UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL VIVIANE ALVES DE OLIVEIRA MAIA Natal/RN 2014 IMUNOEXPRESSÃO DO EGFR E DA PODOPLANINA EM CISTOS RADICULARES E DENTÍGEROS
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IMUNOEXPRESSÃO DO EGFR E DA PODOPLANINA …...Viviane Alves de Oliveira Maia IMUNOEXPRESSÃO DO EGFR E DA PODOPLANINA EM CISTOS RADICULARES E DENTÍGEROS Dissertação apresentada
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL
VIVIANE ALVES DE OLIVEIRA MAIA
Natal/RN
2014
IMUNOEXPRESSÃO DO EGFR E DA
PODOPLANINA EM CISTOS RADICULARES E
DENTÍGEROS
Viviane Alves de Oliveira Maia
IMUNOEXPRESSÃO DO EGFR E DA PODOPLANINA EM CISTOS
RADICULARES E DENTÍGEROS
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Patologia Oral da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
como parte dos requisitos para obtenção do
título de mestre em Patologia Oral.
Orientador: Profº Dr. Bruno César de Vasconcelos Gurgel.
Co-orientadora: Profª. Drª Roseana de Almeida Freitas.
Natal/RN
2014
Anexo
“Um dia você entende que o tempo não é inimigo.
E que ele é o nosso maior mestre.
Que tudo vem na hora que deve vir.
Que não adianta espernear nem se esconder da vida.
Que a fuga não é a melhor saída.
E que no fim das contas a gente sempre acaba agradecendo tudo que passou.
Porque o tempo (ah, o tempo!) está sempre ao nosso lado,
para nos mostrar o que realmente vale a pena.”
(Autor desconhecido)
Dedicatória
DEDICATÓRIA
Com muito amor e carinho dedico este trabalho...
Ao meu marido, amor, cúmplice, companheiro e confidente Marcus Fábio
Maia, pela ajuda, compreensão e apoio em todos os momentos.
Aos meus pais Marlene e Elismar que me ensinaram e me apoiaram em
todas as etapas na busca do conhecimento e, que nos últimos anos, mesmo de longe,
mas totalmente presentes, me inspiram, me abençoam, me incentivam e me
impulsionam na busca e realização dos meus sonhos. Pelo amor constante e
incondicional.
Aos meus irmãos Vagner e Vanessa, que fazem com que minha família seja
completa e realizada, pelo amor entre nós, e por festejarem comigo cada conquista.
Agradecimentos
Aos meus amigos de mestrado Thâmara, Andréia, Luciana, Tais, Tiago,
Maria Luiza, Luiz Eduardo e Marcelo pelo companheirismo, ajuda e
prestabilidade. Por serem verdadeiros amigos, dando apoio nas horas ruins,
comemorando as horas felizes e fornecendo incentivo, enfim, fazendo o fardo do dia-a-
dia ficar mais leve. Por serem confidentes e por formarem a família que eu tanto
precisava aqui em Natal. Vocês me completaram e, com certeza, cada um de modo
especial, será sempre lembrado e merecem meu muito obrigada.
Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Bruno César de Vasconcelos Gurgel,
e à minha coorientadora Prof. Dra. Roseana de Almeida Freitas, pela dedicação,
compreensão, companheirismo, amizade e doação. A Bruno, por saber me entender,
respeitar minhas opiniões, compartilhar seus conhecimentos de forma aberta, pela
extrema prestabilidade, e por aceitar encarar comigo esse desafio, que com certeza nos
serviu de grande aprendizado. A Roseana, por aceitar ser o apoio essencial, que com
carinho e de forma especial me acolheu como filha, me ouvindo, ajudando na
orientação e nos completando com seu imenso conhecimento e solicitude.
À Melka, em especial, por ser sempre solícita, por me ajudar com sua
extrema organização, seus caderninhos e sua gentileza.
Às doutorandas, Denise, Aninha, Bárbara, Clarissa, Natália, Roseane,
Keila, Cintia e Emeline por fornecerem ajuda e compartilharem seus conhecimento
sempre que solicitadas. Por fazerem parte do nosso dia-a-dia compartilhando e
vivenciando cada aflição, dúvida, alegrias, comemorações e conquistas.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente e, sobretudo, a Deus, por me conceder força para realizar meus
sonhos, e por abençoar e guiar todos os meus passos. A ELE toda honra e toda glória
por toda essa bênção.
Toda conquista só é alcançada com a ajuda de pessoas especiais, verdadeiros
anjos que se fazem presentes em nossa vida, não só nos concedendo apoio essencial,
mas por comemorarem e se orgulharem de cada vitória. Aos meus anjos, merecidos
agradecimentos sejam prestados:
A Marcus Fábio Maia, por ser meu companheiro, incentivador e
impulsionador para essa realização, que com certeza também é dele. Pela doação,
ajuda e compreensão nos momentos de ausência e muito trabalho. Por toda a
batalha vencida juntos, o que tornou meus momentos e minha vida mais felizes, leves
e completamente realizadas.
Aos meus pais Elismar e Marlene por me educarem e incentivarem para o
estudo. Por compreenderem minha ausência e mesmo assim me concederem amor
pleno, que me impulsiona na realização dos meus sonhos. Pela educação, dedicação e
compromisso que os fazem exemplos para minha vida, e a quem eu tenho imenso
orgulho e dedico cada realização, que só é conseguida com a ajuda incondicional
prestada por eles.
Aos meus irmãos Vagner e Vanessa por torcerem pela minha felicidade e por
fazerem minha família ser linda como é.
Aos queridos funcionários Gracinha, Lurdinha, Sandrinha, Hévil, Ricardo e
Idel pela solicitude, prestabilidade e carinho com que nos ajudam, o que os tornam
especiais e essenciais nesta conquista.
Aos professores do Programa de Pós-graduação em Patologia Oral da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte: Profa. Dra. Éricka Janine
Dantas da Silveira, Profa. Dra. Hébel Cavalcanti Galvão, Prof. Dra. Lélia
Maria Guedes Queiroz, Prof. Dr. Leão Pereira Pinto, Prof. Dr. Antônio de
Lisboa Lopes Costa, Profa. Dra. Lélia Batista de Souza, Prof. Dra. Márcia
Cristina da Costa Miguel, Profa. Dra. Ana Myriam Costa de Mederiros pela
dedicação, disponibilidade e amor à Patologia Oral.
À minha ex-professora Tânia Regina Grão Velloso por ter dispertado em
mim o interesse pela Patologia Oral.
Aos amigos de perto e de longe que torceram, torcem e se alegram com cada
vitória. Em especial Raquel e Hilton por me incentivarem, serem amigos,
fornecerem apoio e sempre terem uma palavra de alegria e força. Por me concederem
a honra de ser madrinha do lindo e especial Luiz Fernando.
