IO presente livro, Educomunicago: o concetto, o
profisslonal,././-/< cagno, coincide com o langamento, pela
Universidade de Sao l'anln .1 sconciatura em Educomunicago.
Encontra-se, igualmente, em sintonia com o Programa Mai:, hiu caco,
do MEC, que escolheu a educomunicago como un (ION mu orocampos do
projeto Ensino Medio Inovador, discutindo camlnhOl para tornar a
educago urna experiencia significativa para as nov/.r. (jnragoes. 0
diferencial est na viso sistmica do novo conceito, proponili que
professores e alunos passem a ser gestores de sua
comunicai.;.io,socios de urna mesma empreitada, cmplices de um
mesmo projeto
Ismar de Oliveira Soares
conceito, o profissiona a aplicago
.1 ampliago do "coeficiente comunicativo" das ages no mbito di
comunidade escolar.
IKIIN vfll
III
11
Ismar de Oliveira Soares
A obra apresenta urna sntes das pesquisas do Ncleo de Co
munlcago e Educago da USP e torno do conceito da Educomunicago e
suas reas de intervengo social. Propoe um debate sobre a relaQo
entre juventude, educago e plticas educomunicativas no contexto das
discusses sobre a poltica educacional propostas pelo MEC,
Preocupa-se com o exerccio profesional do educomunicador, a um s
tempo: docente, consultor,lMmi|iilHHdor.
contribu9des p a r a a r e f o r m a do Ensino Mdi
10 Educomunicago: o conceito, o profissionai, a aplicago mexidas
no c a m p o da macropolitica: a f o r m a l o de profissionais- e
d u c o m u n i c a d o r e s urna dlas. O financiamento a d e q u
a d o outra grande questo. A p e r g u n t a , b s i c a , p o r t
a n t o , v o l t a a ser: q u e e d u c a c o q u e r e m o s ? T
e m o s no livro Educomunicago: o conceito, o pro fissionai, a
aplicago urna b e m construida p r o p o s t a que p a r t e de um
principio n o b r e : urna e d u c a g o q u e de v o z e e n t e n
d a o j o v e m . P a r a c h e g a r m o s a isso em escala s u b
s t a n c i a l n a r e a l i d a d e , h urna lico d e c a s a e n
o r m e , m a s p o s s i v e l , s o b r e a q u a l g e s t o r e
s , u n i v e r s i d a d e s e s o c i e d a d e civil t e m q u e
se d e b r u car. O d e s a f i o est j o g a d o p a r a a r e d e
p b l i c a , as escolas p r i v a d a s e as comunidades. As
prticas ligadas educomunicago, c o m o m o s t r a esta public a d
o , t m m o s t r a d o q u e p o d e m , n o a m b i e n t e d a
escola pblica o u2
IntrodujoO conceito, o profissional, a aplicago O conceitoU m
livro-sntese v e m s e n d o s o l i c i t a d o p o r u r n a q u
a n t i d a d e crescente de agentes culturis, educadores, c o m u
n i c a d o r e s e estudantes, principalmente p o r aqueles
envolvidos c o m o estudo das prticas q u e o N c l e o de C o m u
n i c a g o e E d u c a g o da E C A / U S P a f i r m a ser a
educomunicagao.' D e s d e q u e o t e r m o a p a r e c e u p u b
l i c a d o , pela p r i m e i r a vez, e m 1999, p a r a designar
u m n o v o c a m p o d e i n t e r v e n c o social, c o u b e
revista Comunicago & Educago * c u m p r i r o p a p e l de e l
u c i d a r os d i f e r e n t e s7
p a r t i c u l a r , n o curriculum o u n o c o n t r a t u r n
o , e s t i m u l a r u m p r o j e t o d e ensino que tenha no
jovem a sua pe^a central. M a n t e r o jovem n u m a escola q u e
o c o m p r e e n d a , e m
medio p r a z o ,
c o m p o n e n t e s do conceito. Igualmente, o dilogo c o m os
especialistas da Amrica Latina e da E u r o p a tem sido realizado
principalmente atravs de p a r t i c i p a d o em congresso, ao que
se soma a veiculago de artigos em r e v i s t a s e l i v r o s
.4
t e r i m p a c t o , inclusive, n o d e s e n v o l v i m e n t
o e c o n m i c o e s o c i a l d e u m p a s q u e j sofre c o m a
b a i x a e s c o l a r i z a ^ o d e seus t r a b a l h a d o r e
s . Alexandre Le Voci Sayad
A p r e s e n t e o b r a c u m p r e a tarefa de r e a l i z a
r u r n a sntese p a r c i a l , a t e n d e n d o u r n a d e m a
n d a especfica: o d e b a t e s o b r e a r e l a c o e n t r e
juventude, educago e prticas educomunicativas. Preocupa-se, pois,
com1
Jornalista e educomunicador Secretario executivo da Rede C E P
(Comunicago, Educacjo e Participaco)
O n e o l o g i s m o Educommunication h a v i a s i d o p a u t
a d o , n o s a n o s 1 9 8 0 , pela U N E S C O , c o m o s i n n
i m o d e Media Education, p a r a d e s i g n a r t o d o o e s f
o r c o d o c a m p o e d u c a t i v o e m r e l a c a o a o s
efeitos d o s m e i o s d e c o m u n i c a g o n a f o r m a g a o
de c r i a n z a s e jovens. E n t r e 1 9 9 7 e 1 9 9 9 , o N c l
e o de C o m u n i c a d o e E d u c a g a o da USP realizou urna p
e s q u i s a , c o m f o m e n t o da FAPESP, j u n t o a 1 7 6
especialistas de 12 pases da Amrica Latina, identificando a
vigencia de urna prtica mais a b r a n g c n i c n o seio d a s o c
i e d a d e civil, q u e t o m a v a a c o m u n i c a g o c o m o
e i x o t r a n s v e r s a l d a s atividades de t r a n s f o r m
a g o social. P a s s o u , e n t a o , o N C E / U S P a
ressemanti/.ar o t e r m o educomunicagao p a r a d e s i g n a r o
c o n j u n t o d e s t a s a c e s q u e p r o d u z e m o cfeito
de articular sujeitos sociais no espago da interface c o m u n i c
a g o / e d u c a g o . No c a s o , leitura crtica da m d i a e p
r o d u c o miditica p o r jovens soma-se o conceito de gestao da
comunicago nos espacos educativos. A c o n c l u s o d a p e s q u
i s a a q u e s e r e f e r e a n o t a 1 foi p u b l i c a d a , e
m 1 9 9 9 , n a r e v i s t a (Contato, e m B r a s i l i a . O s r
e s u l t a d o s d a m e s m a p e s q u i s a a p a r c c e m , e
m s e g u i d a , n a C o l o m b i a , n o s E s t a d o s U n i d
o s (2000) e na Italia ( 2 0 0 2 ) .
1
clci c m n.i n l o p i . i latino iniiiii . I M . I p i i li 'i
icli ' i n d i l o g o , i om n tfttiloi "< I n m i n o s de In
.tii. omunli m lni utepl i i t i n f r u m non, ro ontw Imli n t o
i " I 11101 artigo ful M I I 1 1 1 1 1 il. 1 un 1 ) 1 1 1 I . I 1 ,
1 >I 1 1 1 1 1 M i i i 1 1 1 , I | | 1 1 1 1 1 1 1 1 m ' I I | I
I,uli)',i>
1
m e s m o ser i d e n t i f i c a d a c o m a l g u m a d a s r
e a s d e u n a l o d o p r | c a m p o , c o m o a " e d u c a l o
p a r a e c o m a c o m u n i c a l o " (media e edil caccio). T e
m lgica p r p r i a , d a i s u a c o n d i l o d e c a m p o d e
interven* ili i social. No c a s o , a u n i v e r s i d a d e - c
o m suas p e s q u i s a s e s u a d o c e n c i a m u i t o a
identificar e a d e s v e n d a r . Os c a p t u l o s caco meio e
a ambiente, e 3: 1: Educomunicago: a busca do dilogo entre a edu 7:
Tratamento educomunicativo de aqo para o tema do no\
111.111).111
tem
I. Kducomunica. jovens comunicago:
desafos para a educago.
nulo
iini.i
base c o n t e x t a ! para nossa reflexo e l e v a n d o e
m
mil i i p< i ii |>i m u - n o
iiva q u e se a b r e p a r a urna m u d a n g a s u b s t a n c
i a l no t r a . a pitillo a r e l a g o e n t r e a j u v e n t u
d e e a c o m u n i c a g o .
o ilo I . > M e d i o p e l a s polticas p b l i c a s , no
Brasil, d e d i c a m o s I e m b r a m o s , i n i c i a l m e n t
e , q u e a c a t e g o r i z a g o de " j u v e n t u d e " e t a
p a especfica d o ciclo d a v i d a h u m a n a foi s e n d o c o n
s t r u i d a ,
1 0 l o n g o d o l e m p o , p r i n c i p a l m e n t e n o s
finis d o s sculos X I X e X X , tli \ i d o , de um l a d o , o r
g a n i z a g o do t r a b a l h o no m u n d o i n d u s t r i a l
e, d r o u t r o , a o f o r t a l e c i m e n t o e u n i v e r s
a l i z a g o d a i n s t i t u i g o escolar. N o i a s o , o
jovem era p e n s a d o c o m o o sujeito q u e h a v i a d e i x a
d o a a d o l e s i neia e p r e c i s a v a r e c e b e r u r n a
p r e p a r a c o i m e d i a t a ( p r e f e r e n c i a l m e n t
e escolarizada) para ingressar no m e r c a d o de t r a b a l h o
. as ltimas dcadas, c o m as diversas m u d a n c a s e
transformagoes I r a z i d a s p e l a g l o b a l i z a g o , i n
c l u i n d o a s legislages q u e n o s d i s t i n t o s pases p
a s s a r a m a identificar e a d e f e n d e r este s e g m e n t
o p o p u l a c i o n a l dos abusos do poder e c o n m i c o , o
conceito de juventude g a n h o u n o v o p o s i c i o n a m e n t
o , c o n s t r u i n d o - s e c o m o c a t e g o r a sociolgica
d e r e l e v a n c i a e s p e c i a l m e n t e p a r a o m u n d
o da e d u c a g o . n e s t e c o n t e x t o q u e o t e r m o "
j u v e n t u d e " d e i x o u d e ser r e f e r i d o a p e n a s
c o m o m e r o d a d o e s t a t s t i c o1
p a r a g a n h a r s e n t i d o s q u e v a r i a m c o n s t
a n t e m e n t e , e m r e s p o s t a s flutuages d a s c i r c u
n s t a n c i a s p o l t i c a s , e c o n m i c a s e s o c i o c
u l t u r a i s ( N O V A E S , 1 9 9 7 ) . A i n d a q u e n u m e
r o s a , n a o existe, s e g u n d o o s e s t u d o s m a i s r e
c e n tes, urna juventude nica ou h o m o g n e a , m a s , sim,
urna juventude no p l u r a l , c o m s u a s diversas r e p r e s
e n t a g e s sociais e s u a s v a r i a s i d e n t i d a d e s
.
