dotas de maneira diagnstica pode onerar bastante o terapeu-ta. O terapeuta precisa compor sua histria e prestar atenos respostas do paciente ao mesmo tempo.

    Podemos usar anedotas na hipnose formal. Charles Tart(1975) descreveu de modo adequado a induo da hipnose comoalgo que consiste numa ruptura do estado bsico de conscin-cia e num padro de um novo estado de conscincia hipntica.Podemos usar as anedotas em qualquer destas duas fases.

    Podemos usar da confuso tcnica para facilitar a rupturado esquema consciente do indivduo na fase inicial da induohipntica formal. As prprias anedotas confundem porque man-tm o ouvinte fora de equilbrio. O ouvinte desafiado a ex-trair algum sentido do contedo da anedota e a perceber e apli-car o que seja importante na mensagem sua situao. Sobre-tudo, as anedotas confundem porque tm significados mlti-plos e so ambguas. Ouvindo Erickson, at mesmo um ou-vinte arguto no poderia perceber todas as mensagens compo-nentes e suas possveis aluses. As anedotas podem "instalar"uma induo, desviando a ateno e despotencializando o esque-ma consciente (cf. Erickson, Rossi & Rossi, 1976). Portanto,o sujeito fica mais aberto e receptivo a sugestes concorrentese subseqentes.

  • Erickson usava com freqncia as anedotas, de forma natural,como um ingresso na induo hipntica. Vi inmeros ex-pacien-tes de Erickson explicarem que, quando estavam ouvindo ashistrias dele, de repente se viam em transe. Uma das pacien-tes explicou que estava ouvindo as histrias e de repente per-cebera que adormecera. Disse que ficara muito envergonhadade adormecer enquanto ouvia seu mdico. Depois afirmou quepercebera o que Erickon queria e ento fechara os olhos e en-trara em transe.

    Podemos usar as anedotas para pautar o espao hipntico(isto , para estabelecer parmetros experimentais do que o es-tado hipntico pode constituir para o indivduo especfico). Umoperador pode usar anedotas para descrever e sugerir ao pacien-te o que a hipnose pode ser para ele ou para ela. Um exem-plo possvel desta tcnica seria falar a um sujeito inexperien-te sobre a experincia hipntica de outro sujeito mais experi-mentado. Podemos faz-lo de tal forma que o, comportamentodo sujeito experimentado, quando discutido na anedota, com-bine e sobreponha-se parcialmente ao comportamento atualdo sujeito sem experincia. O efeito seria o de dar sugestes aosujeito sem experincia de forma indireta.

    Outra forma de pautar o estado hipntico fazer com queos indivduos demonstrem a eles mesmos (dentro ou fora dapercepo consciente) que so capazes de efetuar algum fen-meno hipntico clssico. Qualquer fenmeno hipntico clssicopode ser sugerido pelo uso de anedotas diretas. Por exemplo,uma das indues favoritas de Erickson envolve uma discussoanedtica dos primeiros aprendizados escolares, incluindo a ma-neira como as pessoas aprendem as letras do alfabeto sem per-ceber conscientemente o processo. Esta anedota sugere e podeinduzir vrios fenmenos hipnticos clssicos, inclusive uma re-gresso de idade, hiperamnsia, dissociao e alucinao. Almdisso, incentiva simultaneamente uma absoro interna e umafixao interna da ateno.

  • Na fase de utilizao da hipnoterapia (isto , depois da induo), podemos usar as anedotas da mesma maneira que po-demos us-Ia na fase de tratamento de psicoterapia, isto ,para demonstrar um fato, aumentar a motivao, etc. Podemoscontar as anedotas para lembrar a pessoa de potenciais queno foram utilizados previamente no seu aprendizado. Porexemplo, podemos lembrar ao sujeito hipntico, por meio douso da anedota, uma poca em que ele/ela sofreu um machu-cado e s peroebeu a dor depois de um bocado de tempo. Umahistria dessas implica que o sujeito j teve uma experinci decontrolar a dor, que pode ser evocada.