Ao apoio e incentivo financeiro fornecidos pela CAPES, que me permitiram
cursar o mestrado e realizar esta pesquisa.
Resumo
RESUMO
Os cistos radiculares (CRs) e dentígeros (CDs), apesar de possuírem etiologias diferentes, formam uma cavidade patológica revestida por epitélio, a qual cresce em função do acúmulo de líquido em seu interior, à medida que o osso ao redor é reabsorvido e o epitélio vai sendo induzido a proliferar. A proliferação epitelial, que tem sido apontada como um dos processos determinantes no crescimento das lesões císticas odontogênicas, é influenciada por fatores de crescimento como o EGFR (receptor do fator de crescimento epidérmico) e a podoplanina (PDPN), muitos dos quais podem ter sua produção estimulada principalmente durante processos inflamatórios. O objetivo desta pesquisa foi avaliar e comparar a expressão imunoistoquímica do EGFR e da PDPN em 30 casos de CRs e 30 casos de CDs, de forma semiquantitativa, em microscopia de luz, associando-a com o grau de inflamação, localização celular da imunocoloração e com as camadas epiteliais imunomarcadas. Os dados foram avaliados estatisticamente por meio de testes do Qui-quadrado e Exato de Fisher, considerando-se um nível de significância de 5%. Os resultados mostraram que houve elevada imunorreatividade das duas proteínas nas lesões estudadas, sendo observada apenas diferença estatística significativa na imunoexpressão da PDPN (p=0,033), que se mostrou mais elevada nos CRs. Os demais parâmetros analisados não demonstraram diferenças significativas relevantes. Conclui-se que, como o EGFR e a PDPN apresentaram elevada imunoexpressão nas lesões císticas analisadas, essas proteínas participam da patogênese dessas lesões através da estimulação epitelial, apesar de apresentarem etiologias diferentes. Além disso, pode-se inferir que a maior imunomarcação da PDPN em CRs do que em CDs não se mostrou indicador de distinção entre as duas lesões, com relação às suas etiologias, uma vez que nestes últimos essa proteína também apresentou expressão considerável, independente da intensidade do infiltrado inflamatório.
The radicular cysts (RCs) and dentigerous (DCs), despite having different etiologies, form a pathological cavity lined by epithelium, which grows due to the buildup of fluid inside, as the surrounding bone is reabsorbed and the epithelium will being induced to proliferate. The epithelial proliferation, which has been identified as one of the key processes in the growth of odontogenic cystic lesions, is influenced by growth factors such as EGFR (epidermal growth receptor factor) and podoplanin (PDPN), many of which may have its production stimulated mainly during inflammatory processes. The objective of this research was to evaluate and compare the immunohistochemical expression of EGFR and PDPN in 30 cases of RCs and 30 cases of DCs, semiquantitatively, in light microscopy, associating it with the degree of inflammation, cellular localization of immunostaining and with the immunostained epithelial layers. Data were statistically analyzed by Chi-square test and Fisher exact test, considering a significance level of 5 %. The results showed high immunoreactivity of both proteins in the lesions studied, only statistically significant difference was observed in immunostaining of PDPN (p=0.033), which proved higher in RCs. The other analyzed parameters showed no relevant significant differences. We conclude that, as EGFR and PDPN showed high immunoreactivity in cystic lesions analyzed, these proteins participate the pathogenesis of these lesions through the epithelial stimulation process, despite having different etiologies. Furthermore, it can infer that the higher immunostaining of PDNP in RCs that DCs showed no distinction indicator between the two lesions, regarding their etiologies, once this protein also showed a considerable expression in DCs, independent of the intensity of the inflammatory infiltrate.
3) na maioria dos casos, o que conferia ao epitélio alterações como espongiose,
degeneração hidrópica, exocitose e hiperplasia (Figura 2-A,B,C). Para os CDs, a
maioria dos casos exibiu um delgado revestimento epitelial e interface plana com o
tecido conjuntivo (14 casos com epitélio atrófico, 9 com epitélio atrófico e áreas de
hiperplasia e 8 com epitélio hiperplasiado). Na cápsula fibrosa destes cistos
predominou ausente ou leve infiltrado inflamatório (grau 1), apresentando alguns
casos com moderado infiltrado inflamatório (grau 2), que conferia a ele maior
número de camadas epiteliais e algumas alterações como espongiose e
degeneração hidrópica (Figura 2-D,E,F). Como a intensidade da inflamação foi o
critério morfológico analisado, constam na tabela 1 os dados referentes à
distribuição da intensidade do infiltrado inflamatório quanto ao tipo de cisto.
Tabela 1: Distribuição da intensidade do infiltrado inflamatório quanto ao tipo de cisto. Natal-RN, 2014.
Cisto radicular Cisto dentígero
N % N %
Intensidade do infiltrado inflamatório
Grau 1- Ausente ou Leve 6 20 19 63,3
Grau 2 - Moderado 7 23,3 11 36,7
Grau 3 - Intenso 17 56,7 - -
Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN.
5.2 RESULTADOS DO ESTUDO IMUNOISTOQUÍMICO
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O estudo imunoistoquímico mostrou que todos os casos de CRs e CDs
apresentaram imunomarcação para EGFR. Para PDPN, todos os casos de CDs e
quase a totalidade dos CRs apresentaram imunomarcação.
Os resultados revelaram que a maioria dos casos de ambos os cistos
apresentaram escore III de imunomarcação para o EGFR, ou seja, ambas as lesões
exibiram elevada expressão. Para a PDPN, os CRs apresentaram maior
imunomarcação, com a maioria dos casos apresentando escore III quando
comparado aos CDs, onde a maioria dos casos apresentarou escore II. A tabela 2
mostra a caracterização da amostra quanto aos escores de imunomarcação celular
para o EGFR e a PDPN, de acordo com o tipo de cisto.
Tabela 2: Distribuição dos escores de imunomarcação para EGFR e PDPN quanto ao tipo de cisto. Natal-RN, 2014.
Cisto radicular Cisto dentígero
Células epiteliais imunomarcadas para
EGFR N % N %
Escore I - Até 5% 1 3,3 - -
Escore II - De 5 a 50% 1 3,3 1 3,3
Escore III - Acima de 50% 28 93,3 29 96,7
Células epiteliais imunomarcadas para
PDPN
Escore I - Até 5% 6 20 2 6,7
Escore II - De 5 a 50% 8 26,7 21 70
Escore III - Acima de 50% 16 53,3 7 23,3
Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN.
Quanto à localização celular da imunomarcação para o EGFR, ambos os
cistos apresentaram predominância de positividade apenas no citoplasma, seguida
pela associação de membranar e citoplasmática (Figuras 3 e 4). Com relação à
localização celular da imunomarcação para PDPN em ambos os cistos, predominou
a imunomarcação membranar e citoplasmática associadas, seguida pela membranar
e pela citoplasmática (Figuras 5 e 6), conforme mostra a tabela 3.
