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21 a 24 de outubro, 2013
Colloquium Agrariae, vol. 9, n. Especial, JulDez, 2013, p.
91-105. ISSN: 1809-8215. DOI: 10.5747/ca.2013.v09.nesp.000127
INTOXICAES EM ANIMAIS DOMSTICOS: PREVALNCIA E EXAMES
LABORATORIAIS Mariele Aparecida Dos Santos, Renata Maria Maruso,
Anglica A. Grigoli Dominato Universidade do Oeste Paulista -
UNOESTE
RESUMO Os registros de episdios de intoxicaes exgenas ocorrem
diariamente em humanos. Estes casos acontecem tambm em animais
domsticos de estimao, muitas vezes por curiosidade das vtimas, ou
ainda por falta de segurana na manipulao dos produtos qumicos.
Inmeras so as substncias txicas existentes, sendo que a origem pode
ser animal, vegetal, mineral ou sinttica. Estes agentes qumicos
podem ser capazes de causar danos aos seres vivos, considerando a
toxicidade dos mesmos, dose, via de exposio, tempo decorrido para
os primeiros socorros. Poucos dados existem em relao aos animais,
por tratar-se de no obrigatoriedade de notificaes. O objetivo desta
pesquisa foi realizar um levantamento sobre os casos de intoxicao
em animais domsticos, bem como identificar as principais substncias
txicas envolvidas na rotina de um laboratrio de anlises
toxicolgicas de uma universidade do interior do estado de So Paulo,
num perodo de 10 anos (2003-2012). Realizar exames laboratoriais
solicitados ao laboratrio de anlises toxicolgicas, para pesquisa de
agentes txicos que forem solicitados no perodo de junho a outubro
de 2012. O mtodo utilizado para anlise toxicolgica foi CCD
(Cromatografia em Camada Delgada) para identificao do agente txico
causador da intoxicao e morte do animal. As espcies de animais
foram 78,8% ces e 21,2% gatos, dentre os resultados positivos,
estiveram 92,85% para dicumarnicos e 7,15% para organofosforado.
Aumentar a vigilncia e realizar campanhas educativas, podem ser um
aliado no combate ao uso de agrotxicos para eliminar ces e gatos.
Palavras-chave: Intoxicao. Animais domsticos. Agentes txicos. 1
INTRODUO E JUSTIFICATIVA
O reconhecimento da toxicologia como cincia ocorreu aps a
Segunda Guerra com o
desenvolvimento de molculas orgnicas como drogas, praguicidas e
substncias qumicas de uso
industrial (HANSEN, 2006).
Agente txico qualquer slido, lquido ou gs; e venenos so toxinas
de origem animal
que, ao serem introduzidos nos organismos vivos por qualquer,
via (oral, drmica, respiratria,
endovenosa, rinofarngea), pode interferir com processos vitais
das clulas no organismo. Esta
interferncia ocorre pelas qualidades inerentes do veneno ou
agente txico, sem ao mecnica e
independentemente da temperatura (OSWEILER,1998).
Nos dias atuais, com o crescimento da indstria farmacutica,
observa-se um problema
muito comum na medicina e medicina veterinria: o aumento das
intoxicaes por medicamentos,
tanto de humanos como de animais. Os envenenamentos em animais
ocorrem na maioria das
vezes por imprudncia de proprietrios que buscam alternativas
mais fortes para eliminar pragas
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como ratos, insetos, entre outros. Tambm h o aumento da
criminalidade que faz com que
pessoas envenenem propositalmente ces de guarda, para facilitar
o furto (HANSEN, 2006).
Esse interesse e a necessidade de cautela geraram, ao longo de
discusses, leis
especficas para armazenamento de produtos sintticos, alm de
estudos em produtos naturais
para impedir ou minimizar intoxicaes intencionais ou acidentais.
As crianas e os animais
domsticos pertencem ao grupo mais suscetvel de casos de
intoxicao exgena. Os animais
domsticos apresentam, em sua maioria, reduzida massa corporal, o
que diminui a dose txica. As
intoxicaes em animais ocorrem com frequncia, porm existem poucos
dados sobre esses
eventos. Atualmente, numa sociedade em que, os relacionamentos,
em sua maioria so virtuais,
os animais de estimao so muitas vezes, a nica companhia real e
afetiva do homem moderno,
fazendo com que a intoxicao ou at a morte desses animais
torne-se um drama para seus
donos.
