Cuiabá 2016 PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM CIÊNCIAS ODONTOLÓGICAS INTEGRADAS MONIQUE SOBRAL DAMIÃO INFLUÊNCIA DO ALARGAMENTO DOS TERÇOS CERVICAL E MÉDIO NA INCIDÊNCIA DE DEFEITOS NA DENTINA RADICULAR APÓS O PREPARO COM DIFERENTES SISTEMAS ROTATÓRIOS
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INFLUÊNCIA DO ALARGAMENTO DOS TERÇOS CERVICAL E … · monique sobral damiÃo influÊncia do alargamento dos terÇos cervical e mÉdio na incidÊncia de defeitos na dentina radicular
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Cuiabá 2016
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM CIÊNCIAS ODONTOLÓGICAS INTEGRADAS
MONIQUE SOBRAL DAMIÃO
INFLUÊNCIA DO ALARGAMENTO DOS TERÇOS CERVICAL E MÉDIO NA INCIDÊNCIA DE DEFEITOS NA DENTINA RADICULAR APÓS O PREPARO COM DIFERENTES
SISTEMAS ROTATÓRIOS
MONIQUE SOBRAL DAMIÃO
INFLUÊNCIA DO ALARGAMENTO DOS TERÇOS CERVICAL E MÉDIO NA INCIDÊNCIA DE DEFEITOS NA DENTINA RADICULAR APÓS O PREPARO COM DIFERENTES
SISTEMAS ROTATÓRIOS
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciências Odontológicas Integradas, da Universidade de Cuiabá – UNIC como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Ciências Odontológicas Integradas – Área de Concentração Odontologia.
Orientador: Prof. Dr. Álvaro Henrique Borges Coorientador: Prof. Dr. Fábio Luis Miranda Pedro
Cuiabá 2016
MONIQUE SOBRAL DAMIÃO
INFLUÊNCIA DO ALARGAMENTO DOS TERÇOS CERVICAL E MÉDIO NA INCIDÊNCIA DE DEFEITOS NA DENTINA RADICULAR APÓS O PREPARO COM DIFERENTES SISTEMAS
ROTATÓRIOS
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciências Odontológicas Integradas, da Universidade de Cuiabá – UNIC como requisito para
Exame de Qualificação Geral para obtenção do título de Mestre em Ciências Odontológicas Integradas – Área de Concentração Odontologia.
Orientador Prof. Dr. Álvaro Henrique Borges
__________________________________________ Orientador Prof. Dr. Álvaro Henrique Borges
__________________________________________ Membro Titular Prof. Dr. Jesus Djalma Pécora
__________________________________________ Membro Titular Profª. Drª. Tereza Aparecida Delle Vedove Semenoff
Cuiabá, 06 de maio de 2016
Conceito Final: _____________
Dedico este trabalho à minha
família que tanto me incentivou.
E aos meus mestres que me
inspiraram a seguir este
caminho.
AGRADECIMENTOS
À Deus,
Por esse amor real em minha vida, que tenho certeza que abriu todas as portas e oportunidades para que meus objetivos pudessem ser conquistados.
À minha mãe Acácia Livia Sobral,
Por estar sempre presente e demonstrado ao longo da minha vida um amor e esforço sem limites, único e incondicional! Não tenho palavras para agradecer todo carinho, incentivo, renuncias e conselhos, nunca medindo esforços para que meus sonhos pudessem se tornar reais. À senhora, minha eterna gratidão. Meu eterno amor!
Aos meus irmãos Tiago Sobral Damião e Edson Rossatto Júnior,
Por existirem em minha vida, compartilhar dos meus sonhos, busca-los junto comigo e me dar um apoio incondicional.l Meus melhores amigos, amo vocês.
Ao meu namorado Eduardo Pires de Camargo,
Por estar do meu lado e sempre apoiar minhas decisões. Pela sua paciência e dedicação a me ajudar sempre. Por todo amor a mim entregue e por ser um companheiro de verdade. Amo você.
Ao meu orientador Prof. Dr. Álvaro Henrique Borges,
Pela oportunidade de realizar o mestrado sob sua orientação, pela sua paciência, e por todos os ensinamentos, conselhos, e crescimento que o senhor me proporcionou nessa fase da minha vida. Obrigada por acreditar em mim. O senhor sempre teve e sempre terá minha admiração.
Ao Thiago Machado Pereira,
Por toda ajuda, ensinamentos e incentivos transferidos a mim nesse período de mestrado. Por ter se tornado um grande amigo.
A todos Profs. que participaram da minha formação no curso de Mestrado em ciências odontológicas integradas da Universidade de Cuiabá. Profs. Drs. Alessandra Nogueira Porto, Alex Semenoff-Segundo, Alexandre Borba, Andreza Maria Aranha, Cyntia Rodrigues de Araújo Estrela, Evanice Menezes Vieira, Evaristo Ricci Volpato, Fábio Luís Miranda Pedro, Mateus Rodrigues Tonetto, Orlando Aguirre Guedes, Tereza Aparecida Delle Vedove Semenoff.
Pelos ensinamentos transmitidos e convivência enriquecedora. Pela forma atenciosa, prestativa e gentil com que sempre elucidaram minhas dúvidas.
Aos companheiros da turma de Mestrado,
Que na busca de um mesmo ideal formamos uma turma de amigos. Obrigada pela ajuda e companheirismo de todos. Em especial aos meus amigos “Flavinho e Ka”.
À minha amiga Kássia Moura,
Pelo apoio incondicional, pela ajuda e incentivo ao longo desse período de mestrado e por ser uma verdadeira irmã. Amo você.
Aos meus amigos,
“Ser amigo não é coisa de um dia, são atos, palavras e atitudes, que se solidificam no tempo e não se apagam. Que ficam para sempre como tudo que é feito de coração aberto”. Pelas inúmeras demonstrações de amizade ao longo desses anos de convivência
À Cátia Balduino Ferreira, assistente administrativo, do Mestrado em Ciências Odontológicas Integradas, obrigado por todo auxílio, pela paciência infinita, profissionalismo, carinho e amizade.
À Coordenadoria de pesquisa e pós-graduação,
Na pessoa da coordenadora Lucélia de Oliveira Santos.
À Diretoria de pesquisa e pós-graduação,
Na pessoa do diretor Hélio Hiroshi Suguimoto.
À Faculdade de Odontologia de Cuiabá da Universidade de Cuiabá (FOC-UNIC),
Na pessoa do Coordenador Fábio Luís Miranda Pedro.
À Universidade de Cuiabá (UNIC),
Na pessoa do Reitor Fernando Ciriaco Dias Neto.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior–CAPES,
Pelo incentivo à pesquisa científica, indispensável ao desenvolvimento deste trabalho.
Obrigada a todos que, de alguma forma, colaboraram para realização deste trabalho!
“O período de maior ganho em
conhecimento e experiência é o
período mais difícil da vida de
alguém”. Dalai Lama
RESUMO
RESUMO
DAMIÃO, MS. INFLUÊNCIA DO ALARGAMENTO DOS TERÇOS CERVICAL E MÉDIO NA INCIDÊNCIA DE DEFEITOS NA DENTINA RADICULAR APÓS O PREPARO COM DIFERENTES SISTEMAS ROTATÓRIOS 2016. 103f. Dissertação (Mestrado em Ciências Odontológicas Integradas) Programa de Pós Graduação, Universidade de Cuiabá – UNIC, Cuiabá 2016.