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Tabela 3: Distribuição da localização celular da imunomarcação para EGFR e PDPN quanto ao tipo de cisto. Natal-RN, 2014.
Cisto radicular Cisto dentígero
N % n %
Localização celular da imunomarcação para
EGFR
Membranar - - - -
Citoplasmática 17 56,7 23 76,7
Ambas 13 43,3 7 23,3
Localização celular da imunomarcação para
PDPN
Membranar 10 34,5 7 23,3
Citoplasmática 2 6,8 1 3,3
Ambas 17 58,6 22 73,3
Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN.
A tabela 4 mostra o perfil de imunomarcação para EGFR e PDPN por
camadas epiteliais, de acordo com o tipo de cisto. As informações inicialmente foram
computadas por caso, havendo casos onde uma ou mais camadas apresentaram
células imunomarcadas. Para ambas as lesões houve imunomarcação do EGFR em
praticamente todas as camadas epiteliais, na maioria dos casos (Figuras 3 e 4).
Para PDPN, tanto em CRs como em CDs, a camada epitelial mais frequentemente
imunomarcada foi a basal (Figuras 5 e 6).
Tabela 4: Distribuição das camadas epiteliais imunomarcadas para EGFR e PDPN quanto ao tipo de cisto. Natal-RN, 2014.
Cisto radicular Cisto dentígero
N % n %
Quantidade de cada camada epitelial
imunomarcada para EGFR
Basal 28 93,3 30 100
Suprabasal 28 93,3 30 100
Superficial 30 100 30 100
Quantidade de cada camada epitelial
imunomarcada para PDPN
Basal 29 96,7 30 100
Suprabasal 19 63,3 15 50
Superficial 20 66,7 9 30
Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN.
66
A distribuição dos escores de imunomarcação com relação à intensidade do
infiltrado inflamatório, localização celular da imunomarcação e camadas epiteliais
imunomarcadas para EGFR e PDPN nos casos de CRs, constam na tabela 5.
Quando se analisou a distribuição da intensidade do infiltrado inflamatório
com os escores de imunomarcação, nos casos de CRs, pode-se perceber que a
maioria dos casos apresentou imunomarcação celular escore III para EGFR,
independente do grau de inflamação. Para PDPN, a maioria dos casos com infiltrado
inflamatório grau 3 apresentou imunomarcação escore III.
Tabela 5: Distribuição dos escores de imunomarcação com relação à intensidade do infiltrado inflamatório, localização celular da imunomarcação e camadas epiteliais imunomarcadas para EGFR e PDPN nos casos de CRs. Natal-RN, 2014.
Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN.
67
A tabela 6 mostra a distribuição dos escores de imunomarcação com relação
à intensidade do infiltrado inflamatório, localização celular da imunomarcação e
camadas epiteliais imunomarcadas para EGFR e PDPN nos casos de CDs.
Para o EGFR, quase a totalidade dos casos apresentou escore III de
imunomarcação, independente da intensidade do infiltrado inflamatório. Para PDPN,
a maioria apresentou escore II de imunomarcação, independente da intensidade do
infiltrado inflamatório.
Tabela 6: Distribuição dos escores de imunomarcação com relação à intensidade do infiltrado inflamatório, localização celular da imunomarcação e camadas epiteliais imunomarcadas para EGFR e PDPN nos casos de CDs. Natal-RN, 2014.
Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN.
A tabela 7 mostra a distribuição da intensidade do infiltrado inflamatório com
relação à localização celular da imunomarcação para EGFR e PDPN nos casos de
CRs. Na tabela 8, têm-se a distribuição da intensidade do infiltrado inflamatório com
relação à localização celular da imunomarcação para EGFR e PDPN nos casos de
CDs.
Tabela 7: Distribuição da intensidade do infiltrado inflamatório com relação à localização celular da imunomarcação para EGFR e PDPN nos casos de CRs. Natal-RN, 2014.
Intensidade do infiltrado inflamatório
Grau 1
(%)
Grau 2
(%)
Grau 3
(%)
Localização celular da imunomarcação do
EGFR
Membranar - - -
Citoplasmática 5 (29,4) 3 (17,6) 9 (52,9)
Ambas 1 (7,7) 4 (30,8) 8 (61,5)
Localização celular da imunomarcação da
PDPN
Membranar 2 (20) 1 (10) 7 (70)
Citoplasmática 2 (100) - -
Ambas 2 (11,8) 6 (35,3) 9 (52,9)
Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN.
Tabela 8: Distribuição da intensidade do infiltrado inflamatório com relação à localização celular da imunomarcação para EGFR e PDPN nos casos de CDs. Natal-RN, 2014.
Intensidade do infiltrado inflamatório
Grau 1
(%)
Grau 2
(%)
Grau 3
(%)
Localização celular da imunomarcação do
EGFR
Membranar - - -
Citoplasmática 14 (60,9) 9 (39,1) -
Ambas 5 (71,4) 2 (28,6) -
Localização celular da imunomarcação da
PDPN
Membranar 5 (71,4) 2 (28,6) -
Citoplasmática - 1 (100) -
Ambas 14 (63,6) 8 (36,4) -
Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN.
A distribuição da intensidade do infiltrado inflamatório com relação às
camadas epiteliais imunomarcadas para EGFR e PDPN nos casos de CRs consta
69
na tabela 9. A tabela 10 mostra a distribuição da intensidade do infiltrado inflamatório
com relação às camadas epiteliais imunomarcadas para EGFR e PDPN nos casos
de CDs.
Tabela 9: Distribuição da intensidade do infiltrado inflamatório com relação às camadas epiteliais imunomarcadas para EGFR e PDPN nos casos de CRs. Natal-RN, 2014.
Intensidade do infiltrado inflamatório
Grau 1
(%)
Grau 2
(%)
Grau 3
(%)
Quantidade de cada camada epitelial
imunomarcada para EGFR
Basal 6 (21,4) 7 (25) 15 (53,6)
Suprabasal 6 (21,4) 7 (25) 15 (53,6)
Superficial 6 (20) 7 (23,3) 15 (56,7)
Quantidade de cada camada epitelial
imunomarcada para PDPN
Basal 6 (20,7) 7 (24,1) 16 (55,2)
Suprabasal 2 (10,5) 4 (21,1) 13 (68,4)
Superficial 2 (10) 4 (20) 14 (70)
Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN.