2 REVISO BIBLIOGRFICA
As Intoxicaes exgenas agudas podem ser definidas como as
consequncias clnicas
e/ou bioqumicas da exposio aguda a substncias qumicas
encontradas no ambiente (ar, gua,
alimentos, plantas, animais peonhentos ou venenosos, outros.) ou
isoladas (praguicidas,
medicamentos, produtos de uso industrial, produtos de uso
domiciliar, outros) (SCHVARTSMAN;
SCHVARTSMAN, 1999).
Os animais domsticos so vtimas de intoxicaes exgenas que,
anualmente, tem
aumentado o nmero de atendimentos nas clnicas e nos hospitais
veterinrios brasileiros. Os
eventos toxicolgicos podem ser acidentais ou intencionais,
ocorrem principalmente no ambiente
domstico e envolvem diferentes agentes txicos, tais como
agrotxicos de uso agrcola,
agrotxicos de uso domstico, raticidas, medicamentos, alimentos.
A falta de informao uma
das principais causas de intoxicao quanto ao uso adequado dessas
substncias no ambiente
domstico, muitas vezes administradas ou utilizadas sem orientao
ou acompanhamento de
profissional qualificado (MEDEIROS, et al 2009).
As anlises toxicolgicas so instrumentos valiosos no auxlio para
o diagnstico de
intoxicaes agudas e crnicas. O laboratrio especializado
necessrio para esclarecer e resolver
eventuais situaes litigiosas. O diagnstico das intoxicaes deve
estar baseado na anamnese
criteriosa, com descrio de todos os sinais clnicos apresentados,
assim como na ausncia ou
presena de sintomas ante e post-mortem. O tempo, importante
aliado no sucesso do tratamento,
ou no auxlio do diagnstico laboratorial, que decorreu entre a
observao dos primeiros sintomas
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e a morte do animal, e na resposta do mesmo teraputica
instituda. Por anlise toxicolgica
entende-se o conjunto de processos analticos utilizados para
identificar a presena de um
produto exgeno, com o objetivo de chegar a um diagnstico,
estabelecer um prognstico e
eventualmente aplicar a terapia especfica. A anlise qumica de
amostras colhidas no animal ou
no ambiente fundamental para estabelecer e confirmar o
diagnstico de um quadro clnico de
intoxicao. O resultado positivo ou negativo de uma anlise qumica
nem sempre uma
evidncia conclusiva da ocorrncia ou no de intoxicao. Um
resultado negativo no exclui a
ocorrncia de uma intoxicao, existem compostos qumicos com
elevada toxicidade, cujas
concentraes nos tecidos so impossveis de serem detectadas e
quantificadas pelos mtodos
analticos existentes atualmente. (OLIVEIRA; OLIVEIRA; COLAO,
2002).
Os principais agentes txicos presentes nos casos registrados so
agrotxicos, animais
peonhentos, medicamentos, alimentos. As anlises laboratoriais
dos agentes txicos podem
estar limitados s classes das substncias qumicas sintetizadas
como agrotxicos/praguicidas e
medicamentos. Os agrotxicos so definidos pela lei Federal n.
7802, de 11/7/89, regulamentada
pelo Decreto n 98816, no seu artigo 2, inciso I, define o termo
agrotxico da seguinte forma:
produtos aos processos fsicos, qumicos ou biolgicos destinados
ao uso nos setores de produo,
armazenamento e beneficiamento de produtos agrcolas, nas
pastagens, na proteo de florestas
nativas ou implantadas e de outros ecossistemas e tambm em
ambientes urbanos, hdricos e
industriais, cuja finalidade seja alterar a composio da flora e
da fauna, a fim de preserv-la da
ao danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como
substncias e produtos empregados
como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores do
crescimento (BRASIL,1989).
No Brasil, os praguicidas foram primeiramente utilizados em
programas de sade
pblica, no combate de vetores a controle de parasitas, passando
a ser utilizados mais
intensivamente na agricultura, na dcada de 1960 (OPAS,
1997).
De acordo com Larini (1999), existem registros desde 1943 do uso
do
Diclorodifeniltricloroetano,(DDT) com o nome Gesarol, como
primeiro composto orgnico
utilizado na agricultura brasileira e que foram extintos a
partir de 1970.