Urna juventude que deseja urna escola que responda a seus
anseiosS e g u n d o a p e s q u i s a Perfil d a J u v e n t u d e
Brasileira, d o I n s t i t u t o Cidadania,2
este s e g m e n t o p o p u l a c i o n a l , i n d e p e n d e
n t e m e n t e d e s u a
A partir de 2 0 0 5 , c o m a Lei n. 1 1 . 1 2 9 , t o d o c i d
a d o ou cidad c o m idade entre 15 e 29 a n o s c o n s i d e r a
d o jovem, no Brasil. O Instituto da C i d a d a n i a m a n t i d
o pela Fundacjo Perseti A b r a m o , So Paulo. A pesquisa Perfil
da J u v e n t u d e Brasileira, de 2 0 0 4 , represenrou urna
parceria entre este I n s t i t u t o , o
c o n d i o s o c i o e c o n m i c a o u d e s u a d i v e r s
i d a d e c u l t u r a l , t e m s e pren c u p a d o , n o s l t
i m o s a n o s , p r e c i p u a m e n t e , e c o m a m e s m a
inien.sul.nlt, c o m d o i s t e m a s c r u c i a i s : s u a p r
o p r i a e d u c a o ( 3 8 % ) e a c o n d i o di trabalho ou de o
c u p a o profissional ( 3 7 % ) .4 3
.biii.iu^
i uh '.u.c. 11 .i lid.it le-, i \ i \ em i.r.. I i t |in 11 \ i
l.i | li .i |in i di \ e x p e c t a t i v a d o s j o v e n s , s
i g n i f i c a t i v a m e n t e , i de qui
i i H . \, i., i dn< . H i v . i , tle S a o P a u l o , d e
n o m i n a d a " Q u e l n s i n o M< dm la u ipi.li i " a p r
e n d e r a q u e r e r a p r e n d e r " . Q u a n d o p c r g u n
t a d o N ,t . M,I ')".. , i. H v..i'. ut) a p r e n d i z a d o ,
5 9 % r e s p o n d e r n ! q u e " a s v e z e s " In.un q u e " r
a r a m e n t e " . E m o u t r a s p a l a v r a s , n a o mai-, q
u e
C o m relao Educao, apesar dos avanos em termos de po lticas p b
l i c a s , c o m o a a m p l i a o d a s o p o r t u n i d a d e s
de a c e s s o edu cao formal e da p e r m a n e n c i a dos jovens
na escola, a i n d a s o m u i t o significativos os d a d o s s o
b r e r e p r o v a e s e e v a s e s , e e s t l o n g e de se
completar a universalizao da e d u c a o d o s adolescentes e d o s
jovens. S o m a m - s e a isso i m p o r t a n t e s q u e s t i o
n a m e n t o s e m t o r n o d a q u a l i d a d e d o e n s i n o
e d a s c h a n c e s d e a escola c o n s t i t u i r u m e s p a
o significativo para a juventude.5
I \",t < In i.mi e n v o l v i d o s c o m o e n s i n o q u
e Ihes o f e r e c i d o ! I luir p e s q u i s a , d e 2 0 0 9 , e
s p e c i a l m e n t e s o b r e o s " M o t i v o s d a I \ r..n
> I s t i i l a r " , p r o d u z i d a p e l o C e n t r o de
Polticas Sociais da l'imilu ..i i . t m i l . . Vargas - FGV, m o s
t r a q u e 4 0 , 1 % d o s j o v e n s de 15 n 17 111< i s a h
a n d o n a m a e s c o l a p o r d e s i n t e r e s s e , c o n t
r a 2 7 , 1 % q u e s a c m p i razes de t r a b a l h o e r e n d
a e o u t r o s 1 0 , 9 % q u e d e i x a m ile e s i u d . i i
|> Lilla le a e e s s o e s c o l a .7
T o r n a - s e , n a v e r d a d e , c a d a vez m a i s e v i
d e n t e q u e o s j o v e n s e s t o e m b u s c a d e n o v a s
p r o p o s t a s p a r a a sua f o r m a o e q u e , p a r a a p o
s t a r e m n o e s t u d o , d e s e j a m urna escola q u e r e s
p o n d a a esses a n s e i o s e oferea n o v o s
S e g u n d o a c o n c l u s o a p r e s e n t a d a p e l a p
e s q u i s a , as polii it ,r. p hlii .is em c o n d i g e s de a
u m e n t a r o i n t e r e s s e pela escola de ver A111
basicamente de duas ordens:
Sebrae, o Instituto da H o s p i t a l i d a d e , sob a
responsbilidade tcnica da Criterium Assessoria em Pesquisa. Os d a
d o s estao disponveis no site: .1
I J a m p l i a c o do e n s i n o t c n i c o - p r o f i s s i
o n a l i z a n t e ; e 2 ' ) i n c l u s o d a s t e c n o l o g a
s da c o m u n i c a g o e i n f o r m a . ;3 . Disponvel em:
.s
5
Pauloi . 0
Ao t o d o , foram ouvidos 8 8 0 jovens na primeira e t a p a do
projeto - pesquisa quantitativa
allUIOI
m e m b r o s da c o m u n i d a d e escolar em g u a i ) . Ver
sobre o tema: . Ver, sobre o t e m a , a pesquisa da Unicef, c o o
r d e n a d a p o r F e r n a n d o R o s s e t t i , i n t i t u l
a d a "Kducacao, C o m u n i c a c o & Participaco:
Perspectivas p a r a Polticas Pblicas". Disponvel i i u : -
http://aprendiz.uol.com.br/downloads/educacao
comunitria/proeios.pdl p. I I . Vn P R S P I v R O , Dllvli *
fomiacln dr jovem protagonlihit em (irofetot de lornalltmo nummlhhm
em S,h> NHIH Srtn l'.iuln l'iu , MUS
> i QIU tito 6
"
n t e r n a c i o n a l m e n t e identificado c o m t e r m o i
c o m o Media Hducathtn
Vledla l.ltorac) || pn mo "Mdia mu i n ana ( n i1
m us di tali
i", H h m 11
I do i iplulo i(
32 Educomunicago: o conceito, o profissionai, a aplicago Sao
Paulo, em 2 0 0 5 , que os principis g a n h o s p a r a os jovens
foram o " e n t e n d i m e n t o m a i o r d o f e n m e n o r e p
r e s e n t a d o pela p r o d u g o d e c o m u n i c a g o , c o
m a f i n a l i d a d e de c o n s t r u i r a v i s o s o b r e a
m d i a " e o " r e c o n h e c i m e n t o d a c o m u n i d a d e
, c o m m a i o r a r t i c u l a g o " . O u seja, o s j o v e n s
t i v e r a m a c e s s o a i n s t r u m e n t o s q u e lhes p e
r m i t i r a m , n o nivel m a c r o s s o c i a l , fazer urna a
n l i s e m a i s crtica d o c o n t e d o d o s m e i o s , p r i
n c i p a l m e n t e n o q u e s e refere a o p r o c e s s o d e
p r o d u g o e , n o nivel m i c r o s s o c i a l , ser r e c o n
h e c i d o s p e l a p r p r i a c o m u n i d a d e , f a t o q u
e p o s s i bilitou m a i o r a r t i c u l a g o e n t r e seus m
e m b r o s a p a r t i r d e m a i o r c i r c u l a g o d e i n f
o r m a g e s . F o r a m a p o n t a d o s , a i n d a , o u t r o
s r e s u l t a d o s essenciais para o desenvolvimento da
juventude, como: "maior autoestima", "a incluso no mercado de
traballio", "o envolvimento no processo de resolugo de problemas",
" a u t o n o m i a " , "urna atitude ativa/criadora", "urna viso
crtica", entre outros. R o s s e t t i e P r s p e r o a t r i b u
e m estas v a n t a g e n s a o s p a r m e t r o s e d u c o m u n
i c a t i v o s d a s ages e m p r e e n d i d a s . M a s , a f i
n a l , o q u e e d u c o m u n i c a g o ? possvel l e v a r o n o
v o p a r a d i g m a p a r a o e s p a g o da e d u c a g o
formal, especialmente para o mbito do ensino formal? o que
tentaremos responder nos captulos subsequentes.1
3. Educomunicago: de experiencia alternativa a poltica pblicaP a
s s a m o s , n e s t e t e r c e i r o c a p t u l o , a
especificar a n a t u r e z a e a historia do conceito da
educomunicago. O q u e p o d e m o s a d i a n t a r , em sntese, q
u e a p a l a v r a e d u c o m u n i c a g o j t e m h i s t o r i
a . Foi r e f e r e n d a d a p o r m u i t o s g e s t o r e s c u
l t u r i s , s o b o s a u s p i c i o s d a U n e s c o , a p a r
t i r d o s a n o s d e 1 9 8 0 , p a r a designar urna p r t i c a
genricamente definida na Europa c o m o Media Education1 2
(educago
p a r a a r e c e p g o crtica d o s m e i o s d e c o m u n i c
a g o ) . C o m esse s e n t i d o q u e o t e r m o foi u t i l i
z a d o p o r M a r i o K a p l n , a s s i m c o m o p o r g r u p
o s l i g a d o s , n o s d i v e r s o s p a s e s da A m r i c a
L a t i n a e C a r i b e , O r g a n i z a g o Catlica
Latino-Americana e Caribenha de Comunicago ( O C L A C C ) , c o m
sede em Q u i t o , c o m o atesta Pablo R a m o s , que, em
pesquisa conc l u i d a e m 2 0 0 2 , fala e m tres d c a d a s d e
p r t i c a s e d u c o m u n i c a t i v a s n o
A e d u c a d o para a recepgo dos p r o d u t o s miditicos
urna prtica i n t e r n a c i o n a l m e n t e reconhecida soli a
denominacelo de Media Education (Media Literacy, nos Estados
Unidos, e Educacin en Medios, na F.spanha). N o s pases de fala
espanhola da Amrica Latina, usava-se, na dcada de 1980, a expresso
Educacin para la Comunicacin. No Brasil, a experiencia com maior
repercusso, no mesmo perodo, Foi o Projeto LCC - Leitura Crtica da
Comunicacelo, desenvolvido pela Unio Crista Brasileira de C o m u n
i c a c o ( U C B C ) , c o n t a n d o coni a c o l a b o r a d o
de pesquisadores da ECA-USP e do Instituto Metodista de Ensino
Superior de Sao B e r n a r d o do C a m p o . Era a d o t a d a a
metodologia dos c u r s o s de pequea d u r a c o (entre 16 c 24
horas), sendo desenvolvidos nos finis de s e m a n a , n u m total
medio de 60 ages p o r a n o . Inicialmente, os cursos foram m a r
c a d o s , ideologicamente, pela denunciago, inspirada na Escola
de Frankfurt. A partir de 1984, o projeto passou a a d o t a r urna
perspectiva diattica, de influencia freiriana, m o m e n t o em que
a leitura construida com os cursistas j nao se voltava
precipuamente para a p r o d u c o da mdia, mas, s o b r e t u d o
, para a relaco q u e as pessoas estabeleciam com os meios de
informaco. M a n u a i s usados pelo projeto, editados pelo Servico
Pastoral da C o m u n i c a c o (SEPAC), da Paulinas Editora,
alcangaram boas tiragens, dentre os quais Para una Leitura Crtica
da TV (de J o o Luis van Tilburg), e dois outros: Para una leitura
crtica da publicidade e Para una leitura crtica dos /ornis (ambos
de Ismar de Oliveira Soares). Notabilizaram-se pela contribuico
oferecida ao Projeto LCC pesquisadores c o m o Attilio H a r t m a
n n , Jos M a n o e l M o r a n , Pedro Gilberto < ornes, Joana
Puntel, entre o u t r o s . O termo "leitura crtica da c o m u n i
c a g o " a c a b o u sendo incluido no texto da LDB, e l a b o r a
d o pela C m a r a dos D e p u t a d o s , no inicio dos a n o s 1
9 9 0 . A vrrso linai ila LDB, de origem no Senado e a p r o v a d
a em 1 9 9 6 , deixou de c o n t e m p l a r o termo, mas i lui ii
espacos para que os Parmetros Curriculares Nacionais contemplassem
o estuilo ila I o m u n i c a c o e su.is liniuiagrns c o m o urna
das metas do ensino nacional em t o d o o pas. Volta remos .i tema
.u.i .i d III.H. ,I< I d e
iililiv ultui ni
/ 1 . i. i n mu dti m i L i i ' d i i d a . fluid |.i ilii i. i
!
52 bducomimicaao: o conceito, o profissionai, a aplicao p b l i
c a e m c o n s t r u o p r e t e n d e - n a i n t e n c i o n a l
i d a d e d e seus m e n t o r e s - t o m a r a e d u c a o b s i
c a c o m o um i n s t r u m e n t o essencial a ser m a r c a d o
pelo multiculturalismo e pelas tecnologas de i n f o r m a o , da i
m a g e m e da comunicaco. Em d e c o r r n d a , pretende-se que o
currculo em debate avance para alm de um aglomerado de contedos de
ensino, descolados da experiencia e do t e m p o dos jovens,
convertendo-se em instrumento de i n t e g r a o e articulao dos c
o n h e c i m e n t o s c o m a vida cotidiana, i n t e r d i s c i
p l i n a r , v a l o r i z a n d o , d e s s a f o r m a , a a p r
e n d i z a g e m significativa e a f o r m a o de p e s s o a s c
o m a c a p a c i d a d e de a p r e n d e r c o n t i n u a m e n
t e e de a t u a r de m o d o t r a n s f o r m a d o r . Esta a e
s p e r a n a ! E neste c o n t e x t o t e r i c o q u e p e r f a
z a b a s e c o n c e i t u a l d a s p r o p o s t a s e m d i s c
u s s o , n o M E C , q u e a p r e s e n t e m o s a e d u c o m u
n i c a o c o m o urna o p o a ser c o n s i d e r a d a , t a n t
o n o m b i t o d a f o r m a o d o c e n t e c o m o n o d a e s t
r u t u r a c u r r i c u l a r , n a certeza d e q u e t r a b a l
h a r c o m u r n a a b o r d a g e m e d u c o m u n i c a t i v a
t o r n a r a v i d a d o s d o c e n t e s m a i s c o e r e n t e
c o m o s sinais d o s t e m p o s , b e m c o m o a vida dos
alunos mais interessante e p r o d u t i v a , d u r a n t e o t e
m p o escolar a q u e estiverem submetidos. Talvez somente q u e m
e d u q u e p o r profisso e militncia possa p r o m o v e r , de f
a t o , a p a r c e l a m a i s p r o f u n d a d e s s e d i l o g
o c o m o n o v o e c o n e c t - l o c o m a p r t i c a escolar.
S o p r o f i s s i o n a i s q u e n a o d u v i d a m d e q u e o
s j o v e n s e s t e j a m a p r e n d e n d o m u i t a s c o i s
a s n a TV, n a I n t e r n e t o u n o s games, e n t e n d e n d
o q u e a s e x p e r i e n c i a s desses j o v e n s c o m a s T
e c nologas da I n f o r m a o e C o m u n i c a c o (TICs)
evidenciam n a o a p e n a s o c a r t e r e s t i m u l a n t e q
u e el as p o d e m ter e m p r o c e s s o s e d u c a t i v o s ,
m a s t a m b m a forma c o m o o emprego dlas reconfigura m o d o
s de olhar para o m u n d o (LIMA, 2 0 0 6 : 129). Especialmente n
o Ensino1
A educomunicao no debate sobre a poltica educacional 53 Diante
do exposto, a pergunta de q u e m trabalha c o m a perspec tiva da
e d u c o m u n i c a o p o d e r i a ser, s i m p l e s m e n t e
: O que fazer para que os olhos deles brilhem na minha aula? E a r
e s p o s t a , p o r c e r t o , ser a d i s p o s i o p a r a a c
o n s t r u o de m u d a n a s essenciais e u r g e n t e s n o s a
m b i e n t e s e d u c a t i v o s , e m seus ecossistemas c o m u
n i c a t i v o s , especialmentin a esfera d o E n s i n o M e d i
o .
