UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL INFLUÊNCIA DOS FATORES CLIMÁTICOS NA FISSURAÇÃO DE INTERFACE ESTRUTURA DE CONCRETO-ALVENARIA ALEX MIZAEL MARTINS PLÍNIO FERREIRA PIRES THOMAS MARCELO E SILVA GOIÂNIA 2013
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL
INFLUÊNCIA DOS FATORES CLIMÁTICOS
NA FISSURAÇÃO DE INTERFACE
ESTRUTURA DE CONCRETO-ALVENARIA
ALEX MIZAEL MARTINS
PLÍNIO FERREIRA PIRES
THOMAS MARCELO E SILVA
GOIÂNIA
2013
ALEX MIZAEL MARTINS
PLÍNIO FERREIRA PIRES
THOMAS MARCELO E SILVA
INFLUÊNCIA DOS FATORES CLIMÁTICOS
NA FISSURAÇÃO DE INTERFACE
ESTRUTURA DE CONCRETO-ALVENARIA
Trabalho apresentado à Escola de Engenharia
Civil da Universidade Federal de Goiás como pré-requisito para a obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Civil.
Área de concentração: Construção Civil
Orientadora: Profa. Dra. Helena Carasek
GOIÂNIA
2013
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradecemos a Deus por ter nos dado força para chegarmos até este momento
magnífico de nossas vidas. Agradecemos também as nossas famílias pois é o que temos de mais
valioso e aos nossos pais que nunca, em nenhuma ocasião, foram capazes de nos deixar desistir e
sempre proporcionaram, na medida do que lhes era possível, um meio para sempre seguirmos
adiante. Foram severos quando deveriam e carinhosos quando precisávamos. Não estaríamos aqui
senão por eles.
É claro que não faltaria aqui nossos professores, por todas os momentos de aprendizagem que
compartilhamos juntos. Em especial agradecemos nossos professores Helena Carasek e
Oswaldo Cascudo, orientadora e co–orientador neste trabalho. Foram verdadeiros pais que tivemos
nesta escola. Foram muito importantes os momentos que tivemos tanto em sala de aula quanto
extra classe. Houve momentos em que as conversas que tivemos na “famosa” sala 12 do bloco A
da Escola de Engenharia Civil foram fundamentais para realmente seguirmos adiante. Com certeza
fazem partem dessa nossa realização.
Não seria justo esquecer de todos os nosso colegas, aliás somos mais que colegas somos amigos,
que estão conosco desde o começo desse curso, eles mais que ninguém sabem o que passamos
juntos, como foi difícil chegar até aqui, quantas vezes tivemos que dizer um para o outro seguir
em frente e como precisamos ser forte. Foram muitas vezes nossa base, assim como em alguns
momentos fomos a deles. Fizemos verdadeiras amizades.
Agradecemos também uns aos outros (Alex, Plínio e Thomas), que fizemos parte desse árduo mas
prazeroso trabalho. Compomos muito bem nosso grupo, cada qual fez sua parte. Ajudamos um ao
outro quando foi preciso e jamais nos omitimos.
Por fim agradecemos também aos autores cujo os trabalhos recorremos para nos embasar e
concebermos o nosso e todas as pessoas que nos ajudaram a começar e terminar essa tarefa.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Interseção dos resultados obtidos pelo ICDd de janeiro e pela medição de umidade
(MELO JÚNIOR; CARASEK, 2011) .............................................................................................. 13
Figura 2 - Carta Solar – latitude 16° Sul (CAVALEIRO; MALATO, 1969 apud
FERNANDES, 2007)......................................................................................................................... 14
Figura 3 - Carta solar para fachada com azimute 45° - horários de insolação (FERNANDES,
2007) ................................................................................................................................................... 15
Figura 4 - Localização do Bloco A da Escola de Engenharia Civil – UFG e da estação
meteorológica, Setor Leste Universitário, Goiânia-GO .................................................................. 18
Figura 5 - Edifício estudado: Fachadas (a) Leste e Norte; (b) Norte e Oeste ................................ 19
Figura 6 – Mapeamento de manifestações patológicas – Bloco A, Escola de Engenharia
Civil, Universidade Federal de Goiás: (a) Fachada Norte; (b) Fachada Sul; (c) Fachada
Oeste; (d) Fachada Leste (FREITAS; PIRES, 2012) ....................................................................... 20
Figura 7 – (a) Equipamento para mapeamento da umidade superficial – Moisture Meter M-
T-170; (b) Termômetro infravermelho – Incoterm 7660.08.0.00 .................................................. 21
Figura 8 - Métodos utilizados para aferição dos dados: (a) Fachada Leste; (b) Fachada Oeste
............................................................................................................................................................. 22
Figura 9 – Identificação dos locais para realização das fotografias................................................ 24
Figura 10 – Fissurômetro utilizado na pesquisa............................................................................... 24
Figura 11 – Suporte artesanal para câmera fotográfica ................................................................... 25
Figura 12 – Instrumento utilizado para iluminação: (a) Pendente; (b) Utilização do pendente
às 3 h, Fachada Leste ......................................................................................................................... 26
Figura 13 - Método utilizado para medir a abertura das fissuras .................................................... 26
Figura 14 – Fachada Leste: (a) localização esquemática da fissura selecionada; (b)
localização real da fissura selecionada; (c) pontos de coleta próximos à fissura. ......................... 27
Figura 15– Fachada Norte: (a) localização esquemática da fissura selecionada; (b)
localização real da fissura selecionada; (c) pontos de coleta próximos à fissura. ......................... 28
Figura 16 – Fachada Oeste: (a) localização esquemática da fissura selecionada; (b)
localização real da fissura selecionada; (c) pontos de coleta próximos à fissura. ......................... 28
Figura 17 – Fachada Oeste: (a) localização esquemática da fissura selecionada; (b)
localização real da fissura selecionada; (c) pontos de coleta próximos à fissura. ......................... 29
Figura 18 – Selo de gesso: (a) estado pré-fissura; (b) estado pós-fissura. ..................................... 29
Figura 19 - Precipitação na cidade de Goiânia - 1961 a 1990 (INMET, 2013) ............................. 30
Figura 20 - Precipitação no Brasil no trimestre Fevereiro a Abril de 2013 (INMET, 2013) ........ 31
Figura 21 - Precipitação no Brasil no trimestre Junho a Agosto de 2013 (INMET, 2013) ........... 31
Figura 22 – Dados climatológicos de Goiânia – 1961-1990: (a) Insolação (horas); (b)
Temperatura Média (graus celsius) (INMET, 2013) ....................................................................... 32
Figura 23 – Carta solar de Goiânia (16,4°S): (a) Figura gerada pelo software Sol-Ar; (b)
Carta solar simplificada (adaptado do software Sol-Ar 2013, baseado em FERNANDES,
2007) ................................................................................................................................................... 33
Figura 24 – Umidade superficial média de pontos na alvenaria e estrutura, em função do
horário e da orientação da fachada – Período Chuvoso................................................................... 34
Figura 25 – Valores médios de umidade superficial dos pontos sobre alvenaria e estrutura,
em função do horário – Período Chuvoso – Fachada Leste ............................................................ 35
Figura 26 - Valores médios de umidade superficial dos pontos sobre alvenaria e estrutura,
em função do horário – Período Chuvoso – Fachada Oeste............................................................ 35
Figura 27 - Valores médios de umidade superficial dos pontos sobre alvenaria e estrutura,
em função do horário – Período Chuvoso – Fachada Norte............................................................ 36
Figura 28 - Valores médios de umidade superficial dos pontos sobre alvenaria e estrutura,
em função do horário – Período Chuvoso – Fachada Sul................................................................ 36
Figura 29 – Valores médios de umidade superficial dos pontos da alvenaria e da estrutura
em função do horário e da orientação da fachada – Período Chuvoso ........................................... 37
Figura 30– Umidade superficial média de pontos na alvenaria e estrutura, em função do
horário e da orientação da fachada – Período Seco ......................................................................... 38
Figura 31 – Valores médios de umidade superficial dos pontos da alvenaria e da estrutura
em função do horário e da orientação da fachada – Período Seco.................................................. 39
Figura 32 – Valores médios de umidade na alvenaria e estrutura, nos períodos seco e
chuvoso, em função do horário e da orientação da fachada ............................................................ 40
Figura 33 - Medições aferidas: (a) em superfície irregular; (b) em superfície lisa........................ 41
Figura 34 – Temperatura superficial média de pontos na alvenaria e estrutura, em função do
horário e da orientação da fachada – Período Chuvoso................................................................... 43
Figura 35 – Carta solar simplificada para Goiânia e fachadas de azimute 345°, 75°, 165° e
255°, chamadas de Norte, Leste, Sul e Oeste respectivamente (adaptado do software SOL-
AR 2013, baseado em FERNANDES, 2007) – Período Chuvoso .................................................. 44
Figura 36 - Valores médios de temperatura superficial dos pontos sobre alvenaria e estrutura,
em função do horário, Período Chuvoso – Fachada Leste .............................................................. 45
Figura 37 - Valores médios de temperatura superficial dos pontos sobre alvenaria e estrutura,
em função do horário, Período Chuvoso – Fachada Oeste.............................................................. 45
Figura 38 - Valores médios de temperatura superficial dos pontos sobre alvenaria e estrutura,
em função do horário, Período Chuvoso – Fachada Norte.............................................................. 46
Figura 39 - Valores médios de temperatura superficial dos pontos sobre alvenaria e estrutura,
em função do horário, Período Chuvoso – Fachada Sul.................................................................. 47
Figura 40 – Valores médios de temperatura superficial dos pontos da alvenaria e da estrutura
em função do horário e da orientação da fachada – Período Chuvoso ........................................... 47
Figura 41 - Temperatura superficial média de pontos na alvenaria e estrutura, em função do
horário e da orientação da fachada – Período Seco ......................................................................... 48
Figura 42 - Carta solar simplificada para Goiânia e fachadas de azimute 345°, 75°, 165° e
255°, chamadas de Norte, Leste, Sul e Oeste respectivamente (adaptado do software SOL-
AR 2013, baseado em FERNANDES, 2007) – Período Seco ........................................................ 49
Figura 43 – Valores médios de temperatura superficial dos pontos sobre alvenaria e estrutura,
em função do horário, Período Seco – Fachada Leste ..................................................................... 50
Figura 44 – Valores médios de temperatura superficial dos pontos sobre alvenaria e estrutura,
em função do horário, Período Chuvoso – Fachada Oeste.............................................................. 50
Figura 45 – Valores médios de temperatura superficial dos pontos sobre alvenaria e estrutura,
em função do horário, Período Chuvoso – Fachada Norte.............................................................. 51
Figura 46 – Valores médios de temperatura superficial dos pontos sobre alvenaria e estrutura,
em função do horário, Período Chuvoso – Fachada Sul.................................................................. 51
Figura 47 – Valores médios de temperatura superficial dos pontos da alvenaria e da estrutura
em função do horário e da orientação da fachada – Período Seco.................................................. 52
Figura 48 – Comparação dos valores médios de temperatura na alvenaria e estrutura, nos
períodos seco e chuvoso, em função do horário e da orientação da fachada ................................. 53
Figura 49 – Relação entre a temperatura ambiente e os valores de temperatura superficiais
nos pontos sobre alvenaria de um dia aleatório do período seco .................................................... 54
Figura 50 - Pontos na fissura vertical analisada na fachada leste no período seco: (a) às 03 h;
(b) às 11 h ........................................................................................................................................... 55
Figura 51 - Abertura das fissuras, em função do horário e da orientação da fachada – Período
Seco ..................................................................................................................................................... 56
Figura 52 - Abertura das fissuras e temperatura superficial média de pontos na alvenaria e
estrutura, em função do horário e da orientação da fachada – Período Seco ................................. 57
Figura 53 – Relação da abertura das fissuras com a temperatura média da alvenaria ao longo
do dia – Período Seco ........................................................................................................................ 58
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Classificação quanto à abertura, segundo ABNT NBR 9575:2010 (ABNT, 2010) .... 16
Tabela 2 - Valores de temperatura ambiente e temperatura superficial nos pontos sobre
alvenaria de um dia aleatório do período seco ................................................................................. 54
Tabela 3 – Medidas de abertura das fissuras monitoradas nas fachadas do edifício ao longo
do dia - Período Seco ......................................................................................................................... 56
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 10
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 12
3. METODOLOGIA DO ESTUDO DE CASO ................................................................... 18
3.1 VISTORIA ............................................................................................................................ 20
3.2 MEDIÇÕES SUPERFICIAIS DE UMIDADE E TEMPERATURA .......................... 21
3.3 MONITORAMENTO DAS FISSURAS .......................................................................... 23
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES...................................................................................... 27
4.1 INFORMAÇÕES PRELIMINARES E VISTORIA ...................................................... 27
4.2 CLIMA DA REGIÃO ......................................................................................................... 30
4.3 MEDIÇÕES SUPERFICIAIS DE UMIDADE ............................................................... 33
4.3.1 Período Chuvoso ........................................................................................................... 33
4.3.2 Período Seco .................................................................................................................. 38
4.3.3 Análise global da umidade .......................................................................................... 39
4.4 MEDIÇÕES SUPERFICIAIS DE TEMPERATURA ................................................... 42
4.4.1 Período Chuvoso ........................................................................................................... 42
4.4.2 Período Seco .................................................................................................................. 48
4.4.3 Análise global da temperatura ................................................................................... 52
4.5 MONITORAMENTO DAS FISSURAS .......................................................................... 55
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 59
5.1 CONCLUSÕES .................................................................................................................... 59
5.2 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS .............................................................. 60
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 62
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 10
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
1. INTRODUÇÃO
Têm-se observado constantemente diversas anomalias e manifestações patológicas nas fachadas
dos edifícios. Sendo estas fachadas, em sua grande maioria, compostas por estrutura de concreto
armado moldado in loco, alvenaria de vedação em blocos cerâmicos e revestimento em argamassa
com acabamento decorativo em pintura ou placas cerâmicas. Dentre tais patologias, as fissuras
têm sido detectadas frequentemente nas regiões de interface estrutura de concreto-alvenaria de
vedação.
