Infecção urinária na gestação Msc. Arnildo A. Hackenhaar
Infecção urinária na gestação
Msc. Arnildo A. Hackenhaar
Infecção urinária na mulherComprimento da uretra é mais curto
O terço inferior da uretra encontra-se constantemente contaminado por patógenos da vagina e do reto
Pela eventual dificuldade de encontrar local adequado para urinar, as mulheres tendem a reter a urina por longos períodos
As mulheres têm maior dificuldade de esvaziar completamente a bexiga comparando com os homens
Na gestação - Hidronefrose• A dilatação do trato urinário superior na gestação é considerada
um fenômeno fisiológico.
• Manifesta-se de forma evidente a partir da 20a semana.
• Desaparece algumas semanas após o parto.
• A causa é mecânica e hormonal.
• Acomete mais o lado direito, em torno de 75%, podendo ser
bilateral.
Modificações na gestação• A gestação ocasiona modificações, mediadas por hormônios que
favorecem as transformação da BA em pielonefrie:
Redução do peristaltismo ureteral - estase urinária
Aumento da produção de urina,
Glicosúria
Aminoacidúria
Infecção do Trato Urinário (ITU)
• É a complicação clínica mais freqüente na gestação - 20% das gestantes.
Mais comum em gestantes:
• Jovens
• Com menor nível de escolaridade
• Multiparas
• Presença de infecções genitais
• Diabetes
• Hipertensão arterial
• Anemia
• Germes envolvidos
• Os microorganismos envolvidos são aqueles da flora perineal normal, principalmente a Escherichia coli, (80 a 90% dos casos)
• Outros gram negativos, como Klebsiela, Enterobacter e Proteus, além do enterococo e do estreptococo do grupo B
• A bacteriúria assintomática é a mais freqüente – bactérias com adesinas
Infecção do trato urinário
Virulência dos microorganismosAs fímbrias
• O microrganismo adere ao epitélio vesical, dificultando assim a sua remoção mecânica através do ato de urinar
O antígeno capsular K
• Aumenta a capacidade invasiva, dificultando os processos de fagocitose
Virulência dos microorganismosProdução de endotoxinas bacterianas
• Favorece a ascensão bacteriana
• Paralisa a musculatura lisa ureteral e bloquea seu peristaltismo.
As hemolisinas
• Promovem a lise das células do epitélio para favorecer a penetração dos microrganismos invasores.
Bacteriúria Assintomática (BA)
• Dois a 10% das gestantes apresentam bacteriúria assintomática.
• Urocultura positiva, com mais de 100 mil colônias por ml. com único germe, em urina de jato médio
• Se não tratada, 25% das mulheres desenvolverão pielonefrite.
• O rastreamento da bacteriúria assintomática deve ser feito obrigatoriamente pela urocultura.
As complicações da BA
• Ameaça de trabalho de parto prematuro - Prematuridade
• Anemia
• Restrição do crescimento intra-uterino
• Doença Hipertensiva da gestação
Cistite
• É caracterizada pela presença de sintomas clínicos:
• disúria, polaciúria, urgência urinária, dor baixo ventre, hematúria e mau cheiro
• Obs: se corrimento vaginal, investigar vaginites
• A análise do sedimento urinário evidencia leucocitúria (acima de 10 leucócitos por campo) bactérias e hematúria
• Nas sintomáticas, iniciar tratamento antes do resultado da urocultura
Tratamento da cistite e BAO tratamento guiado pela suscetibilidade no antibiograma, com um
dos esquemas terapêuticos:
• Amoxicilina 500mg, vo, três vezes ao dia
• Ampicilina 2g/dia, vo, quatro vezes ao dia
• Cefalosporina 1ª geração 2g/dia, vo, quatro vezes ao dia
• Nitrofurantoína 300mg/dia, vo, três vezes ao dia
• Fosfomicina Trometamol 3 g, vo, dose única
• Àcido nalidíxico 400 mg vo, quatro vezes ao dia
Depois da Cistite e BA
• Se duas infecções do trato urinário, manter profilaxia de nova ITU até o fim da gestação com:
• nitrofurantoína 100mg/dia, 1 comprimido/dia, ou
• amoxicilina 250mg/dia
• Urocultura:
• Três a sete dias após o término do tratamento
• Realizar uroculturas de controle a cada seis semanas
Pielonefrite aguda
• É uma das complicações mais sérias durante a gestação, ocorrendo em 1 a 2% das gestantes.
