IMPACTOS E CUSTOS ECONÔMICO- AMBIENTAIS DA AGRICULTURA MODERNA: ESTUDO DE CASO DA FRENTE AGRÍCOLA DO NOROESTE DE MINAS GERAIS Vitor Vieira Vasconcelos Lavras Minas Gerais - Brasil 2008
Jul 19, 2015
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IMPACTOS E CUSTOS ECONÔMICO-AMBIENTAIS
DA AGRICULTURA MODERNA:
ESTUDO DE CASO DA FRENTE AGRÍCOLADO NOROESTE DE MINAS GERAIS
Vitor Vieira Vasconcelos
LavrasMinas Gerais - Brasil
2008
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VITOR VIEIRA VASCONCELOS
IMPACTOS E CUSTOS ECONÔMICO-AMBIENTAISDA AGRICULTURA MODERNA:
ESTUDO DE CASO DA FRENTE AGRÍCOLADO NOROESTE DE MINAS GERAIS
Monografia apresentada aoDepartamento de Ciência do Solo daUniversidade Federal de Lavras,como parte das exigências do cursode Pós-Graduação Lato Sensu emSolos e Meio Ambiente, para aobtenção do título de especialização.
OrientadorProf. Geraldo César de Oliveira
LAVRASMINAS GERAIS - BRASIL
2008
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VITOR VIEIRA VASCONCELOS
IMPACTOS E CUSTOS ECONÔMICO-AMBIENTAISDA AGRICULTURA MODERNA:
ESTUDO DE CASO DA FRENTE AGRÍCOLADO NOROESTE DE MINAS GERAIS
Monografia apresentada aoDepartamento de Ciência do Solo daUniversidade Federal de Lavras,como parte das exigências do cursode Pós-Graduação Lato Sensu emSolos e Meio Ambiente, para aobtenção do título de especialização.
APROVADA em __ de _________ de _____.
Prof. ________________
Prof. ________________
Prof. _____________________UFLA
Geraldo César de Oliveira
LAVRASMINAS GERAIS - BRASIL
2008
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Dedico esta monografia a minha família.
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Agradeço ao pesquisador Paulo PereiraMartins Junior por haver orientado minhaformação acadêmica, da qual essamonografia é reflexo.
Agradeço também a todos colegas depesquisa e trabalho que meacompanharam ao longo desses anos.
Enfim, meus agradecimentos a meuorientador Geraldo César de Oliveira, porsuas orientações que culminaram naapresentação dessa obra.
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SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS........................................................................... i
LISTA DE FIGURAS............................................................................ ii
RESUMO.............................................................................................. iii
1. INTRODUÇÃO................................................................................. 1
2. OBJETIVOS...................................................................................... 5
3. REVISÃO DE LITERATURA......................................................... 5
3.1. Histórico da Ocupação dos Cerrados.............................................. 5
3.2 Diagnóstico do Noroeste de Minas Gerais....................................... 7
3.3. Agricultura na Economia do Noroeste de Minas Gerais................. 7
3.4. Impactos e custos ambientais.......................................................... 14
3.4.1. Perda de Biodiversidade............................................................... 14
3.4.2. Perda da Fertilidade dos Solos e Erosão...................................... 333.4.3. Escassez Hídrica.......................................................................... 39
3.4.4. Contaminação por Agrotóxicos e Aditivos Químicos.................. 53
3.4.5. Impactos Climáticos..................................................................... 56
3.4.6. Êxodo Rural................................................................................. 58
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................. 63
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................. 70
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i
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Localização Geográfica da Região Noroeste de MinasGerais
2
FIGURA 2 Bacia Hidrográfica do Rio Paracatu, região da frenteagrícola do noroeste de Minas Gerais. Em azul: Sub-baciade Entre-Ribeiros. Em vermelho: Sub-bacia do Rio Preto
2
FIGURA 3 Sub-Bacia de Entre Ribeiros - Relevo em 3 dimensões. 3FIGURA 4 Foto de cenário típico da bacia do Paracatu, Sub-Bacia do
Rio Escuro.4
FIGURA 5 Gráfico sobre o valor de produção para culturastemporárias no Noroeste de Minas Gerais, de 1996 a 2007
12
FIGURA 6 Gráfico sobre a área plantada para culturas temporárias noNoroeste de Minas Gerais, de 1996 a 2007
13
FIGURA 7 Gráfico sobre a área plantada e colhida de culturastemporárias no Noroeste de Minas, de 1996 a 2007
17
FIGURA 8 Gráfico sobre a área plantada e colhida de culturaspermanentes no Noroeste de Minas, de 1996 a 2006
18
FIGURA 9 Fragmento antrópico de Cerrado na região de Paracatu-MG
20
FIGURA 10 Vegetação Remanescente da Bacia Hidrográfica de EntreRibeiros, sobre imagem de Satélite de 2003
21
FIGURA 11 Área ambientalmente irregular a 6 km de Unaí, semrespeitar o entorno dos corpos d`água
22
FIGURA 12 Rio Paracatu, com desmatamento ilegal ao fundo, semrespeitar o entorno do curso d`água
23
FIGURA 13 Baru 25FIGURA 14 Pequi 25FIGURA 15 Umbu 25FIGURA 16 Gabiroba 25FIGURA 17 Caju 25FIGURA 18 Fava D’Anta 27FIGURA 19 Lagoas Marginais na Bacia do Paracatu 29
FIGURA 20 Solo exposto, na Fazenda Colorado, Município de João
Pinheiro, Noroeste de MG
35
FIGURA 21 Rio Assoreado em Unaí-MG 37FIGURA 22 Bacia do Rio Paracatu - Hidrograma de Descargas Médias
Mensais - Período 1939/40 a 1988/89 - Rio da Prata emPorto Diamante
40
FIGURA 23 Gráfico do Incremento de Produtividade através doSistema de Irrigação por Pivô Central
42
FIGURA 24 Pivô Linear de Aspersão em Unaí 46
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ii
LISTA DE FIGURAS (continuação)
FIGURA 25 Pivô Central de Aspersão em Unaí 46FIGURA 26 Fazenda a 12 km de Unaí - Área irrigada de 83ha, com 02
pivots centrais, de 53 ha e de 30 ha47
FIGURA 27 Fazenda a 12 km de Unaí - Pivô Linear de Irrigação 47FIGURA 28 2 áreas de irrigação por pivô central, na Fazenda
Chapadão, município de Paracatu,Noroeste de MG.
48
FIGURA 29 O maior Pivô Linear do mundo (600ha), município deJoão Pinheiro, Noroeste de Minas Gerais 49FIGURA 30 Áreas de Zona de Recarga da Bacia do Paracatu 51FIGURA 31 Áreas de Zona de Recarga na Su-Bacia de Entre-Ribeiros 52FIGURA 32 Uso do avião agrícola para aplicação de agrotóxicos e
fertilizantes em Unaí-MG56
FIGURA 33 Uso de trator para aplicação de agrotóxicos e fertilizantesem Unaí-MG
56
FIGURA 34 Vista da Cidade de Unaí - Noroeste de Minas 60FIGURA 35 Lixo entulhado na entrada de Unaí - direção de Brasília 61FIGURA 36 Catadores sobrevivem no Lixão Municipal de Unaí-MG 61FIGURA 37 Violência contra o Patrimônio Público em Unaí-MG 62
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iii
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Valor de produção dos principais cultivares da RegiãoNoroeste de Minas Gerais, em comparação com o valortotal do Estado
14
TABELA 2 Evolução dos preços e da produção de Fava d’Anta em MG 27TABELA 3 Algumas Espécies Bandeira Ameaçadas e de Importância
Ecológica na Bacia do Rio Paracatu32
TABELA 4 Custos de produção em preparo do Solo e Tratos Culturais 33TABELA 5 Incremento de Produtividade através do Sistema de
Irrigação por pivô43
TABELA 6 Mão-de-obra necessária e outros custos de capital dosvários métodos de irrigação
45
TABELA 7 Custo de Maquinário Agrícola (estimativa) 46
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iv
RESUMO
O presente trabalho, através do enfoque da Economia e da
Ecologia, pretende delimitar, dentro das possibilidades técnicas atuais,
os contornos referentes aos impactos e custos econômico-ambientais
advindos da agricultura moderna, de forma a lançar um novo olhar para
a viabilidade econômica e sustentabilidade do agro-negócio brasileiro. É
tomada como estudo de caso a frente agrícola do Noroeste de Minas
Gerais, especialmente na Bacia do Rio Paracatu, principal afluente do
rio São Francisco. Ao fim, conclui-se pela necessidade de repensar as
estratégias de desenvolvimento sustentável, no tocante à expansão das
frentes agrícolas.
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1
1. INTRODUÇÃO
As Frentes Agrícolas de Agro-negócio, sustentadas a partir de
monoculturas extensas e de elevado nível tecnológico, têm se transformado em
grandes usuárias de recursos naturais e, consequentemente, em significantes
geradoras de impactos ambientais (MMA, 2000). A produção de cana, soja,
milho, sorgo, entre outros produtos agrícolas, acarretam transformações
drásticas na paisagem, e, dentre os impactos ambientais associados às frentesagrícolas, destacam-se: compactação do solo, contaminação das águas e da biota
por agrotóxicos e fertilizantes, desmatamento com a fragmentação de habitats,
queimadas, redução da disponibilidade de água subterrânea e superficial pela
irrigação inadequada das áreas cultivadas, redução da diversidade vegetal e
animal, perdas de solos (Egler & Rio, 2002).
A região de foco do trabalho é o Noroeste de Minas Gerais, região
originariamente coberta pelo cerrado. As características principais do bioma
cerrado são a rica biodiversidade, solos ácidos, duas estações climáticas (umaseca, outra chuvosa) e relevo plano. Nesse bioma há cerca de 6.000 espécies de
árvores e 800 de aves. Os tipos de vegetação existente são: veredas, cerradão,
campo limpo, parque de cerrado. (CMMA, 2007)
A região do Noroeste de Minas possui clima tropical chuvoso, planaltos
suaves, predominância do Latossolo – solos antigos, profundos e com baixa
predisposição natural à erosão, bom potencial agrícola, relacionado a relevos
planos; e possuidores de grande estoque de carbono. As condições planas do
relevo permitiram o uso de uma forte mecanização, modificando-se rapidamentea paisagem através da retirada quase que total da cobertura vegetal natural
(Silva, 2000). O solo geralmente é pobre em nutrientes, necessitando que seja
feita correção para sua utilização na agricultura.
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2
A região pertence à Bacia do Rio Paracatu, que possui cerca de 45.600
KM² de extensão, tendo como principais afluentes: Rio Preto, Rio do Sono, Rio
da Prata, Rio Escuro, Ribeirão Entre-Ribeiros, entre outros. O Paracatu é um dos
principais afluentes do Rio São Francisco, o que contribui ainda mais para
reforçar a importância do controle da poluição nessa região. Segundo dados de
1998 (Dino,2001), a porção Oeste da bacia do Paracatu era mais desenvolvida e
mais ocupada do que a porção Leste, por possuir clima melhor e solos mais
ricos, e justamente nessa região estão concentradas as maiores cidades.