    As anedotas so envolventes e podem promover a dissociaona medida em que o/a paciente se envolve na histria. Por issopodemos us-Ias tambm para colocar o paciente numa trilhade pensamento que exclui o seu problema sintomtico. Este usoda anedota muito eficaz no trabalho de controle da dor.

    o uso combinado de anedotas Nvel mltiplo decomunicao

    Os psicoterapeutas aprendem a tomar uma pequena amostrado nvel de comunicao social e interpretar o significado adi-cional com respeito ao que "realmente" est acontecendo no nvelpsicolgico do paciente. interessante notar que, embora osterapeutas estejam cientes da comunicao de nvel mltiploe utilizem-na de forma diagnstica, a maioria dos terapeutasno est treinada para usar a comunicao de nvel mltiplocomo instrumento teraputico. Uma das principais contribui-es de Erickson Psicologia talvez tenha sido a de demons-trar o uso teraputico da comunicao a nvel mltiplo. Erick-son demonstrou a quantidade de esforo muscular que podeestar acumulada na comunicao teraputica e a quantidade deenergia que pode ser derivada.

  • Para demonstrar a fora da comunicao teraputica de n-vel mltiplo, apresento o debate de meu encontro inicial comEri kson em dezembro de 1973. As anedotas que Erickson mecontou dem nstram uma combinao complexa de alguns dosusos simples das anedotas mencionados anteriormente. Antesde descrever estas anedotas em detalhe e situar o cenrio, des-creverei meu encontro inicial com Erickson desde o incio.

    Comecei a estudar hipnose em 1972 e fiquei bastante im-pressionado com o trabalho de Erickson. Escrevi minha pri-ma que estava estudando Enfermagem em Tucson. Contei-lheque estava estudando hipnose e sugeri que, se em alguma oca-sio fosse a Fnix, visitasse Erickson, porque ele era um g-nio em psicoterapia.

    Ela escreveu-me respondendo que eu j me encontrara comuma das filhas mais novas de Erickson. Minha prima e Ro-xanne Erickson tinham sido colegas de quarto alguns anos an-tes, em So Francisco.

    Subseqentemente, escrevi para Roxanne e para Erickson eperguntei-lhe se poderia estudar com ele. Disse-me que me acei-taria como aluno. Em dezembro de 1973 parti para Fnix pelaprimeira vez, para estudar com Erickson.

    Minha apresentao inicial foi bastante fora do comum. Euiria ficar como hspede em sua casa. Roxanne recebeu-me porta. Apresentou-me ao pai, gesticulando para o doutor Erick-son, que estava sentado imediatamente esquerda da porta, ven-do televiso. Ela disse: "Este meu pai, o doutor Erickson."Erickson levantou a cabea devagar, mecanicamente, com pe-quenos movimentos cadenciados. Quando sua cabea chegou horizontal, ele girou o pescoo em minha direo, devagar emecanicamente, usando os mesmos movimentos cadenciados.Quando captou minha ateno visual e olhou nos meus olhos,iniciou novamente os mesmos movimentos mecnicos e vaga-rosos e baixou o olhar para a linha mediana do meu corpo.Seria intil dizer que fiquei completamente chocado e sur-preso com o seu "Al". Alm disso, Erickson modelara um fe-nmeno hipntico. Moldara o movimento catalptico cadencia-do que os pacientes exibem quando fazem uma levitao debrao. Sobretudo, seu comportamento focalizou minha ateno.

  • Depois, quando baixou o olhar para o meio do meu corpo, es-tava me sugerindo que "fosse para dentro". Basicamente, Erick-son estava usando uma tcnica no verbal para romper meuesquema consciente e pautar um novo esquema de padres in-conscientes.

    Erickson dera-me um exemplo da fora que podia impor comunicao.

    Na manh seguinte, a senhora Erickson conduziu-o em suacadeira de rodas para a casa de hspedes. Sem dizer uma pa-lavra e sem fazer nenhum contato visual, Erickson transferiu-se penosamente da cadeira de rodas para sua poltrona do con-sultrio. Perguntei-lhe se podia colocar meu gravador e ele,sem fazer nenhum contato visual, fez que "sim" com a ca-bea. Depois comeou a falar para o cho, de foona pausadae vagarosa.

    E: Para auxili-lo no choque com toda esta cor roxa ...z: H-h.E: Sou parcialmente cego s cores.Z: Percebi isto.E: E o telefone roxo ... foi um presente de quatro alunos gra-

    duados.Z: H-h.E: Dois deles sabiam que fracassariam nos exames princi-

    pais. .. e dois deles sabiam que fracassariam... nos demenor importncia. Os dois que sabiam que fracassariamnos principais, mas passariam nos... menores, passaramem todos. Os dois que sabiam que passariam nos princi-pais e seriam reprovados nos menores... foram reprova-dos nos principais e passaram nos menores. Em outras pa-lavras, escolheram a ajuda que eu lhes ofereci. (Erick-son olha para Z. pela primeira vez, e fixa o olhar). Comrespeito psicoterapia. .. (Aqui Erickson prosseguiu apre-sentando e debatendo sua abordagem teraputica. Para sa-ber como ele continuou, ver Zeig, no prelo, a).

