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INSTITUTO MATERNO INFANTIL DE PERNAMBUCO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MATERNO-INFANTIL
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL EM CRIANÇAS HOSPITALIZADAS NO
INSTITUTO MATERNO INFANTIL DE PERNAMBUCO TRATADAS SEGUNDO
O PROTOCOLO DA OMS (2000 – 2001): ESTUDO TRANSVERSAL.
ESMERALDA MARIA MONTENEGRO KARAJEANES
RECIFE, 2004
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ESMERALDA MARIA MONTENEGRO KARAJEANES
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL EM CRIANÇAS HOSPITALIZADAS NO
INSTITUTO
MATERNO INFANTIL DE PERNAMBUCO TRATADAS SEGUNDO O PROTOCOLO
DA OMS (2000 – 2001): ESTUDO TRANSVERSAL.
DISSERTAÇÃO APRESENTADA AO COLEGIADO DO CURSO DE MESTRADO
EM SAÚDE MATERNO INFANTIL DO INSTITUTO MATERNO INFANTIL DE
PERNAMBUCO COMO PARTE DOS REQUISITOS PARA OBTENÇÃO DO
GRAU DE MESTRE EM SAÚDE MATERNO- INFANTIL
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: SAÚDE DA CRIANÇA
LINHA DE PESQUISA: NUTRIÇÃO INFANTIL
ORIENTADORA: ANA RODRIGUES FALBO
CO-ORIENTADOR: RUBEN SCHINDLER MAGGI
RECIFE, 2004
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F i ch a ca ta l o gr á f i ca
Preparada pela Biblioteca do Instituto Materno Infantil de
Pernambuco, IMIP, Ana Bove
Karajeanes, Esmeralda Maria Montenegro Avaliação nutricional em
crianças hospitalizadas no Instituto Materno
Infantil de Pernambuco tratadas segundo o protocolo da OMS (2000
– 2001): estudo transversal. / Esmeralda Maria Montenegro
Karajeanes. -- Recife: O autor, 2004.
98p. il. (figura e tabelas)
Dissertação (mestrado) -- Colegiado do Curso de Mestrado em
Saúde Materno Infantil do Instituto Materno Infantil de Pernambuco,
IMIP.
Área de concentração: Saúde da criança Orientadora: Ana
Rodrigues Falbo Co-orientador: Ruben Schindler Maggi
DESCRITORES: 1. Avaliação nutricional 2. Estado nutricional 3.
Transtornos da nutrição infantil 4. Bem-estar da criança 5.
Protocolos clínicos I. Falbo, Ana Rodrigues, orientadora II. Maggi,
Ruben Schindler, co-orientador III. Título IV. Instituto Materno
Infantil de Pernambuco, IMIP
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DEDICATÓRIA
Às Dauas da minha vida
e a todas as crianças carentes com esperança de melhores
dias.
-
AGRADECIMENTOS
À Doutora Ana Rodrigues Falbo e ao Doutor Ruben Schindler Maggi,
pela orientação do
presente trabalho.
Ao Professor José Natal Figueiroa, pelo apoio estatístico.
Ao Ministério da Saúde da República de Moçambique, pela
oportunidade e concessão da
bolsa de estudo.
Ao Instituto Materno Infantil de Pernambuco, pela recepção e
acolhimento.
Aos meus Pais, pela formação, ensinamentos e valores de
vida.
Ao António Júlio Botelho Moniz, por tudo e pelo incentivo para o
início deste Mestrado.
À minha irmã Maria Alice, à Ilda Palmira e à Eva das Dores, que
de lugares e formas
diferentes sempre me apoiaram.
À Joaquina A. Taero, pela dedicação incomparável em suas
atividades.
Ao Joaquim Carlos Dias Van-Dunem e à Bebiana Calisto Bernardo
pelo apoio,
convivência e amizade.
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SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS E FIGURAS
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS UTILIZADOS
RESUMO
ABSTRACT
1.
INTRODUÇÃO.........................................................................................
1
1.1 Importância da desnutrição energético-protéica na
infância................... 1
1.2 Prevalência da desnutrição energético-protéica na infância
................... 3
1.3 Conceituação da desnutrição energético-protéica na
infância................. 4
1.4 Classificação da desnutrição energético-protéica na infância
................. 4
1.5 Causas da desnutrição energético-protéica na infância
........................... 8
1.5.1 Causas básicas ou sociais
.................................................................
10
1.5.2 Causas subjacentes ou familiares
..................................................... 11
1.5.3 Causas imediatas ou individuais
...................................................... 13
1.6 Soluções para resolução do problema da desnutrição
energético-
protéica na infância
......................................................................................
13
1.6.1 Medidas gerais
.................................................................................
15
1.6.2 Manejo hospitalar
.............................................................................
15
2. OBJETIVOS 21
2.1 Objetivo geral
..........................................................................................
21
2.2 Objetivos específicos
..............................................................................
21
-
3. MÉTODO
.................................................................................................
23
3.1 Local do
Estudo.......................................................................................
23
3.2 População do Estudo
...............................................................................
23
3.3 Desenho do Estudo
.................................................................................
23
3.4 Amostra
..............................................................................
24
3.5 CRITÉRIOS E PROCEDIMENTOS PARA SELEÇÃO DOS
SUJEITOS..............................................................................................
25
3.5.1 Critérios de inclusão
........................................................................
25
3.5.2 Critérios de exclusão
........................................................................
25
3.6 DEFINIÇÃO DE TERMOS E VARIÁVEIS DO ESTUDO ..................
25
3.6.1 Definição de Termos do estudo
....................................................... 25
3.6.2 Variáveis estudadas para caracterização das crianças
...................... 29
3.6.2.1 Variáveis antropométricas
.............................................................
29
3.6.2.2 Variáveis sociodemográficas
....................................................... 29
3.6.2.3 Variáveis indicadoras de algumas características das
mães .......... 30
3.6.2.4 Variáveis indicadoras da condição de saúde da criança
............... 31
3.7 Procedimentos realizados e acompanhamento dos pacientes
durante a
hospitalização no estudo
original........................................................
32
3.8 Coleta de dados
.......................................................................................
34
3.9 Processamento e análise de dados
.......................................................... 34
3.10 Aspectos éticos
.....................................................................................
35
3.11 Limitações metodológicas
.....................................................................
35
-
4. RESULTADOS
.........................................................................................
36
4.1 Características das crianças
.....................................................................
36
4.2.1 Características sociodemográficas
.................................................. 36
4.1.2 Características das mães
...................................................................
40
4.1.3 Características indicadoras da condição de saúde das
crianças ....... 42
4.1.4 Características indicadoras da condição clínica na
admissão e
tempo de permanência hospitalar
....................................................
44
4.1.5 Aspectos da evolução clínica durante a hospitalização e
tempo
para início da reabilitação
................................................................
48
4.1.6 Desfecho hospitalar
..........................................................................
52
4.2 Descrição e avaliação da situação nutricional no momento da
admissão
e alta
hospitalar........................................................................................
53
4.2.1 descrição do estado nutricional das crianças no momento
da
admissão..........................................................................................
53
4.2.2 Avaliação da situação nutricional das crianças no momento
da
alta....................................................................................................
53
5. DISCUSSÃO
............................................................................................
57
5.1 Características das crianças
.....................................................................
57
5.1.1 Características sociodemográficas
................................................... 57
5.1.2 Características das mães
...................................................................
62
5.1.3Características indicadoras da condição de saúde das
crianças ........ 64
5.1.4 Características indicadoras da condição clinica na
admissão e
tempo de permanência hospitalar
....................................................
67
-
5.1.5 Aspectos da evolução clinica durante a hospitalização e
tempo
para inicio da reabilitação
................................................................
72
5.1.6 Desfecho hospitalar
..........................................................................
75
5.2 Estado nutricional das crianças no momento da admissão e
alta
hospitalar.................................................................................................
77
5.2.1 Estado nutricional das crianças no momento da
admissão............... 77
5.2.2 Situação nutricional das crianças no momento da alta
78
6. CONSIDERAÇÕES
FINAIS....................................................................
82
7. CONCLUSÕES
........................................................................................
83
8. RECOMENDAÇÕES
...............................................................................
84
9. REFERÊNCIAS
........................................................................................
85
APÊNDICE
ANEXO
-
LISTA DE TABELAS E FIGURAS
Tabela 1. Distribuição de freqüência de crianças desnutridas
hospitalizadas no IMIP,
segundo idade, sexo e renda per capita. Recife, 2000 a 2001.
Tabela 2. Distribuição de freqüência de crianças desnutridas
hospitalizadas no IMIP,
segundo condições de habitação. Recife, 2000 a 2001.
Tabela 3. Distribuição de freqüência de crianças desnutridas
hospitalizadas no IMIP,
segundo características das mães. Recife, 2000 a 2001.
Tabela 4. Distribuição de freqüência de crianças desnutridas
hospitalizadas no IMIP,
segundo sua condição de saúde. Recife, 2000 a 2001.
Tabela 5. Distribuição de freqüência de crianças desnutridas
hospitalizadas no IMIP,
segundo motivo de internamento e choque circulatório na
admissão. Recife,
2000 a 2001.