Formar pessoas capazes de transformar a realidadeTrata-se de
produzir m u d a n a s que r e s p o n d a m aos desafios a p r e s
e n t a d o s pela s o c i e d a d e a t u a l , m o b i l i z a d
a p o r g r a v e s q u e s t e s r e l a c i o n a d a s v i d a ,
t i c a , ao p l a n e t a , ao t r a b a l h o , c o n v i v e n c
i a e n t r e diferentes, dignidade h u m a n a , entre o u t r o s
temas. M u d a n a s que levem em conta um c o n t e x t o m u n d
i a l globalizado e de velocidade acelerada, c o m enorme i m p a c
t o sobre as estrategias de aprendizagem e de c o n s t r u o d o c
o n h e c i m e n t o (LVY, 1 9 9 3 ) . F a t o r e s esses e s s e
n c i a l m e n t r relacionados ao universo educacional. T u d o
isso e x i g e q u e a s e s c o l a s f o r m e m p e s s o a s c
o m c a p a c i d a d e de aprendizagem e a d a p t a o constantes,
c o m a u t o n o m i a intelectual e e m o c i o n a l , c o m h a
b i l i d a d e s d i v e r s i f i c a d a s e flexveis, a l m de
s l i d o s e n t i d o t i c o e s o c i a l . O q u e u r g e ,
na v e r d a d e , g a r a n t i r ao j o v e m a p< iS
sibilidade de sonhar, n a o e x a t a m e n t e c o m um m u n d o
fantstico e seguro q u e lhe seja d a d o p e l o s a d u l t o s ,
m a s c o m u m m u n d o q u e ele m e s m o s e j a c a p a z de
c o n s t r u i r , a p a r t i r de s u a c a p a c i d a d e de
se c o m u n i c a r . E o q u e a e d u c o m u n i c a o tem
condies de p r o p o r ao sistema educativo formal
Medio, i m p o r t a n t e p o d e r t r a z e r p a r a
os espaos educativos aquele brilho nos olhos que vemos as
crianas e jovens, q u a n d o esto em comunidades da Internet, q u
a n d o vo ao c i n e m a , q u a n d o e s t o e n t r e t i d o s
c o m o s games, o u q u a n d o e n v o l v i d o s em p r o g r a
m a s que c o n t e m p l a n ! a p r o d u o miditica. C o m o
alerta J e s s - M a r t n B a r b e r o ( 1 9 9 6 ) , o s n o v o
s e d u c a d o r e s d e v e m ser c a p a z e s d e c o m p r e e
n d e r q u e h u r n a n o v a c u l t u r a juvenil i r r e v e r
s i v e l m e n t e e m f o r m a o , vendo nelas mais q u e
ameaas, m a s n o v a s e intressantes p o s s i b i l i d a d e s
d e fazer u r n a n o v a a u l a e u r n a n o v a e s c o l a . (
i.PERR( )NE, Vito. ( >a desafos dccntinai para omprccnso.
Revista Patio, P \ i i i n , ,1. S II, n |'J i, v /nl,| "009
A educomunicao no centro do currculoEm d i r e o a essa l i n h
a de t r a b a l h o , as e x p e r i e n c i a s e os e s t u d o
s r e a l i z a d o s p e l o N C E - E C A / U S P t m a p o n t a
d o p a r a a efetiva i m p o r t a n cia d a e d u c o m u n i c a
o n a c o n s t r u o d a s h a b i l i d a d e s c o m u n i c a t
i v a s d e e d u c a d o r e s e e d u c a n d o s ( S O A R E S ,
2 0 0 3 ) . E, n e s s e s e n t i d o , o c o n c e i t o veni
sellilo a p r e s e n t a d o C O m o l i m a l i a d o n o p r o c
e s s o d e g e s t o peda ugica d a s r e f o r m a s p r e t e n
d i d a s , o f e r e c e n d o s u b s t a n c i a l contribui<
p a r o > formaflo do |ovi m, m e d i d a cm q u e , pelas e x p
e r i e m las de nii.
Vlcgn
mu.
i unii.
.n,.iu. oini-
m
idi
li-i. p a r a ele n o v a s p o s s i b i l i d a d i i di
I
ii . .1
ml rut, lo mundo
A educomunicago no debate sobre a poltica educacional !>!>
54 tducorrtunicago: concerto, profissionai, a aplicago sobejamente
s a b i d o que a leitura do m u n d o passa necessariamente pela
leitura d a c o m u n i c a g o . U r g e , p o i s , q u e o c u r
r i c u l o d e E n s i n o M d i o , a o ser b e n e f i c i a d o
p e l o s n o v o s v e n t o s p r o p i c i a d o s p e l a r e f
o r m a pretendida, i n c l u a , p o r e x e m p l o , o e s t u d
o d o significado social, e c o n m i co e poltico da m d i a a s m
u d a n g a s sociais, a m p l i a n d o a c o m p r e e n s o do e
d u c a n d o , b e m c o m o s u a s c o m p e t e n c i a s d e a
n l i s e crtica d a r e a l i d a d e . E s s a s , alias, p o d e
r i a m e s t a r e n t r e a s p r i n c i p i s a p r e n d i z a
g e n s a f e r i d a s n o Exame N a c i o n a l d o E n s i n o M
d i o ( E N E M ) , e m s u a f i n a l i d a d e d e a v a l i a r
f o r m a g o d o e s t u d a n t e a o final d o e n s i n o b s i
c o .a
d i a n t e d e u r n a n o v a r e a l i d a d e , q u a l
seja, a e x i s t e n c i a d e " n o v o s m o d e de se o p e r a
r o c o n h e c i m e n t o e a i n f o r m a g o " ( C I T E L L I
, in S O A R E S , 2 0 0 3 : 6 7 ) . E , nesse s e n t i d o , c o
m o v i m o s a f i r m a n d o , a e d u c o m u n i c a g o p o d
e c o n t r i b u i r p a r a a f o r m a g o e c a p a c i t a g o
d o professor, p e r m i t i n d o m a i o r interago entre a
escola e o m u n d o .
A m p l i a l o do tempo disponivel para as prticas
educomunicativasE s t a m o s convencidos, pelas experiencias
vividas em mais de quarenta a n o s de debates sobre o tema, de q u
e os principios que norteiam a s p r t i c a s e d u c o m u n i c
a t i v a s p o d e m ser r e s p o s t a s efetivas p a r a a n e
c e s sidade de gerar espagos em que a juventude de fato se
reconhega c o m o agente t r a n s f o r m a d o r de sua
realidade, a p a r t i r da escola. E n t e n d e m o s que ampliar
os espagos favorecedores dessas exper i e n c i a s d e n t r o d e
u m c u r r c u l o r e n o v a d o t o r n a - s e urna e s t r a
t e g i a vital para a recriago do prprio ensino. Nesse sentido, a
c o m p a n h a m o s c o m i n t e r e s s e a s d i s c u s s e s
e m t o r n o d a flexibilizago d o c u r r c u l o d o E n s i n o
M d i o e a e s p e r a d a p r o m o g o da i n t e r d i s c i p
l i n a r i d a d e , a firn de i n t e g r a r os conhecimentos,
substituindo a diviso do c o n t e d o em disciplinas fragmentadas
por eixos temticos voltados para temas c o m o o traballio, a
ciencia, a tecnologia e a cultura. A aposta p o r m u d a n g a s
evidencia-se, entre outras iniciativas: a) n a n e c e s s i d a d
e j a p o n t a d a p e l o s d o c u m e n t o s oficiis d e a m p
l i a g o d o s e s p a g o s d e l e i t u r a , m e d i a n t e o
d o m i n i o d e t o d a s a s l i n g u a g e n s (da e s c r i t
a digital, p a s s a n d o pela audiovisual); e b) na importancia
da a m p l i a g o da carga horaria do Ensino M e d i o ,
garantindo-se que parte subtancial d o t e m p o d i s p o n i b i
l i z a d o p o s s a ser u t i l i z a d o p a r a a t i v i d a d
e s i n t e r d i s c i p l i n a r e s m e d i a d a s pela c o m
u n i c a g o e s u a s t e c n o l o g i a s . C o m este c e n r
i o p o s t o , e e s p e c i a l m e n t e c o m a e x p e c t a t
i v a d a u n i v e r s a l i z a g o d a escola i n t e g r a l ,
a s b a s e s n e c e s s r i a s p a r a a s p r t i c a s e d u c
o m u n i c a t i v a s n u n c a s e fizeram t o p r e s e n t e s
. D i a n t e d a i n t e r d i s c i p l i n a r i d a d e p r o p
o s t a , d a i n s e r g o d a t e c n o l o g i a e m sala d e a
u l a e d a p o s s i b i d a d e ile i n t e g r a r a o c u r r c
u l o a t i v i d a d e s q u e e n v o l v a m a p a r li,
ip.ig.io d o s j o v e n s , d i v e r s a s o p o r t u n i d a d
e s s a o l a n g a d a s p a r a q u e a i o m u n i c a g o , s u
a s l i n g u a g e n s e t e c n o l o g i a s s e j a m i n c o r
p o r a d a s de f a l o c o m o p a r t e do processo educativo e
pedaggico e nSo a p e n a s c o m o um Himples c o n j u n t o de
frri tan i i< rvi^o da p e r f o r m a n c e exi lusiva do
N a v e r d a d e , o q u e s e v e m c o b r a n d o , fora d a
escola, n o s e x a m e s d e ingresso p a r a o E n s i n o S u p
e r i o r ( d e s t i n o d e p r e s u m i v e l m e n t e a p e n
a s 1 3 , 5 % dos alunos do Ensino Medio), tem sido o que,
infelizmente, determina o c o n t e d o c o m p a r t i l h a d o
por 1 0 0 % dos alunos desta m o dalidade de ensino. Somente um e x
a m e pblico, c o m o o E N E M , ter condiges de m o d i f i c a r
esse i r r e m e d i v e l d e t e r m i n i s m o , c a s o v e n
h a a ser capaz d e e f e t i v a m e n t e m u d a r a s m o d a l
i d a d e s d e c o b r a n g a , o p t a n d o por contedos mais
diversificados e interdisciplinares. Diante deste cenrio, a
construgo do n o v o espago da gesto da reforma do Ensino M e d i o
precisa pensar, u r g e n t e m e n t e , na relago entre o m u n d
o da e d u c a g o e o m u n d o da m d i a . P a r a a j u d a r o
s i s t e m a e d u c a tivo a t o m a r t a l d e c i s o , a p a
r e c e a figura d e u m n o v o p r o f i s s i o n a i , c o m um
p na educago e o u t r o na comunicago, do qual se espera
habilidade p a r a levar a m d i a p a r a a e s c o l a de f o r m
a a d e q u a d a e c o m p e t e n t e . Segundo M a r i a
Cristina Castilho C o s t a , j existe efetivamente u m e s p a g o
p a r a u m n o v o e d u c a d o r nessa esfera - o e d u c o m u
n i c a d o r - , q u e t e m , e n t r e s u a s f u n g o e s , o
p a p e l d e i n t r o d u z i r a m d i a n a sala d e aula,
orientando ou p r o p o n d o , por exemplo, estrategias para a
utihzago didtico-pedaggico do jornal, da televiso e da Internet no
espago escolar. P a r a a a u t o r a e d i r e t o r a da
Comunicago & Educago (revista p r o d u z i d a pela ECA/USP e
editada pelas Paulinas), "essa insergo da m d i a n a e s c o l a r
e p r e s e n t a u m p r i m e i r o p a s s o p a r a q u e o p r
o f e s s o r estim u l e seus a l u n o s e t r a g a p a r a o c
a m p o t e r i c o as e x p e r i e n c i a s c o t i d i a n a s
" (COSTA, i S O A R E S , 2 0 0 3 : 51); alm disso, " o estmulo
para que osn
alunos se a p r o p r i e m das mdias e das tecnologias da
comunicago para produzir seus p r p r i o s veculos e desenvolver
suas formas de expressa o" (COSTA, i SOARES, 2003: 51-52).n
C o m p r e e n d e r a c o n s t r u y o dos discursos da mdia,
conforme Adlson O d a i r u d i i , "* rarefa d e q u e l s d i f e
r e n t e s l i l t e m a s d e e n s i n o o p o d e m se I m i u
"(< I I I I I I.
in
S H A K I S.
Mio
i r.H). p u r ,
M,IIIHM
56 Educomunicago: o concerto, o profissionai, a aplicago Q u a n
t o a o professor, n a d a m a i s o p o r t u n o q u e s u a i m
e r s o p r t i c a no exerccio educomunicativo. O assunto g a n h
a relevancia q u a n d o , ao se reverem os d a d o s do Educacenso
de 2 0 0 7 , se descobre q u e cerca de 6 0 0 mil professores do
pas n o possuem g r a d u a c o ou a t u a m em reas d i f e r e n
t e s d a s l i c e n c i a t u r a s e m q u e s e f o r m a r a m
. P a r a estes, e m t e r m o s de p r i o r i d a d e s , o c o n
t a t o c o m a p r t i c a e d u c o m u n i c a t i v a se faz m
a i s q u e n e c e s s r i a , s e faz u r g e n t e !
