Programa de Desenvolvimento Gerencial Educação continuada Indicadores para Monitoramento de Programas e Projetos
Programa deDesenvolvimento
Gerencial
Educaçãocontinuada
Indicadores para
Monitoramento de Programas e Projetos
Governo do Estado de São Paulo
Governador Cláudio Lembo
Secretário-Chefe da Casa Civil Rubens Lara
Subsecretária de Gestão e Recursos Humanos Evelyn Levy
Fundação do Desenvolvimento Administrativo – Fundap
Diretora Executiva Neide S. Hahn
Programa de Desenvolvimento Gerencial Programa de Desenvolvimento Gerencial Programa de Desenvolvimento Gerencial Programa de Desenvolvimento Gerencial –––– Educação Continu Educação Continu Educação Continu Educação Continuaaaadadadada
Diretora Técnica Maria de Fátima Infante de Araújo
Coordenadora Maria Stela Reis
Equipe Técnica Laís Macedo de Oliveira Maria Cristina Costa Pinto Galvão Maria G. Mariantonia Chippari
Consultoras Augusta E. E. H. B. do Amaral Rovena Negreiros
Assistência de coordenação André de Vasconcelos Apostila
Texto Carlos Alberto Monteiro Aguiar Claudia Antico Fernando Assumpção Galvão Kleber Fernandes de Oliveira Paulo de Martino Jannuzzi
Preparação e revisão Eloisa Pires e Vera Zangari
Editoração eletrônica Julia Y. Kurose
Apostila de uso exclusivo da Fundap. Reprodução proibida.
Fundap Rua Cristiano Viana, 428
05411-902 São Paulo SP
Telefone (011) 3066 5500
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São Paulo, 2006
Sumário
IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução.................................................................................................2
Texto Texto Texto Texto 1:1:1:1: O Planejamento Estratégico e a Necessidade de Instrumentos de Monitoramento ...................................................................3
Texto 2Texto 2Texto 2Texto 2: Uso de Indicadores na Gestão Pública .....................................9
Texto 3Texto 3Texto 3Texto 3: Indicadores Econômicos e Sociais no Brasil ........................... 14
Texto 4Texto 4Texto 4Texto 4: Sistemas de Indicadores, Painéis e Índices de Monitoramento ..................................................................... 26
Texto 5: Texto 5: Texto 5: Texto 5: Aspectos Metodológicos da Construção e Análise de Indicadores ............................................................................ 31
2
Introdução
Um dos principais desafios que se impõe à gestão pública comprometida com
resultados é o da produção de indicadores destinados às atividades de
diagnóstico, monitoramento e avaliação de programas e projetos.
Um sistema regular de informações contribui para o alcance de maior eficiência na
alocação de recursos, de eficácia e qualidade dos serviços prestados à população
e produz bases sustentáveis para a tomada de decisões.
Os indicadores são úteis para todos os gerentes que precisam planejar algum tipo
de programa ou projeto, para a execução de ações, para a análise de projetos ou
para o gerenciamento da rotina de trabalho. Constituem-se, além disso, em
subsídios para as atividades de planejamento público e formulação de políticas
sociais, possibilitando o monitoramento das condições de vida e bem-estar da
população.
A preocupação com a obtenção de indicadores para o acompanhamento de
resultados deve estar presente desde a formulação dos objetivos pretendidos,
durante a execução dos planos de ação e, ao final, para a avaliação. É necessário,
no momento da formulação dos programas, prever a organização de
procedimentos de coleta e tratamento de informações específicas e confiáveis em
todas as fases do ciclo de sua implementação, que permitam a construção de
indicadores de monitoramento desejados.
3
T E X T O
1 O Planejamento Estratégico e a Necessidade de Instrumentos de Monitoramento
Objetivo de aprendizagem:
Reconhecer a importância do uso de indicadores para o
gerenciamento de programas e projetos vinculado aos
processos de planejamento, monitoramento e avaliação
na gestão pública.
O grande desafio que o Estado deve enfrentar para o desempenho de seu
papel tem sido definido, pela atual gestão, como sendo o de “processar o
atendimento às demandas da sociedade, em contexto de complexidade e crise
política e, ao mesmo tempo adequar-se às pressões externas de
internacionalização da economia e dos mercados”.
Para poder atender às demandas da sociedade, o Estado se estrutura em
sistema organizacional, que constitui a administração pública. Um dos principais
objetivos que se colocam para o Dirigente é o de aumentar a eficácia da
organização pública, o que se obtém apenas pela melhoria de sua gestão1.
Para que isso seja possível, é fundamental dispor de capacidade e instrumentos
que permitam ao ator social identificar as mais relevantes demandas da sociedade
(objetivos ou problemas a serem equacionados); a explicação das razões de sua
existência (suas causas); a formulação de uma proposta de ação (plano de
governo) e sua implementação.
Como decorrência, temos que é essencial a produção de informações que
alimentem e orientem o processo de tomada de decisão em todas as suas
instâncias bem como possibilitem o acompanhamento sistemático das ações
desenvolvidas e o resultado produzido pelas mesmas.
As Ações Governamentais
As ações governamentais são sempre conduzidas por instituições do Estado,
orientadas por políticas expressas em legislação e outros documentos; observam
regras próprias ditadas pelo direito público e administrativo, são submetidas a
determinações do sistema político e financiadas, em sua essência, por recursos
púbicos oriundos da arrecadação tributária.
1 O termo gestão é aqui empregado como sendo o desenvolvimento do conjunto de atribuições que
compreendem desde a elaboração de um plano de ação até sua implementação.
4
Da mesma forma que ocorre com as ações desenvolvidas pelas organizações
voltadas para o mercado, precisam ser eficientes no emprego dos recursos, posto
que públicos e escassos por definição.
No campo privado, o resultado tem cunho exclusivamente econômico-
financeiro, o que torna os conceitos de eficácia e eficiência quase que
coincidentes, facilitando sobremaneira o processo de planejamento,
monitoramento, avaliações e controle de suas ações, ao contrário do que ocorre
no setor público, no qual, mais que eficientes, as ações precisam ser eficazes, ou
seja, impactar a realidade social que se busca transformar, produzindo o resultado
almejado.
Organizações e Sistemas Organizacionais
O Estado atua por intermédio de ações que são desenvolvidas por
organizações ou sistemas organizacionais.
Muitos arranjos organizacionais são possíveis tendo em vista um objetivo ou
objetivos específicos, desde uma célula de trabalho dentro de uma organização
maior até arranjos que perpassam várias organizações, constituindo sistemas
organizacionais mais estruturados ao estilo das “holdings”, até sistemas menos ou
quase nada estruturados, como as “redes” constituídas por diferentes organizações.
Para que a gestão e o monitoramento sejam eficazes, é fundamental que os
responsáveis pela sua concepção e condução se localizem de forma precisa na
estrutura de suas organizações ou sistemas organizacionais.
Gestão de Processos X Gestão de Programas/Projetos
Quando os produtos e serviços disponibilizados por uma organização (ou
sistema organizacional) têm características iguais ou assemelhadas, as atividades
e insumos necessários à produção podem ser padronizados, constituindo-se o
processo no foco da preocupação do gestor, no norte da estruturação da
organização e, portanto, no principal objeto a ser monitorado.
Quando, ao contrário, a ênfase recai no desenvolvimento de um produto
singular resultante de um esforço temporário, o sistema de monitoramento deve
igualmente ser específico, enfatizando indicadores de execução.
A maior parcela das organizações privadas situa-se no primeiro caso, o que
justifica o desenvolvimento de metodologias de gestão por processos e a
importância da gestão da qualidade.
A gestão de programas e projetos é sempre mais complexa, visto que os
mesmos são sempre fatores que aumentam a turbulência na organização e
exigem estruturação e processos de trabalho específicos e igualmente
temporários, competindo com a estrutura formal na alocação de seus recursos.
Da mesma forma, a singularidade torna extremamente difícil a mensuração da
eficiência e eficácia, e inviabiliza a idéia da melhoria contínua do processo.
A Gestão por Objetivos
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Toda organização tem por missão o atingimento de um conjunto de objetivos.
A persecução desses objetivos requer recursos de toda ordem – políticos,
organizacionais, técnicos, científicos, tecnológicos, econômicos, institucionais-
legais, de tempo etc. – que serão dispendidos para o desenvolvimento de
processos de trabalho que resultarão na disponibilização de bens ou serviços à
sociedade.
À relação entre insumos (recursos) e produtos, denomina-se eficiência. Assim,
uma gestão será tão mais eficiente quanto menos recursos empregar para a
produção de um mesmo “quantum” de bens ou serviços. Esses produtos
impactam a realidade e a transformam, provocando uma mudança situacional que
contribui para o atingimento da situação almejada. Esse é o resultado da ação
empreendida, que se constitui na contra-face dos objetivos.
Uma ação é, portanto, mais ou menos eficaz, na exata medida do atingimento
dos objetivos ou mudanças situacionais propostas, em função do impacto dos
produtos disponibilizados.
O Planejamento como Condição Necessária
Só é possível monitorar algo que é previamente conhecido e definido.
Fundamental para que seja viável o monitoramento da ação governamental, a
especificação dos elementos que a compõem, como objetivos, recursos,
processos, tempo, produtos e resultados esperados.
Essa definição só ocorre como resultado de um processo de reflexão anterior,
ou seja, do processo de planejamento.
No caso de utilização de metodologia de planejamento por problemas, é
fundamental que o problema a ser atacado esteja bem definido, nominado e
descrito em todas suas dimensões, e de forma a permitir a aferição de sua
magnitude.
Os descritores do problema se constituem, portanto, nos indicadores que
representam a situação inicial e permitem o monitoramento do problema e a
aferição dos resultados alcançados.
No caso de fixação de objetivos, é fundamental definir metas para que se
possam mensurar os resultados obtidos, a partir da apuração e análise dos
indicadores propostos.
Da mesma forma, um programa ou projeto deve ser desenhado contendo
todos os elementos acima mencionados, de forma a poder ser monitorado
durante sua implementação.
Funções do Sistema de Monitoramento
O monitoramento é essencial para que o governante e o gestor conheçam a
evolução da situação que enfrentam e apreciem os resultados de suas ações, de
forma a ser possível a tomada de decisões que possam resultar em modificações
tempestivas.
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A estatística tradicional não cumpre essa função adequadamente, por
demandar muito tempo entre a ocorrência de um fato, a captura do dado que o
comprova, e a disponibilização da informação decorrente. Dessa forma, é preciso
monitorar indiretamente a realidade, mediante o uso de indicadores.
Características Básicas de um Sistema de Monitoramento
No monitoramento, o usuário é muito bem definido, e a informação é destinada
a subsidiar decisões relacionadas a uma ação que está em desenvolvimento, e a
conhecer e, se possível, mensurar o impacto dessa ação, comparando-o com o
esperado ou planejado.
A informação é ultra-seletiva, pois se destina a um usuário concreto com
interesses específicos. O excesso de informações pode tirar o foco do gestor
daquelas questões que são fundamentais.
No monitoramento, é crucial que a informação chegue ao gestor em tempo
eficaz, pois se destina a possibilitar a tomada de decisões destinadas a corrigir
oportunamente uma ação em andamento. Grande parte das informações são
perecíveis, portanto têm de ser constantemente atualizadas para não perderem seu
valor.
A produção pode ser descentralizada, de forma a permitir sua alimentação em
tempo eficaz em cada nível de utilização.
Um sistema de monitoramento opera com um conjunto de indicadores e sinais
que são significativos para um conjunto ou um usuário específico.
Essas características tornam mais complexo o desenho e a operacionalização
de um bom sistema de monitoramento que parece, em teoria, simples.
Técnicas de Formulação de Indicadores
A representação de uma variável relevante que preenche os requisitos
necessários para constituir-se em ferramenta eficiente e eficaz à gestão pública,
seja ela índice ou indicador gráfico ou numérico, requer conhecimentos do objeto a
ser monitorado, mas também a utilização de técnicas específicas para sua
definição, estruturação, alimentação, apresentação e interpretação.
Quando se trabalha com indicadores sociais, fundamentais para a definição das
prioridades governamentais (seleção de problemas, ou definição de objetivos)
bem como na posterior aferição de resultados, é desejável o conhecimento,
mesmo que não aprofundado dos conceitos fundamentais de estatística descritiva,
que é objeto de um dos temas desse curso.
Categorias de Indicadores de Gestão
Todas as etapas que envolvem a ação governamental, a partir de sua
concepção até a mudança situacional resultante de seu impacto na realidade, bem
como os meios de produção e demais fatores que interferem no processo
produtivo, podem ser acompanhadas e monitoradas, incluindo o contexto no qual
está sendo ou será desenvolvida.
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Para cada dimensão a ser acompanhada, temos indicadores específicos que
podem ser classificados, grosso modo, em: Indicadores de Recursos, de
Processos, de Desenvolvimento, de Programas e Projetos, de Produtos e de
Resultados. De sua análise individual ou das relações entre eles teremos
indicadores de qualidade, eficiência, eficácia etc.
Podem e devem ainda ser monitoradas as principais variantes que impactam o
problema de forma intensa, influindo no resultado a ser alcançado.
Como um planejador e gestor pode apenas controlar a qualidade de seu plano
e de sua implementação, mas não as circunstâncias nas quais ele será
desenvolvido, é fundamental que sejam monitorados os posicionamentos dos
principais atores ante as ações planejadas, bem como as variáveis de contexto
que compõem o cenário.
Requisitos Necessários aos Indicadores de Gestão
Um indicador de gestão é uma representação numérica de uma variável
importante para um nível determinado de responsabilidade.
É importante que ele assegure que essa representação seja significativa da
variável, que ele seja pertinente para a responsabilidade considerada, que sua
quantificação seja confiável e que se possam avaliar os resultados por
comparação com uma meta inicial ou um padrão esperado, além da já salientada
necessidade de ser atualizado e disponibilizado em tempo eficaz.
