INSTITUTO DE PESQUISAS ENERGÉTICAS E NUCLEARES Autarquia Associada à Universidade de São Paulo “APLICAÇÃO DA RADIAÇÃO GAMA NA DESINFESTAÇÃO DE RAÇÕES À BASE DE GRÃOS PARA ALIMENTAÇÃO DE ANIMAIS DOMÉSTICOS” AMANDA CRISTINA OLIVEIRA RAMOS São Paulo 2009 Dissertação apresentada como p arte dos requisitos para obtenção do Grau de Mestre em Ciências na Área de Tecnologia Nuclear – Aplicações. Orientador: Dr. Valter Arthur
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INSTITUTO DE PESQUISAS ENERGÉTICAS E NUCLEARES
Autarquia Associada à Universidade de São Paulo
“APLICAÇÃO DA RADIAÇÃO GAMA NA DESINFESTAÇÃO DE RAÇÕES À
BASE DE GRÃOS PARA ALIMENTAÇÃO DE ANIMAIS DOMÉSTICOS”
AMANDA CRISTINA OLIVEIRA RAMOS
São Paulo
2009
Dissertação apresentada como parte dos requisitos para obtenção do Grau de Mest re em Ciênc ias na Área de Tecno l og i a Nuc l ea r – Ap l i c ações . Orientador: Dr. Valter Arthur
Autarquia Associada à Universidade de São Paulo
“APLICAÇÃO DA RADIAÇÃO GAMA NA DESINFESTAÇÃO DE RAÇÕES À
BASE DE GRÃOS PARA ALIMENTAÇÃO DE ANIMAIS DOMÉSTICOS”
AMANDA CRISTINA OLIVEIRA RAMOS
São Paulo
2009
Dissertação apresentada como parte dos requisitos para obtenção do Grau de Mest re em Ciênc ias na Área de Tecno l og i a Nuc l ea r – Ap l i c ações . Orientador: Dr. Valter Arthur
Á minha saudosa mãe Auda (in memoriam) pelo seu amor, dedicação e incentivo.
AGRADECIMENTOS
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal Nível Superior - CAPES pela bolsa concedida.
Ao meu orientador Prof. Dr. Valter Arthur por ter acreditado em mim, incentivo, sobre tudo pela gentileza e presteza com que me orientou.
Ao Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares – IPEN/CNEN pela oportunidade de realização profissional e apoio no desenvolvimento do trabalho.
Aos engenheiros Elizabeth Somessari Ribeiro e Carlos Gaia da Silveira, do Centro de Tecnologia das Radiações do IPEN, pela gentileza e auxilio no processo de irradiação de amostras.
Ao Instituto Biológico de São Paulo pela oportunidade e apoio em todas as etapas deste trabalho.
Ao pesquisador científico do Instituto Biológico Dr. Marcos Roberto Potenza, pelo constante incentivo, confiança, paciência e sugestões.
Ao pesquisador científico do Instituto Biológico Msc. João Justi Junior pelo incentivo, amizade e sugestões.
Ao técnico do Instituto Biológico Edvaldo José de Almeida pelo auxilio no desenvolvimento do trabalho e pela amizade.
Ao Dr. Roberto Nakashima da CEAGESP Unidade Graneleira de Tatuí/SP pela oportunidade da coleta dos insetos da espécie Plodia interpunctella.
Aos amigos Andrea Ramos, Carolina Macedo, Fabrício Caldeiras, Fabrício Machado Tadashi, Ivan Alejandro, Juliana Zuquer, Leonardo Polido, Rafael Gonçalves, Renata Souza Leão, Talita Vieira Mikola e Tayana Candido, obrigada a vocês por acreditarem em mim. Estou mais agradecida do que sou capaz de dizer.
A minha família pelo constante incentivo e apoio.
Ao meu marido Sergio Akira Koike pela dedicação e incentivo.
A todos que não foram citados, porém, diretamente ou indiretamente, colaboraram para esse trabalho.
“Não é aquele que lhe diz injúrias quem ultraja você,
mas sim a opinião que você tem dele “
Epitecto
“APLICAÇÃO DA RADIAÇÃO GAMA NA DESINFESTAÇÃO DE RAÇÕES À
BASE DE GRÃOS PARA ALIMENTAÇÃO DE ANIMAIS DOMÉSTICOS”
AMANDA CRISTINA OLIVEIRA RAMOS
RESUMO
O presente trabalho teve como objetivos realizar um levantamento para
identificar a entomofauna associada a rações na cidade São Paulo/SP bem como
avaliar o efeito da radiação gama em rações para alimentação de animais
domésticos infestadas por pragas. Amostras de 20 lojas “Pet Shop” de diferentes
regiões da cidade São Paulo/SP foram submetidas a triagens de 1 e 45 dias para
coleta de insetos com auxilio de aspirador entomológico e peneiras de diferentes
granulometrias. As espécies Sitophilus zeamais, Cryptolestes ferrugineus,
Lasioderma serricorne e Oryzaephilus sp. apresentaram maior freqüência. Na
avaliação dos efeitos da radiação gama utilizamos amostras de grãos de milho,
sementes de girassol e mistura para roedores infestadas com insetos adultos das
espécies Sitophilus zeamais, Lasioderma serricorne e Plodia interpunctella, após
o periodo de 7 a 10 dias foram retirados os insetos e as amostras submetidas a
doses crescentes de radiação gama. As espécies Sitophilus zeamais e
Lasioderma serricorne foram submetidas as doses de 0,25 a 1,50kGy e a espécie
Plodia interpuctella a doses de 0,10 a 2,0kGy. Decorridos 40 dias após irradiação
avaliou-se o número de insetos emergidos. Os resultados dos bioensaios com
Sitophilus zeamais como com Lasioderma serricorne demostraram que doses
apartir de 0,5 kGy foram suficientes para causar letalidade dos ovos e larvas
recém emergidas. Os resultados com a Plodia interpunctella a partir de 1,50 kGy,
não emergiram insetos adultos, concluindo-se que essas doses foram suficientes
para causar letalidade dos ovos e larvas.
"APPLICATION OF GAMMA RADIATION ON DISINFESTATION FEED GRAIN-BASED FOOD FOR DOMESTIC ANIMALS”
AMANDA CRISTINA OLIVEIRA RAMOS
ABSTRACT
This study aimed to realize a survey to identify the associated insects to
feed the city São Paulo / SP and also to assess the effect of gamma radiation on
food ration for domestic animals infested by pests. Samples of 20 stores, "Pet
Shop" in different regions in São Paulo / SP were subjected to trials of 1 and 45
days for collection of insects with the aid of plastic tray and screens of different
sizes. The species Sitophilus zeamais, Cryptolestes ferrugineus, Lasioderma
serricorne and Oryzaephilus sp. showed a higher frequency. In assessing the
effects of gamma radiation we used samples of maize, sunflower seeds and mix
for rodents infested with adults of the species Sitophilus zeamais, Lasioderma
serricorne and Plodia interpunctella, after the period of 7 to 10 days the insects
were removed and samples subjected to increasing doses of gamma radiation.
The species Sitophilus zeamais and Lasioderma serricorne subjected doses from
0,25 to 1,50 kGy and species Plodia interpuctella doses from 0,10 to 2,0 kGy.