FIGURAS 1 e 2 - À direita: Localização Geográfica da Região Noroeste de Minas Gerais (Fonte:
http://www.turismo.mg.gov.br, em 19/05/2008). À esquerda: Em preto - Bacia Hidrográfica do
Rio Paracatu, região da frente agrícola do Noroeste de Minas Gerais. Em azul - Sub-bacia de
Entre-Ribeiros. Em vermelho - Sub-bacia do Rio Preto. Fonte: (Cetec, 2006)
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3
FIGURA 3 - Sub-Bacia de Entre Ribeiros - Relevo em 3 dimensões. Notar as superfícies planas da
região, favorecendo o estabelecimento de agricultura extensiva mecanizada. Fonte: (Cetec, 2006)
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4
FIGURA 4 - Foto de cenário típico da bacia do Paracatu. Mais uma vez evidencia-se o relevoplano. Nota-se também as extensas áreas desmatadas para atividades agropecuárias.
Fonte: (Cetec, 2005)
As principais cidades da região são João Pinheiro, Unaí e Paracatu, que
concentram 80% da população urbana. A maioria dos municípios da região não
possui tratamento de esgoto (Dino, 2001), sendo os dejetos lançados nos rios da
região sem qualquer tratamento. Apenas nas maiores cidades fala-se em começar
um trabalho de tratamento dos efluentes domésticos. Esse fato é responsável por
poluição hídrica, que prejudica inclusive as próprias lavouras, já que grande
parte das culturas utiliza-se da irrigação.
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5
2. OBJETIVOS
Pretende-se com esse trabalho, percorrer os dados da bibliografia
disponível para melhor analisar os impactos e custos ambientais das frentes
agrícolas. Como estudo de caso, selecionou-se o Noroeste de Minas Gerais.
Primeiramente, parte-se de uma análise da história de ocupação dos
cerrados brasileiros e da região Noroeste, para então analisar a situação social,
econômica e ambiental atual dessa região. É dada atenção aos aspectos daprodução agrícola, enfocando sua influência sobre a ocupação do solo e o
desenvolvimento regional.
Em seguida, o trabalho busca mapear quais os impactos ambientais das
frentes agrícolas na biodiversidade, nos recursos naturais de solo e água, no
clima, bem como impactos relacionados ao êxodo rural e à contaminação por
agrotóxicos e aditivos químicos. Sempre que possível, são procurados os
contornos econômicos dos impactos ambientais analisados.
Por fim, tecem-se reflexões finais sobre a viabilidade econômica eecológica da agricultura moderna, bem com de estratégias visando ao
desenvolvimento sustentável.
3. – REVISÃO DE LITERATURA
3.1. Histórico da Ocupação dos Cerrados
Antes de 1950, os Cerrados quase não eram utilizados para agricultura,
em virtude de seu clima quente e seus solos carentes em nutrientes. Todavia,
atualmente mais de quarto dos cereais brasileiros são cultivados nas áreas de
cerrado. Ademais, o Cerrado manteve-se como uma das regiões mais
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significativas para a produção pecuária bovina brasileira. Principalmente a partir
dos anos 70, em decorrência aos incentivos governamentais dos programas de
desenvolvimento regional POLOCENTRO e PRODECER, a região dos
Cerrados teve um aumento significativo na expressão de seus vetores de
ocupação. Esse fenômeno foi iniciado pelo reflorestamento de Pinus e
Eucaliptus, respaldado pela Lei 5.106 que concedia incentivos fiscais a essas
atividades. O relativamente irrisório preço das terras foi um dos motivos
determinantes na ocupação dos cerrados. (Silva, 2000)Posteriormente, houve a introdução da agricultura intensiva com as
culturas de soja, algodão, café, milho, feijão e ervilha (Silva, 2000). O
conseqüente uso do solo torna admissível correlacionar o aumento da
produtividade agrícola do Cerrado nas últimas quatro décadas,
concomitantemente com a redução das reservas de ecossistemas nativos,
restando hoje apenas pequenas manchas do Cerrado original (Lima, 1996).
O Cerrado teve sua ocupação devido tanto ao fato de sua posição
privilegiada de proximidade aos grandes mercados consumidores, quanto aosincentivos do Estado, que se interessavam pelo desenvolvimento da economia
brasileira através do aumento e da modernização da produção agrícola. Nesse
tocante, a atuação do Estado foi decisiva para que houvesse a ocupação agrícola
do Cerrado. Entretanto, além de ressaltarmos as políticas adotadas pelo mesmo
para que isso ocorresse de maneira eficiente, é importante ressaltar os projetos
de desenvolvimento de tecnologias agrícolas que possibilitaram a viabilidade
econômica da agricultura empresarial nesse bioma.
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3.2. - Diagnóstico do Noroeste de Minas Gerais
A região Noroeste de Minas é marcada por grandes contrastes, pois se
por um lado é considerada um grande celeiro agrícola de Minas Gerais, por
outro a riqueza gerada não tem sido adequadamente distribuída.
Existe na região um grande contingente de trabalhadores rurais, com
pouco ou nenhum acesso à terra. Há um grande número de acampados
(aproximadamente 1.817 famílias) e do total de assentamentos do Estado, 62%concentram-se na região (98 assentamentos), totalizando mais de 4.500 famílias
ligadas à reforma agrária (Emater, 2005). Apesar dessas dificuldades, deve-se
ressaltar o crescente nível de organização da região, onde a forte presença de
várias instituições governamentais, privadas e ONG’s, se articuladas em rede
podem formar um grande capital social.
A existência de 15 Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural
Sustentável (Emater, 2005) reforça a participação popular na elaboração e
implementação de políticas públicas. A preocupação com o meio ambiente parteprincipalmente da sociedade civil, que atua através de ONG´s locais. Há na
região a estruturação de um comitê de bacia hidrográfica que objetiva instituir a
cobrança pelo uso da água, mas que vem sofrendo bastante resistência por parte
dos produtores rurais.
3.3. - Agricultura na Economia do Noroeste de Minas Gerais
A paisagem natural da região foi significativamente desmatada na
década de 70, cedendo lugar a grandes plantações, sobretudo de grãos, tornando
o local um importante pólo agrícola. Apesar de a ocupação maciça ter se passado
nos anos 1970 e 1980, ainda hoje existe um movimento de expansão da área
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cultivada e intensificação do uso de recursos naturais, buscando atingir níveis
produção mais elevados. Contudo, cabe evidenciar com mais detalhes as
mudanças nas últimas quatro décadas em relação à forma de ocupação do espaço
rural e ao uso de seus recursos naturais, no Noroeste de Minas Gerais.
Os primórdios da ocupação do Noroeste de Minas Gerais se deram ainda
no período colonial, com a descoberta de jazidas de ouro na região, formando
esparsos núcleos populacionais. Com a decadência da mineração, a partir da
segunda metade do século XVIII, a pecuária de grandes propriedades domina oquadro econômico da região (Andrade, 2007, p. 89-90). Até 1975, como
evidenciado pela análise de imagens de satélite, predominava em Entre-Ribeiros,
assim como na maior parte do Paracatu, uma região ainda conhecida como
Sertões, ou seja, vastas áreas utilizadas para pecuária extensiva de baixa
tecnologia, em pastagens naturais (Fundação Centro Tecnológico de Minas
Gerais, 1981). Associada a pecuária, também se observava a atividade associada
de carvoejamento e algumas áreas de mineração.
Com os programas e incentivos de ocupação do Noroeste de MinasGerais, a partir da década de 1970, houve uma aceleração brusca da expansão
agropecuária na região. Programas como o Planoroeste I e II foram responsáveis
por proporcionar à região uma infra-estrutura de transporte e energia (Moreira,
2006, p. 16), estudos de reconhecimento dos recursos naturais (Fundação Centro
Tecnológico de Minas Gerais, 1981), além de incentivos econômicos à ocupação
da região. Foram vários programas de incentivo financeiro, como o Prodecer,
Polocentro, Pergeb E PDAF (Ruralminas, 1981). A construção de Brasília, a
partir da década de 1960, também contribuiu ao incluir a região Noroeste deMinas dentro dos eixos de circulação viária nacionais, pela rodovia BR-040
(Andrade, 2007, p. 89-90).
Em um primeiro momento, predominou a agricultura de sequeiro, nos
vales de maior aptidão agrícola (Andrade, 2007, p. 97), enquanto a associação
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pecuária/carvoejamento avançava por frente ao cerrado, rumo às cabeceiras das
bacias hidrográficas. Tratava-se de uma ocupação pouco planejada em termos de
sustentabilidade, de tecnologia de manejo e de potencial de uso das terras. Sem
muita dúvida, esse período pode ser considerado como de ocupação predatória
do espaço e dos recursos naturais. Escolhas desacertadas desse período foram
responsáveis por grande parte dos problemas de erosão e assoreamento
enfrentados hoje pelos agricultores da região.
A partir da metade da década de 1980, os empreendedores agropecuárioscomeçam a perceber a necessidade da gestão sustentável dos recursos naturais
de suas propriedades. Latuf (2007, p. 42) observa que, entre 1985 e 2000, várias
áreas de pastagem foram abandonadas à lenta regeneração natural, em virtude de
mostrarem não ter capacidade de suporte do meio físico para essa atividade
econômica. Como também não eram até menos adequadas para atividades
agrícolas, o resultado foi uma regeneração das áreas de mata, especialmente
nesses terrenos de neossolos litólicos e cambissolos, com geomorfologia de
ravinas e declives mais acentuados.Uma das grandes responsáveis para a mudança da mentalidade dos
empreendedores rurais do Noroeste de Minas, bem como para o incremento de
tecnologia às atividades produtivas, foi a Companhia de Produção Agrícola
(Campo). A partir de uma estratégia de arregimentar agricultores de outras
regiões do país (especialmente a Região Sul), fornecendo assistência técnica e
trabalhando com cooperativismo rural, a Campo tornou possível o
estabelecimento de modernos projetos agrícolas de irrigação (Moreira, 2006, p.
16). Essa nova forma de ocupação do solo baseava-se em uma gestãoadministrativa e tecnológica mais profissionalizada, marcando um contraste com
as iniciativas anteriores.
O maior empreendimento de agricultura irrigada de Entre-Ribeiros, nas
décadas de 1990 e 1990, foi o PCPER I (Projeto de Colonização Paracatu –
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Entre-Ribeiros), que consiste em uma associação de 27 agricultores, irrigando
2460 ha (Brito, Bastings & Bortolozzo, 2003, p. 286-288). Seu primeiro canal de
irrigação foi aberto em 1988, com ampliação em 1993 (Andrade, 2007, p. 86).
Em 1997, iniciou-se a instalação do segundo projeto de irrigação de Entre-
Ribeiros, com uma área planejada para até 7420 ha irrigados. (Brito, Bastings &
Bortolozzo, 2003, p. 286-288).
No decorrer das últimas décadas, a região tornou-se atrativa para o agro-
negócio. Tal processo foi alimentado, durante as décadas de 1980 e 1990, devidoao preço da terra que era cerca de 1/3 do preço da mesma área (em metros) em
outras regiões no Sul e Sudeste (Cunha, 1994). Esse fator reduziu o custo inicial
de implantação das lavouras e acenava para retornos satisfatórios, devido ao
aparato tecnológico utilizado.
A análise comparativa entre os censos agropecuários de 1985 e 1995/6
deve ser cuidadosa, pois os censos se utilizaram de metodologias diferenciadas.