Centros de Responsabilidade e de Decisão
A estrutura de uma organização, tendo em vista a realização de objetivos,
representa a forma como as atividades e as responsabilidades são organizadas e
o processo decisório é realizado; não importa se se trata de um programa, um
projeto, um órgão ou uma instituição.
Todo arranjo organizacional encarregado de produzir algo deve ser analisado
em função da responsabilidade e do poder de tomar decisões para que se possa
estabelecer coerentemente a natureza das informações gerenciais necessárias,
bem como sua periodicidade de alimentação e disponibilização.
Sistema de Monitoramento por Painéis de Controle
A montagem de um sistema de monitoramento passa por desenhar o conjunto
de indicadores de desempenho necessário a cada centro de responsabilidade,
definir a periodicidade de alimentação, as fontes de informação, as rotinas de
alimentação e seus responsáveis.
Assim, o acompanhamento de um programa, um projeto etc. pode requerer um
conjunto de painéis de controle, com temporalidades diferentes, em função da
necessidade específica dos diferentes centros de responsabilidade.
É necessário ter muito clara a diferença entre um sistema de monitoramento e
um sistema de informações, bem como esclarecer os conceitos de bancos de
dados. Deve-se, também, estabelecer a distinção entre monitorar e avaliar. A
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estruturação e operação de um sistema de monitoramento de programas e
projetos será um tema específico do curso.
9
T E X T O
2 O Uso de Indicadores na Gestão Pública
Objetivo de aprendizagem:
Apresentar conceitos básicos, tipologia e propriedades
dos indicadores apropriados a formulação, execução,
monitoramento e avaliação de ações, programas e
projetos.
O uso de indicadores facilita o planejamento, ao apontar para movimentos
significativos de variáveis relevantes em programas, projetos ou ações. Torna-se,
assim, instrumento fundamental para subsidiar as propostas de intervenção na
realidade, visando a um impacto positivo; o monitoramento e a avaliação são
necessários à gestão governamental.
Para que possam ser avaliados, programas e projetos devem ser desenhados.
Para que se possa avaliar determinado programa e, durante a execução, gerenciar
seu plano de ação, os objetivos declarados devem ser traduzidos em formas
mensuráveis. A partir da comparação entre as medidas obtidas e aquelas
esperadas, pode-se ajustar o plano e a estratégia utilizados, tomar medidas
preventivas para aumentar a eficiência e a eficácia das ações, estabelecer ou
revisar as metas e orientar o processo de avaliação. Sem que haja objetivos e/ou
problemas descritos e definidos por indicadores precisos, quantitativa e
qualitativamente, não é possível planejar de forma eficaz a intervenção a ser feita e
definir o conjunto de iniciativas (programas, projetos e ações) a serem
implementados.
O uso de indicadores vinculados aos processos de planejamento,
monitoramento e avaliação da gestão pública requer critérios consistentes para a
escolha adequada das informações em diferentes etapas desses processos. Os
indicadores são dotados de propriedades e podem ser classificados de formas
distintas, tornando-se fundamental avaliar sua aderência às propriedades
desejáveis, como também fazer uma reflexão crítica sobre sua natureza, para
entender seu papel em um sistema de indicadores para o gerenciamento de
programas e projetos.
1. Propriedades dos Indicadores2
2 Texto a seguir baseado nos conceitos apresentados em Jannuzzi, 2001 – Indicadores Sociais no Brasil.
10
Um dos critérios fundamentais para a escolha adequada dos indicadores, a
serem usados no processo de formulação, execução, monitoramento e avaliação
de ações, programas e projetos, é a análise de seus atributos. A aderência dos
indicadores a um conjunto de propriedades desejáveis justifica e legitima sua
produção e sua utilização.
• Relevância:Relevância:Relevância:Relevância: é uma das propriedades fundamentais dos indicadores escolhidos
em um sistema de formulação e avaliação de programas. Devem responder à
demanda de monitoramento da agenda governamental de prioridades
definidas em áreas temáticas centrais (saúde, educação etc.).
• Validade:Validade:Validade:Validade: é importante que se disponha de medidas representativas do
conceito abstrato que o indicador pretende operacionalizar.
• ConfiabilidadeConfiabilidadeConfiabilidadeConfiabilidade: : : : é uma propriedade relacionada à qualidade do levantamento dos
dados empirícos. Medidas confiáveis atribuem maior validade aos indicadores.
• Grau de cobertura:Grau de cobertura:Grau de cobertura:Grau de cobertura: deve-se procurar empregar indicadores de boa cobertura
territorial ou populacional, que sejam representativos da realidade empírica em
análise. Indicadores de cobertura parcial também podem ser úteis, desde que
possam produzir conhecimento relevante, válido e confiável sobre dinâmicas
específicas.
• SensibilidadeSensibilidadeSensibilidadeSensibilidade: : : : é importante dispor de medidas capazes de refletir mudanças
relativas às ações previstas nos programas, e que possibilitem avaliar
rapidamente os efeitos de determinada intervenção.
• EspecificidadeEspecificidadeEspecificidadeEspecificidade: : : : é necessário utilizar medidas que possam refletir alterações
estritamente ligadas às mudanças relacionadas à dimensão de interesse.
• IntelIntelIntelInteligibilidadeigibilidadeigibilidadeigibilidade: : : : recomenda-se que os procedimentos metodológicos e
critérios adotados para a construção dos indicadores sejam explicitados de
forma clara e objetiva. Esse é um atributo fundamental para garantir
transparência no uso programático do indicador.
• CCCComunicabilidadeomunicabilidadeomunicabilidadeomunicabilidade: : : : um bom indicador deve ser facilmente compreendido, para
que possa ser legitimado tecnicamente e auxilie na implementação de
programas.
• FactibilidadeFactibilidadeFactibilidadeFactibilidade para obtenção:para obtenção:para obtenção:para obtenção: a obtenção factível do indicador (tempo e custo)
é um aspecto crucial para sua construção e seleção para acompanhamento de
qualquer programa público.
• Periodicidade na atualização:Periodicidade na atualização:Periodicidade na atualização:Periodicidade na atualização: a periodicidade com que o indicador pode ser
atualizado é importante para que se possa acompanhar a mudança social,
avaliar o efeito de programas implementados e corrigir eventuais distorções de
implantação. É fundamental que o indicador seja disponibilizado em tempo
eficaz para permitir a tomada de decisões pertinentes.
• DesagregabilidadeDesagregabilidadeDesagregabilidadeDesagregabilidade: : : : é importante que os indicadores possuam
desagregabilibdade populacional e territorial. Deve ser possível construir
indicadores referidos à população-alvo dos programas, a espaços geográficos
reduzidos, a grupos sociodemográficos ou a grupos vulneráveis específicos.
• HistoricidadeHistoricidadeHistoricidadeHistoricidade:::: é uma característica relacionada à comparabilidade dos
indicadores, o que possibilita a inferência de tendências, como também a
avaliação dos efeitos de programas implementados. O ideal é que as cifras,
em diferentes pontos temporais, sejam compatíveis, do ponto de vista
conceitual, e tenham confiabilidade similar.
De uma perspectiva aplicada, é raro dispor de indicadores que se constituam
com todas essas propriedades. O importante é que sua escolha seja
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fundamentada em uma avaliação crítica e consistente de suas propriedades, tendo
em vista que é fundamental garantir a validade dos indicadores utilizados, a
confiabilidade das medidas calculadas e sua transparência metodológica.
2. Tipologia dos Indicadores
Há vários sistemas classificatórios para os indicadores, de acordo com sua
natureza ou tipo, e que podem ser utilizados como auxílio para o critério de
escolha no ciclo de formulação, execução, acompanhamento e avaliação de
ações, programas e projetos.
Indicadores quantitativos e qualitativosIndicadores quantitativos e qualitativosIndicadores quantitativos e qualitativosIndicadores quantitativos e qualitativos
Os indicadores quantitativos referem-se às ocorrências concretas ou entes
empíricos da realidade social, construídos a partir das estatísticas públicas
disponíveis ou pesquisas de campo.
Os indicadores qualitativos correspondem a medidas construídas a partir da
avaliação dos indivíduos ou especialistas, com relação a diferentes aspectos da
realidade, levantadas em pesquisas de opinião pública ou grupos de discussão.
Indicadores simples ou compostosIndicadores simples ou compostosIndicadores simples ou compostosIndicadores simples ou compostos
É um critério de diferenciação obtido a partir da quantidade de informação
usada para sua definição e de sua complexidade metodológica. Os indicadores
simples são construídos a partir de uma estatística específica e referidos a uma
dimensão social elegida. Os indicadores compostos, também conhecidos como
indicadores sintéticos, são elaborados mediante a aglutinação de dois ou mais
indicadores simples, referidos a uma mesma ou diferentes dimensões da
realidade.
Classificação temáticaClassificação temáticaClassificação temáticaClassificação temática
É a classificação mais comum dos indicadores – sua divisão segundo a área
temática da realidade social a que se referem. Há, assim, os indicadores de saúde
(percentual de crianças nascidas com peso adequado, por ex.), os indicadores
educacionais (escolaridade média da população de quinze anos ou mais, por ex.),
os indicadores de mercado de trabalho (rendimento médio real do trabalho, por
ex.), os indicadores demográficos (taxa de mortalidade, por ex.), os indicadores
habitacionais (densidade de moradores por domicílio, por ex.), os indicadores de
segurança pública e justiça (roubos a mão armada por cem mil habitantes, por
ex.), os indicadores de infra-estrutura urbana (percentual de domicílios com
esgotamento sanitário ligado à rede pública, por ex.), os indicadores de renda e
desigualdade (nível de pobreza, por ex.).
Há classificações temáticas ainda mais agregadas, como Sistemas de
Indicadores Sociais, Indicadores Socioeconômicos, de Condições de Vida, de
Qualidade de Vida, Ambientais, ou de Desenvolvimento Humano.
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IIIIndicadores Insumo, Pndicadores Insumo, Pndicadores Insumo, Pndicadores Insumo, Processorocessorocessorocesso e Resultado e Resultado e Resultado e Resultado
É um tipo de classificação bastante relevante para a utilização no ciclo de
formulação, execução, monitoramento e avaliação de ações, programas e projetos
públicos, uma vez que traz uma diferenciação quanto à natureza operacional da
medida a ser utilizada.
Os indicadores-insumo correspondem à qualificação e à mensuração do
conjunto de recursos (humanos, materiais, institucionais, econômico-financeiros,
científicos, tecnológicos etc.) necessários à implementação das iniciativas que
compõem um plano, e sua efetiva utilização no processo de produção.
Os indicadores-resultado buscam dimensionar o impacto dos produtos e
serviços na realidade social, estando, portanto, relacionados aos objetivos finais
dos programas públicos. Visam a mensurar o efeito das políticas sociais, ou seja,
seu resultado.
Os indicadores-processo são indicadores intermediários, que traduzem o
esforço operacional de alocação e organização dos recursos para obtenção de
bens e serviços (produtos) a serem disponibilizados.
Indicadores Indicadores Indicadores Indicadores paraparaparapara avaliação de eficiência, eficácia e efetividade avaliação de eficiência, eficácia e efetividade avaliação de eficiência, eficácia e efetividade avaliação de eficiência, eficácia e efetividade
Esse tipo de classificação também possui especial interesse nos processos de
planejamento, acompanhamento e avaliação dos programas públicos.
Os indicadores utilizados para a avaliação da eficiência propõem-se a mensurar
a relação insumo-produto; quanto menos recursos forem utilizados para a
produção de bens e serviços, com características, qualidade e em quantidade
equivalentes, maior será a eficiência apurada. Esse tipo de indicador está
relacionado à dimensão da produtividade – medem a proporção de recursos
consumidos em relação às saídas dos serviços.
Os indicadores usados para avaliar a eficácia têm por objetivo mensurar a
relação entre o produto disponibilizado e o resultado alcançado; em que medida a
disponibilização dos bens e serviços para a sociedade provoca a mudança
almejada e possibilita o alcance dos objetivos. Esses indicadores estão ligados à
dimensão da qualidade – focam a relação entre a satisfação do cliente e as
características dos serviços.
E os indicadores destinados à avaliação da efetividade social buscam mensurar
os efeitos/impactos dos programas públicos para a sociedade.
Indicadores no ciclo de formulação e avaliação de programasIndicadores no ciclo de formulação e avaliação de programasIndicadores no ciclo de formulação e avaliação de programasIndicadores no ciclo de formulação e avaliação de programas
O ciclo de formulação, execução, acompanhamento e avaliação de programas
públicos pode ser considerado nas etapas de Diagnóstico, Formulação,
Implementação e Avaliação. Cada uma dessas etapas envolve o uso de um
conjunto de indicadores de diferentes naturezas e propriedades, em função das
necessidades intrínsecas das atividades aí envolvidas. Os indicadores constituem-
se em insumos básicos e indispensáveis em todas as fases desse processo,
trazendo elementos e subsídios distintos. Cada fase requer o emprego de
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indicadores específicos, ou seja, cada aspecto deve ser avaliado por meio de
indicadores adequados.
Na etapa de elaboração do Diagnóstico, são necessários indicadores de boa
confiabilidade, validade e desagregabilidade, que cubram as diversas temáticas da
realidade social. Esses indicadores viabilizam a caracterização empírica do
contexto socioeconômico e espacial, e evidenciam a gravidade dos problemas,
carências e demandas. É preciso construir um retrato amplo e detalhado sobre a
situação social vivenciada pela população, para orientar a definição das questões
prioritárias a atender, os formatos dos programas a implementar, as estratégias e
ações a desenvolver. Constitui-se no ponto a partir do qual se poderá avaliar se o
programa está provocando as mudanças e os objetivos previstos.
Na etapa de Formulação (e também seleção de programas), pode-se atuar
com um conjunto mais reduzido de indicadores, selecionados a partir dos objetivos
norteadores definidos como prioritários pela agenda político-social vigente. Os
indicadores do tipo insumo traduzem em termos quantitativos a magnitude dos
recursos exigidos pelos diferentes programas sugeridos.
Na etapa de Implementação e execução dos programas, são necessários
indicadores de monitoramento, que devem possuir, principalmente, sensibilidade,
especificidade e periodicidade. Os indicadores de processo permitem monitorar a
alocação operacional de recursos humanos, físicos e financeiros planejados. Em
geral, as informações produzidas pelas agências estatísticas não são
suficientemente específicas para os propósitos de monitoramento de programas.
A principal característica de um indicador de monitoramento reside na sua
disponibilização em tempo eficaz para permitir a tomada de decisão gerencial.
Na Avaliação dos programas implementados, indicadores de diferentes tipos
podem ser usados para medir a eficiência, eficácia e efetividade social das
soluções sugeridas.
O acompanhamento de programas e projetos requer a estruturação de um
sistema de indicadores que, além de específicos, sensíveis e periódicos, permitam
monitorar sua implementação na lógica do ciclo de formulação, execução e
avaliação. São necessários indicadores que permitam monitorar o dispêndio
realizado por algum tipo de unidade operacional prestadora de serviços ou
subprojeto; o uso dos recursos humanos, financeiros e físicos; a geração de
produtos e a percepção dos efeitos sociais mais amplos dos programas.
Monitoramento e avaliação de programas são termos cunhados para designar
procedimentos de acompanhamento, focados na análise da eficiência, eficácia e
efetividade desses programas. São processos analíticos organicamente
articulados, sucedendo-se no tempo, com o propósito de subsidiar o gestor
público com informações acerca dos recursos empregados, especificações e
quantidade dos produtos, do ritmo e forma de implementação dos programas
(indicadores de monitoramento) e dos resultados e efeitos almejados (indicadores
de avaliação).
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T E X T O
3 Indicadores Econômicos e Sociais no Brasil
Objetivo de aprendizagem:
Identificar as principais fontes de dados sociais e
econômicas do Sistema Estatístico Brasileiro e as
disponíveis no Estado de São Paulo; e os principais
indicadores sociais e econômicos para
acompanhamento da conjuntura socioeconômica do
Estado.
1. Fontes de dados e indicadores sociais e econômicos
O conjunto de pesquisas e fontes de dados para produção de indicadores
sociais e econômicos compõe o que se denomina Sistema Estatístico Nacional
(SEN). Comparativamente a outros da América Latina e Ásia, o SEN brasileiro é
reputado como relativamente abrangente e confiável. Em grandes linhas, esse
sistema subdivide-se em Subsistema de Estatísticas Sociais (SES) e Subsistema de
Estatísticas Econômicas (SEE), cada qual com suas pesquisas, registros e fontes
de dados.
1.1. Subsistema de Estatísticas Sociais (SES)1.1. Subsistema de Estatísticas Sociais (SES)1.1. Subsistema de Estatísticas Sociais (SES)1.1. Subsistema de Estatísticas Sociais (SES)
As duas principais pesquisas do SES brasileiro são o Censo Demográfico –
realizado geralmente de 10 em 10 anos, desde 1940 – e a Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (PNAD) – levantada anualmente já há mais de três décadas.
Além do Censo Demográfico e da PNAD, o IBGE tem realizado, de forma mais
regular, procurando atender à demanda por informações municipais mais
periódicas, a Pesquisa Nacional de Assistência Médico-Sanitária (AMS), a Pesquisa
de Informações Básicas Municipais (MUNIC) e a Pesquisa Nacional de
Saneamento Básico (PNSB).
Além de atualizar o quantitativo populacional do país, Estados e municípios, o
Censo Demográfico constitui-se em uma fonte muito rica de indicadores de
diagnóstico da realidade social, pelo escopo temático, desagregabilidade territorial
e populacional e comparabilidade inter-regional. Tal fato decorre do uso de um
questionário adicional mais detalhado, aplicado em uma amostra dos domicílios
particulares, além do questionário básico empregado de forma exaustiva pelo
território. No Censo 2000, foram levantados na amostra do censo mais de 70
quesitos de informação, cobrindo características domiciliares, infra-estrutura
urbana, características demográficas e educacionais dos indivíduos, inserção da
mão-de-obra, rendimentos, acesso a alguns programas públicos etc. Os
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indicadores dessas dimensões analíticas podem ser computados para diversos
grupos sociodemográficos (por sexo, raça/cor, estratos de renda etc.) e escalas
territoriais que chegam ao nível de agregações de bairros de municípios (áreas de
ponderação). As informações levantadas através do questionário básico permitem
computar indicadores até mesmo do setor censitário (conjunto de cerca de 200 a
300 domicílios na zona urbana, para os quesitos levantados no questionário
básico, aplicados em todos os domicílios do país).
Através de um software de fácil manipulação – Estatcart – pode-se extrair do
Censo 2000 estatísticas, indicadores sociais e cartogramas referentes a diferentes
temas, em diferentes níveis geográficos: estados, municípios, áreas de
ponderação e setores censitários, como ilustrado através da Figura 1. Podem-se
elaborar diagnósticos bastante específicos em escopo – como a da População
ocupada em Ciências e Artes em municípios paulistas – ou em termos geográficos
– bolsões de domicílios sem acesso à rede de água em Macapá. Através do uso
de áreas de ponderação, pode-se conseguir garantir especificidade temática de
informações levantadas no questionário da amostra do Censo com boa
desagregabilidade territorial, como ilustra o cartograma de Pessoas com algum
tipo de deficiência em Campinas.
Figura 1: Cartogramas de Indicadores Sociais extraídos do Figura 1: Cartogramas de Indicadores Sociais extraídos do Figura 1: Cartogramas de Indicadores Sociais extraídos do Figura 1: Cartogramas de Indicadores Sociais extraídos do EstatcartEstatcartEstatcartEstatcart com Censo 2000com Censo 2000com Censo 2000com Censo 2000
Domicílios particulares sem banheiroDomicílios particulares sem banheiroDomicílios particulares sem banheiroDomicílios particulares sem banheiro Brasil 2000Brasil 2000Brasil 2000Brasil 2000
Profissionais de Ciências e Artes Profissionais de Ciências e Artes Profissionais de Ciências e Artes Profissionais de Ciências e Artes Estado de São Paulo 2000Estado de São Paulo 2000Estado de São Paulo 2000Estado de São Paulo 2000
Pessoas com algum tipo de deficiência Pessoas com algum tipo de deficiência Pessoas com algum tipo de deficiência Pessoas com algum tipo de deficiência ddddeeeeclaradaclaradaclaradaclarada Campinas SP 2000 (Área de PondCampinas SP 2000 (Área de PondCampinas SP 2000 (Área de PondCampinas SP 2000 (Área de Pondeeeeração)ração)ração)ração)
Domicílios sem acesso à rede de Domicílios sem acesso à rede de Domicílios sem acesso à rede de Domicílios sem acesso à rede de aaaabastecim. águabastecim. águabastecim. águabastecim. água Macapá AP 2000 (Setor Censitário)Macapá AP 2000 (Setor Censitário)Macapá AP 2000 (Setor Censitário)Macapá AP 2000 (Setor Censitário)
16
A PNAD procura atualizar as informações levantadas pelo Censo Demográfico
ao nível do país, unidades da Federação e principais regiões metropolitanas. Como
a amostra é muito menor que a usada por ocasião do censo – por questões de
custo e agilidade na coleta – a pesquisa não comporta o uso de seus dados na
escala municipal. De qualquer forma, a PNAD é um levantamento fundamental para
atualizar os indicadores sociais do país e dos Estados, além de se prestar à coleta
de informações mais específicas, de interesse dos ministérios e outros agentes,
através de questionários suplementares anexados ao principal. Anualmente, seus
resultados compõem a Sinopse de Indicadores Sociais para o país, assim como o
Brasil em Dados, publicações fundamentais para acompanhamento da conjuntura
social brasileira.
A AMS corresponde a um censo de estabelecimentos de saúde no país,
identificando volume e qualificação de pessoal, equipamentos e outros recursos
disponibilizados para atendimento médico-sanitário da população. Com isso,
pode-se ter uma idéia mais clara e precisa do nível e diversidade da oferta de
serviços de saúde pelo país, através da construção de indicadores de esforços de
políticas na área de saúde.
A MUNIC contempla, anualmente, o levantamento de um conjunto amplo de
informações junto às prefeituras dos mais de 5 mil municípios brasileiros. Nessa
pesquisa, levantam-se dados sobre a estrutura administrativa, nível de
participação e formas de controle social (existência de conselhos municipais),
existência de legislação e instrumentos de planejamento municipal (como a
institucionalização do Plano de Governo, Plano Plurianual de Investimentos, Plano
Diretor, Lei de Parcelamento do Solo, dentre outros), a disponibilidade de recursos
para promoção da justiça e segurança (existência da delegacia de mulheres,
juizados de pequenas causas etc.), além da existência de equipamentos
específicos de comércio, serviços da indústria cultural e lazer, como bibliotecas
públicas, livrarias, jornais locais, ginásios de esporte. Essa pesquisa permite, pois,
construir indicadores que possibilitam retratar o grau de participação e controle
popular da ação pública, que permitam caracterizar o estágio de desenvolvimento
institucional das atividades de planejamento e gestão municipal pelo país.
A PNSB veio a complementar esse quadro informacional sobre os municípios
brasileiros com a coleta de dados sobre Abastecimento de Água, Esgotamento
Sanitário, Limpeza Urbana e Sistema de Drenagem Urbana. Pode-se, assim, dispor
de outros indicadores mais informativos sobre a estrutura e qualidade dos serviços
17
de infra-estrutura urbana, que não se limitam a apontar o grau de cobertura
populacional atendida. Com os dados levantados nessa pesquisa, é possível
construir indicadores de volume de água ofertada per capita, do tipo de
tratamento e volume da água distribuída à população, de volume e destino do
esgoto e lixo coletado, dentre outros aspectos.
Há também esforços louváveis de várias instituições públicas, além do IBGE,
em disponibilizar informações de seus cadastros e registros de forma mais
periódica, fato que se deve à necessidade não só de monitoramento da ação
governamental, mas também de facilidades que as novas tecnologias de
informação e comunicações têm proporcionado. Os órgãos estaduais de
estatística, o Ministério da Saúde, da Educação, do Trabalho, do Desenvolvimento
Social, da Previdência Social, das Cidades, a Secretaria do Tesouro Nacional
disponibilizam, pela Internet, informações bastante específicas – em escopo
temático e escala territorial – a partir de seus registros e sistemas de controle
internos, que podem ser úteis para construir indicadores de monitoramento de
programas (Quadro 1).
Quadro 1: Algumas das fontes oficiais para atualização periódica Quadro 1: Algumas das fontes oficiais para atualização periódica Quadro 1: Algumas das fontes oficiais para atualização periódica Quadro 1: Algumas das fontes oficiais para atualização periódica de Ide Ide Ide Innnndicadoresdicadoresdicadoresdicadores
FonteFonteFonteFonte SítioSítioSítioSítio ConteúdoConteúdoConteúdoConteúdo
IBGE www.ibge.gov.br Estatísticas sociais e econômicas diversas, em diferentes níveis de atualização e desagregação territorial, acessíveis nas publicações, no @Cidades, Sidra e BME.
Órgãos estaduais de estatística
www.anipes.org.br Pelo sítio da Associação Nacional das Instituições de Planejamento, Pesquisa e Estatística podem-se acessar os órgãos estaduais e as informações dos mesmos.
Ministério da Saúde
www.datasus.gov.br Estatísticas de mortalidade por causas Atendimentos no SUS Registro de Vacinações
Ministério da Educação
www.inep.gov.br Estatísticas educacionais Docentes e equipamentos Avaliação de desempenho educacional
Ministério do Trabalho
www.tem.gov.br Estatísticas mensais do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados Relação Anual das Informações Sociais
Ministério do Desenvolvimento Social
www.mds.gov.br Indicadores de Pobreza e Indigência Acesso aos Programas de Transferência de Renda
Ministério da Previdência Social
www.mpas.gov.br Benefícios e Auxílios concedidos Contribuintes Acidentes de Trabalho
Ministério das Cidades
www.cidades.gov.br Indicadores urbanos e saneamento Déficit habitacional
Secretaria do Tesouro Nacional
www.stn.fazenda.gov.br Transferências de recursos Execução orçamentária Receitas e Despesas municipais
18
Algumas instituições têm procurado desenvolver medidas-síntese da realidade
social, de forma a apreender o comportamento “médio” ou situação “típica” da
mesma em termos do Desenvolvimento Humano, Qualidade de Vida,
Vulnerabilidade Social etc. Como mostrado no Quadro 2, tem havido muitas
propostas de indicadores sintéticos no Brasil, com maior ou menor grau de
sofisticação metodológica, elaborados por pesquisadores de universidades,
órgãos públicos e centros de pesquisa, motivadas, por um lado, pela necessidade
de atender as demandas de informação para formular políticas e tomar decisões
nas esferas públicas; e, por outro, pelo sucesso do IDH e seu impacto nesses
últimos 15 anos na disseminação da cultura de uso de indicadores junto aos
círculos políticos. Em que pese sua disseminação, o uso e a aplicabilidade desses
indicadores sintéticos como instrumentos de avaliação da efetividade social das
políticas públicas ou como instrumentos de alocação prioritária do gasto social
estão sujeitos a questionamentos de natureza substantiva e metodológica. O uso
dos mesmos como instrumento analítico requer conhecimento da metodologia de
sua construção – aliás, o que se aplica a qualquer indicador.
Quadro 2: Alguns dos indicadores sintéticos propostos no BrasilQuadro 2: Alguns dos indicadores sintéticos propostos no BrasilQuadro 2: Alguns dos indicadores sintéticos propostos no BrasilQuadro 2: Alguns dos indicadores sintéticos propostos no Brasil
Instituição promotoraInstituição promotoraInstituição promotoraInstituição promotora Índice proÍndice proÍndice proÍndice propostopostopostoposto
Fundação João Pinheiro MG IDH-M: Índice de Desenvolvimento Humano Municipal ICV: Índice de Condições de Vida Municipal
Fundação CIDE RJ
IQM: Índice de Qualidade Municipal - verde IQM: Índice de Qualidade Municipal - carências IQM: Índice de Qualidade Municipal - necessidades habitacionais IQM: Índice de Qualidade Municipal - sustentabilidade fiscal
Fundação SEADE – SP
IPRS: Índice Paulista de Responsabilidade Social IVJ: Índice de Vulnerabilidade Juvenil IPVS: Índice Paulista de Vulnerabilidade Social
Fundação Economia e Estatística RS
ISMA: Índice Social Municipal Ampliado
Sup. Estudos Econômicos e Sociais da Bahia SEI BA
IDS: Índice de Desenvolvimento Social IDE: Índice de Desenvolvimento Econômico
Prefeitura Municipal de Belo Horizonte/PUC-Minas MG
IQVU: Índice de Qualidade de Vida Urbana IVS: Índice de Vulnerabilidade Social
INEP/Cedeplar/NEPO IMDE: Indicador Municipal de Desenvolvimento Educacional
1.2. 1.2. 1.2. 1.2. Subsistema de Estatísticas EconômicasSubsistema de Estatísticas EconômicasSubsistema de Estatísticas EconômicasSubsistema de Estatísticas Econômicas
Dentre o conjunto de instituições que produzem, compilam, analisam e
disseminam as estatísticas econômicas – isto é, dentre as instituições que
compõem o Subsistema de Estatísticas Econômicas –, o IBGE tem um papel
central, seja como coordenador desse Sistema, seja como produtor de
informações. Tais funções foram assumidas ao longo do século passado, através
da transferência das responsabilidades de compilação de registros administrativos
dos Ministérios (em especial da Agricultura), a partir de sua fundação e pela
atribuição de elaborar os Censos Agropecuários e Econômicos a partir dos anos
19
1920. Esses Censos constituíram-se, por bom tempo, nas principais fontes de
dados econômicos disponibilizados pela instituição, pela cobertura espacial e
escopo investigativo.
A partir dos anos 1960 e décadas seguintes, o IBGE veio a implantar uma série
de pesquisas econômicas conjunturais, reestruturadas nos anos 90, de forma a
constituir um Sistema (Quadro 3) sob a égide integradora e estruturadora das
Contas Nacionais. Ao longo do período, ampliaram-se não apenas as áreas de
coleta das pesquisas, como também as áreas de divulgação das estatísticas. Em
função de restrições orçamentárias e complexidade operacional, os Censos
Econômicos deixaram de ser realizados depois do último levantamento de 1985,
sendo substituídos pela conjugação das pesquisas amostrais e o cadastramento
contínuo de empresas no país – Cadastro Central de Empresas, o qual é
continuamente atualizado a partir das informações aportadas pela Relação Anual
de Informações Sociais (RAIS), pelo Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas
(CNPJ) e as pesquisas amostrais do IBGE, permitindo que anualmente se possa
produzir estatísticas e indicadores econômicos acerca de pessoal ocupado,
remunerações, surgimento e fechamento de empresas, com razoável nível de
detalhamento territorial e setorial.
O Sistema de Contas Nacionais é o Sistema Síntese das Estatísticas
Econômicas de um país, e tem como função básica a mensuração da produção
econômica nacional ao longo do ano, desagregada por atividade econômica e
setor institucional, e sua contrapartida em termos de fatores de produção
utilizados como capital, mão-de-obra etc. O PIB, produzido no âmbito desse
sistema, é o indicador mais abrangente da produção e crescimento econômico,
cobrindo os bens e serviços finais produzidos na esfera pública e privada, no país
e suas regiões. São divulgados através de relatórios trimestrais – estimativas
conjunturais – e relatórios consolidados anuais, que se diferenciam pela precisão,
escopo e desagregação setorial e geográfica das estatísticas econômicas.
O acompanhamento da evolução dos preços de produtos e serviços ofertados
na economia brasileira é a função do Sistema Nacional de Índices de Preços ao
Consumidor (SINPC) e do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices de
Preços da Construção Civil (SINAPI). O SINPC permite o acompanhamento dos
bens e serviços consumidos pelas famílias, segundo a pauta de consumo
levantada nas Pesquisas de Orçamentos Familiares (POF), realizadas até então
nas regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte,
Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, Brasília e município de Goiânia.
Além dessas pesquisas, o IBGE realiza diversos outros levantamentos junto a
estabelecimentos agropecuários, industriais, comerciais, prestadores de serviços,
com periodicidades diversas (mensais, trimestrais, semestrais e anuais), e
diferentes planos de divulgação territorial (Brasil, UFs e regiões).
Quadro 3: Estatísticas Econômicas do IBGEQuadro 3: Estatísticas Econômicas do IBGEQuadro 3: Estatísticas Econômicas do IBGEQuadro 3: Estatísticas Econômicas do IBGE
SistemaSistemaSistemaSistema Escopo temático/pesquiEscopo temático/pesquiEscopo temático/pesquiEscopo temático/pesquisasasasa
Sistema de Contas Nacionais Mensuração da produção econômica, discriminada por setor de atividade e por fator de produção
Cadastro Central de Empresas Registro de Pessoal Ocupado, Salários, Fundação e fechamento de empresas, Constituição Jurídica
Sistema Nacional de Índice de Comportamento da variação dos preços de produtos e
20
Preços ao Consumidor serviços consumidos pelas famílias conforme renda: INPC - 1 a 8 sm IPCA – 1 a 40 sm IPCA-E 1 a 40 sm (ref. 15o dia do mês corrente p/ 15o anterior)
Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Const. Civil
Levantamento de preços de materiais e salários pagos na construção civil, saneamento e infra-estrutura
Agropecuária
Censo Agropecuário; Produção Agrícola Municipal; Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura; Pesquisa Pecuária Municipal; Pesquisa de Estoques; Pesquisa do Leite; Pesquisa do Couro; Pesquisa de Abate de Animais; Produção de Ovos de Galinha; Levantamento Sistemático da Produção Agrícola
Indústria
Pesquisa Industrial Anual – Empresa; Pesquisa Industrial Anual – Produto; Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física; Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salários; Pesquisa Anual da Indústria da Construção Civil
Comércio e Serviços Pesquisa Anual dos Serviços; Pesquisa Anual do Comércio; Pesquisa Mensal do Comércio
Além do IBGE, há outras instituições produtoras de estatísticas econômicas
primárias como os Ministérios da Fazenda, do Desenvolvimento, Trabalho, Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco Central,
Fundação Getúlio Vargas; as Confederações Patronais (como CNI, FIESP,
FECOMÉRCIO); Associações e Sindicatos Patronais (como ANFAVEA, Sindipeças,
ELETROS, ABPO); os grupos editoriais especializados (como Gazeta Mercantil,
EXAME, Valor); o Sebrae, além de empresas de pesquisa, como IBOPE e NIELSEN.
Quadro 4: Principais Produtores de Informação EconômicaQuadro 4: Principais Produtores de Informação EconômicaQuadro 4: Principais Produtores de Informação EconômicaQuadro 4: Principais Produtores de Informação Econômica
InstituiçãoInstituiçãoInstituiçãoInstituição Produtos informacionaisProdutos informacionaisProdutos informacionaisProdutos informacionais Endereço EletrônicoEndereço EletrônicoEndereço EletrônicoEndereço Eletrônico
ACNielsen Retail Highlights www.acnielsen.com.br
BACEN Boletim do Banco Central do Brasil Relatório de Inflação
www.bacen.gov.br
BNDES Sinopse Econômica www.bndes.gov.br
CNI Indicadores Industriais www.cni.org.br
FGV Conjuntura econômica www.fgv.br
FIPE/USP Boletim de informações da FIPE www.fea.usp.br
FUNDAP Indicadores DIESP www.fundap.sp.gov.br
FIESP Levantamento de Conjuntura Nível de Emprego
www.fiesp.org.br
IBGE
Lista de Indicadores Conjunturais e Boletins de Contas Nacionais Trimestrais, Pesquisa Mensal de emprego, Pesquisa Mensal do Comércio, Pesquisa Industrial Mensal, Índice Nacional de Preços ao Consumidor
www.ibge.gov.br
Inst.Economia UNICAMP
Política econômica em foco www.ie.unicamp.br
Inst.Economia Economia & Conjuntura www.ie.ufrj.gov.br
21
UFRJ
IEDI Carta do IEDI – Inst. Estudos para o desenvolvimento industrial
www.iedi.org.br
IPEA Boletim de Conjuntura www.ipea.gov.br
Ministério da Fazenda
Dívida Pública Mobiliária Federal Interna e Mercado Aberto
www.fazenda.gov.br
Ministério do Trabalho
Análise mensal do
mercado de trabalho formal www.mtb.gov.br
Sebrae-SP Indicadores Sebrae-SP www.sebraesp.com.br
Instituto de Economia Agrícola
Informações Econômicas www.iea.sp.gov.br
Confederação Nacional do Comércio
Evolução da Conjuntura Econômica www.cnc.com.br
Juntamente com as informações do IBGE, os dados coletados por essas
instituições são usados para monitoramento conjuntural da economia brasileira por
diversas instituições, que as divulgam de forma analisada em Boletins de
Conjuntura (Quadro 4). Esses boletins são documentos de importante leitura para
se manter atualizado com relação à evolução recente da economia e das
perspectivas da mesma para os próximos meses, na medida em que trazem as
interpretações de técnicos especializados quanto a um conjunto amplo de
indicadores de diferentes fontes, de diferentes dimensões do sistema econômico,
com nível maior ou menor de antecedência/conseqüência de fatores
macroeconômicos nacionais e internacionais, expressos sob forma de números,
índices, taxas, variações mensais ou taxas dessazonalizadas.
1.31.31.31.3. . . . A produção de indicadores sA produção de indicadores sA produção de indicadores sA produção de indicadores sociais e econômicos no SEADE ociais e econômicos no SEADE ociais e econômicos no SEADE ociais e econômicos no SEADE
As instituições de estatística e secretarias de planejamentos nos estados
também produzem, compilam e disseminam dados e indicadores sociais e
econômicos. Com base em pesquisas primárias, em pesquisas do IBGE, em
registros administrativos das Secretarias e órgãos governamentais, levantamentos
em cartórios e outros estabelecimentos, essas instituições produzem trabalhos
analíticos, boletins conjunturais e bases de dados (disponíveis em CD-ROM’s e
Internet) com informações acerca da população, panorama social e conjuntura da
economia regional. Assim, de forma complementar às pesquisas do IBGE, é possível
dispor de alguns indicadores sociais e econômicos mais específicos para municípios
e regiões.
Dentre essas instituições destaca-se a Fundação Sistema Estadual de Análise
de dados – Seade – pelo fato de desenvolver pesquisas primárias para
levantamento de dados socioeconômicos, além de dispor de um conjunto amplo
de produtos informacionais que abordam questões relacionadas à dinâmica
demográfica, social e econômica paulista. No Sistema de Estatísticas Sociais e
Econômicas do Seade destacam-se a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED),
a Pesquisa de Condições de Vida (PCV), a Pesquisa Municipal Unificada (PMU), o
Sistema de Estatísticas Vitais (VIT), o Sistema de Informações dos Municípios
Paulistas (IMP), a Pesquisa de Atividade Econômica Paulista (PAEP), o Guia de
22
Investimentos e Geração de Empregos e a Pesquisa de Conjuntura da Pequena e
Média Empresa (PECOMPE).
A PED foi implantada pelo Seade, em 1985, na Região Metropolitana de São
Paulo, e depois levada a outras regiões – Região Metropolitana de Salvador, de
Belo Horizonte, de Porto Alegre, de Recife e Distrito Federal –, constituindo uma
rica base de séries históricas de indicadores de mercado de trabalho
metropolitano no país, já que levanta mensalmente estatísticas do trabalho,
permitindo avaliar os efeitos da conjuntura econômica sobre o nível de
desemprego e rendimentos. Os conceitos de atividade, trabalho e desocupação, o
protocolo de coleta e o desenho do plano amostral são diferentes dos
empregados na PME do IBGE, levando à computação de indicadores que, em
geral, em termos de nível, são diferentes; mas, em termos de tendência no tempo,
são semelhantes. A PCV, tal como a PNAD do IBGE, é uma pesquisa de natureza
multitemática, levantando informações que podem ser usados para construção de
indicadores de diferentes dimensões da realidade social (habitação, trabalho,
educação, saúde, acesso a programas sociais, rendimentos e pobreza).
A PMU coleta informações sobre a capacidade organizacional, administrativa e
financeira das prefeituras, além de aspectos específicos de programas públicos lá
desenvolvidos. As VIT constituem um rico acervo de informações sobre os eventos
vitais (nascimentos, óbitos, casamentos etc.) no Estado, permitindo a construção
de vários indicadores relevantes e periódicos no campo da Saúde Pública (taxa de
mortalidade infantil, por causas etc.). O IMP reúne um conjunto amplo de
indicadores sociais e econômicos para a totalidade dos municípios paulistas,
muitos deles em séries históricas de décadas. Nele se podem obter indicadores
anualmente atualizados pelas estatísticas e registros das diversas secretarias de
Estado, concessionárias públicas e outras instituições.
Quadro 5: Quadro 5: Quadro 5: Quadro 5: Principais Pesquisas do SeadePrincipais Pesquisas do SeadePrincipais Pesquisas do SeadePrincipais Pesquisas do Seade
Sistema/ PeSistema/ PeSistema/ PeSistema/ Pessssquisaquisaquisaquisa EscopoEscopoEscopoEscopo Desagregação Desagregação Desagregação Desagregação geográfgeográfgeográfgeográfiiiicacacaca
Periodicidade Periodicidade Periodicidade Periodicidade DDDDiiiivulgaçãovulgaçãovulgaçãovulgação
Pesquisa de Emprego e Desemprego
Estatística do mercado de trabalho como pessoal ocupado, taxa de dês emprego e nível de rendimento médio
Região Metr. S. Paulo Região do ABC
Em outros estados: DF, RMs de Salvador, Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre
Mensal, com resultados em até 30 dias do mês de referência
Pesquisa de Condições de Vida
Educação, acesso a Saúde, Habitação, Trabalho, Rendimentos, Acesso a Programas Sociais, Pobreza
Região Metropolitana de São Paulo
Interior do Estado
Algumas regiões
1990: Só RMSP
1994
1998
Pesquisa de Municipal Unificada
Gestão Pública Municipal, Instrumentos de planejamento
Estrutura organizacional
Municípios 1992
1995
1997
1999
2003
Estatísticas Vitais Estatísticas derivadas do Registro Civil como taxas de mortalidade infantil, por
Estado
Regiões (diversas agregações) Municípios
Atualização anual
23
causas etc. agregações) Municípios
Informações dos Municípios Paulistas
Indicadores municipais multitemáticos, provenientes de Registros de Secretarias, Concessionárias, etc.
Estado
Regiões (diversas agregações) Municípios
Atualização anual
Pesquisa de Atividade Econômica Paulista
Receita, Valor adicionado, pessoal ocupado, inovação tecnológica, tecnologia de informação, automação e gestão administrativa
Estado
Interior
Grandes Regiões do interior
Qüinqüenal
1o lev. Ref. 1996
2o lev. Ref. 2001
Guia de Investimentos e Oferta de Empregos
Investimentos anunciados por empresas, por setor de atividade, origem do capital e tipo de investimento
Regiões Administrativas do Estado e Municípios
Mensal, com resultados em até 30 dias do mês de referência
Pesquisa de Conjuntura da Pequena e Média Empresa (com SEBRAE)
Faturamento, pessoal ocupado, gasto com salários das pequenas e médias empresas
Região Metropolitana de São Paulo
Interior do Estado
Mensal, com resultados em até 30 dias do mês de referência
A PAEP traz informações acerca da receita, pessoal ocupado, política de
recursos humanos, tecnologia de informação e dados acerca das mudanças dos
processos de gestão, automação, produção e inovação tecnológica nas empresas
sediadas no estado, para os anos de referência de 1996 e 2001, com possibilidade
de desagregação por grandes regiões no Estado. A PECOMPE, já citada
anteriormente, é realizada através de convênio com o Sebrae levantando
mensalmente dados sobre faturamento, pessoal ocupado e gastos com salários
em uma amostra de pequenas e médias empresas, permitindo a desagregação de
resultados por setor (Indústria, Comércio e serviços) para a Região Metropolitana
de São Paulo e interior do Estado. O Guia de Investimentos permite o
monitoramento das tendências do investimento produtivo no Estado de São Paulo,
organizados em tabelas que discriminam, para as diversas regiões e municípios do
Estado, os investimentos anunciados segundo origem do capital (país sede da
empresa), tipo de investimento (implantação, ampliação, modernização) e setor de
atividade.
Além dessas pesquisas, a Fundação SEADE tem também produzido diversos
Indicadores Sociais Sintéticos, para auxiliar na formulação e tomada de decisão
quanto à alocação dos recursos públicos e priorização das políticas sociais como o
IPRS – Índice Paulista de Responsabilidade Social –; o IVJ – Índice de
Vulnerabilidade Juvenil; e o IPVS – Índice Paulista de Vulnerabilidade Social. Cada
índice foi desenvolvido para atender uma perspectiva diferente de orientação em
políticas públicas, empregando diferentes variáveis e referidos a unidades
territoriais também específicas.
24
Quadro 6: Quadro 6: Quadro 6: Quadro 6: Principais Índices Sociais Principais Índices Sociais Principais Índices Sociais Principais Índices Sociais do do do do SeadeSeadeSeadeSeade
ÍndÍndÍndÍndiiiicececece ObjetivoObjetivoObjetivoObjetivo Fontes de Fontes de Fontes de Fontes de
ddddaaaadosdosdosdos
Unidade Unidade Unidade Unidade
territorterritorterritorterritoriiiialalalal
Aspectos Aspectos Aspectos Aspectos
metodológicosmetodológicosmetodológicosmetodológicos
IPRS Indicador qualitativo
(tipologia),
desenvolvido para
atender demanda da
Assembléia
Legislativa de São
Paulo, para
identificar o estágio
de desenvolvimento
social dos 645
municípios paulistas,
segundo nível de
riqueza, longevidade
e escolaridade
Diversos registros
administrativos
disponíveis no
SEADE,
compilados das
informações
provenientes de
Secretarias
Estaduais e
outros órgãos
Municípios Tipologia construída através da
aplicação da análise fatorial e de
agrupamentos
RiquezaRiquezaRiquezaRiqueza
� Consumo residencial de energia
elétrica
� Consumo de energia elétrica na
agricultura, no comércio e nos
� serviços
� Remuneração média dos
empregados com carteira
assinada
� Valor adicionado fiscal per capita
Longevidade Longevidade Longevidade Longevidade
� Taxa de mortalidade infantil
� Taxa de mortalidade perinatal
� Taxa de mortalidade de 15 a 39
� Taxa de mortalidade de 60 anos
e mais
Escolaridade Escolaridade Escolaridade Escolaridade
� % de jovens de 15 a 17 anos com
ensino fundamental
� % de jovens de 15 a 17 anos com
pelo menos quatro anos de
estudo
� % de jovens de 18 a 19 anos com
ensino médio
� % de crianças de 5 a 6 anos que
freqüentam pré-escola
IVJ Instrumento auxiliar
na escolha de áreas
de intervenção de
programas na área
da Sec. Est. Cultura,
para identificar
distritos da cidade de
São Paulo com
maiores níveis de
vulnerabilidade de
jovens
Censo
Demográfico
2000 e Sistema
de Estatísticas
Vitais
Distritos da
cidade de São
Paulo
Índice construído através de análise
fatorial, com base nas variáveis:
� Taxa anual de crescimento
populacional entre 1991 e 2000;
� Percentual de jovens, de 15 a 19
Anos, no total da população do
distrito;
� Taxa de mortalidade por
homicídio da população
masculina de 15 a 19 anos;
� Percentual de mães
adolescentes, de 14 a 17 Anos,
no total de nascidos vivos;
� Valor do rendimento nominal
médio mensal, dos responsáveis
por domicílios particulares
permanentes;
� Percentual de jovens de 15 a 17
anos que não freqüentam
IPVS identificar áreas
intramunicipais com
grande
concentração de
famílias pobres.
Instrumento auxiliar
na focalização de
programas de
transferência de
renda
Censo
Demográfico
2000
Setor
Censitário 2000
(agrupamento
contíguo de
aproximadame
nte 300
domicílios,
independentem
ente do porte
populacional do
município onde
se localizam)
Índice construído através de análise
fatorial, com base nas variáveis:
� Anos médios de estudo do
responsável pelo domicílio;
� % de responsáveis pelo domicílio
com ensino fundamental
completo;
� % de responsáveis com renda
até 3 salários mínimos;
� Rendimento nominal médio do
responsável pelo domicílio;
� % de responsáveis pelo domicílio
alfabetizados;
� Idade média do responsável pelo
domicílio;
� % de responsáveis com idade
até 29 anos;
� % de pessoas com até 4 anos
25
no total de residentes
26
T E X T O
4 Painéis de Monitoramento e Avaliação de Programas e Projetos
Objetivo de aprendizagem:
Apresentar o conceito de Painel de Monitoramento e
Avaliação como ferramenta essencial para apoio ao
gerenciamento de programas e projetos.
A construção de painéis de monitoramento e avaliação constitui-se num dos elementos fundamentais para o gerenciamento de programas e projetos. Um painel bem elaborado, atualizado e bem utilizado pode propiciar um significativo ganho de qualidade e eficiência gerenciais. É um instrumento que auxilia o gestor a selecionar, organizar e administrar as informações relevantes para a tomada de decisões estratégicas ou operacionais.
Serão apresentadas, aqui, orientações básicas e dicas para a construção e utilização de painéis de monitoramento e avaliação de programas e projetos.
1. A utilização de indicadores na gestão de programas
Princípio da finalidade ou da eficácia
A aplicação da racionalidade gerencial na gestão pública tem origem na administração por objetivos (Peter Drucker) e busca construir uma “lógica de resultados” a par da “lógica de meios”, tão característica da gestão das burocracias públicas.
Nos últimos tempos, a administração pública é cada vez mais confrontada com a extensão da natureza de suas atividades, com a redução relativa de seus meios, ao mesmo tempo em que é mais cobrada na sua eficácia. Resulta daí a maior busca de experiências, visando a introduzir o gerenciamento por objetivos, seja no âmbito da gestão das instituições públicas, seja no âmbito da gestão de projetos específicos.
William Edwards Deming (1900-1993), conhecido como o “profeta da qualidade” e “filósofo do gerenciamento”, um dos nomes mais influentes no renascimento econômico do Japão, proferiu a célebre frase:
“Não se gerencia o que não se mede, não se mede o que não se define, não se define o que não se entende, não há sucesso no que não se gerencia”.
Ao destacar as palavras-chave – entender, definir, medir, gerenciar e sucesso – pode-se depreender que o sucesso tem início no entendimento da situação; assa pela definição da trajetória e seus indicadores; exige a medição ou aferição da situação em cada momento, para que se possa tomar decisões acertadas e, assim, chegar ao resultado esperado. Percebe-se, desse modo, que os indicadores e sua aferição (medição) têm lugar de destaque no processo gerencial de sucesso.
Indicadores e o ciclo de gestão pública
A gestão de programas está inserida no contexto de formulação, execução, acompanhamento e avaliação, que compõem o ciclo da gestão pública; envolve diversas fases, assim como o uso de diferentes tipos de indicadores.
27
Os indicadores utilizados na fase de análise da situação ou diagnóstico são de natureza distinta daqueles referentes à fase de execução e avaliação dos resultados, como já mencionado em capítulo anterior. É importante destacar que o painel de monitoramento e avaliação de programas aplica-se melhor às duas últimas fases.
a) Diagnóstico ou análise da situação atual
Esta fase envolve a análise de indicadores sociais relacionados à temáticas diversas, que possam orientar a identificação de problemas e demandas prioritários. O que se pretende é diagnosticar, comparar, classificar e analisar tendências, por meio de indicadores já existentes.
b) Formulação ou concepção do programa
A partir do diagnóstico realizado, são estabelecidos os objetivos do programa, seu público-alvo e/ou tema, suas diretrizes e ações (projetos e atividades operacionais) e a previsão dos recursos necessários.
Nesta fase, é importante que haja a definição dos indicadores de monitoramento e avaliação, com a concepção dos quatro grupos de indicadores essenciais para a gestão de programas: insumos, projetos, atividades e resultados.
Desse modo, os objetivos podem ser traduzidos em indicadores e metas; a natureza dos produtos finais deve ser especificada, assim como um cronograma com a previsão orçamentária (investimento) no âmbito dos projetos; os produtos estratégicos, os indicadores e metas de processo devem ser definidos, bem como o custeio estimado para a etapa das atividades.
c) Gerenciamento da execução
Nesta fase, o painel de monitoramento e acompanhamento das atividades ganha vida, com a verificação da pertinência dos indicadores e das metas definidas na fase anterior.
A comparação entre os valores aferidos e as metas estabelecidas irá oferecer ao gestor, e demais interessados, um quadro para avaliação do andamento da execução. Uma boa concepção e um bom planejamento não são suficientes para garantir resultados. É necessária uma boa execução da estratégia adotada e, neste momento, os indicadores, se bem concebidos, são a base para a tomada de decisão segura e bem fundamentada.
d) Avaliação dos resultados
A avaliação deve estar integrada à rotina do gerenciamento, trazendo maior garantia de eficácia, uma vez que produz um senso de compromisso e alinhamento da equipe com os resultados esperados. A avaliação permanente desloca naturalmente o foco para o cliente da ação e não para a ação em si, propiciando o ajuste das estratégias e conseqüente correção de rota durante a execução e a produção de melhores resultados.
2. Gerenciamento e o “Sistema de Pilotagem”
O sistema de pilotagem é um instrumento a serviço do gerenciamento e se constitui numa ferramenta fundamental de ajuda para a tomada de decisões. Geralmente, é constituído de duas categorias: o “painel de controle” e os “diários de bordo”.
� Painel de Controle: é um suporte informativo (documento em papel ou em sistema informatizado), que contém e apresenta informações de síntese, sob a forma de indicadores, e permitem ao gerente conhecer a situação global em tempo útil para tomar decisões de percurso.
� Diários de bordo: são conteúdos informativos mais específicos sobre os objetivos e os resultados esperados, sobre a natureza do empreendimento e das ocorrências ao longo da gestão. Incluem também os painéis de controle das autoridades subordinadas. Podem conter sínteses de estudos, relatórios, situações de orçamento e finanças, estatísticas etc.
A simbologia dessas duas figuras remete à experiência de conduzir uma aeronave ou uma embarcação onde é necessário ter informações a tempo de tomar decisões de percurso, tendo em vista chegar a um objetivo determinado. Essas informações devem ser encontradas nos diários de bordo, que devem conter dados e informações, previamente armazenados, do planejamento de viagem e das ocorrências ao longo do percurso, ou no painel de controle, que deve estar constituído de informações necessárias para acompanhar e avaliar a rota e as condições de navegação. Essa simbologia nos permite perceber a natureza das ferramentas propostas, mas não deve confundir-nos quanto às diferenças de complexidade entre a gestão de programas governamentais e a tarefa de dirigir equipamentos que permitem controle quase completo das variáveis técnicas envolvidas.
28
3. Sistema de pilotagem x Sistema de informações
O sistema de pilotagem diferencia-se de um sistema de informações. Os sistemas de informações captam, em geral, um conjunto de informações acerca de uma atividade ou um propósito e costumam ser o mais abrangente possível. Suas informações têm caráter perene e são armazenadas ao longo do tempo para permitir análises as mais diversas e de diferentes interesses e propósitos. São exemplos de sistemas de informações, no âmbito de organizações públicas, o sistema de informações educacionais, o sistema de informações em saúde pública, o sistema de informações de segurança pública, o sistema de cadastro de veículos automotores etc.
Por outro lado, o sistema de pilotagem configura-se como um sistema de informações específico, aplicado à gestão de determinado empreendimento, seja ele uma organização, um programa ou um projeto determinado. Suas informações têm relevância temporal, perdendo seu sentido fora do tempo útil da informação. É um sistema voltado para informar o dirigente acerca de aspectos importantes do desempenho da organização ou do programa ao longo da gestão. Assim, é um sistema que se aproveita dos sistemas de informações, mas atende às necessidades específicas da gestão do empreendimento.
Assim, para cada empreendimento deve ser construído um sistema de pilotagem específico, em função das necessidades de acompanhamento, avaliação e tomada de decisões gerenciais próprias ao empreendimento e visando aos resultados esperados.
Nesse sentido, é fundamental ter muito claro os principais aspectos constitutivos da organização ou projeto que dão o sentido e a direção à gestão, bem como explicitam os resultados almejados. São eles que devem orientar a formulação do sistema de pilotagem. Esses aspectos são em geral tratados no âmbito do planejamento estratégico e são identificados na missão, na visão de futuro, nas diretrizes estratégicas, nas funções ou missões das áreas constitutivas da organização ou projeto, nas atividades ou produtos decorrentes das operações, projetos ou ações governamentais.
Esse conjunto de aspectos faz parte do que chamamos no início deste texto de “lógica de resultados”, pois o foco são os objetivos. Adotamos o conceito de objetivo como sendo “um resultado mensurável a ser atingido pelo responsável de uma unidade de trabalho em um dado prazo”.
4. Nível de informação e nível de decisão
Para tomar decisões gerenciais, seja de correção de percurso ou de desempenho em um empreendimento, são necessárias diferentes informações e a tomada de decisão deve ser feita em níveis distintos de responsabilidade na estrutura de comando do empreendimento. Assim, os diferentes gestores de uma mesma organização ou projeto terão responsabilidades diferentes e precisarão de informações mais detalhadas ou mais sintéticas, conforme as necessidades das decisões a serem tomadas.
Quanto ao nível de informação, um gestor específico fará uso sistemático e periódico do seu “painel de controle”, com os indicadores de síntese e sinais de alerta para acompanhar e avaliar de modo rápido seu empreendimento. Sempre que precisar de uma informação mais completa e abrangente, deverá fazer uso do seu “diário de bordo”, que deve conter relatórios da organização, estudos e estatísticas sobre o empreendimento, os painéis de controle dos subordinados etc. Se necessitar de um nível mais abrangente de informação, fará uso dos sistemas de informações existentes na organização ou fora dela.
Quanto ao nível de decisão, o sistema de pilotagem deve variar em função do nível de responsabilidade do gestor no empreendimento. Conteúdos diferentes e adequados às necessidades de cada nível devem compor os instrumentos do sistema de pilotagem.
29
5. Composição do painel de controle
Considerando que um painel de controle deve focar o gerenciamento do programa, seus componentes básicos devem ser:
1) Indicadores de insumos ou recursos: previsão versus utilização dos
recursos, especialmente os financeiros (tanto de investimento quanto de
custeio);
2) Indicadores de andamento do projeto: previsão versus execução dos
“produtos” da fase de estruturação do programa (infra-estrutura física,
tecnológica, metodológica e demais recursos);
3) Indicadores de operação ou atividade: previsão versus realização das
atividades operacionais de rotina, destacando os principais “produtos” e
“processos” correspondentes; e
4) Indicadores de resultado: metas versus resultados alcançados.
Com um painel atualizado, o gerente do programa poderá acompanhar a execução (indicadores dos grupos 2 e 3); avaliar a eficiência, comparando a execução com o consumo dos recursos; e verificar a eficácia, comparando os indicadores de resultado (grupo 4) com os de insumos (grupo 1).
Modelo referencial para a construção do Painel de Controle para o monitoramento de um Programa
Projetos Atividades
SituaSituaçção ão
DesejadaDesejada
População Alvo
Beneficiários ou usuários
Ind
ica
do
res d
e I
mp
ac
to
Indicadores de execução (projeto)
Indicadores de atividades rotineiras (processo)
Indicadores de resultado
Resultado
Esperado
0
20
40
60
80
100
%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Meses
Benefício Concedido
Previsto Realizado
0
20
40
60
80
100
%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Meses
Benefício Concedido
Previsto Realizado
Sociedade
Indicadores de insumos (investimento e custeio)
E volução
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
100%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Meses
Av
an
ço
fís
ico
Previsto Real izado
E volução
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
100%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Meses
Av
an
ço
fís
ico
Previsto Real izado
Operação
Avanço Financeiro Custo operacional
Estruturação
SituaSituaçção ão
AtualAtual
Sociedade
População Alvo
Beneficiários ou usuários
Ind
ica
do
res S
ocia
is
Painel de Bordo do Programa
Situação objeto da intervenção
30
6. Dicas para construção do painel de controle
A construção do painel de controle deve ser o mais simples possível para que não se torne um obstáculo. Seu desenvolvimento deve ser encarado como um processo de aprendizagem em que a experiência vai enriquecendo a capacidade de melhorar o conjunto das informações e sua utilização.
A seguir, são apresentadas algumas dicas para sua construção:
• Não se fixe demais em modelos: não existe um modelo ideal. Seu painel de controle deve “grudar” na realidade e nas prioridades de seu programa;
• Busque um formato que seja suficientemente comunicativo a todos interessados Normalmente, a representação gráfica do previsto versus o realizado oferece boa aceitação e rápida assimilação para a maioria dos envolvidos na gestão;
• Não exagere nos detalhes. Não acumule em seus painéis de controle um excesso de informações que podem ser facilmente encontradas em outros lugares. O painel de controle do programa não deve substituir o sistema de informação das organizações ao qual programa esteja vinculado;
• Utilize poucos e bons indicadores. O excesso de informação produz desinformação. Valem mais alguns indicadores confiáveis do que muitos indicadores incertos;
• Envolva a equipe na formulação, formatação e manutenção do painel. Ele é um instrumento gerencial coletivo e seus colaboradores devem aderir à sua concepção para contribuir na sua alimentação e utilização;
• Reserve um campo para observações. Sempre surgem situações inesperadas e/ou a necessidade de noticiar um acontecimento importante, seja o alcance de uma meta parcial ou um ponto de controle do projeto, por exemplo.
• Reproduza periodicamente as informações do painel em um relatório pré-formatado para distribuir aos interessados no acompanhamento do programa, seja para a prestação de contas, seja como instrumento de motivação para os colaboradores internos ou externos.
31
T E X T O
5 Aspectos Metodológicos da Construção e Análise de Indicadores
Objetivo de aprendizagem:
Introduzir os conceitos da estatística descritiva para a
construção de Indicadores.
A rápida difusão de procedimentos estatísticos, impulsionada pela incorporação
de computadores à maior parte das atividades profissionais, exige do gestor
público o desenvolvimento de habilidades tanto na área da Informática quanto na
de Análise Estatística.
A Análise Quantitativa, por sua vez, só pode ser realizada de forma confiável,
mediante o domínio de um conjunto de conceitos estatísticos básicos. Os
equívocos analíticos provocados pela inobservância de um quadro conceitual
podem ser ainda agravados se essas estatísticas forem calculadas sem o
conhecimento de suas aplicabilidades e limitações. Não raro, pode-se chegar a
conclusões equivocadas justamente pelo uso aleatório de algumas medidas
estatísticas.
Ao conhecimento necessário para o uso da Estatística e mediante o
refinamento analítico obtido com o constante exercício metodológico, pode-se
lançar mão de ferramentas capazes de abreviar o trabalho de análise requerido
em quase todas as etapas da Gestão Pública.
1. Conceitos básicos
O trabalho de análise estatística aplicada à gestão e ao monitoramento de
projetos deve-se iniciar com a seleção criteriosa das variáveis a serem utilizadas.
O gestor precisa ter clareza de que, embora essa definição seja aparentemente
trivial, as variáveis diferem entre si quanto à sua natureza. O Quadro 1 sistematiza
essa tipologia.
Variável
Qualitativa
Quantitativa
Nominal
Ordinal
Discreta
Contínua
Dicotômica
Quadro 1 Quadro 1 Quadro 1 Quadro 1 –––– Tipos de Variáveis Tipos de Variáveis Tipos de Variáveis Tipos de Variáveis
32
As variáveis qualitativas são aquelas que, como o próprio nome sugere,
exprimem uma qualidade. Essa qualidade de interesse pode ser de caráter ordinal,
onde seus atributos apresentem determinada hierarquia interna, como, por
exemplo, o nível de instrução e o estado civil. Se os atributos da variável qualitativa
não constituem essa hierarquia interna, afirma-se tratar de uma variável nominal,
de que são exemplos as variáveis Sexo e Lugar de Nascimento.
Por outro lado, as variáveis podem expressar números, sendo, portanto,
denominadas variáveis quantitativas. Se as variáveis resultam de um processo de
medição, assumindo valores decimais, são denominadas variáveis contínuas.
Entretanto, se resultam de contagem, assumindo valores inteiros, são definidas
como variáveis quantitativas discretas.
Nos procedimentos amostrais, que incluam alguma modelagem estatística, é
comum quantificar algumas variáveis qualitativas. Pode-se, por exemplo, criar uma
escala de valores, onde a gradação entre “pouco=1”, “médio=2” e “muito=3” possa
ser utilizada para medir o grau de aceitação de uma ação governamental por parte
de determinada população. Pode-se, ainda, atribuir um valor “1” ao atributo de
interesse e “0” aos demais atributos. Esse último procedimento utiliza variáveis
binárias ou dicotômicas.
Estabelecido esse quadro conceitual sobre os tipos de variáveis, trata-se agora
da forma adequada de representação tabular e gráfica dessas informações.
Observe nas tabelas 1 e 2 que o grau de instrução dos 36 empregados possui
apresentação tabular distinta da verificada nos salários. Essa última variável,
devido ao diferentes valores que assume, foi agrupada em classes de salários.
No que se refere à representação gráfica, note que o grau de instrução pode
ser representado pelo gráfico de setores (pizza), enquanto os salários são
representados por barras justapostas, visto tratar-se de variáveis contínuas.
Figura 1 - Gráfico em setores para o grau de instrução
Fundadmental
33%
Médio
50%
Superior
17%
Figura 2 - Histograma das faixas salariais
0
2
4
6
8
10
12
14
4,00 a 8,00 8,00 a 12,00 12,00 a 16,00 16,00 a 20,00 20,00 a 24,00
Grau de Instrução Freqüência (ni) Proporção (fi) Porcentagem (fi)*100
Fundadmental 12 0,33 33,33
Médio 18 0,50 50,00
Superior 6 0,17 16,67
Total 36 1,00 100,00
Fonte: Bussab & Morettin, p. 12, 2002
Tabela 1
Freqüência e porcentagens dos 36 empregados da seção de orçamentos da
Cia. MB, segundo grau de instrução Faixa de salário Freqüência (ni) Proporção (fi) Porcentagem (fi)*100
4,00 8,00 10 0,28 27,78
8,00 12,00 12 0,33 33,33
12,00 16,00 8 0,22 22,22
16,00 20,00 5 0,14 13,89
20,00 24,00 1 0,03 2,78
Total 36 1 100
Fonte: Bussab & Morettin, p. 13, 2002
Tabela 2
Freqüência e porcentagens dos 36 empregados da seção de orçamentos da
Cia. MB, por faixa de salário
33
A definição das variáveis, a serem utilizadas no trabalho de monitoramento ou
avaliação de ações e projetos, constitui a parte inicial do tratamento estatístico.
Nos estágios que se seguem a esse, é usual o emprego de algumas medidas
como Razão, Proporção, Taxa e Índice. Ocorre que, em alguns casos, nota-se
certa confusão entre os seus conceitos, fato que pode dificultar o entendimento
acerca do que se deseja mensurar.
Define-se Razão como a relação, comumente por cem (%) ou por mil (‰),
entre dois valores que pertencem a populações diferentes. Por exemplo, o total de
alunos do sexo masculino e o total do sexo feminino, consumo de energia elétrica
por hora etc. A forma matemática que exprime essa relação é a seguinte:
100*B
A
X
XRz = ou 1000*
B
A
X
XRz = (1)
Se esses valores ou grandezas pertencem a uma mesma população, sendo o
numerador parte do denominador, a relação calculada é proporcional e sua forma
é a seguinte:
100*PrXA
Xop a
= ou 1000*PrXA
Xop a
= (2)
Para medir a intensidade de uma variação no tempo, crescimento ou
decrescimento, utilizamos as taxas. Em outras palavras, o emprego de taxas só se
justifica quando existe uma dimensão temporal envolvida, ou seja, pelo menos dois
pontos no tempo (T0 e T1).
100*10
11,0 −=∆ tempo
T
T
TTX
X ou 1000*1
0
11,0 −=∆ tempo
T
T
TTX
X (3)
As definições acima permitem compreender que, em muitos casos, calcula-se
de uma forma e dá-se o nome de outra. Isso acontece, por exemplo, com a
medida de analfabetismo. Quando se divide o total de analfabetos pela população
de um país, tem-se a proporção de analfabetos e não a taxa de analfabetismo.
Essa última seria, portanto, o total de analfabetos no tempo T1 em relação ao total
no T0, conforme equação 3, acima.
Pode-se argumentar, contudo, que o termo “proporção de analfabetos” não
possui a mesma facilidade de entendimento por parte do grande público, daí a
preferência pela “taxa”. Mediante um impasse desse tipo, aconselha-se a
utilização do termo “índice”, dada sua maior flexibilidade conceitual, ou seja, pode-
se utilizar o termo “índice de analfabetismo” de forma a facilitar o entendimento
mais amplo, sem prejuízo ao quadro conceitual aqui tratado.
O cálculo de taxas, razões, proporções e índices auxiliam sobremaneira as
análises quantitativas, mas são medidas, de certo modo, pouco refinadas.
Tomando como exemplo o analfabetismo, não se pode conhecer através dessas
medidas a idade média das pessoas caracterizadas como analfabetos, nem em
que idade ou grupo etário essa condição é mais intensa. Assim, sempre que for
34
necessário um conjunto de medidas mais refinadas, de forma a resumir
determinada característica de uma população ou de parte dela, recorre-se à
Estatística Descritiva.
2. Análise Estatística: descrevendo os números
2.1 2.1 2.1 2.1 –––– Medidas de Tendência Central Medidas de Tendência Central Medidas de Tendência Central Medidas de Tendência Central
A Análise Descritiva de um conjunto de dados permite que o gestor público faça
uma primeira aproximação de algumas características de interesse a partir da
base de dados estudada. O cálculo de medidas-resumo, como o valor médio,
dominante e mediano, fornece ao técnico informações sobre a tendência de esses
dados se concentrarem ou não no centro da distribuição.
O valor médio de uma distribuição deve ser calculado de acordo com a
natureza da variável em estudo. Se os números representam grandezas
aritméticas gerais, usa-se a média aritmética (4); no entanto, se se trata de taxas,
a medida adequada é a média geométrica (5).
a) Média) Média) Média) Média a a a aaaaritmética:ritmética:ritmética:ritmética: define-se como a razão entre a soma dos termos e o total
de termos, podendo essa relação ser ponderada.
n
x
x
n
i
i∑=
=1
_
ou
i
n
i
n
i
ii
f
fx
x
∑
∑
=
==
1
1_
*
(4)
Como exemplo, observe o cálculo da média para os dados da tabela a seguir.
=
b) Média b) Média b) Média b) Média ggggeométrica:eométrica:eométrica:eométrica: é a raiz n-ésima do produto dos “n” termos diferentes de
zero e positivos, simples ou ponderados.
Faixa de salário Freqüência (fi) x i x i*fi
4,00 8,00 10 6 60 8,00 12,00 12 10 12012,00 16,00 8 12 9616,00 20,00 5 14 7020,00 24,00 1 16 16
Total 36 362
Fonte: Bussab & Morettin, p. 13, 2002
Freqüência e porcentagens dos 36 empregados da seção de
orçamentos da Cia. MB, por faixa de salário
Tabela 2
i
n
i
n
i
ii
f
fx
x
∑
∑
=
==
1
1_
* 05,1036
362_
==x
35
nnig xxx *...*
_
= ou n f
n
f
igni xxx *...*
_
= (5)
Exemplo b1: Cálculo da média geométrica qüinqüenal das taxas de crescimento
do PIB brasileiro entre 1980 e 2000.
As estatísticas acima calculam um valor que em média represente o conjunto
de dados estudados. Portanto, será tanto melhor quanto mais homogêneas forem
tais informações. No entanto, em alguns casos, pode-se notar que há
determinados valores, de maior ou menor magnitude, que se distanciam dos
demais. Nessas circunstâncias, onde existam valores extremos, a utilização da
média pode não ser adequada na medida em que esses valores extremos (outliers)
possam distorcer a estatística. Em seu lugar, utiliza-se a moda ou a mediana como
estatísticas.
c) c) c) c) MMMModaodaodaoda:::: é o valor mais freqüente ou dominante verificado em uma distribuição.
Admita, a título de exemplo, os seguintes dados X={1,2,3,3,4}. É fácil observar que
o valor 3 é o de maior freqüência (2 vezes). Quando se trata de números simples,
é possível que não exista moda, ou seja, que cada número da distribuição apareça
apenas uma vez. Nesse caso, a distribuição é denominada amodal.
Pode-se ainda calcular essa estatística para os dados agrupados em classe,
sendo esse procedimento mais complexo que o anterior. Aqui utilizaremos o
método de King para calcular essa estatística, conforme abaixo:
hpostfantf
postflMo *
__
_
++= (6)
Onde, l é o limite inferior da classe modal;
f_post é a freqüência simples posterior da classe modal;
f_ant é a freqüência simples anterior da classe modal;
19,31,3*...*8,34
_
==gx 8,31,3*2,4*8,34 2_
==gx
Períodos %∆ 1980−85 3,8
∆ 1985−90 4,2
∆ 1990−95 2,1
∆ 1995−00 3,1
Tabela 3 - Taxas decrescimento do PIB, 1980-
2000Períodos %
∆ 1980−85 3,8
∆ 1985−90 4,2
∆ 1990−95 4,2
∆ 1995−00 3,1
Tabela 4 - Taxas decrescimento do PIB, 1980-
2000
36
h é a amplitude da classe modal.
Exemplo c1: Cálculo da moda dos dados contidos na Tabela 2 a seguir.
Ou seja, o salário dominante da empresa é R$9,8SM.
d) d) d) d) MMMMedianaedianaedianaediana:::: é a terceira medida de tendência central e divide a distribuição
ordenada de dados em duas partes iguais, 50% abaixo e 50% acima dela. Seu
cálculo também é relativamente simples. A título de exemplo, admita a distribuição
com cinco elementos, X1={1,3,4,5,9}. Logo, o valor 4 e que ocupa a terceira
posição, é o que divide o conjunto de dados ordenados de forma crescente em
duas partes iguais. Já na distribuição com seis elementos, X2={1,3,4,5,7,9}, o
elemento mediano está entre os números 4 e 5, ou seja está entre o terceiro e o
quarto valores. Em síntese, quando se tratar de uma distribuição com número de
observações ímpar, a mediana ocupará a posição 2
1+n, que, no primeiro caso, é
32
15=
+=Me , indicando que a mediana é 4. Quando o número de observações
for par, a mediana é obtida através da média simples entre os elementos 2
n e o
seguinte. No exemplo com X2={1,3,4,5,7,9}, a mediana é obtida calculando a média
entre o terceiro e o quarto elementos ( .5,42
54=
+
O cálculo da mediana para dados agrupados em classes exige um trabalho
maior que o apresentado acima. Utilizando as informações da Tabela 2 a seguir,
calcula-se a mediana seguindo os passos abaixo:
1º - Construção da Freqüência Acumulada Abaixo de (Fac_abaixo);
2º - Cálculo do elemento de ordem ou elemento mediano 2
nEMe = ,
independentemente do total de observações;
3º - Identificação da classe mediana;
4º - Cálculo do valor mediano, através de:
Faixa de salário Freqüência (ni)
4,00 8,00 10
Classe Modal 8,00 12,00 12
12,00 16,00 8
16,00 20,00 5
20,00 24,00 1
Total 36
Fonte: Bussab & Morettin, p. 13, 2002
Tabela 2
Freqüência e porcentagens dos 36
empregados da seção de orçamentos da
Cia. MB, por faixa de salário
8,94*108
88 =
++=Mo
37
(7)
No exemplo, temos que construída a freqüência acumulada abaixo de
(Fac_abaixo – 1° passo), obtemos:
2º passo – O elemento mediano está na: 018
2
36==MeE posição
3º passo – A classe mediana será aquela que contiver o 18º elemento, ou seja, a
que tiver a freq_abaixo maior ou igual a 18. Essa classe é de 8 a 12 SM.
4º passo – O valor mediano estará, portanto, entre 8 e 12 SM, sendo estimado
conforme a equação 7.
Dos cálculos acima, tem-se que metade dos funcionários da empresa ganha
até 10,7 SM.
Feitos esses cálculos, pode-se agora analisar a distribuição de salários dessa
empresa. Essas estatísticas indicam que:
i) o salário médio é de 10,05 SM;
ii) o salário mediano é de 10,7 SM;
iii) o salário dominante é de 9,8 SM.
Note que o salário dominante (9,8 SM), sendo inferior à média (10,05 SM),
indica a existência de importante número de empregados com baixo salário
relativo. Por outro lado, o valor assumido pelo salário mediano (10,7), superior às
outras estatísticas, sugere a existência de funcionários com elevados salários.
2.2 2.2 2.2 2.2 –––– Medidas de dispersão Medidas de dispersão Medidas de dispersão Medidas de dispersão
A análise descritiva deve também considerar o grau de heterogeneidade desse
conjunto de dados. Conforme visto anteriormente, pode-se utilizar esse conceito
para decidir sobre que medida de tendência central é a mais indicada para resumir
um conjunto de dados.
hf
abaixoacumFacElMe
Me
Me *__−
+=
Faixa de salário Freqüência (ni) Fac_abaixo
4,00 8,00 10 10
Me 8,00 12,00 12 2212,00 16,00 8 3016,00 20,00 5 3520,00 24,00 1 36
Total 36
Fonte: Bussab & Morettin, p. 13, 2002
Freqüência e porcentagens dos 36 empregados da
seção de orçamentos da Cia. MB, por faixa de salário
Tabela 2
SMMe 7,104*12
10188 =
−+=
38
a) a) a) a) DesvioDesvioDesvioDesvio----ppppadrão:adrão:adrão:adrão: a quantificação dessa heterogeneidade ou a dispersão de
um conjunto de dados é obtida calculando-se o desvio-padrão. Define-se desvio-
padrão como a média quadrática dos resíduos centrados, padronizada pela raiz
quadrada. A lógica desse cálculo consiste em dimensionar a distância ao quadrado
de cada ponto em relação à média dos pontos. A seguir, formaliza-se o desvio-
padrão:
n
fxx
dp
n
i
ii∑=
−
=1
2_
*
(8)
A Tabela 2 apresenta a coluna construída com o denominador da equação 8. O
somatório desse denominador é divido pelo total de observações e obtida a raiz
quadrada.
Observando que o desvio-padrão é de 2,92 SM, pode-se ainda construir uma
medida relativa de concentração, utilizada principalmente na comparação da
variabilidade entre duas populações. Trata-se do Coeficiente de Variação.
b) b) b) b) Coeficiente de Variação:Coeficiente de Variação:Coeficiente de Variação:Coeficiente de Variação: mede a variabilidade de um conjunto de dados, em
termos percentuais. Essa estatística é obtida dividindo o desvio-padrão pela
respectiva média vezes 100, conforme abaixo:
100*_
x
dpCV = (9)
Para os dados da Tabela 2, temos que o coeficiente de variação é:
%05,29100*05,10
92,2==CV , ou seja, os dados acima apresentam uma
variabilidade de 29% da média.
3. Inferência Estatística: Compreendendo o todo por meio das partes
Faixa de salário Freqüência (fi) xi xi*fi (xi-x)2*fi
4,00 8,00 10 6 60 164,475 8,00 12,00 12 10 120 0,03712,00 16,00 8 12 96 30,24716,00 20,00 5 14 70 77,79320,00 24,00 1 16 16 35,336
Total 36 362 307,889
Fonte: Bussab & Morettin, p. 13, 2002
Freqüência e porcentagens dos 36 empregados da seção de orçamentos da Cia. MB,
por faixa de salário
Tabela 2
=
−
=
∑=
n
fxx
dp
n
i
ii
1
2_
*
92,236
889,307==
39
3.1 Conceitos básicos de inferência estatística3.1 Conceitos básicos de inferência estatística3.1 Conceitos básicos de inferência estatística3.1 Conceitos básicos de inferência estatística
As técnicas de amostragem ou levantamentos amostrais são procedimentos
estatísticos utilizados para se produzir conhecimento sobre instantâneos da
realidade ou sobre características de uma população. Sendo esse conhecimento
obtido por meio do estudo de parte da população ou universo, define-se que
amostraramostraramostraramostrar significa selecionar uma parte desse universo, a partir da qual se pode
analisar ou inferirinferirinferirinferir sobre determinadas características da população.
Definições importantes:Definições importantes:Definições importantes:Definições importantes:
PopulaçãoPopulaçãoPopulaçãoPopulação ou Universoou Universoou Universoou Universo é o conjunto de todos os elementos. Amostra é parte
representativa da população.
AmostraAmostraAmostraAmostra é uma parte do universo.
Unidade AmostralUnidade AmostralUnidade AmostralUnidade Amostral representa o elemento ou elementos disponíveis para
análise no processo amostral.
CensoCensoCensoCenso é uma pesquisa em que todos os elementos que formam a população
são entrevistados.
Pesquisa AmostralPesquisa AmostralPesquisa AmostralPesquisa Amostral analisa a parte da população selecionada na amostra.
O censo e a amostra diferem essencialmente quanto à dimensão da pesquisa,
ou seja, enquanto a primeira estuda a população, a segunda é aplicada em parte
dela. Essa distinção implica saber em que circunstância deve-se optar por uma
outra modalidade. Em situações em que a população seja pequena ou os dados
populacionais estiverem disponíveis, deve-se optar pelo censo. Exceto em tais
circunstâncias, deve-se optar pelas pesquisas amostrais, principalmente devido à
sua potencialidade em promover excelentes resultados – desde que observados
os aspectos metodológicos – com menores custo e tempo.
Em termos gerais, parte fundamental do trabalho empregado em um processo
amostral baseia-se em dois pressupostos gerais. O primeiro diz respeito à
capacidade de uma parte (amostra) conter informações que sejam
suficientemente representativas do todo (universo). Em segundo lugar, admite-se
que os possíveis erros nessa representação sejam minimizados pela combinação
entre a sobrestimação e subestimação da característica de interesse.
Formalmente, uma amostra deve apresentar três características:
i) precisão: diz respeito à distância entre a verdadeira informação
(desconhecida) na população e a que foi estimada por meio da amostra. A
medida dessa precisão é o erro padrão;
ii) eficiência: é uma medida relativa obtida da comparação entre os diversos
tipos de amostra no sentido de utilizar aquele que produza os melhores
resultados, tanto em termos quantitativos quanto de economia de tempo de
recursos;
iii) correção ou ausência de viés: está relacionada com a capacidade de o
condutor da pesquisa evitar possíveis vieses ou erros sistemáticos, de forma
a evitar super ou subestimativas.
40
Tratando especificamente dos tipos de amostragem, são classificadas em dois
grupos:
• não-probabilísticas: são aquelas em que a seleção dos elementos da amostra
é influenciada pela preferência ou julgamento do pesquisador. Assim, não se
conhece a probabilidade de um elemento fazer parte da amostra, da mesma
forma que não permite conclusões acerca da população. As principais
modalidades de amostragens não-probabilísticas são:
a) amostras por conveniência: são aquelas selecionadas de acordo com a
conveniência explícita da pesquisa. Esse procedimento, apesar de pouco
confiável, é utilizado com fins exploratórios, em que o objetivo principal seja
obter informações pontuais sobre dado assunto, como, por exemplo, a
aceitação do sabor de determinado produto, muito realizada em
supermercados;
b) amostras intencionais: são aquelas onde os casos a serem analisados são
escolhidos por apresentarem determinada característica de interesse da
pesquisa. Seria o caso, por exemplo, de selecionar dentre os fumantes
aqueles que apresentem problemas respiratórios crônicos. Também nessa
modalidade de pesquisa não se pode fazer qualquer consideração sobre
essa característica no universo.
c) amostra por cotas: deriva da amostra intencional e o pesquisador busca
reproduzir a mesma composição do universo. Um dos aspectos desse
procedimento, além da impossibilidade de inferência, é justamente a
necessidade de conhecimento prévio sobre a composição da população,
informação que em alguns casos pode estar indisponível.
• amostragem probabilística: consiste no procedimento amostral em que todos
os elementos da população têm probabilidade conhecida de pertencer à
amostra. Se a probabilidade de pertencimento à amostra é a mesma para
cada elemento da população, tem-se um caso particular de amostragem,
denominada “probabilística simples”, que será tratado a seguir.
Vale, contudo, formalizar os principais estágios de um levantamento amostral.
3.2 Principais fases dos levanta3.2 Principais fases dos levanta3.2 Principais fases dos levanta3.2 Principais fases dos levantamentos amostraismentos amostraismentos amostraismentos amostrais
A inferência estatística, parte complementar e posterior à coleta de dados, é o
procedimento sobre o qual são derivadas conclusões sobre a população ou
universo com base nas informações amostrais e envolve duas partes essenciais: o
teste de hipótese e a estimação. A estimação é o cálculo obtido na amostra que
estatisticamente mais se aproxima da característica de interesse manifestada pela
população. Por exemplo, quando uma pesquisa eleitoral afirma, a partir de uma
amostra de 2 mil pessoas, que o candidato A possui 58% das intenções de voto,
estima-se que esse percentual deva ser o mesmo manifestado pela população do
município pesquisado.
O procedimento do teste de hipótese constitui-se, na verdade, em um teste
estatístico em que o resultado obtido leva o pesquisador a aceitar ou rejeitar a
hipótese de nulidade.
41
Nesse sentido, as fases de uma pesquisa amostral podem ser estruturadas da
seguinte forma:
1ª fase: Construções conceituais1ª fase: Construções conceituais1ª fase: Construções conceituais1ª fase: Construções conceituais
i) Formulação do problema: expressa algo de interesse que é objeto do estudo
da pesquisa. Construção do quadro conceitual;
ii) Definição precisa das variáveis e seus conceitos.
Essas duas fases marcam a passagem do enfoque abstrato para a
representação concreta e observável do objeto da pesquisa.
2ª fase: Plane2ª fase: Plane2ª fase: Plane2ª fase: Planejamento e amostrajamento e amostrajamento e amostrajamento e amostra
Nessa fase da pesquisa, duas atividades são de igual importância para o
andamento do estudo:
i) a formulação do plano de coleta, em que será definido o tipo de estudo
(descritivo ou analítico), as variáveis a serem observadas, os fatores a serem
controlados e os grupos populacionais a serem separados para comparação;
ii) o desenho amostral ou plano amostral, que contém a definição do tipo de
amostragem (sistemática, casual simples, estratificada, por conglomerados)
e dimensionamento da amostra.
Nesse momento, também são realizados estudos-pilotos para detectar e corrigir
alguns problemas estruturais ou mesmo calcular inicialmente algumas estatísticas.
3ª fase: Operações3ª fase: Operações3ª fase: Operações3ª fase: Operações
A coleta de dados é seguida pelo processamento, pelas análises dos dados e,
finalmente, pela interpretação dos resultados.
4. Aspectos Metodológicos da Construção e Análise de
Indicadores
O conteúdo quantitativo abordado até agora serve de base para duas principais
tarefas – monitoramento e gestão de projetos. As técnicas de estatística descritiva
permitem conhecer determinadas características de um conjunto de dados,
tenham eles caráter censitário, amostral probabilístico ou não-probabilístico.
No transcorrer das atividades de acompanhamento e gestão de projetos, as
duas ferramentas aqui tratadas – a estatística descritiva e as técnicas de
amostragem – podem ser combinadas de forma a permitir ao gestor visualizar o
comportamento da variável em estudo.
Tal procedimento consiste em utilizar os dados estatísticos para construção de
gráficos de controle de processos. Na literatura especializada em controle de
qualidade são encontradas diversas metodologias de monitoramento de
processos dos mais variados tipos. As que serão apresentadas a seguir denominam-
se Gráfico de Controle de Amplitude (R) e Controle da Média (X-barra) e são utilizadas
conjuntamente para monitorar a variabilidade e a média do processo,
respectivamente.
42
4.1. Gráficos de Controle para a Amplitude (R) e 4.1. Gráficos de Controle para a Amplitude (R) e 4.1. Gráficos de Controle para a Amplitude (R) e 4.1. Gráficos de Controle para a Amplitude (R) e para a Média Aritmpara a Média Aritmpara a Média Aritmpara a Média Aritméééética Xtica Xtica Xtica X----
barrabarrabarrabarra
Os gráficos R e X-barra para monitoramento de processos indicam se, ao longo
de determinado período, o processo está sob controle, ou seja, se a variabilidade
observada no transcurso do acompanhamento ocorre dentro de um intervalo
aceitável. Uma vez que o processo esteja em controle, passa-se à avaliação da
média.
O estabelecimento desses intervalos para o gráfico de controle R implica o
cálculo de um limite superior (LCS) e outro inferior (LCI), sendo dado conforme as
equações abaixo:
2
3__
3d
dRRLCI −= e
2
3__
3d
dRRLCS += (10)
onde,
_
R = amplitude média de cada subgrupo amostral;
d3= relação empírica entre o desvio padrão e o desvio padrão da
amplitude para tamanhos de amostra diferentes;
d2= relação empírica entre o desvio padrão e a amplitude para
tamanhos de amostra diferentes.
Os valores d3 e d2 estão tabelados segundo o tamanho da amostra de cada
subgrupo (Ver anexo).
Exemplo de construção do Gráfico para Controle de Amplitude (R)Exemplo de construção do Gráfico para Controle de Amplitude (R)Exemplo de construção do Gráfico para Controle de Amplitude (R)Exemplo de construção do Gráfico para Controle de Amplitude (R)
Admita a situação em que você foi designado para acompanhar o desempenho
do atendimento de emergência de um pronto-socorro da capital depois da
implantação de uma nova rotina. Esse acompanhamento foi feito durante vinte dias
consecutivos, a partir de uma amostra aleatória de quatro casos de emergência. O
tempo desde a chegada do paciente à emergência até sua instalação na unidade
de tratamento foi medida em minutos, conforme apresenta a Tabela 3, a seguir.
Para construir o Gráfico para Controle de Amplitude deve-se calcular a
amplitude do tempo de atendimento (tempo máximo – tempo mínimo), conforme
ilustram as colunas A, B e C.
43
1 2 3 4 Temp_Min (A) Temp_Max(B)Amplitude (R)
(C=B-A)1 7,2 8,4 7,9 4,9 4,9 8,4 3,52 5,6 8,7 3,3 4,2 3,3 8,7 5,43 5,5 7,3 3,2 6,0 3,2 7,3 4,14 4,4 8,0 5,4 7,4 4,4 8,0 3,65 9,7 4,6 4,8 5,8 4,6 9,7 5,16 8,3 8,9 9,1 6,2 6,2 9,1 2,97 4,7 6,6 5,3 5,8 4,7 6,6 1,98 8,8 5,5 8,4 6,9 5,5 8,8 3,39 5,7 4,7 4,1 4,6 4,1 5,7 1,6
10 1,7 4,0 3,0 5,2 1,7 5,2 3,511 2,6 3,9 5,2 4,8 2,6 5,2 2,612 4,6 2,7 6,3 3,4 2,7 6,3 3,613 4,9 6,2 7,8 8,0 4,9 8,0 3,114 7,1 6,3 8,2 5,5 5,5 8,2 2,715 7,1 5,8 6,9 7,0 5,8 7,1 1,316 6,7 6,9 7,0 9,4 6,7 9,4 2,717 5,5 6,3 3,2 4,9 3,2 6,3 3,118 4,9 5,1 3,2 7,6 3,2 7,6 4,419 7,2 8,0 4,1 5,9 4,1 8,0 3,920 6,1 3,4 7,2 5,9 3,4 7,2 3,8
R_médio 3,3
Atendimento
Tabela 3 - Tempo de atendimento por pacientePacientes e
MinutosDia
Calculada a amplitude (coluna C), obtém-se a média das amplitudes, _
R
(R_médio)= 3,3, cuja informação é utilizada no cálculo dos limites inferior e
superior, conforme segue.
93,023,43,3059,2
88,03,3*33,3 −≅−=−=LCI e
62,723,439,3059,2
88,03,3*33,3 ≅+=+=LCI
Logo, os limites dentro dos quais a variação de atendimento será julgada e
controlada são definidos por -0,93, representado por 0 e 7,62 minutos. Em
seguida, constrói-se um gráfico para representar o comportamento dos
atendimentos realizados nos vinte dias considerados.
Note que o Gráfico E1 indica a inexistência de pontos situados fora dos limites
de controle. Isso indica que o processo apresentou variabilidade dentro do
aceitável, principalmente tratando-se de cuidados médicos, em que o tempo
representa uma variável de grande relevância.
Vale ressaltar que se esse resultado indicasse de perda de controle (pontos
fora dos limites), seria inviável a construção do Gráfico de Controle para a Média.
44
Gráfico E1 - Amplitude dos Tempos de Atendimento
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Dias
Min
uto
s
Amplitude de atendimento
Amplitude Média
Limite Superior
Limite Inferior
Para construir o Gráfico de Controle da Média, é necessário calcular a média
global (X-duas barras), que no caso em questão é a média da média dos
atendimentos. As equações para estimar os limites são dadas a seguir:
nd
RXLCI
*3
2
−−−
−= e nd
RXLCS
*3
2
−−−
+= (11)
Onde “n” é o tamanho da amostra, que nesse caso é de quatro atendimentos.
Atendimento
1 2 3 4 Média1 7,2 8,4 7,9 4,9 7,12 5,6 8,7 3,3 4,2 5,53 5,5 7,3 3,2 6,0 5,54 4,4 8,0 5,4 7,4 6,35 9,7 4,6 4,8 5,8 6,26 8,3 8,9 9,1 6,2 8,17 4,7 6,6 5,3 5,8 5,68 8,8 5,5 8,4 6,9 7,49 5,7 4,7 4,1 4,6 4,8
10 1,7 4,0 3,0 5,2 3,511 2,6 3,9 5,2 4,8 4,112 4,6 2,7 6,3 3,4 4,313 4,9 6,2 7,8 8,0 6,714 7,1 6,3 8,2 5,5 6,815 7,1 5,8 6,9 7,0 6,716 6,7 6,9 7,0 9,4 7,517 5,5 6,3 3,2 4,9 5,018 4,9 5,1 3,2 7,6 5,219 7,2 8,0 4,1 5,9 6,320 6,1 3,4 7,2 5,9 5,7
5,9
Tabela 4 - Tempo de atendimento por paciente
Dia
Pacientes e Minutos
Média global
Calculada a média global (5,9), podem ser estabelecidos os limites da média,
conforme abaixo:
45
8,31,29,54*326,2
3,339,5 =−=−=LCI e
81,29,54*326,2
3,339,5 =+=+=LCS
O Gráfico E2 ilustra o comportamento do tempo médio de atendimento nos
vinte estudados. Observa-se inicialmente que dois pontos ultrapassam os limites
de controle, indicando possíveis problemas de fluxo. Importa salientar que, além
dessa perspectiva de monitoramento, os gráficos de controle permitem que sejam
observadas algumas tendências, como a que ocorre entre o 5º e o 16º dias.
Observe que entre os cinco primeiros dias o comportamento do tempo médio de
atendimento assume uma tendência de diminuição, aumentando, então, a partir
desse dia.
Gráfico E2 - Controle do Tempo Médio de Atendimento
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Dias
Min
uto
s
Tempo Médio de Atendimento
Média Global
Limite Superior
Limite Inferior
46
N ú m e r o d e o b s e r v a ç õ e s n a a m o s t ra d 2 d 3
2 1 ,1 2 8 0 ,8 5 33 1 ,6 9 3 0 ,8 8 84 2 ,0 5 9 0 ,8 8 05 2 ,3 2 6 0 ,8 6 46 2 ,5 3 4 0 ,8 4 87 2 ,7 0 4 0 ,8 3 38 2 ,8 4 7 0 ,8 2 09 2 ,9 7 0 0 ,8 0 8
1 0 3 ,0 7 8 0 ,7 9 71 1 3 ,1 7 3 0 ,7 8 71 2 3 ,2 5 8 0 ,7 7 81 3 3 ,3 3 6 0 ,7 7 01 4 3 ,4 0 7 0 ,7 6 31 5 3 ,4 7 2 0 ,7 5 61 6 3 ,5 3 2 0 ,7 5 01 7 3 ,5 8 8 0 ,7 4 41 8 3 ,6 4 0 0 ,7 3 91 9 3 ,6 8 9 0 ,7 3 32 0 3 ,7 3 5 0 ,7 2 92 1 3 ,7 7 8 0 ,7 2 42 2 3 ,8 1 9 0 ,7 2 02 3 3 ,8 5 8 0 ,7 1 62 4 3 ,8 9 5 0 ,7 1 22 5 3 ,9 3 1 0 ,7 0 8
R e p ro d u z id o d e L e v in e , 2 0 0 0
A n e x o 1 - F a to r e s p a r a o s G rá f ic o s d e C o n tr o le