After 40 days of irradiation was evaluated the number of insects emerged. The
results of bioassays with Sitophilus zeamais and with Lasioderma serricorne
demonstrated that doses starting at 0,5 kGy was sufficient to cause mortality of
eggs and newly emerged larvae. The results with Plodia interpunctella from the
1,5 kGy, hasn’t emerged adult insects, concluding that these doses were sufficient
TABELA 1. Doses e seus efeitos da radiação gama..................................................................................24
TABELA 2. Temperaturas ótimas e mínimas (ºC) para o desenvolvimento de alguns das principais pragas de grãos armazenados.....................................................................................................................................28
TABELA 3. Principais inseticidas com base na legislação.........................................................................35
TABELA 4. Resistência* a inseticidas nas principais espécies de pragas de produtos armazenados no Brasil..........................................................................................................................................................36
TABELA 5. Quantidade utilizada de substrato por amostra......................................................................43
TABELA 6. Taxa de dose...........................................................................................................................48
TABELA 7. Número total de insetos* encontrados em grãos de milho proveniente de Lojas “Pet Shop” localizadas na cidade de São Paulo, SP, em 2009......................................................................................50
TABELA 8. Número total de insetos* (45 dias) encontrados em grãos de milho proveniente de Lojas “Pet Shop” localizadas na cidade de São Paulo, SP, em 2009.............................................................................51
TABELA 9. Número total de insetos* encontrados em mistura para roedores proveniente de Lojas “Pet Shop” localizadas na cidade de São Paulo, SP, em 2009........................................................................................52
TABELA 10. Número total de insetos* (45 dias) encontrados em mistura para roedores proveniente de Lojas“Pet Shop” localizadas na cidade de São Paulo, SP, em 2009..............................................................53
TABELA 11. Número total de insetos* encontrados em sementes de girassol proveniente de Lojas “Pet Shop” localizadas na cidade de São Paulo, SP, em, 2009.............................................................................55
TABELA 12. Número total de insetos* (45 dias) encontrados em sementes de girassol proveniente de Lojas “Pet Shop” localizadas na cidade de São Paulo, SP, em 2009.......................................................................56
TABELA 13. Inimigos naturais identificados nas amostras de grãos de milho, sementes de girassol e mistura para roedores, proveniente de em lojas “Pet Shop” localizadas na cidade de São Paulo, SP, em 2009.................................................................................................................................................................57
TABELA 14. Emergência média de adultos de Sitophilus zeamais, provenientes das amostras de grãos milho irradiados com doses crescentes de radiação gama. São Paulo, 2009.........................................................58
TABELA 15. Emergência média de adultos de Sitophilus zeamais, provenientes das amostras de mistura para roedores, irradiados com doses crescentes de radiação gama. São Paulo, 2009.................................58
TABELA 16. Emergência média de adultos de Lasioderma serricorne, provenientes das amostras de mistura para roedores, irradiados com doses crescentes de radiação gama. São Paulo, 2009.................................................................................................................................................................59
TABELA 17. Emergência média de adultos de Plodia interpunctella, provenientes das amostras de sementes de girassol, irradiados com doses crescentes de radiação gama. São Paulo, 2009..................................... 60
TABELA 18. Emergência média de adultos de Plodia interpunctella, provenientes das amostras de grãos de milho, irradiados com doses crescentes de radiação gama. São Paulo, 2009..............................................61
TABELA 19. Emergência média de adultos de Plodia interpunctella, provenientes das amostras de sementes de girassol, irradiados com doses crescentes de radiação gama. São Paulo, 2009......................................61
LISTA DE FIGURAS
Página
FIGURA 1 Mercado Mundial de Alimentos para animais de estimação......15
FIGURA 2 Produção Nacional de Alimentos para animais de estimação...16
FIGURA 3 Utilização Mundial da Irradiação de alimentos...........................22
FIGURA 4 Radura: Símbolo internacional para alimentos irradiados .........23
FIGURA 5 Inseto adulto da espécie Sitophilus .zeamais.............................29
FIGURA 6. Inseto adulto de Plodia interpunctella .......................................31
FIGURA 7. Inseto adulto de Lasioderma serricorne....................................32
FIGURA 8. Amostragem das rações coletadas...........................................39
FIGURA 9. Amostras em sala climatizada ..................................................39
FIGURA 10. Insetos coletados....................................................................40
FIGURA 11.Criação da espécie Sitophilus zeamais em milho....................41
FIGURA 12. Criação da espécie Lasioderma .serricorne em pão seco......42
FIGURA 13. Criação da espécie Plodia interpunctella em farinha de milho
..................................42
FIGURA 14. Bioensaios em sala climatizada...............................................44
FIGURA 15. Bioensaios com Sitophilus zeamais.........................................45
FIGURA 16. Bioensaios com Lasioderma serricorne...................................46
FIGURA 17. Bioensaios com Plodia interpunctella.......................................47
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1 INTRODUÇÃO
O segmento de alimentos para animais de estimação está em franca
expansão, assim como todo o mercado destinado a animais, com grande
destaque para o mercado nacional.
Segundo a AnfalPet – Associação Nacional dos Fabricantes de Alimentos
para Animais de Estimação, o gasto médio do brasileiro com produtos e serviços
é de R$ 390,00 per capta/ano (alimentos, insumos farmacêuticos, acessórios e
serviços) totalizando R$ 16 bilhões anuais de faturamento. Em 2008, o
faturamento do segmento de alimentação chegou a R$ 3,2 bilhões.
O Sindirações – Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal
(2009) afirma que a produção brasileira é uma das maiores do mundo, perdendo
apenas para os Estados Unidos.
Entre os alimentos comercializados para pequenos e médios animais, os
chamados pet food, encontramos o mix de cereais, constituídos por sementes,
cereais secos e legumes na forma inteira ou processada; alimentos extrusados1;
farinhadas; sementes de girassol; milho; alpiste dentre outros. Estes alimentos
são extremamente suscetíveis ao ataque de pragas (Haines e Pranata, 1982).
As pragas de produtos armazenados têm grande importância nesse
segmento e consistem em um problema permanente nos Pet Shops, causando
diversos prejuízos e danos de ordem quantitativa e qualitativa, como
contaminação por fungos, perda de mercado, peso e valor nutritivo.
Normalmente pragas como carunchos, besouros e traças infestam
produtos armazenados tais como: grãos, sementes, farinhas, café, chocolate,
fumo, rações animais, especiarias, plantas desidratadas e frutas secas.
1 Alimento fabricado através do emprego de alta pressão e temperatura.
13
Devido às perdas econômicas que podem provocar, destacam-se as
cephalonica, Sitotroga cerealella, Tribolium castaneum, Sitophilus spp e
Rhyzopertha dominica, (Pacheco e Paula, 1995).
Algumas medidas de controle são adotadas visando solucionar as perdas e
danos ocasionados por pragas como: boas práticas de armazenamento,
monitoramento de insetos e tratamento químico (o mais utilizado), este por sua
vez, causa alguns danos ao meio ambiente, além da resistência dos insetos aos
princípios ativos utilizados na composição dos produtos químicos.
Devido a esses problemas, existe a necessidade de métodos de controle
mais eficientes e com baixo custo, entre esses métodos, destaca-se o uso de
radiações ionizante, processo este que consiste em irradiar os grãos com uma
determinada dose de radiação, inibindo a reprodução, ou mesmo causando a
morte dos insetos infestantes.
