SANDRO FELIPE OLIVEIRA SOARES INTERCORRÊNCIAS MÉDICAS NA IMPLANTODONTIA: PREVENÇÃO E TRATAMENTO RIO DE JANEIRO 2004 Monografia apresentada a Universidade do Grande Rio Professor “José de Souza Herdy”, como requisito para a obtenção do título de Especialista em Implantodontia.
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INTERCORRÊNCIAS MÉDICAS NA IMPLANTODONTIA: … · 2 FICHA CATALOGRÁFICA S676i Soares, Sandro Felipe Oliveira. Intercorrências médicas na implantodontia: prevenção e tratamento
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SANDRO FELIPE OLIVEIRA SOARES
INTERCORRÊNCIAS MÉDICAS NA IMPLANTODONTIA:PREVENÇÃO E TRATAMENTO
RIO DE JANEIRO2004
Monografia apresentada a Universidade doGrande Rio Professor “José de Souza Herdy”,como requisito para a obtenção do título deEspecialista em Implantodontia.
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SANDRO FELIPE OLIVEIRA SOARES
INTERCORRÊNCIAS MÉDICAS NA IMPLANTODONTIA:PREVENÇÃO E TRATAMENTO
RIO DE J20
Monografia apresentada a Universidade doGrande Rio Professor “José de Souza Herdy”,como requisito para a obtenção do título deEspecialista em Implantodontia.
Área de Concentração: Implantodontia
Orientador: Prof.Glauco Velloso
ANEIRO04
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FICHA CATALOGRÁFICA
S676i Soares, Sandro Felipe Oliveira. Intercorrências médicas na implantodontia: prevenção
e tratamento/ Sandro Felipe Oliveira Soares. – Rio de Janeiro, 2004.
65 f.: il.; 29 cm.
Orientador: Glauco Rodrigues Velloso. Monografia (especialização) - Universidade do Grande Rio Profº.
José de Souza Herdy, Escola de Odontologia. Bibliografia: f. 63-65.
1. Odontologia. 2. Implante dentário. 3. Emergências. I. Velloso, Glauco Rodrigues. II. Título.
CDD – 617.6
3
FOLHA DE APROVAÇÃO
Apresentação da Monografia em _____/_____/_____ao Curso de Especialização em Implantodontia.
Coordenador:
Orientador: Prof. Glauco Velloso
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DEDICATÓRIA
Ao Edson Ribeiro Soares,
Meu pai, sinônimo de honra e heroísmo, um amigo fundamental para guiar todos
os passos da minha vida.
À Sônia Isabel Oliveira Soares,
Minha mãe, que me ensinou a vencer todas as batalhas da vida e por conter o mais
puro amor, dedicação, carinho e preocupação, e que acompanha de perto as barreiras da
minha vida.
Aos meus irmãos, André, Bruno e Fábio,
Que sempre unidos, aprendemos perfeitamente o que significa ser irmão. A cada
um em particular, o meu mais pleno amor e gratidão por estarem sempre ao meu lado.
À minha avó Zilda,
Por ser sinônimo de carinho, bondade, dedicação e preocupação. Espero com todo
o meu respeito, ser motivo de alegria e orgulho para ti.
Ao meu avô Joaquim,
Por ser bondoso e um grande amigo.
5
À minha madrinha Cleuza,
Sempre dedicada, amorosa e preocupada com meu sucesso profissional.
Aos meus avós, Armando e Lici,
Cujos atos e pensamentos permanecem vivos, e guiam meus passos todos os dias.
À Sandra Kitamura e Tadashi Kitamura,
Pelo amor, dedicação e companheirismo, além de sogros, são amigos e pais.
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AGRADECIMENTOS
A Deus,
Pela energia e vida, pela graça de estar fazendo aquilo que mais amo de maneira
plena, cheia de perspectiva e satisfação, e por me conceder essa força para a incansável
busca de crescer.
À Camilla Fanaia Kitamura,
Minha eterna companheira, que ao meu lado, com todo seu amor, carinho e
dedicação foi fundamental para a realização deste trabalho, e agradeço a Deus, por ela
fazer parte de minha vida.
Ao professor e orientador Glauco Velloso,
Sempre disposto a ensinar e ajudar; e por ter ganhado mais um grande amigo.
Aos colegas Eduardo, Gilberto e Sebastião,
Por tudo que passamos, e por termos conseguido superar todas as dificuldades,
com nossa força de vontade de vencer.
7
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 9
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 11
RESUMO 12
1. INTRODUÇÃO 13
2. REVISÃO DE LITERATURA 15
2.1. CONDIÇÕES BÁSICAS PARA O CONHECIMENTO 15
SISTÊMICO DO PACIENTE.
2.1.1. ANAMNESE 15
2.1.2. EXAME FÍSICO 17
2.1.2.1. Avaliação dos Sinais Vitais 17
2.1.2.1.1.Freqüência Cardíaca 17
2.1.2.1.2. Freqüência Respiratória 18
2.1.2.1.3. Pressão Arterial 19
2.1.2.1.4. Temperatura 21
2.1.3. CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO FÍSICO 21
2.2. INTERCORRÊNCIAS ESPECÍFICAS 21
2.2.1. COMPLICAÇÕES ANESTÉSICAS 22
2.2.2. EMERGÊNCIAS CARDIOVASCULARES 26
2.2.2.1. Insuficiência Coronariana Aguda 26
2.2.2.2. Angina Pectoris 27
2.2.2.3. Infarto 29
8
2.2.2.4. Crise Hipertensiva 30
2.2.2.4. Arritmias Cardíacas 31
2.2.3. INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA 32
2.2.4. ASMA 33
2.2.5. DIABETES MELLITUS 35
2.2.6. LIPOTÍMIA E SÍNCOPE 36
2.2.7. OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS 37
2.2.8. DISTÚRBIOS CONVULSIVOS 39
2.2.9. MEIOS DE PROMOVER A HEMOSTASIA EM IMPLANTODONTIA 40
2.3. A IMPORTÂNCIA DA REDUÇÃO DA ANSIEDADE 41
NO PRÉ-OPERATÓRIO
2.3.1. SEDAÇÃO ORAL ATRAVÉS DOS BENZODIAZEPÍNICOS 42
2.3.2. SEDAÇÃO CONSCIENTE ATRAVÉS DE ÓXIDO NITROSO 45
2.4. NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS NO ATENDIMENTO 47
ODONTOLÓGICO
3. DISCUSSÃO 56
4. CONCLUSÃO 61
ABSTRACT 62
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 63
9
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 - Oxímetro de pulso. 19
TABELA 1 -Valores máximos dos níveis tensionais da pressão 20
arterial, para indivíduos acima dos 18 anos.