De acordo com Thomaz (1998), várias são as causas que provocam o surgimento de fissuras em
uma edificação destacando-se entre elas: as movimentações higroscópicas, as movimentações
térmicas, as sobrecargas e os recalques de fundação.
Nota-se então que a ação da temperatura e da umidade pode acarretar em algumas manifestações
patológicas, sendo a mais importante o surgimento de fissuras nas interfaces entre alvenaria e
estrutura, sendo estas fissuras então o foco desse trabalho.
Assim, a compreensão de elementos climáticos formadores do clima da região onde o edifício está
localizado é uma importante ferramenta para a prevenção de problemas e mudanças na aparência
das fachadas. Além disso, o entendimento dos efeitos que a geometria e os arranjos das partes
envolvidas numa fachada podem proporcionar diante dos aspectos climáticos (chuva, vento,
umidade do ar e temperatura) e urbanos (poeira e poluição), contribui positivamente com a
durabilidade da edificação.
Neste sentido, o presente trabalho presta-se a continuar a temática de Freitas (2012), dedicando-se
ao estudo da “Influência dos fatores climáticos nas fissuras de interface
estrutura de concreto-alvenaria”. Deste modo este trabalho objetiva-se principalmente em
contribuir para a análise e entendimento de aspectos que sejam relevantes à durabilidade dos
revestimentos de fachadas de edifícios, a partir da compreensão da influência de fatores climáticos
– em especial: temperatura e umidade – na fissuração da interface estrutura/alvenaria, por meio de
um estudo de caso realizado no bloco A da Escola de Engenharia Civil da Universidade Federal
de Goiás. Para tanto, esse estudo de caso fundamenta-se basicamente na aplicação de técnicas de
medição, tanto de umidade quanto de temperatura, em diferentes horários, nas fachadas do referido
edifício.
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 11
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
Além disso, pretende-se verificar as fachadas mais susceptíveis a manifestações patológicas por
influência da temperatura e umidade e também verificar a influência da umidade e da temperatura
na atividade de fissuras ao longo do dia.
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 12
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Os revestimentos de fachada têm papel fundamental para as edificações, especialmente os
revestimentos externos que, além da sua questão estética, integram o sistema de vedação do
edifício contribuindo com o conforto térmico e acústico, e ainda protegendo contra a ação de
intempéries.
Para que seja possível prevenir as fachadas das manifestações patológicas, e assim contribuir
positivamente à sua durabilidade, é necessário considerar e compreender a interação delas com os
fenômenos climáticos. São vários os fatores climáticos que influenciam na deterioração de
fachadas, dentre eles destacam-se a umidade e a temperatura.
De acordo com Helene (19921 apud OLIVARI, 1992), as manifestações patológicas estão
relacionadas a vários fatores tais como: variações de umidade, variações térmicas, agentes
biológicos, materiais incompatíveis entre outros. Dentre esses fatores que podem contribuir para a
promoção de manifestações patológicas, será considerado aqui dois que se destacam bastante: a
temperatura e a umidade.
Jorne (2010) reconhece a umidade como um fator de extrema importância, que origina com
frequência uma diminuição da durabilidade dos materiais e a alteração de algumas de suas
propriedades, como a diminuição do isolamento térmico, sendo talvez a causa mais importante da
deterioração das construções, causando ao mesmo tempo condições deficientes de habitabilidade
e salubridade que podem afetar os que se utilizam do edifício.
A presença em abundância de água nas fachadas gera muitos problemas, dentre eles notam-se o
manchamento, descoloração, fissuração, lixiviação, proliferação de microrganismos, redução do
isolamento térmico, entre outros. Carasek (2010) ressalta que a distinção dos processos deve ser
encarada apenas didaticamente, sendo que na prática ocorrem ao mesmo tempo, devendo ser
considerada a interação entre eles.
Segundo Melo Júnior (2010), a presença de detalhes arquitetônicos e construtivos pode funcionar
como barreiras de proteção ou elemento condutor de umidade da chuva, assim como plataforma
para deposição de poluentes e microrganismos, causando manchamento das fachadas. O autor
verificou que a deterioração das fachadas está ligada às orientações cardeais (Norte, Sul, Leste,
1 Helene, Paulo R.L. Manual para reparo, reforço e proteção de estruturas de concreto. São Paulo: Editora Pini,
1992
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 13
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
Oeste), sendo que, de acordo com o posicionamento, podem apresentar manifestações específicas.
O pesquisador ainda avaliou a chuva dirigida (associação da chuva e vento), e relacionou-a com o
nível de umidade das fachadas. Dessa avaliação, verificou que fachadas de um mesmo edifício
estão expostas a níveis diferentes de umidade originada da chuva.
Melo Júnior; Carasek (2011) correlacionaram os resultados dos índices de chuva dirigida
direcionais (ICDd), calculados para Goiânia no mês de janeiro, com os valores de umidade
superficial medidos experimentalmente nas fachadas de um edifício multipavimentos e traçaram
um gráfico do tipo radar (Figura 1) com isto, comprovam a influência da chuva dirigida com a real
umidade existente na superfície dos revestimentos.
Figura 1 - Interseção dos resultados obtidos pelo ICDd de janeiro e pela medição de umidade (MELO JÚNIOR;
CARASEK, 2011)
De acordo com sua orientação em relação às orientações cardeais, as fachadas recebem também
radiações solares em intensidades diferentes e assim estão sujeitas a diferentes gradientes de
temperatura.
Segundo Fernandes (2007), para o estudo da insolação das fachadas é utilizado o tradicional
sistema da carta solar, que é um sistema de projeção, que mostra as variações anuais e diárias do
caminho aparente do sol em um desenho conciso, aonde apresenta as projeções das trajetórias
aparentes do sol de mês em mês. A Figura 2 representa a carta solar para a cidade de Goiânia
(latitude 16,4° Sul).
Legenda:
Resultado pelo ICDd
Resultado pela medição de umidade
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 14
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
Figura 2 - Carta Solar – latitude 16° Sul (CAVALEIRO; MALATO, 19692 apud FERNANDES, 2007)
Para se definir a insolação de uma fachada, é necessário definir sua orientação em termos de seu
azimute3, procede-se então da seguinte forma: identifica-se o ângulo referente ao azimute; liga-se
esse ponto ao centro da carta; define-se a reta normal à fachada e traça-se, pelo centro, uma reta
perpendicular à anterior, conhecida como linha-base da fachada. Esta linha, interceptará as
projeções do caminho aparente do sol identificando-se, a partir daí, por interpolação, os horários
até os quais ou após os quais ocorre a insolação, para a data pretendida.
A título de exemplo, Fernandes (2007) mostrou a linha-base de uma fachada com azimute 45°
(Figura 3) em uma carta solar simplificada. O encontro da linha-base com as linhas curvas (pontos
A, B e C) que representam as projeções do caminho aparente do sol determina os horários de
insolação dessa fachada. Observa-se, no caso, que a fachada tem insolação até as 14:30 h (ponto A)
no solstício de inverno, até as 13:00 h (ponto B) nos equinócios e até as 11:30 h (ponto C) no
solstício de verão.
2 CAVALEIRO, A. S.; MALATO, J. J. Geometria da insolação de edifícios. Lisboa: Laboratório Nacional de
Engenharia Civil – LNEC, 1969. 3 Para o presente trabalho, azimute, segundo a topografia, é o ângulo formado a partir do norte até o alinhamento,
contando sempre no sentido horário, varia de zero a 360°.
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 15
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
Figura 3 - Carta solar para fachada com azimute 45° - horários de insolação (FERNANDES, 2007)
Resende, Barros, e Medeiros (2001) ressaltam que a temperatura é um importante fator causador
de patologias em revestimentos de fachada de edifícios, podendo provocar variações físicas e/ou
químicas nos materiais. Das variações físicas destaca-se a variação dimensional (dilatação ou
contração), que causa o aparecimento de tensões que podem levar a deformações ou ruptura, com
fissuração. Ainda segundo os autores, com relação a variação química, a temperatura pode
favorecer a reações químicas, atuando como catalisadora, as quais podem diminuir a durabilidade
do revestimento.