Cunha (2002, p. 15 e 17) utiliza dos métodos adequados para estimar a variação
da produção agrícola na região do Noroeste de Minas, entre esse período. Oestudo mostra que a região passou de 166.606 toneladas de soja para 255.340,
entre os dois censos – passando a região de 3ª para 2ª maior produtora de soja de
Minas. Em relação ao feijão, a produção passou de 22.002 toneladas para
54.562, o que a levou de 6ª para 1ª produtora de feijão do país.
Contudo, apesar do aumento visível da produção agrícola nesse período,
a avaliação do sucesso econômico da atividade agrícola na região é bastante
complexa. A instalação da infra-estrutura agrícola requereu financiamentos
vultosos, com maturação e retorno de longo prazo. Devido à inflação galopanteda década de 1990, à elevação das taxas de juros e às restrições de crédito
(Andrade, 2007, p. 116), bem como às margens cada vez mais estreitas de
lucratividade do mercado agrícola internacional (Banco de Desenvolvimento De
Minas Gerais, 2002), houve um expressivo endividamento dos grandes
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agricultores da região. Esse endividamento impediu a re-capitalização dos
beneficiários (Andrade, 2007, p. 116), freando em certa medida a expansão da
agricultura tecnológica na região.
Se as margens de lucro para o agro-negócio irrigado tornaram-se cada
vez mais estreitas, não é difícil observar o resultado desse cenário econômico
sobre a viabilidade da agricultura de sequeiro tradicional. Como resultado,
observa-se em Entre-Ribeiros o abandono de extensas áreas de agricultura de
sequeiro (Andrade, 2007, p. 105). Torna-se um cenário de ocupação do solocontrastante, em que a agricultura irrigada procura avançar sobre as áreas aptas,
em busca de ganhos de escala, ganhando espaço sobre as outras formas
tradicionais de ocupação do solo, que se tornaram praticamente inviáveis. Nas
áreas onde não se consegue instalar a agricultura irrigada, observa-se o impasse
quanto a qual deve ser o seu uso adequado – e na falta de outra atividade,
retorna-se algumas vezes ao uso para pecuária (Andrade, 2007, p. 114).
A partir do ano de 2001, o cenário econômico nacional e internacional
tornou-se novamente favorável à expansão da frente agrícola do Noroeste deMinas Gerais. A securitização e renegociação de dívidas agrárias também
contribuíram para esse novo pulso de desenvolvimento (Andrade, 2007, p. 117).
A seguir, apresentamos alguns gráficos (Figs. 5 e 6) que nos permitem
avaliar comparativamente a evolução da agricultura no Noroeste de Minas
Gerais, para as principais culturas temporárias. Observa-se um grande
crescimento da produção de Soja, Milho Feijão, todos profundamente baseados
nos sistemas de cultivos de monocultura moderna de larga escala.
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Variável = Valor da produção (Mil Reais)
Mesorregião Geográfica = Noroeste de Minas - MG
LEGENDA: Lavoura temporária
EIXO: Ano
Figura 5 – Gráfico sobre o valor de produção para culturas temporárias no Noroeste de Minas
Gerais, de 1996 a 2007. Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal
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Variável = Área plantada (Hectare)
Mesorregião Geográfica = Noroeste de Minas - MG
LEGENDA: Lavoura temporária
EIXO: Ano
Figura 6 – Gráfico sobre a área plantada para culturas temporárias no Noroeste de Minas Gerais,
de 1996 a 2007. Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal
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A partir dos dados apresentados, podemos estabelecer uma relação entre
a produção do Estado com a produção da região. É o que a Tabela 1 demonstra.
Percebemos que a produção dessa região é expressiva nos produtos levantados.
TABELA 1 – Valor de produção dos principais cultivares da Região Noroeste de
Minas Gerais, em comparação com o valor total do Estado
Variável = Valor da produção (Mil Reais)Ano = 2007
Lavoura temporáriaUnidade daFederação eMesorregiãoGeográfica
TotalAlgodãoherbáceo
(em caroço)
Feijão(em
grão)
Milho(em grão)
Soja (emgrão)
Minas Gerais 4.295.472 74.295 705.823 2.145.918 1.194.463
Noroeste de Minas- MG
940.337 36.122 273.425 241.555 355.472
RelaçãoPercentual do
Noroeste de Minas
em relação a MG
21,89 48,62 38,74 11,26 29,76
Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal
3.4- Impactos e Custos Ambientais
3.4.1 Perda de Biodiversidade
Demonstrar e calcular o custo econômico-ambiental da perda da
Biodiversidade, causado pela agricultura moderna, é um assunto bastante
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complexo, pois interage com uma série de fatores econômicos, éticos e de estudo
biológico. Segundo (Primack, 2001), podemos dividir esse calculo em valores
diretos, referentes à economia dos bens privados, e em valores indiretos,
relativos aos bens públicos. Estes últimos são gerados por serviços ambientais
desempenhados pelos ecossistemas, a exemplo da polinização das plantas,
redução de CO2, controle de pragas, etc. Uma terceira faceta a ser analisada
seria o valor de existência que também é indireto e equivale a quanto as pessoas
estão dispostas a pagar para que espécies não se extingam (normalmenteespécies bandeira, como mico-leão dourado, lobo-guará, tamanduá-bandeira,
etc.) (Primack, 2001).
Dentro dos valores diretos relacionados à perda de biodiversidade, estão
aqueles que afetam diretamente as atividades econômicas em micro e macro
escala (note-se que estamos caracterizando os valores diretos advindos da
biodiversidade, e não os que vêm diretamente da atividade produtiva da
agricultura moderna). Normalmente, isso se refere à colheita, caça ou uso direto
das espécies biológicas, bem como a fatores estimulantes ou limitantes a essasatividades. Primeiramente, poderemos dividir os valores diretos em duas
categorias: os valores de consumo, relativos às mercadorias vendidas
internamente, e os valores produtivos, que se referem às mercadorias vendidas
em mercados (Primack, 2001).
Os valores de consumo remetem-se às mercadorias diretamente
consumidas pelo produtor ou sua comunidade social local. Esses produtos não
aparecem no calculo do PIB, pois não são comprados nem vendidos. Exemplos
notórios são a caça, pesca e agropecuária de subsistência, com as quais oprodutor sustenta sua vida e a de sua família. Devido ao extensivo
desmatamento ocasionado pelas frentes agrícolas, ocorre um impacto direto na
subsistência dos pequenos moradores rurais, pois diminui a quantidade de
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animais para a caça, de bosques de onde se poderia tirar lenha e remédios
tradicionais, e dos peixes que habitualmente são pescados.
No Noroeste de Minas Gerais, segundo o IBGE, a área plantada por
agricultura temporária ocupava em 1996 a extensão de próxima de 350.000ha,
chegando a mais de 600.000ha em 2005. Isso equivale a um crescimento de
250.000ha em menos de uma década, ou seja, um aumento de área equivalente
acima de 70%. Isso significa uma diminuição dos recursos disponíveis para a
atividade tradicional de extrativismo e caça, por parte da população.
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Lavoura temporária = Total
Mesorregião Geográfica = Noroeste de Minas - MG
LEGENDA: Variável
EIXO: Ano
Nota: Para 2007: Trata-se de uma antecipação dos resultados para cereais, leguminosas eoleaginosas (algodão arbóreo e herbáceo, amendoim, arroz, aveia, centeio, cevada, feijão,girassol, mamona, milho, soja, sorgo granífero, trigo e triticale). Estes dados estão sujeitos arevisão e serão divulgados em caráter definitivo em outubro de 2008.
FIGURA 7 – Gráfico sobre a area plantada e colhida de culturas temporárias no Noroeste deMinas, de 1996 a 2007. Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal
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Lavoura permanente = Total
Mesorregião Geográfica = Noroeste de Minas - MG
LEGENDA: Variável
EIXO: Ano
FIGURA 8 – Gráfico sobre a área plantada e colhida de culturas permanentes no Noroeste deMinas, de 1996 a 2006. Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal
Há inter-relações, dentro da economia familiar, entre o valor de
consumo e o valor produtivo, pois se uma família, por alterações ambientais, não
conseguir mais produzir determinado produto de subsistência, terá que comprá-
lo de alguém que o produza. O valor de consumo pode ser calculado,
considerando o quanto uma parcela da população teria que pagar para comprar
os produtos equivalentes no mercado, caso a fonte local se extinga (Primack,
2001). Situações como essas acarretam a queda do padrão de vida desses
indivíduos, pois terão de retirar recursos que antes seriam destinados a outros
usos econômicos. Porém, é comum que a fonte local esgote-se e a população não
tenha recursos para comprar os produtos equivalentes no mercado local. Nessas
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situações extremas, mas nem por isso incomuns, os indivíduos têm de migrar
para outro lugar mais propício (muitas vezes reforçando o êxodo rural) ou
podem até não conseguir sobreviver.
Um exemplo radical de uma fonte de recursos que se exaure é quando
há a extinção de uma espécie útil, como ocorre quando o desmatamento em uma
região não respeita a área de vida, que é a extensão mínima de ambiente natural
para que uma espécie consiga sobreviver. Devido à grande diferença entre o
ambiente natural para o ambiente das grandes monoculturas típicas daagricultura moderna, as espécies não conseguem transitar de uma mancha de
reserva nativa para outra, e acabam presas dentro de uma armadilha genética.
Ao longo das próximas gerações, por falta de variabilidade genética, a espécie
vai definhando até desaparecer. O desaparecimento pode ser ainda mais rápido,
caso ilha de reserva nativa não disponha da quantidade de nutrientes e água
necessários para satisfazer a manutenção e o crescimento dos espécimes.
Também as cercas, estradas e barragens instaladas em função da atividade
agrícola podem servir de barreiras seletivas, que não permitem que certasespécies de seres vivos transitem de um lado para o outro de um território.
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Figura 9 - Fragmento antrópico de Cerrado na região de Paracatu-MGFonte: http://www.canalciencia.ibict.br/, disponível em 29/08/2008
No cerrado brasileiro, é preciso tanto considerar as ilhas isoladas de
mata densa (como nas matas ciliares que ocupam veredas e o entorno dos rios),
como também considerar as ilhas isoladas do ecossistema de campo cerrado. Asmatas ciliares ocupam menor extensão, mas abrigam cerca de 50% das espécies
do cerrado, possuindo uma alta biodiversidade, e também uma alta
produtividade do solo, e por isso muitas vezes são preferidas para atividades
agro-pecuárias. As espécies dessas ilhas matas ciliares dificilmente conseguem
transitar de uma mata para outra se houver um terreno de agricultura ou pasto no
meio do caminho. O ecossistema de campo cerrado, por sua vez, apesar de
possuir uma biodiversidade menor por área, também abriga 50% das espécies do
cerrado, e em geral essas espécies precisam de uma área de vida muito maiorpara sobreviver do que as espécies das matas ciliares. (Consórcio Magna / Dam /
Eyser, 1996)
Segundo relatado por Dino, (2001), há uma tradição no Noroeste de
Minas Gerais, com descaso e às vezes até incentivo do governo local, para que
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os produtores não respeitem as orientações legais para a delimitação das reservas
legais, não obedecendo às extensões mínimas de mata nativa a serem
preservadas, e nem observando os critérios de formação de corredores florestais,
que servem de caminho para o deslocamento e migração de espécies. Isso pode
também pode ser observado a partir da análise do uso da terra com base na
imagem de satélite landsat de 2003 (Cetec, 2006), da Bacia de Entre-Ribeiros,
onde se pode ver as extensas áreas de agricultura sem nenhuma reserva de mata
nativa.