FIGURA 2 - Tubete com refluxo sangüineo (injeção intravascular). 22
FIGURA 3 – Instalação gradual da placa de ateroma. 27
FIGURA 4 – Angina Pectoris. 28
TABELA 2 – Drogas e doses recomendadas na crise 34
asmática, em adultos.
FIGURA 5 – Obstrução das vias aéreas. 38
FIGURA 6 – Manobra de Heimlich. 39
TABELA 3 – Benzodiazepínicos mais comumente 44
empregados em Odontologia.
FIGURA 7 – Sedação consciente através do óxido nitroso. 46
FIGURA 8 – Glossopitose ( obstrução da traquéia pela epiglote, 48
através da queda da língua).
FIGURA 9 – Hiperextensão da cabeça ( ângulo reto entre o mento e o occipital). 49
FIGURA 10 - Após a manobra de hiperextensão a língua tende a sair, 49
o mínimo possível promovendo a liberação das vias aéreas.
FIGURA 11 - Tracionamento da epiglote ( liberação da traquéia). 50
FIGURA 12 - Boca-a-boca (face shield). 50
10
FIGURA13 – Máscara -Ambú 51
FIGURA 14 – Tubo Orotraqueal + Ventilação (ambú). 51
FIGURA 15 – Cricotireostomia: A- Hiperextensão da cabeça; 52
B e C- Espaço Cricóide (Tireóide e a Cricóide) e
introdução do jelco(14) na traquéia; D- Jelco sem agulha.
FIGURA 16 - Respiração boca a boca. Detalhe da obstrução do nariz 54
para que o ar insuflado na boca não saia pelas narinas.
FIGURA 17 – Compressão dígito palmar da caixa toráxica de 54
encontro ao coração (2 dedos acima da apófise xifóide).
TABELA 4 - Arsenal indispensável nas intercorrências médicas.. 55
TABELA 5 - Incidência das situações de emergência na prática odontológica. 60
11
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AVC – Acidente vascular cerebral.
Bpm – Batimentos por minuto.
GABA – Ácido gama-aminobutírico.
IM – Intramuscular.
IV – intravenoso.
MCE – Massagem cardíaca externa.
mmhg – milímetros de mercúrio.
N2O – Óxido nitroso.
O2 – Oxigênio.
PA – Pressão Arterial.
Rpm – Movimentos respiratórios por minuto.
VO – Via oral.
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RESUMO
Mesmo não sendo freqüentes, as situações de emergência médica podem ocorrer na
clínica odontológica de modo imprevisível, sem obedecer a regras ou padrões definidos. Este
trabalho tem como objetivo levar aos cirurgiões-dentistas que atuam diretamente com cirurgias
que envolvem a área da implantodontia, informações que os beneficiem e que também sirvam
como alerta as possíveis intercorrências médicas que possam ocorrer durante um procedimento
cirúrgico. Foi realizado um levantamento bibliográfico dos métodos preventivos, como anamnese
e protocolos para redução de ansiedade das principais intercorrências médicas, assim como suas
intervenções para tratamento e as principais manobras de suporte básico de vida.
13
1. INTRODUÇÃO
A odontologia exerce uma atividade da especialidade médica, pois além do
profissional médico, o cirurgião-dentista é o único profissional da área de saúde que se enquadra
perfeitamente na busca da cura, através de métodos terapêuticos invasivos, visando a devolução
do paciente à sociedade em sua bionormalidade (JORGE, 2002).
Na prática odontológica segura e consciente, é de vital importância o conhecimento e
o manejo de pacientes portadores de doenças sistêmicas pré-existentes já diagnosticadas, ou ainda
não diagnosticadas. Assim a anamnese e o exame clínico bem dirigido, são essenciais para o
diagnóstico preciso e para um plano de tratamento adequado, que venha de encontro às
necessidades individuais de cada paciente (JORGE, 2002).
Atualmente, o número de pacientes portadores de doenças sistêmicas que procuram
tratamento odontológico, aumentou consideravelmente, reflexo direto da maior expectativa de
vida (ANDRADE, 2001).
Esta realidade obriga o profissional a adotar certas precauções antes de iniciar o
tratamento odontológico, assim a avaliação do estado geral de saúde e a adoção de simples
medidas preventivas, aumentam a segurança clínica no atendimento de pacientes que requerem
cuidados especiais, diminuindo de forma significativa à incidência das situações de emergência
(ANDRADE & RANALI, 2004).
Portanto, o cirurgião-dentista, deve estar preparado para reconhecer e adotar medidas
de pronto atendimento na ocorrência das situações emergenciais. Em outras palavras, é
imperativo que seja treinado para executar as manobras de Suporte Básico de Vida, bem como
14
manusear certos medicamentos, acessórios e equipamentos empregados nas emergências médicas
(ANDRADE & RANALI, 2004).
Assim, o objetivo do presente trabalho é abordar a importância do conhecimento
sistêmico do paciente, através da anamnese e avaliação dos sinais vitais, além dos protocolos para
redução da ansiedade, assim como relatar os principais quadros de intercorrências em
implantodontia, incluindo também os conceitos e as manobras de suporte básico de vida.
15
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. CONDIÇÕES BÁSICAS PARA O CONHECIMENTO SISTÊMICO DO PACIENTE
Segundo ANDRADE (2001), nos dias de hoje a maioria dos cirurgiões - dentistas no
Brasil ainda não atribuíram o devido valor à consulta odontológica. Muitas vezes, o tratamento
odontológico tem início na primeira “consulta”, sem que o profissional tenha conhecimento do
perfil do paciente. A consulta odontológica inclui o exame clínico e, eventualmente, exames
complementares. O exame clínico é iniciado pela anamnese e complementado pelo exame físico.
2.1.1. ANAMNESE
Segundo ANDRADE & RANALI (2004), a anamnese ou exame subjetivo é um
importante pré-requisito de uma consulta odontológica. É durante a anamnese que se obtêm
muitas informações úteis, não somente para o diagnóstico, mas também para identificar
experiências desagradáveis ocorridas em tratamentos odontológicos anteriores, que deverão ser
cuidadosamente analisadas para prevenir sua recorrência. Além disso, permite identificar os
medicamentos que o paciente faz uso, muitas vezes de forma contínua, e que podem interagir de
forma indesejável com as soluções anestésicas locais ou fármacos de uso comum na prática
odontológica, causando reações adversas, algumas delas de caráter emergencial.
PETERSON et al. (2000) consideram as fichas de história da saúde (questionários),
um meio efetivo de coletar inicialmente a história médica do paciente. O profissional de saúde
16
oral deve descobrir a existência ou a história de problemas médicos que possam ter algum
impacto na segurança do tratamento dentário dispensado.