Como foi destacado anteriormente, a temperatura influencia o surgimento de várias patologias,
dentre elas uma que se destaca bastante é a fissuração. As fissuras segundo Thomaz (1992), são as
manifestações patológicas mais importantes a se considerar devido ao seu aspecto estrutural, pois
pode alertar sobre uma possível falha estrutural, pelo comprometimento da obra em serviço e pelo
incômodo que pode acarretar ao usuário. Tanto que a NBR 6118 – Projetos de Estrutura de
Concreto – procedimento (2007), item 13.4.3, faz o controle da fissuração quanto à
aceitabilidade sensorial – situação em que as fissuras passam a causar desconforto psicológico aos
usuários, embora não representem perda de segurança da estrutura.
Sabattini e Barros (1990) classificam fissuras as aberturas menores que 0,5 mm de espessura e
trincas as aberturas iguais ou maiores que 0,5 mm de espessura.
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 16
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
Já Ribas (20024 apud SILVA, 2007) classifica as aberturas em três categorias sendo: microfissuras
as aberturas menores que 0,2 mm de espessuras, fissuras são aquelas cuja a espessura das aberturas
estão entre 0,2 mm e 2 mm e as gretas as aberturas com mais de 2 mm de espessura.
Ainda no que preconiza a classificação de fissuras, a norma ABNT NBR 9575:2010
“Impermeabilização – Seleção e Projeto” classifica as trincas, fissuras e microfissuras de acordo
com abertura, mostrado na Tabela 1.
Tabela 1 - Classificação quanto à abertura, segundo ABNT NBR 9575:2010 (ABNT, 2010)
Trinca Fissura Microfissura
Abertura (mm)
> 0,5 mm e < 1,0 mm
≤ 0,5 mm ≤ 0,05 mm
Trinca Fissura Microfissura
Abertura (mm)
> 0,5 mm e < 1,0 mm
≤ 0,5 mm ≤ 0,05 mm
Por fim, a norma NBR 15575-2 (2010) classifica trinca como sendo as com abertura igual ou
superior a 0,6 mm.
Thomaz (1992) salienta que as variações de temperatura resultam numa variação dimensional dos
materiais, causando dilatação ou contração. Os movimentos causados pelas variações de
temperatura são restringidos pelos diversos vínculos existentes numa construção, causando assim
tensões que podem provocar o aparecimento de fissuras. Ainda de acordo com o autor, deve-se
considerar não só a amplitude das variações térmicas mas, também a velocidade com que ela se
desenvolve pois, um material pode apresentar respostas diferentes ante a variações lentas e
bruscas, ou seja, os materiais podem absorver as movimentações oriundas das movimentações dos
justapostos a ele caso as variações térmicas sejam lentas, o mesmo pode não ocorrer se tais
variações forem bruscas.
Nesse sentido, Sahb (2005) salienta que as variações térmicas não obrigatoriamente implicam em
fissuras nas regiões de interface componente estrutural-alvenaria de vedação, pois para tal
requerem movimentações diferenciais entre os elementos envolvidos, porém alguma situações
podem ser consideradas como agravantes e contribuir diretamente para o surgimento de tais
fissuras, dentre elas: exposição a diferentes solicitações térmicas ou gradientes térmicos
significativos entre materiais diferentes.
4 RIBAS, R. B.; CASADEMUNT, A. P. Reconocimiento, diagnosis e intervención em fachadas. Catalunya: Itec,
2002.
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 17
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
Em construções, a mescla de materiais com diferentes características é bastante comum como, por
exemplo, a integração da estrutura de concreto com a alvenaria de vedação. De acordo com
Cascudo (2013), as alvenarias sofrem demais com a deformabilidade excessiva da estrutura, pois,
não têm a mesma ductilidade do concreto. Sendo assim, sabendo que a alvenaria trabalha diferente
do concreto, é muito comum o surgimento de fissuras na interface entre esses dois elementos.
Alguns materiais são mais resistentes que outros, e por isso são mais suscetíveis as solicitações
advindas das variações térmicas. Há materiais como o concreto que suportam os ciclos de
variações, por outro lado, há materiais, como os blocos cerâmicos, que não resistem tão bem a tais
ciclos. Thomaz (1992), lembra que altas tensões são geradas a partir das bruscas variações e são
relevantes para materiais que se degradam com choques térmicos.
O monitoramento e análise das atividade das fissuras é de extrema importância para diagnosticar
e tentar buscar uma solução para essa patologia. Segundo Thomaz (1992), a quantificação das
movimentações sofridas por um componente é feita não apenas analisando as propriedades físicas
tais como: condutibilidade térmica, coeficiente de dilatação térmica linear, módulo de deformação
entre outros, mas, também analisando o ciclo de temperatura ao qual esteve sujeito, observando
seu máximo e mínimo e a velocidade com que se deu a mudança térmica.
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 18
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
3. METODOLOGIA DO ESTUDO DE CASO
A pesquisa se deu nas seguintes etapas: vistoria do prédio, medição superficial de umidade e
temperatura dos pontos selecionados em cada fachada, monitoramento das fissuras selecionadas
para posterior tratamento, e análise dos dados em softwares adequados.
O estudo de caso foi realizado no bloco A, da Escola de Engenharia Civil da Universidade Federal
de Goiás, localizado no Setor Leste Universitário na cidade de Goiânia-GO (Figura 4).
Figura 4 - Localização do Bloco A da Escola de Engenharia Civil – UFG e da estação meteorológica, Setor Leste
Universitário, Goiânia-GO
Para facilitar a descrição das fachadas, elas serão denominadas apenas como Norte, Sul, Leste e
Oeste, apesar de haver uma distorção de 15° em relação aos pontos cardeais. A título de exemplo,
a fachada Norte encontra-se no azimute 105°.
Estação Meteorológica
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 19
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
As fachadas do edifício estudado podem ser vistas na Figura 5.
Figura 5 - Edifício estudado: Fachadas (a) Leste e Norte; (b) Norte e Oeste
(a) (b)
Para a presente pesquisa, com o objetivo de auxiliar na identificação das fissuras, foi aproveitado
um mapeamento das patologias observadas no bloco A (edifício mostrado na Figura 5), realizado
por Freitas (2012) e Pires (2012), através de recursos fotográficos e softwares adequados. O
resultado de tal mapeamento é apresentado na Figura 6.
Leste Norte
Oeste
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 20
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
Figura 6 – Mapeamento de manifestações patológicas – Bloco A, Escola de Engenharia Civil, Universidade Federal
de Goiás: (a) Fachada Norte; (b) Fachada Sul; (c) Fachada Oeste; (d) Fachada Leste (FREITAS; PIRES, 2012)
3.1 VISTORIA
Com o objetivo de compreender a influência da umidade e temperatura na fissuração de interface
alvenaria-estrutura, foi realizada uma vistoria no edifício. Baseando-se portanto no mapeamento
obtido (Figura 6), durante a vistoria determinaram-se as fissuras de interface alvenaria-estrutura
que seriam estudadas e pontos próximos a elas para coleta dos dados de umidade e temperatura a
fim de relacionar tais dados com a atividade da fissura. A escolha destes pontos abrangeu todas as
fachadas (N, S, L e O). E ficaram assim determinados:
Fachada Leste: Dois pontos no pilar, dois na viga, dois na alvenaria, próximos entre si, e
uma fissura na interface entre a alvenaria e o pilar;
Fachada Norte: Dois pontos no pilar e dois na alvenaria, próximos entre si, e uma fissura na
interface entre a alvenaria e o pilar;
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 21
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
Fachada Oeste: Dois pontos no pilar, dois na viga e dois na alvenaria, próximos entre si, e
duas fissuras, uma na interface entre a alvenaria e o pilar e uma na interface entre a alvenaria
e a viga;
Fachada Sul: Dois pontos no pilar e dois na alvenaria, próximos entre si, e uma fissura na
interface entre a alvenaria e o pilar.
Tais pontos estão representados na Figura 14, Figura 15, Figura 16 e Figura 17 do item 4.1,
página 27.
3.2 MEDIÇÕES SUPERFICIAIS DE UMIDADE E TEMPERATURA
Como sequência à vistoria, a fim de acompanhar as influência da umidade e temperatura nas
fissuras de interface alvenaria-estrutura de concreto, foram feitas medições tanto de umidade,
quanto de temperatura em pontos próximos às fissuras selecionadas.
A coleta de dados foi feita em duas etapas, sendo uma no período chuvoso – mês de abril – e outra
no período seco – meses de agosto e setembro.
Para a coleta de dados de temperatura e umidade foram utilizados o termômetro digital
infravermelho, sem contato direto com a superfície, Incoterm 7660.08.0.00, e o equipamento
medidor de umidade superficial, Moisture Meter M-T-170, através do contato dele com a
superfície, ambos ilustrados na Figura 7. Padronizou-se a distância para a realização das medidas
de temperatura em aproximadamente 20 cm.
Figura 7 – (a) Equipamento para mapeamento da umidade superficial – Moisture Meter M-T-170;
(b) Termômetro infravermelho – Incoterm 7660.08.0.00
(a) (b)
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 22
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
Os dados de umidade e temperatura, tanto no período seco como no período chuvoso, foram
coletados durante três dias, não necessariamente ininterruptos, a cada quatro horas. Estes horários
foram estabelecidos de maneira a serem sensíveis à amplitude térmica diária, quais sejam: 7 h,
11 h, 15 h, 19 h, 23 h, 03 h.
No total, então, de acordo com o item 3.1, foram selecionados 20 pontos para medição de umidade
e de temperatura. Assim, ao longo dos dias e horários já especificados anteriormente, somando-se
os períodos seco e chuvoso, foi feito um total de 720 medições de temperatura e 720 medições de
umidade.
Para que a coleta de dados fosse possível em todas as fachadas, foi necessário a utilização de meios
auxiliares, como a utilização de andaimes e escadas. O Centro de Gestão do Espaço Físico da
Universidade Federal de Goiás (CEGEF) foi de primordial importância para implantar as medidas
necessárias à boa aferição dos dados. Na fachada leste foi retirada uma folha da telha e colocadas
tábuas, sendo acessado por meio de uma escada de mão; já na fachada oeste foi instalado um
andaime; ambas mostradas na Figura 8.
Figura 8 - Métodos utilizados para aferição dos dados: (a) Fachada Leste; (b) Fachada Oeste
(a)
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 23
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
(b)
Outro contratempo foi o acesso ao local nos horários não-comerciais para realização das medições
de temperatura e umidade. Houve então a necessidade de uma autorização de entrada gerada pelas
pessoas competentes. Tal empecilho, facilmente resolvido por se tratar de um local público,
colabora com a justificativa da escolha do prédio para o estudo, uma vez que seria improvável a
autorização de um acompanhamento assim em quaisquer entidade privada.
3.3 MONITORAMENTO DAS FISSURAS
A fim de monitorar a atividade das fissuras, foi feito um acompanhamento delas nos mesmos
horários pré-determinados, citados no item 3.2, para as medições de umidade e temperatura
superficiais. Tal monitoramento se deu através de fotografias ampliadas de alta resolução, feitas
através de uma câmera fotográfica com resolução adequada, e softwares adequados para edição de
imagem.
Para a realização das fotografias, foram selecionados três pontos sobre cada fissura previamente
determinada, em todas as fachadas. A Figura 9 ilustra o esquema citado anteriormente, com três
pontos sobre uma fissura, identificados como “fissura 1”, “fissura 2” e “fissura 3”.
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 24
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
Figura 9 – Identificação dos locais para realização das fotografias
Selecionados os pontos para as fotografias, fez-se então a captura das imagens de cada local com
a câmera fotográfica; essa captura foi acompanhada de um objeto de medida conhecida como
referência para posterior comparação à abertura da fissura. Para não alterar e mascarar os
resultados, tal objeto não deve sofrer variações dimensionais quando submetidos às ações de
umidade e temperatura às quais as fachadas se encontram sujeitas. Para tanto, foi utilizado um
fissurômetro de acrílico, ilustrado na Figura 10.
Figura 10 – Fissurômetro utilizado na pesquisa
Para facilitar a captura quanto ao ajuste do foco – que interfere diretamente na nitidez da imagem
– foi necessário padronizar a distância do equipamento à fissura. Assim, se fez necessária a
utilização de um suporte para tal equipamento, ilustrado na Figura 11. Tal suporte foi feito de
arame galvanizado, dobrado de maneira artesanal, de modo que mantivesse a lente a uma distância
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 25
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
fixa do local desejado. Essa distância foi determinada após alguns testes para que fosse atingido o
melhor foco possível, definida em, aproximadamente, 10 cm.
Figura 11 – Suporte artesanal para câmera fotográfica
Devido a baixa luminosidade nas fachadas do prédio estudado no período noturno, se fez também
imprescindível a utilização de outro instrumento que possibilitasse a captura das imagens, com
qualidade e nitidez. Para isso foi confeccionado um pendente5, que está apresentado na Figura
12(a), bem como sua utilização - Figura 12(b).
5 Suporte adaptado com soquete para encaixe de uma lâmpada, ligado à corrente elétrica, utilizado para se fazer a
iluminação de um local com iluminação insuficiente ou inexistente.
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 26
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
Figura 12 – Instrumento utilizado para iluminação: (a) Pendente; (b) Utilização do pendente às 3 h, Fachada Leste
De posse das fotografias ampliadas, fez-se uma análise para se obter a medida da abertura da
fissura, comparando-a com a medida de referência do fissurômetro; tal análise foi realizada com o
auxílio de ferramentas adequadas do software de edição de imagens – CorelDraw®. A Figura 13
ilustra a aplicação desse método.
Figura 13 - Método utilizado para medir a abertura das fissuras
Foi então observada a atividade da fissura através dos valores das aberturas medidas para cada
horário.
Legenda:
y: abertura da fissura
x: medida de referência
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 27
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Este capítulo objetiva a apresentação dos dados coletados em campo, bem como sua análise,
sempre visando sua relação com as fissuras na interface entre a alvenaria e a estrutura de concreto.
Inicialmente, serão apresentados resultados sobre o clima da região estudada; em seguida, os
resultados obtidos com a vistoria do prédio estudado; posteriormente serão mostrados resultados
das medições de umidade, seguidos dos de temperatura; e, por fim, uma análise da atividade das
fissuras de interface estrutura de concreto-alvenaria, relacionando-as com a temperatura.
4.1 INFORMAÇÕES PRELIMINARES E VISTORIA
O bloco A da Escola de Engenharia Civil da UFG foi construído em 1961, passando por reformas
em 1985 e 2005, apenas na pintura e instalações de novos equipamentos. O método construtivo
utilizado no prédio foi concreto armado moldado in loco, alvenaria de vedação em bloco cerâmico,
revestimento em argamassa e acabamento em pintura acrílica texturizada. O edifício possui
66,60 m de comprimento, 8,75 m de largura, com 3 pavimentos; é de natureza administrativa,
contemplando principalmente gabinetes de professores da escola.
A localização das fissuras, bem como dos pontos de coleta de umidade superficial e temperatura
estão representados na Figura 14, Figura 15, Figura 16 e Figura 17 a seguir, sendo “P1” e “P2”
pontos sobre o pilar, “V1” e “V2” pontos sobre a viga e “A1” e “A2”, pontos sobre a alvenaria.
Figura 14 – Fachada Leste: (a) localização esquemática da fissura selecionada; (b) localização real da fissura
selecionada; (c) pontos de coleta próximos à fissura.
(a) (b) (c)
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 28
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
Figura 15– Fachada Norte: (a) localização esquemática da fissura selecionada; (b) localização real da fissura
selecionada; (c) pontos de coleta próximos à fissura.
(a) (b) (c)
Figura 16 – Fachada Oeste: (a) localização esquemática da fissura selecionada; (b) localização real da fissura
selecionada; (c) pontos de coleta próximos à fissura.
(a) (b) (c)
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 29
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
Figura 17 – Fachada Oeste: (a) localização esquemática da fissura selecionada; (b) localização real da fissura
selecionada; (c) pontos de coleta próximos à fissura.
(a) (b) (c)
Segundo Carasek (2013), uma boa metodologia para se observar a atividade de uma fissura é a
utilização de um “selo de gesso”, que compreende uma pasta de gesso de aproximadamente 3 mm
de espessura, pois o gesso possui resistência mecânica à tração desprezível e fissura-se com
quaisquer movimentação da fissura estudada; todavia, este método não quantifica a atividade,
apenas qualifica quanto à passividade ou atividade da fissura. Para tanto, foram feitos “selos de
gesso” em todas as fissuras selecionadas.
Figura 18 – Selo de gesso: (a) estado pré-fissura; (b) estado pós-fissura.
(a) (b)
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 30
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
Assim, ficou comprovado que as fissuras são ativas, Figura 18, e desse modo viabilizou-se o estudo
analítico das fissuras.
4.2 CLIMA DA REGIÃO
Geograficamente, Goiânia está localizada na latitude 16º 41’ sul, na longitude 49º 17’ oeste e,
conforme Fernandes (2007), o clima predominante é o tropical, caracterizado pelo verão bastante
chuvoso e o um inverno rigorosamente seco. Os dados climatológicos do Instituto Nacional de
Meteorologia (INMET), apresentados no gráfico da Figura 19, enfatizam a predominância de um
clima com duas estações bem definidas, uma chuvosa e outra seca, para Goiânia.
Figura 19 - Precipitação na cidade de Goiânia - 1961 a 1990 (INMET, 2013)
Infere-se do gráfico da Figura 19 que a estação chuvosa na região de Goiânia se dá no mês de
outubro e se estende até o mês de março e abril, meses em que as precipitações estão acima de
150 mm praticamente, exceto pelo mês de abril que foram verificadas precipitações um pouco
abaixo de 150 mm. Já a estação seca abrange os meses de maio a setembro, onde as precipitações
obtidas estão abaixo de 50 mm.
Ainda de acordo com o INMET (Figura 20 e Figura 21) são apresentados dados atuais de
precipitação no Brasil, do trimestre de Fevereiro a Abril de 2013 e do trimestre de Julho a Setembro
do mesmo ano, respectivamente.
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 31
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
Figura 20 - Precipitação no Brasil no trimestre Fevereiro a Abril de 2013 (INMET, 2013)
Depreende-se da Figura 20 que de fevereiro até abril do ano de 2013 a região de Goiás esteve na
estação chuvosa, já no período de junho a agosto de 2013, o tempo seco predominava.
Figura 21 - Precipitação no Brasil no trimestre Junho a Agosto de 2013 (INMET, 2013)
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 32
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
Os dados observados respaldam a coleta de dados realizada para esse trabalho que tinha por
finalidade colhe-los no período chuvoso, e assim foi feito pois, a primeira etapa da coleta foi feita
em abril (período chuvoso) e no período seco, e também foram colhidos, sendo a segunda parte da
coleta realizada entre o final de agosto e o começo de setembro (período seco).
Em relação às ações solares, a insolação em Goiânia é maior nos meses mais secos e nos meses
chuvosos a insolação é menor devido aos elevados índices de nebulosidade nos períodos de chuva.
A cidade apresenta os maiores valores de temperatura média nos meses de setembro e outubro e
as médias mais baixas têm ocorrido nos meses de junho e julho, como ilustrado na Figura 22.
Figura 22 – Dados climatológicos de Goiânia – 1961-1990: (a) Insolação (horas);
(b) Temperatura Média (graus celsius) (INMET, 2013)
(a) (b)
Ainda no que tange a insolação, foi gerada uma carta solar para Goiânia com o auxílio do software
Analysis Sol-Ar6. Embora a carta solar gerada pelo software ofereça um grande nível de
detalhamento, o presente trabalho recorrerá a um desenho mais simplificado.
Tendo como base a simplificação feita pelo autor Fernandes (2007) – onde ele identificou apenas
as três linhas básicas: a do solstício de verão, do solstício de inverno e a dos equinócios de março
e setembro – para este trabalho ainda foram identificadas as linhas do movimento diário do sol
6 Analysis Sol-Ar é um software que permite obter a carta solar da latitude especificada, assim como auxilia no
projeto de proteções solares, dentre outras coisas. Desenvolvido no Laboratório de Eficiência Energética em
Edificações (LabEEE), do Departamento de Engenharia Civil (DEC), da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC)
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 33
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
para os demais meses, para que coincida com os períodos reais de medições superficiais de
temperatura.
Figura 23 – Carta solar de Goiânia (16,4°S): (a) Figura gerada pelo software Sol-Ar; (b) Carta
solar simplificada (adaptado do software Sol-Ar 2013, baseado em FERNANDES, 2007)
(a) (b)
4.3 MEDIÇÕES SUPERFICIAIS DE UMIDADE
Serão apresentados a seguir os resultados das medições superficiais de umidade das fachadas do
edifício em estudo do período chuvoso, seguidos dos resultados do período seco; ainda será
apresentada uma análise geral englobando uma comparação entre os dois períodos e, uma breve
discussão sobre tais resultados.
Para os dois períodos – seco e chuvoso – inicialmente será apresentada uma análise geral,
englobando a variação média de umidade na alvenaria e estrutura em todas as fachadas;
posteriormente, será feita uma análise isolada da mesma variação em cada fachada e então, uma
análise comparativa dentre as fachadas.
4.3.1 Período Chuvoso
Os dados que serão apresentados foram coletados em três dias ininterruptos, em meados do mês
de Abril. Pode-se observar na Figura 19 - Precipitação na cidade de Goiânia - 1961 a 1990
(INMET, 2013), que a precipitação esperada para o período se mantém acima de 100 mm, que
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 34
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
pode ser comprovado pela Figura 20 - Precipitação no Brasil no trimestre Fevereiro a Abril de
2013, na qual nota-se que a região em questão está caracterizada entre “normal” e
“muito chuvoso".
A Figura 24 apresenta o gráfico com a variação média, ao longo do dia, da umidade superficial da
alvenaria e estrutura (pilar e viga), para as diferentes orientações das fachadas. Tal gráfico
apresenta a média dos valores medidos nos horários especificados. Foi feita uma repetição da série
de “3 h”, simplesmente para facilitar a compreensão do ciclo diário.
Figura 24 – Umidade superficial média de pontos na alvenaria e estrutura, em função do horário e da orientação da
fachada – Período Chuvoso
Percebe-se no gráfico Figura 24 um padrão na variação da umidade ao longo do dia, que começa
com um valor mais baixo às 3 h, atingindo seu pico às 15 h – na maioria das fachadas, tanto para
estrutura quanto para alvenaria – retornando aos valores mínimos das 23 h as 3 h.
Ainda pelo gráfico da Figura 24, nota-se que a umidade mantém certa constância dos valores entre
a alvenaria e estrutura nas fachadas Leste e Oeste, sendo a segunda, sutilmente menos úmida que
a primeira. Dentre as fachadas Norte e Sul, a segunda apresenta-se mais úmida do que a primeira;
observa-se ainda uma considerável diferença entre a alvenaria e estrutura, em torno de 3%, em
ambas, a estrutura encontra-se mais úmida do que a alvenaria em todos os horários.
Nota-se ainda uma uniformidade dentre os valores de estrutura (pilares e vigas), sendo assim, os
gráficos mostrados a seguir apresentam resultados de umidade, ainda no período chuvoso, aonde
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
Alvenaria Pilar Viga Alvenaria Pilar Viga Alvenaria Pilar Alvenaria Pilar
Leste Oeste Norte Sul
Um
idad
e (%
)
3h 7h 11h 15h 19h 23h
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 35
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
foi feita uma média dos valores nos pilares e vigas, resultando simplesmente em “estrutura”, sendo
mostrada uma análise separada para cada fachada.
Figura 25 – Valores médios de umidade superficial dos pontos sobre alvenaria e estrutura, em função do horário –
Período Chuvoso – Fachada Leste
A Figura 25 mostra o comportamento da fachada Leste, em relação a umidade, durante um dia.
Nota-se para esta fachada poucas variações entre a alvenaria e estrutura, com o máximo valor
encontrado para ambas às 15 h.
Figura 26 - Valores médios de umidade superficial dos pontos sobre alvenaria e estrutura, em função do horário –
Período Chuvoso – Fachada Oeste
6,4
6,76,3
7,7
6,4
5,95,8
6,77,0
7,7
6,25,7
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
10,0
11,0
12,0
3h 7h 11h 15h 19h 23h
Um
idad
e (%
)Alvenaria
Estrutura
4,8 4,6
5,96,4
5,8
5,2
5,3 5,5
6,56,8
6,6
6,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
10,0
11,0
12,0
3h 7h 11h 15h 19h 23h
Um
idad
e (%
)
Alvenaria
Estrutura
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 36
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
Observa-se no gráfico da Figura 26, que representa ao comportamento da fachada Oeste ante a
umidade, um fato diferente do observado na fachada leste: ao longo de todo o dia a umidade na
estrutura é maior que na alvenaria, com seu pico às 15 h.
Figura 27 - Valores médios de umidade superficial dos pontos sobre alvenaria e estrutura, em função do horário –
Período Chuvoso – Fachada Norte
Extrai-se da Figura 27 que mantém um comportamento parecido para a fachada anterior, com os
valores de umidade dos pontos sobre a estrutura sempre maiores do que os valores observados
para a alvenaria, e com seu pico também às 15 h.
Figura 28 - Valores médios de umidade superficial dos pontos sobre alvenaria e estrutura, em função do horário –
Período Chuvoso – Fachada Sul
4,74,4
5,2
6,2
5,24,9
7,4
6,9
8,7
8,5
7,8 7,8
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
10,0
11,0
12,0
3h 7h 11h 15h 19h 23h
Um
idad
e (%
)
Alvenaria
Estrutura
7,4 7,6
8,9
7,9
8,2
7,4
10,4 10,210,9 10,6
10,910,8
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
10,0
11,0
12,0
3h 7h 11h 15h 19h 23h
Um
idad
e (%
)
Alvenaria
Estrutura
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 37
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
Para a fachada Sul, visto no gráfico da Figura 28, a estrutura ainda se consolida como mais úmida
do que a alvenaria. Nesta fachada, os valores se mantiveram em uma certa constância, não sendo
observado um horário de pico.
Para uma análise global da umidade superficial no período chuvoso, tais gráficos foram agrupados
no gráfico da Figura 29.
Figura 29 – Valores médios de umidade superficial dos pontos da alvenaria e da estrutura em função do horário e da
orientação da fachada – Período Chuvoso
Para todas as fachadas, nota-se que os valores encontrados de umidade superficial na estrutura
superam os encontrados para a alvenaria – exceto para a fachada Leste, onde os dois elementos
não sofrem muitas variações entre si – e ainda, todas se apresentando mais úmidas durante o final
da manhã e o início da tarde, entre 11 h e 15 h. Dentre as fachadas, a voltada a Sul destaca-se como
a mais úmida, resultado esperado uma vez que a mesma não recebe significativa incidência solar,
como será mostrado nos resultados de temperatura no item 4.4.
6,4 6,2
8,97,7
6,8
8,7
10,9
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
3 h
7 h
11
h
15
h
19
h
23
h
3 h
7 h
11
h
15
h
19
h
23
h
3 h
7 h
11
h
15
h
19
h
23
h
3 h
7 h
11
h
15
h
19
h
23
hLeste Oeste Norte Sul
Orientação das Fachadas
Um
idad
e (%
)
Alvenaria - Período Chuvoso Estrutura - Período Chuvoso
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 38
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
4.3.2 Período Seco
A seguir serão apresentados dados de umidade coletados no final de agosto e início de setembro,
que como pode ser observado no gráfico da Figura 19 corresponde ao período seco da região de
Goiânia, por se tratar de um período com precipitações abaixo de 50 mm. Os dados que serão
abordados logo mais, são valores médios – resultantes da coleta durante três dias – que representam
melhor as variações ao longo de um dia qualquer.
O gráfico da Figura 30 mostra, de maneira geral, o comportamento das quatro fachadas do edifício
estudado, com relação à umidade, apresentando para tanto valores médios das umidades dos dias
em que foram coletados os dados.
Figura 30– Umidade superficial média de pontos na alvenaria e estrutura, em função do horário e da orientação da
fachada – Período Seco
Assim como no período chuvoso, a umidade no período seco apresenta um padrão: às 3 horas ela
é baixa, aumenta ao longo das horas até atingir seu pico, geralmente às 15 horas, exceto em
algumas exceções que serão abordadas mais adiante, e cai novamente até atingir seu mínimo, que
geralmente acontece às 3 horas, e assim completando o ciclo.
A Figura 31 aborda de maneira mais clara e com valores específicos o comportamento das
fachadas, facilitando a visualização e entendimento de tal comportamento.
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
Alvenaria Pilar Viga Alvenaria Pilar Viga Alvenaria Pilar Alvenaria Pilar
Leste Oeste Norte Sul
Um
idad
e (%
)
3h 7h 11h 15h 19h 23h
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 39
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
Figura 31 – Valores médios de umidade superficial dos pontos da alvenaria e da estrutura em função do horário e da
orientação da fachada – Período Seco
Observa-se para as fachadas, um comportamento semelhante ao período chuvoso, citado
anteriormente (item 4.3.1), em que os valores de umidade superficial se mostram maiores nos
pontos sobre a estrutura, com pico à tarde. A fachada Leste mostra-se sem variações expressivas
com relação aos pontos sobre a alvenaria e estrutura; e a fachada Sul é a que se destaca como sendo
a mais úmida.
4.3.3 Análise global da umidade
Este tópico se objetiva em apresentar uma análise global dos valores de umidade nos dois
elementos – alvenaria e estrutura – para os dois períodos simultaneamente; e por fim, uma
discussão sobre tais resultados.
A fim de se perceber a variação de umidade ocorrida entre os períodos estudados – seco e chuvoso
– foi traçado o gráfico a seguir (Figura 32). Este, mostra a diferença entre as umidades dos períodos
para cada elemento – alvenaria e estrutura – em função do horário e orientação da fachada.
5,0
1,9
4,1
2,2
4,1
6,6
2,6
4,64,2
2,9
8,08,3
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,03
h
7 h
11
h
15
h
19
h
23
h
3 h
7 h
11
h
15
h
19
h
23
h
3 h
7 h
11
h
15
h
19
h
23
h
3 h
7 h
11
h
15
h
19
h
23
h
Leste Oeste Norte Sul
Orientação das Fachadas
Um
idad
e (%
)
Alvenaria - Período Seco Estrutura - Período Seco
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 40
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
Como esperado, nota-se que, tanto a alvenaria, quanto a estrutura estão claramente mais úmidas
no período chuvoso.
O comportamento da alvenaria se mantém semelhante para os dois períodos, contudo com valores
absolutos maiores. Observa-se ainda que os máximos valores medidos situam no período da tarde.
Figura 32 – Valores médios de umidade na alvenaria e estrutura, nos períodos seco e chuvoso, em função do horário
e da orientação da fachada
Não diferente, os valores médios de umidade na estrutura entre os dois períodos se apresentam de
uma maneira semelhante à alvenaria, com um evidente aumento dos valores do período seco para
o chuvoso. Como já visto, a fachada voltada a Sul mostra-se a mais úmida, seguido da fachada
Norte e por último, as fachadas Leste e Oeste, com valores semelhantes.
Entre a alvenaria e estrutura notam-se valores semelhantes na fachada Leste, e uma variação média
de, aproximadamente, 0,5% a Oeste, e em torno de 2% nas fachadas Norte e Sul.
Já entre os períodos seco e chuvoso, para o mesmo elemento, observa-se uma variação média por
volta de 3%. Sendo a máxima variação observada, em torno de 4% da estrutura na fachada Norte.
5,0
4,13,4
6,66,4
6,2
8,9
4,4
4,6 4,2
8,0
7,7
6,8
8,7
10,9
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
3 h
7 h
11
h
15
h
19
h
23
h
3 h
7 h
11
h
15
h
19
h
23
h
3 h
7 h
11
h
15
h
19
h
23
h
3 h
7 h
11
h
15
h
19
h
23
h
Leste Oeste Norte Sul
Orientação das Fachadas
Um
idad
e (%
)
Alvenaria - Período Seco Alvenaria - Período Chuvoso
Estrutura - Período Seco Estrutura - Período Chuvoso
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 41
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
Pela análise dos dados exibidos nos capítulos 4.3.1 - Período Chuvoso e 4.3.2 - Período Seco,
resumido no gráfico da Figura 32, constata-se o aumento, já esperado, de umidade no período
chuvoso em vista do período seco. Há também uma conservação, entre os dois períodos medidos,
no padrão geral de comportamento da variação de umidade ao longo do dia. Entretanto, este padrão
é facilmente influenciado por uma série de fatores externos (chuva durante um dia inteiro, por
exemplo) devendo ser analisadas as médias de medições feitas em diferentes dias dentro dos
períodos.
Um detalhe a ser salientado é que o aparelho utilizado na coleta de dados de umidade, Moisture
Meter M-T-170, exige contato direto com o elemento a aferir. Todavia para aumento da acurácia
do aparelho é necessário que este esteja com sua placa de sensores totalmente aderida à superfície,
ou seja, a situação ideal é a que a superfície medida seja plana e lisa, não sendo esta a situação das
fachadas do prédio estudado. Desta forma, o valor absoluto dos dados medidos para este estudo
podem não representar a umidade real do ponto no momento da medição. O detalhe destacado na
Figura 33 (a) exibe a deficiência no contato entre o aparelho e a superfície irregular da fachada e
o detalhe na imagem (b) o contato quase total entre a superfície do aparelho e a da parede lisa
adjacente, evidenciando uma pequena margem para diferenças entre o valor real e o valor
registrado.
Figura 33 - Medições aferidas: (a) em superfície irregular; (b) em superfície lisa
(a) (b)
Apesar disto, é importante salientar que todas as medidas realizadas para o estudo foram realizadas
sob as mesmas condições, e embora os valores obtidos não sejam tão precisos, a variação entre
eles, ao longo dos dias, pode ser considerada confiável. A análise deste estudo terá como base o
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 42
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
padrão de variação da umidade, não sendo foco quaisquer tipo de quantificação numérica, sendo
necessário para tal um aparelho e métodos de aferição mais elaborados que representem com maior
precisão a situação real do objeto estudado.
4.4 MEDIÇÕES SUPERFICIAIS DE TEMPERATURA
Da mesma maneira que foram apresentados os dados de umidade, será feita a apresentação dos
dados de temperatura das fachadas do edifício em estudo do período chuvoso, seguidos dos
resultados do período seco; ainda será apresentada uma análise global contendo uma comparação
simultânea dos dois períodos e, uma discussão geral sobre os resultados.
Para os dois períodos – seco e chuvoso – inicialmente será apresentada uma análise geral,
englobando os valores médios coletados de temperatura superficial, em todos os pontos,
(alvenaria, viga e pilar), em função do horário e da orientação da fachada; posteriormente, será
apresentada uma análise da variação diária de temperatura na alvenaria e estrutura, evidenciando
o comportamento em cada fachada, seguido de uma análise geral englobando todas as fachadas.
Para auxiliar a análise dos resultados de temperatura, é importante entender o caminho percorrido
pelo sol durante o dia. Para isso, será utilizado um método simplificado da tradicional carta solar
apresentado por Fernandes (2007), para a região de Goiânia, adaptado para o edifício em estudo.
Vale ressaltar que tal método apenas auxiliará nas análises, mesmo porque um aprofundamento no
assunto fugiria do escopo deste trabalho.
4.4.1 Período Chuvoso
Os dados que serão apresentados neste tópico correspondem à coleta realizada em meados do mês
de abril, executada em três dias ininterruptos, época em que a região de Goiânia está no período
chuvoso. A Figura 34 exibe um gráfico que relaciona as médias das temperaturas aferidas no
decorrer do dia, da alvenaria e da estrutura – nos horários citados no capítulo 0, item 3.2 – com a
orientação das fachadas.
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 43
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
Figura 34 – Temperatura superficial média de pontos na alvenaria e estrutura, em função do horário e da orientação
da fachada – Período Chuvoso
Comparando-se os valores de temperatura entre as fachadas, pelo gráfico acima, observa-se os
maiores valores às 11 h na fachada Leste; enquanto que a Oeste, os valores de temperatura
aumentam mais tarde, entre 11 h e 15 h; na fachada Norte há valores altos durante maior parte do
dia; e a Sul mantém-se sem muitas variações, não ultrapassando os 24° C.
Pode-se entender os resultados acima pela análise da carta solar simplificada para Goiânia,
mostrada na Figura 35. Nota-se, pelo caminho aparente do sol para o período chuvoso (mês de
Abril), que a fachada Leste recebe insolação frontal até 12:30 (ponto A); enquanto que a fachada
Oeste começa receber insolação a partir de 12:30; já os altos valores da fachada Norte se dá por
ela receber insolação a partir das 7 h (ponto B), estendendo-se por todo o dia; e as baixas
temperaturas da Sul se dá em decorrência da insolação apenas até as 7 h (ponto B).
35,2°
32,2°31,6°
35,1°
23,8°
0,0°
5,0°
10,0°
15,0°
20,0°
25,0°
30,0°
35,0°
40,0°
Alvenaria Pilar Viga Alvenaria Pilar Viga Alvenaria Pilar Alvenaria Pilar
Leste Oeste Norte Sul
Tem
per
atu
ra (
°C)
3h 7h 11h 15h 19h 23h
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 44
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
Figura 35 – Carta solar simplificada para Goiânia e fachadas de azimute 345°, 75°, 165° e 255°, chamadas de Norte,
Leste, Sul e Oeste respectivamente (adaptado do software SOL-AR 2013, baseado em FERNANDES, 2007) –
Período Chuvoso
Ainda pelo gráfico da Figura 34, é notável a diferença entre os valores de temperatura observados,
ao longo do dia, para alvenaria e estrutura (viga e pilar). Para uma melhor compreensão da
diferença entre esses dois elementos, foram traçados os seguintes gráficos com os valores médios
de temperatura superficial dos pontos sobre alvenaria e estrutura, em função do horário. A título
de simplificação, por apresentarem um comportamento semelhante quanto à umidade, foi feita a
média dos valores coletados nos pontos presentes nas vigas e pilares resultando-se apenas em
“estrutura”.
A Figura 36 evidencia o comportamento da fachada Leste quanto à variação diária de temperatura
tanto na alvenaria quanto na estrutura. Observa-se claramente a alternância da atividade térmica
entre dois elementos, em que a alvenaria encontra-se com uma temperatura menor durante a
madrugada, e atinge seu pico às 11 h, como observado anteriormente, atingindo valores de
temperatura com aproximadamente 4,0° C de diferença para a estrutura no mesmo horário.
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 45
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
Figura 36 - Valores médios de temperatura superficial dos pontos sobre alvenaria e estrutura, em função do horário,
Período Chuvoso – Fachada Leste
Observa-se um comportamento semelhante à fachada Leste para a fachada Oeste, exposto na
Figura 37, contudo com uma menor amplitude térmica, em torno de 14° C, sendo que o menor
valor ocorre às 7 h e o maior, às 15 h.
Figura 37 - Valores médios de temperatura superficial dos pontos sobre alvenaria e estrutura, em função do horário,
Período Chuvoso – Fachada Oeste
19,1°
21,3°
35,2°
27,8°
22,3°
20,1°
20,2°
21,6°
31,9°
27,0°
22,9°
21,1°
15,0°
20,0°
25,0°
30,0°
35,0°
40,0°
3h 7h 11h 15h 19h 23h
Tem
per
atu
ra (
°C)
Alvenaria
Estrutura
18,7° 18,0°
26,3°
31,6°
22,7°
19,7°
20,2° 19,2°
26,0°
28,6°
22,9°
20,7°
15,0°
20,0°
25,0°
30,0°
35,0°
40,0°
3h 7h 11h 15h 19h 23h
Tem
per
atu
ra (
°C)
Alvenaria
Estrutura
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 46
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
A oscilação entre os valores de temperatura para a alvenaria e estrutura permanece na fachada
Norte, como pode ser visto na Figura 38. Por receber insolação na maior parte do tempo, essa
fachada apresenta-se mais quente durante todo o dia; e a máxima diferença observada entre a
alvenaria e estrutura se assemelha a fachada Oeste, em torno de 3,0° C, menor apenas que a fachada
Leste, 4,0° C.
Figura 38 - Valores médios de temperatura superficial dos pontos sobre alvenaria e estrutura, em função do horário,
Período Chuvoso – Fachada Norte
A fachada voltada a Sul não apresenta grandes variações, nem grandes valores de temperatura, que
se deve ao fato de só receber insolação até as 7 h, como já explicado anteriormente. Todavia, o
mesmo padrão de diferença entre alvenaria e estrutura também é observado. Como pode-se ver na
Figura 39, sendo a máxima amplitude observada em torno de 5,0° C; enquanto que na fachada
Leste, tal amplitude ultrapassa os 16,0° C.
19,0° 18,4°
32,2°
35,1°
24,0°
20,4°
20,0° 19,1°
30,8°
32,8°
24,8°
21,6°
15,0°
20,0°
25,0°
30,0°
35,0°
40,0°
3h 7h 11h 15h 19h 23h
Tem
per
atu
ra (
°C)
Alvenaria
Estrutura
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 47
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
Figura 39 - Valores médios de temperatura superficial dos pontos sobre alvenaria e estrutura, em função do horário,
Período Chuvoso – Fachada Sul
Para efeito de comparação dentre as fachadas, tais resultados apresentados separadamente acima
foram agrupados no gráfico da Figura 40.
Figura 40 – Valores médios de temperatura superficial dos pontos da alvenaria e da estrutura em função do horário e
da orientação da fachada – Período Chuvoso
Em síntese, nota-se pelo gráfico Figura 40, os picos de temperatura pela manhã na fachada Leste;
à tarde na Oeste; ao longo do dia, na Norte; e a Sul com baixas sem grandes variações. É
interessante também notar que durante a madrugada as temperaturas, tanto da alvenaria quanto da
estrutura, praticamente se igualam em todas as fachadas, ficando em torno de 19° C para a primeira
19,0° 18,4°
22,4°
23,8°
21,5°
19,4°
19,6° 19,2°22,4°
23,3°21,8°
20,0°
15,0°
20,0°
25,0°
30,0°
35,0°
40,0°
3h 7h 11h 15h 19h 23h
Tem
per
atu
ra (
°C)
Alvenaria
Estrutura
19,1°
35,2°
18,7°
31,6°
19,0°
35,1°
19,0°
23,8°
20,2°
31,9°
20,2°
28,6°
20,0°
32,8°
19,6°23,3°
17,0°
19,0°
21,0°
23,0°
25,0°
27,0°
29,0°
31,0°
33,0°
35,0°
37,0°
3 h
7 h
11 h
15 h
19 h
23 h
3 h
7 h
11 h
15 h
19 h
23 h
3 h
7 h
11 h
15 h
19 h
23 h
3 h
7 h
11 h
15 h
19 h
23 h
Fachada Leste Fachada Oeste Fachada Norte Fachada Sul
Orientação das Fachadas
Tem
per
atu
ra (
°C)
Alvenaria - Período Chuvoso Estrutura - Período Chuvoso
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 48
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
e aproximadamente 20° C para a segunda. Também é evidente a diferença dos valores de
temperatura superficiais entre alvenaria e estrutura durante o dia, fato que influencia diretamente
nas patologias observadas em suas interfaces.
4.4.2 Período Seco
Analogamente ao Período Chuvoso (item 4.4.1), foi realizado um estudo semelhante para o
Período Seco. Para o presente trabalho, os dados correspondentes a este período foram coletados
no final do mês de agosto e início de setembro. Tais meses caracterizam bem o período seco para
a região de Goiânia, comprovado pelos dados de precipitação do Instituto Nacional de
Meteorologia, mostrados na Figura 19 e Figura 21.
Inicialmente serão apresentados, no gráfico da Figura 41, os dados coletados de temperatura
superficial média de pontos da alvenaria e estrutura (pilar e viga), em função do horário e da
orientação da fachada.
Figura 41 - Temperatura superficial média de pontos na alvenaria e estrutura, em função do horário e da orientação
da fachada – Período Seco
Pela observação do gráfico anterior e, recorrendo-se à carta solar para esse período (semelhante à
do período chuvoso), mostrado na Figura 42, nota-se o mesmo padrão ocorrido anteriormente:
picos de temperatura pela manhã a Leste, já que recebe insolação direta até 12:00; máximos valores
35,3°37,0° 39,5°
25,1°
0,0°
5,0°
10,0°
15,0°
20,0°
25,0°
30,0°
35,0°
40,0°
Alvenaria Pilar Viga Alvenaria Pilar Viga Alvenaria Pilar Alvenaria Pilar
Leste Oeste Norte Sul
Tem
per
atu
ra (
°C)
3h 7h 11h 15h 19h 23h
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 49
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
de temperatura por volta de 15 h a Oeste, pelo motivo de começar receber insolação somente à
tarde; valores de temperatura mais altos durante todo o dia, a Norte, uma vez que recebe insolação
durante maior parte do dia; e a Sul com temperatura mais amena, por receber baixa incidência
solar, somente até as 7 h.
Figura 42 - Carta solar simplificada para Goiânia e fachadas de azimute 345°, 75°, 165° e 255°, chamadas de Norte,
Leste, Sul e Oeste respectivamente (adaptado do software SOL-AR 2013, baseado em FERNANDES, 2007) –
Período Seco
Da mesma maneira vista para o período chuvoso, é notável a oscilação dos valores de temperatura
nos dois diferentes elementos – alvenaria e estrutura. Desse modo, mostra-se a seguir, uma análise
separada para cada fachada da variação diária de temperatura em tais elementos.
O gráfico da Figura 43 apresenta as variações de temperatura em função do horário para a fachada
Leste. Esta apresenta um comportamento de grande semelhança comparada aos resultados
apresentados para o Período Chuvoso, em que a alvenaria mostra uma maior amplitude térmica do
que a estrutura.
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 50
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
Figura 43 – Valores médios de temperatura superficial dos pontos sobre alvenaria e estrutura, em função do horário,
Período Seco – Fachada Leste
Para a fachada Oeste, a maior diferença de temperatura entre a alvenaria e estrutura ocorre às 15 h,
ultrapassando os 5,0° C, como pode ser visto na Figura 44. A temperatura, para esta fachada, sobe
rapidamente após as 11 h, momento a partir do qual se inicia a insolação, e se resfria rapidamente.
Figura 44 – Valores médios de temperatura superficial dos pontos sobre alvenaria e estrutura, em função do horário,
Período Chuvoso – Fachada Oeste
A fachada Norte é a que apresenta maiores valores de temperatura ao longo dos horários em que
foram realizadas as medições. Nota-se um aquecimento rápido a partir das 7 h, e um resfriamento
16,4°
20,6°
35,3°
29,6°
23,4°
19,4°17,8°
22,0°
32,7°
28,5°
23,4°
20,3°
15,0°
20,0°
25,0°
30,0°
35,0°
40,0°
3h 7h 11h 15h 19h 23h
Tem
per
atu
ra (
°C)
Alvenaria
Estrutura
16,6°17,8°
23,9°
37,0°
24,4°
19,9°18,3°
19,5° 23,8°
31,6°
24,4°
20,1°
15,0°
20,0°
25,0°
30,0°
35,0°
40,0°
3h 7h 11h 15h 19h 23h
Tem
per
atu
ra (
°C)
Alvenaria
Estrutura
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 51
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
ainda mais rápido evidenciado pela maior inclinação da reta de decaimento, após atingir seu pico
às 15 h.
Figura 45 – Valores médios de temperatura superficial dos pontos sobre alvenaria e estrutura, em função do horário,
Período Chuvoso – Fachada Norte
Não ocorre grandes variações para a fachada Sul, resultado também constatado para o período
Chuvoso.
Figura 46 – Valores médios de temperatura superficial dos pontos sobre alvenaria e estrutura, em função do horário,
Período Chuvoso – Fachada Sul
Analogamente ao período chuvoso, a fim de comparar a atuação da temperatura dentre as fachadas,
foi traçado o gráfico da Figura 47.
16,6°
18,3°
30,2°
39,5°
25,9°
20,2°17,5°
19,0°
29,5°
36,8°
26,0°
21,0°
15,0°
20,0°
25,0°
30,0°
35,0°
40,0°
3h 7h 11h 15h 19h 23h
Tem
per
atu
ra (
°C)
Alvenaria
Estrutura
16,1°
18,4°
22,7°
25,1°
21,9°
19,0°17,3°
19,0°22,8°
24,8° 22,0°
19,9°
15,0°
20,0°
25,0°
30,0°
35,0°
40,0°
3h 7h 11h 15h 19h 23h
Tem
per
atu
ra (
°C)
Alvenaria
Estrutura
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 52
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
Figura 47 – Valores médios de temperatura superficial dos pontos da alvenaria e da estrutura em função do horário e
da orientação da fachada – Período Seco
Do gráfico anterior, percebe-se que a amplitude térmica da alvenaria é maior para todas as
fachadas, atingindo em torno de 23° C na fachada Norte, enquanto que a máxima amplitude
observada para estrutura não atinge 20° C; observa-se ainda que a alvenaria é mais fria durante a
madrugada, e mais quente nos picos de temperatura.
4.4.3 Análise global da temperatura
Com o objetivo de se perceber a variação de temperatura ocorrida entre os períodos estudados –
seco e chuvoso – foi traçado o gráfico a seguir. Este, mostra a diferença entre as temperaturas dos
períodos para os dois elementos – alvenaria e estrutura – em função do horário e orientação da
fachada.
Nota-se, tanto para a alvenaria quanto para a estrutura (Figura 48), que no Período Seco os valores
de temperatura superficial são maiores durante os horários de pico – 11 h para fachada Leste e
15 h para as demais fachadas – e menores durante a madrugada.
16,4°
35,3°
16,6°
37,0°
16,6°
39,5°
16,1°
25,1°
17,8°
32,7°
18,3°
31,6°
17,5°
36,8°
17,3°
24,8°
10,0°
15,0°
20,0°
25,0°
30,0°
35,0°
40,0°
3 h
7 h
11
h
15
h
19
h
23
h
3 h
7 h
11
h
15
h
19
h
23
h
3 h
7 h
11
h
15
h
19
h
23
h
3 h
7 h
11
h
15
h
19
h
23
h
Fachada Leste Fachada Oeste Fachada Norte Fachada Sul
Orientação das Fachadas
Tem
per
atu
ra (°C
)
Alvenaria - Período Seco Estrutura - Período Seco
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 53
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
Figura 48 – Comparação dos valores médios de temperatura na alvenaria e estrutura, nos períodos seco e chuvoso,
em função do horário e da orientação da fachada
Como observado na carta solar simplificada e adaptada para este trabalho (Figura 23b, página 33),
o caminho aparente do sol é semelhante para os dois períodos estudados, o que implica em uma
insolação semelhante para ambos. Logo, pode-se atribuir os menores valores para o período
chuvoso à maior nebulosidade existente, conforme discutido no item 4.2.
A estação meteorológica existente no local possibilitou a coleta de dados, a cada minuto, da
temperatura ambiente do local e assim foi possível compará-la com a temperatura superficial
medida nas fachadas ao longo do dia.
Para se fazer a correlação da temperatura superficial medida com a temperatura ambiente, foram
aproveitados dados de temperatura dos pontos sobre alvenaria de um dia do período seco. Tal
escolha se deu por dois motivos: pelo fato de que este período apresenta os maiores valores de
temperatura; e a amplitude térmica da alvenaria ter se mostrado superior à da estrutura.
10,0°
15,0°
20,0°
25,0°
30,0°
35,0°
40,0°3
h
7 h
11
h
15
h
19
h
23
h
3 h
7 h
11
h
15
h
19
h
23
h
3 h
7 h
11
h
15
h
19
h
23
h
3 h
7 h
11
h
15
h
19
h
23
h
Fachada Leste Fachada Oeste Fachada Norte Fachada Sul
Orientação das Fachadas
Tem
per
atu
ra (
°C)
Alvenaria - Período Seco Alvenaria - Período Chuvoso
Estrutura - Período Seco Estrutura - Período Chuvoso
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 54
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
Tabela 2 - Valores de temperatura ambiente e temperatura superficial nos pontos sobre alvenaria de um dia aleatório
do período seco
Horário Temperatura
Ambiente
Temperatura Superficial
Norte Sul Leste Oeste
03 h 12,3° 14,4° 13,6° 14,3° 13,9°
07 h 14,9° 15,7° 16,6° 17,2° 15,4°
11 h 22,7° 27,6° 20,4° 28,2° 21,7°
15 h 26,1° 36,3° 21,7° 27,2° 32,0°
19 h 21,3° 24,1° 20,0° 21,4° 22,3°
23 h 15,5° 19,5° 17,7° 18,8° 20,1°
Como os dados da estação meteorológica são coletados a cada minuto, foi feita uma média dos
valores para o mesmo horário de medição de temperatura superficial.
Desse modo, foi traçado o gráfico da Figura 49, que constata a relação entre a temperatura
ambiente e os valores de temperatura superficiais nos pontos sobre alvenaria de um dia aleatório
do período seco.
Figura 49 – Relação entre a temperatura ambiente e os valores de temperatura superficiais nos pontos sobre
alvenaria de um dia aleatório do período seco
Observa-se que a temperatura superficial de todas as fachadas acompanha a temperatura ambiente
até certo ponto, e a partir do qual se distancia da temperatura do meio. Pode-se atribuir esse
distanciamento devido à insolação na fachada, como foi mostrado pela carta solar (Figura 42).
Nota-se a elevação da temperatura superficial da fachada Leste a partir das 7 h, com o máximo às
11 h; o mesmo é visto a Norte, a partir das 8 h e se mantendo com maiores valores durante todo o
10,0°
15,0°
20,0°
25,0°
30,0°
35,0°
40,0°
00 h 04 h 08 h 12 h 16 h 20 h 24 h 28 h
Tem
per
atu
ra (
°C)
Norte
Sul
Leste
Oeste
AMBIENTE
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 55
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
dia; a Oeste, a partir de 12 h com seu pico de temperatura as 15 h; e a Sul que recebe baixa
incidência solar, se aquecendo portanto apenas devido à temperatura do meio.
4.5 MONITORAMENTO DAS FISSURAS
Os dados que serão apresentados neste tópico correspondem ao monitoramento de pontos
selecionados sobre as fissuras das diferentes fachadas, no período que se estendeu do final de
agosto ao início de setembro, correspondente ao período seco da região de Goiânia. O
monitoramento completo da atividade das fissuras - de todas as fachadas - foi realizado neste
período deliberadamente, considerando-se que neste a variação de temperatura no qual a alvenaria
e a estrutura estariam submetidas ao longo do dia seria maior que no período caracterizado como
chuvoso, e, portanto registrar-se-iam variações mais expressivas na abertura das fissuras. Esta
consideração se mostra concreta, conforme destacado na Figura 48 – Comparação dos valores
médios de temperatura na alvenaria e estrutura, nos períodos seco e chuvoso, em função do horário
e da orientação da fachada.
Durante a realização das medições já foi possível notar, a olho nu, a diferença no tamanho da
abertura das fissuras de determinadas fachadas em determinados horários. A Figura 50 mostra
duas fotos, representadas com o mesmo nível de zoom, de um ponto da fissura vertical analisado
na fachada leste às 3 h (a), e às 11 h (b).
Figura 50 - Pontos na fissura vertical analisada na fachada leste no período seco: (a) às 03 h; (b) às 11 h
(a) (b)
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 56
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
A Tabela 3 apresenta as medidas encontradas para a abertura das fissuras monitoradas no decorrer
do dia, nos horários citados no capítulo 3, item 3.2 – com a orientação das fachadas.
Tabela 3 – Medidas de abertura das fissuras monitoradas nas fachadas do edifício ao longo do dia - Período Seco
Horário Abertura das Fissuras (mm)
Norte Sul Leste Oeste
03 h 0,062 0,060 0,031 0,038
07 h 0,057 0,056 0,020 0,036
11 h 0,049 0,052 0,010 0,030
15 h 0,042 0,050 0,019 0,020
19 h 0,057 0,054 0,024 0,032
23 h 0,061 0,057 0,027 0,045
A Figura 51 relaciona os dados da Tabela 3 onde se percebe um padrão na variação das aberturas
das fissuras ao longo do dia, que começam com um valor maior às 3 h, atingindo aberturas mínimas
nos horários entre as 11 h e 15 h retornando a aberturas maiores das 23 h as 3 h. A presença deste
padrão, além de caracterizar a atividade das fissuras no decorrer do dia, indica o período de
abertura máxima das fissuras como sendo no fim da noite e durante a madrugada.
Figura 51 - Abertura das fissuras, em função do horário e da orientação da fachada – Período Seco
A Figura 52 correlaciona ainda a abertura das fissuras com as temperaturas aferidas no decorrer
do dia nas fachadas estudadas. Nela, nota-se a inversa proporcionalidade entre a variação na
temperatura da alvenaria e da estrutura e a variação nas aberturas das fissuras, onde o aumento da
0,031
0,010
0,020
0,045
0,062
0,042
0,060
0,050
0,000
0,010
0,020
0,030
0,040
0,050
0,060
0,070
3 h
7 h
11
h
15
h
19
h
23
h
3 h
7 h
11
h
15
h
19
h
23
h
3 h
7 h
11
h
15
h
19
h
23
h
3 h
7 h
11
h
15
h
19
h
23
h
Fachada Leste Fachada Oeste Fachada Norte Fachada Sul
Orientação das Fachadas
Ab
ertu
ra (
mm
)
Abertura
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 57
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
temperatura até o valor máximo medido (entre 11 h e 15 h) representa a diminuição na abertura
das fissuras até o valor mínimo registrado.
Figura 52 - Abertura das fissuras e temperatura superficial média de pontos na alvenaria e estrutura, em função do
horário e da orientação da fachada – Período Seco
Ainda na Figura 52 é possível perceber, em análise individual por fachada, que a velocidade com
qual a fissura aumenta ou diminui – indicada pela inclinação da curva traçada – obedece
inversamente à velocidade em que a temperatura varia na alvenaria e na estrutura. Desta forma,
tem-se na fachada leste um aumento acentuado na abertura da fissura das 3 h até o seu máximo às
11 h, hora em que o sol cessa sobre esta fachada, ao passo em que na fachada oeste o aumento é
lento das 3 h às 11 h, por não haver contato direto da fachada com a luz solar, atingindo o seu
máximo às 15 h e diminuindo de forma mais acelerada até as 23 h.
Já a Figura 53 apresenta as medidas de abertura das fissuras em função da temperatura média da
alvenaria ao longo do dia no período seco, para as diferentes fachadas estudadas.
0,031
0,010
0,020
0,045
0,062
0,042
0,060
0,050
16,4°
35,3°
16,6°
37,0°
16,6°
39,5°
16,1°
25,1°
0,0°
7,0°
14,0°
21,0°
28,0°
35,0°
42,0°
49,0°
0,000
0,010
0,020
0,030
0,040
0,050
0,060
0,070
3 h
7 h
11
h
15
h
19
h
23
h
3 h
7 h
11
h
15
h
19
h
23
h
3 h
7 h
11
h
15
h
19
h
23
h
3 h
7 h
11
h
15
h
19
h
23
h
Fachada Leste Fachada Oeste Fachada Norte Fachada Sul
Orientação das Fachadas
Tem
per
atu
ra (
°C)
Ab
ertu
ra (
mm
)
Abertura Temperatura - Alvenaria Temperatura - Estrutura
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 58
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
Figura 53 – Relação da abertura das fissuras com a temperatura média da alvenaria ao longo do dia – Período Seco
No gráfico da Figura 53 foram traçadas linhas de tendência, levando-se em conta os seis pontos
medidos para cada fachada, sendo possível notar uma clara predominância na inclinação das retas.
Esta predominância indica que as aberturas, apesar de inicialmente possuírem dimensões
diferentes e de estarem localizadas em fachadas sujeitas a variações de temperaturas diferentes ao
longo do dia devido à insolação, possuem comportamento bastante semelhante.
R² = 0,8521
R² = 0,7638
R² = 0,9056
R² = 0,9791
0,000
0,010
0,020
0,030
0,040
0,050
0,060
0,070
0,0° 5,0° 10,0° 15,0° 20,0° 25,0° 30,0° 35,0° 40,0° 45,0° 50,0°
Ab
ertu
ra (
mm
)
Temperatura na Alvenaria
Fachada Leste Fachada Oeste Fachada Norte Fachada Sul
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 59
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este tópico abordará a finalização do trabalho apresentado, apresentando as conclusões, as
considerações sobre a metodologia adotada para a realização desta pesquisa, bem como de algumas
sugestões de pesquisas futuras que visam o tema tratado neste trabalho.
5.1 CONCLUSÕES
Este trabalho apontou a temperatura e a umidade como fatores climatológicos que influenciam
diretamente em algumas patologias, com foco nas fissuras. Foi mostrado o comportamento de
fissuras de interface de estrutura de concreto–alvenaria, das fachadas, relacionando-as com a
variação de temperatura e umidade.
A metodologia adotada para a realização da pesquisa se mostrou adequada quanto aos resultados
de variação de temperatura e umidade; e também ao monitoramento das fissuras. Contudo, para se
obter valores absolutos reais de umidade, se faz necessário um aparelho em que seu contato se
adapte com as condições da superfície.
Os maiores valores encontrados de umidade se deram na fachada Sul, tal que recebe insolação
apenas durante alguns minutos ao dia nos dois períodos, porém, a Norte aparece na sequência dos
maiores valores de umidade, fachada que recebe insolação durante maior parte do tempo. Logo,
não existe uma simples relação inversa da umidade superficial aferida com a temperatura
superficial e insolação incidente na fachada.
A estrutura se mostra mais úmida do que a alvenaria tanto no período seco quanto no chuvoso,
exceto na fachada voltada à leste, na qual praticamente não há variação entre os valores.
Como esperado, a temperatura superficial é diretamente proporcional à temperatura do ambiente
e à incidência solar. Com os maiores valores à Norte, já que a incidência solar é mais intensa;
seguida da Leste e Oeste, com valores e incidências solares semelhantes; e por último a fachada
voltada à Sul, com a menor incidência.
A atividade da fissura é diretamente proporcional à amplitude térmica da fachada. Logo, as
fachadas Leste, Norte e Oeste possuem fissuras nas regiões de interface mais ativas do que as
fissuras na fachada Sul. Sendo tais fachadas então (L, N e O), mais susceptíveis à manifestações
patológicas devido à ação da temperatura.
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 60
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
As maiores aberturas de fissuras ocorreram durante os períodos mais frios, e as menores, nos
períodos mais quentes, devido à contração e dilatação térmica dos elementos, respectivamente.
Como visto, as fachadas do edifício estudado estão sujeitas a diferentes intensidades de umidade
e temperatura ao longo do ano e ainda, que o material utilizado no revestimento é bastante sensível
a variações de temperatura.
O seguinte trabalho, desta forma, atesta a atividade das fissuras presentes na interface da estrutura
de concreto e da alvenaria das diferentes fachadas, que agem como juntas de dilatação térmica
permitindo a movimentação do revestimento de fachada. Não se pode, entretanto, inferir que a
existência desta atividade possui relação direta com o surgimento das fissuras. Embora essa região
de interface se caracterize como um ponto singular na fachada como um todo - onde há o encontro
de materiais diferentes, que se comportam de formas distintas quando submetidas a variações de
umidade e temperatura – seriam necessárias abordagens diferentes que possibilitariam um
diagnóstico da causa do surgimento das fissuras.
Contudo, comprovou-se que a alvenaria e a estrutura se comportam de maneiras diferentes, assim,
como prevenção às fissuras nas regiões de interface entre tais elementos, deve-se impedir a
movimentação entre eles – fixando-se a alvenaria à estrutura com auxílio de ferro cabelo e/ou tela
de reforço – ou ainda, liberar a movimentação entre a alvenaria e estrutura – executando-se uma
junta de movimentação.
5.2 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS
A pesquisa realizada nesse trabalho visou relacionar a temperatura e a umidade com atividade das
fissuras de interface entre estrutura de concreto – alvenaria. Ainda neste sentido, podem-se realizar
estudos mais aprofundados a fim de obter respostas a outros questionamentos que surgiram a
respeito deste tipo de patologia. A seguir estão algumas sugestões para pesquisas futuras:
Seguir uma linha de pesquisa que confirme a causa do surgimento deste tipo de patologia
(fissuras na interface estrutura de concreto - alvenaria), e de outras patologias também.
Propor uma terapia para as fissuras tratadas neste trabalho, ou seja, com base nas causas
do surgimento destas fissuras elaborar soluções eficazes para correção, evitando o
ressurgimento das mesmas.
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 61
A.M.Martins; P.F.Pires; T.M.Silva
Realizar medições de umidade superficial com aparelhos mais sofisticados, que forneçam
valores mais precisos, para que se possam quantificar com acurácia os efeitos da variação
da umidade nos revestimentos de fachada;
Influência dos fatores climáticos na fissuração de interface estrutura de concreto-alvenaria 62
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