Tabela 6. Distribuição de freqüência de crianças desnutridas
hospitalizadas no IMIP,
segundo existência de doença de base e dosagem de hemoglobina na
admissão.
Recife, 2000 a 2001.
-
Tabela 7. Distribuição de freqüência de crianças desnutridas
hospitalizadas no IMIP,
segundo ocorrência de hipoglicemia e hipotermia na admissão e
tempo de
permanência hospitalar. Recife, 2000 a 2001.
Tabela 8. Distribuição de freqüência de crianças desnutridas
hospitalizadas no IMIP,
segundo ocorrência de episódios de diarréia, insuficiência
cardíaca congestiva
(ICC) e infecção hospitalar durante a hospitalização. Recife,
2000 a 2001.
Tabela 9. Distribuição de freqüência de crianças desnutridas
hospitalizadas no IMIP,
segundo ocorrência de episódios de hipoglicemia e hipotermia
durante
a hospitalização e tempo para início de reabilitação. Recife,
2000 a 2001.
Tabela 10. Distribuição de freqüência de crianças desnutridas
hospitalizadas no IMIP,
segundo desfecho hospitalar. Recife, 2000 a 2001.
Tabela 11. Distribuição de freqüência de crianças desnutridas
hospitalizadas no IMIP,
segundo avaliação nutricional na admissão. Recife, 2000 a
2001.
Tabela 12. Distribuição de freqüência de crianças desnutridas
hospitalizadas no IMIP,
segundo avaliação nutricional no momento da alta. Recife, 2000 a
2001.
Figura 1. Modelo causal da desnutrição infantil adaptado a
partir do modelo do UNICEF
(1998a).
-
Figura 2. Distribuição de freqüências marginais do estado
nutricional de crianças
desnutridas hospitalizadas no IMIP, segundo avaliação
nutricional na alta
hospitalar. Recife, 2000 a 2001.
-
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS UTILIZADAS
A/I- relação antropométrica entre a medida de altura e idade
BK- bacilo de Koch
bpm- batimentos por minuto
Catch-up- ganho rápido de peso após início de tratamento
nutricional
Check list- lista de verificação
DEP- desnutrição energético-protéica
DP- desvio padrão
EPI-INFO - Software de domínio público para análise
epidemiológica
EPINUT- Programa do Software EPI-INFO versão 6.0.4. para análise
nutricional
F75 – Fórmula láctea específica para tratamento inicial em
crianças desnutridas
F100- Fórmula láctea específica para tratamento de reabilitação
em crianças desnutridas
Hb- hemoglobina
HGP- Hospital Geral de Pediatria
HIV- Vírus de imunodeficiência humana
ICC- Insuficiência cardíaca congestiva
IMIP- Instituto Materno Infantil de Pernambuco
ipm- inspirações por minuto
NEPI- Núcleo de Epidemiologia
NCHS- National Center of Health Statistics
OMS- Organização Mundial da Saúde
ONG’s- Organizações não governamentais
P/A- relação antropométrica entre a medida de peso e altura
-
PENS- Pesquisa Estadual de Nutrição e Saúde
P/I- relação antropométrica entre a medida de peso e idade
ReSoMal- Solução de reidratação oral específica para tratamento
da desidratação por
diarréia em crianças com desnutrição grave.
RMR- Região Metropolitana do Recife
SIDA- Sindroma de imunodeficiência adquirida
SUS- Sistema Único de Saúde
UNESP- Universidade Estadual de São Paulo
UNICEF- Fundo das Nações Unidas para a Infância
WHO- World Health Organization
-
RESUMO INTRODUÇÃO: A desnutrição energético-protéica é um
importante problema de saúde
pública, particularmente em crianças menores de cinco anos nos
países em
desenvolvimento, podendo causar atraso no crescimento e retardo
no desenvolvimento
psíquico e mental. OBJETIVOS: Avaliar aspectos
sociodemográficos, clínicos e
nutricionais de crianças desnutridas de um a 60 meses tratadas
segundo o protocolo da
OMS para desnutridos graves, hospitalizadas no IMIP de dezembro
de 2000 a dezembro de
2001. MÉTODO: Foi realizado um estudo transversal com componente
analítico
envolvendo 101 crianças. Foram considerados dois grupos: um
constituido por crianças
com índice peso por altura inferior a menos 3DP e/ou presença de
edema simétrico no
minimo nos pés (grupo dos desnutridos graves) e outro com índice
peso por altura igual ou
superior a menos 3DP (grupo dos desnutridos não graves). Na
análise estatística foram
utilizados os testes qui-quadrado e exato de Fisher com nível de
significância de 5%,
recorrendo aos programas EPI-INFO 6.04 e seu módulo EPINUT.
RESULTADOS: Os
desnutridos graves apresentaram um maior percentual (64,9%) de
crianças com idade
acima de 12 meses (desnutridos não graves=31,3%) (p=0,004). Mais
de dois terços das
crianças dos dois grupos de estudo pertenciam a famílias com
renda per capita inferior a
cinqüenta reais (desnutridos graves, 82,8% e desnutridos não
graves, 70,6%) (p=0,082). A
maior freqüência (18,2%) das crianças com história de contato
com BK foi observada no
grupo dos desnutridos graves (desnutridos não graves=6,5%)
(p=0,090). A presença de
doença de base foi maior (45,3%) entre as crianças desnutridas
não graves (desnutridos
graves=21,6%) (p=0,030). A análise de freqüências marginais
revelou uma evolução
nutricional positiva em todos os subgrupos de estudo (p
-
ABSTRACT
INTRODUCTION: Energy-protein malnutrition is an important public
health problem,
especially among children under the age of 5 years in developing
countries, and can cause
retardation in growth as well as in psychic and mental
development. OBJECTIVES:
Assess the socio-demographic, clinical and nutritional aspects
of malnourished children
between the ages of 1 to 60 months hospitalized in IMIP
Children's Hospital between
December 2000 and December 2001, treated in accordance with WHO
guidelines
regarding severely malnourished children. METHOD: A sectional
study with an analytic
component was carried out involving 101 children. Two groups
were considered: one with
of children with a weight-to-height index of less than minus 3SD
and/or the presence of
symmetrical edema on at least the feet (Group of severely
malnourished) and another group
with a weight-to-height index equal or superior to minus 3SD
(Group of no severely
malnourished). The chi-square test and Fisher's exact test were
used were used in the
statistical analysis, with a significance level of 5%, computed
on the program EPI-INFO
6.04 and its EPINUT module. RESULTS: The severely malnourished
patients presented
the highest percentage (64.9%) of children over the age of 12
months (no severely
malnourished=31.3%) (p=0.004). More than two thirds of the
children were to families
with a monthly per capita income of less than R$50 (severely
malnourished, 82.8%; no
severely malnourished, 70.6%) (p=0.082). A greater frequency
(18.2%) of children with a
history of contact with Koch's bacillus was observed in the
severely malnourished group
(no severely malnourished = 6.5%) (p=0.090). The presence of
base disease was greater
(45.3%) among the no severely malnourished (severely
malnourished = 21.6%) (p=0.030).
The mortality rate was 18.9% among the severely malnourished
children and 10.9% among
the group of no severely malnourished (p=0.668). The marginal
frequency analysis
revealed positive nutritional evolution among all the subgroups
of the study (p
-
negative evolution of the nutritional state, although the risks
and socioeconomic strain
inherent to hospitalization should be assessed.
KEY WORDS: Nutritional assessment, nutritional state, child
nutrition disorders, child
well-being, clinical protocols.
-
ESMERALDA M. M. KARAJEANES AVALIAÇÃO NUTRICIONAL......
_________________________________________________________________________________________________________
1
1. INTRODUÇÃO
1.1 IMPORTÂNCIA DA DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO-PROTÉICA NA
INFÂNCIA
Dentre outros fatores, o nível de desenvolvimento de um país
pode depender do
estado da saúde de sua população. É impossível abordar o estado
de saúde de uma
população sem falar do seu estado nutricional; pode-se
considerar a saúde como o aspecto
genérico enquanto que a nutrição o aspecto específico do
conceito de saúde (BATISTA
FILHO, 1999). Assim sendo, avaliar o estado nutricional é uma
forma indireta de avaliar a
saúde e conseqüentemente a qualidade de vida das populações e o
estágio de
desenvolvimento de sua sociedade, pois o estado nutricional
infantil é pré-condição do
desenvolvimento socioeconômico a longo prazo (OLIVEIRA e TADDEI,
1989; ONIS et
al., 2000).
A DEP (desnutrição energético-protéica) possui uma identidade
nosológica própria,
devendo, contudo, ser considerada uma síndrome multifatorial,
dado que um caso de DEP é
resultante de um conjunto diversificado de fatores desde
biológicos a ambientais, passando
pelos físicos e socioeconômicos. Estes fatores, intimamente
relacionados, devem ser
considerados e compreendidos quando se faz uma avaliação
clínica, uma abordagem
epidemiológica e se tomam medidas de acompanhamento e
intervenção (BATISTA
FILHO, 1999).