Os questionários de saúde devem ser escritos claramente, em linguagem coloquial, e
não devem ser extensos, porém devem ser abrangentes e completos. Para reduzir as chances dos
pacientes responderem de forma incompleta ou incorreta, deve-se incluir no formulário uma
cláusula que assegure ao paciente que todas as informações ali contidas são confidenciais,
contendo também um local para o paciente assinar seu nome, após compreender as perguntas e
responde-las com precisão (PETERSON et al.2000).
Segundo o mesmo autor, é indispensável a obtenção de certas informações básicas
para a história de saúde, tais como: 1) Hospitalizações passadas, cirurgias, traumatismos e
doenças sérias; 2) Doenças recentes menores ou sintomas; 3) Medicações corrente ou
recentemente em uso e alergias (particularmente medicamentosas); 4) Descrição de hábitos
relacionados a saúde ou vícios, tais como uso de etanol, tabaco, drogas ilícitas, e quantidade e
tipo de exercícios; 5) Data e resultados do último exame médico completo ou última visita ao
médico.
Segundo SONIS et al. (1984), mesmo que a avaliação cuidadosa não revele o
diagnóstico exato, geralmente fornece indicação para investigações complementares tais como,
exames laboratoriais, histopatológicos ou consultas a outros profissionais.
COLLEN et al. (1969); FEINSTEIN (1975) afirmaram que o questionário de saúde
sob a forma escrita não interrompe a rotina do consultório odontológico e de fato exige menos
tempo durante a consulta do que a história obtida simplesmente através de diálogo.
GAGE & RADMAN (1972) afirmam que o cirurgião-dentista deve estar atento para
pesquisa de utilização de medicamentos por parte de seus pacientes, quando está sendo colhida a
história clínica.
17
2.1.2. EXAME FÍSICO
Um exame físico bem conduzido é de extrema importância para se estabelecer o plano
de tratamento odontológico. Consiste, sobretudo, na pesquisa dos sinais da doença que, junto aos
sintomas obtidos na anamnese, completam os elementos necessários ao diagnóstico (ANDRADE,
2001).
Segundo PETERSON et al. (2000), o exame físico do paciente de odontologia
focaliza a cavidade oral e em grau menor toda a região maxilofacial. Este exame deve ser
iniciado pela tomada dos sinais vitais, com o paciente em repouso, incluindo a avaliação da
freqüência cardíaca, da freqüência respiratória, pressão arterial e temperatura, sendo os dados
anotados no prontuário clínico (ANDRADE, 2001; ANDRADE & RANALI, 2004).
Além da justificativa de ordem legal, esta é uma conduta que mostra ao paciente que
as mínimas precauções estão sendo tomadas para sua segurança, aumentando sua confiança no
profissional (ANDRADE & RANALI, 2004).
2.1.2.1. Avaliação dos Sinais Vitais
2.1.2.1.1. Freqüência Cardíaca
Segundo PORTO (1994), é o ritmo do coração e o número de batimentos por minuto.
A freqüência cardíaca ou pulso pode ser medida por meio de qualquer artéria
acessível. As mais comumentes empregadas são a artéria radial, localizada na posição ventral e
distal do pulso e a artéria braquial, que se situa na linha mediana da fossa antecubital. Nas
18
situações emergenciais, recomenda-se que a palpação seja feita na artéria carótida, já que o
objetivo maior nessas situações é o suporte básico de vida (ANDRADE &RANALI, 2004).
Segundo ANDRADE & RANALI (2004), a técnica recomendada para a avaliação da
freqüência cardíaca é a seguinte:
1. Coloque as extremidades (polpa) dos dedos médio e indicador sobre o local,
pressionando apenas o suficiente para sentir a pulsação, mas não tão firmemente a
ponto de ocluir a artéria e não sentir os batimentos.
2. Conte o número de batimentos por um minuto (ideal) ou no mínimo por 30
segundos, neste caso multiplicando o resultado por dois.
De acordo com PORTO, em 1994, normalmente em pessoas adultas, o número de
batimentos por minuto varia de 60 a 100.
2.1.2.1.2. Freqüência Respiratória
É o processo de renovação do gás inspirado, no qual o oxigênio é fornecido aos
alvéolos e o gás carbônico é eliminado. A freqüência respiratória é o número de movimentos
respiratórios por minuto, que se situa entre 12 a 20 rpm (PORTO, 1994).
Técnica de avaliação, segundo ANDRADE & RANALI (2004):
1. Após a avaliação da freqüência cardíaca, ainda mantenha os dedos sobre o pulso
carotídeo ou radial;
2. Ao invés do número de pulsações, conte agora o número de movimentos
respiratórios, observando a elevação e o abaixamento da caixa torácica.
3. Após um minuto (tempo ideal) ou 30 segundos, anote o número de movimentos
respiratórios, multiplicando por dois no último caso.
19
Segundo ANDRADE & RANALI (2004), o resultado da aferição é errôneo se o
avaliador disser ao paciente que irá observar sua respiração, pois isso poderá induzi-lo a respirar
de forma mais lenta ou mais rápida. Portanto, recomenda-se que a freqüência respiratória seja
monitorizada imediatamente após a avaliação da freqüência cardíaca.
2.1.2.1.3. Pressão Arterial (PA)
PORTO, em 1994, afirmou que a mensuração da pressão ou tensão arterial é o ato
médico básico que deve ser realizado em toda consulta. Está relacionado com o trabalho do
coração e traduz o sistema de pressão vigente na árvore vascular arterial. Segundo o mesmo
autor, a mensuração clínica da pressão arterial é razoável, e espera-se um erro médio de mais ou
menos oito mm Hg para as pressões sistólica e diastólica.
Segundo ANDRADE & RANALI (2004), o esfigmomanômetro de coluna de
mercúrio é o ideal para essas medidas. Os aparelhos do tipo aneróide (eletrônicos ou não),
quando empregados, devem ser periodicamente testados e calibrados.
O oxímetro de pulso pode ser considerado o aparelho para mensuração dos sinais
vitais como sendo o mais completo, pois realiza a aferição da freqüência cardíaca, da pressão
arterial e da saturação de 02, onde mensura de maneira indireta a quantidade de O2 ligado à
hemoglobina que chega a periferia (FIG.1).
FIGURA 1 – Oxímetro de pulso
20
Segundo PORTO (1994), o Conselho Brasileiro para tratamento da hipertensão
arterial, definiu como valores máximos para indivíduos acima dos 18 anos, os seguintes níveis
tensionais descritos na TAB. 1.
TABELA 1
Valores máximos dos níveis tensionais da pressão arterial, para indivíduos acima
dos 18 anos.
S
praticou
antes da
N
H
m
H
1
PRESSÃO SISTÓLICA
Normal : até 140 mmHg se a pressão
diastólica estiver menor que 90 mmHg.
Hipertensão sistólica: acima de 140 mmHg.
PRESSÃO DIASTÓLICA
ormal : menor que 90 mm Hg.
ipertensão Arterial Leve : de 90 a 105
mHg.
ipertensão Arterial Moderada : de 106 a
20 mmHg.
