sbc informativo A história da cirurgia de coluna no Brasil e na América Latina, por Robert Bob Win ter Comissão Organizadora do CSBC 2013 anuncia logomarca e novidades para o programa científico Evento Cláudio Pedras Entrevista Conheça os novos membros da Sociedade Sócios A performance atlética de um ortopedista de coluna que mantém corpo e alma em sintonia com estilo de vida saudável Mens Sana 03 SBC Sociedade Brasileira de Coluna MAR/ABR/MAI 2012
Informativo Sociedade Brasileira de Coluna nº 3 MARÇO/ABRIL/MAIO-2012
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sbcinformativo
A história da cirurgia de coluna no Brasil e na América Latina, por Robert Bob Winter
Comissão Organizadora do CSBC 2013 anuncia logomarca e novidades para o programa científico
Evento
Cláudio PedrasEntrevista
Conheça os novos membros da Sociedade
Sócios
A performance atlética de um ortopedista de coluna que mantém corpo e alma em sintonia com estilo de vida saudável
Mens Sana
03
SBCSociedade Brasileira de Coluna
MAR/ABR/MAI2012
03
Informativo SBC - MAR/ABR/MAI 2012
nestae d i ç ã o
A trajetória vitoriosa vivenciada por um grande nome da ortopedia da coluna, Dr. Robert Bob Winter, no Brasil e em vários países da América Latina, fez escola, criou discípulos, além de desenvolver um modelo de conduta exemplar entre seus pares na medicina do tratamento da coluna
Vem aí o Congresso da Sociedade Brasileira de Coluna 2013, com muitas novidades na programação científica
Especial
Evento
/15
/06
NovosSócios/14Veja quem são os novos sócios que ingressaram na SBC em 2011
FórumInterativo/07Encontre a resposta para a abordagem de uma técnica avançada minimamente invasiva para o tratamento da artrodese lombar
Entrevista/08Ex-presidente Cláudio Pedras fala sobre a fundação da SBC e analisa os rumos da Sociedade, que devem estar voltados para a atualização científica do sócio jovem
Mens Sana/10Surpreenda-se com a história de um cirurgião de coluna pediátrico que nutre paixão pela atividade física; ela é de tirar o fôlego de qualquer atleta
Escrevendo a história
Como é peculiar ao nosso leitor, a
leitura desta edição do Informativo será
ainda mais especial, principalmente
porque conta a história de mais de 40
anos da cirurgia de coluna brasileira,
numa relação duradoura e profícua
com o serviço de Mineápolis, que teve
o professor John Moe e Robert Winter
como mentores diretos. Influência
fundamental na formação de inúmeros
cirurgiões de coluna brasileiros e de
muitas lideranças da especialidade na
América Latina.
Caro editor Sérgio, “pensador”.
Sociedade sem história e sem memória
não existe. Obrigado por nos brindar
com este número do nosso boletim e
propiciar aos cirurgiões mais jovens
perceberem a evolução da cirurgia da
coluna construída com dedicação, ética
e amor à Ortopedia.
Parabéns aos membros da SBC, que
representam a qualidade dos trabalhos
no tratamento da Coluna em nível
nacional, com suas participações nos
eventos internacionais da especialidade,
cada vez em maior número e alcançando
relevância científica. No recente
Congresso Argentino de Coluna, da
SILACO, realizado em outubro de 2011,
em Buenos Aires, foram apresentados
17 temas livres, 23% dos trabalhos com
apresentação oral. Para o Spineweek, que
ocorrerá em maio próximo, em Amsterdam,
foram aceitos, para apresentação oral, 33
temas livres e 23 pôsteres.
Esta é uma demonstração clara de que
é possível trabalhar com determinação
e ainda realizar ensaios clínicos e de
ciência básica. Os nossos associados
estão demonstrando que vale a pena,
com algum sacrifício, estar presente
nesses eventos internacionais e mostrar
o que fazemos no Brasil.
É com satisfação que também
comunico as atividades que envolvem
as Regionais da SBC; elas estão bastante
ativas, realizando seus eventos anuais de
educação continuada, que devem ser a
finalidade principal de suas ações locais.
Esperamos que, no decorrer de 2012,
os sócios da SBC tenham boas notícias
para partilhar e compartilhar nas
páginas do Informativo SBC, que está
aberto para divulgar e difundir assuntos
de interesse dos seus leitores.