A primeira utilização de radiações ionizantes com resultados promissores
no controle das pragas foi realizada por Runner (1916) que aplicou raios X para
controlar a espécie de Lasioderma serricorne (F.).
No entanto, o grande avanço nesse tipo de pesquisa só ocorreu a partir de
1950, devido alguns fatores como: a descoberta da resistência de certas pragas
aos produtos químicos e os problemas toxicológicos causados por estes produtos.
O processo de irradiação pode solucionar esses tipos de problemas, uma vez que
não induz o processo de resistência e nem deixa resíduos (Hossain et al., 1972;
Arthur et al., 1973).
Contudo, a irradiação de alimentos, além de auxiliar no controle de pragas,
também atua na conservação dos alimentos, trata-se de uma tecnologia moderna,
limpa e avançada, tornando-se uma solução promissora para os atuais problemas
do agronegócio mundial.
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2 OBJETIVOS
O presente trabalho teve como objetivos:
� Realizar um levantamento da entomofauna em rações à base de
grãos, comercializados a granel.
� Avaliar a aplicação da radiação gama na desinfestação de rações à
base de grãos, destinadas a alimentação de animais domésticos.
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3 REVISÃO DA LITERATURA
3.1 Mercado brasileiro e mundial de Pet Food
O valor do mercado mundial de alimentos para animais é de US$ 69
bilhões (FIG. 1). Atualmente o Brasil movimenta apenas 6% desse total, os líderes
desse ranking são os Estados Unidos, respondendo por 36%, em segundo lugar
está o Reino Unido com 8%, seguido pelo Japão com 7%. Empatados com Brasil
estão Alemanha e França (AnfalPet, 2009).
FIGURA 1. Mercado Mundial de Alimentos para animais de estimação.
16
Nos últimos anos, a produção nacional de alimentos para animais de
estimação vem apresentando crescimento de 20% ao ano, passando de 220 mil
toneladas em 1994 para 1,78 milhões de toneladas em 2008, segundo dados
da Sindirações, 2006 e AnfalPet, 2009 (FIG.2).
FIGURA 2. Produção Nacional de Alimentos para animais de estimação (2009)
Segundo a Sindirações (2006) o setor é o principal consumidor de grãos de
milho, absorvendo 27,6 milhões de toneladas da produção nacional (65%),
também é grande consumidor de farelo de soja, consumindo 9,0 milhões de
toneladas (40%). O mercado nacional de alimentos é liderado, em faturamento,
pelos segmentos de animais de estimação e de eqüinos.
O potencial de consumo brasileiro de Pet Food é de 4,11 milhões de
toneladas/ano, considerado o terceiro maior mercado do mundo. O consumo está
mais concentrado nas classes A e B da sociedade, sendo que a região sudeste
17
responde por 43%, a nordeste por 28%, a sul por 15%, centro-oeste e norte por
7% (Herbário, 2006; AnfalPet, 2007).
Alguns estudos da AnfalPet apontam 100 mil pontos de vendas de
produtos direcionados à animais domésticos no Brasil, deste total, 40 mil são Pet
Shop (lojas especializadas em produtos e serviços para animais de pequeno e
médio porte), em 2005, este número era de apenas 9 mil.
A perspectiva para 2009, em relação ao faturamento do Mercado Nacional
de Pet, de acordo com AnfalPet, é de R$ 9,1 bilhões, sendo o setor de alimentos
responsável por 65%, de serviços por 21%, acessórios e equipamentos por 9% e
medicamentos, produtos de higiene e embelezamento responde por 6%.
Em 2005, a AnfalPet e a ApexBrasil – Agência Brasileira de Promoção de
Exportações e Investimento firmaram um convênio de incentivo a exportação de
produtos pet, criando o programa “Pet Products Brasil” que visa fomentar as
exportações de pequenas e médias empresas nacionais do segmento,
exportadoras ou com potencial. Os mercados alvos são Estados Unidos, Rússia,
Japão, Itália, China e México (ApexBrasil, 2009; Pet Products Brasil, 2009).
No Brasil anualmente é realizada a “Pet South América”, trata-se da
principal feira da América Latina direcionada aos mercados pet e veterinário. A 8ª
edição do evento aconteceu na cidade de São Paulo, nos dias 22, 23 e 24 de
julho de 2009 e recebeu mais de 26 mil visitantes de 43 países. Foram 260
expositores, que apresentaram novidades e tendências em saúde animal,
alimentação, beleza e acessórios, assim como, tecnologia em equipamentos e
tratamentos (Revista Pet Food Brasil, 2009).
Em relação à população brasileira de animais de estimação, temos a
seguinte situação: 32 milhões de cães, 19,5 milhões de pássaros, 16 milhões de
gatos, 7,5 milhões de peixes e 2 milhões de outros animais, esses números
colocam o Brasil no segundo lugar em população de cães e gatos e no sétimo em
animais de estimação (AnfalPet, 2009).
18
Inúmeras pesquisas evidenciam o carinho que muitos donos têm pelos seus
animais de estimação, muitas vezes os considerando membros da família, o que
vem justificar o crescimento expansivo do mercado.
3.1.1 Legislação
No Brasil não existe legislação específica para produtos destinados à
alimentação de animais domésticos, apresentando apenas legislação relativa à
inspeção e fiscalização.
A Lei nº 6.198, de 26 de dezembro de 1974, dispõe sobre a inspeção e a
fiscalização obrigatória dos produtos destinados à alimentação animal, temos:
Art. 6º Todo estabelecimento que produza, fabrique, manipule, fracione, importe e comercie produto d e s t i n a d o à a l i m e n t a ç ã o a n i m a l d e v e , obrigatoriamente, estar registrado no Ministério da A g r i c u l t u r a , P e c u á r i a e A b a s t e c im e n t o .
Art. 13. Todo produto destinado à alimentação animal, produzido no País ou importado, para ser comercializado deve, obrigatoriamente, estar registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
A Portaria nº 7, de 09 de novembro de 1988, estabelece os padrões
mínimos, das diversas matérias primas empregadas na alimentação animal.
A Instrução Normativa nº 1, de 13 de fevereiro de 2003, que trata das
condições higiênico-sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação de alimentos
para animais, define como alimentos, substâncias aptas para o consumo animal,
considerado como alimento que atende ao padrão de identidade e qualidade
preestabelecido, nos aspectos higiênico-sanitários e nutricionais.
Referente à contaminação e desinfecção é definido que:
19
� Contaminação: presença de substâncias ou agentes estranhos de origem
biológica, química ou física que sejam considerados nocivos ou não para
saúde dos animais.
� Desinfecção: é a redução, por meio de agentes químicos ou métodos físicos
adequados, do número de microorganismos no prédio, instalações,
maquinários e utensílios, a um nível que não origine contaminação do alimento
que será elaborado.
No requisito de controle de alimentos o responsável técnico deve usar
metodologia apropriada de avaliação dos riscos de contaminação dos alimentos
nas diversas etapas de produção, contidas no Regulamento, e intervir sempre que
necessário, com vistas a assegurar alimentos aptos ao consumo dos animais e
fica como responsabilidade do estabelecimento prover os instrumentos
necessários para realização de tais controles.