FONTE: PORTO ,1994. p.447.
egundo ANDRADE & RANALI (2004), é importante certificar-se de que o paciente não
exercícios físicos, não ingeriu café, bebidas alcoólicas, drogas ou fumou, 30 minutos
avaliação da pressão arterial.
21
2.1.2.1.4.Temperatura
PORTO, em 1994, afirmou que a temperatura do interior do corpo permanece quase
constante, dentro de uma variação de mais ou menos 0,6 ºC, mesmo quando exposto a extremos
de frio ou de calor, graças ao aparelho termorregulador. A temperatura habitualmente é tomada
na axila (35,5 a 37ºC), boca (36 a 37,4ºC) e reto (36 a 37,5 ºC).
2.1.2. CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO FÍSICO
De acordo com PETERSON et al.(2000), os resultados da avaliação médica, somados
a avaliação dos sinais vitais, são usados para atribuir uma classificação do estado físico do
paciente. Em 1962 a Associação Americana de Anestesiologistas desenvolveu um estudo e
passou a classificar o estado de saúde dos pacientes em classe I a IV.
ASA I - Paciente com saúde normal.
ASA II - Paciente com doença sistêmica leve ou fator de risco de saúde insignificante.
ASA III - Paciente com doença sistêmica grave, mas não incapacitante.
ASA IV - Paciente com doença sistêmica grave, incapacitante, que é uma constante
ameaça a vida.
Uma vez determinada a classificação do estado físico da ASA, o cirurgião dentista
estará em condições de decidir se o tratamento proposto poderá ser realizado de forma segura em
ambiente ambulatorial (PETERSON et al.2000).
2.2. INTERCORRÊNCIAS ESPECÍFICAS
22
2.2.1. COMPLICAÇÕES ANESTÉSICAS
O uso dos anestésicos locais em odontologia pode ser considerado um procedimento
bastante seguro, porém as reações adversas podem ocorrer de forma trivial e transitória, tendo
como principal causa a sobredose do sal anestésico ou do vasoconstritor (ANDRADE &
RANALI, 2004).
Segundo FONTOURA (2003), as complicações anestésicas podem ser divididas em
locais ou sistêmicas. As complicações locais são caracterizadas por dor após ou durante a
anestesia, trismo, infecção, hematoma, lesões de tecidos moles, quebra da agulha, parestesia
persistente, necrose tecidual e paralisia facial. E as complicações sistêmicas podem ser
caracterizadas em superdosagem ou toxicidade e reações alérgicas.
A superdosagem ou toxicidade são resultantes de um nível sangüíneo muito elevado
de uma determinada droga em vários órgãos do corpo, que são causados normalmente por injeção
intravascular; biotransformação ou eliminação lenta; dose elevada; e absorção rápida
(FONTOURA, 2003). (FIG.2)
Segundo ANDRADE & RANALI (2004), a superdosagem do sal anestésico ocorre
quando a concentração plasmática encontra-se acima de 7,5 µg/ml, podendo gerar convulsões
tônico-clônicas, seguida de depressão generalizada do SNC, com queda da pressão arterial,
FIGURA 2- Tubete com refluxo sangüíneo (injeçãointravascular).
23
freqüências cardíaca e respiratória. Nestes casos a conduta emergencial consiste em colocar o
paciente em posição confortável e semi-inclinada; administração de oxigênio; solicitação do
socorro médico de urgência e instituir o suporte básico de vida. Caso ocorra convulsão
prolongada, após cessar o episódio, administrar uma ampola de diazepam 10 mg intravascular
(IV), em injeção lenta.
A superdosagem do vasoconstritor consiste geralmente em reações que são
transitórias e de curta duração, pois sua metabolização pelo organismo é muito rápida, tendo
como principais sinais e sintomas: Dor de cabeça pulsátil, principalmente na região temporal;
tremor e fraqueza; sudorese; elevação abrupta da pressão arterial, principalmente a sistólica;
elevação da freqüência cardíaca e possíveis arritmias cardíacas. Nestes casos a conduta
emergencial a ser realizada limita-se a colocar o paciente sentado, para diminuir a pressão
intracraniana e a sobrecarga cardíaca, monitorar os sinais vitais, administrar oxigênio e caso
necessário instituir o suporte básico de vida (ANDRADE & RANALI, 2004).
Segundo MALAMED (1999), as reações de superdosagem geralmente apresentam um
risco clínico de grau leve a moderado, e raramente evoluem para situações extremamente graves,
inclusive casos de óbito.
Assim, segundo PÉRUSSE et al. (1992) o uso dos vasoconstritores em odontologia
deve ser evitado nos pacientes que apresentem as seguintes condições:
1- Hipertensão severa não tratada ou não controlada;
2- Doença cardiovascular grave:
- Menos de seis meses após o infarto do miocárdio;
- Menos de seis meses após o AVC;
- Cirurgia recente de ponte de artéria coronária;
- Angina pectoris instável;
24
- Arritmias cardíacas refratárias, apesar do tratamento adequado;
- Insuficiência cardíaca congestiva não tratada ou não controlada
3- Diabetes mellitus não controlado;
4- Hipertireoidismo;
5- Feocromocitoma;
6- Sensibilidade aos sulfitos;
7- Pacientes tomando antidepressivos triciclicos, compostos fenotiazínicos ou beta-
bloqueadores não seletivos;
8- Usuários de cocaína ou “crack”.
As reações alérgicas são caracterizadas como uma reação de hipersensibilidade,
adquirida pela exposição prévia ou reexposição a um determinado tipo de alérgeno, produzindo
um aumento da capacidade de reação ( FONTOURA, 2003).
De acordo com ANDRADE & RANALI (2004), quando o antígeno entra em contato
pela primeira vez com o organismo, provoca a formação de anticorpos, porém nos casos onde
ocorre o segundo contato, o organismo libera anticorpos específicos que se ligam ao antígeno,
formando o complexo antígeno-anticorpo, como os anticorpos têm afinidade pelas membranas
dos neutrófilos, basófilos e mastócitos, o complexo antígeno-anticorpo liga-se às membranas
dessas células, provocando sua lise e a liberação de substâncias químicas chamadas autacóides
que, provocam alterações vasculares e celulares de maior ou menor intensidade e gravidade.
Assim, dos autacóides destacam-se a histamina, bradicinina, prostaglandinas e SRS-a (substância
de reação lenta da anafilaxia), entre outras, que, isoladamente ou de forma coletiva, são
responsáveis pelas manifestações clínicas das reações imediatas graves, como choque anafilático,
este, que se caracteriza por uma seqüência de fenômenos patológicos que o tornam ameaçador à
vida.