A educomunicago no debate sobre a poltica educacional 57 E m d e
c o r r n d a d a Lei E d u c o m , a P r e f e i t u r a M u n i c
i p a l g a r a n t i u , precipuamente, a continuidade do projeto
onde j vinha sendo praticado, n o m e a n d o , para t a n t o , um
c o o r d e n a d o r para atender s necessidades das escolas em
termos de f o r m a c o . Em d e c o r r n d a , no oitavo
aniversario do p r o g r a m a , em 15 de dezembro de 2 0 0 9 , o
Secretario de E d u c a c o d o m u n i c i p i o , A l e x a n d r
e Shneider, definiu, a t r a v s d e p o r t a r a , n o r m a s p
a r a ampliar e consolidar a prtica educomunicativa as escolas,
abrindo c a m i n h o para a c o n t r a t a d o de especialistas -
a maioria do p r p r i o N C E - U S P - para formar 9 0 0
"professores c o m u n i c a d o r e s " c o m a misso de criar e c
o o r d e n a r projetos na rea, a partir de 2 0 1 0 . Algo
semelhante ocorreu no estado do M a t o Grosso, atravs da Lei E s t
a d u a l n . 8 . 8 8 9 , d e 1 0 / 0 6 / 2 0 0 8 , d e a u t o r a
d o d e p u t a d o e s t a d u a l A l e x a n d r e Csar, q u e
define - a t r a v s de u r n a n o r m a legal - a c o n t i n u i
dade da filosofa proposta pelo projeto Educomrdio.Centro-Oeste, d e
s e n v o l v i d o p e l o N C E - U S P no e s t a d o , e n t r
e 2 0 0 6 e 2 0 0 7 . A lei i m p l a n t a o programa
Polticas pblicas, mais prximas do campo educomunicativoAs
questes c o m e n t a d a s at aqui a p o n t a m necessariamente
para a reflexo em torno das polticas pblicas educacionais em sua
relaco c o n i a c o m u n i c a l o , a p a r t i r d e urna p e r
s p e c t i v a i n t e g r a d o r a . P a r t i n d o dessa viso,
afastamo-nos d o s debates s e g m e n t a d o s q u e
tradicionalmente envolvem temas c o m o o das tecnologas
educativas. Em o u t r a s palavras, q u a n d o nos referimos e d
u c o m u n i c a g o , falamos de um projeto que discute
essencialmente o sentido da aco educativa em sua totalidade, para o
q u e a tecnologa d a r sua contribuico, caso seja p e n s a d a c
o m o f o r m a d e e x p r e s s o e n a o s i m p l e s m e n t e
c o m o i n o vaco didtica. Nesse sentido, ganha relevancia e
atualidade r e t o m a r a d i s c u s s o d e t e m a j t r a t a
d o e m c a p t u l o a n t e r i o r , a o s e referir a o s p r o
j e t o s d e leis e a s p o r t a r a s q u e v m p r e s i d i n
d o a i n t r o d u c o d o n o v o p a r a d i g m a em algumas de
nossas redes de ensillo. A c r e s c e n t a m o s a o q u e j foi
d i t o q u e , n o c a s o especfico d o s d i s p o s i t i v o s
legis o u a d m i n i s t r a t i v o s v o l t a d o s i n t r o d
u c t o d o c o n c e i t o , especialmente nos m b i t o s da
educaco formal e e d u c a d o ambiental, as n o r m a s foram a p
r o v a d a s depois da avaliaco do sucesso de experiencias p r e v
i a m e n t e c o n s i d e r a d a s . o q u e se p o d e c o n c
l u i r de urna l e i t u r a c u i d a d o s a d a Lei n . 1 3 . 9
4 1 , d e a u t o r a d o v e r e a d o r C a r l o s N e d e r , a
p r o v a d a pela C m a r a M u n i c i p a l p a r a garantir a c
o n t i n u i d a d e do p r o g r a m a de f o r m a c a o d e e d
u c o m u n i c a d o r e s n o m u n i c i p i o d e Sao P a u l o
. E m p r i m e i r o lugar, a lei a m p l i a o m b i t o d a a p
l i c a c o d o c o n c e i t o , e s t a b e l e c e n d o sua
validade p a r a as reas da cultura, s a d e , esporte e meio a m b
i e n t e , o q u e foi t i m o p a r a a e d u c a c o . Pela lei,
a m p l i a r i n i c i a t i v a s de e d u c o m u n i c a c o n
e s t a s v a r i a s r e a s significara, f u n d a m e n t a l m
e n t e , g a r a n t i r p o p u l a r n a c e s s o de q u a l i
d a d e a o s meios e r e c u r s o s da c o n ( > que ii.i*i c
i " I U I >' , ac,o.
Radio E s c o l a I n d e p e n d e n t e n a r e d e e s t a d
u a l d e e n s i n o . N o
c a s o , a t r a v s d e m i n i e s t a c e s d e r a d i o ,
e m c a d a u n i d a d e escolar, o s a l u n o s p o d e m t r a
b a l h a r t o d a s as reas de ensino, cdigos, linguagens,
ciencias e x a t a s , h u m a n a s e s o c i a i s . A lei o b j
e t i v a , d e s s a f o r m a , t r a z e r d i v e r s o s
beneficios a o s e s t u d a n t e s , c o m o o d e s e n v o l v
i m e n t o d a c r i a t i v i d a d e e d o senso de
responsabilidade, a exploraco das potencialidades pedaggicas do
radio p a r a a d i f u s o d e c o n t e d o s e s c o l a r e
s , a p r o m o g o d a e d u c a -
co a m b i e n t a l na escola de f o r m a i n t e r d i s c i
p l i n a r , a c o n t r i b u i c o p a r a a formago do jovem e
o estmulo ao exerccio da c i d a d a n i a , a l m do c o m b a t e
violencia e do f a v o r e c i m e n t o c u l t u r a de p a z no
a m b i e n t e escolar. A iniciativa p r e v , a i n d a , q u e a
S e c r e t a r i a de E s t a d o de E d u c a co (Seduc) a t u e
d e f o r m a i n t e g r a d a c o m a d i r e c o d a s e s c o l
a s , g r e m i o s estudantis e entidades interessadas para o
funcionamento das radios. O dispositivo t a m b m sugere que o
governo celebre parcerias c o m m u n i c i p i o s , O N G s e e m
p r e s a s p r i v a d a s , m e d i a n t e i n s t r u m e n t o
s especficos p r e v i s t o s n a legislaco v i g e n t e . J a s
d e s p e s a s p a r a a i m p l a n t a d o d o programa
Radio E s c o l a d e v e m e s t a r p r e v i s t a s n o o r
n a m e n t o , c o m d o -
t a c o e s financeiras p r p r i a s . i n t e r e s s a n t e
o b s e r v a r q u e as leis e n o r m a s q u e d e f i n e m p o
l t i c a s para a educomunicago n a o c a u s a r a m n e m vm c a
u s a n d o , at o mo mento, nenhum estranhamento por parte da
sociedade e dos prprios e d u c a d o r e s . F o r a m e n t e n d
i d a s c o m o urna n e c e s s i d a d e d e c o r r e n t e d e
d e m a n d a s i r i a d a s poi n t o n i n t e r c s s a d o s
em p r e s e r v a i urna o n q u i s t a I,, ,|, ni, i,| ii
(|in \. ii iniii
vi
i perdida,
i
aso min M< i
IONMC
garantido
58 Educomunicago: o conceito, o profissional, a aplicago o
indispensvel a p o i o , possvel gragas c o n t i n u i d a d e
administrativa, especialmente na passagem de c o m a n d o poltico
de um partido a outro.
A educomunicago no debate sobre a poltica educacional 59 c o m u
n i d a d e escolar, a e x p e r i e n c i a f o r m a t i v a foi
r e v i t a l i z a d a , a s s i m q u e o p o d e r pblico
decidiu integrar a prtica decorrente do n o v o conceito na cultura
curricular de suas redes de ensino, atravs de polticas pblicas a m
p a r a d a s na legislago. A o l e m b r a r estes f a t o s , r e
c o r d a m o s a o s leitores - e s p e c i a l m e n t e aos
gestores da educago nacional - que aos exemplos relacionados d e v
e ser s o m a d o u m n m e r o significativo d e e x p e r i e n c
i a s e m p r e e n d i d a s por universidades e organizagoes n a
o governamentais em t o d o o pas,5 1
Formaco cria demanda, atendida pelas polticas pblicasC o m o
ressaltamos nos dois casos e x a m i n a d o s (o do municipio de S
a o P a u l o e o do e s t a d o do M a t o G r o s s o ) , os p r
o j e t o s de lei e as n o r m a s q u e o s r e g u l a m e n t a
r a m n a o f o r a m o u t o r g a d o s pela a u t o r i d a d e
, m a s , a o c o n t r a r i o , f o r a m p r e c e d i d o s p o
r u m i n t e n s o p r o c e s s o d e formago envolvendo as
comunidades educativas c o m o um todo. M a s o q u e c a r a c t e
r i z o u tal p r o c e s s o f o r m a t i v o ? I n i c i a l m e
n t e , u r n a p e d a g o g a de p r o j e t o q u e l e v o u a
e d u c o m u n i c a g o d i r e t a m e n t e c o m u n i d a d e
esc o l a r e n a o a p e n a s a o s p r o f e s s o r e s . E m s
e g u n d o lugar, u r n a f o r m a c o p e n s a d a em m l t i p
l a s d i m e n s e s , c o l o c a n d o a c o m u n i c a g o a
servigo da solidariedade, da transversalidade, da
interdisciplinaridade e da prtica da cidadania, tendo c o m o base
o c o m p r o m i s s o latino-americano com a d e m o c r a t i z
a g o d a c o m u n i c a g o , e m t o d o s o s seus nveis. Os
resultados que vm sendo obtidos, varios anos aps o trmino d a f o r
m a c o oferecida p e l o N C E - U S P - q u a n d o a m a i o r i
a d o s a l u n o s f o r m a d o s j s e e n c o n t r a f o r a d
a escola e b o a p a r t e d o s p r o f e s s o r e s p a r t i c
i p a n t e s d o s c u r s o s s e a p o s e n t o u o u foi t r a
n s f e r i d a - , g a r a n t e m o a c e r t da metodologa de t
r a b a l h o : o conceito da educomunicago, apesar das d i f i c u
l d a d e s e d a s deficiencias e m s u a a p l i c a g o n o u n
i v e r s o d a s u n i d a d e s e s c o l a r e s a t e n d i d a
s , a c a b o u p o r vivificar a p r t i c a c o t i d i a n a d a
s e s c o l a s , g e r a n d o u r n a n o v a h e r a n g a c u l
t u r a l . A o residir n a m e m o r i a d a3 2
g a r a n t i n d o q u e a eficacia d o c o n c e i t o e d u c
o m u n i c a t i v o - c o m t o d o s os seus beneficios e p o s
s v e i s c o n t r a d i g o e s - e n c o n t r a - s e s o b e j
a m e n t e c o m p r o v a d a , o f e r e c e n d o a o p o d e r
p b l i c o a c e r t e z a d e q u e i n v e s t i r neste c a m p
o propiciar condiges para a melhoria imediata da e d u c a g o em
todo o territorio nacional.