As doenças carenciais são mais prevalentes nos países em
desenvolvimento, sendo a
DEP um importante problema de saúde pública nesses países
(BATISTA FILHO, 1999),
afetando principalmente crianças menores de cinco anos (UNICEF,
1998a).
-
ESMERALDA M. M. KARAJEANES AVALIAÇÃO NUTRICIONAL......
_________________________________________________________________________________________________________
2
A DEP quando persistente tem conseqüências dramáticas para a
criança e para o
futuro da sociedade, pois sua elevada prevalência acarreta
custos sociais e econômicos que
entravam o desenvolvimento. A curto prazo a DEP causa lesões
transitórias que se
manifestam morfologicamente com a redução de massa muscular e
adiposa, infiltração
gordurosa do fígado, lesões da pele e alterações metabólicas
(BATISTA FILHO,1999;
SIGULEM et al., 2000). A longo prazo a DEP pode causar
incapacitação permanente
como o atraso no crescimento e desenvolvimento psico-mental;
transformando as crianças
em adultos com capacidade física e mental reduzida (UNICEF,
1998a; BATISTA
FILHO,1999; STEPHENSON et al., 2000; PLAZA et al., 2001).
A desnutrição energético-protéica na infância está associada a
mais da metade
(60,0%) dos óbitos em menores de cinco anos no mundo (BRYCE,
2003), e alguns estudos
de base hospitalar relatam percentuais elevados de óbitos por
diferentes causas cujas
crianças apresentavam algum grau de desnutrição (ALVES et al.,
1989; ALVES et al.,
1996; SCHOFIELD e ASHWORTH, 1997).
Uma vez que a baixa resistência a doença verificada nas crianças
desnutridas
agudas as torna vulneráveis a freqüentes processos mórbidos,
esse fato pode comprometer
os poucos recursos disponíveis nas suas famílias. Por outro
lado, já que a situação clínica
dessas crianças determina atendimento em regime de
hospitalização, isso também
sobrecarrega os recursos destinados à área da saúde,
comprometendo conseqüentemente a
economia dos países em desenvolvimento (UNICEF, 1998a).
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ESMERALDA M. M. KARAJEANES AVALIAÇÃO NUTRICIONAL......
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3
1.2 PREVALÊNCIA DA DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO-PROTÉICA NA
INFÂNCIA
Em 2000, nos países em desenvolvimento 27,0% de crianças menores
de cinco anos
apresentavam alguma forma de desnutrição. A África foi onde se
verificou a maior
prevalência, com 32,0% da sua população menor de cinco anos
afetada, seguida dos países
da Ásia, com 30,0%, e por fim dos países da América Latina e do
Caribe, com 5,0% de
crianças menores de cinco anos com desnutrição (UNICEF,
1998a).
No início do presente milênio, estimava-se que a população
mundial era em torno
de seis bilhões de habitantes e que cerca de 30,0% desta
população sofria de alguma forma
de desnutrição; e nos países em desenvolvimento uma em cada
cinco pessoas (777 milhões)
estava cronicamente desnutrida (MACKEY e MONTGOMERY, 2004).
Estima-se que em 2005, no mundo, a taxa de prevalência de
crianças com
desnutrição aguda, caracterizada pelo emagrecimento, avaliado
pelo índice peso por altura
(P/A), será de 29,0%, apresentando o continente Africano a maior
taxa, que será de 33,8%,
seguido da Ásia com 29,9% e da América Latina com 9,3% (ONIS et
al., 2000).
No Brasil, em 1996, 10,5% de crianças menores de cinco anos
apresentavam
desnutrição crônica, caracterizadas pelo nanismo nutricional,
avaliado pelo índice altura
por idade (A/I) e 2,3% desnutrição aguda. A Região Nordeste era
a mais afetada com taxas
de 17,9% para desnutrição crônica e 2,8% para desnutrição aguda;
e a menos afetada era a
região centro-sul com 5,6% de crianças menores de cinco anos com
desnutrição crônica e
1,9% com desnutrição aguda (UNICEF, 1998b). Em 2002 este
percentual reduziu para
7,0% de crianças afetadas por desnutrição crônica e 2,0% de
crianças por desnutrição
aguda na faixa etária inferior a cinco anos (UNICEF, 2004).
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ESMERALDA M. M. KARAJEANES AVALIAÇÃO NUTRICIONAL......
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4
Em Pernambuco (PE), segundo dados da II Pesquisa Estadual de
Nutrição e Saúde
(PENS) realizada em 1997, 12,1% de crianças menores de cinco
anos apresentavam
desnutrição crônica e 1,8% delas apresentava desnutrição aguda
(BATISTA FILHO e
ROMANI, 2002).
1.3 CONCEITUAÇÃO DA DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO-PROTÉICA NA
INFÂNCIA
A DEP na infância é uma doença complexa, de origem multifatorial
e que possui
uma estreita relação com a pobreza. Manifesta-se quando o
organismo não dispõe dos
nutrientes necessários e suficientes para o metabolismo, devido
à falta de aporte ou por
problemas na utilização do que lhe é oferecido. Ela pode ser
conseqüência de ingestão
insuficiente ou doença, particularmente a pneumonia e diarréias
da infância (WHO-ACC/
SCN, 2000).
Atualmente, a DEP em crianças é considerada não só uma
deficiência em energia e
proteínas, mas também do consumo inadequado de minerais (por
exemplo, ferro, zinco,
iodo, magnésio), de vitaminas (por exemplo, vitamina A, complexo
B e C) e de ácidos
graxos essenciais. Estes micronutrientes são importantes no
processo de produção de
enzimas e hormônios do organismo humano (UNICEF, 1998a).
1.4 CLASSIFICAÇÃO DA DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO-PROTÉICA NA
INFÂNCIA
Na seleção do método para se proceder à avaliação nutricional,
deve se levar em
conta o problema a ser estudado e corrigido, o seu custo, a
habilidade do pessoal
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ESMERALDA M. M. KARAJEANES AVALIAÇÃO NUTRICIONAL......
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5
disponível, o tempo necessário para a sua aplicação, a aceitação
da comunidade e os
possíveis riscos (SIGULEM et al., 2000).
Vários métodos são utilizados para se realizar uma avaliação
nutricional, o índice de
massa corporal (IMC), a medição da prega cutânea, a medição da
circunferência braquial, o
método laboratorial ou bioquímico, o método clínico e o
antropométrico. Na prática, os
dois métodos mais utilizados para se fazer uma avaliação
nutricional e conseqüentemente a
classificação da DEP na infância são o método clínico e o
antropométrico (SIGULEM et
al., 2000).
O método clínico é o mais utilizado para a avaliação individual
de casos de
desnutrição grave de origem aguda e baseia-se na verificação de
sinais nos tecidos
epiteliais externos, tais como pele, olhos e cabelos, que
estariam relacionados com uma
nutrição inadequada (WATERLOW, 1992; OMS, 2000; ONIS, 2001).
Consoante as
manifestações morfológicas podemos classificar em desnutrição
edematosa (kwashiokor ou
kwashiokor-marasmático) e emagrecimento acentuado (marasmo)
(OMS, 2000). O
kwashiokor resulta de dietas deficientes em proteínas e sua
manifestação clínica inclui
anormalidades na pele e cabelos, edema generalizado e
hepatomegalia por infiltração
gordurosa do fígado. No marasmo, há um emagrecimento resultante
de privação calórica
prolongada que usualmente apresenta o índice peso para altura
menor que 70,0% da
mediana do valor de referência (NCHS) e não existe edema.
Kwashiokor-marasmático é
uma situação clínica em que há presença de sintomas de
kwashiokor em criança cujo índice
peso para altura está abaixo de 70,0% da mediana do valor de
referência (NCHS) e ou o
índice peso para idade abaixo de 60,0% da mediana do valor de
referência (NCHS) e,
resulta geralmente de situações de doença ou estresse. Em
qualquer uma das classificações
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ESMERALDA M. M. KARAJEANES AVALIAÇÃO NUTRICIONAL......
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6
clínicas, existe déficit de vitaminas, minerais, elementos
essenciais acompanhados de
déficit energético (KUMAR et al., 2002). A desnutrição edematosa
é a que possui pior
prognóstico do ponto de vista da evolução clínica (SCHOFIELD e
ASHWORTH, 1997).
O método antropométrico serve tanto para avaliações individuais
como de
populações (BATISTA FILHO, 1999; SIGULEM et al., 2000). Consiste
na avaliação das
dimensões físicas e de composição global do corpo humano, e pela
relativa facilidade de
sua execução, baixo custo e inocuidade tem sido o mais utilizado
em crianças (SIGULEM
et al., 2000; ONIS, 2001). Este método é o que melhor define o
estado nutricional e de
saúde da criança; pois tanto a deficiência nutricional quanto a
existência de doença causam
atraso no crescimento (OLIVEIRA e TADDEI, 1989). Mesmo assim,
este método possui a
desvantagem de não identificar deficiências nutricionais
específicas como, por exemplo,
hipovitaminose A, deficiência de ferro e de cálcio, que são
nutrientes muitas vezes em falta
em dietas de crianças, causando deficiências de micronutrientes,
importantes no
metabolismo do organismo, particularmente na fase de crescimento
(ONIS, 2001). O
método antropométrico é recomendado pela Organização Mundial da
Saúde (OMS) desde
1978, pelas evidências acumuladas de que o crescimento é
similar, em altura e peso de
crianças saudáveis, menores de cinco anos de idade de diferentes
etnias, submetidas a
condições de vida semelhantes (SIGULEM et al., 2000).