    Esta anedota curta um trecho elegante de comunicao.Contm muitos nveis de mensagem. E" um exemplo excelente

  • da maneira como vrias mensagens podem ser condensadas numacomunicao relativamente curta. O que se segue uma listadas mensagens que Erickson dirigiu-me nesta curta anedota:

    1) A anedota era uma induo confusa de hipnose. Nofez nenhuma meno hipnose, mas a anedota com suasreferncias a principais e menores, confundida de fato.Igualmente fixou minha ateno hipnoticamente. Eu jestudara a induo confuso de Erickson (Erickson,1964) e incorporara o uso da induo confuso na mi-nha tcnica. No entanto, a abordagem de Erickson erato casual e to fora do comum, que no percebi queele estava usando a tcnica da confuso comigo.

    2) A primeira frase de Erickson continha a palavra"choque", que foi enfatizada de forma peculiar. De fato,como Erickson bem o sabia, a viso de todo aquele roxoj no constitua nenhum choque para mim. Eu j estiovera no escritrio de Erickson e na casa de hspedes (queera decorada de roxo) e j me encontrara com Erickson(cuja roupa era toda roxa). J ultrapassara o choque atoda aquela cor roxa. A nfase de Erickson na palavra"choque" teve a finalidade de focalizar minha ateno e

    . alertar meu inconsciente para o choque que j estavaacontecendo e para o choque que viria.3) O comportamento no verbal de Erickson tambmconfundia. Ele no me olhava. Falava comigo olhandopara o cho. Eu tinha todo um aprendizado de vida queme dizia: "Quando falar com uma pessoa, olhe para ela."O comportamento no verbal de Erickson rompeu meupadro habitual. Ento, quando ele meu olhou, causoumais um choque e confuso adicionais. Isto teve o efeitode fixar ainda mais meu comportamento e ateno.

    4) Um dos efeitos desta comunicao foi o de eu ter umaamnsia da anedota inteira. S depois de voltar paracasa, quando liguei o gravador num seminrio de hip-nose que eu estava fazendo, que ouvi o que fora dito.

  • Foi ento que percebi que Erickson fizera uma induo confuso de hipnose. Foi um aprendizado experimentalmaravilhoso para mim, e uma excelente demonstrao deminha prpria capacidade de experimentar a amnsia.5) Havia vrias coisas dentro da histria que tinham umsignificado. O contedo da histria era sobre os alunosformados. Erickson estabeleceu um encontro comigo den-tro de meu prprio esquema de referncia imediatamen-te entendido. Estabeleceu algum relacionamento falandode alunos formados, um assunto que eu podia entendere correlacionar bem.6) A anedota tinha uma mensagem no seu contedo ime-diato. Tinham acontecido algumas coisas inesperadas comos alunos formados, que foram l para aprender com Erick-sono Eu podia relacionar a anedota com minha prpriasituao. Era possvel que sucedessem algumas coisas ines-peradas comigo. De fato, j estavam acontecendo algu-mas coisas inesperadas comigo, sendo a menor delas ade que nunca ningum se apresentara de forma to forado comum, nem me falara de modo to inusitado.7) Sobretudo, a anedota era sobre alunos que escolherama ajuda que Erickson lhes oferecera. De forma paralela,ele estava querendo dizer que eu, como aluno (emboratalvez inesperadamente) tambm escolheria a ajuda e oensino que ele me oferecia.8) Havia uma mensagem adicional contida na anedota.Os estudantes tinham vindo para estudar com ele. Em tro-ca, deram-lhe um presente. Erickson nunca me cobrounada pelos seus ensinamentos, porque, de fato, eu nopodia pagar seus honorrios. Mas a poltica de Ericksonera a de que, se voc podia pagar sua visita, deveria fa-z-Io. Se voc no tinha os recursos financeiros, ele serecusava a cobrar a hora.