Figura 10 - Vegetação Remanescente da Bacia Hidrográfica de Entre Ribeiros, sobre imagem deSatélite de 2003. Fonte: (Cetec, 2006)
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Figura 11 – Área ambientalmente irregular a 6 km de Unaí, sem respeitar o entorno dos corposd`água. Fonte: http://www.unaionline.com.br, disponível em 20/05/2005
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Figura 12 - Rio Paracatu, com desmatamento ilegal ao fundo, sem respeitar o entorno do cursod`água. Foto: Margi Moss Fonte: http://360graus.terra.com.br/, disponível em 19/08/2008
“O valor produtivo é um valor direto atribuído a produtos que são
extraídos do ambiente e vendidos no comércio nacional ou internacional”
(Primack, 2001). Como o foco deste tópico é a biodiversidade, deve-se prestar
atenção ao valor produtivo de diversos produtos advindos do extrativismo, como
é o caso de plantas medicinais, fármacos, frutas, castanhas, borrachas e outros
mais. Muitas vezes, o valor dos produtos extraídos de um ecossistema, somados
ao valor de outros serviços ambientais deste, podem render mais
financeiramente do que a simples derrubada para vender madeira, formar pasto
ou semear lavouras. O seu valor pode ser determinado dentre os mecanismos de
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mercado, e para o produtor rural, deve ser mensurado no momento de sua venda,
que normalmente é feita para atravessadores. Cabe lembrar que muitas vezes o
preço de compra para o produtor final é várias vezes maior do que o preço pago
a quem o extraiu da natureza; isso devido ao incremento do preço ao longo dos
atravessadores e/ou devido ao valor agregado do processamento posterior do
produto.
Atualmente muitas espécies do cerrado mineiro estão em processo de
pesquisa para que se possa estender o seu uso local para a produção emmercados mais amplos. Esse é o caso de frutos do cerrado, como Pequi,
Araticum, Baru, Umbu, Caju e Gabiroba e outros. A Emater-MG tem efetuado
pesquisas sobre o modo de processamento, valores nutritivos e formas de
aproveitamento dos frutos do cerrado na alimentação [Jornal Minas Gerais,
02/05/2005].
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Figuras 13 a 17 - Frutos do Cerrado - Esquerda-Acima: Baru. Direita-Acima: Pequi. Centro:
Umbu. Esquerda-Abaixo: Gabiroba Direita-Abaixo:Caju. Fontes respectivas:http://www.tremdocerrado.pirenopolis.tur.br/ , http://globorural.globo.com/edic/174/ ,
http://www.belaischia.com.br, http://www.colecionismo.com.br,http://www.terra.com.br/culinaria/ ,
disponíveis em 18/08/2008.
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Destaca-se também a pesquisa de princípios ativos que espécimes
nativos contenham, direcionando para a indústria de fármacos, como é o caso da
árvore Fava d’Anta, que é utilizada em medicamentos para doenças do sistema
circulatório, tratamento do mal de Alzheimer e fabricação de suplementos
alimentares. O Faveiro da Fava d’Danta cresce nos cerrados de MG, e, após o
início das pesquisas da Fava d’Danta pelo CETEC-MG, houve uma elevação do
valor do produto, somada a uma maior estruturação do seu processo produtivo
pelas comunidades do Norte de Minas (somente a eliminação dos atravessadoresaumentou o lucro da comunidade local em 10 vezes). A produtividade por
árvore é de aproximadamente R$30,00 por ano, colhendo apenas 70% das favas,
com vistas a favorecer a reprodução da árvore. É uma opção bem mais lucrativa
do que o carvoeiramento da vegetação nativa do cerrado, que renderia apenas
entre R$0,50 e R$1,00 por árvore cortada. Em algumas localidades, a
lucratividade da extração da fava d’anta já supera a da silvicultura. No
prosseguimento das pesquisas, caso Minas Gerais domine a tecnologia de
extração da Rutina da Fava d’Anta, o valor agregado permite vender o produto avalores entorno de R$200,00/quilo. [Jornal Minas Gerais, 02/05/2005]
O caso da fava d’anta representa apenas uma substância química
proveniente de uma espécie; sem dúvida, tendo em vista a biodiversidade do
cerrado, o valor futuro relacionado a indústria de fármacos é praticamente
incalculável.
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Tabela 2 - Evolução dos preços e da produção de Fava d’Anta em MG
2004 2005 2006
(previsão)
2008 * Crescimento
Preço/Quilo R$0,05 R$0,50 R$0,80 a 1,00 1,29 2580%
Produção (em
quilos)
80.000 500.000 625%
Valor Total R$4.000,00 R$250.000,00 R$500.000,00 12.400%
Fonte: [Jornal Minas Gerais, 02/05/2005]. * Informação pessoal, Cetec (2008)
Figura 18 – Fava D’Anta – Fonte: CETEC (2008)
O desenvolvimento de novas técnicas de cultivo e de melhoramento
genético dessas espécies nativas pode aumentar o seu valor produtivo, e o
cerrado ainda nativo adquire potencial lucrativo, ao invés de ser encarado apenas
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como terreno a ser desmatado para uso agropecuário. Esse potencial de um
determinado conjunto de espécies adquirir valor econômico em um tempo futuro
se inclui no que é denominado de valor de opção (Primack, 2001). O valor de
opção engloba o cálculo do aumento no potencial lucrativo dos recursos
naturais, caso eles sejam preservados até um certo tempo no futuro. É um valor
de longo prazo, inclusive inter-geracional. No Noroeste de Minas, a frente
agrícola tem avançado, sobretudo, nos chapadões de cerrado (Guimarães et al.,
2004), o que pode estar eliminando o potencial lucrativo gerado pelas espéciesnativas que ocupavam essas áreas. Ao diminuir a população das espécies da
flora do cerrado, reduz-se a variabilidade genética dentro de cada espécie, o que
limita e encarece a pesquisa futura por melhoramentos genético, que visaria à
produção econômica a partir dessas espécies nativas.
Outro caso de custo ambiental causado pela agricultura moderna no
Noroeste de Minas Gerais é a situação por que passam as lagoas marginais.
Essas lagoas são ecossistemas de alta complexidade, resultante da interação
entre ambientes aquáticos e terrestres. “Comunicadas aos cursos d'água,possuem uma grande diversidade de nichos, tanto pela transição que formam
com a mata ribeirinha, quanto pelas diferenças de profundidade próprias de
ambientes alagados. Essas diferenças condicionam gradientes de temperatura e
luminosidade. Esse gradiente cria microambientes que são ocupados por uma
flora com diferentes características morfológicas e fisiológicas.” (Pitteli, 1994,
Esteves, 1988 e Lesa, 1993, in Consórcio Magna / Dam / Eyser, 1996)
Na época das cheias, os rios inundam e conectam-se às lagoas
marginais, e nesse momento muitas espécies de peixe migram do rio para alagoa, que será o seu local de reprodução e desova. Durante o período da seca,
devido à diminuição do volume de água das lagoas, estas se transformam em um
ambiente rico em nutrientes, que servirá de viveiro para os filhotes de peixe, até
que na próxima cheia eles possam retornar para o rio. Infelizmente, devido à alta
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fertilidade do solo ao entorno das lagoas marginais, e à oferta de água no local,
muitos produtores rurais estão utilizando desses terrenos para a prática da
agricultura e pecuária, causando prejuízos irreversíveis para os ambientes dessas
lagoas. Os custos ambientais causados pela diminuição da quantidade e da
biodiversidade dos peixes na região fazem-se sentir diretamente no ramo
pesqueiro, tanto em sua atividade comercial quanto na alimentação das
populações ribeirinhas.
Figura 19 - Lagoas Marginais na Bacia do ParacatuFonte: (Consórcio Magna / Dam / Eyser, 1996)
Além dos custos ambientais da agricultura moderna relativos aos valores
econômicos diretos da perda da biodiversidade, que se inserem no mercado de
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bens privados, também existe a interferência em valores econômicos indiretos.
Estes últimos se referem a processos e a serviços ambientais que afetam os bens
públicos, ou seja, recursos de propriedade comum (Primack, 2001). Assim como
os valores diretos de consumo, os valores indiretos não aparecem em estatísticas
nacionais, como o cálculo do Produto Interno Bruto. Porém, quando esses
benefícios que o meio ambiente nos presta são degradados pela ação humana, o
que antes se recebia como um presente, e do qual normalmente ninguém se dava
conta, começa a fazer muita falta. Além disso, os custos indiretos sãoacumulativos, pois a falha em um serviço ambiental desequilibra a dinâmica do
ecossistema, gerando mais prejuízo nos demais serviços ambientais dependentes.
Na agricultura, basta ver os problemas relacionados à perda de fertilidade do
solo, escassez e poluição das águas, e demais assuntos que serão tratados nos
próximos tópicos deste trabalho. Dentre as conseqüências do desmatamento, que
se fazem sentir sobre os serviços ambientais, há o aumento da erosão, perda da
regularidade de vazão dos rios, maior quantidade de CO2 na atmosfera,
diminuição de espaços de turismo e lazer efetivos e potenciais, e outros mais.Os valores econômicos indiretos, por se tratarem de serviços ambientais,
possuem uma característica de não serem consumidos pelo uso (Primack, 2001).
Esse é o caso da polinização das plantas pelas abelhas, borboletas e demais
insetos, que se mostram cruciais para manter a dinâmica da flora dos
ecossistemas, e também para tipos de cultivo comercial, como maracujá, figo,
abacate e outros. Contudo, o plantio de vastas extensões de monocultura, e o uso
de herbicidas por sobre as espécies nativas que são consideradas como ervas
daninhas, reduzem a população dos insetos polinizadores. Estudos com trigotransgênico mostram uma redução de um terço da população de abelhas e dois
terços da população de borboletas na área cultivada (Andow, 2003). As espécies
transgênicas em atual uso comercial têm a propriedade de resistir a certos
herbicidas muito fortes, que matam todas as outras plantas daninhas, as quais
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seriam a fonte de alimento dos insetos polinizadores. Já se tornou prática
comum, no cultivo da soja em território nacional, o plantio direto (que por si é
uma prática boa, pois conserva mais os solos, prevenindo da erosão e perda de
fertilidade) acompanhado do uso de herbicidas por sobre o solo, matando todos
os vegetais antes de iniciar a etapa de semeadura do cultivar (Consórcio Museu
Emilio Goeldi, 1999). O custo ambiental da diminuição da população de
polinizadores poderia ser estimado “através do cálculo sobre o quanto a
plantação tem o seu valor aumentado através dessa ação ou sobre quanto oagricultor teria que pagar se tivesse que alugar colméias de algum apicultor”
(Primack, 2001).
Muitas espécies e ecossistemas também adquirem o que se chama de
Valor de Existência, definido como o valor advindo do não uso dos recursos
naturais. Exemplos especiais disso são algumas situações em que a população,
ou mais especificamente o governo, opta por preservar uma região de grande
valor ecológico ou histórico-cultural. O valor de existência talvez possa ser
medido pelo montante que as pessoas ao redor do mundo estão dispostas a pagarpara que essa espécie continue existindo (Primack, 2001), ou mesmo no custo
das horas de seu dia que estão dispostas a empregar para lutar pela preservação
dessas espécies. Esse é o caso de espécies como os pandas, focas, tigres
siberianos, leões, micos-leões-dourados, e outros, que causam empatia nas
pessoas e por isso costumam ser chamados de fauna carismática, ou de espécies
bandeira. Essas espécies são importantes para levantar recursos financeiros para
campanhas ambientais destinadas a preservar os seus respectivos ecossistemas
nativos, o que faz com que ajude a preservar também os processos ecológicos eas outras espécies menos carismáticas que também estão no ambiente em
questão. Tal cálculo de valor de existência também pode ser dado a
comunidades biológicas (como recifes e florestas) e a áreas de grande beleza
natural.