3.2 Irradiação de alimentos
A irradiação de alimentos é o tratamento através de um determinado tipo
de energia. O processo consiste em submetê-los (embalados ou a granel), a uma
quantidade controlada de radiação, por um tempo determinado (ICGFI, 1999).
As radiações utilizadas nesse processo são: raios gama de alta energia,
raios X e elétrons acelerados. Estas radiações também são classificadas de
“radiações ionizantes”, pois sua energia é alta o suficiente para converter átomos
e moléculas em íons pela remoção de elétrons (FAO/IAEA, 1999).
O Comitê da junta de especialistas sobre irradiação de alimentos formados
pelos órgãos das Nações Unidas: Food and Agriculture Organization (FAO),
Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Organização Mundial da Saúde
(OMS) e o Codex Geral de Padrões para Alimentos Irradiados, recomenda os
seguintes tipos de radiação ionizante, considerados adequados para esse
processo (DIEHL, 1990; IAEA, 1982):
20
Radiação gama originados de 60 Co e 137 Cs.
Raios-X com energias de até 5 MeV.
Elétrons com energias de até 10 MeV.
Os elétrons possuem pouca penetrabilidade nos alimentos em relação aos
raios gama e os raios X. Os raios gama são extremamente penetrantes, enquanto
os raios X são menos penetrantes e possui um baixo rendimento em sua
produção, somente de 3 a 5% da energia aplicada é efetivamente convertida em
raios X (Junior, et al., 2002; CENA, 2006).
As radiações empregadas no processamento de alimentos não possuem
energia suficiente para provocar qualquer reação nuclear no alimento, e logo, não
deixam resíduos radiativos após a irradiação. Por este motivo, o alimento
submetido a esse tipo de radiação não se torna radiativo (IAEA/FAO/WHO, 1999).
O processo de irradiação é influenciado por alguns fatores externos como:
temperatura, condição de armazenamento e presença ou não de oxigênio e por
fatores intrínsecos do alimento: estado físico, densidade, umidade entre outras
características. Por isso, para cada produto a ser irradiado são estabelecidos
procedimentos específicos, inclusive diferentes doses de radiação (CENA, 2008).
A dose de radiação é a quantidade de energia absorvida pelo alimento que
passa através dele durante o tratamento (FAO/IEAE, 1999; Mahapatra, 2005).
A dose é medida em Grays (Gy) ou quilograys (kGy), onde 1 Gray = 0, 001
kGy = 1 joule de energia absorvida por quilograma de alimento irradiado (CENA,
2006).
Segundo o ICGFI, as doses aplicadas no processo de irradiação de
alimentos são divididas em três categorias:
� Baixas doses (< 1kGy) – desinfestação de insetos e ácaros; inibição
de brotamentos; retardo do amadurecimento e controle de parasitas.
21
� Doses intermediarias (1 a 10kGy) – Controle de microorganismos
patogênicos; melhoramento das propriedades tecnológicas do alimento e redução
da deterioração por microorganismos.
� Altas Doses (10 a 50kGy) – esterilização industrial dos alimentos
duráveis.
De acordo com Arima (1998) o Comitê Misto de Especialistas da FAO e
WHO estabeleceu, em 1980, que alimentos irradiados com doses de até 10 kGy
são íntegros, ou seja, as alterações geradas nos alimentos resultantes do
processo não representam qualquer perigo toxicológico a curto ou longo prazo.
Sendo assim, os alimentos irradiados com doses até 10 kGy não necessitam de
avaliação toxicológica ou nutricional (OMS, 1995).
Truswell (1987) comprovou que a irradiação não gera mutação
microbiológica e as perdas nutricionais podem ser comparadas aos índices de
perdas obtidas pelos métodos convencionais.
Segundo Loaharanu e Ahmed (1991) as vantagens da irradiação de
alimentos são: redução de perdas no armazenamento; alto potencial de
desinfestação de alimentos secos; pode ser aplicada no produto embalado;
tratamento considerado a frio (alterações nas características químicas e físicas
são mínimas ou ausentes); elimina o período de quarentena (ausência de
resíduos), não induz a resistência das pragas, dentre outras.
Silva e Arthur (2004) argumentam que entre os tratamentos utilizados para
desinfestação de grãos, a radiação gama vem destacando-se pela sua eficiência.
O grão tratado pela radiação ionizante recebe a dose que inibe a reprodução ou
provoca a morte dos insetos (Arthur, 1997).
A irradiação de alimentos é uma técnica em crescente expansão e utilizada
em escalas comerciais pelo mundo. Inúmeras pesquisas científicas vêm
comprovando a alta eficácia e vantagens da utilização da radiação gama no
combate de pragas que atacam os locais de armazenamento.
22
Atualmente, cerca de 40 países aprovam e permitem a irradiação de
alimentos, condimentos, grãos, frutas, vegetais e carnes de aves, bovinos e
peixes (FIG. 3) (Spolaore et al.,2001; FAO/ IAEA, 1999).
FIGURA 3. Utilização Mundial da Irradiação de alimentos
Com aprovação da utilização da irradiação de alimentos nesses países, em
1983, adotou-se um padrão para alimentos irradiados. A Comissão do Codex
Alimentarius, a FAO e a OMS – representando 150 governos – foram os
responsáveis por editar e distribuir esses padrões, a fim de proteger a saúde do
consumidor e facilitar o mercado internacional. (FAO/ IAEA, 1999).
No Brasil, a ANVISA aprovou a resolução RDC nº 21 de 26 de janeiro de
2001, “Regulamento Técnico para Irradiação de Alimentos”, que permite a
irradiação de qualquer alimento, desde que não haja comprometimento das
propriedades funcionais e sensoriais.
A resolução RDC nº 21 ainda estabelece que, quando o alimento irradiado
é empregado como ingrediente em outro produto, deve ser mencionado na
embalagem final com o símbolo da “radura” indicando que o alimento foi tratado
por processo de irradiação (FIG.4).
23
FIGURA 4. Radura: Símbolo internacional para alimentos irradiados
3.2.1 Radiação gama
Os raios gama são um tipo de radiação eletromagnética que resulta de
uma redistribuição das cargas elétricas em um núcleo. Um raio gama é um fóton
de alta energia emitido pelo núcleo de alguns átomos. A única coisa que distingue
um raio gama dos fótons de luz visível emitidos por uma lâmpada é o
comprimento de onda. O comprimento de onda de um raio gama é centenas de
milhares de vezes menores que o da luz visível, portanto a frequência é centenas
de milhares de vezes maior (Junior et al., 2002; ABC da Física Nuclear, 2006).
De acordo com a Empresa Brasileira de Radiações (EMBRARAD) a
radiação gama é utilizada em escala comercial mundial há mais de 40 anos e hoje
conta com cerca de 150 plantas operacionais, e tem uma larga escala de
utilização na indústria, como: esterilização de materiais médico-cirúrgico,
laboratório, frascos, embalagens, desinfestação e conservação de alimentos
armazenados, descontaminação de produtos, coloração de vidros e outras
finalidades.
24
A irradiação de alimentos é baseada na absorção da energia da radiação
gama, que consiste em uma radiação com a mesma característica física da luz
visível, das ondas de rádio, de TV e, a quantidade de energia absorvida pode ser
facilmente controlada de modo a se obter o efeito desejado. A interação da
radiação se processa em nível molecular (Mello, 2000).