As medidas antropométricas geralmente utilizadas para se avaliar
a condição
nutricional da criança são o peso e o comprimento/estatura, e
estes devem ser analisados
em função da idade e do sexo da criança, resultando em índices
antropométricos
(GOULART, 1997; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).
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Os índices antropométricos são: peso/altura (P/A), altura/idade
(A/I) e peso/idade
(P/I), e cada um deles expressa diferentes situações. O índice
P/A é útil na avaliação de
casos de desnutrição de rápida instalação, mostrando um
comprometimento de origem
agudo conhecido também como emagrecimento, emaciamento, magreza
ou wasting. O
índice A/I reflete uma alteração de crescimento de caráter
insidioso também chamado
nanismo ou stunting, e é utilizado para avaliação de desnutrição
crônica. Por fim, o índice
P/I mostra a variação do peso em relação à idade da criança, que
é muito mais rápida que a
estatura e reflete de forma mais imediata qualquer alteração no
estado de saúde, mesmo em
processos agudos; expressa um déficit ponderal isolado conhecido
como baixo peso,
podendo o seu déficit significar tanto um fenômeno recente
quanto antigo (WHO, 1986;
WATERLOW, 1992; WHO, 1995; GOULART, 1997; MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2001;
SOARES e PARENTE, 2001).
Para se estabelecer uma comparação entre um conjunto de medidas
antropométricas
e uma referência, podem ser utilizadas várias escalas, como a
percentagem de medianas, o
percentil e o escore Z (escores de desvios padrão ou escore Z).
Na prática, as mais
utilizadas são o percentil e o escore Z, sendo este recomendado
desde o fim da década de
70 pela OMS (ONIS, 2001).
Os percentis são graduações da distribuição em ordem crescente
dos valores de um
parâmetro, observado para a idade e o sexo; a classificação de
uma criança em um dado
percentil permite estimar o percentual de crianças da mesma
idade e sexo, que são maiores
ou menores em relação ao parâmetro avaliado (SIGULEM et al.,
2000). Consideram-se
como valores aceitáveis aqueles compreendidos entre os percentis
3 e 97 (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2001).
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O escore Z na prática varia de - 6 a + 6 e é definido como o
afastamento do valor de
um indivíduo em relação ao valor da mediana da população de
referência, dividido pelo
desvio padrão da população de referência. Seu uso preferencial
comparativamente ao
percentil deve-se ao fato de sua melhor discriminação em relação
aos casos extremos
(GOULART, 1997; OMS, 2000; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).
Atualmente, por recomendação da OMS, são utilizados os índices
A/I, P/A e P/I
para a classificação do estado nutricional. Os pontos de corte
para esta classificação são:
desnutrição grave se menor que menos 3DP (abaixo do percentil1);
moderada entre menos
3DP e menos 2DP (abaixo do percentil3); e leve entre menos 2DP e
menos 1DP (abaixo do
percentil10) (WHO, 1995).
A desnutrição também pode ser classificada, quanto à sua
etiologia, em primária ou
inorgânica e secundária ou orgânica. A desnutrição primária
deve-se ao déficit de ingestão
de alimentos devido à falta de disponibilidade atribuída
geralmente a fatores de origem
social, enquanto que a desnutrição secundária resulta de
afecções médicas que cursem com
déficit de ingestão, absorção e utilização dos nutrientes. Estas
duas etiologias não são
mutuamente exclusivas e a presença de doença orgânica
coexistindo com fatores
inorgânicos pode ocorrer (GÓMEZ et al., 2001; KUMAR et al.,
2002; KANE, 2003).
1.5 CAUSAS DE DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO-PROTÉICA NA INFÂNCIA
A desnutrição deve ser considerada uma síndrome multifatorial, e
seu estudo requer
a adoção de um modelo causal que relacione e interligue os
múltiplos fatores que
determinem a sua ocorrência (MONTEIRO e CONDE, 2000).
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As causas básicas ou sociais que influenciam a inserção da
família no processo
social de produção são os condicionantes de fatores
determinantes para a ocorrência de
desnutrição, como a renda familiar e a escolaridade materna. O
valor da renda familiar e a
capacidade de a família gerir racionalmente esta renda,
capacidade esta que depende em
grande parte do nível de escolaridade da mãe, influenciam os
fatores intermediários para a
ocorrência de desnutrição, como disponibilidade de alimentos,
cuidado alimentar e de
saúde, acesso a água e saneamento e antecedentes reprodutivos da
mãe, que são as causas
subjacentes ou familiares. Por outro lado, os fatores
intermediários condicionam as causas
imediatas ou individuais, que são o consumo alimentar e o nível
de exposição da criança a
doenças que contribuem para a ocorrência de desnutrição infantil
em última instância
(UNICEF, 1998a; MONTEIRO e CONDE, 2000).
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Figura 1. Modelo causal da desnutrição infantil adaptado a
partir do modelo do
UNICEF (1998a)
Recursos potenciais: ambiente, tecnologia e população.
Causas básicas ou sociais.
Quantidade e qualidade dos recursos: humanos, econômicos e
organizacionais. Maneira pela qual são controlados.
Causas subjacentes ou familiares.
Acesso inadequado aos alimentos. Práticas inadequadas de
cuidados maternos e infantis. Serviços de água e saneamento
deficientes. Serviços de saúde inadequados.
Causas imediatas ou individuais.
Consumo inadequado de alimentos. Doenças infecciosas e
debilitantes.
Desnutrição infantil. Incapacitação e morte.
1.5.1 Causas básicas ou sociais
A inserção da família no processo social de produção é
determinada por fatores
políticos, legais e culturais desde o nível comunitário ao
nacional, e pode influenciar no
processo de garantia de um ótimo estado nutricional de seus
membros (UNICEF, 1998a;
MONTEIRO e CONDE, 2000).
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O baixo grau de escolaridade das mães, fator muitas vezes
influenciado pelos
hábitos culturais de uma comunidade, aparece em muitos estudos
como fator associado à
desnutrição na infância, e a elevada proporção de mães de
crianças desnutridas com baixa
escolaridade tem sido verificada em vários estudos (GRILLO et
al., 2000; DE BL
CARVALHAES e D’AQUINO BENÍCIO, 2002). Na cidade de São Paulo,
num intervalo
de 12 anos (1984 a 1996), houve uma redução do déficit em altura
em 13,0%, e neste
mesmo período o número de mães com pelo menos oito anos de
escolaridade duplicou,
tendo sido demonstrada a associação do fator escolaridade
materna e déficit em altura das
crianças (MONTEIRO e CONDE, 2000).
A influência da renda familiar na ocorrência da desnutrição
infantil é um assunto
controverso. Alguns estudos demonstram a relação inversamente
proporcional entre a renda
familiar e a ocorrência de desnutrição (OLIVEIRA e TADDEI, 1989;
GRILLO et al.,
2000; MONTEIRO e CONDE, 2000). Porém tem sido observado que a
redução da
desnutrição não depende exclusivamente do aumento da renda, mas
da melhoria de outros
fatores, particularmente das causas subjacentes, como
capacitação da mulher, melhoria dos
cuidados dispensados às crianças, melhor acesso aos serviços de
saúde, água e saneamento
básico. Na América Latina as taxas de desnutrição reduziram de
21,0% em 1970 para
7,2% em 1997, e em contrapartida a renda variou de 45,0% em 1970
para 44,0% em 1997
(UNICEF, 1998a).
1.5.2 Causas subjacentes ou familiares
Vários são os estudos que mostram a relação entre fatores como
disponibilidade de
alimentos, cuidado alimentar, aleitamento materno, acesso aos
serviços de saúde, água,
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saneamento básico, antecedentes reprodutivos da mãe e a
ocorrência de desnutrição na
infância (UNICEF, 1998a; GRILLO et al., 2000; MONTEIRO e CONDE,
2000; DE BL
CARVALHAES e D’AQUINO BENÍCIO, 2002; FUCHS e VICTÓRA, 2002).
A disponibilidade alimentar é definida como o acesso ao alimento
seguro em
qualidade e em quantidade suficiente para fornecer o aporte de
energia, proteínas e
micronutrientes para garantir vida saudável aos membros de uma
família. Nas áreas rurais a
disponibilidade do alimento depende muitas vezes do acesso à
terra, enquanto nas zonas
urbanas depende do grau de acessibilidade dos preços aplicados
na venda dos alimentos
(UNICEF, 1998a).
Acesso aos serviços de saúde curativos e preventivos é fator
importante para a
saúde das populações. Este acesso deve ser entendido não só como
um acesso físico, mas
também como um atendimento de qualidade (UNICEF, 1998a).