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Tabela 3 - Algumas Espécies Bandeira Ameaçadas e de Importância Ecológicana Bacia do Rio Paracatu
Extraído de (Consórcio Magna / Dam / Eyser, 1996)
Grupo Taxonômico/Nome Vulgar HabitatRépteis
• Caiman latirostris - jacaré do papo amarelo lagoas marginais e veredas.Aves
• Anodorhynchus hyacinthinus - arara azul Cerrado, áreas campestres, veredasMamíferos
• Myrmecophaga tridactyla - tamanduá bandeira Campos, cerrados, matas
• Chrysocyon brachiurus - lobo guará Campos, cerrados, matas
• Panthera onca - onça pintada Matas ciliares
Muitas espécies de seres vivos que sejam sensíveis a modificações
ambientais também possuem valor por poderem ser utilizadas como indicadores
ambientais. Por exemplo, espécies que são particularmente vulneráveis a alguma
toxina presente em um agrotóxico podem servir como um sistema de alerta para
sabermos quando essa toxina ultrapassou os valores aceitáveis de concentração.Para o cálculo do valor de um indicador ambiental, basta tomar em comparação
os caros instrumentos de medições ambientais que precisariam ser utilizados em
seu lugar, para chegar às mesmas conclusões.
Outro valor de existência da biodiversidade é o seu valor educacional e
científico, por contribuir, através de pesquisas universitárias e estudos escolares,
a aumentar o conhecimento humano, melhorar a educação e, enfim, de
enriquecer a experiência humana. (Primack, 2001), compara a biodiversidade a
um manual sobre como manter a Terra funcionando eficazmente; e a extinção de
uma espécie seria como o ato de rasgar uma das páginas desse manual. Assim,
se um dia precisássemos das informações contida nessa página, para salvar
outras espécies ou nos salvarmos, só então reconheceremos o quanto essa perda
foi irreparável.
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3.4.2 Perda da Fertilidade dos Solos e Erosão
Os estudos de pedologia realizados para a Bacia do Paracatu (Consórcio
Magna / Dam / Eyser, 1996), apontam que os solos, em geral, já possuem
deficiência de fertilidade natural, e para se prestarem para a agricultura
tecnificada, necessitam da aplicação de métodos de correção da acidez do solo e
de adição de micro e macro nutrientes. A perda de fertilidade do solo, decorrente
do uso intensivo para a agricultura, trás como conseqüência o aumento doscustos para comprar aditivos agrícolas necessários para repor os nutrientes
utilizados. Nota-se que, ao contrário dos ecossistemas naturais, nos quais os
nutrientes das frutas e sementes retornam ao solo após passar pela cadeia
alimentar, na agricultura esses nutrientes serão exportados para fora do ciclo da
planta, transportandos para as cidades ou para outros sistemas de produção.
Portanto, há uma perda regular de nutrientes, que não irão retornar, e precisam
ser repostos artificialmente para manter uma fertilidade dos solos. Abaixo,
seguem-se os gastos que incluem os gastos com correção de solo, fertilizantes,insumos agrícolas e demais técnicas de preparo do solo, calculadas para a
agricultura no bioma cerrado.
Tabela 4 - Custos de produção em preparo do Solo e Tratos Culturais
Cultura/Custospor ha
Preparo doSolo (emUS$)
TratosCulturais (emUS$)
Porcentagem no custototal de produção (em%)
Soja 48.11 15.55 18.27Milho 65,51 51,91 27.37Arroz deSequeiro
79,62 32,95 25,15
Fonte: [Cunha, 1994]
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A fertilidade do solo agrícola depende dos nutrientes da camada
superficial dos solos. As plantas dos cultivos agrícolas não estão tão adaptadas
às condições ambientais do cerrado quanto as plantas nativas; soma-se isso à
interferência dos diversos insumos agrícolas que infiltram no solo. Dentro do
solo, a descaracterização das condições naturais pela agricultura acarreta a perda
de biodiversidade de fungos, bactérias e pequenos vermes que vivem aí. Com
isso, diminui-se a fertilidade original do solo, já que esses organismos intra-
terrestres decompõem a matéria orgânica em nutrientes minerais, como porexemplo o nitrogênio. O desequilíbrio causado na cadeia alimentar subterrânea
também pode levar ao alastramento de pragas como fungos e vermes danosos às
lavouras. Nesses moldes, a fertilidade e o impacto sobre o ecossistema do sub-
solo estão associados.
Tecnicamente, a erosão pode ser definida como o efeito conjunto de
todos os processos de degradação do solo, incluindo os fatores físico-mecânicos
(desgaste e fragmentação pela ação dos ventos, da água e da temperatura) e os
fatores químicos (oxidação, redução, hidratação, hidrólises, etc.), levando aotransporte das partículas do solo e de seus nutrientes agregados. A erosão,
enquanto processo, deve ser evidenciada pela massa de material erodido bem
como pelos vetores de indução. Destaca-se que ela é maior nas regiões
declinosas (i.e., mais inclinadas), em solos arenosos e nos terrenos desprotegidos
aos agentes erosivos. A erosão se caracteriza como laminar (quando retira uma
camada uniforme da superfície), em sulcos (como os caminhos de enxurradas) e
em grotas, barrocas e voçorocas (que são estágios mais avançados). (Schultz,
1983).Na agricultura, pelo manejo inadequado e a conseqüente exposição do
solo sem defesa à chuva e vento, esse processo aumenta de maneira
insustentável. Quando a vegetação nativa é retirada e em seu lugar estabelece-se
uma área de agricultura, há um aumento da exposição do solo, que em muitas
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faixas da cultura se mostram totalmente desprotegidos da ação da chuva, dos
ventos e dois raios solares. Sem a folhagem das plantas e sem a camada de
folhas mortas por sobre o solo, a água das chuvas impacta diretamente por sobre
o solo nu, desfragmentando-o e levando partículas deste pela enxurrada.
Calcula-se que a natureza necessita de, em média, 300 anos para formar 1 cm de
solo superficial fértil, sendo que uma única grande chuva pode carregar todo
esse centímetro (Schultz, 1983).
A erosão está vinculada à questão dos recursos hídricos, pois além daperda de fertilidade do solo, as partículas carregadas pelo vento e água acarretam
o assoreamento dos corpos d’água, os quais diminuem sua profundidade,
aumentando também, com isso, o impacto das enchentes.
Figura 20 - Solo exposto, na Fazenda Colorado, Município de João Pinheiro, Noroeste de MG -Fonte: http://www.agrirural.com.br/ , disponível em 28/05/2005
As partículas de solo e de insumos agrícolas, que são levadas pelaágua das chuvas, podem prejudicar animais de água doce, organismos de
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recife e a vida marítima dos estuários costeiros (Primack, 2001). Já seobserva que as lagoas marginais da Bacia do Paracatu, as quais foramabordadas no tópico “3.1 - Perda de Biodiversidade”, apresentam umcomprometimento de seus ecossistemas, devido ao assoreamento causadopelo uso intensivo de suas margens para lavoura e pastagens (ConsórcioMagna / Dam / Eyser, 1996).
Especificamente no tocante ao uso dos fertilizantes e agrotóxicos, umdado alarmante foi recentemente levantado: segundo o Ministério do MeioAmbiente, em 1991 o Brasil era o quinto país do mundo em consumo deinseticidas, herbicidas e fungicidas, tendo o consumo crescido em 276,2%
entre 1964 e 1991. Quanto aos fertilizantes, em 1994 foram consumidas 10,5milhões de toneladas, sendo que 43% do nitrogênio, 41% do fósforo e quase100% de sais utilizados na fertilização do solo são escoados para o leito dosrios, o que caracteriza desperdício e acréscimo desses elementos emambientes para os quais não foram destinados, gerando desequilíbrioambiental.
Figura 21 - Rio Assoreado em Unaí-MGFonte: http://www.unainet.com.br, disponível em 19/08/2008
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Em relação à erosão, o Plano Diretor da Bacia do Paracatu (Consórcio
Magna / Dam / Eyser, 1996) estima que apenas 6.67% da bacia não possui
potencial de desenvolver erosão. 26,68% possuem riscos de erosão ligeira, mas
que poderiam apresentar problemas em casos de usos intensivo agrícola sem os
métodos adequados. 32,18% dos solos apresentam riscos moderados de erosão e,
portanto, a agricultura moderna só é viável em longo prazo caso utilizem-se de
técnicas de conservação de solo como terraçeamento e curvas de nível. E
32,47% dos solos são inviáveis para agricultura devido à potencialidade erosivamuito alta, normalmente devido à declividade acentuada. Os resultados atingidos
pela aplicação da Equação Universal de Perdas de Solos também chegam a
resultados semelhantes aos apresentados acima.
Estima-se que o arraste de partículas do solo no cerrado, calculado em
toneladas/ha/ano, é de (Dedeck et al., 1986, in Cunha, 1994):
• Cultivo convencional de milho: 29,4 toneladas
• Cultivo convencional de soja: 8,1 toneladas
• Cultivo de soja em plantio direto: 5,4 toneladas (1/3 a menos
que o convencional)
• Cultivo de arroz: 7,1 toneladas
• Pastagem de Brachiaria decumbens: 0,15 toneladas
• Solo nu, exposto: 52,6 toneladas (correspondendo a uma perda
média de 0,5 cm de sua camada superficial. Nota-se que a
reconstituição natural do solo demora séculos para formar uma
lâmina de apenas 1cm de espessura).
Existem métodos agrícolas já consagrados na atenuação da erosão, como
o plantio em terraços e curvas de nível, construção de escoadouros para
redirecionar a água proveniente da chuva, plantio direto (sem arar o solo),
controle de voçorocas através de obstáculos à enxurrada (como pedras, etc.),
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plantio de arvores enfileiradas como barreiras quebra-vento, e outras mais.
Nota-se que essas práticas também possuem diversos outros efeitos benéficos
sobre a produtividade agrícola e sobre o meio-ambiente. Porém, a
implementação e manutenção de tais medidas de conservação de solos implicam
custos extras para o produtor rural.
Outro impacto da degradação do solo que afeta os recursos hídricos é a
compactação dos solos, aliado ao fato de já haverem menos obstáculos para
dificultar o escoamento da água diretamente para os cursos d’água do que emum ecossistema natural, o que faz com que diminua a infiltração de água para as
reservas hídricas dos aqüíferos. A compactação do solo irá depender muito das
técnicas adequadas de manejo agrícola, e sua interferência sobre a estrutura do
solo. Em Pedologia, estrutura pode ser definido como o arranjo entre os grãos
primários do esqueleto (argila, silte e areia), o plasma inter-granular e os espaços
porosos, implicando forma, tamanho e disposição de unidades agregadas
maiores – os peds (Resende et al., 2002, p. 53 e 264; Ferreira & Dias Junior,
2002, p. 31-32).Essa estrutura será grande responsável pela porosidade e permeabilidade
do solo (Ferreira e Dias Junior, 2002, p. 31). Contudo, os métodos agrícolas que
reviram o solo, como a aração, causam impacto evidente sobre as propriedades
físicas estruturais. O impacto sobre a estrutura é ainda maior quando o solo está
em situações de umidade elevada (após chuva, irrigação, ou em terrenos
hidromórficos) ou mesmo em situações de seca acentuada (Ferreira e Dias
Junior, 2002, p. 31-33, 49-72). Ademais, a compactação da camada superficial
do solo também é causada pela força das gotas de chuva impactantes no solodesprotegido. Portanto, o manejo do solo dentro de sua zona de friabilidade,
utilizando de métodos menos agressivos à estrutura (como plantio direto), e
evitando a exposição do solo nu no período chuvoso, podem reduzir bastante a
compactação.