O objetivo desse estudo ex vivo foi analisar a formação de defeitos dentinários durante a instrumentação de canais radiculares com diferentes sistemas de preparo endodôntico, entre eles, ProTaper Universal, ProTaper Next, WaveOne, Reciproc, Profile e Limas K com cinemática oscilatória, com ou sem a realização do alargamento prévio dos terços cervical e médio. Cento e oitenta e cinco incisivos centrais superiores humanos extraídos foram distribuídos aleatoriamente em 12 grupos (n=15) de acordo com o sistema a ser utilizado no preparo do canal radicular, e com a realização do alargamento prévio dos terços cervical e médio. Os canais radiculares foram instrumentados seguindo as instruções dos fabricantes. O alargamento dos terços cervical e médio foi executado pelas brocas LA Axxess 35.06. Água bidestilada foi usada como irrigante. Todas as raízes foram seccionadas horizontalmente em 2, 4 e 6 mm a partir do ápice radicular. Os espécimes foram corados com azul de metileno a 1% para detecção de defeitos. Após lavadas, as amostras foram secas e analisadas por meio de estéreo microscópio com magnificação de 25x. As imagens digitais foram inspecionadas e os defeitos foram categorizados como “nenhum defeito”, “fratura radicular” e “outros defeitos”. As comparações foram efetivadas através da análise de variância (ANOVA) e teste de Tukey. Foi possível observar que o instrumento WaveOne apresentou maior número de fraturas (p<0,05), no entanto, não foi estatisticamente diferente quando comparado ao Reciproc (p>0,05). Os instrumentos ProTaper Next e ProTaper Universal e Profile apresentaram resultados intermediários, sem diferença significativa entre si (p>0,05). As limas tipo K apresentaram o menor número de fraturas (p<0,05) Em relação à formação de trincas dentinárias, o instrumento WaveOne promoveu maior número de defeitos, no entanto, não foram observadas diferenças significativas com os resultados dos instrumentos Reciproc e as limas do sistema ProTaper Universal (p>0,05). Foi possível observar que a realização do alargamento do terço cervical diminui significativamente a quantidade de defeitos em dentina radicular quando comparado cada instrumento entre si (p<0.05). Conclui-se que todos os instrumentos utilizados nesse estudo criaram defeitos dentinários. No entanto, o instrumento rotatório WaveOne tende a causar mais fraturas e defeitos na dentina quando comparado aos demais instrumentos.
Palavras-chave: Endodontia. Tratamento do Canal Radicular. Preparo de Canal Radicular. Instrumentos Odontológicos.
ABSTRACT
ABSTRACT
MONIQUE, MS. THE INFLUENCE OF PREFLARING IN DENTINAL DEFECT AFTER ROOT CANAL PREPARATION WITH DIFFERENT ROTATORY SYSTEMS 2016. 103p. Dissertation (Master's Degree in Integrated Dental Clinic) Post-Graduate Program, University of Cuiabá – UNIC, Cuiabá, 2016.
The aim of this ex vivo study was to analyze the formation of dentinal defects during root canal instrumentation with different endodontic preparation systems, including, ProTaper Universal, ProTaper Next, WaveOne, Reciproc, Profile and K files actioned by oscillatory kinematics, with or without performing preflaring. One hundred eighty-five extracted human maxillary central incisors were randomly divided into 12 groups (n=15), according to the system to be used in the preparation of the root canal, and the completion of the previous preflaring Root canals were instrumented following the manufacturer’s instructions. Drills LA Axxess 35.06 executed the Preflaring. Double distilled water was used as irrigating. All roots were sectioned horizontally into 2, 4 and 6 mm from the root apex. The specimens were stained with 1% methylene blue for defect detection. After washing, the samples were dried and analyzed by stereo microscope at magnification of 25x. Digital images were inspected and the defects were classified as "no fault", "root fracture" and "other defects". Comparisons were effected by analysis of variance (ANOVA) and Tukey test. It was observed that the WaveOne showed greater number of fractures (p<0.05), however, it was not statistically different when compared to Reciproc (p>0.05). ProTaper Next, ProTaper Universal and Profile showed intermediate results, with no significant difference between them (p>0.05). The K files showed the lowest number of fractures (p<0.05) Regarding formation of dentinal cracks, WaveOne promoted greater number of defects, however, no significant differences were observed on Reciproc and ProTaper Universal (p>0.05). It was observed that the realization of Preflaring significantly reduces the number of defects in root dentin compared each instrument each other (p<0.05). It follows that all the instruments used in this study create dentinal defects. However the rotary instrument WaveOne tends to cause more fractures and defects in dentin when compared to other instruments.
Figura 1 Presença de fraturas de acordo com os instrumentos endodônticos
60
Figura 2 Presença de trincas de acordo com os instrumentos endodônticos
61
Figura 3 Influência dos preparos de tercos cervical e médio na formação de fraturas, de acordo com o instrumento empregado.
62
Figura 4 Influência do preparo do terço cervical na presenca trincas na dentina, após o preparo com os diferentes instrumentos
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LISTA DE ABREVIATURAS
LISTA DE ABREVIATURAS
# Número
µm Micrômetros
AET Tecnologia anatômica endodôntica
CI Irrigação convencional
CT Comprimento de trabalho
EDTA Ácido etilenodiaminotetracético
EUA Estados Unidos da América
G Calibre da agulha
g Gramas
ga Agulha
GG Gates-Glidden
HF HyFlex CM
IAI Instrumento apical inicial
IME Índice de modelo de estrutura
IR iRace
ITA Índice de transporte apical
IUP Irrigação ultrassônica passiva
LA LA Axxess
mCT Micro tomógrafo computadorizado
MEV Microscópio eletrônico de varredura
Mg Miligramas
mL Mililítros
Mm Milímetros
NaOCl Hipoclorito de sódio
Ni-Ti Níquel-titânio
OS Orifice Shaper
Pol Polegadas
PPC Ciclos push-pull
PTN ProTaper Next
PTU ProTaper Universal
REC Reciproc
Rpm Rotações por minuto
s Segundos
SAF Self-Adjusting File
SPC Sem preparo cervical
TF Twisted Files
TTF Tempo para fratura
UFC Unidades formadoras de colônia
VAS Escala visual analógica
VPro VPro Endosave
WO WaveOne
SUMÁRIO
SUMÁRIO
1.1
INTRODUÇÃO
20
1.2 MATERIAL E MÉTODOS 24
1.3 RESULTADOS 30
1.4 DISCUSSÃO 35
1.5 CONCLUSÕES 40
1.6 REFERÊNCIAS DO ARTIGO 42
2 REVISÃO DE LITERATURA 45
2.1 ALARGAMENTO DOS TERÇOS CERVICAL E MÉDIO 45
2.2 FORMAÇÃO DE DEFEITOS NA DENTINA RADICULAR APÓS O TRATAMENTO ENDODÔNTICO
52
2.1 REFERÊNCIAS DA REVISÃO DE LITERATURA 75
ANEXOS 81
1.1 INTRODUÇÃO
20
1. INTRODUÇÃO
A Endodontia estuda a morfologia, fisiologia e patologias correlacionadas à
polpa dentária, bem como sua relação com as demais estruturas dentais e
periodontais (BRAMANTE et al., 2004). A terapia endodôntica visa a modelagem do
canal radicular com manutenção da forma original propiciando a obturação
tridimensional (ZANDBIGLARI et al., 2005). A sanificação dos canais radiculares, por
meio da eliminação de microrganismos e seus subprodutos e dos resíduos pulpares,
é também objetivo do tratamento endodôntico (ESTRELA et al., 2009). Técnicas de
preparo e instrumentos são desenvolvidos no sentido de maior precisão, menor
tempo clínico no tratamento e menores riscos de acidentes, como irregularidades,
perfurações e fraturas de instrumentos, otimizando o tratamento endodôntico
(CASTELLÓ-ESCRIVÁ et al., 2012). No entanto, ainda não há parâmetros bem
definidos entre as escolhas de técnicas e sua realização (ESTRELA et al., 2009).