Luis Eduardo Munhoz da Rocha
Presidente da Sociedade
Brasileira de Coluna
presidentep a l a v r a d o
04 05
Informativo SBC - MAR/ABR/MAI 2012
“Quando resolvi que deveria vir para a Coreia do Sul,
não sabia ao certo o que iria encontrar. Meu pensamento
estava direcionado para um aperfeiçoamento profissional.
Não parei muito para pensar se a língua, a cidade e o povo
coreano seriam uma barreira ou ainda se seria a comida o
grande obstáculo.
Chegando aqui, eu e minha esposa tivemos uma grata
surpresa. A cidade é muito moderna, segura e com um
transporte público impecável. Podemos encontrar
informações em inglês em quase todos os lugares.
O povo coreano sempre se mostrou disposto a nos
ajudar mesmo quando não falavam inglês. Seul é, sem
dúvida, uma cidade bem preparada para receber um
visitante estrangeiro.
Nesta cidade o moderno e o antigo se misturam. Ao
lado de templos e construções milenares, encontramos
maravilhas da arquitetura moderna. Nesta foto, retratamos
a troca da guarda no palácio de Changdeokgung, uma
construção com mais de seis séculos.
O significado literal de Changdeokgung é palácio da
prosperidade. É claro que temos saudades do Brasil, mas
passar um ano em Seul será um grande prazer.”
Participe deste espaço enviando uma foto para o e-mail [email protected], colocando seu nome, a cidade onde atua profissionalmente e a data em que fez a imagem, acompanhada de um texto sobre a sua percepção do flagrante.
Guilherme Pereira Corrêa Meyer, de São Paulo, Fellow 2012, no Wooridul Spine Hospital, Seul, Coreia do SulServiço: Prof. Dr. Sang Ho Lee
Expediente
Presidente: Dr. Luis Eduardo Munhoz da Rocha Vice-Presidente: Dr. Carlos Henrique Ribeiro 1º Secretário: Dr. Mauro dos Santos Volpi 2º Secretário: Dr. Marcelo Wajchenberg 1º Tesoureiro: Dr. Alexandre Fogaça Cristante 2º Tesoureiro: Dr. Asdrubal Falavigna
Jornalista Responsável: Gilmara Gil – MTBRS 5439e-mail: [email protected] Editorial: Dr. Eduardo Gil França Gomese-mail: [email protected]: Dr. Sérgio Zylbersztejn e-mail: [email protected] final e editoração: Luciano Maciel
Colaboram nesta edição: Drs. Eduardo Gil, Guilherme P. C. Meyer,Ivan Ferraretto, Henrique da Mota, André Andújar, Pil Sun Choi e Hospital SamaritanoTradução: Elisa Anhaia (Espanhol), Elisa Alberton Machado (Português). Texto original: A experiência de Moe e Winter na América Latina
Os artigos são de inteira responsabilidade de seus autores.
Endereço:
Sociedade Brasileira de Coluna – SBCAlameda Lorena, 1304 - sala 1406 CEP: 01424-001 – São Paulo -SPTelefax: (11) 3088.6615Endereço eletrônico: [email protected] www.coluna.com.brSecretária: Ana Maria
Fale com o Informativo SBC enviando sugestões de assuntos para a próxima edição: [email protected]
SBCSociedade Brasileira de Coluna
ÓRGÃO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE COLUNA
seu olharO despertar da cirurgia de coluna
A tarefa do editor é entender, avaliar e
recomendar assuntos que possam despertar
o interesse da grande maioria dos nossos
leitores. Tarefa essa agradável de traduzir
em palavras o que estamos pensando e
refletindo com liberdade de expressão. Venho
constatando que fazer medicina no século XXI
significa dominar a tecnologia da informação.
No artigo “Toque a tela agora para ver o seu
médico”, publicado no Canadian Medical
Association Journal 2012, o autor mostra as
possibilidades que caracterizam a nova onda
de eficiência operacional na saúde produzindo
um aumento na satisfação e reduzindo o
tempo de espera para uma consulta médica.
O paciente, nos mais diferentes lugares
públicos, pode preencher suas informações
médicas e agendar a consulta.
O resultado é uma consulta com menos
tempo de espera e a criação de um banco
de registro de saúde do paciente, o que é
surpreendente.
Transpondo a agilidade da informação
para o nosso Informativo, percebemos
que esta edição traz o reflexo de uma
comunicação dinâmica e colaborativa.