    No entanto, eu poderia pagar-lhe dando-Ihe um presen-te. Dei-lhe uma escultura de madeira, que ficou sobrea mesa (como o telefone). No estou certo de que uma

  • das "sementes" para eu presente-Io j no estivessecontida na anedota. Pode ser que meu presente se de-vesse parcialmente a um comportamento receptivo.9) A anedota de Erickson teve o efeito de estrutura dotipo de relacionamento que teramos. Erickson impediu-me de falar e de me apresentar. Deixou claro que o re~lacionamento seria de ordem comp1ementar, onde Erick-son falaria e eu seria o unilateralmente inferior, fazendoa parte do ouvinte.10) Estou certo de que Erickson tambm estava avalian-do minha receptividade. Por meio de sua viso perif-rica ele observava minha resposta aos conceitos que men-cionara. Por exemplo, quando mencionou o telefoneroxo, talvez eu tenha, e talvez no, olhado para o tele-fone roxo sobre a mesa. Por conseguinte, ele captou algosobre meu estilo de responder s sugestes.11) H um aspecto adicional nesta anedota. Em 1980,um psiclogo de Fnix, chamado Don, procurou-me e pe-diu superviso individual da abordagem de Erickson so-bre terapia. Concordei em atend-Io e dar-lhe superviso.Na nossa conversa ele explicou que, em 1972, ele e al-guns outros alunos formados tinham procurado Erickson.Em troca de seu tempo, quiseram dar-lhe um telefoneroxo. Don explicou que fora muito difcil conseguir umtelefone roxo na companhia telefnica, mas que final-mente conseguiram.

    Subseqentemente, no decorrer de uma de nossas ses~ses didticas individuais, coloquei para pon a grava-o de meu encontro inicial com Erickon. Don me ex-plicou que ele e outros trs alunos tinham ido l paraaprender a abordagem de Erickson, e que Erickon dera-lhes superviso durante os exames preliminares. De fato,dois dos estudantes passaram nos exames e dois fracas-saram.

    A anedota que Erickson me contara era totalmente ve-rdica!

  • Depois de se apresentar, o caso que Erickson discutiu co-migo em seguida foi em exemplo do trabalho inicial de Erick-son com um paciente psictico (relatado por Zeig, no prelo,a). Isto foi bastante eficaz para estabelecer a relao, porqueele estava falando com algum que era um psicoterapeuta no-vio, sobre um exemplo de terapia que ele fizera nos anos trin-ta, quando ele mesmo estava comeando. Alm disso, estavadiscutindo um caso de trabalho com um paciente psictico eeu trabalhara vrios anos com pacientes psicticos. Ericksonusou bastante bem os poucos fatos que sabia a meu respeito.

    Os dois casos seguintes que Erickson discutiu comigo foramexemplos de pacientes com os quais Erickson no obtivera re-sultados na terapia. De fato, Erickson no trabalhara muitocom nenhum destes dois pacientes. Um deles foi usado comoum exemplo de que bastante errado assumirmos qualquercoisa sobre um paciente. O outro paciente foi usado comoexemplo da importncia de fazermos um diagnstico rpido eacurado. No entanto, havia tambm uma outra mensagem en-volvida, Erickson estava falando da importncia de entender ofato de que alguns pacientes no so acessveis psicoterapiae que no vale a pena investir energia teraputica nestes pa-Cientes. Esta mensagem adquiriu uma dimenso adicional, con-siderando-se o fato de que provinha de algum que era conhe-cido pelo xito esmagador na prtica da psicoterapia.

    Estas anedotas de meu encontro inicial com Erickson doum exemplo de um pouco das comunicaes poderosas e com-plexas que caracterizam o estilo de Erickson. O mtodo de en-sino de Erickson era acentuado por sua capacidade de usar umacomunicao a mltiplo nvel.

    Fazendo uma reviso e resumindo, h vrias razes para usar-mos as anedotas. Podemos ilustr-Ias da seguinte maneira:

  • Certa vez, o Vento Norte e o Sol entraram numa briga parasaber qual dos dois seria o mais forte. Relataram seus feitosmais notveis, e cada um terminou conforme comeara: conside-rando-se o maioral.

    Nisto, surgiu um viajante e concordou em testar a questotentando ver qual dos dois conseguiria primeiro fazer com queele tirasse o capote.

    O vento Norte, muito fanfarro, foi o primeiro a tentar, en-quanto o Sol espreitava por detrs de uma nuvem cinzenta. So-prou uma rajada violenta e quase arrebatou os fechos do capote, mas o homem apenas apertou mais o casaco contra si, e ovelho Boreal gastou em vo o seu esforo. Mortificado pelofracasso em conseguir algo to simples, o Vento finalmenteretirou-se desesperado, dizendo: "No acredito que voc consiga faz-lo."