A falta de acesso à água potável e aos serviços de saneamento
básico são causas de
ocorrência de doenças, principalmente as diarréias da infância,
que contribuem para o
surgimento de novos casos de desnutrição e agravamento dos casos
já existentes (UNICEF,
1998a).
A desnutrição na infância pode ocorrer mesmo em situações
aceitáveis de
disponibilidade de alimentos, acesso aos serviços de saúde, água
e saneamento básico
(UNICEF, 1998a). Isto acontece quando o cuidado dispensado à
criança pelos seus
responsáveis é deficiente. O cuidado deve ser entendido como a
maneira na qual a criança é
alimentada, estimulada, ensinada e orientada. Este cuidado
depende não só do nível de
escolaridade dos seus responsáveis, principalmente da mãe, mas
também dos hábitos
religiosos e culturais de uma comunidade.
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1.5.3 Causas imediatas ou individuais
O consumo alimentar insuficiente e a ocorrência freqüente de
doenças evitáveis são
as principais causas imediatas de DEP em crianças menores de
cinco anos (UNICEF,
1998a; BATISTA FILHO, 1999; MONTEIRO e CONDE, 2000).
A relação entre estas duas causas imediatas cria um ciclo
vicioso que é responsável
pelas elevadas taxa de morbimortalidade observadas neste grupo
etário, especialmente nos
países em desenvolvimento. Ingestão inadequada de alimentos
causa déficit de vitaminas e
minerais que associada ao déficit em energia e proteínas
debilita o sistema imunológico,
facilitando a ocorrência de doenças, principalmente as
infecciosas. As doenças por outro
lado aumentam o metabolismo e provocam anorexia, fazendo com que
a criança não se
alimente devidamente e determinando que a demanda seja
largamente superior ao aporte
(UNICEF, 1998a; BATISTA FILHO, 1999; MONTEIRO e CONDE, 2000;
EINLOFT et
al., 2002).
Infecções como helmintíase, candidíase, malária, tuberculose,
sarampo e diarréias
afetam as crianças desnutridas (ALVES et al., 1989; ALVES et
al., 1996; OMS, 2000;
FALBO e ALVES, 2002; FUCHS e VICTORIA, 2002).
1.6 SOLUÇÕES PARA RESOLUÇÃO DO PROBLEMA DA DESNUTRIÇÃO
ENERGÉTICO-PROTÉICA NA INFÂNCIA
Com a finalidade de reverter as atuais taxas de DEP na infância,
várias têm sido as
iniciativas dos governos e das organizações nacionais e
internacionais.
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A Cúpula para a Infância realizada em 1990 estabeleceu a meta de
reduzir os casos
de desnutrição grave e moderada em 50,0% dos níveis registrados
em 1990 em menores de
cinco anos até o ano de 2015 (UNICEF, 1998a).
No Brasil, o governo tem promovido atividades com o objetivo de
criar uma
política pública de segurança alimentar e nutricional. Assim, em
Julho de 1994 foi
realizada a primeira Conferência Nacional de Segurança Alimentar
e Nutricional e em
1999 o Congresso Nacional propôs a constituição do Fundo
Nacional de Erradicação da
Pobreza, que veio a ser aprovado em 2001 e regulamentado em
2002. Em 2001 foi lançado
em debate público o Projeto Fome Zero, que era o resultado da
participação de ONG’s,
instituições de pesquisa, sindicatos, organizações populares,
movimentos sociais e
especialistas ligados à questão da segurança alimentar no
Brasil. Este programa foi adotado
pelo atual governo como uma forma para a erradicação não só da
desnutrição, mas também
da pobreza (VALENTE, 2004). Em março de 2004, foi realizada a
Segunda Conferência
Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, que concluiu que
a política pública de
segurança alimentar e nutricional deve promover o Direito
Humano, a alimentação
saudável, assegurar o acesso universal e permanente a alimentos
de qualidade através da
geração de trabalho e renda, contemplando ações educativas,
incentivar a participação
social, respeitar a eqüidade do gênero e etnia, promover a
agricultura familiar e reconhecer
a água como alimento essencial e patrimônio público (CONSELHO
NACIONAL DE
SEGURANÇA ALIMENTAR, 2004).
Estas iniciativas são importantes tendo em conta a origem
multifatorial da
desnutrição, pois qualquer intervenção para a resolução do
problema depende não só de
medidas médicas, mas principalmente da vontade e de medidas
políticas. Portanto, o
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15
combate à DEP na infância deve possuir duas vertentes, a médica
e a social. A médica, que
pode ser ambulatorial para atendimentos de casos leves a
moderados, e em regime de
hospitalização para o tratamento dos casos graves. A vertente
social, também chamada
medidas gerais, serve para a prevenção de novos casos e evitar
recidivas de casos antigos
(OMS, 2000).
1.6.1 Medidas gerais
Em relação às medidas gerais, é necessário recordar que a
desnutrição tem uma
relação com a pobreza e que o seu combate depende não só da
suplementação alimentar,
mas também da vontade e de medidas de políticas públicas que
promovam o crescimento
econômico, melhorem a distribuição da renda, aumentem o acesso à
educação, informação
e cuidados de saúde; melhorem a composição qualitativa dos
alimentos básicos em
micronutrientes essenciais e aumentem os gastos governamentais
no setor social (UNICEF,
1998a; MONTEIRO e CONDE, 2000; SOARES e PARENTE, 2001).
Medidas como aleitamento materno exclusivo até os seis meses de
idade,
introdução de alimentação complementar a partir dos seis meses,
combate aos tabus
culturais, higiene alimentar e individual adequada e cumprimento
do calendário de
vacinações contribuem para o melhor estado de saúde das crianças
e conseqüentemente do
seu estado nutricional (UNICEF, 1998a).
1.6.2 Manejo hospitalar
O tratamento em regime de hospitalização é indicado para o
tratamento de casos de
desnutrição grave de evolução aguda, e a aplicação inadequada
desse manejo tem sido
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referida como uma das principais causas da não redução das altas
taxas de letalidade entre
os desnutridos graves, variando entre 20,0% a 30,0%, chegando a
50,0% e 60,0% nos casos
edematosos, tendo estas taxas permanecidas praticamente
inalteradas nas últimas cinco
décadas, (SCHOFIELD e ASHWORTH, 1997).
Em 1999, a OMS, com a finalidade de diminuir as taxas de
letalidade e reduzir o
tempo de permanência hospitalar, publicou um protocolo com
diretrizes para o manejo de
casos de desnutrição infantil grave; em que o caso de
desnutrição grave foi definido como
criança menor de cinco anos que apresentasse valor menor que
menos 3DP para o índice
P/A e/ou presença de edema simétrico no mínimo nos pés (OMS,
2000).
O tratamento recomendado pelo protocolo da OMS é dividido em
três fases
sucessivas: fase inicial, de reabilitação nutricional e de
acompanhamento na comunidade. A
duração de cada uma delas depende da melhoria clínica da criança
e não do tempo
cronológico de internação (OMS, 2000). A seguir, descrevem-se as
principais tarefas de
cada uma das fases.
Fase inicial: é realizada em regime de hospitalização e pode
durar de dois a sete
dias. Nesta fase são identificadas, prevenidas, corrigidas e
tratadas situações que podem
colocar em risco a vida da criança como hipoglicemia,
hipotermia, desidratação,
desequilíbrio eletrolítico, choque séptico, infecções,
deficiência de vitaminas, anemia grave
e insuficiência cardíaca congestiva (ICC). Já nesta fase deve
ser iniciada a alimentação.
Caso a criança não mostre sinais iniciais de recuperação após 10
dias de tratamento,
deve ser considerada uma situação de falha de manejo e o caso
deve ser reavaliado e
investigado (OMS, 2000).
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Fase de reabilitação: pode durar de duas a seis semanas. A
criança entra nesta fase
quando o seu apetite volta. Nesta fase a criança deve ser
persuadida a comer, encorajada a
aceitar o seio, estimulada no campo de desenvolvimento emocional
e físico, e a mãe ou o
acompanhante responsável pela criança deve ser treinado para os
cuidados após a alta. Esta
fase se inicia no hospital e é completada em unidade
semi-hospitalar. A criança está em
condição de alta do hospital para essa unidade quando a sua
condição clínica é estável e
está se alimentando bem por via oral e inicia o ganho de peso
(> 5g/kg/dia por três dias
consecutivos).
Considera-se condição de alta para a comunidade quando a criança
atinge o valor
igual a menos 1DP da mediana do valor de referência do NCHS
(90%) para o índice P/A
recomendado pela OMS. Mesmo que a criança não atinja o valor
acima indicado, ela pode
receber alta desde que seu estado de saúde esteja bem, se
alimente devidamente e seja
assegurado o seu acompanhamento ambulatorial ou seguimento na
comunidade (OMS,
2000).
Fase de acompanhamento: pode durar de sete a vinte e seis
semanas. Após a alta a
criança deve ter um acompanhamento regular de forma a se
prevenir a recaída. A criança
deve ser reavaliada uma semana, duas semanas, um mês, três meses
e seis meses após a
alta. Desde que o valor do índice P/A não seja inferior a menos
1DP da mediana do valor
de referência do NCHS/OMS, durante a fase de acompanhamento, a
evolução é
considerada satisfatória (OMS, 2000).