Um exemplo dessa interface é o conteúdo
que resgata o exato momento em que os
paradigmas de se tratar de modo cirúrgico
a coluna vertebral na América Latina
ganharam impulso e saíram do atraso em
relação à Europa e aos Estados Unidos.
E a fonte deste registro não poderia ser
melhor: o Prof. Winter, que aceitou o nosso
convite e escreveu um texto precioso em
que ele detalha, também com fotos, suas
inúmeras viagens em companhia do Prof.
Moe ao nosso continente.
As viagens de Moe e Winter foram
realizadas com as dificuldades da época
(transporte, comunicação, entre outras),
mas que resultaram na difusão de seus
ensinamentos numa feliz e duradoura
parceria entre Brasil, América Latina e
Estados Unidos. Devido à importância do
relato do mestre Robert Winter, a presente
edição está circulando com 24 páginas,
tiragem ampliada, e, ainda, com versões em
inglês (texto original) e em espanhol.
Para enriquecer o relato do Prof. Winter,
foram convidados dois ícones de nossa
sociedade, Dr. Ferraretto e Dr. Pedras. Seus
depoimentos são um registro histórico de
lembranças memoráveis de uma, até então,
incipiente ortopedia de coluna vertebral,
particularmente no Brasil.
O futuro da Sociedade passa a ser construído
com um abraço de boa chegada aos nossos
novos sócios, que são em número de 48.
As expectativas pelo congresso de Santa
Catarina estão se materializando por meio
uma grade científica inovadora. Recomendo
também a seção de caso clínico, que está em
sintonia com as modernas técnicas de cirurgia
minimamente invasivas. A curiosidade para a
solução do tratamento cirúrgico induzirá os
sócios a acessarem o site da SBC e participarem
dessa atividade interativa.
Lembrando ainda que faltou espaço para
tanta informação, mas já adiantamos que o
próximo número traçará os perfis de alguns
serviços credenciados e como eles formam o
cirurgião de coluna no Brasil.
Boa leitura.
Sergio Zylbersztejn
Editor
“O homem nunca sabe
do que é capaz
até que é obrigado a
tentar
”Charles Dickens
opinião
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Informativo SBC - MAR/ABR/MAI 2012
Entre os dias 27 a 30 de abril de 2013,
Florianópolis (SC) receberá o XIV Congresso
da Sociedade Brasileira de Coluna, no
Costão do Santinho Resort.
O evento é considerado o mais importante da
especialidade do país e reúne grandes nomes da
cirurgia da coluna nacionais e internacionais.
A comissão organizadora está trabalhando com
entusiasmo na elaboração de um programa que
apresentará discussões de grande nível científico.
Conforme explica o presidente do CSBC 2013,
André Andújar, foi formada uma Comissão de Temas
Livres, especificamente para tratar deste tópico com a
importância que ele merece.
Uma das atrações confirmadas é a realização de um
Curso pré-congresso organizado pela SRS (Scoliosis
Research Society), que ocorrerá no dia 27 de abril (sábado).
Serão três dias de atividades intensas de troca de experiências e
oportunidade para assistir a novas abordagens no tratamento da coluna.
Outra novidade divulgada pela Comissão Organizadora é a
logomarca do evento. O logo traz os traçados da Ponte Hercílio Luz,
um ícone de Florianópolis, e das ondas do mar, que significam a
beleza das praias da ilha.
O presidente Andújar enfatiza que os participantes do congresso
poderão permanecer mais tempo em Florianópolis, para aproveitar o
feriado de 1º de maio e conhecer melhor os atrativos de Florianópolis
ou para descansar no Costão do Santinho.
“No período do nosso Congresso, é a época do ano que se contempla
o mais belo pôr do sol da ilha, emoldurando o entardecer na cidade,
com um clima agradável; temperaturas entre 17ºC e 23ºC (e picos de
28ºC), com direito a um banho de mar nas águas quentes do litoral
catarinense”, ressalta Andújar.
Durante o SIMINCO RIO 2012 (11/04), evento que marcou os 100 anos da Escola
de Medicina e Cirurgia (Unirio), foi realizada uma cirurgia inédita no Brasil formada
pelos Drs. Rudolf Morgenstern (Espanha), Paulo de Carvalho (RJ) e Pil Sun Choi (SP).
A nova técnica consiste em estabilizar a coluna lombar efetuando o ALIF via
percutânea através do forame intervertebral e estabilização das articulações
zigoapofisárias da mesma maneira.