A complexa anatomia interna, o grau de curvatura e a determinação do real
diâmetro anatômico representam os principais desafios no preparo de canais
radiculares (PÉCORA et al., 2005). Estão presentes na atualidade equipamentos e
técnicas para o preparo dos canais radiculares e o mais preconizado inclui o avanço
progressivo em sentido apical, a partir do alargamento cervical (SILVEIRA et al.,
2008). Isto se dá, pois, proporcionam abordagem gradual em direção à extremidade
apical do canal radicular, permitindo expressiva melhora na qualidade da forma do
preparo (SIQUEIRA, 2003). A seleção do instrumento ideal depende da adequada
inter-relação entre o conhecimento da anatomia interna, domínio da técnica
operatória e análise das características do instrumento (PÉCORA et al., 2005). Esse
perfeito equilíbrio durante a seleção do instrumento frente às dificuldades
encontradas no canal radicular a ser preparado evita acidentes e erros que podem
ser incorrigíveis (SANFELICE et al., 2010, MARTINHO et al., 2014). Os instrumentos
manuais são rígidos e podem falhar na preparação principalmente em canais com
curvaturas acentuadas. Sendo assim, técnicas com instrumentos rotatórios de
níquel-titânio foram desenvolvidas para melhorar o preparo do canal radicular.
Avanços no desenvolvimento de instrumentos flexíveis e novos sistemas rotatórios
de Ni-Ti com características significativas como a superelasticidade e o efeito
memória contribuíram para expressiva melhora na qualidade da forma do preparo
21
(BONACCORSO et al., 2009). As limas únicas de níquel-titânio com cinemática
reciprocante apresentam maior flexibilidade, são mais eficazes, demandam menos
tempo de trabalho e redução do estresse profissional, simplificando a sequência
operatória (CASTELLÓ-ESCRIVÁ et al., 2012).
Os usos de instrumentos endodônticos ampliam o diâmetro do canal,
removendo todas as irregularidades das paredes dentinárias, com excisão de
dentina, promovendo forma contínua, desde a porção cervical até a apical
(BARROSO et al., 2005). O alargamento prévio dos terços cervical e médio consiste
no preparo destas porções radiculares, previamente à instrumentação dos canais
radiculares, removendo as formações contínuas e progressivas de dentina no soalho
da câmara pulpar, que diminuem o diâmetro do canal radicular, principalmente no
seu terço cervical (PHILIPPAS, 1961). Ele fornece acesso retilíneo do instrumento
até o terço apical, reduzindo as possibilidades de acidentes durante as manobras do
preparo biomecânico (TORABINEJAD et al., 1994). Além disso, o alargamento
prévio adequado define com precisão qual instrumento apical inicial deve ser usado,
e também resulta na avaliação mais precisa do comprimento de trabalho (WU et al.,
2002; SANFELICE et al., 2010). No entanto, a contínua e progressiva formação de
dentina na câmara pulpar, estreita o diâmetro do canal radicular, principalmente no
terço cervical (PÉCORA et al., 2005). É uma das interferências negativas nessa
ação terapêutica (BAUGH; WALLACE, et al., 2005). Por isso, pesquisas indicam que
o alargamento prévio do terço cervical do canal radicular, quando da identificação do
IAI (Instrumento apical inicial), com a eliminação de possíveis interferências, melhora
ou oferece aspectos positivos numa melhor identificação do IAI (PÉCORA et al.,
2005; BARROSO et al., 2005; VANNI et al., 2005; IBELLI et al., 2007; PIRES et al.,
2013). Ao longo do tempo, vários instrumentos endodônticos têm sido propostos
para realização do preparo cervical, tais como as brocas Gates-Glidden, limas
Hedströem, alargadores de níquel-titânio manuais e rotatórios (HÜLSMANN, BLUHM
2004; PÉCORA et al., 2005; BARROSO et al., 2005; VANNI et al., 2005; IBELLI et
al., 2007; PIRES et al., 2013).
Muitos procedimentos realizados durante o preparo biomecânico podem levar
a formação de defeitos na parede do canal, e até mesmo levar à fratura completa do
elemento dental (SHEMESH et al. 2009). Entre eles, podemos citar: diferentes
22
manobras durante o preparo, instrumentos endodônticos, alta concentração do
hipoclorito de sódio e técnica de obturação (HIN et al., 2013). Portanto, devido ao
grande avanço tecnológico que a endodontia vem apresentando, com a criação de
novos motores com movimentos reciprocantes e limas específicas para o preparo
biomecânico dos canais radiculares, torna-se importante estudar a possibilidade
desses instrumentos em gerar defeitos dentinários ao longo das paredes do canal
radicular. O estudo torna-se ainda mais relevante, pois esses defeitos são potenciais
precursores de fraturas radiculares verticais e podem ser determinantes para
manutenção do dente na cavidade oral. Esta pesquisa foi realizada com objetivo de
analisar a formação de defeitos dentinários durante a instrumentação de canais
radiculares com diferentes sistemas de preparo endodôntico, entre eles, ProTaper®
Universal®, ProTaper Next®, WaveOne®, Reciproc®, Profile® e limas K® com
cinemática oscilatória, com ou sem a realização do alargamento dos terços cervical
e médio.
1.2 MATERIAIS E MÉTODOS
24
1.2 MATERIAIS E MÉTODOS
A etapa experimental desta pesquisa foi realizada no Laboratório de Mestrado
em Ciências Odontológicas Integradas da Faculdade de Odontologia da
Universidade de Cuiabá (UNIC). Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê
de Ética em Pesquisa da Universidade de Cuiabá, Brasil (CAAE
27230214.6.0000.5165).
OBTENÇÃO E SELEÇÃO DAS AMOSTRAS
Foram selecionados para este estudo, 185 dentes incisivos centrais
superiores hígidos, obtidos no Banco de Dentes da Faculdade de Odontologia da
Universidade de Cuiabá (anexo). Nos critérios de inclusão foram selecionados
dentes com canal único com forame apical único, cavidade pulpar intacta,
rizogênese completa e ausência de canais radiculares mineralizados, ausência de
coroa protética ou pino intrarradicular, ausência de reabsorções radiculares (internas
e/ou externas), ausência de tratamento endodôntico prévio, comprovados por meio
de exame radiográfico nos sentidos mésio-distal e vestíbulo-lingual. A visualização
do ápice radicular foi realizada com auxílio de lupa estereoscópica de modelo NSZ-
606TF (Coleman, Santo André, SP, Brasil) em magnificação de 20x. Foi realizada a
exploração do canal radicular com auxílio de lima tipo K #08 (Dentsply Maillefer,
Ballaigues, Suíça). Com o propósito de gerar maior padronização da amostra, foram
incluídos apenas espécimes com o comprimento entre 20 e 22 mm confirmados pelo
uso de régua milimetrada (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça).
As amostras foram armazenadas em solução de timol a 0,1% em temperatura
de 9◦C. No momento do experimento, os espécimes foram lavados em água corrente
por 48 horas com o objetivo de remover traços da solução de timol, e secos com
toalhas de papel absorvente (Johnson & Johnson, São José dos Campos, SP,
Brasil). Para determinação do ângulo de curvatura de cada uma das raízes foi
utilizado o método de Schneider (1971). Para determinação do raio de curvatura dos
dentes a metodologia proposta por Estrela et al.(2008) foi utilizada. Foram incluídos
apenas dentes com raio de curvatura maior que 8 mm. O ligamento periodontal foi
25
simulado de acordo com o experimento de Soares et. al. (2005), por meio de
material de impressão.
DELINEAMENTO EXPERIMENTAL
Inicialmente, foi realizada a cirurgia de acesso com brocas esféricas
diamantadas números 1012, 1013 e/ou 1016 HL (KG- Sorensen, São Paulo, Brasil),
acopladas ao motor de alta rotação (Dabi Atlante, Ribeirão Preto, SP, Brasil) sob
refrigeração. A exploração de cada canal radicular foi realizada com auxílio de lima
tipo K #15 (Dentsply/Maillefer, Ballaigues, Suíça) em toda a sua extensão, até obter-
se a visualização do instrumento endodôntico através do forame apical. Deste
comprimento foi recuado um milímetro, para obtenção do comprimento real de
trabalho de cada amostra, sendo o ponto de referência utilizado como parâmetro
para essa determinação a borda incisal.
No grupo controle, os dentes não foram preparados. A seguir, os dentes
foram distribuídos aleatoriamente em 12 grupos (n= 15), da seguinte forma:
Grupo 1- ProTaper Universal® (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça) com
sequência S1 e S2 (1 mm aquém do comprimento de trabalho) e F1 (20/.07),
F2 (25/.08), F3 (30/.09) e F4 (40/.06), com o alargamento de terços cervical e
médio realizados pelas brocas LA Axxess 35.06 (SybronEndo, Glendora,
EUA);
Grupo 2- ProTaper Universal® (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça) com
sequência S1 e S2 (1 mm aquém do comprimento de trabalho) e F1 (20/.07),
F2 (25/.08), F3 (30/.09) e F4 (40/.06), sem o alargamento de terços cervical e
médio;
Grupo 3- WaveOne® (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça) Large (40/.08),
com o alargamento de terços cervical e médio realizados pelas brocas LA
Axxess 35.06 (SybronEndo, Glendora, EUA);
Grupo 4- WaveOne® (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça) Large (40/.08),
sem o alargamento de terços cervical e médio;
26
Grupo 5- Reciproc® (VDW, Munique, Alemanha) (40/.06), com o alargamento
de terços cervical e médio realizados pelas brocas LA Axxess 35.06
(SybronEndo, Glendora, EUA);
Grupo 6- Reciproc® (40/.06), sem o alargamento de terços cervical e médio;
Grupo 7- ProTaper Next® (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça) com
sequência de X1 (20/.07), X2 (25/.08) X3 (30/.09) e X4 (40/.06), com o
alargamento de terços cervical e médio realizados pelas brocas LA Axxess
35.06 (SybronEndo, Glendora, EUA);
Grupo 8- ProTaper Next® (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça) com
sequência de X1 (20/.07), X2 (25/.08) X3 (30/.09) e X4 (40/.06), sem o
alargamento de terços cervical e médio;
Grupo 9- Limas K (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça) com sequência de
15, 20, 25, 30, 35 e 40, com o alargamento de terços cervical e médio
realizados pelas brocas LA Axxess 35.06 (SybronEndo, Glendora, EUA);
Grupo 10- Limas K (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça) com sequência de
15, 20, 25, 30, 35 e 40, sem o alargamento de terços cervical e médio;
Grupo 11- Profile® (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça) com sequência de
15/.04, 20/.04, 25/.04, 30/.04, 35/.04 e 40/.04, com o alargamento de terços
cervical e médio realizados pelas brocas LA Axxess 35.06 (SybronEndo,
Glendora, EUA);
Grupo 12- Profile® com sequência de 15/.04, 20/.04, 25/.04, 30/.04, 35/.04 e
40/.04, sem o alargamento de terços cervical e médio.
Os instrumentos ProTaper Universal, WaveOne, Reciproc, ProTaper Next e
Profile foram acionados pelo motor X-Smart Plus® (Dentsply Maillefer, Ballaigues,
Suíça), com padrões determinados pelo fabricante. As limas do tipo K foram
acionadas por cinemática oscilatória utilizando contra ângulo de redução TEP
SUPER-NSK® (Nakanishi, Tochigi-ken, Japão) acoplado a um micromotor intramatic
181DBN (Kavo Ind. Com. Ltda., Joinville, SC, Brasil). Para os grupos com os
alargamentos cervical e médio, as brocas LA Axxess (SybronEndo, Glendora, EUA)
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foram acionadas com micromotor Intramatic 2068 (Kavo Ind. Com. Ltda., Joinville,
SC, Brasil) e peça de mão 181DBN a 5.000 rpm, e utilizadas até que a resistência à
penetração adicional foi detectada, o que resultou em profundidade de pré-
alargamento final variando de 12 a 14 mm.
Os canais radiculares, em todos os grupos, foram irrigados com água
bidestilada, levada ao canal radicular por meio de uma seringa de irrigação Navitip
31 ga (Ultradent Products Inc., South Jordan, EUA). Entre o uso de cada
instrumento, o canal foi irrigado com 2 mL da solução. Concluído o preparo, todos os
canais radiculares receberam irrigação final de 3 mL de água bidestilada e a
patência foi verificada utilizando uma lima K 10 (Dentsply Maillefer, Ballaigues,
Suíça).
Cada instrumento foi utilizado para preparar apenas um canal radicular. Uma
vez que o instrumento alcançou o comprimento de trabalho com rotação livre, este
foi removido. Neste ponto, a instrumentação foi julgada completa (para os sistemas
de cinemática reciprocante) ou o instrumento seguinte da sequência foi utilizado
(para os sistemas de limas múltiplas). Todos os preparos de canal radicular foram
completados por um operador, especialista em endodontia, com tempo de prática
maior que dez anos. Previamente a realização deste experimento foi realizado um
estudo piloto, contendo 5 amostras, posteriormente descartadas, para fins de
calibragem e teste do modelo metodológico. Os resultados do estudo piloto não
foram considerados neste experimento.
SECCIONAMENTO, COLORAÇÃO e EXAME DAS RAÍZES
O material que simulou o ligamento periodontal foi removido, e todas as
raízes foram seccionadas perpendicularmente ao seu longo eixo a 2, 4, e 6 mm do
forame apical, com o auxílio de disco diamantado de dupla face nº 7020 (KG
Sorensen, Barueri, SP, Brasil), com micro motor e peça reta, em baixa velocidade
sob refrigeração da peça reta e resfriamento com água na direção do corte. Os
discos de dentes foram corados com azul de metileno a 1% (Farmácia Phloraceae,
Cuiabá, MT, Brasil) para detecção de defeitos (Helvacioglu-Yigit et al.., 2015). Após
lavados com água destilada, os discos foram secos com papel absorvente e
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analisados por meio de microscópio estereoscópico (Expert DN; Müller Optronic,
Erfurt, Alemanha) com ampliação de 25X. Todos os discos foram fotografados com
câmera digital (AxioCam ICc 3, Carl Zeiss, Jena, Alemanha) acoplada ao
microscópio. As imagens digitais foram inspecionadas e os defeitos registrados de
acordo com: "nenhum defeito", "trinca" e "fratura" (Shemesh et al., 2009). "Nenhum
defeito" foi definido como a dentina da raiz desprovida de quaisquer rachaduras ou
linhas em que tanto a superfície externa do canal radicular e a parede do canal
radicular interna não tinham defeitos. “Trinca" foi definida como uma linha que se
estende a partir do espaço do canal radicular e não vai até a superfície externa da
raiz. “Fratura" foi definida como uma linha que se estende a partir do espaço do
canal radicular com a superfície externa da raiz. Quarenta e cinco imagens foram
analisadas, em cada grupo experimental. Foi realizado exame duplo cego, por 2
examinadores calibrados que avaliaram as secções no microscópio estereoscópico
(Expert DN; Müller Optronic, Erfurt, Alemanha) e fotografaram todas as amostras
que apresentaram defeitos. Em caso de discordância quanto à presença e a
classificação do defeito, foi buscado o consenso por meio de novas análises entre os
examinadores.
ANÁLISE ESTATÍSTICA
Para análise estatística dos resultados, as médias da quantidade de defeitos
após o preparo do canal radicular com os instrumentos endodônticos e preparo dos
terços cervical e médio foram anotadas. Os dados originais foram submetidos a
testes preliminares, visando verificar a normalidade da amostra, com auxílio do
software IBM- SPSS (IBM) 22.0. Quando a distribuição amostral foi normal, aplicou-
se a análise de variância. Na sequência, aplicou-se o teste complementar de Tukey,
no sentido de verificar quais materiais seriam diferentes entre si, com nível de
significância de 5%. O grau de concordância da observação de defeitos foi realizado
por meio de teste kappa, com nível de 10%.
1.3 RESULTADOS
30
4. RESULTADOS
O valor do coeficiente de kappa foi de 0.89, o qual demonstrou excelente grau
de concordância entre os observadores. Não foram observados defeitos em dentina
nas amostras do grupo controle.
Na figura 1, considerando as fraturas foi possível observar que o instrumento
WaveOne® apresentou maior número de fraturas, no entanto, não foi
estatisticamente diferente quando em comparação ao Reciproc® (p>0,05). Os
instrumentos Protaper Next®, ProTaper Universal® e Profife® apresentaram
resultados intermediários, sem diferenças significantes entre si (p>0,05). As limas do
tipo K apresentaram o menor número de fraturas (p<0,05).
Figura 1- Presença de fraturas de acordo com os instrumentos endodônticos.
31
Quando considerado as trincas (Figura 2), foi possível observar que o
instrumento WaveOne® promoveu mais defeitos dentinários comparado com outros
sistemas, no entanto não foram observadas diferenças significativas entre o
Reciproc® e as limas do ProTaper Universal® (p>0,05). As limas do tipo K
apresentaram menos defeitos dentinários, mas não apresentaram diferenças
significantes quando em comparação aos instrumentos Protaper Next® e Profile®
(p>0,05).
Figura 2- Presença de trincas de acordo com os instrumentos endodônticos.
32
Na figura 3, foi possivel observar que o preparo do terço cervical diminiu
significantemente a quantidade de fraturas, de acordo com o instrumento utilizado.
Figura 3- Influência do alargamento de tercos cervical e médio na formação de fraturas, de acordo
com o instrumento empregado (p<0.05).
Na figura 4, o alargamento de tercos cervical e médio diminuíram a
quantidade de trincas na dentina, quando comparado cada instrumento entre si
(p<0.05).
Figure 3- Influência do alargamento do terço cervical e médio na incidência de fraturas na dentina,
após o preparo com os diferentes instrumentos.
Com alargamento de terços cervical médio
Sem alargamento de terços cervical médio
Limas K Profile®
ProTaper Next
ProTaper Universal
Reciproc®
WaveOne One®
33
Figure 4- Influência do alargamento do terço cervical e médio na incidência de trincas na dentina,
após o preparo com os diferentes instrumentos.
Figure 4- Influência do alargamento do terço cervical e médio na incidência de trincas na dentina, após o preparo com os diferentes instrumentos.
Lima K Profile®
ProTaper
Next ProTaper
Universal Reciproc WaveOne
Com alargamento de terços cervical médio
Sem alargamento de terços cervical médio
1.4 DISCUSSÃO
35
5. DISCUSSÃO
A instrumentação tem como objetivo a remoção dos tecidos pulpares, debris e
microrganismos, e consequente ampliação cônica que permita a obturação
tridimensional dos canais radiculares (SHILDER, 1974). Nesse contexto, o corte da
dentina associado à condensação da guta percha com força excessiva geram
tensão e estresse nas paredes dentinárias e podem causar danos resultando em
trincas e/ou fraturas (ADORNO et al., 2013). O presente estudo teve por objetivo
investigar: (i) a relação da incidência de defeitos na dentina radicular com as
características do instrumento endodôntico [desenho, conicidade e cinemática
(rotação contínua, reciprocidade e oscilatório)]; e também (ii) a influência do
alargamento dos terços cervical e médio. Os resultados mostraram que o tipo de
instrumento, associado à cinemática, utilizado durante o preparo do canal radicular,
e o preparo dos terços cervical e médio influenciaram na incidência de defeitos na
dentina radicular. Dessa forma, as hipóteses nulas desse estudo foram rejeitadas.
Os resultados de estudos in vitro são importantes para determinação de
parâmetros de condutas clinicas. O ligamento periodontal funciona como
amortecedor, hidráulico ou de choque, das tensões geradas e também distribui as
forças mastigatórias sobre os tecidos de suporte dentário proporcionando mudanças
no padrão e alta resistência às fraturas (SOARES et al., 2005). Nesse estudo, o
ligamento periodontal e o alvéolo dentário foram reproduzidos, durante o preparo
dos canais radiculares, para simulação da distribuição de forças ao redor das raízes,
de acordo com a metodologia empregada por Soares et al. (2005). Outro ponto da
metodologia está relacionado ao grupo controle. Foi possível observar ausência de
defeitos na estrutura da dentina radicular, após a realização dos métodos de cortes.
Isso denota que os defeitos observados nos grupos testes não foram induzidos
pelos instrumentos que realizaram o preparo (limas) e alargamentos cervical e médio
(broca LA Axxess). Resultados similares foram determinados por Bier et al. (2009) e
Hin et al. (2013).
Além de permitir avaliação mais precisa do diâmetro anatômico apical, o
alargamento prévio dos terços cervical e médio possibilita acesso mais retilíneo do
instrumento endodôntico e reduz as possibilidades de formação de degraus,
transportes apicais, perfurações e fraturas dos instrumentos (PÉCORA et al., 2005;
TENNERT et al., 2010). Até o momento, a relação dessa variável com a formação de
36
defeitos na dentina radicular não foi estabelecida na literatura. Vários instrumentos
estão disponíveis para esse fim, entre os quais, as brocas LA Axxess (PÉCORA et
al., 2004). Neste estudo, o alargamento dos terços cervical e médio foi executado
pelo instrumento LA Axxess (35.06). Os resultados deste estudo demonstraram, em
todos os grupos, que o alargamento prévio dos terços cervical e médio reduziu a
quantidade de defeitos (tanto trincas quanto fraturas) na dentina radicular. As
características desse instrumento [desenho, propriedade da liga metálica e “modus
operandi”, conicidade (0.06), ponta inativa, desenho da parte ativa] permitem a
remoção de todas as interferências cervicais de forma segura e com manutenção da
integridade das paredes dos canais, sem riscos de perfuração ou produção de
paredes finas (PÉCORA et al., 2004; SANFELICE et al., 2010; DUARTE et al., 2011;
FLORES et al., 2013).
Inúmeros instrumentos são oferecidos no mercado com o intuito de facilitar a
realização do tratamento endodôntico e aumentar os índices de sucesso. Os
sistemas endodônticos investigados nesta pesquisa foram distribuídos em grupos de
acordo com a realização do alargamento prévio dos terços cervical e médio. Foi
possível verificar que os maiores valores médios de defeitos na dentina radicular
foram observados quando da utilização de instrumentos Reciproc e WaveOne, sem
a realização do alargamento prévio. O movimento reciprocante tem tendência
centralizada e uniforme de preparo do canal radicular e, dessa forma, ocorre maior
área de contato entre o instrumento e as paredes do canal, quando em comparação
com a rotação contínua (FRANCO et al., 2011). Em particular, o instrumento
WaveOne tem secção transversal triangular convexa modificada na ponta e secção
triangular convexa na porção média e coronal, com capacidade de corte nos
sentidos horário e anti-horário, e aumento nas tensões geradas durante o preparo
(FRANCO et al., 2011; PLOTINO et al., 2012). O instrumento Reciproc possui
secção transversal em forma de “S”, com dois ângulos de corte, que proporciona
maior desgaste e assim, redução da espessura das paredes da dentina radicular
(BÜRKLEIN et al., 2012). A constituição da liga metálica (M-Wire) dos instrumentos
reciprocantes estudados supostamente poderia estar associado com menor índice
de defeitos. No entanto, nesse estudo essa situação não foi observada. Por ser
tratar de canais amplos e retos, esse fator pode não ter interferido, e está em
consonância com os resultados de Bürklein et al. (2013) que observaram mais
37
defeitos com instrumentos reciprocantes quanto em comparação aos de rotação
contínua.
Comparando os instrumentos de rotação continua, os instrumentos do tipo
Profile formaram menor número de defeitos. O sistema Profile apresenta parte ativa
com conicidade constante, com aumento, de D0 para D16, de 0.04 milésimos de
milímetro a cada milímetro, sem ganho de massa metálica muito acentuado (da
CUNHA PEIXOTO et al., 2010). O instrumento apresenta secção transversal em
forma de “U”, presença de guias radiais e ponta inativa. Dessa forma, o instrumento
toca menos as paredes do canal radicular, durante o preparo, promovendo menor
número de defeitos na dentina (SINGLA et al., 2010). Entre os instrumentos da
família Protaper, não foram encontradas diferenças significantes. Esse fato pode ser
relacionado ao diâmetro anatômico dos dentes estudados (incisivos centrais
superiores), em torno de 550 micrometros (WU et al., 2002), proporcionando menor
contato da lima com a parede dentinárias. Os instrumentos Protaper são
confeccionados com conicidade múltipla e progressiva, no mesmo instrumento.
Durante o preparo, há maior fricção do instrumento contra as paredes do canal
radicular, especialmente nos terços cervical e médio, devido à conicidade nestas
porções, e consequente alta tensão compressiva na dentina levando a formação de
defeitos dentinários (BIER et al., 2009). O sistema ProTaper Universal apresenta
instrumentos com guia da ponta mais arredondada, ausência de ângulo de transição
e a seção transversal do instrumento F3 em formato de “U”, conferindo melhor
flexibilidade e segurança (MIYAI et al., 2006). O ProTaper Next é fabricado com liga
metálica do tipo M-Wire e secção transversal retangular excêntrica, o que lhe
confere movimento de “serpente” no interior do canal radicular, permitindo mínimo
contato entre a lima e a dentina (CAPAR et al., 2014).
Nesse estudo, as limas do tipo K, em movimento oscilatório, produziram
menos defeitos em dentina, comparativamente aos instrumentos movimentados
tanto em rotação contínua quanto em reciprocidade. Nesse contexto, a literatura se
mostra escassa em relação à utilização de limas tipo K acionadas por cinemática
oscilatória. Adorno et al. (2013) observaram a formação e propagação de defeitos
em dentina, após instrumentação manual com limas K e procedimentos de
obturação. A dilatação apical e a conicidade da lima estão diretamente relacionadas
à quantidade de dentina removida e consequentemente com o aparecimento de
38
defeitos (BIER et al., 2009). Durante a instrumentação rotatória, o canal radicular é
constantemente modelado por contato direto entre o instrumento e paredes do
canal, criando concentração de estresse na dentina (BIER et al., 2009). Além disso,
maior número de rotações no canal são necessárias para completar o preparo e isto,
por si só, pode contribuir para a formação de defeitos dentinários (PASQUALINI et
al., 2008).
Fraturas radiculares verticais, resultantes de defeitos dentinários pré-
existentes originados de procedimentos endodônticos, são situações críticas que
podem acometer na perda do elemento dentário (SATHORN et al., 2005). Com base
nos resultados obtidos referentes à influência do alargamento prévio dos terços
cervical e médio do canal radicular é possível afirmar que houve redução na
quantidade de defeitos na dentina radicular. No entanto, ainda não foi
completamente eliminada essa condição e, dessa forma, novas perspectivas de
investigações futuras continuam em discussão.
1.5 CONCLUSÕES
40
6. CONCLUSÕES
Nas condições experimentais que a pesquisa foi conduzida, tornou-se
possível concluir que:
Todos os instrumentos endodônticos produziram defeitos na dentina radicular;
O alargamento dos terços cervical e médio reduziu a formação de defeitos na
dentina radicular;
Os instrumentos reciprocantes (Reciproc e WaveOne) produziram maior
formação de defeitos na dentina radicular. As limas do tipo K, em movimento
oscilatório, resultaram na menor quantidade de defeitos na dentina radicular,
após o preparo.
1.6 REFERÊNCIAS DO ARTIGO
42
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2 REVISÃO DE LITERATURA
45
2 REVISÃO DE LITERATURA
Para que a revisão de literatura seja mais adequadamente compreendida a
mesma será composta inicialmente pelo assunto:
-Alargamento dos terços cervical e médio;
E em seguida por:
-Formação de defeitos na dentina radicular após o tratamento endodôntico.
2.1 ALARGAMENTO DOS TERÇOS CERVICAL e MÉDIO
Abou-Rass et al. (1980) descreveram a técnica de preparo anticurvatura com
o objetivo de diminuir o risco de perfuração de paredes delgadas, principalmente a
porção distal da raiz mesial de molares inferiores. Uma etapa considerada muito
importante para o preparo de canais curvos é a abertura e alargamento da entrada
dos canais no terço cervical. Esse procedimento, prévio a instrumentação, facilita o
preparo químico-mecânico do canal, a manutenção do comprimento real de trabalho
e a condensação lateral no momento da obturação.
Montgomery et al. (1985) comparou os resultados, em relação à espessura
das paredes, após o preparo radicular, utilizando duas diferentes técnicas de
instrumentação, em raízes mesiais de molares inferiores. Na técnica experimental, a
parte cervical do canal foi ampliada por um alargador Peeso #1, dando conicidade
previamente à instrumentação convencional, sendo esta comparada com uma
técnica convencional de instrumentação manual. Após o preparo dos canais
radiculares, as raízes foram seccionadas horizontalmente em cortes de 2 mm de
espessura, observadas em um microscópio e medidas. Foi medido a espessura da
parede distal e os resultados comparados em ambas as técnicas. A amostra foi
analisada utilizando o teste t. Nenhuma diferença estatisticamente significativa foi
encontrada na espessura da parede distal em ambas as técnicas; a técnica
experimental, contudo, mostrou um aumento na eficiência mecânica durante a
instrumentação e melhor acesso às porções apicais dos condutos.
Busquim et al. (2002) avaliaram o desgaste promovido em dentina pelas limas
Flare 25.08 e pelas brocas Gates-Glidden números 1 e 2, nos canais mesio-
46
vestibular e mesio-lingual de molares inferiores através da medição, em milímetros,
da espessura das paredes dentinárias antes e posteriormente à instrumentação. A
análise dos resultados demonstrou não haver diferença estatística significante entre
o desgaste lateral provocado pelos instrumentos avaliados no primeiro e segundo
milímetros, enquanto que no terceiro milímetro observou-se maior desgaste
realizado pelas limas Quantec Flare. Em relação ao desgaste mesial, um
comportamento semelhante dos instrumentos avaliados foi observado,
estatisticamente não significante. As brocas Gates-Glidden demonstraram um desvio
para mesial no segundo e terceiro milímetros. Por meio de análise deste estudo,
conclui-se que é necessária maior investigação em relação ao comportamento das
brocas utilizadas no preparo de terço cervical e médio, visando um alargamento
mais seguro.
Ibelli et al. (2004) com o objetivo de avaliar a influência do preparo cervical na
determinação do diâmetro anatômico apical em incisivos laterais superiores,
selecionaram 40 dentes e os dividiram em quatro grupos. O grupo I foi utilizado
como grupo controle, sem preparo cervical; no grupo II o preparo cervical foi
realizado com as brocas de Gates-Glidden; no grupo III com os instrumentos Orifice
Opener e, no grupo IV com as brocas LA Axxess. Posteriormente, em todos os
dentes, foram introduzidas limas endodônticas em ordem crescente de diâmetro até
que se obtivesse a sensação de travamento do instrumento, que era então fixado.
As raízes dos dentes foram cortadas a 1 mm do ápice radicular para serem
fotografadas. As medidas do diâmetro do canal e do instrumento foram obtidas e os
dados submetidos a análise estatística. Demonstraram que o preparo cervical
promoveu menores discrepâncias entre o diâmetro do canal e o do instrumento em
relação ao grupo controle e que, o grupo em que o preparo cervical foi realizado com
as brocas LA Axxess apresentou os melhores resultados.
Franco et al. (2008) compararam o desgaste das paredes mesiais e
vestibulares após o preparo cervical em trinta raízes mésio-vestibulares de molares
superiores extraídos. Os instrumentos utilizados para este procedimento foram:
broca Gates-Glidden número 1 e 2 juntamente com a broca Batt número 012;
sistema rotatório Protaper SX e S1; e sistema rotatório Pré-Race 40/0.10 e 35/0.08.
Os desgastes proporcionados nas paredes mesiais e vestibulares foram em ordem
47
decrescente: Gates-Glidden>Pre-Race>ProTaper. Com base nos resultados obtidos,
pode-se concluir que todos os instrumentos produziram desgaste nas paredes
mesiais e vestibulares facilitando o acesso ao terço apical do canal radicular.
Entretanto, o tipo de instrumento utilizado pode influenciar de forma significativa na
quantidade de desgaste promovido nestas paredes.
Travassos et al. (2008) comparou duas técnicas de retratamento endodôntico,
avaliando o tempo despendido na desobturação dos espécimes bem como a
limpeza dos canais radiculares. Foram selecionados 20 molares com os canais
mésio-vestibulares obturados com cones de guta-percha e cimento Sealer 26. Os
dentes foram aleatoriamente distribuídos em dois grupos de acordo com a técnica
de desobturação: Grupo I: Gates-Glidden + limas Hedströem; Grupo II: LA Axxess +
limas Hedströem. O tempo operatório gasto na desobturação foi cronometrado. Os
espécimes foram radiografados no sentido vestíbulo-lingual e em seguida tiveram
suas raízes seccionadas longitudinalmente permitindo a exposição das paredes dos
canais radiculares. As radiografias e as hemisecções foram avaliadas com auxílio de
uma lente de 5 vezes de aumento por um examinador, sendo a avaliação dividida
entre os terços cervical/médio e terço apical. Os resultados obtidos mostraram que o
tempo gasto na desobturação foi mais elevado no grupo que utilizou o LA Axxess.
Quanto ao índice de remoção do material obturador tanto no terço cervical/médio
quanto no terço apical o grupo II mostrou melhor limpeza do canal, porém não
mostrando diferença estatisticamente significante. Conclui-se, com base nos
resultados, que a Gates-Glidden foi mais rápida na desobturação do canal e ambas
as brocas foram efetivas na limpeza dos canais.
Spazzin et al. (2008) teve por objetivo comparar a influência do desgaste
cervical realizado com as brocas Gates-Glidden e LA Axxess sobre a ocorrência de
desvio apical após o preparo biomecânico dos canais radiculares. Selecionaram 30
canais mesiovestibulares de molares inferiores humanos. Os dentes foram
acessados e, com auxílio de uma plataforma posicionadora, foi realizada uma
tomada radiográfica inicial com uma lima #10 no comprimento real do trabalho. As
películas radiográficas utilizadas não foram reveladas a fim de permitir uma segunda
exposição. Os dentes foram divididos aleatoriamente em dois grupos (n=15): Grupo
1 – preparo cervical com brocas Gattes-Glidden; Grupo 2 – preparo cervical com
48
brocas LA Axxess. Posteriormente, os canais foram instrumentados ate a lima #30
no comprimento real do trabalho. Uma nova tomada radiográfica foi realizada pela
técnica da dupla exposição sobre plataforma posicionadora. As películas foram
reveladas e, após, avaliadas por três examinadores. Os dados foram submetidos ao
teste U de Mann-Whitney, que demonstrou não haver diferença estatística
significativa entre os dois grupos (p>0,05). Nas condições experimentais foi possível
concluir que os preparos cervicais realizados com as brocas Gattes-Gliddon e LA
axxes mostraram níveis semelhantes de ocorrência de desvio apical.
Sanfelice et al. (2010) investigaram, por meio de tomografia computadorizada
cone beam, a quantidade de remoção de dentina da parede distal do canal mesial
de primeiros molares inferiores humanos durante o preparo de terço cervical e médio
realizado por quatro instrumentos endodônticos. Trinta e duas raízes mesiais foram
distribuídas em 4 grupos preparados utilizando ProTaper; K3; Gates-Glidden; e LA
Axxess. A espessura da dentina da parede cervical distal mesial canais foi
mensurada antes e depois do preparo, por meio de tomografia computadorizada e
software Adobe Photoshop. Como resultado não houve diferença estatisticamente
significativa entre os grupos estudados. Por meio de análise deste estudo, avaliou-
se que os quatro instrumentos são considerados seguros no preparo do terço
cervical e não causaram danos na estrutura dentinária das paredes distais de canais
mesiais de molares inferiores.
Tennert et al. (2010) investigaram discrepâncias do diâmetro inicial do canal
radicular apical e o diâmetro que é medido pelo instrumento apical inicial (IAI) após o
alargamento cervical utilizando sistemas rotatórios de níquel-titânio. Canais mésio-
vestibulares de 40 dentes molares inferiores extraídos, foram distribuídos
aleatoriamente em quatro grupos. No grupo 1, não houve preparo prévio do terço
cervical. O terço cervical dos canais radiculares dos outros grupos foram preparados
utilizando os sistemas FlexMaster, ProTaper e Race. O comprimento dos dentes foi
determinado através da inserção de uma Lima K 06. O calibre das limas foi
aumentado gradativamente até que a sensação de travamento da lima no
comprimento de trabalho fosse sentida. Cortes transversais das regiões foram
examinados sob microscópio estereoscópico, e o diâmetro do canal radicular e do
IAI no comprimento de trabalho foram avaliados. Os canais preparados com
49
instrumentos Race tiveram menor discrepância entre o diâmetro do canal radicular
apical e do diâmetro IAI, seguido por ProTaper e FlexMaster. Concluiu-se, com base
nos resultados, que o alargamento prévio dos canais radiculares impede
subestimação do diâmetro do canal radicular apical. O tipo de instrumentos utilizado
no alargamento influencia a precisão da determinação do IAI. Alargamento prévio
com instrumentos cônicos favorece um dimensionamento apical mais preciso.
Duarte et al. (2011) avaliaram em seu estudo, o aumento da área do canal e a
espessura de dentina da parede mesial e distal dos canais mesiais de molares
inferiores após o uso de Gates Glidden (GG), LA Axxess (LA), Orifice Shaper (OS).
Um total de 53 canais mesiais de 27 molares inferiores foram incluídos em resina e
distribuídos em 3 grupos. As raízes foram seccionadas 3 mm abaixo da junção
cemento-esmalte e as imagens foram capturadas antes e depois da instrumentação.
O aumento da área do canal em porcentagem e a espessura da dentina
remanescente nas paredes mesial e furca foram calculados utilizando o software
Image Tools. Os dados foram analisados utilizando o Kruskal-Wallis e teste de
Dunn. O Nível de significância foi de 5%. Todos os instrumentos promoveram o
aumento da área cervical, com diferentes quantidades de remoção da dentina nas
paredes mesial e distal do canal radicular. Diferença estatística (p<0,05) foi
encontrada entre LA e todos os outros instrumentos após o uso do primeiro
instrumento. Quanto à espessura da dentina, não houve diferença significativa
(p>0,05) entre as paredes mesial e distal de todos os instrumentos analisados. Com
base nos resultados obtidos, LA 35.06 e GG #3 mostraram a menor espessura
remanescente de parede e sua utilização em canais mesiais de molares inferiores
deve ser realizada com precaução.
Souza et al. (2011) analisaram a relação entre as limas que se ajustam no
forame apical e a abertura foraminal. Cinquenta incisivos centrais superiores foram
utilizados para este estudo. Após o preparo da câmara pulpar, foi realizado o acesso
radicular com brocas LA Axxess #1 e #2. Limas K, com a ponta cortada, foram
inseridas até que oferecessem a sensação tátil de ajuste no forame apical e então,
fixadas com cianoacrilato de metila. O conjunto dente/lima foi seccionado a 10 mm
aquém do ápice. Foi feita a microscopia eletrônica de varredura e as áreas das limas
e dos forames foram medidas por meio do software Image Tool. A análise estatística
50
demonstrou diferença significante entre as áreas das limas e dos forames. A média
da área dos forames apicais foi 3,8 vezes maior que a das limas. Os resultados
deste estudo sugerem que seriam necessários 4 instrumentos de maior calibre, além
do que se ajustou para que houvesse melhor relação entre as limas e as aberturas
foraminais nos incisivos centrais superiores.
Cecchin et al. (2012) avaliaram a influência do alargamento cervical na
determinação do instrumento apical inicial, no comprimento de trabalho, dos canais
radiculares de 50 primeiros molares superiores. Estes elementos dentais foram
distribuídos aleatoriamente em cinco grupos distintos de acordo com o tipo de
alargamento realizado. As técnicas de escolha do instrumento apical inicial foram
realizadas no grupo 1, sem a realização do preparo cervical (SPC); No grupo 2, o
terço cervical foi preparado com brocas Gates-Glidden números 2 e 3; No grupo 3, a
ampliação cervical foi realizada com instrumentos oscilatórios Anatomic Endodontic
Technology (AET), S1, SC e S2, acoplados ao motor oscilatório; No grupo 4, o
preparo cervical foi realizado com os instrumentos GT Rotary Files 20/.06, 20/.08,
20/.10 e 20/.12; No grupo 5, o alargamento foi realizado com brocas LA Axxess
20/.06 e 35/.06. O grupo que melhor demonstrou adaptação desse instrumento às
paredes dos canais radiculares foi o grupo onde o alargamento cervical foi realizado
pelas brocas LA Axxess seguido por: GT=AET>GG>SPC. Com base na metodologia
empregada e nos resultados obtidos pode-se concluir que o alargamento prévio dos
terços cervical e médio do canal radicular com instrumentos rotatórios e oscilatórios
permite melhor determinação do instrumento apical inicial, pois esses oferecem um
melhor acesso ao terço apical do canal radicular, pela remoção das interferências
dos terços cervical e médio. E que o tipo de alargamento utilizado interfere na
determinação do instrumento apical inicial.
Ehrhardt et al. (2012) avaliaram a incidência de fratura dos instrumentos Mtwo
durante o preparo de molares e pré-molares inferiores e superiores, precedido de
alargamento cervical. Um total de 556 tratamentos foi realizado por 6 endodontistas.
O alargamento cervical e a exploração inicial com limas manuais foram realizados
previamente à instrumentação. O terço cervical e médio foi preparado com limas
manuais e brocas Gates-Glidden. A irrigação foi realizada com 2 mL de hipoclorito
de sódio 2,5% após de cada instrumento. O comprimento de trabalho foi
51
estabelecido, e o terço apical foi preparada com limas Flexofile até o instrumento #
15. Os instrumentos Mtwo foram utilizados seguindo as recomendações do
fabricante e eliminados após serem utilizados em 5 dentes. Cada lima foi examinada
sob ampliação após o uso. Em casos de deformação ou fratura, todo o kit de limas
não foi mais utilizado, exceto quando ocorresse com a lima 10.04. Devido à sua
elevada taxa de insucesso, o que está bem estabelecido na literatura. Como
resultado, as taxas de separação e de deformação foram de 1,98% e 28,78%,
respectivamente. Dez do total de onze fraturas observadas ocorreu com a lima 10.04
(90.01%) e uma com a lima 15,05 (9,09%). Com base na avaliação deste estudo,
conclui-se que o uso de instrumentos rotatórios Mtwo, precedidos por alargamento
cervical com limas manuais e brocas Gates-Glidden, forneceram uma baixa
incidência de fraturas.
Flores et al. (2014) investigaram, quantitativamente, por meio de tomografia
computadorizada cone-beam, a remoção de dentina da parede distal da raiz mesial
de primeiros molares inferiores. Quarenta canais radiculares foram selecionados e
distribuídos aleatoriamente em 4 grupos: Grupo 1, Gates-Glidden #2 e #3; Grupo 2,
Largo #1 e #2; Grupo 3, brocas LA Axxess #1 e #2; e Grupo 4, CPdrill. A espessura
da dentina na parede distal dos canais mesiais à 2 mm da furca foi mensurada
utilizando o programa I-CATvision antes e após o preparo cervical. Como resultado
não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos em relação à
espessura da dentina residual após a instrumentação com as brocas. Concluiu-se,
com base na análise deste estudo, que CPdrill é seguro para uso no preparo cervical
da raiz mesial de primeiros molares inferiores, não promovendo remoção excessiva
de dentina nas paredes distais.
Borges et al. (2016) avaliaram a influência do alargamento dos terços cervical
e médio na extrusão apical de debris após o preparo dos canais radiculares pelos
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