Antes mesmo da publicação do protocolo da OMS foram relatados
benefícios com a
implementação de algumas medidas recomendadas pela OMS. Em Daca,
Bangladesh, na
Ásia, foi registrada uma redução da taxa de letalidade de 20,0%
para 5,0% em quatro anos
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(KHANUM et al., 1994). Na África do Sul, a taxa de letalidade
foi reduzida de 30,0% para
20,0% (ASHWORTH e SCHOFIELD, 1998), e no Brasil, no estado do
Ceará, foi relatada
uma redução de episódios de diarréia, aumento de ganho de peso e
redução de custos
hospitalares entre os desnutridos graves (CAVALCANTE et al.,
1998).
O protocolo da OMS publicado em 1999 foi implementado com
sucesso em
algumas regiões da África. Na África do Sul e em Gana, foram
relatadas reduções
importantes na taxa de letalidade hospitalar após o seguimento
das recomendações de
tratamento contidas no referido protocolo (ASHWORTH et al.,
2004; DEEN et al., 2003).
Na América Latina, o protocolo da OMS foi utilizado na íntegra,
pela primeira vez,
em estudo de intervenção realizado de dezembro/2000 a
dezembro/2001 no IMIP, situado
no Nordeste brasileiro. Nesse estudo verificou-se uma redução de
33,8% para 16,2% na
taxa de letalidade hospitalar (p=0,051- OR: 0,51 ajustado-IC
95%: 0,26-1,00) (FALBO,
2003).
No estudo citado anteriormente, por razões relacionadas à
viabilidade da
implementação do protocolo da OMS no IMIP, algumas adaptações
foram realizadas.
Dentre elas, as principais foram relacionadas aos critérios de
inclusão e de alta das
crianças.
O protocolo da OMS foi originalmente elaborado para ser aplicado
às crianças com
desnutrição primária grave de evolução aguda, caracterizada pela
ausência de doença de
base, e pelo indicador P/A menor que menos 3DP e/ou presença de
edema simétrico em
ambos os pés. Este protocolo considera condição de alta quando a
criança atinge menos
1DP da mediana do valor de referência do NCHS (90,0%) para o
índice P/A recomendado
pela OMS (OMS, 2000).
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No estudo de Falbo (2003), por razões éticas, foi utilizado um
grupo de comparação
histórico. Neste grupo não foi possível a utilização do
indicador P/A para classificação do
estado nutricional, pois a informação sobre o parâmetro
comprimento/estatura estava
ausente na maior parte dos prontuários pesquisados. Dessa forma,
para que fosse possível a
comparação entre os grupos do estudo, teve-se que utilizar o
indicador antropométrico P/I.
O índice P/I, mesmo utilizando o ponto de corte menor que o
percentil1,
classificando a desnutrição como grave, apresenta a desvantagem
de incluir casos que
quando avaliados pelo índice P/A podem ser classificados como
moderados, leves e até
mesmo eutróficos, isto é, com índice P/A igual ou superior a
menos 3DP.
Com objetivo de conhecer o perfil epidemiológico e clínico das
crianças desnutridas
hospitalizadas no IMIP, foi realizado um estudo entre maio de
1999 e maio de 2000 no qual
foi verificado que aproximadamente um terço dessas crianças
apresentava uma doença de
base associada, o que se justifica por ser o IMIP um hospital de
referência e com várias
especialidades médicas (FALBO e ALVES, 2002). Quando no ano de
2000 foi implantado
o protocolo da OMS, apesar de este ter sido originalmente
elaborado para crianças com
desnutrição primária, foi decidido que essas crianças com
provável componente de
desnutrição secundária não seriam excluídas da sua aplicação,
uma vez que configuram o
perfil da criança desnutrida hospitalizada no IMIP.
O IMIP é centro de referência do Sistema Único de Saúde (SUS)
que recebe
crianças com problemas de saúde complexos, sem condição de
tratamento em nível
primário e secundário, crianças que procedem de todo o estado de
Pernambuco e de estados
vizinhos, tendo, portanto, de atender a uma alta demanda sem
condição de manter os leitos
ocupados pelos mesmos pacientes por um período muito longo. Por
outro lado, o serviço
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não dispõe de estrutura específica para realizar a reabilitação
nutricional da criança com
desnutrição. Por essas razões, não foi possível utilizar a
reabilitação nutricional das
crianças como critério para alta hospitalar. Foram considerados
como critérios para a alta
hospitalar a resolução do problema clínico que motivou o
internamento ou se houvesse
condição de continuidade da assistência no ambulatório, estando
a criança alimentando-se
bem, cumprindo as quotas calórica e hídrica programadas e com
ganho médio de peso
>10g/kg/dia por pelo menos três dias consecutivos indicando o
início da fase de
reabilitação nutricional (FALBO, 2003).
O uso do protocolo adaptado da OMS no estudo anterior (FALBO,
2003) levou ao
questionamento de possível prejuízo, principalmente quanto à
evolução da situação
nutricional, quando da sua aplicação à criança desnutrida, mas
sem os critérios
estabelecidos para a população alvo do referido protocolo.
O presente trabalho visou responder a esse questionamento e
procurou então avaliar
alguns aspectos da evolução dessas crianças, classificando-as em
grupos de acordo com o
indicador P/A e segundo os seus diversos graus de gravidade
nutricional.
A análise mais detalhada da evolução desses grupos permitiu
conhecer os resultados
da aplicação do protocolo, especialmente quanto à evolução da
situação nutricional nas
crianças não alvo do protocolo.
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2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
• Avaliar aspectos sociodemográficos, clínicos e nutricionais de
crianças desnutridas
de um a 60 meses de idade, tratadas segundo o protocolo da OMS,
hospitalizadas no
IMIP de dezembro de 2000 a dezembro de 2001.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Descrever o grupo com índice P/A inferior a menos 3DP e/ou
presença de edema
simétrico no mínimo nos pés (desnutridos graves) e o grupo com
índice P/A igual
ou superior a menos 3DP (desnutridos não graves) em relação
a:
- Características sociodemográficas (idade, sexo, renda familiar
per capita, condição
de habitação em relação ao local, tipo de casa, água encanada e
fossa/esgoto).
- Características maternas (idade, paridade, escolaridade,
ocupação).
- Condição de saúde (idade gestacional, amamentação, estado de
vacinação e
contato com BK).
- Condição clínica na admissão (principal causa de internamento,
choque
circulatório, doença de base, anemia, hipoglicemia, hipotermia)
e tempo de
permanência hospitalar.
- Aspectos da evolução clínica durante a hospitalização
(episódios de diarréia,
episódios de insuficiência cardíaca congestiva, infecção
hospitalar, episódios de
hipoglicemia e hipotermia) e tempo para início da fase de
reabilitação.
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- Principais desfechos da hospitalização (alta com início da
fase de reabilitação, alta
sem início da fase de reabilitação e óbito).
• Descrever o estado nutricional no momento da admissão e alta
hospitalar.
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3. MÉTODO
3.1 LOCAL DO ESTUDO
O estudo foi realizado no Hospital Geral de Pediatria do
Instituto Materno Infantil
de Pernambuco (HGP/IMIP), situado na região metropolitana do
Recife, no estado de
Pernambuco.
O IMIP é uma entidade não governamental, filantrópica, tendo
como missão
principal a assistência médica, o ensino, a extensão comunitária
e a pesquisa; é centro de
referência nacional para a assistência Materno Infantil do
Ministério da Saúde e está
credenciado como Hospital Escola pelo Ministério de Educação. Em
Pernambuco, é centro
de referência do SUS (Sistema Único de Saúde) e atende crianças
dos municípios do estado
e dos estados vizinhos. O setor de emergência pediátrica recebe
6.000 crianças/mês e a
unidade hospitalar permite uma média de 1.300
internamentos/mês.
3.2 POPULAÇÃO DO ESTUDO
A população foi constituída por 117 crianças desnutridas
(caracterizadas pelo índice
P/I menor que percentil1 e/ou presença de edema simétrico no
mínimo nos pés), de um a 60
meses de idade, hospitalizadas no HGP/IMIP, no período de
dezembro de 2000 a dezembro
de 2001.
3.3 DESENHO DO ESTUDO
Foi realizado um estudo transversal com dois momentos
observacionais bem
definidos, admissão e alta hospitalar. Numa fase inicial se
descreveu algumas
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características sociodemográficas e clínicas e posteriormente se
realizou a avaliação do
estado nutricional em dois momentos, na admissão e no momento da
alta hospitalar.
Os delineamentos transversais são úteis quando se quer descrever
variáveis e seus
padrões de distribuição. Também podem examinar associações já
que podem conter grupos
de comparação. Porém, nesse caso, as variáveis preditoras e de
desfecho são definidas
apenas com base nas hipóteses de causa/efeito do investigador e
não no delineamento do
estudo. Uma vantagem desse tipo de estudo é que não é necessário
esperar pela ocorrência
do desfecho, o que o torna mais rápido e de baixo custo. Além
disso, não havendo
acompanhamento, não haverá perdas. Os resultados podem definir
características
demográficas e clínicas do grupo de estudo na linha de base e
podem mesmo revelar
associações transversais interessantes. Um ponto fraco de
estudos transversais é que é
difícil estabelecer relações causais a partir de dados oriundos
de um corte transversal no
tempo, no entanto, como já citado anteriormente, se pode
estabelecer associações
(EBRAHIM e SULLIVAN, 1996; FLETCHER et al., 1996, HULLEY et al,
2003).