"
A formaco foi solidaria, porque era oferecida simultneamente a
professores e alunos, criando a imagem e a realidade de um
ecossistema comunicativo forjado colaborativamente, a partir do
principio da gestao democrtica dos recursos da informacao; foi
transversal, porque o objetivo era permitir que a c o m u n i d a d
e formada p o r professores c alunos tomasse a c o m u n i c a r l
o como eixo transversal da prtica a u r i c u l a r , valorizando
cada c o n t e d o das disciplinas, integrndoos c, especialmente, i
n t e g r a n d o as T I C as atividades extraclasses voltadas ao t
r a t a m e n t o d o s c o n t e d o s escolares; foi nter
disciplinar, levando em c o n t a q u e a formaco para o uso do
radio e das demais linguagens miditicas associava-se ao t r a t a m
e n t o dos temas transversais, c o m o meio ambiente, tica,
multiculturalidade, p e r m i t i n d o q u e a c o m u n i d a d e
realizasse um e s t u d o crtico sobre c o m o a mdia tratava os
mesmos temas presentes no cotidiano escolar; e, finalmente, foi
cidad, lembrando que os objetivos finis cstavam centrados em dois
exerccios: o primeiro, que envolva professores e alunos -
simultneamente e em igualdade de condicoes , para analisar os
processos de comunicaco caractersticos de seus respectivos espacos
escolares, C, o s e g u n d o , para ler o m u n d o presente na
mdia, c r i a n d o um discurso p r p r i o e a m o r a l , 11
dtravs di" urna p r o d u c n midi.ilica que eles mesmos lossem c a
p a / e s de prOUH \ , sea. ii. i.i < I i.' ill v. i lu . 1 1 1
. , . 1 i iillin.il. i ,i|>.i/ (le siipl.iul.il as ililn nlil "
I ' lili nulas ale mexino ilii um.liiiiiii'i pnliiii a, liiiiu .lio
iili.i i i i i i i i iit>. ilo i'Mili i, n iili i il ii ni i
pin
Isabella Bruni, estudante italiana da "La Sapienza" Universit de
R o m a , Italia, q u e conviven ao longo do primeiro semestre de 2
0 0 9 com professores e estudantcs das escolas pblicas ila cidade
de Sao Paulo, a n a l i s a n d o o impacto da formaco
educomunicativa no cotidiano ile professores e alunos (BRUNI,
Isabella, I.'educomtmicazione brasiliana sulle mule della radio,
Analisi di raso. A i m o accademico 2 0 0 8 - 2 0 0 9 ) . A m u l o
.le e s e m p l o , sugerimos a leiiura das experiencias relatadas
no livro Educomunicar, dispoiiivel n.i Ke.le( l'I': I I I I
|>://\\\v\v.re.lcccp.org.br>. l i n i o s afirmado, . n i n o
n n i pn lem ras nsscssorias, que e engnnoso pensai que existam
experllni " 100%" pel unii ni van, levando em conta que .i pi.un .i
da educon icacAo ' I I VI "' ' ossisiein.i ein que e seme.i.l.i. N
o . a s o , . . pro|etOIUl i ' " ui> 'iv ni i.r. pi, is, in in
si lupi. ili.ili ,u m e i olisi i IH iv imi.. .elido poi F I L I
lulllli'U. 1.1.1,1 l'ili 1 1 , 1 v. / , o .!. llUlll.lll.i
.idillio, ,t,I,.le, eule . ii.i.i.. .is iuvoIm.Iu DUMI M A R I T I
L I III i .iiiiniiiii u,i p f M O l i i q u i . u n oi,im I m i n i
. , I. v . . n i o |4i u p o , i , ouli idi i limi u n . . .1. u n
u m , i ..un. ..!.i. lndR V H d l d l f k u l d l l d f l11 r
lllltnrlll
6. O educomunicador, a um so tempo: docente, consultor,
pesqusadorA g r a d u a g o e m e d u c o m u n i c a g o d a E C A
/ U S P foi a p r o v a d a p e l o C o n s e l h o Universitario c
o m o objetivo expresso de oferecer ao pas um profissionai em
condiges de contribuir para alcanzar as metas previstas p a r a o
sistema de ensino bsico nacional (um professor de comunicago no
mbito do magisterio, especialmente para atender a d e m a n d a s
do Ensino M d i o ) . Dai a o p g o pela "licenciatura". No e n t a
n t o , o p r p r i o C o n s e l h o deliberou q u e a f o r m a g
o a ser d a d a ao n o v o p r o f i s s i o n a i d e v e r h a b
i l i t - l o a o e x e r c c i o d e o u t r a s d u a s funges, n
a o necessariamente vinculadas ao a m b i e n t e escolar formal: a
pesquisa e a consultoria.
O m b i t o da pesquisa volta-se p a r a o a c o m p a n h a m e
n t o , anlise sistemtica e avaliago da gesto c o m u n i c a t i v
a de projetos e p r t i c a s educomunicativas. D e n t r e os
objetos passveis de a t u a c o p o r p a r t e do profissionai de
pesquisa destacam-se, entre outros, o fenmeno da r e c e p g o
(anlise da relago mdia/audiencia, em seus efeitos psicolgicos e
pedaggicos, c o m destaque p a r a as questes relativas d e n o m i
n a d a "classificago indicativa" d o s espetculos); o e s t u d o
da aplicago das linguagens e recursos da i n f o r m a g o e da c o
m u n i c a g o as prticas de ensino, e, ainda, a questo da
presenga de um m e d i a d o r da a p r e n d i z a g e m nos d e n
o m i n a d o s cursos de educago a distancia. O servigo da
pesquisa e n q u a d r a - s e no m b i t o da reflexo
epistemolgica, responsvel p o r m a n t e r urna c o n s t a n t e
vigilancia epistemolgica sobre o agir que se apresenta c o m o
educomunicativo. O m b i t o da c o n s u l t o r i a levar o p r o
f i s s i o n a i ao sistema m i d i t i c o , a o t e r c e i r o
setor, a o m u n d o e m p r e s a r i a l , s e m d e s c o n s i
d e r a r o p r p r i o sistema educativo. A c o n s u l t o r i a
p a r a o s i s t e m a de c o m u n i c a g o inclu t a n t o o a
t e n ei i m e n t o r e a de p r o d u g o q u a n t o o p l a n e
j a m e n t o e a v a l i a g o d o s pr< icessos de r e l a c i
o n a m e n t o d o s m e i o s c o m os u s u a r i o s d o s s e
r v i g o s da m d i a . A justifico t i v i lp e l o u n i v e r s
o d,i edl1
0 1 rescente interesse d o m u n d o d a c o m u n i c a g o, i"
q i l C SC '.oui.i .1 preot-|ipag;io i l e sel o r e s
idi i i l i i i ugiio n i i i * i" ' qi i n i idndc I"'. pro<
e d i m e n r o s e p r o d i n o s queilli i un .1 \ ul.i i l a I
I I I ' I I H l>i i m m i l l i l e
62 Educomunicago: o conceito, o profissionai, a aplicago N o m b
i t o d o t e r c e i r o setor, m u l t i p l i c a m - s e a s O
N G s q u e i m plementarti t r a b a l h o s na interface
infncia/mdia, d e m a n d a n d o profiss i o n a i s h a b i l i t
a d o s p a r a a t e n d e r a urna d e m a n d a c r e s c e n t
e d e servidos especializados. Ainda que de forma incipiente, o m u
n d o empresarial, sob a presso das d e m a n d a s advindas da
aplicago do conceito de responsabilidade social, t e m d e m o n s
t r a d o interesse em c o n t a r c o m consultores q u e cont r i
b u a m para m e l h o r a r processos de r e l a c i o n a m e n t
o t a n t o c o m seus pblicos e x t e r n o s q u a n t o c o m
seus p r p r i o s funcionarios, atravs d e prticas e d u c o m u n
i c a t i v a s q u e s u p e r e m urna viso mais superficial de m
a r k e t i n g social. Definitivamente, as funces de consultoria,
o e d u c o m u n i c a d o r jamis cumprir os tradicionais papis
de "relaces pblicas" ou de " p r o f i s s i o n a i d e m a r k e
t i n g " . Seu m b i t o d e a c o o d a m e d i a c o c u l
tural, em coerencia c o m os fundamentos epistemolgicos do conceito
d a e d u c o m u n i c a g o . N o c a s o especfico d a r e l a g
o d o p r o f i s s i o n a i d a educomunicago c o m a mdia, e n q
u a n t o empresa, necessrio que empregador e empregado se recordem
da natureza prpria do conceito e de suas implicages ticas. Em n a o
p o u c a s ocasies, o e d u c o m u n i c a d o r t e r a o b r i
g a g o tica d e d e c l i n a r d e c o n v i t e s q u e o c o l
o q u e m e m situages embarazosas. Os tpicos que se referem as
reas da pesquisa e da consultoria sero objeto de publicages
futuras, levando em conta que o presente livro define c o m o m b i
t o de anlise exclusivamente as relages entre a c o m u n i c a g o
e o s i s t e m a f o r m a l de e n s i n o . Alias, foi j u s t a
m e n t e n o m b i t o d o e n s i n o f o r m a l q u e o s p r o
j e t o s d e extenso cultural do N c l e o de Comunicago e Educago
da Universidade de Sao Paulo (NCE-USP) mais avangaram ao longo da
ltima dcada, p o s s i b i l i t a n d o a seus c o o r d e n a d o
r e s e p e s q u i s a d o r e s u m c o n t a t o d i r e t o com
dezenas de milhares de agentes culturis e m e m b r o s de c o m u
n i d a d e s e d u c a t i v a s em t o d o o p a s . O f a t o p
o s s i b i l i t o u a i d e n t i f i c a g o de um efetivo
interesse p o r p a r t e do sistema educativo em e n c o n t r a r
referenciais e p r o c e d i m e n t o s que n a o a p e n a s
viessem garantir o indispensvel dilogo intergeracional, mas que
sobretudo motivassem a prpria comunidade e d u c a t i v a a i n g
r e s s a r d e f i n i t i v a m e n t e na Era da I n f o r m a d
l o de forma participativa, democrtica e empi v e n d e d o r a . P
u d c m o s c o n s t a t a r que, no m b i t o la cicola, m u i t
o s t m en Conrrado n.i e d u c o m u n i c a g o ON parmetros p a
i i i versa m a i s
0 educomunicador, a um s tempo: docente, consultor, pesquisador
63 e s t r e i t a e m t o r n o d e p r o j e t o s vitis d e i n
t e r e s s e c o m u m , f a t o q u e vem facilitando nao apenas
o aprendizado de contedos disciplinares, mas, especialmente, a
compreenso do lugar que os prprios jovens ocupam n a s o c i e d a
d e , a n i m a n d o - o s a urna b u s c a p e r m a n e n t e p
o r c a m i n h o s q u e levem m u d a n g a d a r e a l i d a d e
q u e o s c e r c a , n o m b i t o d o q u e s e c o s t u m a
definir c o m o p r t i c a d a c i d a d a n i a .
O sonho de Isael" Q u a n d o m e f o r m a r . . . , q u e r o
ser u m p r o f e s s o r d e c o m u n i c a g o . . . de e d u c
o m u n i c a g o . . . P a u l o Freir... M a r i a z i n h a
Fusari, q u e m sabe? Tal o r a d i o p r a a j u d a r ! " . A e x
p r e s s o e n c o n t r a - s e n o final d o d o c u m e n i . i
rio "Historias de Jovens Educomunicadores" (NCE, 2003), produzido a
p a r t i r d e c i n c o r e l a t o s d e v i d a d e a d o l e s
c e n t e s q u e , n o s q u a t r o poni-, cardeais e no centro
da cidade de Sao Paulo, haviam t o m a d o parte, entre 2001 Ondas
do e 2 0 0 4 , do p r o j e t o Educom.rdio - Educomunicacao
/>I
M
I ago. .i I l \ l ' i T(|c d i / c i l'.u.i
/ .un . 11. i In
I " / din um i,h li>>,
Isael qui |.i lem i iind
'
I" lo i o m o . i I i i i h di mia I h v i l i i a l i n a
64 Educomunicago: o conceito, o profissional, a aplicago e m E d
u c o m u n i c a g o . A p r i m e i r a , e m nivel d e g r a d u
a g o , d e s t i n a d a a f o r m a r o p r o f e s s o r de s e
u s s o n h o s , o e d u c o m u n i c a d o r .