25
Segundo MALAMED (1987), a evolução do choque anafilático e seus sinais e
sintomas caracteriza-se pela fase um, onde acomete a pele, olhos, nariz e trato gastrintestinal,
através dos sinais e sintomas, como: vermelhidão da pele, coceira, vergões no peito e na face,
2)Brometo de ipratrópio (inalado) 500µg/dose(2 ml) 100 µm(5 jatos)
3)Aminofilina (IV) Ataque:5-6 mg/kg
4)Corticoesteróides: Metilprednisona (IV) 40-80 mg a cada 6-8 horas
Hidrocortisona (IVou IM) 3-4 mg/kg/dose 6/6 horas
Prednisona (VO) 40-60 mg/dia em dose única
em casa
FONTE: MARTINS & SOUTO,1999.p.85.
Segundo ANDRADE & RANALI (2004), deve-se administrar salbutamol em
aerossol, oxigenoterapia com fluxo de 5 a 7 litros/minuto e não havendo regressão do quadro,
administrar por via subcutânea, 0,3 ml de adrenalina 1:1000 (ampolas com 1 ml).
Em 30 min, diluídaem soro fisiológico
35
2.2.5. DIABETES MELLITUS
De acordo com AGUIAR & SOUZA (2002), é a insuficiência total ou parcial da
concentração de insulina ou ainda falta de resposta ou resposta inadequada dos tecidos periféricos
a insulina existente. A diabetes pode manifestar-se sob duas formas: Diabetes Tipo I, ou
insulino-dependente, que se caracteriza por iniciar-se antes dos 40 anos, onde os pacientes
apresentam como característica uma grande instabilidade metabólica, com tendência a
cetoacidose. E diabetes Tipo II, ou não Insulino-independente, que geralmente inicia-se após os
40 anos, tendo como principal diferença da diabetes do tipo I, uma maior estabilidade metabólica,
e os pacientes podem ser controlados com dietas e ou hipoglicemiantes orais. O parâmetro
laboratorial é dado através dos valores glicêmicos, onde estes valores devem ser registrados em
jejum: Normal: < 110 mg/dl; Alterada: entre 110 a 128 mg/dl; Diabete: > 128 mg/dl.
O paciente diabético pode desencadear, algumas emergências metabólicas, como a
cetoacidose diabética e a hipoglicemia (AGUIAR & SOUZA, 2002).
A cetoacidose diabética é uma complicação aguda do paciente diabético,
principalmente os insulinodependentes, onde o início do quadro clínico pode preceder o episódio
por alguns dias, com o aparecimento de poliúria, polidipsia, cansaço e, posteriormente, náuseas e
vômitos, podendo levar à desidratação com alteração do nível de consciência, que varia de
confusão mental ao coma. O exame físico revela paciente desidratado, prostrado, com respiração
de Kussmaul, onde os movimentos respiratórios tornam-se profundos e rápidos; e com hálito
cetônico característico. O tratamento consiste na insulinoterapia, com dose de ataque de 0,3 U/kg
de insulina regular, endovenosa, seguida por injeção IM na dose de 0,1 U/kg/hora (MARTINS &
SOUTO, 1999).
36
A hipoglicemia, segundo KAHN & WEIR (1994), pode ser definida como glicemia
inferior a 40 mg/dl em adulto, até mesmo na ausência de sintomas. Clinicamente o paciente com
hipoglicemia pode apresentar hiperatividade autonômica, caracterizada por taquicardia,
palpitação, tremores, náuseas, fome e podendo evoluir para neuroglicopenia, que compreende
confusão mental, estupor, convulsões e coma. Nos casos de indivíduos que utilizam agentes
betabloqueadores e nos diabéticos com neuropatia autonômica, os sinais de hiperatividade
simpática podem estar ausentes, exceto sudorese.
O tratamento em pacientes com níveis de consciência preservados consiste em tabletes
contendo 0,3 g de glicose VO ou balas, açúcares etc. e em pacientes inconscientes preconiza-se
manter perviedade das vias aéreas, administração de 50 ml de glicose a 50% ou glucagon 0,1 mg
IM (MARTINS & SOUTO, 1999).
2.2.6. LIPOTÍMIA E SÍNCOPE
A lipotímia é geralmente definida como um mal-estar passageiro, caracterizado por
uma sensação iminente de desfalecimento, com palidez, sudorese, zumbidos e visão turva, onde
raramente leva à perda total da consciência. A síncope caracteriza-se como a perda repentina e
momentânea da consciência, conseqüente de uma súbita diminuição do fluxo sanguineo e
oxigenação cerebral ou precipitada por causas neurológicas ou metabólicas. Os quadros mais
freqüentes de síncope podem ser divididos em síncope vaso-vagal e em síncope vasodepressora.
A síncope vaso-vagal é desencadeada por fatores emocionais, tais como: ansiedade ao
tratamento, dor inesperada, visão de sangue e outros, podendo também ser desencadeada por
fatores não emocionais, como, fome, exaustão e debilidade física. A síncope vasodepressora
acomete geralmente os indivíduos com pavor a cadeira odontológica, onde a reação ao estresse
37
que o organismo prepara para fugir ou lutar gera um aumento do fluxo sangüíneo para os
músculos esqueléticos e quando essa vasodilatação periférica é acompanhada de uma diminuição
da freqüência cardíaca, o débito cardíaco inadequado resulta na perda da consciência. O
atendimento dos pacientes nos casos de lipotímia e síncope consiste simplesmente em
interromper o tratamento, conversar ativamente com o paciente, colocá-lo em posição supina com
os pés levemente elevados em relação à cabeça, elevando-á para trás, proporcionando assim a
passagem do ar ( ANDRADE & RANALI, 2004).
2.2.7.OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS
O risco de objetos caírem na porção posterior da cavidade oral ou na faringe é grande
durante o procedimento odontológico, o que pode levar a sua ingestão ou aspiração ( FIG.5). A
maior parte dos objetos deglutidos que passam do esôfago para o estômago e intestinos,
geralmente atravessa todo o trato gastrintestinal sem maiores problemas, podendo em alguns
casos produzir complicações como abscessos peritoneais, perfurações e peritonite. Quando tais
objetos são aspirados para o interior dos brônquios, podem produzir infecção, abscesso pulmonar,
pneumonia e atelectasia. Em ambas as situações, o exame médico e radiológico determinará o
plano de tratamento. Porém a obstrução total aguda das vias aéreas deve ser identificada e tratada
imediatamente, onde dependerá se a obstrução é parcial ou total (ANDRADE & RANALI, 2004).
38
Na obstrução parc
estranhos. Ao contrário, na ob
de falar ou emitir qualquer so
por um período que pode de
níveis de oxigênio cerebral. O
costas, inspeção com os dedo
por trás com uma mão fechad
para cima e para trás, concom
traqueostomia de emergênci
introduzida perfurando o lig
tireóide, permitindo assim a p
2004).