3.4 AMOSTRA A amostra foi constituída a partir das 117 crianças
que participaram do estudo
original (FALBO, 2003). Destas foram excluídas 16, três por não
apresentarem a medida
comprimento/altura e 13 por apresentarem esta medida abaixo de
49 cm. Para o estudo
atual foram selecionadas 101 dessas crianças, as quais foram
subdivididas em dois grupos
de estudo: o dos desnutridos graves (índice P/A menor que menos
3DP e/ou presença de
edema simétrico no mínimo nos pés) composto por 37 crianças e os
desnutridos não graves
(índice P/A maior ou igual a menos 3DP) formado por 64
crianças.
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3.5 CRITÉRIOS E PROCEDIMENTOS PARA SELEÇÃO DOS SUJEITOS
3.5.1 Critérios de inclusão
• Idade de um a 60 meses.
• Criança com índice P/I abaixo do percentil1 segundo os valores
de referência do
NCHS/OMS e/ou presença de edema simétrico envolvendo no mínimo
os pés.
• Hospitalização no período de dezembro de 2000 a dezembro de
2001.
3.5.2 Critérios de exclusão
• Criança com emagrecimento sem parâmetro
comprimento/estatura,
impossibilitando a aferição do seu índice antropométrico
P/A.
• Criança com emagrecimento com comprimento/estatura abaixo de
49 centímetros
(cm), uma vez que a tabela de referência do NCHS/OMS para
avaliação do índice P/A
só apresenta valores a partir de 49 cm.
3.6 DEFINIÇÃO DE TERMOS E VARIÁVEIS DO ESTUDO
3.6.1 DEFINIÇÃO DE TERMOS DO ESTUDO
Desnutrição grave: criança com valor inferior a menos 3DP em
relação à mediana
do valor de referência do NCHS/OMS para o índice antropométrico
P/A e/ou com presença
de edema simétrico no mínimo nos pés.
Desnutrição moderada: criança com valor no intervalo entre igual
ou superior a
menos 3DP e menor que menos 2DP em relação à mediana do valor de
referência do
NCHS/OMS para o índice antropométrico P/A.
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Desnutrição leve: criança com valor no intervalo entre igual ou
superior menos
2DP e menor que menos 1DP em relação à mediana do valor de
referência do NCHS/OMS
para o índice antropométrico P/A.
Eutrofia: criança com valor igual ou superior a menos 1DP em
relação à mediana
do valor de referência do NCHS/OMS para o índice antropométrico
P/A.
Doença terminal: doença em estágio de extrema gravidade clínica,
cujo óbito é
evento iminente, como, por exemplo, sepse com esclerema e
sangramento digestivo alto,
fibrose cística com insuficiência respiratória.
Diarréia: definida como ocorrência de três ou mais evacuações de
consistência
diminuída (semipastosas, semilíquidas e líquidas) no período de
24 horas ou pelo menos
uma evacuação com presença de sangue visível.
Novo episódio de diarréia: se após três dias de normalização do
trânsito intestinal,
a criança voltou a apresentar alteração compatível com a
definição de diarréia utilizada no
estudo.
Pneumonia grave: quadro clínico de febre, tosse e/ou dispnéia
associada à
taquipnéia e/ou tiragem baixa moderada a intensa e/ou sinais
gerais como recusa de
líquidos, sonolência excessiva, crises convulsivas ou cianose.
Segundo o Ministério da
Saúde/OMS, considera-se taquipnéia sugestiva de pneumonia os
níveis iguais ou superiores
a: 60 inspirações por minuto (ipm) em crianças de zero a dois
meses; 50 ipm em crianças
de dois a 11 meses; e 40 ipm em crianças de um a cinco anos
(MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2003).
Edema: correspondente à presença de edema simétrico envolvendo
no mínimo o
dorso dos pés à admissão, determinado pela presença do sinal de
cacifo na palpação.
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Choque circulatório: presença de desidratação grave com
diminuição do nível de
consciência.
Doença de base: doença grave e crônica que sabidamente tenha
influência negativa
no estado nutricional da criança (por exemplo, cardiopatia,
pneumopatia crônica, síndrome
genética, doença neurológica, inclusive HIV).
Anemia: dosagem de hemoglobina (Hb) sérica abaixo de 11 g/dl
(IMIP, 2004).
Hipoglicemia: glicemia estimada pelo teste de fita reagente
(destrotix®) com um
valor inferior a 50 mg/dl e/ou alterações do nível de
consciência e/ou presença de
hipotermia.
Novo episódio de hipoglicemia: se após um episódio de
hipoglicemia, segundo a
definição utilizada no estudo, a criança tem a glicemia
normalizada, está clinicamente bem,
sem hipotermia e volta a apresentar alterações compatíveis com a
definição de
hipoglicemia utilizada no estudo.
Hipotermia: temperatura axilar < 35ºC, aferida com o
termômetro próprio para a
leitura de baixas temperaturas, e com tempo de permanência no
local de três minutos.
Novo episódio de hipotermia: se após um episódio de hipotermia,
segundo a
definição utilizada no estudo, a criança tem a temperatura
axilar normalizada (maior ou
igual a 36,5ºC) e volta a apresentar alterações compatíveis com
a definição de hipotermia
utilizada no estudo.
Insuficiência cardíaca congestiva (ICC): definida pelo aumento
na freqüência
cardíaca em 25bpm e pelo aumento na freqüência respiratória em
5ipm, em relação às
respectivas freqüências basais da criança, aumento que é mantido
em duas aferições
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sucessivas com intervalo de quatro horas (segundo protocolo da
OMS) e/ou por dados
clínicos sugestivos de ICC (dispnéia, ausculta de congestão
pulmonar, cianose, agitação).
Novo episódio de ICC: se após um episódio de ICC, segundo a
definição utilizada
no estudo, a criança apresenta normalização de freqüência
cardíaca, da freqüência
respiratória e/ou do quadro clínico, e volta a apresentar
alterações compatíveis com ICC
segundo a definição utilizada no estudo.
Infecção hospitalar: presença de distermias e/ou aparecimento de
foco infeccioso
com repercussão sistêmica grave (por exemplo, em nível pulmonar,
cutâneo e sistema
nervoso), alterações estas que não estavam presentes à admissão,
surgindo após 48 horas do
ingresso hospitalar ou que, uma vez presentes à admissão, já
haviam sido superadas com
tratamento e reapareceram.
Início da fase de reabilitação: momento em que se observa a
subida da curva de
peso (ganho médio de peso > 10g/kg/dia), que se mantém por
três dias seguidos, sendo este
fato acompanhado pelo retorno do apetite e pela melhora clínica
da criança.
Tempo de permanência hospitalar: definido como o tempo em
semanas decorrido
desde a admissão até a saída da criança por alta ou óbito.
Desfecho hospitalar: refere-se ao resultado final de
hospitalização, podendo ser
alta com início da fase de recuperação, alta sem início da fase
de recuperação e óbito.
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3.6.2 VARIÁVEIS ESTUDADAS PARA CARACTERIZAÇÃO DAS CRIANÇAS
3.6.2.1 Variáveis antropométricas
Índice P/A: é a relação entre os parâmetros peso e altura,
caracteriza o
emagrecimento e é determinado avaliando-se o peso da criança em
relação ao peso de uma
criança normal de mesma altura (mediana do padrão de referência
– NCHS), mesmo que a
criança normal seja cronologicamente mais jovem (WATERLOW,
1992). O método
utilizado no estudo para expressar os valores do indicador foi o
escore de desvio padrão ou
escore Z (GERNAAT e VOORHOEVE, 2000; SIGULEM et al., 2000). No
estudo, os
pontos de corte utilizados para a classificação foram: menor que
menos 3DP (desnutrição
grave), de valor igual ou superior a menos 3DP a valor inferior
a menos 2DP (desnutrição
moderada), de valor igual ou superior a menos 2DP a valor
inferior a menos 1DP
(desnutrição leve) e de valor igual ou superior a menos 1DP
(eutrofia). Os pontos de corte
utilizados no estudo são os recomendados pela OMS para a
classificação do estado
nutricional infantil (OMS, 2000).
3.6.2.2 Variáveis sociodemográficas
Idade: refere-se à idade da criança em meses no momento de
admissão hospitalar.
É variável numérica e está expressa em três categorias: < 6
meses, 6-12 meses e ≥ 12
meses.
Sexo: variável nominal, dicotômica: masculino e feminino.
Renda familiar per capita: é o somatório da renda mensal de
todos os indivíduos
dentro da família, dividido pelo número de indivíduos do
agregado familiar, representando
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o rendimento individual mensal da família. Para efeitos de
descrição e análise, foi
considerada em duas categorias: < 50 reais e ≥ 50 reais. É
variável numérica contínua.