• Clinicamente, a sintomatologia é evidente, com febre alta, calafrios e dor na loja renal.
• Podem sugerir evolução para quadro séptico a presença de:
• náuseas e vômitos
• taquicardia
• dispnéia
• hipotensão
Loja renal - sinal de Giordano
Pieolonefrite
• O tratamento inicial deve ser hospitalar
• Monitorização dos sinais vitais, incluindo débito urinário
• O controle da dor com analgésicos e antiespasmódicos
• Hemograma - desvio à esquerda, independente da alteração dos leucócitos
• Ultrassonografia de vias urinárias se suspeita de cálculo renal/ureteral
Pielonefrite
Terapêutica antimicrobiana (14 dias) das pielonefrites por via parenteral
Passar para via oral quando existe remissão do quadro clínico agudo por mais de 24-48 horas
Antimicrobianos indicados são:
• Cefalotina 1 g a cada seis horas e
• Ampicilina 1 g a cada seis horas
(só se forem baseadas em antibiograma)
• Cefuroxima 750 mg, a cada oito horas, (Opção de passar para via oral e assim término do tratamento no domicílio)
• Ceftriaxona 1 g ao dia
Pielonefrite
• A eficácia do tratamento é:
• a melhora clínica,
• a negativação da bacteriúria e leucocitúria no sedimento urinário
ou negativação da urocultura em 48 horas.
Recomendações do pré-natal para realização do exame de urina
• Exame comum de urina
• Primeira consulta de pré-natal e outro por volta da 30ª semana de gestação
• Solicitar urocultura se o exame de urina for infeccioso
• Recomendado IDEALMENTE Urocultura
(Ministério da saúde – 2006)
EUA
• Um exame de urina com urocultura entre a 6ª e 8ª semana de gestação.
• 1% de chance de apresentar infecção urinária com a primeira urocultura negativa.
Defendendo a urocultura• Por que:
• O exame de urina tipo I pode ser normal e haver infecção assintomática
• O exame de urina tipo I pode ser infeccioso e ser contaminação
• Bacteriúria assintomática – 02 uroculturas apresentando crescimento da mesma bactéria
(G. Duarte - 2002)
• Habitualmente é considerada urocultura positiva se acima de 100.000 UFC
• Se presença de sintomas urinários – considerar urocultura positiva se acima de 30.000 UFC
Defendendo a urocultura
Rio Grande 2007
• Na cidade de Rio Grande, no estudo perinatal de 2007, das 2.556 gestantes:
• 34,2% trataram, pelo menos, um episódio de infecção urinária na gestação
• 3,4% internaram em hospital por este motivo
• 70,7 % realizaram pelo menos dois exames de urina
• Imaturidade 17 % em Rio Grande em 2007
• Por que estudar a infecção urinária?
Perguntas
• Será que tem tanta infecção urinária?
• E se há anta infecção, será que essa infecção está relacionada com a alta taxa de prematuridade?
• Faz diferença realizar dois exames comum de urina
• Ou uma urocultura?
• Gastos?
• Mortalidade neonatal: descrição e efeito do hospital de nascimento após ajuste de risco.
• Aluísio J D Barros, Alicia Matijasevich, Iná S Santos, Elaine P Albernaz, Cesar G Victora.
• Rev Saúde Pública 2008;42(1):1-9
• OBJETIVO: Avaliar o efeito de hospital de nascimento na ocorrência de mortalidade neonatal.
Métodos:
• Uma coorte de nascimentos foi iniciada em Pelotas, em 2004.
• Todos os nascimentos hospitalares foram estudados em visitas diárias às maternidades da cidade, incluindo-se 4.558 recém-nascidos.
• As mães foram entrevistadas sobre fatores de risco em potencial e as mortes, monitoradas com visitas regulares aos hospitais, cemitérios e cartórios.
Métodos:
• Dois pediatras classificaram a causa básica da morte, de forma independente, a partir de informações obtidas no prontuário hospitalar e em entrevista com a família.
Resultados:
• A taxa de mortalidade neonatal foi de 12,7‰. (57 mortes)
• O risco esteve fortemente influenciado pelo peso ao nascer, idade gestacional e variáveis socioeconômicas.
• Causas das mortes:
• Imaturidade: (65%) 37• Anomalias congênitas: (12%) 7• Infecções: (9%) 5• Asfixia intraparto: (9%) 5• Causa não identificada: (5%) 3
• Obrigado pela atenção!