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3.4.3- Escassez Hídrica
O modelo comercial padrão de agricultura envolve o desmatamento de
extensas áreas, aliado a técnicas incorretas de manejo de solo, além de consumir
uma quantidade de água incompatível com a manutenção ecológica da bacia
hidrográfica, devido ao uso generalizado de irrigação por pivôs de aspersão. A
isso se soma que a exportação dos produtos agrícolas leva dentro do alimentouma grande parcela do recurso hídrico que retornaria à bacia em um processo
ecológico natural.
Os estudos hidrológicos feitos para a Bacia do Paracatu (Consórcio
Magna / Dam / Eyser, 1996), que recobre a maior parte do Noroeste de Minas,
demonstram que tanto a pluviosidade quanto a vazão dos rios diminui bastante
durante o período de inverno. O período de baixa pluviosidade atinge os níveis
críticos durante o período dos meses de Junho, Julho e Agosto. Nesse período, a
vazão dos rios começa a decrescer e atinge os níveis mais baixos durante o mêsde setembro, chegando a um patamar de 30% ou até 20% da vazão média anual.
Abaixo segue um gráfico com a variação de vazão em um dos rios da região:
-1
1
3
5
7
9
V
a z ã o e m m
3 / s
Figura 22 - Bacia do Rio Paracatu - Hidrograma de Descargas Médias Mensais - Período 1939/40a 1988/89 - Rio da Prata em Porto Diamante - Área de Drenagem = 1.625 km2 - (Consórcio Magna
/ Dam / Eyser, 1996)
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Nesses mesmos estudos hidrológicos, concluiu-se que a região é afetada
de maneira irregular pelos processos dinâmicos da atmosfera, o que deixa a
região sujeita períodos de estiagem prolongada.
Os estudos do balanço hídrico do solo também apontam o inverno como
o período de maior deficiência hídrica. O cálculo do Índice de Aridez de
Martonne para diversas regiões da Bacia do Paracatu também evidenciam que
no período de maio a setembro há a necessidade de utilização de irrigação, sob o
risco de comprometer as safras agrícolas. Portanto, a tendência é que justamente
nesse período em que se chove menos e que há menos água nos rios, os
agricultores necessitarão mais de utilizar técnicas de irrigação para suas culturas,
devido à pouca quantidade de água presente no solo. Além disso, o período
crítico em que ocorrem os conflitos pelo uso de recursos hídricos também vai
convergir com o período de elevação dos preços nas safras agrícolas
predominantes na região que utilizem de irrigação, em especial a soja e o feijão
(a agricultura de feijão da região Noroeste de Minas, maior produtora do Estado,
utiliza a irrigação como método predominante) (Guimarães et al, 2004).
A localização dessas zonas de conflito dá-se essencialmente nos locais
dos projetos de irrigação financiados pelo governo, os quais concentram a
atividade agrícola em áreas específicas e que consomem praticamente toda a
água disponível, devido aos erros de planejamento no momento de concepção
desses projetos. Pode-se citar os casos do Noroeste da Bacia do Paracatu, como
de Entre-Ribeiros e Alto Rio Preto, onde já houve conflitos graves envolvendo
irrigantes, e nos quais foi necessária a interferência dos poderes públicos (Cetec,
2006). Sabe-se que as atividades de irrigação correspondem a mais de 95% da
demanda de água da bacia do Paracatu (Consórcio Magna / Dam / Eyser, 1996),
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o que demonstra a premência dos problemas relacionados à agricultura moderna
na região, frente aos outros casos de utilização dos recursos hídricos.
Nessas ocasiões em que os agricultores disputam a água entre si, pode-
se perceber um custo produtivo ocasionado pela escassez de recursos hídricos.
Afinal, por não haver água para todos produzirem, alguns vão ter que deixar de
utilizar do privilegio produtivo da irrigação, ao menos na escala em que
precisariam. Nesses momentos, se torna evidente que um planejamento mais
adequado da utilização dos recursos hídricos, aliado ao uso das técnicas maisadequadas de irrigação, poderia suprir esse bem escasso para um maior número
de agricultores. Além disso, é importante que a distribuição do uso da água se
faça de maneira planejada, para que os agricultores não se frustrem em suas
previsões de safra. Sem contar os prejuízos ambientais drásticos causados pela
redução da vazão dos rios, pois o volume de água é necessário para a
manutenção dos ecossistemas da região. A importância da irrigação para os
sistemas agrícolas pode ser comprovada na Figura 23 e na Tabela 6:
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Figura 23 - Gráfico do Incremento de Produtividade através do Sistema de Irrigação por Pivô
Central. Notar o aumento de produtividade de 492% para a produção de Feijão, um dos principais
cultivares utilizados na agricultura empresarial do Noroeste de MG. Fonte: [Neto, 2000]
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Tabela 5 - Incremento de Produtividade através do Sistema de Irrigação
por pivô
INCREMENTO DE PRODUTIVIDADE POR MEIO DO SISTEMA DE IRRIGAÇÃO POR PIVÔ CENTRAL (KG/HA)
CULTURA NÃOIRRIGADO IRRIGADO INCREMENTO
Algodão 848 2700 218%
Arroz 1739 3750 115%
Feijão 388 2300 492%
Milho 1985 5500 177%
Soja 1844 3000 62%
Trigo 1668 3400 104%
Tomate 25000 60000 140%
Fonte: (Neto, 2000)
O método mais utilizado na irrigação é o de pivôs de aspersão, os quais
possuem as vantagens de necessitar de baixa mão-de-obra para a operação do
equipamento, além de ser a técnica mais adaptada ao cultivo extensivo de grãos,
que é a vocação agrícola da região. Também ressalta-se que há uma estratégia
comercial mais agressiva por parte dos fabricantes desse tipo de equipamento
dentro do meio rural, aliado a facilidades de créditos e escolha preponderantedessa técnica dentro dos projetos agrícolas com incentivo governamental
(Consórcio Magna / Dam / Eyser, 1996).
Todavia, a irrigação por pivos é uma técnica que implica em um uso
intensivo de água, e em que grande quantidade dela se perde por evaporação,
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não sendo utilizada pelas plantas e nem retornando para o rio. Por isso, nas
regiões onde há conflitos pelo uso de recursos hídricos para irrigação,
recomenda-se que, na medida do possível, se substitua o cultivo de grãos por
outras culturas, como fruticultura e olericultura, que aceitam técnicas mais
eficientes de irrigação, como irrigação por gotejamento ou micro-aspersão.
Porém, uma transformação dessa demanda um esforço apreciável, visto que
requer uma troca da configuração produtiva (que já inclui equipamentos
específicos, vias de comercialização, técnicas e tradições locais). O valor departe do maquinário agrícola pode ser conferido nas Tabelas 6 e 7.
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Tabela 6 - Mão-de-obra necessária e outros custos de capital dos váriosmétodos de irrigação
SISTEMA Mão-de-
obra (hora/ha)
Custos capital**
(US$/ha) ***
Superfície
Inundação temporária (border) 0,5 - 2,5 300 - 1000
Sulcos 1,0 - 3,0 400 - 1235
Corrugação 1,0 - 3,0 250 - 500
Inundação contínua (Bacias em nível) 0,2 - 1,2 500 - 1250
Aspersão
Fixa Permanente 0,1 - 0,2 1000 - 3000
De deslocação periódica
Manual 1,2 - 2,7 250 - 750
Rebocado 0,5 - 1,2 450 - 860
de "rolagem" 0,5 - 1,7 450 - 860
Móvel
Aspersor móvel 0,5 - 1,7 500 - 1000
Pivô central 0,1 - 0,4 500 - 1000 ****
Deslocamento linear 0,1 - 0,4 750 - 1250
Localizada Gotejamento 0,4 620 - 2500
Subsuperfície 0,4 620 - 2500
Microaspersão 0,4 620 - 2500
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*Modificação feita a partir de Turner e Anderson (1980) e Lord e outros (1981). ** Cuidado nainterpretação: esses dados foram coletados nos Estados Unidos. (Nota do tradutor). *** Excluídoo custo de fornecimento de água, bomba e unidade de força. ****Nos Estados Unidos a maioriadas irrigações por pivô central utilizam-se de poços subterrâneos. Assim, não existe adutora. (Notado tradutor).Fonte: Irrigation Systems for Applications- The Council for Agricultural Science and Technology- Conselho para Ciência e Tecnologia na Agricultura - Iowa - U.S.A. Publicado na AgribusinessWordwide, v.11, n. 6, p. 20-30, 1.989. Tradução: Fernado Braz Tangerino Hernandez, 1.996,Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira - UNESP. In [NETO,2000].
Tabela 7 - Custo de Maquinário Agrícola (estimativa)Maquinário Agrícola Preço de Venda (usado,
em R$)Colheitadeira 120.000Trator 65.000Plantadeira 52.000Carreta de Transporte 45.000Semeadoura/Adubadora 30.000Classificadora de Feijão 9.800Grade Aradora 6.000Pulverizador 5.000
Fonte: http://www.agrolink.com.br/agromaquinas/, de 05/08/2005 a 28/08/2008
Fotografias de pivôs de irrigação no Noroeste de Minas:
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Figuras 24 e 25 - Unaí e Região - Pivô Linear de Aspersão (à esquerda) e Pivô Centralde Aspersão (à direita). Fonte: http://www.matogrossorep.com.br/unai.htm, disponível em
28/08/2008
Figura 26 - Fazenda a 12 km de Unaí - Área irrigada de 83ha, com 02 pivots centrais, de53 ha e de 30 ha - Fonte: http://www.unaionline.com.br/faz600ha1.htm , disponível em
19/05/2005
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Figura 27 - Fazenda a 12 km de Unaí - Pivô Linear de IrrigaçãoFonte: http://www.unaionline.com.br/faz600ha1.htm , disponível em 19/05/2005
Figura 28 - 2 áreas de irrigação por pivô central, na Fazenda Chapadão, município deParacatu,
Noroeste de MG. Fonte: http://www.agrirural.com.br/ , disponível em 19/05/2005
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Figura 29 - O maior Pivot Linear do mundo (600ha), município de João Pinheiro, Noroeste deMinas Gerais.
Foto: http://www.matogrossorep.com.br/unai.htm, disponível em 28/08/2008Informação: http://www.agrirural.com.br/ , disponível em 19/05/2005
Uma solução estrutural para a demanda de água agrícola é a instalaçãode barragens para regularização e vazão, garantindo uma quantidade de água
para a época seca; todavia, essas barragens, além do custo de construção,
acarretam impactos ambientais recorrentes, como inundação de áreas de
vegetação nativa, e formação de barreiras ao deslocamento de peixes, muitas
vezes impedindo a sua reprodução. Além disso, as barragens do Noroeste de
Minas usualmente localizam-se em áreas de vereda, ecossistema frágil e, por
isso, protegido pela legislação ambiental.