Local de habitação: refere-se à área administrativa do local de
residência da
criança. É uma variável nominal, policotômica, apresentada para
efeitos de análise em três
categorias: RMR, Zona da Mata e outros (Agreste, Sertão e outros
estados).
Tipo de casa: classifica qualitativamente a habitação onde
reside a criança, tendo
em conta o material utilizado na sua construção. Variável
nominal, dicotômica, apresentada
no estudo em duas categorias: alvenaria e taipa/ madeira.
Presença de água encanada no domicílio: é variável dicotômica
categorizada em
sim e não.
Presença de fossa séptica ou rede de esgoto: é variável
dicotômica categorizada
em sim e não.
3.6.2.3 Variáveis indicadoras de algumas características das
mães
Idade materna: é a idade da mãe em anos no momento de admissão
hospitalar,
considerada em três categorias: < 19 anos, 20 a 29 anos e ≥
30 anos para efeitos de
descrição e análise.
Paridade: número de filhos nascidos vivos. É uma variável
numérica, discreta,
expressa no estudo em duas categorias: 1-3 filhos e ≥ 4
filhos.
Escolaridade: é o número de anos de escolaridade completos da
mãe. É variável
policotômica e no estudo, para análise, é apresentada em três
categorias: sem escolaridade,
< 8 anos de escolaridade e ≥ 8 anos.
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Ocupação: refere-se à principal atividade desenvolvida pela mãe
no quotidiano. É
variável nominal, dicotômica, considerada para efeitos de
análise no estudo como dentro do
lar e fora do lar.
3.6.2.4 Variáveis indicadoras da condição de saúde da
criança
Idade gestacional: é o tempo de duração da gravidez, expressa de
forma qualitativa
no estudo, policotomizada em: pré-termo (se < 37 semanas),
termo (37 a 42 semanas) e
pós-termo (se ≥ 42 semanas).
Amamentação: é a duração do aleitamento materno, exclusivo ou
não, desde o
nascimento da criança até a data de sua suspensão. É uma
variável dicotômica expressa no
estudo em meses: < 2 meses e ≥ 2 meses.
Estado de vacinação: refere-se ao cumprimento do calendário de
vacinação
recomendado pelo SUS, tendo em conta a idade da criança. É
variável policotômica,
apresentada nas categorias: sem nenhuma vacinação, vacinação
incompleta e vacinação
completa para idade.
Contato com bacilo de Koch (BK): refere-se ao contato freqüente
que a criança
tenha tido com algum indivíduo do convívio familiar que tivesse
diagnóstico presuntivo de
tuberculose pulmonar, baseado nas informações fornecidas pelo
responsável da criança no
momento da entrevista para coleta de dados. Apresentada para
efeitos de análise em sim e
não.
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3.7 PROCEDIMENTOS REALIZADOS E ACOMPANHAMENTO DOS PACIENTES
DURANTE A HOSPITALIZAÇÃO NO ESTUDO ORIGINAL
Os pacientes do estudo foram internados no quarto andar do
HGP/IMIP,
permanecendo todos eles na mesma enfermaria durante a
hospitalização.
Todos foram pesados na admissão e diariamente, na mesma balança,
específica para
uso da pesquisa, da marca Filizola, modelo BP-baby, número
6767/100, com capacidade
máxima de 15 kg e capacidade mínima de 125g, e com sensibilidade
de 5g. A pesagem foi
realizada estando a criança despida e clinicamente hidratada e
por pessoas que pertenciam à
equipe da pesquisa e treinadas para tal.
O comprimento foi aferido através de um antropômetro de 130cm,
com a criança
calma, sem sapatos, deitada em posição supina paralela ao eixo
axial do antropômetro, com
a cabeça posicionada na linha média e tocando a borda superior
da régua. Os pés em flexão
de 90º com a perna e tocando os limites inferiores da régua,
anotando-se os valores
fracionados com aproximação de 0,1cm.
Os pacientes foram acompanhados de ponto do vista de evolução
clínica por uma
médica pediatra e receberam também assistência dos demais
membros da equipe de saúde
do serviço que rotineiramente prestavam atenção às crianças
hospitalizadas na instituição.
Para o acompanhamento da evolução ponderal das crianças, foi
realizado a cada três
dias o cálculo do ganho médio de peso em gramas por quilo por
dia (peso atual em gramas
menos o peso anterior de três dias atrás em gramas dividido por
três, dividido pelo peso
anterior em quilos). Exemplo:
Peso anterior da criança (de três dias atrás) = 4.500g
Peso atual da criança = 4.600g
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Cálculo: 4.600- 4.500 = 100: 3= 33,3: 4,5kg = 7,4g/kg/dia.
Para o diagnóstico da hipoglicemia foi utilizada a fita reagente
do dextrostix®
Para o controle da temperatura da criança foi utilizado um
termômetro digital capaz
de realizar aferições abaixo de 35ºC (limite para
hipotermia).
Quando houve indicação de realização de exames laboratoriais e
exames de
imagem, os mesmos foram realizados nos serviços específicos do
IMIP.
As fórmulas lácteas foram preparadas segundo a orientação do
protocolo original da
OMS (WHO, 2000), por nutricionista ou auxiliar de nutrição
treinada. O recipiente de cada
paciente era devidamente marcado com o número da enfermaria, o
número do leito, o tipo
de fórmula láctea em uso (F75 ou F100), a quantidade e o horário
da alimentação (o rótulo
era colocado antes da preparação da fórmula). Nos pacientes
alimentados por sonda
gástrica, a fórmula foi colocada em frasco próprio (frasco diet)
para evitar contaminação.
Com orientação contida no protocolo (anexo1), a farmácia do
serviço elaborou:
solução de mistura de minerais, utilizada na preparação das
fórmulas lácteas e do soro para
reidratação para a criança com desnutrição grave - ReSoMal; a
solução de ácido fólico 1
mg/ml e a sacarose utilizada no preparo de ReSoMal, que foi
pesada em potes de 50g em
balança de precisão.
Utilizou-se a suplementação com polivitamínico (anexo 1), em
substituição do
preparo da mistura de vitaminas que deve ser adicionada às
fórmulas lácteas conforme
orientação do protocolo.
A verificação do cumprimento do manejo da desnutrição conforme o
protocolo da
OMS foi feita por meio de uma check list elaborada segundo os
passos seguidos na
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aplicação do Protocolo e que foi aplicada para cada paciente
duas vezes por semana.,
registrando as informações dos dias precedentes a sua
utilização.
Foram considerados critérios de alta hospitalar quando o
problema clínico que
motivou o internamento estivesse superado ou em condições de ter
continuidade de
assistência no ambulatório e com a criança alimentando-se bem,
cumprindo as quotas
calórica e hídrica programadas e com ganho médio de peso
>10g/kg/dia por pelo menos
três dias consecutivos.
3.8 COLETA DE DADOS
Os dados foram coletados a partir dos formulários e planilhas de
registro de
informações utilizadas no estudo original (FALBO, 2003).
Para o estudo atual foi construído um formulário (apêndice 1)
baseado nas variáveis
que se pretendeu analisar de forma a se atingir os objetivos
propostos.
3.9 PROCESSAMENTO E ANÁLISE DE DADOS
A partir das informações coletadas (apêndice 1), construiu-se um
banco de dados
(com dupla entrada), no software EPI-INFO versão 6.0.4. Para
análise do estado
nutricional, utilizou-se o EPINUT, módulo do EPI-INFO, com o
padrão do NCHS.
Foi verificada a distribuição de freqüências das variáveis
estudadas, apresentando-
as em forma de tabelas.
Para a comparação da distribuição das variáveis estudadas entre
os grupos do
estudo foi realizada uma análise bivariada, utilizando-se o
teste qui-quadrado e exato de
Fisher quando necessário, adotando-se o nível de significância
de 5%.
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3.10 ASPECTOS ÉTICOS
O presente estudo atende às determinações da Declaração de
Helsinque (emendada
em Hong-Kong, 1989) (WORLD MEDICAL ASSOCIATION, 2002) e à
Resolução 196/96
da Comissão Nacional de Ética e Pesquisa em Seres Humanos
(CONSELHO NACIONAL
DE SAÚDE, 1996). Obteve a aprovação da Comissão de Ética do IMIP
(apêndice 2).
3.11 LIMITAÇÕES METODOLÓGICAS
Não foi possível o cálculo do tamanho da amostra, uma vez que o
número
disponível de sujeitos acessíveis para participarem da pesquisa
já estava previamente
definido a partir da pesquisa original; portanto trata-se de um
estudo descritivo com
componente analítica que revela a tendência de algumas
associações sem que essas sejam
de casualidade.
No estudo atual não houve a separação do grupo dos desnutridos
graves em
edematosos e emagrecidos. Este fato pode ter constituído uma
limitante durante a análise
dos resultados, particularmente quanto ao tempo para início de
reabilitação e de
permanência hospitalar, uma vez que se sabe que para os
desnutridos graves edematosos
inicialmente se dá a reabsorção dos edemas para posteriormente
se iniciar o ganho de peso.
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