Tabela 10: Distribuição da intensidade do infiltrado inflamatório com relação às camadas epiteliais imunomarcadas para EGFR e PDPN nos casos de CDs. Natal-RN, 2014
Intensidade do infiltrado inflamatório
Grau 1
(%)
Grau 2
(%)
Grau 3
(%)
Quantidade de cada camada epitelial
imunomarcada para EGFR
Basal 19 (63,3) 11 (36,7) -
Suprabasal 19 (63,3) 11 (36,7) -
Superficial 19 (63,3) 11 (36,7) -
Quantidade de cada camada epitelial
imunomarcada para PDPN
Basal 19 (63,3) 11 (36,7) -
Suprabasal 8 (53,3) 7 (46,7) -
Superficial 4 (44,4) 5 (55,6) -
Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN.
70
A tabela 11 mostra a distribuição da localização celular da imunomarcação
com relação às camadas epiteliais imunomarcadas para os casos de CRs. Pode-se
observar que, para o EGFR, houve praticamente igual distribuição entre a
imunolocalização citoplasmática e associada (membranar e citoplasmática) entre as
camadas. Para PDPN, a maioria dos casos com imunomarcação na basal,
suprabasal e superficial apresentaram imunolocalização associada na membrana e
no citoplasma.
Na tabela 12 constam os dados referentes à distribuição da localização
celular da imunomarcação com relação às camadas epiteliais imunomarcadas, para
os casos de CDs. Pode-se observar que, para o EGFR, a maioria dos casos com
imunomarcação na camada basal, suprabasal e superficial apresentou
imunolocalização citolasmática. Para PDPN, a maioria dos casos que
imunomarcaram a camada basal, subrabasal e superficial apresentavam
imunomarcação celular associados na membrana e no citoplasma.
71
Tabela 11: Distribuição da localização celular da imunomarcação com relação às camadas epiteliais imunomarcadas nos casos de CRs. Natal-RN, 2014.
Localização celular da imunomarcação para EGFR Localização celular da imunomarcação para PDPNa
Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN. a Um caso de cisto radicular foi excluído, por não apresentar imunomarcação celular para PDPN.
Tabela 12: Distribuição da localização celular da imunomarcação com relação às camadas epiteliais imunomarcadas nos casos de CDs. Natal-RN, 2014.
Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN.
Os testes estatísticos foram aplicados associando as variáveis dependentes e
independentes. Foi realizado o teste Exato de Fisher para observar se existia ou não
diferença estatisticamente significativa dos escores de imunomarcação do EGFR e
da PDPN entre os dois tipos de cistos analisados. Houve diferença estatisticamente
significativa entre os cistos somente com relação à imunoexpressão da PDPN
(p=0,033), já que esta proteína apresentou maior escore de imunomarcação nos
CRs. Entretanto, para que fosse possível realizar o teste, a variável dependente
precisou ser recategorizada, juntando-se os escores I e II, permanecendo o escore
III separado. Optou-se por unir os escores I e II, pois, como as proteínas analisadas
são encontradas em quantidade de destaque mesmo na mucosa oral normal (escore
I e II), somente sua superexpressão (escore III) representaria ativividade mais
intensa dessas proteínas (Tabela 13).
Tabela 13: Teste Exato de Fisher entre escores de imunomarcação do EGFR e da PDPN quanto aos tipos de cistos analisados. Natal-RN, 2014.
EGFR
p
PDPN
P Escore I e II
(%)
Escore III (%) Escore I e II
(%)
Escore III
(%)
Tipo de
cisto
Radicular
2 (6,7) 28 (93,3)
1,000
14 (46,7) 16 (53,3)
0,033
Dentígero
1 (3,3) 29 (96,7) 23 (76,7) 7 (23,3)
Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN.
As tabelas 14 (CRs) e 15 (CDs) exibem a análise estatística da associação
entre os escores de imunomarcação para EGFR e PDPN e a intensidade do
infiltrado inflamatório, localização celular da imunomarcação e camadas epiteliais
imunomarcadas, de acordo com o teste de Qui-quadrado/Exato de Fisher. Para que
fosse possível realizar o teste, a variável independente, que diz respeito à
intensidade do infiltrado inflamatório, precisou ser recategorizada, juntando-se o
grau 2 e 3, permanecendo o grau 1 separado, uma vez que a presença de um
moderado a intenso infiltrado inflamatório nos CRs é um achado comum, e nos CDs
a ausência ou escassez é o achado mais frequente.
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Os casos de CRs com imunomarcação do EGFR escore III exibiram maior
positividade nas camadas basal e suprabasal (p=0,002). Os casos de CRs com
imunomarcação para PDPN escore III apresentaram uma associação significativa
com imunomarcação nas camadas suprabasal e superficial (p<0,001) (Tabela 14).
Para os casos de CDs com imunomarcação da PDPN escore III, pôde-se obsevar
que estes também estão associados significativamente com a imunomarcação nas
camadas suprabasal e superficial (p= 0,006; p<0,001, respectivamente) (Tabela 15).
Tabela 14: Associação da imunomarcação para EGFR e PDPN quanto à intensidade do infiltrado inflamatório, localização celular da imunomarcação e camadas epiteliais imunomarcadas, de acordo com o Teste de Qui-quadrado/Exato de Fisher para os casos de CRs. Natal-RN, 2014.
Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN. a Não foi possível realizar o teste de Exato de Fisher, devido a variável permanecer constante.
b Um caso de cisto radicular foi excluído, por não apresentar imunomarcação celular para PDPN.
c Não foi possível realizar o teste de Qui-quadrado, por haver caselas com contagem esperada menor
que 5. d Teste Exato de Fisher.
74
Tabela 15: Associação da imunomarcação para EGFR e PDPN quanto à intensidade do infiltrado inflamatório, localização celular da imunomarcação e camadas epiteliais imunomarcadas, de acordo com o Teste Exato de Fisher para os casos de CDs. Natal-RN, 2014.
Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN. a Não foi possível realizar o teste, pois a variável permaneceu constante.
b Não foi possível realizar o teste, por haver caselas com contagem esperada menor que 5.
75
Figura 2:
Figura 12- Imunomarcação citoplasmática para EGFR em cistos radicular.
Figura 13- Imunomarcação citoplasmática para
EGFR em cistos radicular.
A D
B E
F
Figura 2: Características morfológicas de CRs e CDs. A) CR com infiltrado inflamatório grau 1 e epitélio atrófico. B) CR com infiltrado inflamatório grau 2, epitélio hiperplasiado e com projeções. C) CR com infiltrado inflamatório grau 3. D) CD com infiltrado inflamatório ausente (grau 1) e epitélio atrófico. E) CD com infiltrado inflamatório grau 1 (leve infiltrado inflamatório). F) CD com infiltrado inflamatório grau 2 (H/E, 100x).
C
Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN.
