1 INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DE QUEDAS PARA IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS (IAQI ILPI): INCLUSÃO NO PRONTUÁRIO DO RESIDENTE RESUMO Trata-se de pesquisa descritiva com abordagem qualitativa, desenvolvida em uma ILPI de Florianópolis, SC. O objetivo foi analisar a aplicabilidade do Instrumento de Avaliação de Quedas em Idosos (IAQI ILPI) e propor sua inclusão no Prontuário do Residente. O estudo contou com a participação de três enfermeiras e 13 idosos. A coleta ocorreu em 2016, mediante utilização de questionário de avaliação. Os resultados apontam que é de extrema importância a qualificação de profissionais que desempenham o atendimento em ILPI’s, pois o enfermeiro torna-se o elo entre os diferentes profissionais e também entre o idoso e sua família. A adoção do prontuário pelos profissionais de saúde colabora com a qualidade do serviço prestado. O IAQI ILPI é instrumento relevante para as identificações de fatores que predispõe às quedas em idosos residentes, possibilitando prevenção dos acidentes, qualificação do cuidado e segurança do paciente. Descritores: Idoso. Acidentes por Quedas. Instituição de Longa Permanência para Idosos. INTRODUÇÃO A Organização Mundial de Saúde estima que até 2025, o Brasil será o sexto país do mundo com mais pessoas idosas. Entre os anos de 1980 e 2000, houve aumento de idosos no país, totalizando crescimento de 7,3 milhões entre pessoas de 60 anos ou mais. Isto se dá pelo aumento da expectativa de vida dos idosos, que passaram a viver mais em vários países do mundo. Assim sendo, a diminuição da taxa de fertilidade combinado com a longevidade tendem a caracterizar uma população em envelhecida (WHO, 2005). A consequência do envelhecimento da população passa a favorecer a demanda pela institucionalização dos idosos. No entanto, os idosos que vivem nessas instituições passam a viver entre limites, com normas e rotinas não escolhidas por eles próprios, em um espaço projetado para atendimento coletivo, com separação do espaço institucional da vida sociocomunitária e da vida familiar (FALEIROS; MORANO, 2009). Gomes et. al, (2004) realizou um estudo onde identificou que idosos que vivem em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) apresentam diferenciações funcionais e sociais quando comparados a idosos que vivem na comunidade. Isto pode ser atribuído ao fato de que os idosos institucionalizados, geralmente, tendem ao sedentarismo, incapacidade funcional e ausência familiar, fatos estes que podem influenciar no processo de adoecimento. Assim sendo, um dos agravos mais significantes e que interferem na qualidade de vida desta população é a queda. Estudos apontam que, aproximadamente 50 % de residentes em ILPI’s sofrem ao menos uma queda no período de um ano (FERREIRA; YOSHITOME, 2010).
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INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DE QUEDAS PARA IDOSOS ... · Quedas em Idosos Institucionalizados no Prontuário do Residente. METODOLOGIA Trata-se de pesquisa descritiva com abordagem
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INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DE QUEDAS PARA IDOSOS
INSTITUCIONALIZADOS (IAQI ILPI): INCLUSÃO NO PRONTUÁRIO DO
RESIDENTE
RESUMO
Trata-se de pesquisa descritiva com abordagem qualitativa, desenvolvida em uma ILPI de
Florianópolis, SC. O objetivo foi analisar a aplicabilidade do Instrumento de Avaliação de
Quedas em Idosos (IAQI ILPI) e propor sua inclusão no Prontuário do Residente. O estudo
contou com a participação de três enfermeiras e 13 idosos. A coleta ocorreu em 2016, mediante
utilização de questionário de avaliação. Os resultados apontam que é de extrema importância a
qualificação de profissionais que desempenham o atendimento em ILPI’s, pois o enfermeiro
torna-se o elo entre os diferentes profissionais e também entre o idoso e sua família. A adoção
do prontuário pelos profissionais de saúde colabora com a qualidade do serviço prestado. O
IAQI ILPI é instrumento relevante para as identificações de fatores que predispõe às quedas em
idosos residentes, possibilitando prevenção dos acidentes, qualificação do cuidado e segurança
do paciente.