Outra característica ambiental importante, apontada pelos cálculos dehidrogeologia, é que a infiltração subterrânea faz papel importante na
manutenção das vazões dos rios (devido ao fato de que há um percentual médio
de infiltração da ordem de 59,5% do total precipitado pelas chuvas). Com o
desmatamento da vegetação pelo avanço da frente agrícola, já que “de uma
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50
maneira geral, em toda a bacia (...) as áreas irrigadas ocupam zonas de recarga
de aqüíferos” (Consórcio Magna / Dam / Eyser, 1996).
As zonas de recargas podem ser definidas como as regiões mais
importantes para a infiltração das águas. O desmate das zonas de recarga e das
áreas de entorno de nascentes e corpos d’água causa um inevitável desequilíbrio
hidro-geológico, diminuindo a infiltração subterrânea e conseqüentemente
diminuindo ainda mais a vazão dos rios no período crítico de inverno. Também
as áreas de silvicultura (em geral cultivo de monocultura de eucalipto)costumam sobrepor-se às áreas de veredas e nascentes (Consórcio Magna / Dam
/ Eyser, 1996), o que contribui para o incremento do problema.
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Figura 30 - Áreas de Zona de Recarga da Bacia do Paracatu - Fonte:(Cetec, 2006).
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Figura 31 – Áreas de Zona de Recarga na Su-Bacia de Entre-Ribeiros (Cetec, 2006). A Zona de Recarga localizada na regiãbacia encontra-se quase totalmente desmatada (comparar com a figura 12). Isso com certeza tem provocado desequilíbrios nsub-bacia.
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3.4.4- Contaminação por Agrotóxicos e Aditivos Químicos
O uso de agrotóxicos, a primeira vista, costuma ser a grande salvação do
agricultor, contra a iminência de pragas que podem acabar com a sua safra. Da
mesma maneira, os aditivos químicos garantem uma maior produtividade por
hectare, o que, no altamente competitivo mercado de produtos agrícolas, torna
muitas vezes proibitivo o cultivo que não utiliza tais insumos. Contudo, é
preciso analisar com maior profundidade a relação entre a agricultura moderna e
a utilização de insumos químicos.
A utilização de extensas áreas de agricultura no sistema de monoculturas
favorece em muito o alastramento de pragas, tanto pelo excesso de alimento a
esses espécimes indesejáveis, quanto pela facilidade de se deslocar pelo vento ao
longo das grandes territórios dos quais foram retiradas as árvores, as quais
serviam de barreira natural contra as correntes de ar. Muitas vezes, as pragas
eram espécies nativas de uma região, mas com o desmatamento ficaram sem
predadores naturais e encontraram ambiente propício em meio às plantações.
Outras vezes, são espécies exóticas que vão percorrendo o mundo sem barreira
alguma, já que nos outros lugares não há os predadores naturais de sua região
nativa.
Para se defender das pragas, os agricultores recorrem aos defensivos
agrícolas. O maior problema é que esses defensivos costumam ser tóxicos não
apenas para as pragas, mas também para os outros seres vivos, incluindo o ser
humano. Os resíduos dos defensivos agrícolas vão causar danos à comunidade
de organismos que existe por sobre o solo, e pela infiltração até o lençol freático,
também vão contaminar os corpos d`água superficiais e subterrâneos. Isso
quando não é o caso de aplicar os produtos químicos diretamente por sobre os
lagos e lagoas, para matar as larvas de insetos que prejudicam as plantações.
Sabe-se que o efeito dos produtos químicos é acumulativo em cada
organismo, e ao longo do tempo vai percorrendo os degraus da cadeia alimentar,
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em um processo chamado biomagnificação (Primack, 2001). Na
biomagnificação, o predador se contamina ao absorver a concentração de
poluentes que havia em sua presa e, então, por predar vários seres vivos
contaminados ao longo da vida, acaba sendo mais prejudicado pelos agrotóxicos
do que os seres vivos dos níveis inferiores da cadeia. Aliás, no topo dessa cadeia
muitas vezes estão os seres humanos, inclusive ao comer alimentos agrícolas
com resíduos de agrotóxicos. Como esse é um processo que pode demorar vários
anos para mostrar seus danos, e cujos efeitos ainda são em grande partedesconhecidos, se torna bastante difícil estimar exatamente qual é o custo
econômico-ambiental, embora se saiba que parte desse custo será arcado na área
de saúde pública e privada. São comuns os casos em que trabalhadores rurais,
por não tomarem as medidas de segurança no momento de aplicação de
herbicidas, desenvolvem doenças crônicas que levam inclusive a morte, e que
ocasionam custos na área de saúde e por perda de mão de obra produtiva.
E com o passar do tempo, as pragas vão ganhando resistência aos
pesticidas, devido ao processo de seleção natural. Para contornar a situação, osagricultores precisam aumentar a dose dos pesticidas, ou trocar por um novo
agrotóxico, que muitas vezes é bem mais potente; ambas as situações causam
aumento nos preços de produção. Além disso, esse encaminhamento aumenta
cada vez mais o processo de contaminação descrito no parágrafo anterior, e
também os conseqüentes custos ambientais dessa contaminação. O único fator
que atua no processo de minoração desse custo ambiental é a pesquisa de
pesticidas de atuação mais específica, que combatam determinada praga com
menos prejuízo para outras espécies (por exemplo, interferindo em determinadasenzimas do processo de reprodução dessa espécie).
No tocante a outros aditivos agrícolas, mesmo os fertilizantes, que a
princípio seriam benéficos por aumentar a produtividade do solo, também
causam determinados custos ambientais, em especial quando esses fertilizantes
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escoam para os corpos d’água. Quando as atividades humanas liberam mais
nutrientes nas comunidades biológicas aquáticas do que elas agüentam, ocorre
um processo chamado de eutrofização cultural (Primack, 2001), em que o
crescimento de algas e bactérias acaba esgotando com o oxigênio disponível no
ecossistema. A eutrofização comumente acaba por matar a maior parte da vida
animal e vegetal presente no corpo d’água. No Noroeste de Minas, tais situações
se agravam com o fato de o solo só permitir a agricultura moderna mediante a
aplicação intensiva de fertilizantes e corretivos de acidez (Consórcio Magna / Dam / Eyser, 1996). A situação é ainda mais grave no caso das lagoas marginais,
já referidas no tópico “3.4.1. Perda de Biodiversidade”, das quais muitas foram
ocupadas no entorno para atividades de agricultura, e que acabam sorvendo para
si parte desses insumos agrícolas.
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Figuras 32 e 33 - Uso do avião agrícola e do trator para aplicação de agrotóxicos e fertilizantes emUnaí-MG - Fonte: http://www.unainet.com.br, disponível em 28/08/2008
3.4.5 Impactos Climáticos
Os ecossistemas naturais são importantes na moderação do clima local,
regional, e mundial (Nobre et al. 1991; Clarck, 1992, in Primack, 2001).
Localmente, as árvores transpiram água, fornecem sombra e refletem luz solar
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de volta para a atmosfera, impedindo que ela seja absorvida pelo solo e por
rochas; esses três serviços ambientais podem ser percebidos sensivelmente ao
passarmos de uma área urbana para um parque adjacente. Essas variações micro-
climáticas localizadas são fatores ambientais determinantes de uma melhor ou
pior adaptação de certas culturas.
As árvores também são importantes como barreiras de vento. O corte
das árvores para a substituição por extensas áreas de monocultura faz aumentar a
velocidade dos ventos. Isso causa prejuízos à lavoura, pelo aumento da erosãoeólica, e principalmente por propiciar o alastramento de pragas (sejam insetos,
fungos, bactérias ou semente de plantas invasoras). Como se trata de um impacto
extra-propriedade rural, esse é um caso típico em que impactos localizados
contribuem para um impacto econômico-ambiental de escalas até continentais.
Regionalmente, a transpiração das plantas faz retornar a água para a
atmosfera, o que, auxiliado à sua característica de quebra-vento, contribui para
aumentar a umidade local A umidade é constituinte do micro-clima e também
(como a temperatura local), é determinante para uma melhor adaptação deespécies agrícolas sensíveis. Regionalmente, a transpiração da vegetação
contribui relativamente para o aumento da precipitação fluvial. Com o aumento
do desmatamento em diversas áreas do mundo, diminui a quantidade de água
que retorna para a atmosfera, o que pode diminuir a média anual de chuvas
(Fearnside, 1990, in Primack, 2001) – em especial nas áreas mais afastadas dos
mares, como é o caso do Noroeste de Minas. O desmatamento também altera a
dinâmica dos ventos (pois há mudanças nas áreas de alta e baixa pressão
atmosférica), podendo criar extensos desertos onde antes havia umapluviosidade constante.
Com a diminuição das áreas de florestas e demais ecossistemas, perde-
se parte do serviço ambiental da fotossíntese. Isso aumenta a quantidade de gás
carbônico na atmosfera, o que leva ao aquecimento global através do efeito
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estufa, além de, em casos graves, causar problemas respiratórios nos seres
humanos e outros animais. Uma importante mobilização mundial sobre os
aspectos econômicos das mudanças climáticas globais é o Protocolo de Quito, o
qual inclui mecanismos econômicos para a valoração e incentivo de projetos
ambientalmente sustentáveis. A fotossíntese também é importante por fornecer
oxigênio, do qual grande parte dos seres vivos depende para respiração.
3.4.6. - Êxodo Rural
A partir das décadas de 80 e 90, houve um progressivo povoamento da
região Noroeste de Minas, devido aos projetos governamentais de ocupação,
como o Planoroeste I e II. Muitos agricultores de outras regiões de Minas
Gerais, do Sul e do Sudeste do Brasil vieram estabelecer-se na região, gerando
um vetor populacional. Ao mesmo tempo, atuou na região o fator geral de
atração urbana em relação ao meio rural, como é a tendência nacional. Com
efeito, também observa-se que, inicialmente, ocorreu “o crescimento
significativo do trabalho assalariado no campo, com predominância do
temporário, contribuindo para o desenvolvimento e consolidação dos centros
urbanos regionais como pólos de apoio às zonas rurais” (Consórcio Magna /
Dam / Eyser, 1996).
Porém, com as transformações pelas quais tem passado o processo
produtivo da agricultura moderna, a fator de atração populacional reverteu-se. A
situação dos preços no mercado agrícola tornou inviável a produção agrícola que
não se encaixe no molde comercialmente competitivo. A sobrevivência do
produtor rural passa a depender de sua situação tecnológica e na sua capacidade
de inserção no mercado comercial agropecuário (Guimarães et al., 2004). Nessa
nova situação, a margem de lucro por unidade de produto diminui, e apenas
conseguem se manter os produtores rurais de larga escala. Conseqüentemente,
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cresce o número de pequenos produtores que têm de vender suas terras para
desfazer de dívidas agrícolas, e que não têm alternativa a não ser rumar para as
cidades.
Juntamente com o Triângulo, as regiões Noroeste e Alto Paranaíba
destacam-se como as mais eficientes no uso da mão de obra agropecuária.