A irradiação com raios gama apresenta algumas vantagens em relação aos
outros métodos na conservação dos alimentos, pois tem uma alta energia e
grande penetração e letalidade devido sua ação em nível celular. Sua penetração
é instantânea, uniforme e profunda (Franco e Landgraf, 1996; Hobbs e Roberts,
1998).
Na TABELA 1 estão descritos os tipos de alimentos e efeitos provocados
pela radiação gama.
TABELA 1. Doses e seus efeitos da radiação gama
TIPO DE ALIMENTO DOSE EM kGy EFEITO
Carne, frango, peixe, mariscos, alguns vegetais, alimentos preparados
20 - 70 Esterilização. Os produtos tratados podem ser armazenados à temperatura
ambiente.
Especiarias e frutas 8 - 30 Reduz o número de microorganismo e mata os insetos
Carne, frango e peixe 1 - 10 Retarda a deterioração, mata alguns tipos de bactérias patogênicas
(Salmonela).
Morango e outras frutas 1 - 4 Aumenta o tempo de prateleira, retarda o aparecimento de mofo.
Grãos, frutas e vegetais 0,1 - 1 Mata insetos ou evita sua reprodução. Pode substituir parcialmente os
fumigantes
Banana, abacate, manga, mamão e outras frutas
0,25 - 0,35 Retarda a maturação.
Carne de porco 0,08 - 0,15 Inativa a Trinchinela.
Batata, cebola e alho 0,05 - 0,15 Inibe o brotamento
Fonte: Adaptado do site: ABC da Física Nuclear (2006).
25
Conforme Ahmed (2001) a desinfestação da maioria dos alimentos secos,
através da irradiação, pode ser alcançada com doses muito baixas (até 1 kGy),
porém, a sensibilidade a radiação, varia conforme a ordem do inseto, como para
estágios de desenvolvimento da mesma espécie de inseto.
Segundo a EMBRARAD (2008) a utilização da radiação gama é
economicamente viável para grandes ou pequenas quantidades de alimentos, o
processo é realizado na embalagem final do produto, totalmente automatizado,
não necessita quarentena (não deixa resíduo), permite o consumo imediato do
alimento após o término do processo, fácil validação e monitoração, o único fator
variável é o tempo.
3.3 Pragas de produtos armazenados
Segundo Perioto (2001) praga é qualquer espécie, biótipo ou raça de
animal, vegetal ou outro agente patogênico nocivo aos vegetais e seus
subprodutos, enquanto, as pragas quarentenárias são aquelas com importância
econômica para o local, onde ainda não está presente ou caso esteja, não se
encontra largamente distribuída e é oficialmente controlada.
A condição de praga de uma população de insetos depende da abundância
de indivíduos, assim como o tipo de perda ou danos causados pelos insetos em
produtos armazenados (Gullan e Cranston, 1994).
Os produtos armazenados podem ser atacados por pragas que provocam
danos diretos como redução do valor nutricional, redução do poder germinativo
(grãos), perda de peso e danos indiretos como desvalorização comercial
(Ferreira, 1990; Gallo et al., 2002).
A FAO estima que as perdas mundiais de grãos estejam na ordem de 10%
da produção total, devido ao ataque de pragas. Segundo Campos (2005) no
Brasil, 20% da produção anual de grãos que está em torno de 120 milhões de
26
toneladas, perde-se entre a colheita e o armazenamento e 10% dessas perdas,
ocorrem devido ao ataque de insetos.
De acordo com Fontes e colaboradores (2003), as perdas causadas pelos
insetos, durante o armazenamento, podem equivaler ou mesmo superar as
perdas do campo.
Os insetos que normalmente atacam e danificam os produtos armazenados
pertencem à ordem Coleoptera (carunchos, besouros e gorgulhos) e a ordem
Lepidoptera (mariposas e traças) compreendendo as espécies de maior
importância como pragas, pois são causadoras de danos significativos aos
produtos (Crowson, 1986; Campos, 2005 ; Pacheco e Paula, 1995).
Segundo Gallo e colaboradores (2002) os coleópteros adultos (carunchos,
besouros e gorgulhos) são insetos de tamanho pequeno e possuem o primeiro
par de asas (élitros) muitos resistentes, devido a essa característica, conseguem
se movimentar em espaços reduzidos da massa armazenada. Já os lepidópteros
adultos (mariposas e traças) são insetos maiores e possuem dois pares de asas
membranosas bem menos resistentes que os élitros, por isso não conseguem
movimentar-se bem na massa armazenada, ficando sua ação restrita às
superfícies.
Esses insetos são cosmopolitas, ou seja, podem ser encontradas no
mundo inteiro, são propagadas através dos próprios alimentos ou meios de
transportes por todo o mundo, adaptando-se às condições climáticas. (Gallo et al.,
1970; Manejo Integrado, 2006).
De acordo com Menten (1982) uma das características mais comuns
desses insetos, é o alto potencial de reprodução em um curto período de tempo,
em relação às outras pragas. Para iniciar uma infestação, que pode provocar a
deterioração dos produtos, é necessário um pequeno número de insetos, graças à
alta capacidade de reprodução e por poderem permanecer em repouso no estágio
intermediário de desenvolvimento quando as condições forem adversas.
Normalmente as larvas desses insetos conseguem consumir grandes quantidades
de alimentos, danificando e deteriorando o alimento (Borror e Delong, 1988).
27
Segundo Resh e Cardé (2003) esses insetos podem ser classificados em
pragas primárias e secundárias, conforme seus hábitos alimentares. Pragas
primárias são aquelas que têm maior importância econômica, pois atacam os
grãos sadios e intactos, são denominadas como pragas primárias externas e
internas, dependendo da parte do grão que atacam (Lorini, 2002; Campos, 2005).
As pragas primárias externas destroem a parte exterior do grão (casca), e
posteriormente, alimentam-se da parte interna, exemplos dessas pragas são as
espécies Lasioderma serricorne (F.) e Plodia interpunctella (Lorini, 2002).
As pragas primárias internas são dotadas de mandíbulas desenvolvidas,
capazes de perfurar e penetrar os grãos e se alimentar do conteúdo interno.
Essas pragas completam o seu desenvolvimento no interior do grão e são
consideradas as mais prejudiciais, pois além dos danos que provocam, facilitam o
ataque de outros insetos. Exemplos dessas pragas temos as espécies
Rhyzoprtha dominica e Sitophilus oryzae (Gallo et al., 2002; Lorini, 2001, 2002).
As pragas secundárias são aquelas que não são capazes de atacar grãos
inteiros, pois precisam que os grãos estejam quebrados ou danificados para
poderem se alimentar. Essas pragas possuem capacidade de se multiplicar
rapidamente e por isso causam prejuízos elevados. Como exemplos dessas
pragas citam-se as espécies Cryptolestes ferrugineus e Oryzaephilus
surinamensis (Gallo et al., 1988, 2002; Lorini 2002).
Temperatura e umidade relativa são fatores limitantes para o
desenvolvimento desses insetos. Normalmente a temperatura ideal é de 23º a
35ºC (TAB.2) e a faixa favorável de umidade é de 12~15% para o ótimo
desenvolvimento desses insetos (Gallo et al., 2002; Resh e Cardé 2003).
28
TABELA 2. Temperaturas ótimas e mínimas (ºC) para o desenvolvimento de alguns das principais pragas de grãos armazenados.