0 educomunicador, a um s tempo: docente, consultor, pesquisador
65 N i z e d a Silveira, p s i c a n a l i s t a y u n g u i a n a
q u e s u b s t i t u i u o s t r a t a m e n t o s de c h o q u e
pela arte-educago, entendendo que os c h a m a d o s " l o u c o s
" t e r i a m c o n d i g e s de viver m o m e n t o s de
felicidade e de l i b e r t a g o p s q u i c a ao se reconhecerem
ou serem reconhecidos a partir de suas expresses artsticas, forma
autntica de comunicago do inconsciente reprimido foi a c r i a d o
r a d o M u s e u d o I n c o n s c i e n t e ; H e r b e r t d e S
o u z a , o B e t i n h o , s o c i l o g o , c e l e b r a d o n a
c i o n a l m e n t e p o r seu p o d e r d e m o b i l i z a g o e
p o r seu a p o i o d e m o c r a t i z a g o da c o m u n i c a g
o e s varias f o r m a s de e x p r e s so alternativa. As Irmas
Salesianas, que a d o t a r a m a e d u c o m u n i c a g o em mais
de 1.200 o b r a s em t o d o o m u n d o , l e m b r a m , c o m
frequncia, a figura d e D o m B o s c o , o f u n d a d o r d e s u
a c o n g r e g a g o religiosa q u e , ainda no sculo X I X ,
valorizava a c o m u n i c a g o interpessoal, impressa e teatral,
garantindo que a educago deveria, substancialmente, partir da a c o
l h i d a e da s e n s i b i l i d a d e {amorevolezza). Q u e c a
r a c t e r s t i c a s c o m u n s a estas p e r s o n a g e n s a
s t o r n a m t o p r x i m a s a o i d e a r i o d o e d u c o m u
n i c a d o r ? O u s a r i a dizer q u e u r n a e x t r e ma
facilidade de se comunicar, expressa n u m conjunto de qualidades,
entre as quais: a) a a b e r t u r a p a r a o o u t r o ; b) o d i
l o g o na g e s t o d o s conflitos; c) a c a p a c i d a d e de c
o n t e x t u a l i z a r os p r o b l e m a s e e n c o n t r a r
soluges de i n t e r e s s e p a r a a c o l e t i v i d a d e ; e,
s o b r e t u d o , d) o g r a n d e p o d e r de acolhida, a s s e
g u r a n d o a adeso de seus interlocutores s propostas que
defendiam. E n f i m , c o m u n i c a d o r e s q u e e d u c a r
a m e... c o n t i n u a m e d u c a n d o ! E as t e c n o l o g a
s , a m d i a ? T o d o s p r i v i l e g i a r a m o u s o de a l
g u m recurso: Anchieta, a poesia e o teatro; Celstin Freinet e
Janusz K o r c z a k , O j o r n a l ; P a u l o Freir e M a r i o
K a p l n , as relages i n t e r p e s s o a i s e o r a d i o , l
e m b r a n d o , no caso de Freir, o p r o g r a m a de
alfabetizago a distancia d o M o v i m e n t o d e E d u c a g o d
e Base ( M E B ) ; H e l d e r C m a r a , a d i a l t i c a verbal
(o u s o da p a l a v r a ) ; N i z e da Silveira, a l i n g u a g
e m artstica; H e r b e r t d e S o u z a , o c o n j u n t o d o s
veculos d a c o m u n i c a g o a l t e r n a t i v a , i n c l u i
n d o ;i I n t e r n e t ; D o m B o s c o , a l i t e r a t u r a
p o p u l a r e o t e a t r o . Tais c e l e b r i d a d e s d o s
c a m p o s d a e d u c a g o , d a p s i c o l o g i a , d aP O L
I I
O perfil do educomunicadorP a u l o Freir e M a r i a z i n h a
F u s a r i m o b i l i z a r a m Isael. D e r a m - l h e urna
referencia, urna imagem. C o n s t r u i r a i m a g e m s o b r e
o q u e p o d e r i a ser um e d u c o m u n i c a d o r o p r i m
e i r o exerccio q u e sugerimos aos nossos interlocutores n o s
cursos e palestras que ministramos. Perguntamos, essencialmente,
que personalidades conhecidas pelo pblico poderiam personificar um
trabalhador, pesquisador ou pensador da rea. Nesse exerccio, alguns
n o m e s se sobressaem e se repetem, c o m o o s d e J o s d e A n
c h i e t a q u e , a seu m o d o e a s c o n d i g o e s possveis
d e seu t e m p o - inicios d o s c u l o X V I - , fazia u s o d a
e x p r e s s o esttica ( a p o e s a e o t e a t r o ) p a r a d i
a l o g a r c o m seus i n t e r l o c u t o r e s , p r o p i c i
a n d o q u e se e x p r e s s a s s e m . Celstin Freinet, e d u c
a d o r francs q u e n a p r i m e i r a m e t a d e d o s c u l o
X X i n t r o d u z i u a p r t i c a d a e x p r e s s o livre d o
s a l u n o s a t r a v s d a p r o d u g o d o j o r n a l
escolar, s e n d o p o r isso p e n a l i z a d o p e l o p o d e r
p b l i c o q u e lhe cassou a licenca p a r a ensinar; J a n u s z
K o r c z a k , mdico polons que, no m e s m o perodo, criou, em
Varsvia, Polonia, um educandrio p a r a atender criangas e m
situago d e a b a n d o n o , t r a n s f o r m a n d o - o n u m e
s p a g o d e m o c r t i c o d e r e l a c i o n a m e n t o , e m
q u e o e x e r c c i o d a escrita s e c o n v e r t e u n u m
fator de mobilizago das criangas e jovens. Persistente e m seu p r
o p s i t o , foi m o r t o p e l o s n a z i s t a s , j u n t a m
e n t e c o m seus a l u n o s , n o c a m p o d e c o n c e n t r
a g o d e T r e b l i n k a ; P a u l o F r e i r , filsofo
brasileiro que sistematizou urna teora educacional centrada na
comunicago dialgica e participativa, s e n d o , hoje, conhecido
internacionalmente c o m o um autor que melhor transita entre o c a
m p o da educago e da comunicago; M a r i o Kapln, radialista
argentino, c o m passagem p o r varios pases da Amrica Latina, que,
a partir de sua prtica j u n t o ao m o v i m e n t o popular, e l
a b o r o u urna reflexo sobre a c o m u n i c a g o educ a t i v a
, i m p l e m e n t a n d o m e t o d o l o g a s d e l e i t u r a
crtica d a m d i a ; H e l d e r C m a r a , a r c e b i s p o d e
Recife, n o m e c e n s u r a d o n o s j o r n a i s e r e v i s t
a s d e c i r c u l a g o n a c i o n a l n o p e r o d o d a d i t
a d u r a militar, r e c o n h e c i d o p o r seu v n c u l o c o
m a c u l t u r a p o p u l a r e c o m o s m o r a d o r e s d a s
periferias d a s c i d a d e s do R i o de J a n e i r o e do p r p
r i o Recife, e q u e razia de sua o r a t o r i a urna fonte p e r
m a n e n t e de d i l o g o m o t i v a d o r s o b r e .1 nc<
essi d.ide d,r.11.11
ica e da religio p o d e m figurar c o m o r e f e r e n c i a s
, m e r e c e d o r a s q u eI L O S S A
sflo de
s i m p a t i a . N o e n t a n t o , o leitor c e r t a m e n t
e est p r o c u r a
i'.it
11
III.H.I
11
. N O I
ais, s e n s i b i l i z a n d o e m eupci al
.1
juventudes
d i i i r u i . r . ni.ir. p r x i m a s f t o H C U c o t i d i
a n o .
66 Educomunicao: o conceito, o profissionai, a aplicao
0 educomunicador, a um s tempo: docente, consultor pesquisador
67 A quarta geraco representada por jovens universitarios,
vocacionados para o n o v o c a m p o e que j t r a b a l h a m em
projetos colaborativos, corno produtores, formadores e animadores
comunitarios, autoproclamando-se autnticos educomunicadores.4
Q u a t r o geraes d e s s a s figuras q u e v a m o s falar no
p r e s e n t e t p i c o : h o m e n s e mulheres que c o n s t r
u r a m o c a m p o da e d u c o m u n i c a o . A pesquisa
desenvolvida pelo NCE-USP, entre 1 9 9 7 e 1 9 9 9 , de fato,
encontrou pelo m e n o s q u a t r o geraes de " e d u c o m u n i
c a d o r e s " no continente. Pessoas q u e , e m seus m b i t o s
d e a t u a o - o r g a n i z a e s n o g o v e r n a m e n t a i s
, e s c o l a s , u n i v e r s i d a d e s , c e n t r o s d e c u
l t u r a , m d i a , igrejas, e m p r e s a s - , foram capazes de
dar um n o v o sentido ao ato de comunicar, colocando-o a s e r v i
o da d i a l o g i c i d a d e h u m a n a e da e d u c a o . A p r
i m e i r a g e r a o de e d u c o m u n i c a d o r e s c o n s t
i t u i d a p o r pers o n a g e n s q u e - p o r s u a a t u a o
e s u a r e f l e x o t e r i c a - p o d e m figurar c o m o os
precursores do c a m p o , representados por dois n o m e s
latino-americanos: Paulo Freir e M a r i o K a p l u n .1
S u r p r e e n d e n t e m e n t e , u r n a q u i n t a g e r
a c o est e m e r g i n d o , c o m o as criancas e os adolescentes
que participam de projetos de e d u c o m u nicago em O N G s ,
escolas, centros ou pontos de cultura. Um exemplo explcito da
presenca a t u a n t e desta quinta g e r a c o sao os adolescentes
q u e i n t e g r a m o s coletivos e d u c a d o r e s d o s M i n
i s t e r i o s d o M e i o A m b i e n t e e d a E d u c a g o , e
m p r e s t a n d o seu e n t u s i a s m o p a r a a d i v u l g a
l o d a s p r ticas d a e d u c a g o a m b i e n t a l , o u o s e
s t u d a n t e s d a r e d e m u n i c i p a l d e S a o Paulo,
envolvidos com o p r o g r a m a a s O n d a s do Rdio, ou, ainda,
os adolescentes da Fundacjo Helio Augusto de Sousa, instituico
vinculada P r e f e i t u r a d e S a o J o s d o s C a m p o s ,
SP, n o E d u c o m . F U N D H A S ( w w w .
educom.fundhas.org.br).
A s e g u n d a g e r a o inclui os especialistas r e s p o n s
v e i s , no c o n t i n e n t e , a o t e m p o d a pesquisa d o N
C E - U S P ( 1 9 9 7 - 1 9 9 9 ) , pela c o o r d e n a o d e g r
a n d e s p r o g r a m a s n o a m b i t o d o m o v i m e n t o s
o c i a l , n a interface c o m u n i c a o / e d u c a o . P a r t
e d e s t e s e s p e c i a l i s t a s foi c o n v o c a d a p e l
a U n e s c o , ao longo d o s anos de 1 9 8 0 , p a r a
sistematizar suas experiencias no c a m p o da e d u c a o para a c
o m u n i c a o . A contribuio de cada u m , e n q u a n t o p e s
q u i s a d o r ou gestor de projetos, a c a b o u p o r oferecer
substancial ajuda p a r a o e n t e n d i m e n t o d a n a t u r e
z a d a interface c o m u n i c a o / e d u c a o .2
As competencias do novo profissionaiS e t o m a r m o s c o m o
referencia a L i c e n c i a t u r a e m E d u c o m u n i c a c a
o , da E C A , o n o v o p r o f i s s i o n a i q u e a U S P p r
e t e n d e f o r m a r necessita desen volver h a b i l i d a d e
s p a r a c o b r i r a s d e m a n d a s d e tres d i f e r e n t
e s m b i t o s d e a c o : o magisterio (o p r o f e s s o r da
rea da c o m u n i c a d o ) , a consultorio (o a s s e s s o r p a
r a p r o j e t o s de c o m u n i c a d o e d u c a t i v a ) e a
pesquisa (analista e s i s t e m a t i z a d o r de e x p e r i e n
c i a s em e d u c o m u n i c a g o ) . Explicando melhor:
trata-se de um profissionai em condigcs de a t e n d e r a s d e m
a n d a s d o e n s i n o f o r m a l ( u m l i c e n c i a d o , p
o r isso p o d e lecionar), sendo-lhe facultado o acesso s
diferentes reas do traballio p r o f i s s i o n a i q u e n a o e
x i g e m d i p l o m a s especficos, m a s q u e r e q u e r e m
saberes a p r o p r i a d o s : falamos da rea da consultoria nos
diferentes e s p a t o s em q u e a i n t e r f a c e c o m u n i c
a g o / e d u c a g o g e r a p r o c e s s o s e p r o d u t o s ,
a s a b e r : a p r o d u g o m i d i t i c a d i r i g i d a
educacelo E ao tra b a l b o a s o r g a n i z a r e s d o t e r c
e i r o setor, v o l t a d a s p a r a a r e l a c oC U N
A t e r c e i r a g e r a o c o n g r e g a p r o f i s s i o n
a i s q u e , n o inicio d o s a n o s 2 0 0 0 , c o m idade entre
25 e 40 anos, atuavam t a n t o em organizaes da s o c i e d a d e
civil q u a n t o n a m d i a e n o p r p r i o s i s t e m a e d u
c a t i v o f o r m a i . H o j e , j m a i s a m a d u r e c i d o
s , c o m u n g a m d a ideia d e q u e e f e t i v a m e n t e o c
a m p o da e d u c o m u n i c a o j se faz p r e s e n t e e se d
i s p e m a a u x i l i a r para a formao de novas geraes de
profissionais.'3
Deve ser Icmbrado t a m b m , alcm dos j m e n c i o n a d o s
Celstin Freinct, J a n u s z Korczak e I lerbert de Souza, o e d u
c a d o r R o q u e t e Pinto, idealizador da radiodifuso educativa
no Brasil.
!
A pesquisa do NCE/USP d i a l o g o u justamente c o m urna a m
o s t r a g e m representada p o r 170 integrantes desta geracjo,
cm 12 pases da America Latina. Vamos e n c o n t r a r essa
terceira g e r a c o no c o m a n d o de o r g a n i z a r e s , f
o r m a d o r a s da Rede C F P - C o m u n i c a d o , Educacelo e
P a r t i c i p a d o ( w w w . r e d e c e p . o r g . b r ) . H o
j e , integrantes desta g e r a c o o c u p a m cargos em centros
culturis, secretarias e d e p a r t a m e n t o s d a s reas ila
ediicacjo, tecnologia, cultura e meio a m b i e n t e , algumas em
d e p a r t a m e n t o s govcmaiiieiii.iis expressamente
responsveis por projetOS cdiicomunicaiivos. A c o o r d e n a c a o
dos projetOI do NCE USP O.iis i o n i o o I dm O H I . r d i o , o
I (linoni. I V e o Mili.is na EducUfflO, i n i p a n n i . i i o n
i o M l ( ) lui O H COntiniin 'lili. id. i ,i cs|II'I l.ill'.l.c.
11 li- l'n.liiil '.(l il.iv.ih. Ilion c o m o I I i I . i ' I'.' ".
' I ' " '' llltmll In UHI 'li ) li il IL1 1 , 1 1
mdia E i n f n c i a / j u v e n t u d e . L i c e n c i a d o E
c o n s u l t o r , o n o v o p r o f i s s i o n a i n e c e s s a
r i a m e n t e U M p e s q u i s a d o r , S E U t e r c e i r o
foco d e a t i v i d a d e , N O c a m p o d a ediuO I N U N N
:
.H .I< >.(
A ULULO . I L I s. UL|LL UHI III LILI IH III LLLLT'LLLLL 11
IL
. /.m .I iluiAui ' ' impl i |L L\I I IN LILIL ll||ll||lll
illll
li Mi io I|, I , | , ivi'ii'i, cm sua u h i IDI di Cunando i i
Ullivi i lid 1' I HHl|IIIMILILIM, , 111, 1, 111 o l i i l i l i l l
' l l i 1, M i l i . | M o | l IOS |HI M i l i 1. 1 1 11 1 1 n i .