FIGURA 5 - Obstrução das vias aéreas
FONTE: JORGE, 2002.p.380.
ial, a tosse forçada é a forma mais efetiva na remoção de corpos
strução total, o paciente precisa de auxílio, pois o mesmo é incapaz
m, respirar ou tossir, onde o tempo da sua consciência permanece
morar de 10 segundos a 2 minutos, enquanto não se esgotam os
s procedimentos indicados nestes casos consistem em: Tapas nas
s e manobra de Heimlich , esta caracterizada por abordar o paciente
a por cima da outra, exercendo pressão abdominal subdiafragmática
itantemente com o ar expelido pelo paciente (FIG.6). E por fim a
a, também chamada de cricotireoideotomia, onde uma cânula é
amento cricotireóideo, localizado entre as cartilagens cricóide e
ermeabilidade das vias aéreas superiores (ANDRADE & RANALI,
39
2.2.8. DISTÚRBIOS C
As convulsões sã
cerebral. A atividade elétric
sendo denominada, convuls
classificar em simples (quan
de consciência). Nas convu
tônico-clônicas, onde tônic
apresenta-se rígido durante a
FIGURA 6 – Manobra de Heimlich.
FONTE: JORGE, 2002.p.380.
ONVULSIVOS
o geradas com ativação de neurônios em uma área restrita do córtex
a pode permanecer localizada ou se estender pelo restante do córtex,
ão parcial com generalização secundária. As convulsões podem se
do a consciência está preservada) ou complexas (quando há alteração
lsões generalizadas primárias são, na maioria das vezes, do tipo
o significa contração muscular sustentada, ou seja, o paciente
fase tônica da convulsão. O termo clônica quer dizer uma contração
40
muscular intermitente, com períodos curtos de relaxamento. A fase clônica é o momento real da
convulsão. As epilepsias são classificadas em idiopáticas (decorrem de um distúrbio funcional
cerebral intrínseco) e sintomáticas (refletem a existência de um processo patológico cerebral).
Os fatores etiológicos na epilepsia sintomática são: Trauma cranioencefálico, tumores
cerebrais, doenças cerebrovasculares, infecções do sistema nervoso central, tóxicos e metabólicos
(MARTINS & SOUTO, 1999).
Segundo ANDRADE & RANALI (2004), o protocolo para atendimento nas
convulsões deve ser instituído da seguinte maneira: Interrompa o tratamento; afaste qualquer
instrumento perfuro-cortante do raio de ação do paciente; não tente colocar qualquer instrumento
ou mordedor de borracha entre as arcadas, pois o risco de aspiração de fragmentos é grande,
procure apenas conter delicadamente os movimentos do paciente (principalmente os da cabeça),
cessada a convulsão, mantenha o paciente em repouso por 5 a 10 minutos, administre oxigênio (3
L/minuto) e monitorize os sinais vitais.
2.2.9. MEIOS DE PROMOVER A HEMOSTASIA EM IMPLANTODONTIA
Segundo JORGE (2002), hemorragia é a ruptura de um vaso sangüíneo, provocando a
saída de seu conteúdo, até que o sangramento seja bloqueado por algum mecanismo. As
hemorragias podem ser classificadas quanto à ruptura dos vasos sangüineos, sendo venosa (com
característica de fluxo contínuo), arterial (com fluxo pulsátil, com característica de sangue
lançado) e capilar ou em nape (com característica de sangue em lençol). As hemorragias podem
ocorrer como um acidente transoperatório e, caberá ao cirurgião-dentista executar as manobras
cirúrgicas para promover a hemostasia.
41
De acordo com PETERSON et al.(2000), existem cinco meios de obter hemostasia
das feridas. Onde o primeiro consiste em auxiliar os mecanismos hemostáticos naturais, através
da pressão com gaze sob os vasos sangrantes ou colocando-se uma pinça hemostática no vaso.
Alguns vasos pequenos necessitam, em geral, de apenas 20 a 30 segundos de pressão, enquanto
vasos grandes precisam de 5 a 10 minutos. Um segundo meio é através da termocoagulação, onde
o calor causa uma fusão da parte terminal dos vasos cortados.O terceiro meio corresponde
realizar a hemostasia por ligaduras por meio de suturas. E o quarto meio consiste em pressionar
um curativo sobre a ferida e o quinto meio consiste em colocar na ferida substâncias
vasoconstritoras, como a adrenalina, ou aplicar pró-coagulantes como o colágeno ou a trombina
comercial.
2.3. A IMPORTÂNCIA DA REDUÇÃO DA ANSIEDADE NO PRÉ-OPERATÓRIO
Segundo ANDRADE (2001), os fatores psíquicos atuam diretamente sobre o limiar
da percepção dolorosa, onde a auto-sugestão ou mesmo a sugestão de terceiros pode aumentar
significantemente a reação à dor. Em outras palavras, a ansiedade, a sobrecarga emocional e o
desequilíbrio provocado pela tensão, são fatores sempre presentes no quadro psíquico do
fenômeno doloroso, onde o tratamento odontológico geralmente induz um quadro de ansiedade e
apreensão nos pacientes. Alguns são tomados de verdadeiro pânico, muitas vezes sem uma causa
aparente, ao sentarem na cadeira do dentista.
LAUTCH, em 1971, relatou que pacientes muito ansiosos apresentaram um baixo
limiar da dor quando um elemento dental era estimulado eletricamente, comparado ao de
indivíduos sob condições normais.
42
Segundo MALAMED (1993), outra grande vantagem no uso dos ansiolíticos diz
respeito ao seu papel na prevenção das chamadas situações de emergência, como a lipotímia e a
síndrome da hiperventilação, pois parece estar bem estabelecido que a incidência dos quadros
emergenciais é muito maior em pacientes com ansiedade e apreensão mal controladas.
Os estados de ansiedade são classificados em dois grupos: o ataque de pânico e a
ansiedade generalizada. Os ataques de pânico são periódicos, podendo ocorrer inesperadamente,
consistem em um sentimento intenso de apreensão estando vinculados a uma ampla variedade de
sensações físicas perturbadoras como: Palpitações, dores no peito, sensação de asfixia, ondas de
frio e calor, sudorese, tremores, entre outros. A ansiedade generalizada caracteriza-se em
preocupação excessiva sobre questões diversas, como a incapacidade de enfrentar determinado
problema, receio de desempenho ineficiente e vinculados a algumas sensações físicas
perturbadoras, como por exemplo, espasmos e tremores, tensão muscular, fadiga, falta de ar,
taquicardia, sudorese, boca seca, diarréia, tontura, arrepio, entre outros ( GRUPO NITRO, 2002).
2.3.1. SEDAÇÃO ORAL ATRAVÉS DOS BENZODIAZEPÍNICOS
Introduzidos há 30 anos na terapêutica medicamentosa, os benzodiazepínicos têm
sido a medicação mais prescrita no mundo e atualmente são as drogas de primeira escolha para o
controle da ansiedade, pela sua eficácia e segurança clínica (ANDRADE, 2001).