Fonte: Adaptado de Salunkhe et al. (1985).
Espécie Temp. ótima (ºC) Temp. mínima (ºC)
Traças (Ephestia spp., P.
interpuctella, Sitotroga sp.) 25~30 16
Oryzaephilus surinamensis 31~34 17
Sitophilus spp. 27~31 16
Cryptolestes ferrugineus 32~35 23
Tribolium spp. 30~35 21
Rhyzoprtha dominica 32~35 23
Além dos danos já citados causados por essas pragas, pode ocorrer um
aumento do teor de umidade e da temperatura do produto armazenado, devido à
atividade de populações elevadas dessas pragas, favorecendo o desenvolvimento
de fungos (Resh e Carde, 2003).
Segundo Lazzari (1997) os principais fungos de armazenamento são
Aspergillus spp. e Penicillium spp., são importantes devido a produção de
micotoxinas e à redução que provocam na qualidade do produto. Micotoxinas são
metabólicos fúngicos, que podem causar grandes danos à saúde humana e de
animais domésticos.
29
3.3.1 Aspectos bioecológicos de Sitophilus zeamais
A espécie Sitophilus zeamais (FIG.5) é um coleóptero pertencente à família
Curculionidae, conhecido popularmente como ”gorgulho do milho” (Guerin, 1953).
Considerada uma das pragas cosmopolita mais severas dos produtos
armazenados, especialmente do milho (Zea mays, L.). No Brasil é a praga mais
importante do milho (Booth et al., 1990; Rees, 1996).
O S.zeamais é caracterizado como praga primária interna, pois podem
apresentar infestação cruzada, infestando os grãos tanto no campo como nos
armazéns, onde penetram profundamente a massa de grãos (Gallo et al., 1988;
Lorini, 2002).
O inseto adulto mede de 2,0 a 3,5 mm de comprimento, com coloração
castanho-escuro, com quatro manchas avermelhadas nos élitros, visíveis logo
após a eclosão. Sua cabeça é deslocada para frente, na forma rostro recurvado,
onde se localizam as peças bucais. Os machos apresentam rostro mais curto e
grosso e longos e afilados nas fêmeas. O protórax é fortemente pontuado e os
élitros estriados (Booth et al., 1990; Gallo et al., 2002; Rees, 2007).
FIGURA 5. Inseto adulto da espécie S.zeamais
Fonte: J. A. Jackman
30
Pode colocar entre 200 a 400 ovos por fêmea, que são depositados nos
grãos armazenados ou ainda no campo por adultos voadores. O período de
incubação oscila entre 3 e 6 dias e emergem de 48,1% de machos e 51,9% de
fêmea (Rosetto, 1972; Gallo et al., 1988, 2002).
Segundo Kurtz e Harris (1962), as larvas são de coloração amarelo-claro
com a cabeça mais escura, imóveis e se desenvolvem no interior do grão. As
pupas apresentam coloração branca e o ciclo completo de vida é de 4 a 5 meses.
De acordo Santos e Fontes (1990) os danos ocasionados pelo S.zeamais
aos grãos armazenados podem ser provocados tanto pelas larvas, que se
desenvolvem no grão, como pelo inseto adulto.
Devido seu elevado potencial de reprodução, pode atacar um grande
número de produtos, como: trigo, milho, cevada, aveia, centeio, macarrão,
biscoito, sorgo, arroz, causando enormes prejuízos anualmente (Lorini e
Schneider, 1994 apud; Lorini, 2002).
3.3.2 Aspectos bioecológicos de Plodia interpunctella
A Plodia interpunctella ou traça dos cereais e farinhas (FIG 6.), como é
conhecida popularmente, pertence à ordem Lepidoptera, família Pyralidae, é uma
praga primária, considerada de superfície (Borror e Delong, 1964; Campos e
Zorzenon, 2006).
As traças dos cereais são mariposas com cerca de 20 mm de
envergadura, cabeça e tórax de cor pardo-avermelhada, asas anteriores
avermelhadas e acinzentadas, além de pontos escuros bem nítidos. O primeiro
par de asas é bastante característico, permitindo diferenciar-se das demais
traças. A cabeça apresenta um tufo de escamas em forma de chifres (Gallo et al.,
2002; Mohandass et al., 2006; Rees, 2007).
31
FIGURA 6. Inseto adulto de Plodia interpunctella (H.)
Fonte: CSIRO
Seu ciclo biológico pode sofrer alterações, dependendo das condições
ambientais (temperatura e umidade), do tipo de alimento e da estação do ano. O
ciclo pode variar de 28 a 300 dias, conforme a condições citadas (Tamborlin,
1988; Lorini, 2002). As fêmeas colocam de 100 a 400 ovos, que são dispostos na
superfície de grãos em grupos ou isolados, com uma razão sexual de
Como nos demais bioensaios, após a aplicação da radiação gama, as
amostras foram mantidas na sala climatizada.
FIGURA 17. Bioensaios com Plodia interpunctella.
48
TABELA 6. Taxa de doses
Mês
Taxa de dose
Março 2,23KGy/h
Abril 2,21kGy/h
Maio 2,18kGy/h
Junho 2,16kGy/h
Julho 2,14kGy
49
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Levantamento da entomofauna de rações a base de grãos
5.1.1 Grãos de Milho
Das amostras analisadas na 1ª triagem foram encontradas 7 espécies de
insetos, representando 7 famílias e 3 ordens de pragas de produtos
armazenados. Sendo estes 5 Coleoptera, 1 Lepidoptera e 1 Psocoptera. Dos
coleópteros encontrados nas 20 lojas Pet Shop, apresentaram maior freqüência
às espécies: Sitophilus zeamais encontrada em 75% das lojas e o Crystolestes
ferrugineus em 35% (TAB.7).
50
TABELA 7. Número total de insetos* encontrados em grãos de milho proveniente de Lojas “Pet Shop” localizadas na cidade de São Paulo, SP, em 2009.
a Incluído as espécies: L..decolor (Pearman) e L..entomophila (Enderlein). * Excetuando-se predadores e parasitóides.
ORDEM Família
Espécie Nome comum Nº total de insetos
% Pet Shop
com
infestação
Coleoptera
Anobiidae Lasioderma serricorne
(F.) Caruncho do fumo 1 5%
Curculionidae Sitophilus zeamais (M.) Caruncho do milho 103 75%
Laemophloeidae Cryptolestes ferrugineus
(Stephens) Besouro 18 35%
Silvanidae Oryzaephilus
suninamensis (L.) Besouro da cevada 3 15%
Tenebrionidae Cynaeus angustus
(LeConte) Besouro preto da
farinha 1 5%
Lepidoptera
Pyralidae Plodia interpunctella (H.) Traça dos cereais 2 5%
Psocoptera
Liposcelididae Liposcelis spp.a Piolho de livro 1 5%
51
Na 2ª triagem (TAB.8) a espécie S. zeamais apresentou freqüência em
100% das amostras. Além das espécies encontradas na 1ª triagem, foram
encontrados os insetos Sitophilus oryzae, Oryzaephilus mercator e Sitophilus
granarius. Observou-se também um considerável aumento no número de insetos
no decorrer das triagens, comprovando o alto potencial de reprodução dessas
pragas.