. . ,.. I,. Ni I | I S I , . n i i . 1000 ( ' i m i l ' , . i ,
ii.i l i i , i l o111 , 1 1 , t v
A D I Huilla Vihi\,h> ( w w w n - v l m . i v i i . i l . n i
i H k l o )
68 l clucomunicapo: o conceito, o profissional, a aplicago C o m
mais detalhes: a p r o p o s t a a p o s t a , inicialmente, na
necessid a d e de se atender as exigencias da LDB, em especial, das
n o r m a s para a r e f o r m a d o E n s i n o M e d i o , f o r
m a n d o u m professor p a r a - a o l a d o d o s p r o f e s s o
r e s de L e t r a s - a s s u m i r a docencia de aspectos
especficos dos c o n t e d o s referentes rea da c o m u n i c a g
o , suas tecnologas e l i n g u a g e n s . J o consultor r e s p o
n d e r p e l a s d e m a n d a s de e s c o l a s , s e t o r e s
d a a d m i n i s t r a g o p b l i c a e d e o r g a n i z a c e s
d a s o c i e d a d e civil n o m b i t o d o p l a n e j a m e n t
o e d a i m p l e m e n t a g o d e p r o j e t o s q u e
necessitem c o n h e c i m e n t o s especficos na inter-relaco c o
m u n i c a g o / tecnologias/educago. N e s s e c o n t e x t o d
e m l t i p l a s t a r e f a s , o perfil d o n o v o p r o f i s
s i o n a l exigir do c a n d i d a t o s varias funges q u e se
exercite p a r a a d q u i r i r habilidades voltadas: 1) ao p l a
n e j a m e n t o , g e s t o e a v a l i a g o de p r o g r a m a
s e p r o j e t o s na interface c o m u n i c a g o / e d u c a g
o ; 2") ao uso das tecnologas da informago e da c o m u n i c a g o
, de forma colaborativa, n o s diferentes m b i t o s da prtica
educativa, envolvendo os agentes (formadores e f o r m a n d o s )
na arte da produgo miditica; 3 )L>
0 educomunicador, a um s tempo: docente, consultor, pesquisador
69 a) a c o m p r e e n s o e o u s o d o s s i s t e m a s s i m b
l i c o s e d a s d i f e r e n t e s linguagens; b) a c a p a c i
d a d e p a r a o c o n f r o n t o de o p i n i e s e de p o n t o
s de vista s o b r e as d i f e r e n t e s l i n g u a g e n s e s
u a s m a n i f e s t a g e s especficas; c) a a n l i s e , i n t
e r p r e t a g o e a p l i c a g o d o s r e c u r s o s e x p r e
s s i v o s das linguagens, de a c o r d o c o m as condiges de p r
o d u g o e recepgo; d) o e n t e n d i m e n t o dos principios q
u e regem as tecnologas da c o m u n i c a g o e da i n f o r m a g
o ; e) o e n t e n d i m e n t o da n a t u r e z a d a s
tecnologas da informago c o m o integrago de diferentes meios de c
o m u n i c a g o ; f) o c o n h e c i m e n t o s o b r e o i m p
a c t o d a s t e c n o l o g a s da c o m u n i cago e da
informago na vida, nos processos de produgo, no desenvolvimento do
c o n h e c i m e n t o e da vida social; g) a a p l i c a g o d a
s t e c n o l o g a s da c o m u n i c a g o e da i n f o r m a g o
na escola, no t r a b a l h o e em outros contextos relevantes p a
r a a vida. C a b e r a o r g a n i z a g o d a s escolas definir a
f o r m a e a s e q u n c i a c o m q u e estes c o n t e d o s s e
r o a d m i n i s t r a d o s . E m t e r m o s d e m o d a l i d a
d e d e ensino, ampliam-se, igualmente, as possibilidades: alm da
hiptese de s e r e m c r i a d a s d i s c i p l i n a s especficas
p a r a t r a t a r d o t e m a , o u t r o s t i p o s d e a t i v
i d a d e s p o d e m ser p r e v i s t o s , d e c a r t e r i n t
e r d i s c i p l i n a r , c o m o a i m p l a n t a g o d e
oficinas v o l t a d a s p a r a o s d i s t i n t o s t p i c o s
d o s c o n t e d o s previstos pela Resolugo C E B . A t t u l o d
e e x e m p l o , oficinas s o b r e J o r n a l E s c o l a r j f
a z e m p a r t e d o c o t i d i a n o d a s p r t i c a s e d u c
a t i v a s d a s escolas p b l i c a s d o e s t a d o d o C e a r
, facilitadas p o r urna p a r c e r i a c e l e b r a d a e n t r
e a Secretaria de E d u c a g o e a O N G Comunicago e Cultura, de
Fortaleza. No Rio de Janeiro, as Secretarias d e E d u c a g o e d
e M e i o A m b i e n t e s e u n e m n a p r o m o g o d e
oficinas v o l t a d a s e s p e c i f i c a m e n t e p a r a o u
s o d o r a d i o n o t r a t a m e n t o d o tema a m b i e n t a
l . O m e s m o o c o r r e , n a c i d a d e d o R i o , e m
colegios p a r t i I u h i i c s , c o m o o S a n t o I n c i o ,
d o s J e s u t a s e o S a o J o s , d o s M a r i s t a s . Em
Sao P a u l o , alm d o t r a b a l h o c o m r a d i o a s escolas
d o m u n i c i p i o , colegios p a r t a n i . i n s c o m o O B
a n d c i r a n t e s e O Emilie de Villeneuve m a n t m , em tu I
R . q u n d r o s , e s p o in 1 i mi ii mi interface c o m u n i i
ago/edui a g o , p a r a ;iie.ili/,ic.,i.)
ao assessoramento do sistema de meios de c o m u n i c a g o no
q u e s e refere p r o d u g o d e s t i n a d a a o m b i t o e d
u c a t i v o ;
4 )
ao desenvolvimento de trabalhos de recepgo organizada das
mensagens miditicas;
5")
r e f l e x o e s i s t e m a t i z a g o de s u a s p r p r i a
s e x p e r i e n c i a s na interface c o m u n i c a g o / e d u
c a g o , de f o r m a a g a r a n t i r a d i f u s o das prticas
no novo c a m p o .
O professorO exerccio do magisterio em c o m u n i c a g o pode
ocorrer nos diferentes nveis de e n s i n o , d e p e n d e n d o d
o s currculos i m p l a n t a d o s as escolas pblicas ou
particulares. No e n t a n t o , pelo q u e expressa a Resolugo CEB
n. 3, de 2 6 / 0 6 / 9 8 , em t e r m o s do exerccio imediato, o
Ensino M e d i o o q u e mais exige a presenga deste n o v o
docente. a p r p r i a R e s o l u g o q u e n o s i n f o r m a s
o b r e o s c o n t e d o s espe cficos d a r e a , q u a i s s e j
a m : Vci porral do MI I htrpi//porinl
Hov.br/uitt/iirquivoii/pdf/rcvhUJ VM.pdl5
de c x c r il .li | lili1
rdl
1
Iplinnrei v o l t n d o i para o p r e n d i z a g e m i Agencia
,1 1 |||fAlHlil I 'i 1 i \ 1 I 1 111 1 1 1 1 1 * //www n .i
ii>.|i lu/i 0 1 1 1 1 in lu /
1
de Notciai doi Dlrcitoi
7. Tratamento educomunicativo para o tema do meio
ambienteAfirmamos, reiteradamente, que a educomunicao trabalha .1 p
a r t i r de urna p e r s p e c t i v a transdisciplinar. O p r i n
c i p i o v l i d o s o b r e t u d i 1 para o tratamento de
assuntos complexos no mbito dos denominados " t e m a s
transversais". E o caso de questes c o m o sade, multiculturali d a
d e , tica, meio a m b i e n t e , entre o u t r a s . D e t e m o
- n o s , neste captulo, na a b o r d a g e m educomunicativa de um
destes temas: a e d u c a o ambiental. A t t u l o d e e x e m p l
o , r e p o r t a m o - n o s a o e n c o n t r q u e d e n inicio
a o p r o g r a m a d e f o r m a o d e e d u c o m u n i c a d o r
e s d a F u n d a o I [elio A u g u s t o d e S o u s a ( F U N D H
A S ) , e m S a o J o s d o s C a m p o s , SP, e m abril d e 2 0 1
0 . N a o c a s i o , p a r a m o t i v a r o s g e s t o r e s e d
o c e n t e s d a instituici > ao debate que p r e t e n d a m o
s propor, a b r i m o s um e x e m p l a r do jornal ' Estado de S.
Paulo, e d i o de 15 de abril de 2 0 1 0 , i n i c i a n d o um
exei ccio d e i d e n t i f i c a c o , e n t r e a s m a n c h e t
e s d a p r i m e i r a p g i n a d o peridi o , d a s m a t e r i
a s de i n t e r e s s e p a r a a r e a a m b i e n t a l . O e x
e r c c i o Icvou p a r t i c i p a n t e s da r e u n i o ao r e c
o n h e c i m e n t o i m e d i a t o de q u a t n dez ttulos e s t
a m p a d o s na capa da edio em e x a m e , a saber! Justia
suspende leilo da hidreltrica de Belo M o n t e (> >br<
divi < M i n i s t e r i o P b l i c o q u e suspeita q u e a o
b r a p o d e r i . 1 causai di irreparveis a o m e i o a m b i e n
t e , n a bacia d o Rio Xingu). T e r r e m o t o na C h i n a d e
r r u b a c i d a d e e m a t a m a i s de 5 0 0 (si >bi 1 os
efeitos da a t i v i d a d e ssmica na l o c a l i d a d e c h i n
e s a de Yu< liu, c o m repercusso sobre as c o n d i e s de
vida de sens habitantes 10 mil feridos, 8 5 % das casas d e s t r u
i d a s , 7 0 % das escolas* om o mesmo destino e 589 mortos).
Bullying, no B r a s i l , o c o r r e na s a l a de aula (sobre
pesquisa 01 lo N
de juiz interferindo na d a t a prevista p a r a o leilo, .1 p e
d i d o do
e m t o r n o d o s C O n f l i t O S e violencias e n t r e a l
u n o s , 1 1 0 a m b i e n t e e s c o l a r , e x a m i n a n d o
s u a s c a u s a s e as f o r m a s de e v i t a i p r e j u z o i
p a r a as vftimas), < " i n . isa, 1
lisa (sobre v i i i m a i d o s em tientes de m a r c o ,11
a l o j a d a s om 11 o l no lia i t r o do lion I. no ( l i o ,
conviv n d o 1 om.
11111
1 M 1
1
111
11
1
H o m i 11
D I
T U L A )
74 Educomunicago: o concerto, o profissionai, a aplicago Ao
reconhecer as quatro manchetes c o m o relacionadas ao tpico "meio
ambiente", os educadores da F U N D H A S concluram de imediato: a
) q u e a m d i a p o d e c o n v e r t e r - s e n u m excelente a
u x i l i o a o d o c e n t e e m a u l a s d e diferentes c o n t
e d o s , e s p e c i a l m e n t e s e a o p r o f e s s o r d a d
a a o p o r t u n i d a d e de c o n s u l t a r fontes d i v e r s
a s (no c a s o , a Internet, outros jornais, o radio e a TV); b )
q u e o t e m a d o m e i o a m b i e n t e d e v e ser t r a b a l
h a d o a p a r t i r d o e n t e n d i m e n t o d e q u e o ser h
u m a n o i n t e g r a a p a i s a g e m e m q u e est
histricamente inserido; c) q u e , pela anlise dos aspectos a b o r
d a d o s em cada c h a m a d a das m a t e r i a s , s o m e n t e
possvel t r a t a r o t e m a d o m e i o a m b i e n t e c o m
base em urna viso interdisciplinar e transdisciplinar das questoes
em foco; d) que, no caso do uso da educomunicago como procedimento,
a e d i c o d o j o r n a l e m q u e s t o p o d e r i a oferecer
s u b s i d i o s p a r a u r n a serie d e t r a b a l h o s c o m
u s o d o s r e c u r s o s m i d i t i c o s , l e v a n d o os e
s t u d a n t e s a p r o d u z i r i n f o r m a c e s relevantes
p r x i m a s s u a realidade. A o eleger a s q u a t r o m a n c h
e t e s , o s p a r t i c i p a n t e s d a a t i v i d a d e d e m
o n s t r a r a m q u e seu i n t e r e s s e era o d e c o n v e r
s a r s o b r e o t e m a d o m e i o ambiente, assunto q u e os
preocupava levando em conta, entre outros m o t i v o s , o f a t o
d a r e u n i o estar s e n d o r e a l i z a d a j u s t a m e n t
e n a sede d o C e n t r o de Referencia em E d u c o m u n i c a g
o e M e i o Ambiente da F U N D H A S , no espaco conhecido c o m o
Parque da Cidade. A p s u r n a p r i m e i r a r o d a d a d e d e
b a t e , ficou c l a r o q u e o s p a r t i c i pantes haviam a d
o t a d o o pressuposto segundo o qual a mdia, espelhada no jornal
paulistano, poderia converter-se n u m excelente auxilio ao
processo educativo, em atividades sobre diferentes c o n t e d o s
, levando em c o n t a o f a t o de f a v o r e c e r a c o n s t r
u y o de vises i n t e r d i s c i p l i n a r e s e
transdisciplinares. Demonstraran! t a m b m concordar c o m o
principio segundo o qual o t e m a d o " e c o s s i s t e m a " d
e v e r i a ser t r a b a l h a d o a p a r t i r d o e n t e n d i
m e n t o d e q u e o ser h u m a n o i n t e g r a a p a i s a g e
m e m q u e est h i s t r i c a m e n t e inserido (cuidar do meio
ambiente cuidar do h o m e m , o n d e quer que ele esteja: n a m o
n t a n h a , n o m a r o u , m e s m o , n u m a sala d e a u l a
) . S e g u n d o a n d a os p r e s e n t e s , no c a s o do u s
o do refercni ial e d u
Tratamento educomuncativo para o tema do meio ambiente 75 c o m
o uso dos recursos miditicos, levando os estudantes a produzirem
informaces relevantes relacionadas sua prpria realidade. Em d e c o
r r n d a d e s t e s p o n t o s de v i s t a , a p r i m e i r a
m a n c h e t e a sei a n a l i s a d a c o m m a i o r p r o f u n
d i d a d e p e l o g r u p o foi a q u e s e referia a o t e m a d
a violencia n o e s p a c o escolar.