76
Figura 3: Imunoexpressão do EGFR em CRs. A) Imunolocalização citoplasmática em todas as camadas epiteliais, infiltrado inflamatório grau 1. a) Maior detalhe da imunolocalização citoplasmática. B) Imunolocalização citoplasmática em todas as camadas epiteliais, infiltrado inflamatório grau 3. b) Maior detalhe da imunolocalização citoplasmática. C) Imunolocalização membranar e citoplasmática em todas as camadas epiteliais, infiltrado inflamatório grau 1. c) Maior detalhe da imulocalização membranar e citoplasmática associada. A seta preta mostra células com imunolocalização membranar (ADVANCE, 400x).
Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN.
C
c
B
b
a
A
77
Figura 4: Imunoexpressão do EGFR em CDs. A) Imunolocalização citoplasmática em todas as camadas epiteliais, infiltrado inflamatório grau 1. a) Maior detalhe da imunolocalização citoplasmática. B) Imunolocalização citoplasmática em todas as camadas epiteliais, infiltrado inflamatório grau 1. b) Maior detalhe da imunolocalização citoplasmática. C) Imunolocalização membranar e citoplasmática em todas as camadas epiteliais, infiltrado inflamatório grau 2. c) Maior detalhe da imunolocalização membranar e citoplasmática associada (ADVANCE, 400x).
Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN.
C
c
B
b
A
a
78
Figura 5: Imunoexpressão da PDPN em CRs. A) Imunolocalização membranar nas camadas basal e
suprabasal, infiltrado inflamatório grau 3. a) Maior detalhe da imunolocalização membranar. B)
Imunolocalização membranar e citoplasmática em todas as camadas epiteliais, infiltrado inflamatório
grau 3. b) Maior detalhe da imunolocalização membranar e citoplasmática associada. C)
Imunolocalização citoplasmática nas camadas basal e suprabasal, infiltrado inflamatório grau 1. c)
Maior detalhe da imunolocalização citoplasmática (ADVANCE, 400x).
Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN.
C
c
B
b
A
a
79
Figura 6: Imunoexpressão da PDPN em CDs. A) Imunolocalização membranar nas camadas basal e suprabasal, infiltrado inflamatório grau 1. a) Maior detalhe da imunolocalização membranar. B) Imunolocalização membranar e citoplasmática em todas as camadas epiteliais, infiltrado inflamatório grau 2. b) Maior detalhe da imunolocalização membranar e citoplasmática associada. C) Imunolocalização citoplasmática na camada basal, infiltrado inflamatório grau 1. c) Maior detalhe da imunolocalização citoplasmática (ADVANCE, 400x).
Fonte: Programa de Pós-graduação em Patologia Oral/UFRN.
C
c
B
b
A
a
80
Discussão
81
6 DISCUSSÃO
Os CRs e CDs são as lesões císticas odontogênicas mais prevalentes,
tornando-as alvos de numerosas pesquisas que objetivam compreender melhor suas
etiopatogenias. Sabe-se que esses cistos apresentam etiologias diferentes, sendo
os CDs com estímulo indutor ainda desconhecido. Os mecanismos de
estabelecimento e crescimento dessas lesões não são completamente esclarecidos,
porém, acredita-se que a proliferação epitelial tenha um papel importante, o que
torna relevante o estudo de possíveis biomarcadores envolvidos neste processo.
Acredita-se que o EGFR e a PDPN possam participar da formação e crescimento
desses cistos, através do processo de estimulação epitelial.
A formação dos cistos está relacionada com a proliferação de restos epiteliais,
que são ativados pela liberação de citocinas e/ou fatores de crescimento, produzidos
principalmente durante processos inflamatórios (ISAAC et al., 2010; MORAES et al.,
2011). Nestes processos, estão presentes células como os macrófagos que, dentre
outras, são importantes por produzirem uma diversidade de fatores de crescimento,
dentre os quais incluem: EGF, FGF (fator de crescimento de fibroblastos), PDGF
(fator de crescimento derivado de plaquetas), TGF-β (fator de crescimento
transformante beta) e VEGF (fator de crescimento endotelial vascular). O EGF atua
realizando quimiotaxia e proliferação de fibroblastos, assim como proliferação e
quimioatração de queratinócitos. Assim, para que EGF atue, é necessária a
presença de seu receptor (EGFR), que também é expresso durante processos
inflamatórios (ISAAC et al., 2010). Acredita-se que a expressão da PDPN também
seja influenciada pela inflamação, porém a razão pela qual sua expressão é
reforçada durante os processos de alta atividade celular e resposta inflamatória
permanece desconhecida (TJIOE et al., 2012).
Assim, diante dos poucos trabalhos com essas proteínas (EGFR e PDPN),
nessas lesões císticas (CRs e CDs), este estudo buscou avaliar e comparar a
expressão imunoistoquímica do EGFR e da PDPN em CRs e CDs e associá-la com
o grau de inflamação, localização celular da imunocoloração e com as camadas
epiteliais imunomarcadas, na tentativa de contribuir para o melhor entendimento da
participação dessas proteínas na patogenia dessas lesões.
82
O EGF atua em células alvo através da ligação a um receptor de superfície
célular específico (EGFR). Esta ligação leva à auto fosforilação do receptor de
tirosina cinase, sendo este considerado o primeiro passo para uma cadeia de
reações que culminam em mitose. As ativações de vias de transdução de sinal
estão, portanto, envolvidas na regulação da proliferação e diferenciação celular
epitelial (VICENTE et al., 2010).
Pôde-se observar que para o EGFR, no presente estudo, todos os casos de
CRs e CDs apresentaram imunomarcação em células epiteliais. Além disso, dos 30
casos de cada cisto que foram analisados, quase a totalidade (28 casos de CR e 29
de CD) apresentaram imunomarcação escore III, ou seja, elevada imunoexpressão.
Adicionalmente, não houve diferença estatística significativa na imunoexpressão do
EGFR entre as lesões analisadas. Com isso, pode-se sugerir que o EGFR participa
da patogênese das lesões císticas analisadas, através da proliferação epitelial.
Resultados similares aos do presente estudo foram encontrados no trabalho
de Li et al. (1993) e Gonçalves et al. (2012). Os resultados do estudo de Li et al.
(1993) corroboram os dados de imunoexpressão apresentados pelo presente
estudo, visto que o revestimento epitelial de todos os CRs e CDs analisados
expressaram o EGFR, apesar da metodologia de análise ser diferente. O estudo de
Gonçalves et al. (2012) utilizou metodologia e número de casos semelhantes. Neste,
todos os CRs e CDs apresentaram alta imunoexpressão do EGFR (acima de 50% de
células positivas), e não houve diferença estatística significativa na imunoexpressão
deste receptor entre as lesões, resultados esses que também foram encontrados no
presente estudo.