Segundo dados do sistema nacional de informaes txico
farmacolgicas (SINITOX), os
agrotxicos foram responsveis por 95 casos de intoxicao de
animais, alm de 258 casos com
agrotxicos de uso domstico, no ano de 2009 em todo Brasil
(BRASIL, 2009).
Dentre os agrotxicos, a classe dos herbicidas, o paraquat tem
sido utilizado na
intoxicao intencional em ces. Apresenta em humanos alto ndice de
mortalidade, que para os
animais ainda no est descrito. Aparentemente, ces e bovinos tm
sido intoxicados mais
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freqentemente do que outras espcies de animais domsticos. Nos
ces, as intoxicaes
descritas ocorreram acidentalmente, por ingesto de grama tratada
previamente com o herbicida,
carcaa tratada, vmito de outro co intoxicado e de forma no
identificada em ambiente rural
onde houve aplicao do produto ou intencionalmente (ALMEIDA, et
al, 2007).
O Aldicarb um praguicida utilizado na lavoura de algodo,
beterraba, frutas ctricas
entre outras. O produto comercial Temik, conhecido popularmente
como chumbinho, devido
cor cinza escura e formato de pequenos grnulos arredondados que
lembram a forma de um
chumbinho de arma de fogo. O uso ilegal, armazenamento e
descarte desta substncia tm sido
observados nas intoxicaes exgenas em humanos e animais. A dose
letal mdia para esta
substncia est descrita, para camundongos de 0,38 a 1,5mg/kg (via
oral) (MELITO, 2004).
O monofluoracetato de sdio (MF) um agente txico utilizado para
exterminar
roedores. Em muitos pases, inclusive no Brasil, seu uso proibido
devido a sua toxicidade. Ingerir
carne, mesmo que cozida, de animais envenenados por este agente
txico pode ser perigoso tanto
para os seres humanos como para os animais. Ces e gatos so as
principais espcies intoxicadas
por monofluoracetato de sdio, seja em situaes acidentais ou
criminosas, e os atendimentos
clnicos dos animais com suspeita de intoxicao por esse agente so
frequentes. Durante o
perodo de 1999-2003, MF foi responsvel por apenas 1,6% das
mortes em ces, causadas por
agentes txicos no Hospital Veterinrio da FMVZ-Unesp, em
Botucatu, SP (NOGUERIA, et al, 2011).
Os dicumarnicos so raticidas antagonistas da vitamina k, pode-se
citar como exemplo:
Warfarin, Brodifacoum, Bromadiolone, Difenacoum,
Chlorophacinone, Diphacinone, Pindone,
Valone e Coumatetralyl, sendo a Warfarin utilizada em humanos
como anticoagulante com dose
segura especificada, conhecido comercialmente como Marevan.
Aps a proibio dos arsenicais como raticidas, os dicumarnicos so
os nicos
atualmente comercializados. So inibidores competitivos da
vitamina k, interferindo na y-
carboxilao final dos fatores II, VII, IX e X da qual ela
cofator.(OLIVEIRA;MENEZES,2003,p.478).
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Figura 1.:Ao dos rodenticidas anticoagulantes sobre a vitamina
K
Fonte: http://www.ropana.cl/toxivet/rodenticidas.htm.
Segundo Parada (2009) a vitamina inativada ("vitamina K epxido")
depois de ter sido
usado pelos hepatcitos para a sntese de fatores de coagulao II,
VII, IX e X, e reativada por um
processo no qual a enzima "vitamina K epxido redutase desempenha
um papel fundamental. A
vitamina K armazenada pelo fgado na forma ativa, e assim,
recomea o ciclo. Rodenticidas
anticoagulantes inativam a enzima acima mencionada, que impede a
reativao da vitamina e
gera uma coagulopatia grave,nesse caso hemorragia.
Ainda segundo Oliveira e Menezes (2003,p.478), o indivduo
intoxicado pode no
apresentar sintomas at 24 horas aps a ingesto, isso se deve ao
tempo de meia vida do fator VII,
aps este perodo que o paciente ir apresentar alteraes na
coagulao com hemorragia em
qualquer rea no organismo.
Quando houver suspeita de intoxicao por dicumarnico e o paciente
no apresentar
sangramento utilizar vitamina k 10mg intramuscular a cada 6 ou 8
horas. Fazer lavagem gstrica e
utilizar colestiramina na dose de 4g em 200ml de lquido cada 8
horas. O tempo de pr-trombina
deve ser solicitado e repetido diariamente.