TABELA 8. Número total de insetos* (45 dias) encontrados em grãos de milho proveniente de Lojas “Pet Shop” localizadas na cidade de São Paulo, SP, em 2009.
a Incluído as espécies: L..decolor (Pearman) e L..entomophila (Enderlein). * Excetuando-se predadores e parasitóides.
ORDEM Família
Espécie Nome comum Nº total
de insetos
% Pet
Shop com
infestação
Coleoptera
Anobiidae Lasioderma serricorne (F.) Caruncho do fumo 28 25%
Curculionidae Sitophilus zeamais (M.) Caruncho do milho 1947 100%
Curculionidae Sitophilus oryzae(L.) Caruncho do arroz 9 10%
Curculionidae Sitophilus granarius (L.) Caruncho do Trigo 2 5%
(L.) e Lasioderma serricorne (F.) (HAGSTRUM, 2001; NANSEN et al., 2004).
52
5.1.2 Mistura para roedores
Nas amostras de mistura para roedores, foram encontrados na 1ª triagem
10 espécies de insetos, representando 9 famílias e 2 ordens de pragas de
produtos armazenados. No qual 9 Coleoptera e 1 Psocoptera, dos insetos
encontrados nas 20 lojas Pet Shop, apresentaram maior freqüência o Sitophilus
zeamais encontrados em 65%; Crystolestes ferrugineus em 35%; Carpophilus
dimidiatus em 25% e Oryzaephilus surinamensis em 25% das lojas (TAB. 9).
TABELA 9. Número total de insetos* encontrados em mistura para roedores proveniente de Lojas “Pet Shop” localizadas na cidade de São Paulo, SP, em 2009.
a Incluído as espécies: L..decolor (Pearman) e L..entomophila (Enderlein). * Excetuando-se predadores e parasitóides.
Ordem Família
Espécie Nome comum Nº total
de insetos
% Pet Shop
com
infestação
Coleoptera
Anobiidae Lasioderma serricorne (F.) Caruncho do
fumo 28 10%
Bostrichidae Rhizopertha dominica (F.) Broca de grão 6 15%
Curculionidae Sitophilus zeamais Caruncho do
milho 69 65%
Laemophloeidae Cryptolestes ferrugineus
(Stephens) Besouro 64 35%
Nitidulidae Carpophilus dimidiatus 32 25%
Silvanidae Oryzaephilus surinamensis
(L.) Besouro da cevada
30 25%
Silvanidae Oryzaephilus mercator
(Fauvel.) Besouro da cevada
42 15%
Tenebrionidae Cynaeus angustus (LeConte) Besouro preto da
Liposcelididae Liposcelis spp.a Piolho de livro 1 5%
53
Os resultados das amostras na 2ª triagem (TAB.10) demonstram o
aumento no número de indivíduos e na freqüência das espécies em relação à 1ª
triagem, como por exemplo: a Lasioderma serricorne apresentou freqüência de
10% na primeira análise e na segunda a freqüência foi de 75%, a espécie
Oryzaephilus surinamensis apresentou o número de 30 indivíduos nos primeiros
resultados e esse número subiu para 266 indivíduos, novamente comprovando o
alto potencial de reprodução das pragas de produtos armazenados.
TABELA 10. Número total de insetos* (45 dias) encontrados em mistura para roedores proveniente de Lojas “Pet Shop” localizadas na cidade de São Paulo, SP, em 2009.
a Incluído as espécies: L..decolor (Pearman) e L..entomophila (Enderlein). * Excetuando-se predadores e parasitóides.
ORDEM Família
Espécie Nome comum Nº total
de insetos
% Pet Shop
com
infestação
Coleoptera
Anobiidae Lasioderma serricorne (F.) Caruncho do fumo 777 75%
Bostrichidae Rhizopertha dominica (F.) Broca de grão 26 15%
Curculionidae Sitophilus zeamais Caruncho do milho 282 50%
Laemophloeidae Cryptolestes ferrugineus
(Stephens) Besouro 167 40%
Nitidulidae Carpophilus dimidiatus 34 40%
Silvanidae Oryzaephilus surinamensis
(L.) Besouro da cevada 266 40%
Silvanidae Oryzaephilus mercator
(Fauvel.) Besouro da cevada 54 15%
Tenebrionidae Cynaeus angustus (LeConte) Besouro preto da
Pyralidae Plodia interpunctella (H.) Traça dos cereais 75 25%
Liposcelididae Liposcelis spp.a Piolho de livro 1 5%
54
Roesli e colaboradores (2003) analisaram a infestação por insetos de
produtos armazenados em alimentos destinados à animais domésticos em lojas
no Kansas, EUA, igualmente como nossos resultados, apresentaram maior
frequência os insetos: Sitophilus spp. e Oryzaephilus mercator (Fauvel).
55
5.1.3 Sementes de Girassol
Nos resultados das amostras com sementes de girassol (TAB.11) na 1ª
triagem foram encontrados insetos representantes da ordem Coleoptera e
Psocoptera, apresentando maior frequência a espécie Carpophilus dimidiatus
encontrada em 25% e Cryptolestes ferrugineus em 20% das lojas.
TABELA 11. Número total de insetos* encontrados em sementes de girassol proveniente de Lojas “Pet Shop” localizadas na cidade de São Paulo, SP, em 2009.
* Excetuando-se predadores e parasitóides.
ORDEM Família
Espécie Nome comum Nº total
de insetos
% Pet Shop
com
infestação
Coleoptera
Curculionidae Sitophilus zeamais Caruncho do milho 2 10%
Laemophloeidae Cryptolestes ferrugineus
(Stephens) Besouro 14 20%
Nitidulidae Carpophilus dimidiatus 12 25%
Silvanidae Oryzaephilus surinamensis
(L.) Besouro da cevada 3 15%
Silvanidae Oryzaephilus mercator
(Fauvel.) Besouro da cevada 6 15%
Tenebrionidae Cynaeus angustus
(LeConte) Besouro preto da
farinha 3 10%
Na 2ª triagem encontramos mais duas espécies de insetos, a Lasioderma
serricorne com freqüência em 25% das lojas e a Plodia interpunctella presente em
10%. Novamente observou-se o aumento na freqüência e no número de insetos
encontrados, sendo 3 indivíduos da espécie Oryzaephilus surinamensis na 1ª
56
triagem e 344 indivíduos na 2ª triagem, a freqüência da espécie Cryptolestes
ferrugineus aumentou pra 60%, na 1ª triagem era 20% (TAB.12).
TABELA 12. Número total de insetos* (45 dias) encontrados em sementes de girassol proveniente de Lojas “Pet Shop” localizadas na cidade de São Paulo, SP, em 2009.
* Excetuando-se predadores e parasitóides.
ORDEM Família
Espécie Nome comum Nº total
de insetos
% Pet Shop
com
infestação
Coleoptera
Anobiidae Lasioderma serricorne (F.) Caruncho do fumo 47 25%
Curculionidae Sitophilus zeamais Caruncho do milho 10 10%
Laemophloeidae Cryptolestes ferrugineus
(Stephens) Besouro 115 60%
Nitidulidae Carpophilus dimidiatus 188 55%
Silvanidae Oryzaephilus surinamensis
(L.) Besouro da cevada 344 55%
Silvanidae Oryzaephilus mercator
(Fauvel.) Besouro da cevada 13 20%
Tenebrionidae Cynaeus angustus
(LeConte) Besouro preto da
farinha 3 10%
Lepidoptera
Pyralidae Plodia interpunctella (H.) Traça dos cereais 9 10%
O levantamento realizado no presente trabalho assemelha-se com o estudo
realizado por Machado e colaboradores (2008) na região metropolitana do
Recife/PE, onde analisaram a ocorrência de Coleopteros em alimentos
destinados à alimentação de animais e os resultados demonstraram alta
infestação nos alimentos.