Bullying ou o jovem no centro de um "ecossistema comunicativo"
em conflitoA m a t e r i a s o b r e o Bullying (p. A 2 1 ) , p e r
m i t i u a o s e d u c a d o r e s e e d u c a n d o s envolvidos
na atividade configurar o caso c o m o sendo o de u m r o m p i m e
n t o d e r e l a c e s n o e s p a c o d o q u e e n t e n d i a m
ser u m "e< o s sistema c o m u n i c a t i v o " . No caso, a
nota do jornal a p o n t a v a para um d e s e q u i l i b r i o n
o m e i o a m b i e n t e e s c o l a r q u e p r e c i s a v a ser
r e c u p e r a d o . A o t r a t a r o t e m a o j o r n a l havia
p a r t i d o d a p e s q u i s a d o C e n t r o d e E m p r e e n
d e d o r i s m o Social e A d m i n i s t r a d o e m T e r c e i
r o S e t o r (Ceats/ FIA) c o m u m g r u p o d e 5 . 1 6 8 a l u
n o s d e 5 a 8 srie, m o s t r a m i o que 1 7 % d o p b l i c o e
s c o l a r s e c o n s i d e r a v a v t i m a o u agressor d o s
p r p r i o s c o l e g a s . A p e s q u i s a m o s t r a v a , a
i n d a , q u e 2 1 % das agresses o c o r r e m d e n t r o d a s
salas de a u l a s , m e s m o c o m a p r e s e n t a d o s p r o
f e s s o r e s . A 1 >i< 1 q u e ilustrava a m a t e r i a t
i n h a c o m o l e g e n d a : " C e l u l a r e s s a o u s a d o
s para a m p l i a r c h a c o t a s a colegas e e s p a l h a r p
r e c o n c e i t o " , i d e n t i f i c a n d o um t i p o de u s
o d a s t e c n o l o g a s da i n f o r m a c o c o m o i n s t r
u m e n t o s de p o d e r pai n d e s i q u i l i b r a r
relaces.a a
O j o r n a l m o s t r o u a existencia de d i f e r e n t e s
p o n t o s de vi s i a para a a n l i s e d o t e m a , c o m e c
a n d o pela p e r s p e c t i v a s o c i o l g i c a , p a s s a
n d o p e l a p s i c o l g i c a at c h e g a r p e d a g g i c a
. O e n f o q u e s o c i o p s u olgii 11 fez-se p r e s e n t e q
u a n d o 3 7 % d o s e n t r e v i s t a d o s r e v e l a r a m
seni i r m e d o d o " a m b i e n t e " escolar. J os e d u c a d
o r e s e os a d o l e s c e n t e s da F U N D I V. i d e n t i f
i c a r a m a e x i s t e n c i a de m a i s u r n a p e r s p e c
t i v a de a n l i s e : .1 1 dll c o m u n i c a t i v a , c o m a
p e r g u n t a : c o m o c o n v e r t e r um a m b i e n t e esi
"I II m a s s a c r a n t e n u m " e c o s s i s t e m a c o m u n
i c a t i v o " a b e r t o , livre e d e s e j a d o por todos? A
v i s o e d u c o m u n i c a t i v a s u g e r i d a c o m o a c r
s c i m o esi rutui 1 do t e x t o do j o r n a l a m e s m a q u e
o N C E - U S P j havia a d o t a d o , em 1 aso s e m e l h a n t
e , j u n t o 1 r e d e m u n i c i p a l d e e d u c a ^ o d e S a
o P a u l o . mpoi t a n t e ressa liar q u e a r e s p o s t a
veio de forma m u i t o r p i d a : j no s e g u n d o a n o da
vigencia do pro|ffto J r/wi 1 wt.rddh >, a secretaria de
educac,fio, ( ida IVi r z , ini 11 MU iiiuiiii i'i 11 re vi min a
11 in d o c u m e n t r i o sobri ,11
comunicativo c o m o procedimento d e anlise, . 1 edicfto D O 1
questAo p o d e r i a o r e r e 1 s u b s i d i o s para urna serie
de trio lll
ni emI in
76 Educomunicago: o conceito, o profissionai, a aplicago o p r o
j e t o , que a violencia a s escolas pblicas da cidade havia
sofrido urna r e d u c o d e 5 0 % e m seus registros j u n t o a s
d e l e g a d a s d e b a i r r o s da cidade. Retomando, na
sequncia, as demais manchetes do jornal, os p a r t i c i p a n t e
s d o e x e r c c i o d e a n l i s e d o p e r i d i c o v e r i f
i c a r a m q u e est a v a m d i a n t e de a s s u n t o s (a h i
d r e l t r i c a , o t e r r e m o t o e as e n c h e n t e s ) q
u e p o d e r i a m ser t r a t a d o s p e l a s d i s t i n t a s
c i e n c i a s p r p r i a s d a g r a d e d e c o n t e d o s d o
e n s i n o b s i c o . e d u c o m u n i c a g o , c a s o fosse c
o n v i d a d a a a t u a r , c a b e r i a , i g u a l m e n t e ,
e n t e n d e r o s tres a c o n t e c i m e n t o s r e f e r i d
o s as m a n c h e t e s a p a r t i r de urna pedagoga de projetos
que privilegiasse a p r o d u c o simblica d o s alunos, mediante o
uso de recursos da c o m u n i c a d o ; p o s s i b i l i t a r i
a , d e s s a f o r m a , a c r i a d o d e r e f e r e n c i a i s
q u e lhes garantissem certa a u t o n o m a na anlise de fenmenos
semelhantes, no futuro.
Tratamento educomunicativo para o tema do meio ambiente 77
Informa, ainda, o m e s m o d o c u m e n t o , que o conceito de "
E d u c o m u l l i c a d o S o c i o a m b i e n t a l " urna e x
p r e s s o n o v a q u e v e m g a n h a n d o e s p a c o n o c a
m p o d a E d u c a d o A m b i e n t a l , n o s ltimos a n o s ,
referiiulo -se a um c o n j u n t o de a c e s e v a l o r e s m a
r c a d o s p e l o d i a l o g i s m o , pela p a r t i c i p a d
o e pelo trabalho coletivo. Na d e f i n i d o do conceito, .1 i n
d i s s o c i a b i l i d a d e e n t r e q u e s t e s s o c i a i
s e a m b i e n t i s n o fazer/pcns;u dos atos educativos e
comunicativos justamente ressaltada pelo t e m a " s o c i o a m b
i e n t a l " . A d i m e n s o p e d a g g i c a , n e s s e c a s
o p a r t i c u l a r , tem foco no " c o m o " se gera o saber e "
n a q u i l o " q u e se aprende na p r o d u c o c u l t u r a l ,
na i n t e r a c o s o c i a l e c o m a n a t u r e z a . O d o c
u m e n t o faz r e f e r e n c i a s d i r e t a s r e a de c o m
u n i c a d o m a s siva n o s p r o c e s s o s e d u c a t i v o
s , a o v a l o r i z a r a p a r t i c i p a d o d a m d i a , q u
a n d o estabelece, no artigo 3 , que, para garantir o direito de
todos a E d u c a d o A m b i e n t a l , cabe aos meios de
comunicando de massa colaborar de maneira atiua e permanente na
disseminagao de informaces e fml'n . / educativas sua sobre meio
ambiente e incorporar a dimenso ambiental em
Por urna educomunicaco socioambientalO M i n i s t e r i o d o M
e i o A m b i e n t e j c o n t a c o m d i s p o s i t i v o s
legis para implementar o trabalho educativo no mbito da e d u c a d
o ambiental. Trata-se do P r o g r a m a Nacional de E d u c a d o
Ambiental (ProNEA), e l a b o r a d o , a partir de consulta
pblica, pela Secretaria de A r t i c u l a d o Institucional e
Cidadania Ambiental, D e p a r t a m e n t o de E d u c a d o
Ambiental do Ministerio do M e i o Ambiente.1
programago. O a r t . 1 3 d a lei a f i r m a , i g u a l m e n
t e , q u e c a b e a o " P o d e r P b l i c o , e m
nveis f e d e r a l , e s t a d u a l e m u n i c i p a l , i n
c e n t i v a r a d i f u s o , p o r i n t e r m d i t 1 dos meios
de c o m u n i c a d o de massa, em espacos nobres, de programas e
c a m p a n h a s educativas, e de informaces acerca de t e m a s
relacionad" ao meio ambiente". O d o c u m e n t o d e i x a
antever, c o n t u d o , q u e n a o b a s t a a p e l a r . 1 midi
I p a r a q u e esta a s s u m a s e u p a p e l , c a b e n d o a
o p o d e r p b l i c o en< ontrfll mecanismos que p e r m i t a
m prpria p o p u l a d o produzir contedu disseminar informaces
sobre suas realidades socioambiental 1 Pl I t a n t o , identifica
d e f i n i t i v a m e n t e a e d u c o m u n i c a c o t a n t o
c o m o h i " olili quanto como metodologia de trabalho. nesta
linha q u e o c a p t u l o 7 do d o c u m e n t o aprese 1 1 . 1 1
- 1 1 1 1 l ) Compromissou
O d o c u m e n t o sintoniza-se c o m os pressupostos
defendidos pelo N C E - U S P ao afirmar a importancia de elucidar
as diversas dimenses a que o termo remete, levando em conta sua
condico de c a m p o do c o n h e c i m e n t o , d e episteme, e s
t a n d o p r e s e n t e e m a t i v i d a d e s d e p e s q u i s
a , assim c o m o na p r o d u c o de c o n h e c i m e n t o e na
f o r m u l a d o de diretrizes filosficas p a r a p r o j e t o s
e p r o g r a m a s s o c i o a m b i e n t a i s . L e m b r a , n
e s s e sentido, o documento do Ministerio do Meio Ambiente ( M M A
) , que "a educomunicaco corresponde ao movimento de gesto
participativa d o s m e i o s d e c o m u n i c a d o , d e m o c r
a t i z a d o d o s s i s t e m a s e defesa d o d i r e i t o c o
m u n i c a d o " . P o r t a n t o , existe e n q u a n t o campo
de intervengo social, d i z e n d o r e s p e i t o f u n d a m e n
t a l m e n t e a o s p r o c e s s o s f o r m a t i v o s de
habilidades comunicativas, convertendo-se, em ltima instancia, na c
o m p r e e n s o educativa d a c o m u n i c a d o social. i
liiponvel em: iiiiini,.i,_,(,,
SILO
P U N I D I , , I , I.,.,,
IL< i
86 Educomunicago: o conceito, o profissionai, a aplicago e usar
os s i s t e m a s s i m b l i c o s d a s diferentes l i n g u a g
e n s , a p r o p r i a n d o - s e dlas no fazer p r o f i s s i o
n a l q u e se s e g u i r c o n c l u s o de seus e s t u d o s .
M a s a e d u c o m u n i c a g o quer mais: pretende prever o
exerccio de comunicago c o m o prtica cidad. Para t a n t o , na
linha do dilogo entre o s c a m p o s e m e s t u d o , o n o v o c
o n c e i t o p a r t e , e m p r i m e i r o lugar, d o p r e s s
u p o s t o de q u e a c o m u n i c a g o - a n t e s de ser um o
b j e t o a ser e s t u d a do - um dos elementos constitutivos do
prprio processo educacional, urna especie d e e i x o t r a n s v e
r s a l d e t o d a p r t i c a e d u c a t i v a . S u g e r i m o
s , e m c o n s e q u n c i a , q u e s e d u m p a s s o frente
nesse d i l o g o i n t e r d i s c i p l i n a r ; isso significa
o p t a r p o r urna p r t i c a p e d a g g i c a a q u a l c o n
f o r m e um m o d e l o d i a l g i c o e p a r t i c i p a t i v
o de se t r a b a l h a r e mobilizar a c o m u n i d a d e
educativa, m e d i a n t e a construgo de um ecossistema e m q u e
a s r e l a g e s d e c o m u n i c a g o sejam f l u i d a s , v o
l t a d a s formago de um individuo realizado c o m o pessoa, no m
o m e n t o em que se d e b r u g a p a r a a c o n s t r u g o da
c o l e t i v i d a d e . No caso, o c o n h e c i m e n t o sobre
a c o m