Os benzodiazepínicos agem potencializando o efeito do GABA na inibição das
sinapses neuronais, particularmente no sistema límbico, o GABA (ácido gama-aminobutírico) é
um neurotransmissor endógeno liberado com o objetivo controlar as reações somáticas e
psíquicas aos estímulos geradores de estresse, sendo assim considerado como o “calmante ou
ansiolítico natural do organismo”. Suas vantagens são : diminuição do metabolismo basal,
43
retardando a absorção dos anestésicos locais; redução do fluxo salivar e o refluxo do vômito;
relaxamento da musculatura esquelética; nos pacientes hipertensos ou diabéticos, ajudam a
manter a pressão arterial ou a glicemia, respectivamente, em níveis aceitáveis; podem induzir a
amnésia.
Segundo MALAMED (1993), uma das vantagens dos benzodiazepínicos é a
prevenção da lipotímia e da síndrome de hiperventilação já que a incidência dos quadros
emergenciais é muito maior em pacientes com ansiedade e apreensão mal controladas. Outra
grande vantagem, segundo o mesmo autor, está relacionada a sua ampla segurança clínica, pois,
suas doses tóxicas (250 a 400 mg) são muito maiores que as doses terapêuticas (5 a 10 mg),
tomando-se como exemplo o diazepam.
Segundo ORELAND (1987) a sonolência é o principal efeito colateral dos
benzodiazepínicos, assim como a ataxia, confusão mental, visão dupla, depressão, cefaléia,
aumento ou diminuição da libido, incoordenação motora e, em especial, a farmacodependência,
geralmente em tratamento prolongado.
Diante do uso dos benzodiazepínicos em implantodontia, os mesmos estão contra-
indicados nas seguintes situações: Gestantes (primeiro trimestre e ao fim da gestação); pacientes
portadores de glaucoma ou miastenia grave; alcoólatras crônicos, pois o álcool além de
potencializar o efeito depressor dos ansilolíticos, induz a uma maior metabolização hepática
desses compostos; pacientes com hipersensibilidade aos benzodiazepínicos (ANDRADE, 2001).
Os benzodiazepínicos mais empregados na odontologia estão listados na TAB. 3.
44
TABELA 3
Benzodiazepínicos mais comumente empregados em Odontologia.
Nome Comercial
Nome Genérico
Bromazepam Lexotam® 0,0
Diazepam Valium® 0,2
Midazolam Dormonid® 0,0
Lorazepam Lorax ® 0,0
Alprazolam Frontal® 0,0
FONTE: ANDRADE, 2001.p.43 ; ANDRADE
Segundo BARROS & LOPES
benzodiazepínico comercializado nos EUA des
escolhidos para a pré-medicação, por possui
medicamento hidrossolúvel de rápida metaboliz
Segundo REVES et al. (1987
benzodizepínico, o midazolam pode ter uma po
A meia-vida de eliminação do mida
nas pessoas idosas e seu pico de ação entre 30 m
variar de duas a quatro horas (DEF 2002/2003)
Segundo RICHTER (1981), a fun
normal dentro de quatro horas após a administr
Apresentação
5 a 0,1 mg/kg oral c
a 0,5 mg/kg IV e oral c
5 a 0,15 mg/kg IV e oral c
3 a 0,05 mg/kg c
1 a 0,02 mg/kg c
&RANALI, 2004.p.25.
(2003), o maleato de
de 1975, e está entre os age
r propriedades físico-quími
ação.
), por ter grande afin
tência três a cinco vezes ma
zolam é de 1,5 a 2,5 horas,
inutos a uma hora e a dura
.
ção mental do paciente reto
ação.
Dose Usual
omp. 3 e 6 mg
omp. 5 e 10 mg
omp. 7,5 e 15 mg
omp. 1 e 2 mg
omp. 0,25 e 0,5 mg
midazolam é um
ntes mais comumente
cas que o fazem um
idade pelo receptor
ior que o diazepam.
porém pode ser maior
ção do seu efeito pode
rna habitualmente ao
45
CHAIA, em 2001, avaliou as médias aritméticas da saturação de oxigênio, freqüência
cardíaca e pressão arterial de 120 pacientes submetidos à exodontia dos terceiros molares
inclusos. Neste estudo comparativo, foi mantido um grupo de controle (sem medicação) e, em
outros três grupos, foram utilizados por via oral os seguintes medicamentos: diazepam (10 mg),
bromazepam (6 mg) e midazolam (15 mg). Os resultados mostraram uma efetividade maior na
manutenção dos parâmetros analisados no grupo em que se utilizou midazolam e que houve uma
diferença significativa em praticamente todas as médias aritméticas obtidas, em relação ao grupo
controle.
2.3.2. SEDAÇÃO CONSCIENTE ATRAVÉS DE ÓXIDO NITROSO (N2O)
Segundo ORLANDO ( 2003), a sedação consciente com óxido nitroso, ocorre através
da aspiração de uma mistura dos gazes N2O (óxido nitroso) com O2 (oxigênio) onde ao ser
inalado, o N2O é transportado pelo sangue, atuando no nível do córtex cerebral, produzindo
suave depressão. A sedação consciente através do óxido nitroso apresenta como principais
vantagens: não se combina com nenhuma estrutura do sangue ou do corpo humano, fato este por
ser praticamente insolúvel; rápida reversibilidade sedatória e mínima possibilidade de efeitos
colaterais; odor agradável e adocicado, sendo imediatamente eliminado sem ser metabolizado,
com pico de sedação de três a cinco minutos. A proporção média dos gases é de 50 a 70 % de
N2O e 30 % de O2, garantindo que o paciente não receba mais N2O do que suporta e nem O2 do
que precisa. A aparelhagem que a técnica da sedação consciente requer é composta de:
Fluxômetro, oxímetro de pulso, válvulas reguladoras de pressão, máscaras inalatórias,
46
mangueiras, cilindros de O2 (comercialmente apresenta-se no Brasil com a cor verde) e N2O
(este com a cor azul), e por último, aparelho de pressão ( FIG.7).
O protocolo para analgesia consciente com óxido nitroso segundo o grupo Nitro
consiste em iniciar com 6 L / minuto de oxigênio puro, e após dois minutos, instituir o inicio da
mistura com a titulação de 10 % de óxido nitroso, aumentando a cada minuto em 10% a
concentração de óxido nitroso, até atingir o nível ideal de sedação ( GRUPO NITRO, 2002).
Caso o paciente apresente algum sinal clínico de aprofundamento da sedação, a
conduta inicial é reduzir imediatamente a quantidade de óxido nitroso, e na persistência dos
sintomas, abortar a sedação e o procedimento clínico, e manter o paciente por um período de
cinco a oito minutos de oxigênio a 100% (GRUPO NITRO, 2002).