57
5.1.4 Parasitas e Predadores
Durante as triagens frequentemente encontramos insetos parasitas e
predadores, como demonstrando na TAB. 13. Segundo Paula e Pacheco (1995),
esses insetos atacam e destroem as pragas de produtos armazenados,
realizando um controle biológico, porém, a presença desses insetos está
associada ao alto nível de infestação do produto.
TABELA 13. Inimigos naturais identificados nas amostras de grãos de milho, sementes de girassol e mistura para roedores, proveniente de em lojas “Pet Shop” localizadas na cidade de São Paulo, SP, em 2009
ORDEM Família
Espécie
Nº de
indivíduos
Substratos % Pet Shop
Hymenoptera
Pteromalidae Anisopteromalus calandrae (Howard)
59 grãos de milho
50%
Anisopteromalus calandrae (Howard)
9 mistura para
roedores 10%
Theocolax elegans (Westwood)
15 grãos de milho
10%
Hemiptera
Anthocoridae Lyctocoris compestris (Fabr.)
27 mistura para
roedores 25%
Xylocoris flavipes (Reuter)
3 mistura para
roedores 5%
58
5.2. Desinfestação de rações a base de grãos
5.2.1 Bioensaios com Sitophilus zeamais
Os resultados obtidos no bioensaio com grãos de milho, mostraram que a
dose mínima necessária para provocar letalidade dos ovos e larvas foi apartir de
0,5 kGy (TAB. 14).
TABELA 14. Emergência média de adultos de Sitophilus zeamais, provenientes das amostras de grãos milho irradiados com doses crescentes de radiação gama. São Paulo, março a abril de 2009.
Dose (kGy) Nº adultos emergidos 40 dias (geração F1)
0 50 0,25 0,75 0,50 0 0,75 0 1,00 0 1,25 0 1,50 0
Entanto nos resultados observados com mistura para roedores, essa dose foi a
partir de 0,75kGy, porém houve uma diminuição significativa no número de
insetos em relação ao controle (TAB.15).
TABELA 15. Emergência média de adultos de Sitophilus zeamais, provenientes das amostras de mistura para roedores, irradiados com doses crescentes de radiação gama. São Paulo, abril a maio de 2009.
Dose (kGy) Nº adultos emergidos 40 dias (geração F1)
Os resultados dos bioensaios com Sitophilus zeamais demonstram que
com doses menores que as utilizadas nos ensaios conduzidos em 2003 por Silva
e Arthur (2004), onde aplicaram a dose de 3,0 kGy no controle da espécie
Sitophilus oryzae, conseguimos o efeito esperado.
5.2.2 Bioensaios com Lasioderma serricorne
Observou-se nos resultados (TAB. 16) da mistura para roedores que doses
a partir de 0,50kGy foram eficientes para provocar a letalidade aos ovos e larvas
de Lasioderma serricorne. Na dose de 0,25kGy encontramos insetos adultos,
porém, com uma redução significativa em relação ao controle, como observado
nos bioensaios com a espécie Sitophilus zeamais.
TABELA 16. Emergência média de adultos de Lasioderma serricorne, provenientes das amostras de mistura para roedores, irradiados com doses crescentes de radiação gama. São Paulo, março a abril de 2009.
Dose (kGy) Nº adultos emergidos 40 dias (geração F1)
Nos resultados do bioensaio com sementes de girassol, observou-se que
não emergiram insetos nas doses a partir de 0,75 kGy, concluído que essas
doses são suficientes para causar letalidade dos ovos e larvas de Lasioderma
serricorne. Nos demais tratamentos, encontramos insetos adultos, porém, um
número reduzido (TAB. 17).
TABELA 17. Emergência média de adultos de Lasioderma serricorne, provenientes das amostras de sementes de girassol, irradiados com doses crescentes de radiação gama. São Paulo, abril a maio de 2009.
Dose (kGy) Nº adultos emergidos 40 dias (geração F1)
Ambos os ensaios, são coerentes com os resultados obtidos por Hu-Tsan e
colaboradores (2002), onde concluíram que a dose de 0,5kGy impediu o
desenvolvimento das larvas de Lasioderma serricorne e que doses acima de 0,6
kGy apresentaram efeito de esterilização em insetos adultos.
5. 2.3 Bioensaios com Plodia interpunctella
Nos resultados obtidos no ensaio com grãos de milho, observou-se que
doses a partir de 1,50 kGy, não emergiram insetos adultos, concluiu-se que essas
doses foram suficientes para causar letalidade dos ovos e larvas irradiados de
Plodia interpunctella, nas demais dose emergiram insetos adultos, porém um
número bem reduzido em relação ao controle (TAB. 18).
61
TABELA 18. Emergência média de adultos de Plodia interpunctella, provenientes das amostras de grãos de milho, irradiados com doses crescentes de radiação gama. São Paulo, maio a junho de 2009.
Dose (kGy) Nº adultos emergidos 40 dias (geração F1)
0 15,80 1,00 3,4 1,25 1,6 1,50 0 1,75 0 2,00 0
Como demonstrado na TAB.19, no ensaio com sementes de girassol,
podemos observar que a irradiação dos ovos e larvas de Plodia interpunctella,
com as doses aplicadas emergiram insetos adultos em todos tratamentos,
demonstrando a necessidade de doses maiores para o controle da espécie, como
foi comprovado no ensaio com grãos de milho, onde as doses de 1,50; 1,75 e 2,0
kGy mostraram-se eficientes.
TABELA 19. Emergência média de adultos de Plodia interpunctella, provenientes das amostras de sementes de girassol, irradiados com doses crescentes de radiação gama. São Paulo, maio a junho de 2009.
Dose (kGy) Nº adultos emergidos 40 dias (geração F1)
Cryptolestes ferrugineus, Oryzaephilus sp. e Rhyzopertha Dominica, concluindo-
se a necessidade da devida atenção e importância dessas pragas nos alimentos
para animais, uma vez, que além dos prejuízos e danos provocados por esses
insetos, há o favorecimento da proliferação de fungos e consequentemente a
presença de micotoxinas, que podem causar uma série de danos ao organismo
do animal ou mesmo a morte.
Os resultados dos bioensaios com Sitophilus zeamais e com Lasioderma
serricorne demostraram que doses a partir de 0,5 kGy foram suficientes para
causar letalidade dos ovos e larvas recém emergidas; enquanto que a dose
mínima necessária para provocar a letalidade dos ovos e larvas da espécie Plodia
interpunctella foi partir de 1,50 kGy.
Com análise dos resultados obtidos, verificamos que a utilização da
radiação gama, nas doses aplicadas, mostrou-se eficiente na desinfestação de
rações à base de grãos, evidenciando-se uma alternativa no controle das pragas
de produtos armazenados, podendo substituir ou complementar os atuais
tratamentos utilizados, como por exemplo o controle químico.
64
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