A cirurgia pode ser efetuada com anestesia geral ou local, com sedação. A grande
vantagem desta técnica consiste no fato de que a intervenção poder ser realizada
com anestesia local, oferecendo menos trauma e ainda uma menor perda de sangue,
além de proporcionar um período de internação mais rápido para o retorno do
paciente às atividades normais.
Resultados preliminares iniciais demonstram que a técnica é segura e efetiva. No
Brasil, está sendo elaborado um protocolo de pesquisa no IOT HC FMUSP para
verificar a real eficácia do procedimento, em comparação às técnicas convencionais.
Caso clínico
Paciente: sexo feminino, 63 anos.História: lombalgia crônica recidivante resistente ao tratamento conservador a cerca de 12 anos.Exame clínico: dor lombar baixa que piora tanto em flexão como em extensão.Exame neurológico: sem déficit neurológico
Opções de tratamento:1. Conservador2. Estabilização dinâmica3. Baseado em pedículo vertebral4. Baseado em processo espinhoso5. Estabilização estática6. Póstero lateral TLIF, PLIF, XLIF7. Estabilização estática percutânea
Participe do fórum interativo. Veja mais imagens e envie sua resposta, acessando www.coluna.com.br
fórumi n t e r a t i v o
O caso clínico desta edição é uma colaboração do Dr. Pil Sun Choi, coordenador do grupo de Cirurgia Minimamente Invasiva IOT/USP e presidente do III WCMISSIT 2012 (www.wcmissit2012.com.br).
Foto: EMBRATUR
IV Simpósio Internacional de Coluna SBC Regional Minas Gerais
Data: 18 e 19 de maioLocal: Auditório Hospital da UnimedInformações: Organiza Eventos e-mail: [email protected]
Spineweek
Data: 28 de maio a 1º de junhoLocal: Amsterdam RAI Exibithion and Convention Centre (Holanda)Informações: [email protected]
mai/12
III COMINCO III WCMISS
Data: 16 a 18 de agostoLocal: Praia do Forte (Bahia)Realização: CCMI/SBCInformações: www.wcmisst2012.com.br
ago/12
CBOT 2012 - 44º Congresso Brasileiro de Ortopedia e Traumatologia
Data: 15 a 17de novembro Local: Centro de Convenções de Salvador (BA)Inscrições: [email protected] www.cbot2012.com.br
nov/12
agenda
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Informativo SBC - MAR/ABR/MAI 2012
08
entrevista
A terceira entrevista da série que conta a trajetória
da SBC e a evolução da cirurgia da coluna pelo
olhar dos seus ex-presidentes é com o Prof. Cláudio
Villela Pedras, que esteve à frente da Sociedade em 1991 e
1992. Mineiro de Juiz de Fora, foi para o Rio de Janeiro ainda
na adolescência. Atua como Professor Titular de Ortopedia da
UFRJ e diretor do Centro de Escoliose do Rio de Janeiro.
Informativo – Como era a cirurgia da coluna no Brasil antes
do surgimento da Sociedade Brasileira de Coluna?
Cláudio Pedras - A SBC está intimamente ligada ao Prof. John
Moe e seu discípulo, o Prof. Robert Winter. Ambos estiveram no
Brasil visitando o Rio de Janeiro e São Paulo, onde realizaram
várias conferências e cirurgias, principalmente de escoliose, tanto
na Santa Casa de São Paulo como na AACD.
Os dois colegas incentivadores deste convite foram Waldemar
Carvalho Pinto e Ivan Ferrareto, que estagiaram no serviço do
Prof. Moe nas cidades gêmeas de Minneapolis e Saint Paul, em
Minnesotta (EUA). Sem dúvida este era, na época, o melhor e mais
movimentado Centro para tratamento das escolioses.
Depois de assistir à excelente conferência sobre o
tratamento cirúrgico das escolioses, realizada pelo Prof.
P. G. Marchetti, no Colégio Brasileiro de Cirurgiões do
Rio de Janeiro, ficamos encantados com a sua técnica. E
no ano seguinte fomos para Firenze para participar das
cirurgias feitas pelo mestre italiano.
Informativo – E qual foi o aprendizado de Firenze?
Pedras – O que de mais interessante nós vimos e
aprendemos foi como confeccionar um bom colete
gessado de Risser, utilizado no pós-operatório.