Descritores: Idoso. Acidentes por Quedas. Instituição de Longa Permanência para Idosos.
INTRODUÇÃO
A Organização Mundial de Saúde estima que até 2025, o Brasil será o sexto país do
mundo com mais pessoas idosas. Entre os anos de 1980 e 2000, houve aumento de idosos no
país, totalizando crescimento de 7,3 milhões entre pessoas de 60 anos ou mais. Isto se dá pelo
aumento da expectativa de vida dos idosos, que passaram a viver mais em vários países do
mundo. Assim sendo, a diminuição da taxa de fertilidade combinado com a longevidade tendem
a caracterizar uma população em envelhecida (WHO, 2005).
A consequência do envelhecimento da população passa a favorecer a demanda pela
institucionalização dos idosos. No entanto, os idosos que vivem nessas instituições passam a
viver entre limites, com normas e rotinas não escolhidas por eles próprios, em um espaço
projetado para atendimento coletivo, com separação do espaço institucional da vida
sociocomunitária e da vida familiar (FALEIROS; MORANO, 2009).
Gomes et. al, (2004) realizou um estudo onde identificou que idosos que vivem em
Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) apresentam diferenciações funcionais e
sociais quando comparados a idosos que vivem na comunidade. Isto pode ser atribuído ao fato
de que os idosos institucionalizados, geralmente, tendem ao sedentarismo, incapacidade
funcional e ausência familiar, fatos estes que podem influenciar no processo de adoecimento.
Assim sendo, um dos agravos mais significantes e que interferem na qualidade de vida
desta população é a queda. Estudos apontam que, aproximadamente 50 % de residentes em
ILPI’s sofrem ao menos uma queda no período de um ano (FERREIRA; YOSHITOME, 2010).
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Em 2015 foi proposto por Cardoso o prontuário do residente, que tem como objetivo a
aplicação de um modelo de prontuário multiprofissional para otimização do cuidado de idosos
institucionalizados e facilitação da rotina dos profissionais que atuam em ILPI’s. Este
prontuário aborda aspectos como identificação do residente, anamnese, exame físico, histórico,
diagnóstico e prescrições de enfermagem, prescrição médica, avaliação cognitiva (Mini-
mental), avaliação afetiva (escala de depressão geriátrica de Yesavage), avaliação funcional
(Katz-ABVD), avaliação social – histórico de vida. No entanto, falta a parte de avaliação para
riscos de quedas.
Diante isto, este trabalho tem como objetivo a inclusão do Instrumento de Avaliação de
Quedas em Idosos Institucionalizados no Prontuário do Residente.
METODOLOGIA
Trata-se de pesquisa descritiva com abordagem qualitativa, desenvolvida em uma
Instituição de Longa Permanência para Idosos, no município de Florianópolis, Estado de Santa
Catarina, que teve como objetivo analisar a aplicabilidade do Instrumento de Avaliação de
Quedas em Idosos e propor sua inclusão no Prontuário do Residente. Essa ILPI trata-se de uma
instituição particular, mista, de cunho religioso, que conta atualmente com 27 idosos residentes,
com capacidade para 29.
O estudo contou com a participação de três enfermeiras que trabalham no local, que
aplicaram o IAQI ILPI - Instrumento de Avaliação de Quedas em Idosos Institucionalizados
em idosos residentes da Instituição. Ao todo, participaram do estudo 13 idosos – que foram
selecionados através de sua condição física para deambular e sua capacidade cognitiva
preservada.
A coleta ocorreu no período de setembro e outubro de 2016, onde foram aplicados os
questionários (IAQI ILPI) nos idosos, pelas enfermeiras. Após, as enfermeiras responderam
questionário de avaliação sobre o instrumento aplicado, sugerindo, se assim fosse, melhorias.