Quando h sangramento identificado pode-se utilizar plasma fresco
utilizado na dose de
20ml/kg de peso cada 6 horas.
Por ser o dicumarnico um composto com tempo de meia vida longa
(40 horas para
Warfarin e 6 dias para Femprocumona).Por isso o tratamento com
vitamina k deve permanecer
por 24 48 horas aps a normalizao do tempo de pr-trombina.
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Segundo Stahnke (2005) os animais peonhentos so aqueles capazes
de inocular o
veneno por meio de uma peonha, ou seja, rgo inoculador. Animais
venenosos so aqueles
produtores de veneno, que podem ou no inocular o veneno em suas
vtimas, de forma ativa por
meio de peonha, ou passiva aps a mordida do animal venenoso, por
exemplo, os sapos que
liberam a toxina bufotoxina.
Os medicamentos so substncias qumicas utilizadas em tratamentos
teraputicos para
as diversas patologias existentes, tanto para humanos como para
animais. Tendo em vista a
facilidade de acesso da populao inmera variedade de medicamentos
e o hbito de
automedicao. Desde 1994 a intoxicao por medicamentos em humanos
tem destaque nas
estatsticas e no diferente em ces (BRASIL, 2009).
O selnio (Se) um mineral utilizado na suplementao da alimentao
em animais. Os
mdicos veterinrios que atuam na rea clnica e patolgica, com
diagnstico e pesquisa na rea
de toxicologia relatam que existem informaes desencontradas ou
inconsistentes ou em pouca
quantidade, sobretudo no que se refere a Blind Staggers (BS) e
Alkali Disease (AD),
enfermidades descritas como diferentes expresses da intoxicao
crnica. Depois dos numerosos
surtos de intoxicao - dcada de 1960 - que se seguiram descoberta
da essencialidade
metablica do Se, o foco sobre esse elemento tem sido centrado
nos seus efeitos benficos, como
agente capaz de diminuir a peroxidao de membranas. O risco de
intoxicao para animais e para
o homem - o elemento vem sendo includo nos suplementos minerais
e consumido
indiscriminadamente por pessoas que buscam melhorias no
desempenho como atletas ou no
retardo do envelhecimento no pequeno, uma vez que as doses
teraputicas ou profilticas
no so muito maiores que as doses txicas (OLIVEIRA, et al, 2007)
.
Os alimentos podem ser fontes de contaminao por microrganismos
capazes de
produzir toxinas, como bactrias e fungos. A alimentao dos
animais domsticos deve ser
realizada de forma criteriosa e cuidadosa, com raes de qualidade
e evitar os restos de
alimentos, pois os mesmos podem ser veculo para as toxinas ou de
substncias de difcil
eliminao pelos animais (HANSEN, 2006)
Os alimentos para a nutrio de animais devem estar armazenados
corretamente, visto
que podem perder suas caractersticas organolpticas, nutricionais
e de segurana. Os
microrganismos, por exemplo, os fungos podem deteriorar as raes,
assim como produzir toxinas
(micotoxignicas) capazes de causar danos sade animal. O controle
de qualidade deve ser
realizado em todos os processos destes alimentos, desde a
fabricao, estocagem e transporte da
rao (Custdio, et al, 2005).
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2.1 Anlises Toxicolgicas
Os atendimentos toxicolgicos em animais esto destinados ao
tratamento ou
diagnstico post morten de intoxicaes exgenas envolvendo animais
de companhia, que, de
modo geral, tm alta representao em rotinas ambulatoriais e
hospitalares na Medicina
Veterinria. Frente a essa realidade e escassez de dados sobre o
perfil das intoxicaes exgenas
em animais, observa-se a necessidade da realizao de estudos
envolvendo a casustica de
intoxicaes em animais, contribuindo para o desenvolvimento do
atendimento, do tratamento e
das medidas de preveno e controle mais eficazes, para alertar a
populao sobre um risco
iminente de exposio a diversas substncias, bem como para
melhorar as estatsticas nacionais
(MEDEIROS, et al, 2009).