Nossos colegas italianos eram verdadeiros artistas na
confecção desses coletes, o que provavelmente era mais
trabalhoso que o procedimento cirúrgico em si; fazia
parte da sistemática daquele Hospital assim como em
Minneapolis. Realizava-se a artrodese vertebral e, uma
semana após, a correção da curva com colete gessado
na mesa de Risser.
Informativo – Quando o senhor iniciou a sua
história na cirurgia da coluna?
Estágios no exterior
devem ser o foco
da SBC
09
Perfil
Time do coração: Não sou aficionado por futebol, mas acompanho a Seleção Brasileira. Também gosto muito de assistir à Seleção Feminina de Vôlei.
O pior defeito de alguém: Considero a mentira o maior defeito do ser humano, principalmente quando utilizada para usufruir de benefício próprio.
Uma paixão: A paixão pela escoliose me proporcionou conhecer praticamente quase todos os continentes, participando ativamente como palestrante, inclusive na China (Beijing) e nos Emirados Árabes (Dubai).
Algum hobby: O meu maior hobby foi fazer palestras no Power Point, e creio ter sido um dos primeiros a utilizar o computador para ministrar aulas em nosso meio.
Um lugar para viajar: Turisticamente, a Turquia, o país que mais me encantou; tenho ainda desejo de fazer um safari na África do Sul.
O que gostaria de ouvir de Deus quando chegar na porta do céu: Seja bem-vindo! Você cumpriu adequadamente a sua missão.
Pedras - Em 1971, Edgard Dawson, de Los Angeles, e eu demos
início ao que veio a ser o John Moe Fellowship, permanecendo por
um ano inteiro a seu lado. Frequentamos três hospitais: University
of Minnesota, Fairview Hospital e Gillette Hospital for Crippled Children;
médicos de vários países vinham a Minneapolis para aprender a técnica de
artrodese vertebral intra-articular de Moe.
O Prof. Moe conseguiu reunir todas as técnicas realizadas no mundo
inteiro, colocando as de real valor na sua rotina. Moe aprendeu com John
Cobb (New York) a sistematizar o tratamento das escolioses.
Informativo – Qual foi a sua participação na fundação da SBC e quais
as realizações da sua gestão que ficaram marcadas na Sociedade?
Pedras - Com o passar do tempo, chegamos à conclusão de que
precisávamos criar, a exemplo, também, de John Moe, responsável pela
fundação da SRS (Scoliosis Research Society), uma Sociedade de Coluna
para integrar todos os colegas do Brasil. Foi com esta plataforma que
acabei chegando à presidência da Sociedade.
No Congresso que realizamos no Rio de Janeiro trouxemos vários colegas
de outras academias científicas, principalmente europeias, especializados
em cirurgia da coluna. Participaram deste evento histórico Juergen Harms
(Alemanha), Yves Cotrel (França), Edgard Dawson e John E. Lonstein (USA).
Informativo – Como era a cirurgia de coluna naquela época e como
o senhor a observa na atualidade?
Pedras - Desde que iniciamos o tratamento cirúrgico até a presente
data, houve um progresso tecnológico extraordinário. No início, o paciente
ficava acamado, com colete gessado, durante meses. Hoje, sem qualquer
tipo de órtese, inicia a marcha no dia seguinte à cirurgia.
Informativo – Como o senhor avalia o momento atual da SBC e
que mensagem importante gostaria de dar para o jovem cirurgião da
coluna que ingressa na Sociedade?
Pedras - A Sociedade Brasileira de Coluna deveria criar condições para que
novos membros possam estagiar no exterior, principalmente na Alemanha
e nos Estados Unidos. Temos ressaltado que o tratamento conservador da
escoliose idiopática com órteses, quando adequadamente indicado, conduz a
excelentes resultados, evitando cirurgias de grande porte.
O conselho que daria àqueles que se iniciam no tratamento cirúrgico
da escoliose é: não façam grandes aventuras, pois é preferível uma coluna
torta que um paciente paraplégico.
Informativo SBC - MAR/ABR/MAI 2012
10
A história de um vencedor no atletismo
A prática esportiva começou na infância
com a natação, nas provas de fundo e
de que poucas crianças gostavam, mas
os 400 e 1500 nados livres eram o meu forte. Com
alguns amigos criamos um grupo do pedal de fim de
semana. Na época, com a Caloi 10 fazíamos passeios
até o litoral paranaense, incluindo Morretes, cidade
histórica encravada na serra da Graciosa, distante
cerca de 70 km de Curitiba.
Comíamos um bom Barreado, prato típico da região, e
voltávamos de trem.