    Ento o amvel Sol surgiu em todo o seu esplendor espalhan-do as nuvens que juntara, enviando seus raios mais quentes so-bre a cabea do viajante.

    O homem olhou para cima com gratido, mas ficando tontocom o calor sbito, rapidamente atirou seu casaco para o ladoe apressou-se em acomodar-se na sombra mais prxima (Sti-ckney, 1915).

    Em resumo, as anedotas tm os seguintes usos e caracte-rsticas:

    1) As anedotas no so ameaadoras.2) As anedotas so envolventes.3) As anedotas promovem a independncia. O indivduonecessita extrair um sentido da mensagem, e depois pas-sar para uma ao auto-iniciada. Desta forma, a anedotaincentiva um sentido de domnio autodeterminado. O pa-ciente assume o crdito e a responsabilidade pela mudana. A mudana vem de dentro do paciente em vez de seratribuda orientao do terapeuta.4) As anedotas podem ser usadas para vencer a resis-tncia natural mudana. Podem ser usadas para apre-

  • sentar diretivas e sugestes de forma a maXlmlzar a pos-sibilidade de serem aceitas. Quando um paciente tem umsintoma, erige suas defesas neurticas. Atravs dos usosdas anedotas, podemos atingir indiretamente suas defe-sas. Se o paciente vai seguir sugestes, ento no se faznecessrio um meio indireto. Em geral, a quantidade deindireo necessrio diretamente proporcional resis-tncia antecipada. No seu estilo de fazer indues hip-nticas, Erickson parecia mais direto com os sujeitos clas-sicamente mais repectivos. Com os sujeitos mais resisten-tes, Erickson tendia mais a apresentar as idias por meiodo mtodo anedtico.5) As anedotas podem ser usadas para controlar o rela~cionamento. O ouvinte necessita trabalhar para deduziro sentido da anedota. Quando ouve uma anedota, ficafora de equilbrio. O ouvinte no pode usar os meios ha-bituais de controlar os relacionamentos quando for-ado a ouvir uma anedota.6) As anedotas moldam a flexibilidade. Erickson devo-tava-se criatividade. Usava as anedotas como meio deexprimir seu interesse na sutileza e na criatividade. Mar-garet Mead (1977) escreveu que uma das caractersticasdistintivas de Erickson como pessoa era seu desejo de sercriador.7) Erickson usava anedotas para criar confuso e pro-mover uma receptividade hipntica.8) As anedotas marcam a memria; tornam a idia apre-sentada mais memorizve1.

    Usamos melhor as anedotas quando esto mais elaboradase individualizadas para os respectivos pacientes. Devemos cons-truir as anedotas de forma a nos encontrarmos com o pacientedentro de seu esquema de referncia. O melhor uso das ane-

  • dotas estabelecer mudanas que sejam consistentes com, e decorram do prprio comportamento e compreenso do pacien-te. Desta forma, suscitamos uma cura que estava previamentelatente. O melhor uso das anedotas no burlar os sintomasda pessoa e sim conseguir que ela mude sob seu prprio podere a seu prprio favor (cL Zeig, no prelo, a).

    As anedotas tm ainda o efeito de modelar para o pacienteuma maneira mais criativa e flexvel de estar no mundo. Por isso,os pacientes aprendem experimentalmente que podem confrontar sua prpria rigidez e hbitos limita dores e tornarem-se maisflexveis e eficientes na sua maneira de viver.

    Com estas idias em mente, preste ateno nas suas associa-es e perceba o efeito que as anedotas didticas que Erick-son apresenta tm sobre voc.

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  • o seminrio

    1'*01G A L V A O

  • A sesso tem lugar na casa de hspedes do doutor Erickson,uma casinha de trs cmodos, constando de um quarto, umasala de espera (com uma cozinha anexa) e o escritrio do dou-tor Erickson. As sesses ocorrem na sala de espera, que maior, devido ao fato de o escritrio do doutor Erickson sermuito pequeno para acomodar os grupos, que, algumas vezes,consistem em at quinze pessoas. H trs estantes de livros nasala. A sala de espera est decorada com diplomas, quadros elembranas.

    Os alunos sentam-se em crculos, em sofs ou poltronas. esquerda do lugar onde Erickson senta-se na sua cadeira derodas, fica uma cadeira estofada de verde, chamada muitasvezes de "a cadeira do sujeito".

    A senhora Erickson conduz Erickson na sua cadeira de ro-das at a sala de espera. Erickson permite que alguns alunosajustem os microfones na lapela de seu casaco.