No entanto, os resultados acima expostos estão em contradição aos
apresentados no trabalho de Shrestha et al. (1992), aos outros dados apresentados
no estudo de Li et al. (1993), e aos resultados do estudo de Vicente et al. (2010). No
estudo de Shrestha et al. (1992), os autores analisaram, dentre outras lesões, os
CRs, que apresentaram imunopositividade para EGFR em 35% dos casos, e os CDs
com imunopositividade em 47,4% dos casos. Estas porcentagens são inferiores as
encontradas no presente estudo, onde todos os casos, em ambos os cistos,
apresentaram imunopositividade, e não houve diferença de imunomarcação entre os
tipos de cistos.
83
Li et al. (1993) também encontraram que o revestimento epitelial dos cistos de
desenvolvimento apresentou imunocoloração mais intensa para EGFR, do que os
cistos inflamatórios. Os autores afirmaram que a maior expressão do EGFR nos
cistos de desenvolvimento apoia a ideia de que diferentes mecanismos de iniciação
e controle de proliferação de células epiteliais estão envolvidos em suas formações.
Assim, como no presente estudo não houve diferença estatística significativa entre a
imunoexpressão do EGFR entre os cistos e para os dois tipos de cistos a maioria
dos casos foi escore III, pode-se sugerir que, ao contrário do que afirmaram Li et al.
(1993), mecanismos semelhantes de iniciação e controle de proliferação de células
epiteliais podem estar envolvidos em suas formações, apesar de apresentarem
etiologias diferentes.
O estudo de Vicente et al. (2010) mostrou que houve imunoexpressão positiva
para EGFR em apenas 30% dos casos de CRs e 40% dos casos de CDs. Estas
porcentagens também mostraram-se-se inferiores as encontradas no atual estudo,
onde, como já relatado, ambos os cistos analisados apresentaram imunomarcação
positiva para EGFR em todos os casos e, portanto, não houve diferença de
imunoexpressão entre as lesões.
É sabido que os CRs são originados pela proliferação dos REM (LATOO et
al., 2009). Nordlund et al. (1991) encontraram que REM não proliferantes no
ligamento periodontal apresentaram a superfície de todas as células coradas
intensamente com o anticorpo anti-EGFR. No presente estudo, todos os casos de
CRs apresentaram imunomarcação para o EGFR, sendo que a grande maioria
apresentou escore III, ou seja, elevada imunomarcação. Esses resultados
associados sugerem que, no desenvolvimento dos CRs, os REM mantêm a
capacidade de proliferação mediada pelo EGF e, portanto, esse fator de crescimento
epidérmico e seu receptor contribuem para o estabelecimento e crescimento deste
tipo de cisto.
Acredita-se que os CDs possam se desenvolver a partir da proliferação de
remanescentes do OE ou do EROE, através de acúmulo de líquido entre as
camadas destes, após a formação completa ou parcial da coroa dental (LIMA et al,
2013). Cobo et al. (1992) mostraram que em dentes de ratos que não erupcionaram,
moderada imunorreatividade para EGF e EGFR estava presente nos ameloblastos e
nas células do epitélio interno do órgão do esmalte. Sabendo da constituição do
84
EROE e do OE, a moderada imunorreatividade encontrada nestes locais, associada
com os dados encontrados no atual estudo, onde todos os casos de CDs
apresentaram imunomarcação, sendo que quase a totalidade apresentou escore III
para EGFR, pode-se supor que no desenvolvimento de CDs, estas células epiteliais
do OE ou do EROE aumentam a capacidade de proliferação mediada pelo EGF e,
portanto, este fator de crescimento epidérmico e seu receptor poderiam contribuir,
também, para o estabelecimento e crescimento desse tipo de cisto. Apesar de o
estudo de Cobo et al. (1992) ter sido realizado em ratos, acredita-se que processos
semelhantes ocorram em humanos.
Quando se associa a intensidade do infiltrado inflamatório com as células
epiteliais imunomarcadas para EGFR em CRs e CDs, pode-se perceber que, para os
dois tipos de cistos, não foram observadas diferenças estatísticas significativas.
Portanto, a inflamação parece não influenciar na imunomarcação do EGFR nas
células epiteliais dessas lesões. Este resultado está em concordância com o estudo
de Gonçalves et al. (2012), porém, discorda dos resultados apresentados no estudo
de Li et al. (1993). Gonçalves et al. (2012) analisaram, em CRs, a imunoexpressão
do EGFR, bem como a sua associação com a intensidade do infiltrado inflamatório.
Foi observado que a reação inflamatória não influenciou a expressão do EGFR no
revestimento epitelial, corroborando, portanto, os resultados do presente estudo,
apesar de utilizarem forma de análise do infiltrado inflamatório diferente.
O estudo de Li et al. (1993) mostrou que o revestimento epitelial de
ceratocistos odontogênicos (atualmente denominados de tumor odontogênico
ceratocístico) e de CDs expressavam níveis mais elevados de imunomarcação do
EGFR do que o revestimento de CRs, como relatado anteriormente. A menor
intensidade de coloração do EGFR em CRs coincidia com a presença de alterações
degenerativas no interior do epitélio associadas com infiltrado de células
inflamatórias no local. Foi sugerido que níveis de expressão do EGFR parecem estar
relacionados com a presença de inflamação no interior do tecido conjuntivo
adjacente (inversamente relacionada) em vez da proliferação de células epiteliais.
A imunolocalização do EGFR parece ser importante por determinar a
velocidade da resposta celular proliferativa a estímulos (OLIVEIRA et al., 2011;
GONÇALVES et al. 2012). No estudo de Baumgart et al. (2007), os autores
observaram que expressões citoplasmáticas e associadas (membranares e
85
citoplasmáticas) foram observadas na mucosa oral normal, principalmente nas
camadas proliferativas (basal e suprabasal). As células que apresentam coloração
citoplasmática apenas ou coloração combinada (membranar e citoplasmática), em
que todos ou alguns dos receptores tenham sido interiorizados, mostram uma
resposta mais lenta, do tipo fisiológica.
Nos casos em que o EGFR é restrito à membrana celular, a resposta, na
presença de um ligante, é mais rápida. Caso contrário, se estiver internalizado no
citoplasma, a resposta proliferativa decorrente de estimulação é mais lenta.
(OLIVEIRA et al., 2011; GONÇALVES et al. 2012).
Os resultados apresentados sobre a localização celular da imunomarcação no
presente estudo indicaram que predominou, tanto em CRs como em CDs, a
imunorreatividade citoplasmática, seguida pela localização associada de membranar
e citoplasmática. Quase todas as camadas epiteliais, na maioria dos casos, de
ambos os cistos, apresentaram-se imunomarcadas e com elevada expressão
(escore III). Assim, os resultados revelaram que os casos de CRs com
imunomarcação do EGFR escore III estão mais associados com imunomarcação nas
camadas basal e suprabasal do epitélio. Já para os casos de CDs, não existiu
diferença estatísca entre células imunomarcadas e as camadas epiteliais, pois
houve intensa imunopositividade (escore III) igualmente em todas as camadas.