Esta rotina foi interrompida na época do vestibular,
retornando um ano depois e voltando a parar durante
a faculdade. Sai dos meus 61 kg para 75 kg. Durante a
especialização em ortopedia pediátrica no SARAH,
em Brasília, iniciei de forma tímida a correr e nadei
com um time de polo de 4 a 5 mil metros cinco vezes
por semana, retomando a minha forma física. Após o
término do estágio na capital federal, em 1988 fiz um
fellow em ortopedia pediátrica e deformidades da coluna
mens sana
11
no Atlanta Scottish Rite (EUA). Lá, o chefe do serviço e diretor do hospital que foi o
berço do tratamento do pé torto congênito, Raymond Morrissy, e sua esposa, Lois, me
estimularam a participar de minha primeira corrida de 8 km, Strong Leggs Run, evento
beneficente para arrecadar fundos para o hospital.
A prova foi um sofrimento, as coxas ardiam durante a corrida, mas não desisti.
No ano seguinte, já no Dallas Scottish Rite, onde o diretor Tony Herring chegava
diariamente ao hospital de bicicleta, quem me ensinou a correr foi o ortopedista
pediátrico e maratonista John Birch. No final do dia, ele me chamava para correr.
Foi no Dallas que conheci também o residente de quarto ano Tandy Freemann, que,
naquela época, fazia triathlon.
Pensava em voz alta: este cara é louco. Quando terminei o estágio em Dallas, passei
por Atlanta para realizar a tradicional corrida do hospital. Desta vez completei os
8 km em 36 minutos. Espetáculo, grande evolução física. Eu, talvez, tenha sido um dos
poucos a retornar dos Estados Unidos com 6 kg a menos.
Treinamento e resistência
Chegando a Curitiba, retomei um ritmo de trabalho intenso no Hospital Pequeno
Príncipe e corria à noite quando chegava em casa; eu já estava viciado. Por um período,
parei de correr e percebi um cansaço ao término das cirurgias de coluna, e ficava com
alguma dificuldade para atender o consultório sem demonstrar a exaustão. Retomei
as corridas e comecei regularmente a participar das corridas de rua do calendário da
prefeitura, aos domingos. Foi aí, que em 1993, quando já corria 60 km por semana,
pensei: nadar não é problema, correr, eu estou muito bem, por que não voltar a pedalar,
que era meu hobby favorito na adolescência?
Treinei 30 dias e participei do Short Triathlon de Caiobá, onde consegui fazer um bom
tempo e conquistar o 10º lugar, mas com grande sofrimento na bike, devido ao pouco
treinamento.
Então, resolvi, levar a sério o triathlon. Fiz treinamento com um grande amigo, Norton
Freitas, do Rio de Janeiro, que, além de grande estudioso do esporte, já havia realizado
o Ironman do Havaí.
Apesar de demandar algumas horas de treino, durante seis dias por semana era
possível conciliar com os horários de ambulatório e cirurgia. Pedal 3 a 4 vezes por
semana, na madrugada às 5h da manhã, natação 3 vezes à noite, e a corrida 4 vezes,
sempre dois esportes por dia. Descanso na quarta-feira por causa da cirurgia de
coluna no dia seguinte.
Neste ritmo comecei a competir nas provas olímpicas da Estácio de Sá, no Rio e
em Santos, e, por fim, o meio Iron em Porto Seguro, no qual completei as provas
com muita satisfação e com os tempos planejados. Mantive as provas regularmente
por mais de 12 anos, mas algumas preocupações apareceram com o tempo: o vácuo
passou a ser permitido em algumas provas e quase sempre ocorriam acidentes com
O mens sana traz o depoimento do presidente da SBC, Luis Eduardo Munhoz, que nutre uma paixão pelo esporte, especialmente a corrida. Ele conta que foi uma atleta triathlon competitivo nos anos 90 e que nunca parou com a atividade física. “A corrida é o meu vício”, ressalta Munhoz.
Publicação científica da Sociedade Brasileira de Coluna • Artigos originais Versão online • Indexada nas bases Lilacs e Scopus/Elsevier Distribuição gratuita para sócios com anuidade em diaEditor: Dr. Helton Defino • Editor Executivo: Dr. Sérgio Daher
SBCSociedade Brasileira de Coluna
REVISTA COLUNA /COLUMNASurpreenda-se com a qualidade da produção científica brasileira na área da coluna vertebral.