As anlises toxicolgicas em animais, ou seja, a determinao
analtica de substncias
txicas pode ser solicitada nos seguintes casos: a) animais com
sinais ou sintomas caractersticos
das intoxicaes mais frequentes (estricnina, organoclorados,
organofosforados, rodenticidas); b)
morte sbita de um animal (co ou gato) clinicamente saudvel
durante as horas que precederam
a sua morte; c) morte de um ou de vrios animais num contexto de
atitude mal intencionada
(envenenamento). As amostras utilizadas podem ser: lquido
orgnico (sangue ou urina), pores
de tecidos (fgado, rim, crebro, plos, faneras) ou material
suspeito considerado como
potencialmente perigoso (rao, restos de comida, contedo gstrico
com pontos escuros). O
quadro clnico apresentado pelo animal deve ser relatado, pois
auxilia o laboratorista na realizao
das anlises. Os sintomas, como: distrbios do sistema nervoso
(excitao, espasmos musculares,
convulses, paralisia, miose, midrase e coma), desordens
gastrintestinais (vmitos, diarreia,
hipersilia), problemas cardacos, dificuldades respiratrias,
alteraes da coagulao, bem como
distrbios nas funes de outros rgos apresentados pelos animais so
dados importantes na
realizao da anlise, pois orienta o analista nos possveis agentes
txicos causadores do evento
toxicolgico. Os sintomas clnicos no so suficientes para o
diagnstico preciso, por isso, da
importncia das anlises toxicolgicas (OLIVEIRA; OLIVEIRA; COLAO,
2002)
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Realizar levantamento de intoxicaes ocorridas nos ltimos 10 anos
(2003-2012) no
laboratrio de anlises toxicolgica localizado em um municpio do
interior do Estado de So
Paulo.
3.2 Objetivos Especficos
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Obter nmeros de animais intoxicados de 2003-2012 no laboratrio
de anlise
toxicolgica de um municpio do interior do Estado de So
Paulo.
Identificar principais agentes txicos envolvidos nas
intoxicaes.
Identificar as espcies de animais domsticos que foram vtimas das
intoxicaes.
Realizar as anlises toxicolgicas solicitadas a partir de junho
de 2012, no laboratrio de
toxicologia de uma universidade do interior do estado de So
Paulo.
4 MATERIAL E MTODOS
A pesquisa foi realizada no laboratrio de anlises toxicolgicas
de uma universidade do
interior do estado de So Paulo, onde os dados registrados foram
obtidos aps a cincia e o aceite
do responsvel pelas informaes. O mtodo utilizado para esta
pesquisa foi realizao do
levantamento dos laudos periciais e tcnicos arquivados no
laboratrio.
No perodo de junho a outubro de 2012 foi encaminhada apenas 1
(uma) amostra para o
laboratrio para anlise toxicolgica, que era restos de alimentos
regurgitado pelo animal.
O procedimento foi realizado com amostra congelada (figura 3, em
apndice) Aps
descongelamento foi retirada uma alquota e distribuda no fundo
de um bquer, para aumentar a
superfcie de contato, com o agente extrator (figura 4, em
apndice) n-hexano/1 hora (extrao de
substncias apolares) e em seguida foi filtrado sobre sulfato de
sdio anidro (Na2SO4). O contedo
do bquer foi mantido para a extrao de agentes txicos polares com
acetona/15 minutos. Aps
o procedimento de extrao foi realizada a filtrao com Na2SO4
anidro, e os extratos foram
concentrados at evaporao total dos extratores, com fluxo de
nitrognio (figura 5, em
apndice).
Para a identificao do agente txico causador da intoxicao, o
concentrado foi
ressuspendido, e assim como os padres foram aplicados na placa
cromatogrfica de slica gel,
previamente ativada em estufa a 80C por 1 hora (figura 6,em
apndice). Os padres utilizados
foram Racumin e Aldicarb (chumbinho). Os padres foram
selecionados de acordo com
histrico clinico apresentado pelo animal antes do bito.
Em seguida foi realizada a corrida cromatogrfica com a fase mvel
Hexano:Acetona (4:1)
(figura 7, em apndice). Aps foi aspergido a soluo de sal de azul
slido B 0,2% (Metanol: gua
(3:1) (figura 8, em apndice). Em seguida as manchas, da amostra
e padres foram visualizadas e
delineadas para realizar o clculo (figura 9, em apndice). As
frmulas para clculo esto no
Apndice 1.
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Figura 2. Delineamento Experimental
Fonte: produzida pelos autores
5 RESULTADOS E DISCUSSO
O total de laudos analisados no Laboratrio de Toxicologia, de
uma universidade
localizada em um municpio no interior de So Paulo, foram 33,
relativos aos exames toxicolgicos
realizados nos ltimos 10 anos em vsceras de animais de
estimao.