Vale ressaltar que, apesar da diferença estatística entre CRs e CDs, as
camadas basais e suprabasais, que são camadas consideradas mais proliferativas,
apresentaram elevada imunomarcação (escore III) na grande maioria dos casos,
para ambos os cistos. Porém, predominou a imunolocalização citoplasmática,
seguida pela membranar e citoplasmática associada. Isto poderia indicar que,
apesar de bastante expresso, o receptor, nestes cistos, na presença do ligante,
reage de forma mais lenta ao estímulo de proliferação celular epitelial, pois alguns
de seus receptores estão internalizados no citoplasma, fato este semelhante ao que
acontece na mucosa oral normal, em processos fisiológicos, como afirmam
Baumgart et al. (2007).
Em contradição, os resultados apresentados no estudo de Shrestha et al.
(1992) demonstraram que em todos os casos de CRs e CDs que apresentaram
imunomarcação, esta era apenas membranar, fato este que não foi encontrado no
86
atual estudo, pois não houve, para ambas as lesões, qualquer caso com
imunomarcação apenas membranar.
No estudo de Oliveira et al. (2011) observou-se que a imunolocalização do
EGFR em CDs foi somente citoplasmática, ou membranar e citoplasmática
associada, estando estas presentes na camada basal e suprabasal. Esses
resultados são semelhantes aos do presente estudo, com relação à localização
celular, porém foi divergente com relação às camadas epiteliais imunomarcardas,
pois neste, houve positividade praticamente igual em todas as camadas, e no estudo
de Oliveira et al. (2011) a camada superficial não foi avaliada. Ainda neste artigo, em
CDs, a imunolocalização do EGFR na camada basal foi semelhante no citoplasma
(57%), e na membrana e no citoplasma associados (42%), resultado que contrasta
com a camada suprabasal, em que a coloração era predominantemente observada
no citoplasma (82,8%). Esses resultados também discordam dos que foram
encontrados no presente estudo, pois neste, houve imunomarcação
predominantemente apenas citoplasmática (76,7%), na camada basal, suprabasal e
superficial.
Ainda em relação à imunolocalização do EGFR em CRs e CDs, os resultados
encontrados no trabalho de Gonçalves et al. (2012), apesar de metodologia e
número de casos semelhantes, também se mostraram diferentes aos do presente
estudo. Nesse, a maioria dos casos exibiu padrão de coloração membranar e
citoplasmática associada para o EGFR, fato este que não foi encontrado no estudo
atual, onde a maior parte dos casos apresentou imunomarcação citoplasmática
apenas.
A PDPN, além de ter sua imunoexpressão confirmada em vários tipos de
células tumorais malignas, incluindo as células do CEO, também teve sua
associação sugerida na atividade celular proliferativa de cistos e tumores
odontogênicos devido sua expressão em germe dentário, presente em células com
atividade mitótica elevada. Isto indica que sua expressão é necessária durante os
processos que exigem alta atividade celular tais como a proliferação e diferenciação
(CAETANO et al., 2012; SAWA, 2010).
Os resultados encontrados no presente estudo mostraram que todos os casos
de CDs e a grande maioria dos casos de CRs (29 casos) apresentaram
imunomarcação para PDPN. A imunoexpressão da PDPN, quanto ao tipo de cisto
87
analisado, revelou diferença estatística significativa, já que esta proteína apresentou
maiores escores de imunomarcação nesses últimos. Assim, pode-se sugerir que a
PDPN participa da patogênese das lesões císticas analisadas através da
estimulação epitelial, sendo que os CRs parecem expressar PDPN de forma mais
intensa do que os CDs.
González-Alva et al. (2010) mostraram que nos CDs, a imunoexpressão da
PDPN, em células epiteliais, esteve ausente em 60% das lesões, e foi somente
fracamente positiva em áreas com reação inflamatória, em 40% dos cistos. Estes
resultados estão em contradição com os que foram encontrados no presente
trabalho, já que para os CDs foi encontrado positividade em todos os casos.
O estudo de Imaizumi et al. (2010) relatou que a PDPN foi expressa nas
células epiteliais do germe dentário, no epitélio interno e externo do OE, no epitélio
interno e externo das alças cervicais, nos odontoblastos e na bainha epitelial de
Hertwig em germes dentários de camundongos. Os autores sugeriram que as
células epiteliais do germe dentário adquirem a capacidade de expressar a PDPN e
mantêm essa capacidade no epitélio da mucosa oral. Sabendo da origem dos CRs e
CDs através da proliferação dos restos epiteliais, e que os resultados do presente
estudo demonstraram marcante imunoexpressão para PDPN nas células epiteliais
desses dois tipos de cistos, pode-se sugerir, juntamente com os achados de
Imaizumi et al. (2010), que no desenvolvimento desses cistos, os restos epiteliais
mantêm ou aumentam a capacidade de expressar a PDPN, reiterando que esta
participa do processo de estabelecimento e crescimento dessas lesões, através da
estimulação epitelial.
A análise de associação entre a imunomarcação da PDPN e a intensidade do
infiltrado inflamatório revelou que tanto para os casos de CRs, quanto para os casos
de CDs, não houve diferença estatística significativa. Sendo assim, a inflamação
parece não influenciar na imunomarcação da PDPN, nas células epiteliais dessas
lesões. Com isso, pode-se inferir que apesar de ter sido observada maior
imunoexpressão da PDPN em CRs do que em CDs, essa diferença não se mostrou
indicador de distinção entre estas duas lesões, com relação às suas etiologias, uma
vez que nestes últimos esta proteína também apresentou expressão considerável,
independente da intensidade do infiltrado inflamatório.
88
Okamoto et al. (2010) encontraram que nos casos de COOs e CDs, somente
os que estiveram associados com inflamação foram positivos para PDPN, fenômeno
este, segundo os autores, semelhante ao que ocorre com gengivas inflamadas. Nos
casos de CDs, forte positividade para PDPN foi observada nas camadas basais
associadas com intensa resposta inflamatória no tecido conjuntivo, e fraca
positividade foi observada quando uma escassa a moderada reação inflamatória
estava presente. Este trabalho de Okamoto et al. (2010) está em contradição com o
presente estudo, quando da relação da imunoexpressão da PDPN com a
intensidade do infiltrado inflamatório, pois, pode-se observar, que todos os casos de
CDs do estudo atual apresentaram imunomarcação, mesmo tendo 19 casos com
ausente ou leve infiltrado inflamatório (grau 1). O mesmo fenômeno pode ser
relatado para os cistos radiculares, pois, para este, também não houve associação
entre a intensidade do infiltrado inflamatório e a imunomarcação para PDPN, apesar
de serem reconhecidamente de etiologia inflamatória e a maioria dos casos
apresentarem infiltrado inflamatório grau 3 (intenso). O estudo de González-Alva et
al. (2010) também mostrou resultados contraditórios ao do atual estudo pois os
resultados mostraram imunopositividade para PDPN em apenas 40% dos casos de
CDs, e nestes, a expressão só esteve presente fracamente em áreas com reação
inflamatória.