Os tópicos incluídos neste questionário de avaliação foram:
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TÓPICOS DESCRIÇÃO
Identificação Tempo de atuação na ILPI; tempo de formação; experiências
anteriores
Análise do
Instrumento de
Avaliação de Quedas
em Idosos
Institucionalizados
segundo as
Enfermeiras
a) Você apresentou alguma dificuldade para aplicação do
instrumento?
b) Após aplicação do instrumento, você conseguiu identificar quais
fatores de risco são mais eminentes a ocasionar queda no idoso?
c) Você considera que o Instrumento abordou todos os aspectos que
podem influenciar na queda ao idoso institucionalizado?
d) Você considera o IAQI-Institucionalizado um instrumento útil a ser
utilizado na prevenção de quedas em idosos institucionalizados?
e) Você gostaria de fazer alguma sugestão ou crítica?
Quadro 1: Tópicos incluídos no questionário de avaliação pelas enfermeiras acerca da
aplicação do IAQI ILPI.
Os sujeitos incluídos no processo de amostragem somente foram analisados
após aceitarem participar da pesquisa, mediante assinatura do termo de consentimento
livre e esclarecido, submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos
(CEPSH) da UFSC.
RESULTADOS
O tempo de atuação das enfermeiras, que participaram do estudo, na ILPI de
atuação é de dois anos para duas enfermeiras e de dez meses para a terceira enfermeira.
Quanto ao tempo de formação, uma é formada há quatro anos, outra há dois anos e a outra
há um ano e dez meses. Nenhuma das três enfermeiras tiveram outra experiência
profissional na área.
Com relação à análise do Instrumento de Avaliação de Quedas em Idosos (IAQI)
Institucionalizados, duas das três enfermeiras apresentaram dificuldades para aplicação
do instrumento. A primeira relata falta de tempo para aplicação do questionário e a
segunda que algumas questões deveriam ser perguntadas para a família, pois o idoso não
sabia responder. Ambas alegam que os idosos não sabem responder questões como
vacinação, última consulta ao oftalmologista, histórico de quedas, entre outros.
A resposta das enfermeiras foi unanime quando a facilidade para identificação dos
fatores de risco mais eminentes a ocasionar quedas nos idosos, com a aplicação do
instrumento IAQI ILPI: as três enfermeiras acham possível a identificação destes fatores
após a aplicação do questionário.
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Sobre a consideração de que o IAQI ILPI aborda todos os aspectos que podem
influenciar na queda do idoso, todas as participantes alegam que não, pois no tópico que
aborda exame físico e neurológico, somente foi avaliado a visão. Permanecendo ausente
a avaliação cognitiva.
As três participantes consideram que o IAQI ILPI como instrumento útil a ser
utilizado na prevenção de quedas em idosos.
No campo de sugestões ou críticas, apareceram os seguintes tópicos:
ITEM DESCRIÇÃO SUGESTÃO/CRÍTICA
item II – Diagnósticos
Prévios
não há espaço para
acréscimos de outros
diagnósticos que não
estejam listados;
Opção de “outro” e espaço
para preenchimento
item IV – Vacinação
este item não contempla
todas as vacinações do
idoso e não há espaço para
colocação caso o residente
não obtenha esta
informação;
Inclusão de espaço em
branco para preenchimento
de outras vacinas e opção
para assinalar quando o
idoso não tem a informação.
Item VII – Eliminações
não possui a característica
“normal” ou “sem
alterações”
Inclusão destas categorias
Item Jogos não possui alternativa para
quem não joga;
Inclusão desta categoria
Item VIII – Exame físico e
Neurológico
só aborda a questão da
visão e não tem opção para
quem não lembra da
última consulta com o
oftalmologista;
Inclusão da questão auditiva
e cognitiva e opção para
quando o idoso não lembra
da última visita ao médico.
Item X – Cuidado
Corporal
não tem opção se é com ou
sem auxílio
Inclusão desta categoria
Item IX – Histórico de
Quedas
não tem muitas opções
para quem não apresentou
nenhuma queda, o que
pode gerar dúvida na hora
da leitura do questionário:
não houve nenhuma queda
ou não foi marcado pelo
aplicador?
Inclusão de campos para
serem preenchidos quando o
idoso não apresentou
nenhuma queda.
Quadro 2: Descrição das sugestões feitas pelas enfermeiras e propostas de melhoria.
Deste modo o IAQI ILPI proposto está apresentado na sequência: