INSTITUTO POLITCNICO DE COIMBRA
Escola Superior de Tecnologia da Sade de Coimbra
COMPARAO DO MOVIMENTO ARTICULAR, FORA MUSCULAR, FUNO
FSICA E ESTADO DE SADE RELACIONADO COM O JOELHO ENTRE
ATLETAS
DE TAEKWONDO E INDIVDUOS FISICAMENTE ATIVOS.
Dissertao elaborada com vista obteno do Grau de Mestre em
Fisioterapia, na
especialidade do Movimento Humano.
Orientador: Professor Doutor Rui Miguel Monteiro Soles
Gonalves
Coorientador: Professor Doutor Joo Jos Carreiro Pscoa
Pinheiro
JOO LUS DE SOUSA BRAGA PEREIRA
2013
ii
iii
RESUMO
OBJETIVOS: A arte marcial taekwondo uma modalidade olmpica,
originria da Coreia.
O presente estudo teve como principais objetivos 1) comparar
bilateralmente o movimento
articular (ativo e passivo), fora muscular, funo fsica e estado
de sade relacionado com
a articulao do joelho entre taekwondistas e indivduos
fisicamente ativos (IFA) e 2)
determinar se houve diferenas de resultados entre membros
inferiores dominantes e no
dominantes, aplicando os mesmos testes em cada grupo. MATERIAIS
E MTODOS:
Foram examinados dezoito taekwondistas (idade: 26,2 6,2 anos;
peso: 77,6 11,1 kg;
estatura: 175,7 5,8 cm; ndice massa corporal (IMC): 25,1 3,0
kg/m2) e dezoito IFA
masculinos (idade: 26,0 5,0 anos; peso: 68,4 8,6 kg; estatura:
173,1 7,4 cm; IMC:
22,8 2,5 kg/m2). Executaram-se avaliaes bilaterais da articulao
do joelho para a
mobilidade articular (active knee extension, active knee
flexion, passive knee extension e
passive knee flexion), funcionalidade (single hop, triple hop,
crossover hop e Six-m hop
test), fora muscular (dinamometria isocintica com um protocolo
concntrico e excntrico
para movimentos de flexo e extenso velocidade 60s-1
e 180s-1
) e do seu estado de
sade (KOOS). RESULTADOS: Os taekwondistas demonstraram ser
significativamente
mais pesados com maior IMC e apresentaram uma distribuio
diferente no lado
dominante do membro inferior, comparativamente aos IFA. Na
mobilidade articular, os
taekwondistas manifestaram maior flexibilidade dos isquiotibiais
(bilateralmente) e
executaram com maior fora a maioria dos movimentos isocinticos
testados (N.m) e dos
grupos musculares flexores em modo excntrico s velocidades
60s-1
e 180s-1
do
membro no dominante (N.m.kg-1
). A razo I/Q (convencional e funcional) sugere que
ambos os grupos so funcionalmente equilibrados e as diferenas
bilaterais de fora
muscular e movimento articular sugerem dfices normais. Nos hop
tests, o ndice de
simetria refletiu boa funcionalidade dos membros inferiores e a
pontuao do KOOS
sugeriu bom estado de sade relacionado com a articulao do joelho
em ambos os grupos.
Nos resultados intragrupos, os IFA tiveram maior flexibilidade
do msculo reto femoral no
membro dominante e maior mobilidade na extenso passiva no membro
no dominante. Os
taekwondistas tiveram uma razo I/Q (convencional e funcional)
superior a velocidades
mais altas e os IFA na razo convencional a velocidades baixas,
ambos para o membro
dominante. CONCLUSO: Os dois grupos apresentaram resultados
semelhantes para a
mobilidade articular, fora muscular, funo fsica e estado de sade
relacionado com a
articulao do joelho.
Palavras-chave: movimento articular, fora muscular, funo fsica,
estado de sade, articulao do joelho.
iv
ABSTRACT
OBJETIVES: The martial art taekwondo is an olympic sport,
originating in Korea. The
first aim of this study was 1) to compare bilateral articular
motion (active and passive),
muscle strength, physical function and health status related to
the knee joint between
taekwondo athletes and physically active individuals (PAI) and
2) to determine if there
were differences in results between dominant and non-dominant
legs, applying the same
tests for each group. MATERIALS AND METHODS: Were examined
eighteen
taekwondo athletes (age: 26,2 6,2 years; weight: 77,6 11,1 kg;
height: 175,7 5,8 cm,
body mass index (BMI): 25,1 3,0 kg/m2) and eighteen PAI male
(age: 26,0 5,0 years,
weight: 68,4 8,6 kg; height: 173,1 7,4 cm; BMI: 22,8 2,5 kg/m2).
Were performed
bilateral evaluations on both knees to articular motion (active
knee extension, active knee
flexion, passive knee extension and passive knee flexion),
functionality (single hop, triple
hop, crossover hop and Six-m hop tests), assessment of muscle
strength (isokinetic
dynamometry with a protocol for concentric and eccentric
movements of flexion and
extension at speeds of 60s-1
and 180s-1
) and health status related to the knee joint
(KOOS). RESULTS: Taekwondo athletes were significantly heavier
with higher BMI and
showed also a different distribution on the dominant side of the
lower limb, compared to
PAI. In the articular motion, taekwondo athletes showed greater
hamstring flexibility (both
knees) and executed with greater strength most of the isokinetic
movements tests (N.m)
and greater strength in flexion eccentric speed 60s-1
and 180s-1
of the non-dominant
limb (N.m.kg-1
). The hamstring/quadriceps strength ratios (conventional and
functional)
suggest that both groups are functionally balanced and bilateral
differences suggest normal
deficits in muscle strength and articular motion. In the hop
tests, the symmetry index
reflected good functionality of the lower limbs and the KOOS
scores suggested good
health-related to knee in both groups. In intragroup results,
the PAI had greater flexibility
of the rectus femoris in the dominant limb and greater passive
knee extension in the non-
dominant limb. Taekwondo athletes had greater
hamstring/quadriceps strength ratios at
higher speeds (conventional and functional) and PAI had greater
conventional ratios at
lower speeds, both to the dominant lower limb. CONCLUSION: The
two groups had
similar results for articular motion, muscle strength, physical
function and health status
related to the knee.
Keywords: articular motion, muscle strength, physical function,
health status, knee joint.
v
vi
AGRADECIMENTOS
A realizao desta Dissertao de Mestrado s foi possvel graas
colaborao e ao
contributo de vrias pessoas, s quais gostaria de exprimir o meu
agradecimento e
profundo reconhecimento:
Ao Prof. Doutor Rui Soles Gonalves pela sua orientao preciosa e
rigorosa durante todo
o acompanhamento dado neste trabalho. O rigor cientfico do Prof.
Rui Soles Gonalves
foi uma mais-valia para poder desenvolver um projeto que h muito
gostaria de
concretizar. Aqui fica o meu maior apreo e reconhecimento.
Ao Prof. Doutor Joo Pscoa Pinheiro pela sua coorientao. A
experincia e
conhecimentos do Prof. Joo Pscoa Pinheiro permitiram-me aprender
e a transmitir essas
competncias para a concretizao deste estudo. Muito obrigado.
Aos treinadores Pedro Machado, Sebastio Fernandes e Rogrio
Macieira por toda a sua
colaborao e apoio ao incentivar os seus atletas para a
participao neste estudo. Sem
dvida foi uma grande ajuda para obter um maior nmero de
participantes. Muito
obrigado.
Aos atletas e aos meus amigos que participaram na realizao deste
estudo. A sua
disponibilidade e tempo despendido foram cruciais para poder
concluir com sucesso este
trabalho. Sem eles, a concretizao deste trabalho no seria
possvel. Bem hajam!
Filipa Pereira pelo apoio incondicional que me proporcionou ao
longo de todo o
percurso acadmico. O incentivo pessoal e profissional que a
Filipa Pereira me transmitiu,
ajudou a superar obstculos que sem a sua ajuda, seriam mais
difceis de ultrapassar. Muito
obrigado.
Ao meu Pai e Salete por perceberem a importncia que este estudo
tem para mim. As
suas opinies sinceras deram-me fora para poder continuar a
trabalhar no meu
desenvolvimento pessoal e profissional. Muito obrigado.
vii
viii
NDICE
RESUMO
.................................................................................................................................
iii
ABSTRACT
.............................................................................................................................
iv
AGRADECIMENTOS
............................................................................................................
vi
NDICE DE TABELAS
...........................................................................................................
x
NDICE DE APNDICES
......................................................................................................
xi
LISTA DE ABREVIATURAS
..............................................................................................
xii
1. INTRODUO
...................................................................................................................
1
1.1. Enquadramento
.............................................................................................................
1
1.2. Questes de investigao
.............................................................................................
2
2. REVISO DA LITERATURA
..........................................................................................
4
2.1. Caracterizao da arte marcial taekwondo
...................................................................
4
2.2. Caracterizao do movimento articular do joelho em
taekwondistas e indivduos
fisicamente ativos
.........................................................................................................
6
2.2.1. Importncia da flexibilidade muscular no movimento
articular... 6
2.2.2. Fatores que influenciam a flexibilidade
............................................................ 8
2.3. Fora isocintica dos msculos extensores e flexores da
articulao do joelho em
taekwondistas e indivduos fisicamente ativos
........................................................... 10
2.3.1. Caractersticas da fora isocintica dos msculos extensores
e flexores
da articulao do joelho
.....................................................................................10
2.3.2. Perfis isocinticos da fora dos msculos extensores e
flexores da
articulao do
joelho..........17
2.3.3. Avaliao isocintica da fora muscular..18
2.4. Representao da funo fsica para o membro inferior
............................................ 18
2.5. Estado de sade da articulao do joelho
...................................................................
22
3. MATERIAIS E MTODOS
.............................................................................................
26
3.1. Amostra
......................................................................................................................
26
ix
3.2. Medies
....................................................................................................................
26
3.2.1. Active Knee Extension (AKE)
...........................................................................26
3.2.2. Active Knee Flexion (AKF)
...............................................................................27
3.2.3. Passive Knee Extension (PKE) e Passive Knee Flexion (PKF)
...................28
3.2.4. Gonimetro universal
........................................................................................28
3.2.5. Dinamometria isocintica
..................................................................................29
3.2.6. Hop-tests
..............................................................................................................31
3.2.7. Knee and Osteoarthritis Outcome Score (KOOS)
.........................................31
3.2.8. Escala de atividade Tegner
................................................................................32
3.2.9. Procedimentos de testagem
...............................................................................33
3.2.10. Procedimentos adotados para a medio das amplitudes de
mobilidade
articular dos testes AKE e AKF
.......................................................................33
3.2.11. Procedimentos adotados para a medio das amplitudes de
movimento
articular dos testes PKF e PKE
.........................................................................35
3.2.12. Procedimentos adotados para a aplicao das provas
isocinticas ..............35
3.2.13. Procedimentos adotados para a aplicao dos hop tests
...............................36
3.2.14. Procedimentos adotados para a aplicao do questionrio
KOOS ..............38
3.3. Anlises estatsticas
....................................................................................................
39
4. RESULTADOS
..................................................................................................................
40
4.1. Caractersticas dos participantes
................................................................................
40
4.2. Perfil bilateral de movimento articular, fora muscular,
funo fsica e estado de
sade relacionado com a articulao do joelho
.......................................................... 42
5. DISCUSSO
......................................................................................................................
52
6. CONCLUSES
..................................................................................................................
76
7. REFERNCIAS
................................................................................................................
79
8. APNDICES E ANEXOS
.................................................................................................
90
x
NDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Idade, peso, estatura e IMC dos participantes (N =
36). ......................................... 40
Tabela 2 - Membro inferior dominante dos participantes
........................................................ 41
Tabela 3 - Anos de prtica, volume semanal de prtica e durao mdia
de cada sesso de
prtica dos participantes.
.....................................................................................................
41
Tabela 4 - Graduao por cor de cinto dos taekwondistas.
...................................................... 42
Tabela 5 - Atividades desportivas de carter recreativo
praticadas pelos indivduos
fisicamente ativos.
...............................................................................................................
42
Tabela 6 - Movimento articular registado por goniometria na
articulao do joelho
bilateralmente para os testes AKE, AKF, PKE e PKF () e suas
diferenas bilaterais (). . 43
Tabela 7 - Fora muscular exercida pelos msculos flexores e
extensores da articulao do
joelho nos modos concntrico e excntrico s velocidades de 60s-1 e
180s-1
bilateralmente, razo I/Q convencional e funcional (%) e
diferenas bilaterais (%). ......... 45
Tabela 8 - Fora muscular exercida pelos msculos flexores e
extensores da articulao do
joelho nos modos concntrico e excntrico a velocidades 60s-1 e
180s-1
bilateralmente com normalizao do peso corporal (N.m.kg-1).
........................................ 47
Tabela 9 - Funo fsica registada atravs da distncia percorrida
nos testes SHTD, THTD,
CHTD (cm) e tempo despendido no SixHTT (s) bilateralmentes e
seus ndices de simetria
(%).
......................................................................................................................................
48
Tabela 10 - Pontuao obtida no KOOS sobre o estado de sade
relacionado com a
articulao do joelho em taekwondistas e indivduos fisicamente
ativos. .......................... 49
Tabela 11 - Scores obtidos bilateralmente para a articulao do
joelho nos testes AKE, AKF,
PKE, PKF (), fora muscular (N.m), razes I/Q (%), SHTD, THTD,
CHTD (cm) e
SixHTT (s) dos taekwondistas e indivduos fisicamente ativos.
......................................... 50
xi
NDICE DE APNDICES
Apndice 1 - Carta de explicao do estudo e do consentimento
informado...
Apndice 2 - Ficha de registo dos parmetros antropomtricos e
caractersticas do treino
dos taekwondistas..........
Apndice 3 - Ficha de registo dos parmetros antropomtricos e
caractersticas da prtica
de atividades desportivas de carcter recreativo.
Apndice 4 - Ficha de registo da mobilidade articular.
Apndice 5 - Ficha de registo dos hop test
90
93
94
95
97
NDICE DE ANEXOS
Anexo 1 Instrumento de medida KOOS...99
xii
LISTA DE ABREVIATURAS
AKE - active knee extension
AKF - active knee flexion
CHTD - crossover hop test for distance
cm - centmetro
I/Q - isquiotibiais/quadriceps
Icon/Qcon - isquiotibiaisconcntrico/quadricepsconcntrico
Icon/Qexc - isquiotibiaisconcntrico/quadricepsexcntrico
Iexc/Qcon - isquiotibiaisexcntrico /quadricepsconcntrico
Iexc/Qexc - isquiotibiaisexcntrico /quadricepsexcntrico
IMC - ndice de massa corporal
ISMI - ndice de simetria dos membros inferiores
kg - kilograma
kg/m2
- kilograma/metro
2
KOOS - Knee injury and Osteoarthritis Outcome Score
N.m - newton-metro
N.m.kg-1
- newton-metro por kilograma
PKE - passive knee extension
PKF - passive knee flexion
PT - pico de torque
s - segundo
SHTD - single hop test for distance
SixHTT - six hop test for time
THTD - triple hop test for distance
- grau
.s-1 - grau por segundo
- diferena
1. INTRODUO
1.1. Enquadramento
A prtica de atividade fsica frequentemente referenciada como
mtodo de preveno de
leses musculo-esquelticas, com especial destaque na articulao do
joelho. A sua
implementao tem sido estudada em diferentes tipos de avaliaes
fsicas, tais como:
movimento articular (Roberts & Wilson, 1999; Misic,
Valentine, Rosengren, Woods &
Evans, 2009; O'Sullivan, Murray & Sainsbury, 2009), fora
muscular (Neto, Simes, Neto &
Cardone, 2010; Coombs & Garbutt, 2002; Siqueira, Pelegrini,
Fontana & Greve, 2002;
Rosene, Fogarty & Mahaffey, 2001; Aagaard, Simonsen, Beyer,
Larsson, Magnusson, et al.,
1997; Kellis & Katis, 2007), funo fsica (Fitzgerald,
Lephart, Hwang & Wainner, 2001;
Noyes, Barber & Mangine, 1991; Bolgla & Keskula, 1997) e
estado de sade da articulao
do joelho (Roos & Lohmander, 2003).
O joelho a regio anatmica mais afetada na prtica de desporto,
enquanto a modalidade
desportiva praticada (ex: futebol, tnis, entre outros) por um
sujeito, indica o tipo de leso
com maior prevalncia (ex:fratura, entorse, entre outros)
(Kujala, Taimela, Antti-Poika,
Orava, Tuominen, et al., 1995).
A fora muscular uma componente importante para avaliao fsica
quando se pretende
observar o desempenho fsico de uma determinada populao,
permitindo tambm identificar
indivduos com maior risco de adquirir leses musculo-esquelticas
(Neto, et al., 2010).
Para maior conhecimento sobre a funo fsica e estado de sade da
articulao do joelho em
indivduos saudveis, praticantes ou no de desporto, deve-se saber
qual a contribuio da
fora muscular e do movimento articular para a performance fsica
desta articulao (Singh,
Chin, Bosscher & van Mechelen, 2006). O aumento de fora da
articulao do joelho est
associado a uma melhoria da funo fsica e do seu estado de sade
(McQuade & Oliveira,
2011; Petterson, Mizner, Stevens, Raisis, Bodenstab, et al.,
2009). Contudo, em estudos
realizados com futebolistas profissionais foram detetadas
diferenas significativas na
produo de fora muscular para flexo e extenso do joelho entre o
membro dominante e no
dominante (Rahnama, Lees & Bambaecichi, 2005). O grupo
muscular flexor do membro
dominante foi mais fraco que o membro no dominante e 68% da
amostra estudada
apresentou desequilbrios musculo-esquelticos superiores a 10%
num ou mais grupos
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Misic%20MM%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=19590159http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Misic%20MM%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=19590159http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Rosengren%20KS%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=19590159http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Woods%20JA%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=19590159http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Evans%20EM%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=19590159http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=O%27Sullivan%20K%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=19371432http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=O%27Sullivan%20K%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=19371432http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Sainsbury%20D%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=19371432http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Kujala%20UM%5Bauth%5Dhttp://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Taimela%20S%5Bauth%5Dhttp://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Antti-Poika%20I%5Bauth%5Dhttp://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Orava%20S%5Bauth%5Dhttp://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Tuominen%20R%5Bauth%5Dhttp://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Singh%20AS%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=16464255http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Singh%20AS%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=16464255http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Chin%20A%20Paw%20MJ%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=16464255http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Bosscher%20RJ%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=16464255http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=van%20Mechelen%20W%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=16464255http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Petterson%20SC%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=19177542http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Mizner%20RL%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=19177542http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Stevens%20JE%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=19177542http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Raisis%20L%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=19177542http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Raisis%20L%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=19177542
2
musculares. Em detrimento destes factos, verifica-se que os
desequilbrios musculares
aumentam o risco de leso da articulao do joelho (Devan,
Pescatello, Faghri & Anderson,
2004; Siqueira, et al., 2002; Aagaard, et al., 1997).
Das inmeras atividades desportivas mundialmente praticadas,
destaca-se a arte marcial
Taekwondo. Na atualidade, o taekwondo uma das mais conhecidas
modalidades das artes
marciais em todo o mundo (Birrer, 1996).
A maioria da pesquisa orientada para o estudo do taekwondo,
incide nas caractersticas
antropomtricas destes atletas e nas regies e tipos de leses mais
frequentes (Kazemi,
Shearer & Choung 2005; Kazemi, Perri & Soave, 2010;
Kazemi, Waalen, Morgan & White,
2006; Kazemi, Rahman & Ciantis, 2011; Beis, Tsaklis, Pieter
& Abatzides, 2001). Nestes
atletas, a articulao do joelho uma zona anatmica muito afetada
durante a prtica de
taekwondo (Kazemi, Chudolinski, Turgeon, Simon, Ho, et al.,
2009; Junge, Engebretsen,
Mountjoy, Alonso, Renstrm, et al., 2009; Ziaee, Rahmani &
Rostami, 2010).
A literatura cientfica relativa a esta arte marcial ainda muito
escassa. Na atualidade,
desconhece-se a existncia de estudos comparativos relativos
fora, movimento articular,
estado de sade e funo fsica entre taekwondistas com outras
modalidades desportivas ou
recreativas (no atletas). A par disso, desconhece-se se a prtica
de taekwondo influencia
positiva ou negativamente o desempenho fsico da articulao do
joelho nesses atletas.
Perante estes factos e escassez de estudos na rea, urge a
necessidade de investigaes que
reflitam sobre as capacidades fisiolgicas da articulao do joelho
em taekwondistas. Com
futuros estudos sobre esta temtica, poder-se-o adotar estratgias
preventivas contra a
ocorrncia de leses musculo-esquelticas da articulao do joelho,
bem como perceber se
existem diferenas no seu movimento articular, fora muscular,
funo fsica e seu estado de
sade.
1.2. Questes de investigao
No se conhecem estudos anteriores comparativos para o movimento
articular, fora
muscular, funo fsica e estado de sade do joelho entre
taekwondistas com indivduos
fisicamente ativos. Por esta razo, o presente estudo pretende
dar a conhecer novas
informaes sobre o comportamento da articulao do joelho para os
dois grupos
supramencionados. Desta forma, foram colocadas duas questes de
investigao com o
objetivo de as descortinar:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Devan%20MR%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=15496997http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Devan%20MR%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=15496997http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Faghri%20P%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=15496997http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Faghri%20P%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=15496997http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Ziaee%20V%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=22375188http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Ziaee%20V%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=22375188http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Rostami%20M%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=22375188
3
Ser que os taekwondistas apresentam maior movimento articular,
maior fora muscular e
melhor funo fsica e estado de sade relacionado com o joelho,
quando comparado com um
grupo de indivduos fisicamente ativos (no atletas)?
Ser que h diferenas no movimento articular, fora muscular e funo
fsica entre o membro
dominante com o membro no dominante nos taekwondistas e nos
indivduos fisicamente
ativos (no atletas)?
1.3. Objetivos
O presente estudo tem como principal objetivo comparar
bilateralmente o movimento
articular (ativo e passivo), fora muscular, funo fsica e estado
de sade relacionado com a
articulao do joelho entre atletas de taekwondo e indivduos
fisicamente ativos. tambm
objetivo deste estudo determinar se h diferenas no movimento
articular (ativo e passivo),
fora muscular e funo fsica entre os membros dominantes e no
dominantes para cada
grupo avaliado (taekwondistas e indivduos fisicamente
ativos).
4
2. REVISO DA LITERATURA
2.1. Caracterizao da arte marcial taekwondo
O taekwondo desenvolveu-se h 5000 anos na Coreia e, na
atualidade, estima-se que o
nmero de praticantes se situe entre os 75 e os 120 milhes de
crianas e adultos, tornando-se
uma das mais conhecidas modalidades das artes marciais (Birrer,
1996). Traduzindo-se
literalmente da lngua Coreana, taekwondo significa a arte de
pontapear e socar (Melhim,
2001), permitindo reconhec-la como uma arte marcial nica, devido
s suas poderosas
tcnicas de pontaps (Kazemi, et al., 2010). Antigamente na
Coreia, os praticantes da
modalidade taekwondo (taekwondistas) utilizavam esta arte
marcial unicamente como tcnica
de autodefesa, contudo, hoje em dia possvel praticar esta
modalidade desportiva para
efeitos recreativos com elevado reconhecimento internacional,
como o caso dos jogos
olmpicos. De facto, o taekwondo passou por um estgio nos jogos
olmpicos de Seul
(1988) e nos jogos olmpicos de Barcelona (1992), sendo apenas no
ano 2000 que se
consagrou como um desporto olmpico oficial, nos jogos Olmpicos
de Sydney (Kazemi, et
al., 2006; Kazemi, et al., 2010).
Na competio olmpica de taekwondo, cada combate tem a durao de 3
rounds de 2
minutos cada, com 1 minuto de intervalo entre cada round. Em
caso de empate no terceiro
round, ser realizado um quarto round de 2 minutos at que um
atleta pontue, terminando
logo de seguida o combate (morte sbita). Contudo, os combates
podem acabar antes dos 3
rounds quando ocorre: knockout (KO); diferena de 7 pontos entre
os adversrios; ou a
pontuao de 12 pontos por um atleta. As competies oficiais
incluem sesses de
qualificao, semifinais e finais, podendo os atletas estar
envolvidos em 5 combates em
apenas um dia, at chegar ao combate final (Chiodo, Tessitore,
Cortis, Lupo, Ammendolia, et
al., 2011). A acumulao de pontos concedida quando so executados
golpes com potncia
na direo da cabea (pontap), ou do tronco (soco ou pontap)
(Kazemi, et al., 2006).
Recentemente, muita da pesquisa realizada at data, foca-se nas
capacidades fisiolgicas
necessrias para garantir o maior sucesso dos taekwondistas
(Kazemi, et al., 2010). Kazemi,
et al., (2006) foram os primeiros a comparar vencedores vs. no
vencedores nos jogos
olmpicos de 2000, relativamente ao peso, altura, idade, pontos
obtidos, avisos, reduo de
pontos, e tcnicas defensivas e atacantes na execuo do soco e
pontap. Embora no se
tenham detetado diferenas estatisticamente significativas numa
primeira abordagem,
5
verificou-se que os atletas vencedores aparentavam ser mais
novos, mais altos, e com IMC
ligeiramente inferior, comparativamente aos atletas menos
bem-sucedidos para a mesma
categoria de peso.
Melhim (2001) afirma que ocorrem efeitos benficos no fitness
cardiovascular, resistncia e
aumento nas capacidades fsicas dos taekwondistas. Segundo o
autor, observaram-se
melhorias de 61,5% na capacidade anaerbia destes atletas quando
avaliados pelo Wingate
Anaerobic Test, enquanto Leong e col. (2011) observaram tambm
resultados superiores em
taekwondistas comparativamente a indivduos sedentrios, em testes
de avaliao ao
equilbrio.
Heller e col. (1998) determinaram o perfil fisiolgico de
taekwondistas (cintos negros)
homens e mulheres. Foram detetadas baixas percentagens de
gordura corporal com baixo IMC
e resultados acima da mdia para fora muscular, flexibilidade e
capacidades aerbias e
anaerbias. Por sua vez, Markovic e col. (2005) avaliaram as
diferenas entre os campees
nacionais croatas com maior e menor sucesso. Estes autores
concluram que os taekwondistas
com maior sucesso apresentaram maior velocidade de corrida,
maior capacidade ventilatria
anaerbia, diminuio do batimento cardaco, aumento da fora
explosiva, melhor agilidade,
menor percentagem de gordura e eram ligeiramente mais altos.
Brudnak e col. (2001) investigaram se a prtica de taekwondo
influenciava na reduo de
quedas em idosos. Participaram doze idosos aparentemente
saudveis, com idades
compreendidas entre os 63 e os 81 anos (mdia = 71 anos) num
programa de treino de
taekwondo durante 17 semanas. No incio e final deste perodo, os
participantes foram
instrudos a realizar push-ups, flexes do tronco e testes de
equilbrio com apenas um membro
inferior em contacto com o solo. Os autores verificaram que dos
participantes que
participaram em mais de 85% dos treinos, houve um aumento no
nmero efetuado de push-
ups, de flexes do tronco e de maior tempo obtido, com apenas um
membro em contacto com
o cho. Desta forma, o taekwondo provou ser eficaz como mtodo
desportivo para potenciar
as capacidades fisiolgicas da populao idosa.
Durante a realizao da prtica de taekwondo, frequente a aplicao
de equipamento
protetor (ex: capacete, caneleiras, etc.) como estratgia de
preveno de leses musculares
e/ou articulares. Porm, em certos momentos, este equipamento
insuficiente para evitar o
aparecimento de leses (Lystad, Pollard & Graham, 2009). Com
o aumento crescente de
popularidade da arte marcial taekwondo, h um interesse crescente
na pesquisa sobre leses
desportivas em taekwondistas (Melhim, 2001; Junge, et al., 2009;
Pieter, 2005; Kazemi, et
6
al.,2009; Kazemi & Pieter, 2004 ; Ziaee, et al., 2010;
Lystad, et al.,2009). Segundo Junge e
col. (2009), mais de 50% das leses devem-se ao contacto fsico,
com especial destaque nos
torneios de competio. A tcnica frequentemente usada o pontap
lateral, sendo por isso
a tcnica major responsvel pelo maior aparecimento de leses nos
membros inferiores
(Pieter, 2005). No obstante, muitas so as leses consequentes do
pontap defensivo
realizado quando recebem um ataque dos adversrios (Kazemi, et
al.,2009; Lystad, et
al.,2009). Face ao exposto, fcil ser ento compreender que as
zonas anatmicas mais
suscetveis a leses so, em primeiro lugar, os membros inferiores
(Lystad, et al.,2009),
seguindo-se a cabea, pescoo, coluna dorsal, lombar e coxis
(Kazemi & Pieter, 2004). No
que se refere articulao do joelho, esta a terceira articulao com
maior frequncia de
leses dos membros inferiores (Kazemi, et al., 2009; Ziaee, et
al., 2010), sendo que o tipo de
leses mais frequentes nos taekwondistas so as contuses (Lystad,
et al., 2009; Kazemi, et
al., 2009), seguidas das entorses e roturas musculares (Kazemi,
et al., 2009).
Tomando-se em particular a varivel gnero, estudos afirmam que os
taekwondistas do
sexo masculino adquirem com maior frequncia leses
msculo-esquelticas,
comparativamente s mulheres (Kazemi & Pieter, 2004; Kazemi,
et al.,2009; Pieter, 2005).
Porm, a severidade de leso neste ltimo grupo maior (Pieter,
2005).
2.2. Caracterizao do movimento articular do joelho em
taekwondistas e indivduos
fisicamente ativos
2.2.1. Importncia da flexibilidade muscular no movimento
articular
O termo movimento articular o resultado do movimento de uma
superfcie articular em
relao a outra superfcie (Norkin & Levangie, 2001). O
movimento articular medido desde
a sua posio anatmica (0) at posio angular que o segmento
corporal atingiu numa
determinada direo (Hall, 2000). Segundo esta ltima autora, a
amplitude de movimento
articular um termo usado para descrever flexibilidade articular.
O significado de
flexibilidade resume-se capacidade fsica do organismo humano em
adquirir movimentos de
grande amplitude, durante a execuo dos movimentos articulares
(Zakharov & Gomes,
1992).
O aumento de flexibilidade parece criar benefcios fisiolgicos a
nvel muscular e articular.
Segundo Weineck (1999), a flexibilidade permite executar
movimentos com maior qualidade,
7
maior fora, velocidade, resistncia, recuperao aps treino fsico,
otimizao do treino e
diminuio de leses.
No presente estudo, focar-se- apenas a relao do movimento
articular para a articulao do
joelho com a flexibilidade. Deste modo, no se pretende descrever
tcnicas ou exerccios para
alongamento muscular com o objetivo da melhoria da
flexibilidade, uma vez que no se
deseja comparar os efeitos fisiolgicos dos diferentes tipos de
exerccios.
A flexibilidade apresenta-se em duas categorias: flexibilidade
ativa e flexibilidade passiva. A
primeira a capacidade de efetuar grandes amplitudes de movimento
atravs da contrao
muscular dos grupos musculares agonistas movendo uma determinada
articulao, enquanto a
musculatura oposta (antagonistas) se alonga (Brooks, 2000;
Zakharov & Gomes, 1992). A
flexibilidade passiva a maior amplitude de movimento articular
presente quando um
segmento corporal movimentado passivamente, determinada pela
extensibilidade passiva
dos msculos, fscias e ligamentos (promovida pelo efeito da
gravidade, fora externa, etc.)
(Hall, 2000, Zakharov & Gomes, 1992). Normalmente, a
flexibilidade passiva atinge valores
superiores de movimento articular comparativamente aos valores
alcanados pela
flexibilidade ativa. Neste caso, atingido o limite mximo da
mobilidade articular (Zakharov
& Gomes, 1992).
A flexibilidade um requisito fundamental para uma boa execuo de
movimentos articulares
tanto qualitativos, como quantitativos. Deste modo, a execuo de
movimentos coordenados e
tecnicamente corretos impossvel de ser concretizada sem que haja
uma boa capacidade de
alongamento da musculatura (Brooks, 2000; Weineck, 1999). No
artigo de reviso de Kovacs
(2006), foi estabelecida uma relao entre o grau de alongamento
muscular (movimento
articular) do grupo muscular isquiotibial e trceps soral com
dores e leses lombares em
tenistas. Nestes atletas foram verificadas amplitudes
articulares inferiores nestas regies
anatmicas comparativamente a outros atletas, uma vez que os
tenistas comearam por
realizar o servio de remate numa posio baixa (diminuindo o
centro de massa), requerendo
ao atleta uma posio de encurtamento do grupo muscular
isquiotibial durante longos
perodos. O autor concluiu que importante a aplicao de um
programa de exerccios de
alongamento, de modo a melhorar a qualidade do servio de remate,
permitindo aumentar o
grau de amplitude articular dos msculos isquiotibiais e coluna
lombar. Por sua vez, Tabrizi e
col. (2000), investigaram se a diminuio do movimento articular
para dorsiflexo
predispunha ao aumento de fraturas e entorses do p em crianas. A
amostra foi composta por
82 crianas com leses no p (apenas 1 p) e 85 crianas sem leso. No
grupo experimental e
para o membro no lesionado, foi avaliada a flexibilidade
muscular na articulao tbio-
8
trsica. Neste grupo, a mdia de amplitude de dorsiflexo foi de
5,7 com o joelho em
extenso e 11,2 com o joelho em flexo. No grupo de controlo, a
mdia de dorsiflexo foi de
12,8 com o joelho em extenso e 21,5 com o joelho em flexo (p
< 0,001). Estes resultados
permitiram concluir que existe uma forte associao entre a
diminuio do movimento
articular para dorsiflexo com o aparecimento de leses em
crianas. Por outro lado, um
trceps soral com maior flexibilidade parece absorver maior
quantidade de energia,
permitindo proteger com maior eficcia as estruturas sseas e
ligamentares, onde a rigidez
predispe leso. Os autores sugerem tambm a necessidade de
implementao de um
programa de exerccios de alongamentos, de forma a aumentar a
flexibilidade e consequente
movimento articular. Em concordncia, Brooks (2000) defende que
uma boa flexibilidade
articular leva ao equilbrio muscular e torna as articulaes mais
flexveis e mveis,
facilitando a realizao dos movimentos articulares no seu grau de
amplitude normal de
movimento. Por sua vez, a presena de flexibilidade em excesso
pode ser prejudicial e
contribuir negativamente para o movimento articular (Kovacs,
2006; Brooks, 2000). De facto,
Kadel (2006), num estudo com danarinas, observou grande
amplitude de movimento
articular (hipermobilidade), com especial destaque para as
articulaes do p. Esta
hipermobilidade promoveu maior aparecimento de leses nessa
regio, devido realizao da
tcnica de dana em pontas. A tcnica de dana em pontas das tcnicas
mais exigentes e
mais utilizadas pelas danarinas, onde realizada flexo plantar
mxima de ambos os ps,
com posio neutra dos dedos do p.
2.2.2. Fatores que influenciam a flexibilidade
A flexibilidade influenciada pela idade, gnero (Weineck, 1999;
Zakharov & Gomes,
1992) temperatura, tnus, fadiga muscular (Weineck, 1999) e tipo
de alongamentos utilizados
(American College of Sports Medicine, 2009). No estudo de
Shields e col. (2010), foi
analisada a capacidade fsica (fitness) em adultos canadianos. Os
autores verificaram que com
o aumento da idade, no s o fitness aerbico, resistncia muscular
e fora muscular
diminuiram, como tambm a flexibilidade. Por sua vez, os
indivduos do sexo masculino
apresentaram scores maiores para o fitness aerbico, resistncia
muscular e fora muscular,
enquanto os indivduos do sexo feminino apresentaram melhor score
para a flexibilidade. Por
sua vez, Tremblay e col. (2010) tambm encontraram resultados
semelhantes
comparativamente ao estudo supracitado, mas desta vez com uma
populao alvo de idade
inferior (dos 6 aos 19 anos). O grupo feminino tambm apresentou
melhor score nos testes de
9
flexibilidade, comparativamente ao grupo masculino e
verificou-se tambm que os indivduos
mais novos apresentaram melhor pontuao nos testes fsicos,
comparativamente com os mais
velhos.
A influncia da temperatura corporal est muitas vezes associada
ao fenmeno da
flexibilidade (Shellock & Prentice, 1985). De acordo com a
American College of Sports
Medicine (2009), um aquecimento prvio antes da realizao de um
programa de exerccios
de flexibilidade (alongamentos), permite obter maior ganho na
sua amplitude articular.
Contudo, foram identificados estudos onde no se verificaram
estes efeitos (Williford, East,
Smith & Burry 1986; Zakas, Grammatikopoulou, Zakas,
Zahariadis & Vamvakoudis, 2006;
Zakas, Doganis, Zakas & Vergou, 2006). No estudo de Zakas e
col. (2006) foram
administrados trs tipos de protocolos de flexibilidade em
diferentes sesses de treino, em 18
adolescentes futebolistas. No primeiro protocolo, os indivduos
fizeram um jogging durante
20 minutos. No segundo protocolo, os indivduos realizaram o
mesmo jogging, seguido de
exerccios de flexibilidade dos membros inferiores e tronco,
enquanto no terceiro protocolo
realizaram apenas exerccios de flexibilidade, sem aquecimento.
Foram medidas as
amplitudes articulares da anca para os movimentos de flexo,
extenso e abduo, mediu-se a
amplitude articular para o movimento de dorsiflexo do p e flexo
do joelho e tronco,
utilizando um gonimetro e um flexmetro. Os resultados
demonstraram apenas diferenas
significativas (p < 0,05) para o aumento de dorsiflexo do p.
Os autores sugerem que a
realizao de exerccios de flexibilidade com ou sem aquecimento
aumentam de igual forma o
grau de amplitude articular para as articulaes do membro
inferior e flexo do tronco.
A capacidade de alongamento muscular tambm determinada pela
resistncia ao
alongamento e pela capacidade de relaxamento do msculo. Um tnus
muscular elevado com
reduzida capacidade de relaxamento invoca resistncia para o
alongamento do msculo,
limitando a sua flexibilidade (Weineck, 1999). Por outro lado,
quando os msculos so
submetidos a uma sobrecarga proveniente do exerccio fsico e no
forem tomadas as devidas
precaues para uma correta recuperao (ex: corrida com reduo da
velocidade antes de
atingir a meta), h maior acumulao de resduos metablicos (ex:
cido lctico) que promove
uma reduo dos movimentos articulares (Weineck, 1999; Worrell
& Perrin, 1992). Contudo,
Worrell & Perrin (1992) defendem que a relao entre
flexibilidade, aquecimento, fadiga
muscular e fora muscular necessita de maior investigao, uma vez
que a literatura apontada
controversa.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Zakas%20A%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=16596100http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Grammatikopoulou%20MG%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=16596100http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Zakas%20N%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=16596100http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Zahariadis%20P%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=16596100http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Zakas%20A%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=17119529http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Doganis%20G%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=17119529http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Zakas%20N%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=17119529http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Vergou%20A%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=17119529
10
2.3. Fora isocintica dos msculos extensores e flexores da
articulao do joelho em
taekwondistas e indivduos fisicamente ativos
2.3.1. Caractersticas da fora isocintica dos msculos extensores
e flexores da
articulao do joelho
O dinammetro isocintico um instrumento frequentemente utilizado
na avaliao da
performance muscular da velocidade e resistncia constante,
dentro do grau de amplitude de
movimento articular pr-determinado (Drouin, Valovich, Shultz,
Gansneder & Perrin, 2004;
D'Alessandro, Silveira, Anjos, Silva & Fonseca, 2005;
Gleeson & Mercer, 1996). Este mtodo
de avaliao muscular tornou-se um instrumento importante na
preveno e recuperao da
funo muscular dinmica tanto em ambiente clnico, como em ambiente
desportivo (Drouin,
et al., 2004; Gleeson & Mercer, 1996). Deste modo, a
dinamometria isocintica permite
avaliar as capacidades motoras em vrias articulaes do corpo, com
especial destaque para o
sistema articular do joelho (Kellis & Katis, 2007;
Baltzopoulos & Brodie, 1989; Aagaard, et
al., 1997; Siqueira, et al., 2002).
A articulao do joelho uma articulao sinovial complexa formada
por duas articulaes: a
articulao tibiofemoral e a patelo-femoral (Norkin &
Levangie, 2001). A articulao
tibiofemoral considerada uma articulao condiloide dupla,
apresentando movimentos de
flexo e extenso no plano sagital, sobre um eixo coronal para o
primeiro grau de liberdade e
movimentos de rotao interna e externa no plano transverso sobre
um eixo vertical para o
segundo grau de liberdade (Kapandji, 2000; Norkin &
Levangie, 2001). Cabe destacar que no
presente estudo, apenas se ter em conta os movimentos para flexo
e extenso da articulao
do joelho. Os msculos principais responsveis pelo movimento de
flexo do joelho so o
bceps femoral, semitendinoso e semimembranoso (formando o grupo
muscular isquiotibial),
contando ainda com a ajuda dos msculos grcilis, sartrio, poplteo
(Kapandji, 2000; Norkin
& Levangie, 2001) e gastrocnmios (Norkin & Levangie,
2001). O movimento de extenso do
joelho executado pela contrao simultnea dos msculos vasto
medial, vasto lateral, vasto
intermdio e reto anterior, formando o quadriceps femoral
(Kapandji, 2000; Norkin &
Levangie, 2001).
A estabilidade da articulao do joelho composta por
estabilizadores estticos (passivos)
estabilidade formada pelos ligamentos e estruturas capsulares
envolventes da articulao do
joelho - e dinmicos - estabilidade fornecida pelas contraes
musculares que ocorrem volta
da articulao do joelho durante o movimento. Assim, poder-se-
afirmar que a estabilidade
11
funcional do joelho o conjunto da estabilidade esttica e
dinmica, em que a resistncia
passiva dos ligamentos, a estrutura anatmica das superfcies, a
resistncia ativa desenvolvida
pelos msculos e suas foras compressivas articulares executadas
durante uma atividade,
atuam na biomecnica funcional do joelho (Paterno & Hewett,
2008; Webb & Corry, 2000).
Contudo, o longo comprimento do fmur e da tbia cria um grande
efeito de alavanca e de
toro das foras geradas pelo movimento. Se a conteno dinmica dos
msculos
momentaneamente inadequada ou insuficiente, essas foras podem-se
tornar agressivas para
as estruturas estticas, criando situaes de leso ligamentar e/ou
meniscais, frequentes na
prtica desportiva (Serra, 2001).
O estudo das caractersticas da fora isocintica dos msculos
extensores e flexores da
articulao do joelho baseiam-se na anlise de indicadores como o
momento mximo (Brown,
2000), diferena bilateral de fora (Ellenbecker, Roetert,
Sueyoshi & Riewald, 2007;
Gonalves, 2004) e razo isquiotibiais/quadriceps (Aagaard,
Simonsen, Magnusson, Larsson
& Dyhre-Poulsen, 1998; Aagaard, et al., 1997; Gonalves &
Pinheiro, 2003).
O estudo dos perfis da fora dos membros inferiores em
taekwondistas poder ser
particularmente relevante para um bom desempenho fsico desta
arte marcial. Antes de se
abordar de forma mais detalhada os indicadores momento mximo,
diferena bilateral de
fora e razo I/Q, importante rever aqui algumas noes genricas
sobre a influncia da
posio articular, tipo de ao muscular e velocidade angular na
produo de fora muscular.
A resposta mecnica de um msculo a um nico estmulo, provocado
pelo seu nervo motor,
designada por contrao (Guyton & Hall, 2001). Por sua vez,
durante a contrao muscular, a
fora exercida por um msculo que se contrai sobre a(s)
alavanca(s) ssea(s) s quais se
insere, designa-se por tenso muscular (Nordin & Frankel,
2004). A quantidade de tenso de
um msculo depende em parte do seu estado de comprimento (Hall,
2000). O msculo tem a
capacidade de desenvolver tenso ativa e/ou passiva e de exercer
fora sobre uma alavanca
ssea (Norkin & Levangie, 2001). A tenso ativa desenvolvida
pelos elementos contrcteis
do msculo atravs da formao de pontes cruzadas e pela sobreposio
dos filamentos de
actina e miosina (Guyton & Hall, 2001). A quantidade de
tenso ativa que um msculo pode
exercer depende da frequncia, nmero e dimenses das unidades
motoras, nvel do
sarcmero e nmero de pontes cruzadas estabelecidas. A tenso
passiva a tenso
desenvolvida pelos componentes anatmicos no contrcteis, estando
subjacente ao
encurtamento ou alongamento ativo e /ou passivo de um msculo
(Norkin & Levangie, 2001).
Se um msculo for sujeito a uma posio de alongamento superior,
quando comparado com a
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Ellenbecker%20TS%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=17957008http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Roetert%20EP%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=17957008http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Sueyoshi%20T%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=17957008http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Riewald%20S%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=17957008http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Riewald%20S%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=17957008
12
sua posio de repouso muscular, desenvolve-se maior tenso
(ausente de contrao
muscular), decorrente das foras elsticas no tecido conectivo,
sarcolema, vasos sanguneos,
nervos, etc. (Guyton & Hall, 2001). Desta forma, a tenso
total que ocorre durante uma
contrao ativa de um msculo uma combinao da tenso contrctil
(ativa) com a tenso
no contrctil (passiva) (Norkin & Levangie, 2001).
Durante a contrao muscular, a fora exercida por um msculo,
contraindo-se sobre a(s)
alavanca(s) ssea(s) s quais se insere, designa-se por fora
muscular, enquanto a fora
externa exercida sobre o msculo designa-se por resistncia ou
carga (Cailliet, 2005). A
produo de fora muscular dependente de trs fatores principais:
influncia da posio
articular, tipo de ao muscular e velocidade angular
(Baltzoupolos & Brodie, 1989; Cabri,
1991; Hall, 2000). A influncia da posio articular um indicador
que permite analisar as
capacidades contrcteis dos grupos musculares testados durante a
amplitude de movimento,
permitindo desta forma avaliar o melhor ngulo articular na
produo de fora muscular
mxima (Gleeson & Mercer, 1996; Baltzoupolos & Brodie,
1989). Quando determinado um
ngulo ideal na produo de momento de fora, este fenmeno est
dependente da tenso
desenvolvida por um determinado grupo muscular, da sua disposio
anatmica, do ngulo de
insero do msculo no osso, da distncia entre a insero muscular e
do centro de rotao da
articulao (Hall, 2000).
Numa situao de contrao sem encurtamento muscular (no h movimento
nem trabalho
mecnico, mas sim trabalho muscular) designada por contrao
isomtrica, enquanto uma
contrao com encurtamento muscular designada por contrao isotnica
ou isocintica
(Cailliet, 2005). Para Norkin & Levangie (2001), o termo
contrao isotnica no o mais
adequado, uma vez que se trata de um movimento no fisiolgico, e
a fora gerada num
msculo no pode ser controlada ou mantida constante. J Hall
(2000) considera apenas 3
tipos de contrao muscular: isomtrica, concntrica e excntrica. De
acordo com a autora,
existe contrao muscular concntrica quando a fora muscular
produzida induz um torque
(resultante da fora exercida no msculo somada fora
gravitacional) maior que o torque
resistivo numa determinada articulao, ocorrendo encurtamento
muscular e mudana do
ngulo ao nvel da articulao. Quando o msculo no pode realizar
fora muscular suficiente
e vencido por uma carga externa, ocorrendo um alongamento
progressivo em vez de se
encurtar, designado por contrao muscular excntrica (Nordin &
Frankel, 2004). Neste tipo
de contrao, a fora muscular exercida superior em comparao com a
contrao
isomtrica e concntrica (Nordin & Frankel 2004; Norkin &
Levangie, 2001). De facto, no
estudo desenvolvido por Beltman e col. (2004), verificou-se que
o torque voluntrio mximo
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Beltman%20JG%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=15075302
13
exercido no dinammetro isocintico em dez indivduos saudveis foi
significativamente
maior durante contraes em alongamento (270 55 N.m)
comparativamente com contraes
em encurtamento (199 47 N. m, p < 0,05). Para a contrao
muscular isomtrica, foram
tambm registados valores superiores, mas sem diferena
estatisticamente significativa (252
47 N.m).
A produo de fora muscular est tambm relacionada com a velocidade
de mudana de
comprimento de um msculo no decorrer de contraes musculares
concntricas e excntricas
(Norkin & Levangie, 2001; Nordin & Frankel, 2004). A
velocidade de mudana de
comprimento muscular a velocidade atravs da qual os
miofilamentos de actina e miosina
so capazes de deslizarem entre si e de (re)formarem pontes de
interligao. Numa contrao
concntrica, com o aumento de velocidade de encurtamento
muscular, h diminuio da fora
exercida pelo msculo. J numa contrao excntrica ocorre o inverso,
ou seja, quando a
velocidade de alongamento aumenta, a fora produzida pelo msculo
tambm aumenta
(Norkin & Levangie, 2001). Contudo, a relao entre a fora e a
velocidade de contrao
dever ser considerada de forma distinta da relao entre o momento
e a velocidade angular
para a contrao mxima dos msculos extensores e flexores da
articulao do joelho
(Gonalves & Pinheiro, 2004). No estudo de Westing &
Seger (1989), foi avaliado o pico de
torque para os movimentos de contrao muscular concntrica e
excntrica em vinte
mulheres, s velocidades angulares de 60s-1
e 360s-1
. Estes autores concluram que a
mdia do torque excntrico no apresentou alteraes significativas
com o aumento de
velocidade excntrica para os grupos muscular quadriceps e
isquiotibial (p > 0,05). A mdia
de torque para aes musculares concntricas foi significativamente
inferior
comparativamente com o torque para contraes excntricas (p <
0,05) e diminuiu com o
aumento de velocidade concntrica. Desta forma, a produo de fora
muscular aumenta com
a diminuio da velocidade angular concntrica, podendo manter-se
relativamente constante a
baixas velocidades e no aumenta obrigatoriamente com o aumento
da velocidade angular
excntrica (Gonalves & Pinheiro, 2004). De facto, este
fenmeno deve-se ao padro de
ativao neurolgico das unidades motoras, de acordo com o tipo de
contrao muscular
desempenhado (Babault, Pousson, Ballay & Hoecke, 2001;
Beltman, Sargeant, Van Mechelen
& Haan, 2004; Aagaard, Simonsen, Andersen, Magnusson,
Halkjaer-Kristensen, et al., 2000).
Num estudo desenvolvido por Babault e col. (2001), foi aplicado
um impulso eltrico
independente do tipo de contraco, no nervo femoral a 50 de flexo
do joelho direito em
oito indivduos saudveis. Foi calculado o nvel de ativao
voluntria para os modos
concntrico e excntrico (velocidade de 20s-1
), e isomtrico. O nvel mdio de ativao
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Aagaard%20P%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=11090575http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Simonsen%20EB%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=11090575http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Andersen%20JL%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=11090575http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Magnusson%20SP%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=11090575http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Magnusson%20SP%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=11090575http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Dyhre-Poulsen%20P%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=11090575
14
durante a mxima contrao muscular excntrica e concntrica foram
88,3% e 89,7%,
respetivamente, e foram significativamente inferiores (p <
0,05) com respeito contrao
mxima isomtrica (95,2%). A relao entre os nveis de ativao
voluntria e torque
submximo foi significativa (p < 0,01): a comparao de
resultados indicou nveis de ativao
mais baixos durante a contrao excntrica submxima
comparativamente s contraes
concntricas e isomtricas. Os autores concluram que existe uma
diminuio da ativao
neurolgica a velocidade 20s-1
na contrao concntrica mxima e durante a contrao
mxima e submxima no modo excntrico. Estes resultados indicaram
uma dependncia da
ativao voluntria em ambos os nveis de tenso e tipos de aes
muscular no grupo
muscular extensor do joelho. Estes achados corroboram o estudo
de Beltman e col. (2004),
onde tambm foram identificados nveis inferiores (p < 0,05) de
ativao voluntria em
contraes musculares excntricas mximas (79 8%), comparativamente
a contraes em
encurtamento (92 3%, p < 0,05) e contraes isomtricas (93
5%).
Concludo este aparte sobre a influncia da posio articular, tipo
de ao muscular e
velocidade angular na produo da fora muscular, retoma-se agora a
anlise dos indicadores
isocinticos momento mximo, diferena bilateral de fora e razo
I/Q.
O momento mximo o parmetro isocintico mais utilizado na avaliao
por dinamometria
isocintica, sendo possvel visualiz-lo no ponto mais alto da
curva de torque (Brown, 2000).
O torque mximo depende da posio angular (posio articular) e da
velocidade angular
determinada (Baltzopoulos & Brodie, 1989; Rothstein, Lamb
& Mayhew, 1987).
A utilizao do parmetro isocintico momento mximo frequentemente
utilizado nos mais
diversos estudos (Baltzopoulos & Brodie, 1989; Aquino, Leme,
Amatuzzi, Greve, Terreri, et
al., 2002; Rothstein, et al., 1987), apresentando-se como uma
medida reprodutvel,precisa
(Gleeson & Mercer, 1996) e vlida para utilizao na sua prtica
clnica (Gross, Credle,
Hopkins & Kollins, 1990).
A diferena bilateral de fora um parmetro isocintico que resulta
da comparao dos
valores da fora muscular produzida por grupos musculares
contralaterais, de forma a
determinar se existe uma relao de equilbrio (ou desequilbrio),
em iguais condies de
velocidade angular, posio articular e tipo de ao muscular, cujo
valor expresso em
percentagem (Gonalves, 2004). Para o clculo da diferena
bilateral de fora, fundamental
saber qual o ponto de referncia standard para diferenciar o
membro normal do anormal
(Hageman, Gillaspie, Hill, 1988). Um dos mtodos possveis de ser
aplicado durante uma
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Gross%20MT%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=2294529http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Gross%20MT%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=2294529http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Hopkins%20LA%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=2294529http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Hopkins%20LA%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=2294529
15
avaliao muscular de uma extremidade, tomar como ponto de
referncia o membro contra
lateral, previsto de qualquer tipo de leso ou condio que o impea
de ser avaliado (Sapega,
1990). Em no-atletas ou atletas que no participem em desportos
que envolvam atividade
fsica assimetricamente, o significado de simetria aplicvel para
avaliao da performance
muscular dos membros inferiores (Hageman, et al., 1988). Para
obter valores comparativos de
fora muscular entre membros inferiores, o valor do lado
considerado dividido pelo valor do
lado de referncia. O resultado convertido em percentagem e
subtrado 100%. Quando a
fora do lado considerado inferior fora do lado referncia, a
diferena bilateral de fora
apresenta sinal positivo, caso contrrio, assume sinal negativo
(Gonalves, 2004).
De acordo com a literatura, o indicador isocintico diferena
bilateral para os membros
inferiores permite dar a conhecer aos clnicos e investigadores o
grau de funcionalidade dos
grupos muscular quadriceps e isquiotibial durante um processo de
reabilitao provocada por
leso ou durante uma mera avaliao da sua performance muscular
(Ellenbecker, Roetert,
Sueyoshi & Riewald, 2007).
No artigo de reviso de Gonalves (2004), o autor concluiu que
para uma correta anlise deste
parmetro isocintico, necessrio ter em conta fatores como a
lateralidade do indivduo e o
carter simtrico (ou assimtrico) das atividades fsicas
praticadas. Valores de dfice bilateral
de fora inferiores a 10% so aceites como funcionalmente
adequados para indivduos
saudveis, possivelmente anormais para diferenas de 10% - 20% e
como provavelmente
anormais, assimetrias superiores a 20%.
O parmetro razo I/Q utilizado para determinar a relao de
equilbrio (ou de desequilbrio)
entre a fora dos msculos flexores e dos msculos extensores da
articulao do joelho
(Aagaard, et al., 1997; Aagaard, et al., 1998; Devan, et al.,
2004; Kellis & Katis, 2007;
Rosene, et al., 2001; Coombs & Garbutt, 2002). A razo I/Q um
dos parmetros mais
importantes na avaliao isocintica porque o joelho uma das
articulaes mais complexas
do corpo humano, sendo por isso necessrio perceber o seu
funcionamento normal para
prevenir o aparecimento de leses (Baltzopoulos & Brodie,
1989). Deste modo, tem sido
sugerido que o clculo da razo I/Q um indicador de estabilidade
articular e da preveno de
leses (Baltzopoulos & Brodie, 1989; Li, Maffulli, Hsu &
Chan, 1996).
A literatura aponta que a razo I/Q poder ser convencional ou
funcional. A razo I/Q
convencional a diviso entre o momento mximo efetuado pelos
flexores do joelho
(isquiotibiais), com o momento mximo efetuado pelos extensores
do joelho (quadriceps),
para velocidade angular e tipo de contrao igual (Coombs &
Garbutt, 2002). Desta forma, a
16
razo I/Q convencional concntrica (Icon/Qcon) divide o momento
mximo alcanado durante a
contrao concntrica dos msculos isquiotibiais pelo momento mximo
alcanado durante a
contrao concntrica dos msculos quadriceps, enquanto a razo I/Q
convencional
excntrica (Iexc/Qexc) divide o momento mximo obtido durante a
contrao excntrica dos
msculos isquiotibiais pelo momento mximo obtido durante a
contrao excntrica dos
msculos quadriceps (Aagaard, et al., 1998).
Os valores normativos para a razo convencional I/Q apresentam
grande controvrsia,
contudo, os valores compreendidos entre 50% e 60% parecem
apresentar concordncia em
termos gerais (Aagaard et al., 1998; Baltzopoulos & Brodie,
1989). A razo I/Q funcional
calculada pela diviso entre o momento mximo alcanado pelos
msculos isquiotibiais
durante a contrao excntrica com o momento mximo alcanado pelos
msculos
quadriceps durante a contrao concntrica (Iexc/Qcon) ou pelo
momento mximo alcanado
pelos msculos isquiotibiais na contrao concntrica com o momento
mximo alcanado
pelos msculos quadriceps na contrao excntrica (Icon/Qexc)
(Kellis & Katis, 2007).
A razo I/Q funcional parece ser a mais indicada comparativamente
convencional durante o
protocolo isocintico, porque a razo I/Q convencional implica que
numa contrao
concntrica (ou excntrica) do joelho haja contrao simultnea dos
grupos muscular
quadriceps e isquiotibial simultaneamente. Contudo, o movimento
verdadeiro da articulao
do joelho implica uma contrao excntrica dos msculos
isquiotibiais e concntrica do
msculo quadriceps (extenso do joelho), ou vice-versa (flexo do
joelho) (Aagaard, et al.,
1998; Coombs & Garbutt 2002).
O indicador razo Iexc/Qcon permite informar a capacidade que o
grupo muscular isquiotibial
tem em contrariar os movimentos de deslize anterior da tbia
relativamente ao fmur,
induzidos pela contrao mxima do grupo muscular quadriceps
(Aagaard, et al., 1998;
Hewett, Myer & Zazulak, 2008). De acordo com o estudo de
Hewett e col. (2008), medida
que a velocidade angular aumenta durante um protocolo isocintico
testado em indivduos do
sexo masculino, a razo Iexc/Qcon tambm aumenta, relatando a
capacidade de estabilizao
articular do joelho e de proteo de leses do ligamento cruzado
anterior. Estudos isocinticos
demonstraram que para velocidades elevadas, os valores do
indicador razo Iexc/Qcon
aproximam-se de 100% (Aagaard, et al., 1997; Aagaard, et al.,
1998).
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez?cmd=search&db=PubMed&term=%20Hewett%2BTE%5bauth%5dhttp://www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez?cmd=search&db=PubMed&term=%20Myer%2BGD%5bauth%5dhttp://www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez?cmd=search&db=PubMed&term=%20Zazulak%2BBT%5bauth%5d
17
2.3.2. Perfis isocinticos da fora dos msculos extensores e
flexores da articulao
do joelho
Os taekwondistas normalmente utilizam pontaps rpidos e em
grandes amplitudes de
movimento, direcionadas cabea ou ao tronco. Estas aes exigem um
esforo intensivo dos
msculos flexores e extensores da articulao do joelho (Machado,
Osrio, Silva & Magini,
2010).
Apesar da escassa investigao sobre a produo de fora muscular dos
grupos extensor e
flexor da articulao do joelho em taekwondistas, reconhece-se a
sua importncia no
desenvolvimento cientfico para uma prtica eficiente desta arte
marcial (Teng, Keong, Ghosh
& Thimurayan, 2008; Kim, Stebbins, Chai & Song, 2011;
Machado, et al., 2010; Heller,
Peric, Dlouh, Kohlkov, Melichna, et al., 1998). Na maioria dos
estudos analisados, a
informao resultante da avaliao da fora foi fornecida atravs dos
indicadores isocinticos
momento mximo. Contudo, a diferena bilateral de fora e/ou razo
I/Q normalmente no
referenciada na literatura.
As adaptaes especficas s exigncias do taekwondo parecem resultar
num incremento da
fora dos msculos quadriceps e isquiotibiais (Kim, et al., 2011;
Machado, et al., 2010;
Heller, et al., 1998). No estudo desenvolvido por Kim e col.
(2011), investigaram-se mltiplas
variveis (como a velocidade, agilidade, flexibilidade) e tambm a
fora muscular produzida
pelos grupos musculares extensores e flexores da articulao do
joelho. Nesse estudo,
investigaram-se as diferenas de fora muscular adquiridas nesses
grupos musculares aps 12
semanas de prtica de taekwondo em trinta e uma raparigas
saudveis, com idades
compreendidas entre os 15 e os 16 anos. Todos os sujeitos
realizavam atividade fsica (aulas
de educao fsica) apenas 2 dias por semana na escola (apenas uma
escola). Posteriormente,
foram divididas em dois grupos: um grupo de alunas (N = 10) que
realizava apenas educao
fsica (50 minutos por dia, duas vezes por semana), e um grupo de
taekwondo (N = 21) que
participava nas classes de educao fsica (50 minutos por dia,
duas vezes por semana) e nas
aulas de taekwondo (50 minutos por dia, duas vezes por semana).
Os resultados
demonstraram que o treino de taekwondo durante 12 semanas
aumentou a capacidade de
produo de fora muscular no dinammetro isocintico para os
movimentos de flexo e
extenso da articulao do joelho. Num estudo de ODonovan e col.
(2006), participaram 13
atletas (idade mdia de 23,7 anos) praticantes de artes marciais
(onde se incluram
taekwondistas) e 12 indivduos sedentrios (idade mdia = 22,2
anos). Nesse estudo, os atletas
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Peric%20T%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=9596358http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Peric%20T%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=9596358http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Kohl%C3%ADkov%C3%A1%20E%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=9596358http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Melichna%20J%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=9596358
18
tambm apresentaram aumentos superiores na produo de fora para os
movimentos de
flexo e extenso concntrica da articulao do joelho s velocidades
de 30, 90 e 210s-1
e
tambm para o movimento de extenso em condies isomtricas,
comparativamente com o
grupo controlo.
2.3.3. Avaliao isocintica da fora muscular
O termo fora muscular refere-se capacidade de um msculo para
desenvolver tenso de
forma ativa, independentemente das condies sob as quais esta
tenso medida (velocidade
contrctil lenta ou rpida; contrao em encurtamento ou em
alongamento)
(Sapega, 1990).
Contemporaneamente, existe um mtodo de avaliao da fora muscular
em condies
dinmicas por dinamometria isocintica, reconhecida atualmente
como um instrumento vlido
e fivel para determinar a fora muscular dinmica (Gleeson &
Mercer, 1996; Drouin,
Valovich-McLeod, Shultz, Gansneder & Perrin, 2004; Sapega,
1990; Baltzopoulos & Brodie,
1989). O dinammetro isocintico permite controlar a velocidade de
movimento de um
membro a velocidade e resistncia constante (apenas quando
ultrapassa a velocidade pr-
determinada). Neste caso, a resistncia igual fora muscular
executada durante a amplitude
de movimento (Baltzopoulos & Brodie, 1989; Gleeson &
Mercer, 1996).
2.4. Representao da funo fsica para o membro inferior
A aplicao de testes funcionais no membro inferior como
ferramenta de avaliao nas
decises clnicas ou desportivas frequentemente utilizada por
profissionais de sade e/ou
por investigadores (Bolgla & Keskula, 1997; Fitzgerald,
Lephart, Hwang & Wainner, 2001).
Dentro do grupo de testes utilizados para avaliao da funo fsica,
frequente a aplicao
dos hop tests para avaliar a funcionalidade dos membros
inferiores, atravs da capacidade de
salto horizontal unipodal (Ross, Langford & Whelan, 2002).
Noyes e col. (1991),
desenvolveram 4 testes passveis de se efetuar num plano
horizontal: 1) single hop - para
distncia (SHTD), 2) triple hop - para distncia (THTD), 3)
crossover hop - para distncia
(CHTD) e 4) Six-m hop - para tempo (SixHTT). Estes testes
englobam uma grande variedade
de princpios de movimento, entre os quais diferentes mudanas de
direo, velocidade,
acelerao e desacelerao. A nvel interpretativo, considera-se que
existe uma boa promoo
da estabilidade dinmica da articulao do joelho se as quatro
componentes supranumeradas
19
no apresentarem qualquer tipo de desequilbrio funcional durante
a sua execuo (Gotlin &
Huie, 2000; Manal & Snyder-Mackler, 1996).
Uma das vantagens da utilizao dos hop tests o facto de poderem
ser aplicados em ambos
os membros inferiores. Tal permite que o teste realizado no
membro inferior possa ser
expresso em percentagem, comparativamente ao membro inferior
contralateral,
determinando-se assim um ndice de simetria dos membros
inferiores (ISMI) (Reid,
Birmingham, Stratford, Alcock & Giffin 2007). O ISMI, mais
conhecido por limb symmetry
ndex, pode ser calculado para ajudar a diferenciar indivduos com
ou sem estabilidade
dinmica do joelho (Noyes, Barber, & Mangine, 1991;
Fitzgerald, et al., 2001). Segundo
Noyes, et al., (1991), os valores de referncia para o ISMI
devero ser iguais ou superiores a
85% para indivduos saudveis, independentemente do membro
inferior testado, gnero
(masculino ou feminino) ou nvel de atividade fsica praticada.
Outras vantagens da realizao
dos hop tests so o facto de identificarem possveis leses na
articulao do joelho em
indivduos aparentemente saudveis. Isto deve-se ao facto de
permitirem verificar a
integridade do controlo neuromuscular, fora e capacidades
funcionais do membro inferior
testado; durao curta do teste; so fceis de aplicar; e so
econmicos (Baltaci, Yilmaz &
Atay, 2012; Fitzgerald, et al., 2001; Petschnig, Baron &
Albrecht, 1998; Borsa, Lephart &
lrrgang, 1998). De acordo com Bolga & Keskula (1997), uma
desvantagem dos hop tests
no serem capazes de detetar anomalias especficas referentes
articulao do joelho, mas so
capazes de verificar se o membro inferior se apresenta funcional
(ou no).
Os hop tests tm sido estudados para os membros inferiores em
indivduos com fraqueza
muscular, laxidez ligamentar e dfices de propriocepo do joelho.
Similarmente, estes
permitem a avaliao do progresso de reabilitao fsica ps-cirrgico
e tambm a avaliao
da performance em pacientes com leses do ligamento cruzado
anterior (Fitzgerald, et al.,
2001). Na verdade, so vrios os estudos que relacionam a
capacidade de salto unipodal
horizontal (hop tests) com leses do ligamento cruzado anterior
(Baltaci, et al., 2012;
Fitzgerald, et al., 2001; Fitzgerald, Axe & Snyder-Mackler,
2000; Keays, Bullock-Saxton,
Newcombe & Keays, 2003; Noyes, et al., 1991; Reid, et al.,
2007; Logerstedt, Snyder-
Mackler, Ritter, Axe & Godges, 2010).
H evidncia que os hop tests so uma boa ferramenta para predizer
em pacientes com leso
do ligamento cruzado anterior em regressar a um nvel de
atividade fsica elevada aps
reabilitao (no cirrgica), sem voltarem a experienciar episdios
contnuos de instabilidade
articular (Fitzgerald, et al., 2000). Fitzgerald e col. (2000)
estudaram este facto e propuseram
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Petschnig%20R%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=9653687http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Albrecht%20M%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=9653687
20
a aplicao de instrumentos de medida de avaliao pessoal para o
grau de funcionalidade e
instabilidade do joelho, juntamente com a execuo do SHTD e
SixHTT. Participaram vinte e
oito indivduos dispostos a regressar a nveis elevados de
atividade fsica, seguidos de um
perodo de reabilitao (mximo de 6 meses). At aos 6 meses, os
sujeitos foram classificados
como aptos (se regressassem a nveis de atividade fsica elevada
sem nenhum tipo de
problema aparente da articulao do joelho), ou como inaptos (se
apresentassem pelo menos 1
episdio de instabilidade desta articulao). Fitzgerald e col.
(2000) compararam os
resultados dos hop tests entre os sujeitos aptos com os sujeitos
que continuaram a receber
reabilitao fsica (posteriormente a 6 meses). Esta comparao
indicou que aqueles que
tinham falhado o tempo mximo estipulado de reabilitao
(posteriormente a 6 meses)
apresentaram um ISMI significativamente inferior para o SixHTT
(85,4 4,1%; N = 6),
comparativamente aos indivduos considerados aptos (95,1 6,6 %; N
= 22). Estes resultados
demonstraram que os hop tests tm a capacidade de predizer o
futuro sucesso em regressar a
nveis de atividade fsica elevada em indivduos com rutura do
ligamento cruzado anterior
(no cirrgico).
A relao entre a performance dos hop tests com a produo de fora
muscular por
dinamometria isocintica tem sido amplamente estudada
(Logerstedt, et al., 2010;
Greenberger & Paterno, 1995; Santos, vila, Hanashiro,
Camargo & Salvini, 2010;
Fitzgerald, et al., 2001). Greenberger & Paterno (1995)
avaliaram 20 sujeitos saudveis
(idade: 20,7 1,9 anos; estatura: 171,7 9,3 cm; peso: 65,1 10,6
kg), dos quais 7 eram
homens e 13 eram mulheres. Os sujeitos avaliados realizaram
bilateralmente 3 movimentos
isocinticos concntricos para o movimento de extenso velocidade
240s-1
para avaliao
da fora muscular do quadriceps e realizaram 3 saltos para o
SHTD. O coeficiente de
correlao de Pearson para o momento mximo e distncia percorrida
foi 0,78 para o membro
inferior dominante e 0,65 para o membro inferior no dominante (p
< 0,05). Os autores
concluram que a fora isocintica no se correlaciona fortemente
com os hop tests, levando a
crer que a avaliao por dinamometria isocintica, por si s, um
critrio insuficiente para
diagnosticar o retorno dos indivduos s suas atividades
funcionais. Por sua vez, Santos, et al.,
(2010) estudaram a relao entre o torque mximo do quadriceps com
os testes funcionais de
agilidade (corrida) e com os testes funcionais de propulso (SHTD
e THTD), posteriormente
a um programa de exerccios com treino excntrico. Participaram 20
sujeitos masculinos
saudveis (idade: 22,5 2,1 anos; estatura: 172 10 cm; peso: 67,8
9,5 kg; IMC: 22,5 2,0
kg/m2). Foram realizados movimentos isocinticos para flexo e
extenso da articulao do
21
joelho durante 3 sries de 10 movimentos excntricos s velocidades
30s-1
e 120s-1
, com 3
minutos de descanso entre cada srie. A frequncia foi duas vezes
por semana, durante 6
semanas (12 sesses de treino). Os autores verificaram que o
treino excntrico aumentou o
torque mximo produzido pelo quadriceps (p < 0,01) e diminuiu
a razo I/Q (p < 0,01).
Verificaram tambm que houve diminuio do tempo para dois dos 5
testes de agilidade e
aumentou a distncia para os dois hop tests, tanto para o membro
inferior dominante, como
para o membro inferior no dominante (p < 0,01). Contudo,
apesar do treino excntrico
aumentar o torque mximo do quadriceps e melhoria de alguns
testes funcionais, os autores
observaram que no houve forte correlao (r 0,5) entre o torque
mximo com os testes
funcionais. No estudo de Logerstedt e col. (2010) e de
Fitzgerald e col. (2001), os autores
tambm admitiram que correlao entre a performance dos hop tests e
a produo de fora
muscular variou entre fraca a moderada.
Para alm dos estudos hop tests vs.dinamometria isocintica,
existem outros mtodos
comparativos a efetuar com estes testes funcionais. Fitzgerald,
et al., (2001) fizeram uma
pesquisa sobre a: 1) relao entre os hop tests com a laxidez
passiva e anterior da articulao
do joelho (gaveta anterior) em indivduos com problemas do
ligamento cruzado anterior; 2)
relao entre os hop tests com a sensao de posio articular passiva
do joelho; e 3) relao
entre os hop tests com alguns instrumentos de medida (como o
caso do instrumento de
medida Cincinnati e Lysholm) que avaliam a capacidade funcional
da articulao do joelho.
Para o ponto 1), os autores verificaram que no h evidncia que
sinais positivos de gaveta
anterior do joelho influenciem a performance dos hop tests. No
ponto 2), os autores
verificaram que embora o teste de sensao de posio articular
passiva do joelho seja um
teste frequentemente utilizado em indivduos com problemas no
ligamento cruzado anterior,
no h forte correlao com a performance do SHTD. Todavia, os
autores argumentam que
ainda h poucos conhecimentos neste campo, uma vez que ainda no
foram realizados estudos
comparativos entre o CHTD e SixHTT com a sensao de posio
articular passiva do joelho.
No ponto 3) Fitzgerald e col. (2001) tambm no encontraram forte
correlao entre os hop
tests com alguns instrumentos de medida que avaliam a capacidade
funcional da articulao
do joelho. Os autores referiram que esta fraca correlao
demonstrou que, se a aplicao dos
hop tests fossem realizados separadamente destes instrumentos de
medida (ou vice-versa), e
sem outro tipo de avaliaes funcionais, os resultados finais
poderiam ser inadequados
quando se pretendesse aceder ao grau de funcionalidade dos
membros inferiores.
22
Os hop tests proporcionam avaliaes fiveis para indivduos
saudveis (Bolgla & Keskula,
1997; Ross, et al., 2002) e avaliaes fiveis para indivduos
submetidos a um protocolo de
reabilitao ps-cirrgico a uma rutura do ligamento cruzado
anterior (Reid, et al., 2007).
Para indivduos saudveis, os hop tests demonstraram que para o
SHTD o coeficiente de
correlao intraclasse variou entre 0.92 to 0.96. No THTD, o
coeficiente de correlao
intraclasse variou entre 0.95 to 0.97, no CHTD variou entre 0.93
to 0.96 e no SixHTT variou
entre 0.66 to 0.92 (Logerstedt, et al., 2010). Para indivduos
submetidos a um protocolo de
reabilitao ps cirurgica do ligamento cruzado anterior, o
coeficiente de correlao
intraclasse para o ndice de simetria variou entre 0,82 e
0,93.
2.5. Estado de sade da articulao do joelho
Os problemas internos da articulao do joelho so inmeros e de
consequncias variadas
para a funo e qualidade de vida no indivduo. A crescente procura
por atividades fsicas,
associada anatomia complexa e vulnervel da articulao do joelho,
fez com que
aumentasse a incidncia de leses ligamentares nesta articulao
(Peccin, Ciconelli & Cohen,
2006). De facto, o papel desempenhado pela atividade fsica como
preditor de sintomas e de
leses msculo-esquelticas tem sido estudado em diferentes modelos
de estudo. Estes
modelos de estudos incluem relatos sobre como a fora muscular,
flexibilidade, ou atividade
fsica se associam a leses da articulao do joelho (Mikkelsson,
Nupponen, Kaprio,
Kautiainen, Mikkelsson, et al., 2006). No estudo de Sharma e
col. (2001) verificou-se que o
excessivo varo ou valgo da articulao do joelho contribuiu
significativamente para aumentar
o risco de osteoartrite desta articulao e que associado ao
aumento de fora muscular,
tambm se associou maior risco de osteoartrite do joelho (pelo
menos em pacientes com
desalinhamento desta articulao). No estudo de Mikkelsson e col.
(2006) foi identificado que
os indivduos que praticavam atividade fsica com elevada
resistncia muscular dos grupos
flexores e extensores da articulao do joelho, apresentaram maior
predisposio para
ocorrncia de leses articulares desta regio anatmica,
principalmente em indivduos do sexo
masculino. Os autores referiram que os sujeitos que apresentavam
maior resistncia muscular
nestes grupos musculares, normalmente participavam em maior
nmero de atividades
desportivas, comparativamente a indivduos que tinham menor
resistncia muscular. Este
fenmeno poderia traduzir maior nmero de leses ligamentares e
meniscais da articulao do
joelho durante a prtica desportiva nos indivduos que praticavam
maior nmero de atividades
desportivas. Contudo, os prprios autores referiram que em caso
de leso da articulao do
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez?cmd=search&db=PubMed&term=%20Mikkelsson%2BLO%5bauth%5dhttp://www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez?cmd=search&db=PubMed&term=%20Nupponen%2BH%5bauth%5dhttp://www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez?cmd=search&db=PubMed&term=%20Kaprio%2BJ%5bauth%5dhttp://www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez?cmd=search&db=PubMed&term=%20Kautiainen%2BH%5bauth%5dhttp://www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez?cmd=search&db=PubMed&term=%20Kautiainen%2BH%5bauth%5dhttp://www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez?cmd=search&db=PubMed&term=%20Mikkelsson%2BM%5bauth%5d
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joelho, a reabilitao da funo muscular, de que exemplo o aumento
da produo de fora
muscular, dever ser implementada para evitar a reincidncia de
leses. McQuade & Oliveira
(2011) estudaram se o aumento de fora muscular dos msculos
extensores e flexores da
articulao do joelho, afetava diretamente o estado de sade desta
articulao (avaliados pelo
questionrio KOOS) em pacientes com osteoartrite. De acordo com
os autores, foram
encontradas melhorias significativas para as 5 dimenses
avaliadas por este instrumento de
medida (dor, sintomas, atividades da vida diria, atividades
desportivas e de lazer e qualidade
de vida). Este facto permitiu-lhes afirmar que um programa de
fortalecimento muscular da
articulao do joelho reduziu a dor e melhorou a sua funo
articular. De acordo com o
National Health and Medical Research Council (2009), a fraqueza
do msculo quadriceps
contribui para o aumento de incapacidade causada pela
instabilidade articular. Ainda no
mesmo estudo, mencionado que para aumentar a produo de fora
muscular, mobilidade
articular e funo fsica da articulao do joelho (com diminuio da
sua dor), aconselhada a
prtica de exerccio fsico de intensidade leve a moderada. Felson
e col. (2007) realizaram um
estudo em 1279 indivduos e relacionaram os diagnsticos de raio-x
com o nvel de atividade
fsica durante 9 anos. Os autores concluram que mesmo em
indivduos que realizavam
exerccios fsicos de intensidade elevada, no houve evidncias que
estes sujeitos
apresentassem maiores riscos de desenvolver osteoartrite da
articulao do joelho,
comparativamente a indivduos que no faziam qualquer tipo de
atividade fsica. Deste modo,
recomendvel a prtica de atividade fsica regular para promover o
estado de sade da
articulao do joelho (National Health and Medical Research
Council, 2009; Felson, Niu,
Clancy, Sack, Aliabadi, et al., 2007).
Para alm da relao da prtica de atividade fsica regular e produo
de fora muscular com
o estado de sade da articulao do joelho, a flexibilidade tambm
parece assumir um papel
importante nesta articulao (American College of Sports Medicine,
2009).
Harvie e col. (2011) realizaram uma reviso sistemtica com 10
estudos randomizados e
controlados, com o objetivo de determinar quais eram os
exerccios fsicos mais vantajosos
para reduo da dor em indivduos com o sndrome patelo-femoral.
Foram identificados 14
tipos de exerccios diferentes para diminuir a dor nessa regio, 2
dos quais eram exerccios de
alongamento passivo. Os autores concluram que os exerccios
adotados para o aumento de
flexibilidade (neste caso exerccios passivos), associados a
outros exerccios especficos (para
o sndrome patelo-femoral) so um bom complemento para reduzir a
dor no joelho. Tran e
col. (2001) estudaram a relao da prtica de yoga com a perfomance
fsica em 10 indivduos
saudveis no treinados, com idades compreendidas entre os 18 e os
27 anos. Foram avaliadas
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Tran%20MD%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=11832673
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algumas componentes da performance fsica, entre as quais a
flexibilidade (para as
articulaes do p, ombro e tronco) antes e aps u