Com relação à localização celular da imunomarcação da PDPN para ambos
os cistos, predominou a localização membranar e citoplasmática associadas. Com
relação às camadas epiteliais imunopositivas, tanto para os casos de CRs quanto
para CDs, a camada basal foi a que se apresentou mais comumente imunomarcada.
Apesar disto, nos dois cistos analisados, detectou-se que a imunomarcação escore
III para essa proteína está mais associada com positividade em células das
camadas suprabasal e superficial. Sabendo-se que é comumente na camada basal
dos epitélios que se encontra o maior potencial proliferativo, os resultados aqui
encontrados podem indicar que essa proteína está sendo produzida pelas células
epiteliais não só visando estímulos proliferativos, mas também outros processos
necessários ao crescimento cístico relacionados com adesão e vias de sinalização
da matriz extracelular.
O estudo de Zustin, Scheuer e Friedrich (2010) mostrou que em CRs e CDs
observou-se apenas forte imunomarcação membranar e citoplasmática na camada
89
basal epitelial. Este estudo apresentou resultados distintos aos encontrados no
estudo atual, pois neste, apesar de a maioria dos casos de CRs e CDs
apresentarem imunomarcação membranar e citoplasmática associadas, assim como
a camada basal mais comumente imunomarcada, também houve casos com
imunomarcações separadas, somente na membrana e somente no citoplasma,
assim como também houve casos que imunomarcaram a camada suprabasal e a
superficial.
Okamoto et al. (2010) mostraram que os TOCs apresentaram
imunopositividade para PDPN na membrana celular e no citoplasma na maioria das
camadas basais e suprabasais e na periferia dos cistos filhos. Nos casos de COOs e
CDs, somente os casos associados com inflamação foram positivos para
podoplanina. Os autores concluíram que a PDPN é fortemente expressa em TOC
em comparação com COO e CD. O padrão de coloração em TOC pode estar
relacionado com a sua natureza neoplásica e sugere um papel da proteína no
processo de invasão tumoral.
No estudo atual, a maioria dos casos de CDs apresentou imunomarcação
membranar e citoplasmática, sendo mais comumente na camada basal e
suprabasal, resultados estes semelhantes aos encontrados pelos autores acima
citados em TOCs. Com isso, presume-se que a podoplanina participa na formação e
crescimento tanto de TOC quanto de CDs, com imunoexpressões semelhantes.
Como os resultados apresentados no estudo atual sobre a imunoexpressão da
podoplanina foi semelhante para CRs e CDs, acredita-se que essa mesma
suposição pode ser também aplicada para os CRs.
Fundamentando ainda mais essas suposições, o estudo de Zustin, Scheuer e
Friedrich (2010) demonstrou que a PDPN parece estar envolvida em processos
fisiológicos e patológicos, formando extensões celulares alongadas e fibras
odontoblásticas, na transição epitélio-mesênquima durante o desenvolvimento do
germe dentário, assim como em lesões odontogênicas císticas e neoplásicas.
Sugeriram, então, que mecanismos semelhantes de adesão celular, envolvimento
epitélio-mesênquima e crescimento são, provavelmente, envolvidos na formação
destas lesões.
As discrepâncias entre os resultados do presente estudo e dos estudos
citados podem ser explicadas, na maioria dos casos, pela diferença na forma com
90
que foi realizada a análise morfológica, a análise da imunoexpressão celular, uso de
clones diferentes dos anticorpos, assim como diluição, tempo de incubação e
sistema também diferentes. Sabe-se que pequenas variações na técnica de
imunoistoquímica podem contribuir para alterações nos resultados. O estudo de Li et
al. (1993) confirma essa afirmação. Neste estudo, foi comparada a
imunorreatividade de quatro anticorpos monoclonais anti-EGFR comercialmente
disponíveis. Os resultados demonstram que os revestimentos epiteliais de todos os
tipos de cisto odontogênico analisados expressaram receptores de EGF, embora a
intensidade e o padrão de coloração variaram de acordo com o tipo de anticorpo
monoclonal utilizado. Adicionalmente, o reduzido número de casos utilizados pelos
estudos com resultados contraditórios, também pode ter contribuído para essas
diferenças nos resultados.
Como já é estabelecido o EGFR está envolvido no processo de proliferação
epitelial também em CRs e CDs, fato que foi confirmado pelos resultados
encontrados no presente estudo. Porém, a análise isolada da imunoexpressão da
PDPN indica que esta proteína participa do processo de estimulação epitelial em
CRs e CDs, porém, não é possível afirmar que está envolvida diretamente no ciclo
celular, pois segundo os resultados do estudo de Tsuneki et al. (2012) foi sugerido
que esta glicoproteína também possa estar envolvida na remodelação de moléculas
de sinalização de matriz extracelular, que é eventualmente relacionada com o
crescimento celular. Portanto, ela não é sempre diretamente envolvida no ciclo
celular em si, mas serve como uma das moléculas chave, que incluem as vias de
sinalização de moléculas de matriz extracelular para a proliferação celular. Assim,
para ajudar a desvendar o envolvimento da PDPN na estimulação epitelial de CRs e
CDs, novos estudos são necessários, correlacionando a imunoexpressão dessa
proteína com a de outras moléculas relacionadas com a adesão, proliferação celular
e vias de sinalização da matriz extracelular.
25
Conclusões
92
7 CONCLUSÕES
Os resultados encontrados no presente estudo suportam as seguintes
conclusões:
1. A marcante expressão tanto do EGFR quanto da PDPN em CRs e CDs indica
importante participação destas proteínas na patogênese destas lesões
através da estimulação epitelial;
2. A imunoexpressão do EGFR e da PDPN em CRs e CDs parece não sofrer
influência direta da intensidade do infiltrado inflamatório;
3. Os CRs parecem expressar PDPN de forma mais intensa do que os CDs;
4. Apesar de ter sido observada maior imunoexpressão da PDPN em CRs do
que em CDs, essa diferença não se mostrou indicador de distinção entre
estas duas lesões, com relação às suas etiologias, uma vez que nestes
últimos esta proteína também apresentou expressão considerável,
independente da intensidade do infiltrado inflamatório.
25
Referências
94
REFERÊNCIAS
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