FIGURA 7 - Sedação consciente através de óxido nitroso.
47
A inalação, e conseqüentemente a contra-indicação do uso da técnica da sedação
consciente com óxido nitroso incui: pacientes com obstrução das vias respiratórias; pacientes
portadores de doenças pulmonares obstrutivas crônicas; pacientes psicóticos; pacientes que
utilizam medicação psicotrópica e pacientes com problemas comportamentais severos
(ORLANDO, 2003).
A American Dental Association recomenda enquadrar a sedação consciente como
uma espécie de diminuição mínima do nível de consciência do paciente, incapaz de afetar sua
habilidade de respiração automática e a capacidade de responder apropriadamente à estimulação
física e ao comando verbal. Já a anestesia geral seria um tipo de sedação profunda e se postularia
como um estado controlado de inconsciência, acompanhado pela perda parcial da respiração
independente e resposta voluntária à estimulação física do paciente (ORLANDO, 2003).
2.4. NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS NO ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO
O objetivo dos primeiros socorros na odontologia é proporcionar o suporte básico de vida,
sendo o elemento fundamental para manter o paciente vivo, até a chegada do socorro médico. O cirurgião-
dentista deverá estar preparado para manter a saúde e a vida de seu paciente, tendo assim a necessidade de
se promover um sistema de alerta para que todos do consultório parem o que estejam fazendo e iniciem
um processo de emergência, que deverá seguir a seguinte seqüência: chamar a ambulância; ter em mãos o
kit de emergência , descrito na TAB. 4; observar os sinais vitais; administrar e prescrever as medicações;
auxiliar a respiração com ambú; efetuar o suporte básico de vida e se necessário dar inicio as manobras de
ressucitação cárdio pulmonar (CARVALHO, 2003).
48
Segundo ANDRADE & RANALI (2004), o suporte básico de vida ou o ABC da vida deve
ser usado em todas as urgências e emergências médicas, seguindo as seguintes etapas:
A – Consiste em proporcionar a abertura das vias aéreas superiores, onde se deve remover
qualquer objeto da cavidade oral, que possa obstruir a passagem do ar, realizar em seguida a hiperextensão
da cabeça, pois esta é a principal causa de obstrução das vias aéreas em pessoas inconscientes, por
acarretar na queda da língua (FIG. 8 a 11).
FIGURA 8- Glossopitose (obstrução da traquéia pela epiglote, atravésda queda da língua)
FONTE: JORGE ,2002. p. 376.
49
FIGURA 9 - Hiperextensão da cabeça ( ângulo reto entre o mento
e o occipital)
FIGURA 10 – Após a manobra de hiperextensão a língua tende asair, o mínimo possível promovendo a liberação das vias aéreas.
FONTE : JORGE, 2002. p. 376.
50
B – Sign
através da expansão d
paciente não esteja
Respiração boca-a-bo
pelas narinas (FIG.1
intubação orotraqueal
glote, executar o acess
FIGURA 11 - Tracionamento da epiglote ( liberação datraquéia)
ifica boa ventilação, pois, consiste em ver, ouvir e sentir a respiração do paciente,
o tórax ou encostando o ouvido perto do nariz e da boca do paciente, porém caso o
respirando, executar a ventilação artificial através dos seguintes procedimentos:
ca , onde deverá ocorrer a obstrução nasal para que o ar insuflado na boca não saia
2); máscara-ambú (FIG.13), máscara-boca, máscara-ambú-cilindro de oxigênio,
( FIG. 14) e por último nos casos de obstrução severa das vias aéreas e/ou edema de
o por via cirúrgica, através da cricotireostomia ( FIG.15).
FIGURA 12 - Boca-a-boca (face shield)
51
FIGURA 13 -Máscara-Ambú
FIGURA 14 -Tubo Orotraqueal + Ventilação (ambú).
52
Tubo Orotraqueal +
Ventilação (ambú)
A
B
C
D
FIGURA 15 – Cricotireostomia: A- Hiperextensão da cabeça; B e C- EspaçoCricóide (Tireóide e a Cricóide) e introdução do jelco(14) na traquéia; D- Jelcosem agulha.
53
C - Corresponde a verificação da circulação do paciente, sendo realizada através da
verificação do pulso carotídeo do paciente, este situado entre a traquéia e o músculo
esternocleidomastóideo, porém caso o pulso esteja presente, controle-o atentamente concomitantemente
com a respiração, e aguarde a recuperação completa do paciente e/ou aguarde o socorro avançado. A
ausência do pulso carotídeo pode significar parada cardiorespiratória, significando assim, que temos um
tempo médio de 3 minutos para reanimarmos o paciente e mantê-lo vivo até a chegada do socorro
avançado. Nesta situação temos que abrir mão das manobras de massagem cardíaca externa. Os sinais e
sintomas da parada respiratória são caracterizados por: inconsciência e ou agitação psicomotora; tórax
imóvel; ausência de movimentos respiratórios; cianose de extremidades e queda na oximetria de pulso. O
diagnóstico necessário para se ter como parâmetro se o cirurgião-dentista deverá ou não dar
inicio as manobras de ressucitação cárdio pulmonar será fornecido pela ausência de pulso, e a
reanimação cárdio pulmonar deverá perdurar por um período de tempo máximo de 4 a 6 minutos, para
assim evitar danos cerebrais, tendo como seu maior objetivo fornecer suporte cardíaco e respiratório até a
chegada de socorro avançado. A técnica para execução das manobras de ressucitação cárdio pulmonar
segue o seguinte protocolo: liberação as vias aéreas superiores, com a desobstrução de qualquer corpo
estranho na região de orofaringe; promoção da ventilação às custas da respiração artificial boca a boca,
insuflando o ar por via oral aos pulmões, recomenda-se também a utilização de máscaras oronasofacial,
quando em presença de oxigênio; colocar o paciente sobre uma superfície rígida e horizontal; realizar a
hiperextensão cervical e dar início as manobras de massagem cardíaca externa (MCE). As manobras para
a realização da massagem cardíaca externa deverão seguir as seguintes regras: Inicia-se com a ventilação
(respiração artificial); para cada três MCE (massagem cardíaca externa) uma ventilação, onde após o
término do ciclo de aproximadamente doze manobras, verifica-se o resultado, através do retorno
do pulso ( FIG.16 e 17) (ANDRADE & RANALI, 2004).
54
FIGURA 16 – Respiração boca a boca. Detalhe daobstrução do nariz para que o ar insuflado na bocanão saia pelas narinas.
FONTE: CARDOSO & GONÇALVES,2002. p.377.
FIGURA 17- Compressão dígito palmar da caixa toráxica de encontroao coração (2 dedos acima da apófise xifóide).