O grfico 1 apresenta as espcies de animais encaminhadas ao
laboratrio de anlises
toxicolgicas, sendo que 78,8% eram caninos (26 casos) e 21,2%
eram felinos (7 casos). Hansen
Amostra
Amostra + n- Hexano
1 hora e Filtrar (Na2SO4 anidro)
Amostra + Acetona Filtrado (hexano)
15 minutos e Filtrar
Filtrado (acetona)
extrato (hexano)
Concentrao (fluxo nitrognio)
Concentrao (fluxo nitrognio)
extrato (acetona)
CCD
Fase mvel (hexano:acetona) (4:1)
Revelador (sal de azul slido B)
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(2006) demonstrou que 81,1% dos casos de intoxicao em animais
eram em caninos, enquanto
que 18,9% eram felinos. Medeiros e colaboradores (2009)
mostraram que 86,1% eram ces e
13,9% eram gatos. Estes resultados das pesquisas realizadas vm
demonstrar que h maior risco
de intoxicao em caninos do que em felinos e Medeiros (2009)
atribui a caracterstica dos gatos
de selecionar seu alimento e recusar obstinadamente se sentirem
odor que no lhes agrade o
menor nmero de gatos intoxicados nas estatsticas.
Grfico 1. Espcies de Animais que Foram Encaminhadas ao
Laboratrio de Anlises Toxicolgicas.
Nota:Dados trabalhados pelos autores.
Tabela 1. Parmetros analisados dos laudos periciais e tcnicos
dos animais analisados (ano de
atendimento, espcie, agente txico encontrado, amostra,
resultado)
Ano Espcie Agente txico Material analisado Resultado
2002 Canino Dicumarnicos Fgado Positivo
2002 Canino Dicumarnicos Fgado Positivo
2002 Canino Organofosforados Fgado Positivo
2002 Canino Organofosforados Fgado Positivo
2003 Canino Arsnio/Cumarnico/Cianeto Contedo Gstrico
Negativo
2003 Canino Arsnio/Cumarnico/Cianeto Contedo Gstrico
Negativo
2003 Canino Dicumarnicos Fgado/Rins Positivo
2004 Canino Dicumarnicos Fgado/Rins Positivo
2004 Canino Dicumarnicos Sangue Positivo
2004 Canino Dicumarnicos Fgado Positivo
2004 Canino Dicumarnicos Fgado Positivo
2004 Canino Dicumarnicos Fgado/Contedo Positivo
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Gstrico
2004 Canino Dicumarnicos Fgado Positivo
2004 Canino Dicumarnicos Fgado/Rins Positivo
2005 Felino Dicumarnicos Fgado/Rins Positivo
2005 Canino Dicumarnicos Fgado Positivo
2005 Canino Dicumarnicos Fgado/Rins Positivo
2005 Canino Dicumarnicos Fgado/Rins Positivo
2005 Canino Dicumarnicos Fgado/Rins Positivo
2007 Canino Dicumarnicos/Carbamatos Fgado Negativo
2007 Felino Dicumarnicos/Carbamatos Fgado Negativo
2008 Felino Dicumarnicos/Carbamatos Fgado/Rins Negativo
2008 Canino Dicumarnicos Fgado/Rins Positivo
2008 Canino Dicumarnicos Fgado/Rins Positivo
2009 Canino Dicumarnicos Fgado/Rins Positivo
2009 Canino Dicumarnicos Vsceras Positivo
2011 Felino Dicumarinicos Fgado/Rins Positivo
2011 Felino Dicumarinicos Fgado/Rins Positivo
2011 Canino Dicumarinicos Fgado/Rins Positivo
2011 Felino Dicumarinicos Fgado/Rins Positivo
2011 Felino Dicumarinicos Fgado Positivo
2011 Canino Dicumarinicos Fgado Positivo
2012 Canino Dicumarinicos Contedo Gstrico Positivo
Nota: Dados trabalhados pelos autores.
Os dados coletados apresentados na tabela 1 demonstram que 29
amostras (87,90%)
eram de vsceras, sendo que o fgado era o rgo mais encaminhado,
devido facilidade de
encontrar o agente txico. O contedo gstrico, representado por 4
amostras (12,20%), uma
amostra excelente por facilitar a determinao do agente txico, in
natura. A obteno deste
material pode ser por mese, desde que, o tempo decorrido no
tenha sido superior a 3 horas.
Xavier; Righi; Spinosa (2007) relataram que o contedo estomacal
de animais uma matriz
excelente para identificao laboratorial de aldicarb, visto que,
os grnulos so altamente solveis
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21 a 24 de outubro, 2013
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no fludo gstrico. Outro fator importante para a viabilidade
desta amostra o tempo decorrido
entre a exposio, a precocidade dos sinais e sintomas e bito do
animal.
Grfico 2. Idade da Espcie Prevalente (Canina).
Nota: Dados trabalhados pelos autores.
O grfico 2 ilustra a faixa etria dos ces intoxicados, sendo que
esta varivel est de
acordo com a raa e porte do animal. possvel observar que ces
adultos so os que mais
morrem, ou seja, 54 % dos casos. Este fato pode estar
relacionado tendncia do canino adulto
em defender a residncia, o que dificulta a ao dos
criminosos,fazendo-os suscetveis a
intoxicaes intencionais.
A espcie qumica do agente txico encontrado nas amostras
encaminhadas foram
dicumarnicos, classificados como raticidas ou rodenticidas que
so utilizados para o extermnio de
roedores, apresentaram 92,85% dos casos positivos, e 7,15% para
organofosforados. Os caninos
apresentaram 21 casos (74,95%) de intoxicao por dicumarnico,
enquanto que 5 casos eram em
felino (17,85%), e os 2 casos (6,07%) de intoxicao por
organofosforados ocorreram em ces.
Medeiros e colaboradores (2009) relataram que, no perodo de 2002
a 2008 foram relatados101
casos de intoxicaes em animais domsticos, sendo que 21,80% foram
por medicamentos,
13,90% por agrotxico, 7,90% por raticidas cumarnicos, 5,90% por
domissanitrios, 5,90% por
plantas txicas 3,00% por acidentes ofdicos, 33,70% no
confirmados ou por causas no definidas.
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Grfico 3. Agentes Txicos Encontrados nos Resultados Positivos
das Amostras de Animais
Encaminhadas ao Laboratrio de Anlises Toxicolgicas.
Nota: Dados trabalhados pelos autores.
O mtodo de escolha para realizar a pesquisa foi cromatografia em
camada delgada, por
tratar-se de mtodo de simples execuo. Bulco e colaboradores
(2010) relataram que dentre os
mtodos para anlise qumica de
agentes txicos, a cromatografia tem se mostrado como uma
ferramenta valiosa para o
isolamento e a identificao desses agentes em diversos tipos de
amostras, incluindo as
ambientais, embora existam poucos mtodos simples para a
identificao de agentes em
amostras biolgicas.
A anlise toxicolgica por cromatografia em camada delgada confere
diagnstico
definitivo intoxicao por dicumarinicos ou com a finalidade de
laudos toxicolgicos (NOGUEIRA;
ANDRADE, 2011, p.176).
O clculo para porcentagem de erro resultou em 3,8% sendo
positivo para ingesto de
Racumin, um dicumarinico pelo animal.
6 CONCLUSO
As substncias txicas so de rotina diria a toda populao, e podem
ser de origem
animal, vegetal, mineral ou sinttica, sendo a toxicidade, via de
exposio, dose ou tempo de
exposio o que as torna perigosas. O armazenamento incorreto
destas substncias, tambm
favorece os casos de intoxicao, alm do uso inadequado ou
intencional dos agentes txicos.
Os dicumarnicos, agentes txicos determinados nesta pesquisa,
como resultado positivo
para a maioria dos casos analisados no laboratrio de anlises
toxicolgicas, pode estar
relacionado ao fcil acesso, da populao em geral, aos
praguicidas, pois podem ser adquiridos em
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casas especializadas ou supermercados. A facilidade de acesso, e
intenes criminosas aumentam
os casos de morte de animais de estimao, em especial ces em
idade adulta, quando esto
protegendo as residncias e seus proprietrios. Os cuidados com a
alimentao e segurana dos
animais deveriam ser aumentados, alm de controlar a
comercializao dos produtos qumicos
com ao praguicida.
Enfim, h necessidade de programas educativos para que a populao
se conscientize dos
riscos iminentes a que se expe e para que se evite a perda desse
animal que muitas vezes
considerado um membro da famlia.
REFERNCIAS
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