INVESTIGANDO A REALIDADE 1 Investigar o mundo, a realidade, é uma experiência humana básica. Desde muito cedo nos perguntamos: “O que é isso?” Com as respostas que obtemos, vamos construindo nossa visão de mundo, nossa compreensão da realidade. As investigações mais radicais da realidade são feitas, desde a época antiga, pela metafísica. Composto pelos termos gregos: óntos (“ser”) + logía (“estudo, ciência”) = estudo do ser . Palavra formada pelos termos gregos: metá (“depois”, “além”) + physiká (“natureza”, “coisa natural”) = o que vem depois da física. Aristóteles a chamava de filosofia primeira, definindo-a como “ ciência do ser enquanto ser ”. No século XVII cunhou-se o termo ontologia.
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INVESTIGANDO A REALIDADE
1
Investigar o mundo, a realidade, é uma experiência humana básica.
Desde muito cedo nos perguntamos: “O que é isso?”
Com as respostas que obtemos, vamos construindo nossa visão de mundo, nossa compreensão da realidade.
As investigações mais radicais da realidade são feitas, desde a época antiga, pela metafísica.
Composto pelos termos gregos: óntos (“ser”)
+ logía (“estudo, ciência”) = estudo do ser.
Palavra formada pelos termos gregos:metá (“depois”, “além”)
+ physiká (“natureza”, “coisa natural”)= o que vem depois da física.
Aristóteles a chamava de filosofia primeira, definindo-a como “ciência do ser enquanto ser”. No século XVII cunhou-se o termo ontologia.
A REALIDADE E O SER
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E que relação há entre realidade e ser? Ou antes, o que é o ser?
Um ser é qualquer coisa que é, que existe, que faz parte da realidade. Nesse sentido, ser é o mesmo que ente.Exemplos: uma pedra, um homem, um pássaro.
Cada um desses seres “SE APRESENTA” a nós de maneira característica e distinta: um não se confunde com outro.
Portanto, por ser também se pode entender, stricto sensu, aquilo que uma coisa é ou “tem” que lhe é mais próprio.
Daí, tendemos a pensar que cada um deles É algo caracteristicamentepróprio e distinto um do outro.
Isso nos leva a pensar também que cada um deles “TEM” algo que lhe é inerente, intrínseco e essencial, e que o faz ser o que é.
Juntando os dois sentidosA ciência do “ser enquanto ser” é o estudo de tudo o que existe,
a realidade, em seus termos mais essenciais e absolutos.
O SER E A SUBSTÂNCIA
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De que é feito o real? Qual é a substância das coisas?
Essa costuma ser a primeira questão quando se investiga o mundo e as coisas.
Mas na investigação ontológica ou metafísica o termo “substância” não tem o sentido de “matéria”, “substância química”.
É que se busca a substância de tudo: dos corpos, dos pensamentos, até mesmo de Deus.
O substrato ou suporte fundamental de um ser, aquilo sem o qual ele não é.
A realidade necessária e constantedesse ser. Sua essência.
SubstânciaACIDENTE
Aquilo que faz parte de um ser, mas sem o qual esse ser continua sendo o que é.
Ser azul ou amarelo,grande ou pequeno é
ACIDENTAL no triângulo
Um triângulo continua sendoum triângulo mesmo semcor, pequeno ou grande
CONCEITO
OPOSTO
EXEMPLO:
CONCEPÇÕES DO MUNDO ATRAVÉS DO TEMPO
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A partir do século VII a.C., filósofos gregos iniciaram a busca da arché.
PRIMEIRAS
COSMOLOGIAS
TRÊS ASPECTOS DA ARCHÉ
Realidade primeira que deu origem a tudo o que existe. Substrato fundamental que compõe as coisas. Força que determina as transformações nas coisas.
Eram os filósofos conhecidos como pré-socráticos.
Eles investigaram diretamente o mundo físico ou physis, em grego.
Por meio do uso da razão, construíram as primeiras cosmologias.
Suas investigações estiveram centradas na busca da arché.
Observe que essas explicações partem de elementos não sobrenaturais e não antropomórficos.
Arché de cada filósofo
DEVIR: A IMPERMANÊNCIA DO REAL
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Mas o mundo também é dinâmico. As coisas se transformam.
Foi o que observaram alguns filósofos. O primeiro foi Heráclito. Eles olharam para o universo e só viram transformação. Assim, em vez de refletir sobre o ser, que é constante e permanece,
eles consideraram a mudança, isto é, o devir ou vir a ser.
EXEMPLOS:
Da semente à árvore Do ovo à galinha
Da criança, ao adulto, ao idoso
Virginia Woolf (Inglaterra, 1882-1941)
Heráclito de Éfeso(Grécia, c. 535-475 a.C.)
Assim nasceu uma reflexão sobre o mundo centrada na relação entre opostos, que depois
ficou conhecida como dialética.
CONCEPÇÕES DO MUNDO ATRAVÉS DO TEMPO
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As mais antigas explicações sobre o real encontram-se nas lendas e mitos.
Elas pertencem às culturas egípcia, indiana, chinesa, grega, romana, maia, africanas etc.
Em seu conjunto, formam verdadeiras cosmogonias ou cosmogêneses.
PRIMEIRAS
CONCEPÇÕES
O MITO
... conta uma história sagrada.
Ele relata um acontecimento ocorrido no tempo primordial [...]
O mito narra como, graças às façanhas dos Entes Sobrenaturais, uma realidade passou a existir [...]. (MIRCEA ELIADE)
Note que as explicações míticas ainda têm lugar privilegiado em culturas
espalhadas por todo o planeta.
EXEMPLO: Mitologia grega A primeira divindade teria sido Caos (o abismo, o vazio).
Aparecem depois Gaia (a Terra), Tártaro (o mundo subterrâneo, de trevas profundas) e Eros (o amor).
Da união entre essas divindades nascem outras mais, formando progressivamente toda sorte de seres.
CONCEPÇÕES DO MUNDO ATRAVÉS DO TEMPO
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No século IV a.C., Platão e Aristóteles construíram duas ontologias paradigmáticas.
METAFÍSICA
GREGA CLÁSSICA
mundo sensível (da matéria) temporário e ilusório
mundo inteligível (das ideias) eterno e verdadeiro
matéria indeterminada, mas determinável pela forma forma determinada e determinante da matéria
Para Platão, o real se compõe de dois mundos separados:
A formação do universo teria sido iniciada por um demiurgo.
Reestruturando as concepções platônicas, Aristóteles propôs que as coisas são formadas por dois princípios inseparáveis:
Para Aristóteles, o mundo sempre existiu,mas foi posto em movimento por um Primeiro Motor
imóvel, que utilizou para isso sua força de atração.E como tudo começou?
Com as ideias eternas...
... deu forma à matéria
indeterminadaDEMIURGO
princípios inseparáveis
matéria(hylé)
forma(morphé)
atributos
acidentais(não-essenciais)
substanciais(essenciais)
ato (manifestação do ser)
potência (possibilidade de ser)
muda em função de
HILEMORFISMO TELEOLÓGICO
existe em
4 causas
SER
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TEORIA DAS QUATRO CAUSAS
causa eficiente
aquele que produz
diretamente uma coisa.
Ex.: o escultor
causa formalforma, natureza
específica, configuração
de uma coisa. Ex.: a
figura de um soldado na
estátua
causa material matéria de que é feita
uma coisa. Ex.: o
mármore de uma
estátua
Causa que
coordena as
demais causas.
a finalidade ou a razão
de ser de uma coisa.
Ex.: exaltar um soldado
causa final
Explica as transformações do ser: a passagem da potência