(Guimarães et al, 2004). Elas não aparecem como grandes geradoras de emprego
no campo, o que revela, mais uma vez, a característica moderna da produção
regional, com alta produtividade da mão de obra ocupada na agropecuária,dando preferência à qualificada como veterinários, engenheiros e agrônomos,
utilizando pouca mão-de-obra de baixa qualificação. A maior parte da população
camponesa da região possui baixa escolaridade e, por não achar trabalho no
campo, desloca-se para as cidades a fim de ocupar qualificações manuais,
trabalhar no setor informal, ou reforçar a massa desempregada (Cunha, 1994).
A mecanização agrícola, em todas as etapas de produção, passa a
expulsar o contingente de ex-empregados rurais, que agora ruma para as cidades
da região e para a cidade de Brasília e suas cidades-satélites, visto que estassempre se destacaram como pólo de atração populacional regional (Consórcio
Magna / Dam / Eyser, 1996). O aporte de impostos arrecadados sobre a
produção das frentes agrícolas, e sobre as empresas mineradoras da região
também tem contribuído para aumentar o crescimento urbano das cidades da
região do Noroeste de Minas, efetuando um contraste entre o estilo de vida
urbano e rural, o que acaba atraindo mais ainda os habitantes do campo a ir para
as cidades.
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.
Figura 34 - Vista da Cidade de Unaí - Noroeste de MinasFonte: http://www.unaivirtual.com.br/ , disponível em 25 de abril de 2005
Como conseqüência da intensificação do êxodo rural, as cidades
recebem um aporte populacional maior do que sua capacidade de suporte. Sem
poder oferecer emprego nem moradia para as constantes levas de imigração,
começam a aumentar os bairros de periferia e as favelas. A superpopulação da
infra-estrutura urbana leva à insuficiência dos serviços públicos como os de
saúde, educação, saneamento básico e coleta de lixo. Por esse motivo é que
políticas de retenção da população no campo podem contribuir para a
diminuição dos custos ambientais nas cidades.
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Figura 35 - Lixo entulhado na entrada de Unaí - direção de BrasíliaFonte: http://www.unainet.com.br/ , disponível em 25 de agosto de 2008
Figura 36 - Catadores sobrevivem no Lixão Municipal de Unaí-MGFonte: http://www.unainet.com.br/ , disponível em 25 de agosto de 2008
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Figura 37 - Violência contra o Patrimônio Público em Unaí-MGFonte: http://www.unainet.com.br/ , disponível em 25 de agosto de 2008
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme demonstrado ao longo desta monografia, a viabilidade
econômica de empreendimentos agrícolas, tais como o enfocado no Noroeste de
Minas Gerais, com certeza é bem mais complexa do que o simples balanço entre
o custo investido e o lucro obtido pelo agricultor. Uma análise detida sobre o
cenário das frentes agrícolas demanda um detalhamento dos impactos desses
empreendimentos no ambiente e na população. Da mesma maneira, umacompreensão sobre esse fenômeno necessita de uma percepção crítica sobre os
olhares dos diversos atores envolvidos.
Para o agricultor empresarial, o agro-negócio se mostra como ótimo
potencial investimento e trabalho, especialmente nos períodos de alta de
determinados produtos no mercado internacional (como ocorre, ou já ocorreu,
com o café, cana-de-açúcar e soja). A crescente demanda por grãos de
alimentação animal, bem como para produção de biodiesel, representa uma
perspectiva de aquecimento do mercado a curto e médio prazos. Não obstante, amaior parte dos impactos econômico-ambientais será arcada pela população,
tanto a presente quanto as gerações futuras, sem ônus direto para o empresário.
Mesmo com as eventuais quedas de margem de lucratividade dos produtos
agrícolas, o grande agricultor consegue com relativa facilidade manter seus
rendimentos através do lobby governamental (subsídios e renegociação de
dívidas) ou mesmo através da ilegal mas difundida sonegação de impostos.
Contudo, o impacto da agricultura na utilização de recursos naturais
pode afetar diretamente a comunidade de agricultores; haja vista os conflitos poruso de recursos hídricos que têm ocorrido na região, e que demandam dos
agricultores esforços urgentes de organização para uma melhor gestão de suas
bacias hidrográficas. Essa necessidade de gestão interna, aliada a uma pressão
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pequena mas crescente da fiscalização dos órgãos ambientais, tem resultado em
uma melhor postura ambiental dos agricultores, mesmo que forçada.
Do ponto de vista da população regional, o desenvolvimento agrícola
possui tanto impactos negativos quanto positivos. Por um lado, a produção
agrícola gera benefícios indiretos na econômica local, direcionando parte do
capital para a movimentação do comércio e de serviços locais, assim como
beneficiando os poderes públicos com o montante recolhido através de impostos.
Como um reflexo positivo, também se nota, no Noroeste de Minas Gerais, que odesenvolvimento social gerado acarretou no aparecimento de uma geração
jovem mais consciente da importância da preservação ambiental, inclusive se
articulando em entidades coletivas em prol desse interesse. Todavia, por outro
viés, a população se torna grande vítima dos impactos ambientais da agricultura
moderna, assim como também das mudanças sociais forçadas a que se vê
obrigada a se adaptar. Esses impactos ambientais não são revertidos em custos
aos agricultores, em parte por serem impactos difusos, em parte por mostrarem
boa parte de seus efeitos apenas a longo prazo - e porventura prejudicando emmaior monta as gerações futuras.
Por último, é preciso encarar o cenário a partir da ótica governamental.
Não é obscuro perceber que, ao longo dos anos, o negócio agrícola tem passado
por momentos alternados de euforia e de grandes quedas, o que, adicionando às
incertezas econômicas à incerteza dos fatores produtivos naturais, costuma levar
grande parte produtores a dívidas colossais. Isso se deve principalmente ao
estreitamento da margem de lucro do agro-negócio, ao longo das últimas
décadas, demandando cultivos de escala cada vez maior para que se mantenha aviabilidade produtiva. Se a viabilidade econômica do negócio agrícola já se
mostra limitada, em análises de médio e longo prazo, pode-se imaginar como se
tornará bem menos viável caso sejam levados em conta os diversos custos
econômicos em decorrência dos impactos ambientais das frentes agrícolas.
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A decisão governamental sobre o investimento na agricultura moderna,
para um melhor embasamento, deve ser fundamentada a partir de uma análise
comparativa para com as demais alternativas demandadas para o
desenvolvimento. Nessa tópica, é fundamental observar como o Brasil, assim
como os demais países de terceiro mundo, vêm ao longo da história se
consolidando como extratores de matéria prima e recursos naturais, com
baixíssimo valor agregado, enquanto a maior lucratividade das atividades
industriais e de serviço é reservada para os países de primeiro mundo. Esse é ocaso da agricultura, na qual o país escolhe por desmatar os seus ecossistemas
naturais, utilizar grande parte de sua água, e gerar produtos de baixo custo
unitário e com lucratividade duvidosa, caso considerem-se os custos arcados
pelos impactos ambientais. Não é difícil perceber como, dentro de uma
estratégia por um desenvolvimento mais seguro e acelerado, as atividades
urbanas e industriais apresentam uma maior possibilidade de geração de riqueza
à nação.
Ainda nessa ótica de escolha de investimentos, é iminente notar que odesenvolvimento calcados em atividades de alto valor agregado (indústria e
serviços), e mesmo a própria agricultura tecnológica, estão intimamente
relacionados à uma demanda por educação profissional e tecnológica da
população. Quanto maior o investimento em educação da população, maior é a
potencialidade de desenvolvimento de cada cidadão, e isto sem contar com os
demais reflexos da educação relacionados à hábitos de vida mais saudáveis,
consciência política e ecológica, exercício da cidadania, em suma uma maior
desenvolvimento do indivíduo como um todo, e em estrita conseqüência, dasociedade onde ele está.
Todavia, o cenário político brasileiro encontra-se bem distante das
possibilidades ideais para um planejamento estratégico visando o melhor bem
possível para sua população. Não se pode deixar de reconhecer a intensa disputa
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de interesses, entre os mais diversos grupos econômicos e sociais, tanto
nacionais quanto internacionais, cenário esse que costuma transformar a
democracia política brasileira mais em um jogo de forças do que em um espaço
de diálogo para o bem comum.
Por fim, o cenário da expansão agrícola tecnológica também necessita
ser analisado por uma ótica global, considerando o planeta Terra como um
sistema interligado, tanto do ponto de vista ambiental quanto do ponto de vista
sócio-político-econômico. A maioria dos países do mundo já não apresenta maisterras disponíveis para serem convertidas para a agricultura. O Brasil apresenta
as principais áreas com possibilidade de expansão agrícola, ademais de algumas
outras na Argentina, porquanto a ocupação de terras aptas africanas esbarre em
um cenário sócio-político desfavorável (Pinazza, 2007a, p. 13 a 22; Pinazza,
2007b, p.13 a 19). Obviamente, essa expansão agrícola no Brasil implica um
impacto significativo no que resta dos Biomas de Cerrado e da Floresta
Amazônica.
As transformações nos hábitos alimentares, em todos os países, têmlevado a uma demanda crescente para a agricultura, para alimentação humana e
ração animal. Da mesma forma, o prenúncio do esgotamento progressivo das
reservas de petróleo não tem demonstrado até o momento, muitas alternativas
economicamente viáveis além dos bioenergéticos (Brasil, 2006). Destarte, a
análise dos destinos da agricultura vai muito mais além do que uma política
isolada do governo brasileiro para esse setor: praticamente não se cogita a
alternativa sobre decidir frear ou não a produção de alimentos ou bioenergéticos.
Nessa óptica, a pressão do primeiro mundo para que o Brasil continuesubordinado a exportador de recursos naturais e produtos de baixo valor
agregado, assim como o lobby do já tradicional grupo ruralista, evidenciam a
tendência de que o governo mantenha sua política atual relativa ao agro-
business. O que resta como alternativa é procurar conciliar, da maneira possível,
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o aumento da produção de gêneros agropecuários com a manutenção mínima do
equilíbrio do meio ambiente.
Portanto, coloca-se como prioridade para a política agrícola o aumento
da produção. Contudo, é mandatário que esse aumento dê-se, dentro do possível,
com alternativas de manejo que aumentem a produtividade por hectare, em vez
de forçar a expansão pelas áreas de ecossistemas nativos que ainda restam
(Isherwood, 2000, p. 52 e 53; Brasil, 2006). Um dos caminhos possíveis para
tanto é uma utilização mais racional das áreas já ocupadas (Oliveira, 2007). Agrande porcentagem de terras subutilizadas, degradadas e até abandonadas, em
todo o Brasil, revela que ainda há muito a ser feito para que possamos extrair de
cada região o seu potencial máximo. Sob esse aspecto, o aproveitamento
otimizado das regiões mais adequadas, como os latossolos do Noroeste de Minas
Gerais, pode contribuir para evitar o desmatamento em áreas de grande valor
ecológico, como a Floresta Amazônica.
Quanto aos terrenos de menor aptidão agrícola, como os cambissolos e
neossolos litólicos de alta declividade e de elevado potencial de erosão, é muitomais racional que sejam resguardados como áreas de preservação dos
ecossistemas nativos. Desta forma, essas áreas preservadas de menor potencial
agrícola contribuem com um custo benéfico maior na prestação de serviços
ambientais, tais como preservação genética, produção de água, manejo de
frutíferas nativas e atividades turísticas (Oliveira, 2007, p. 8).
Outra maneira complementar de reduzir a pressão por expansão é o uso
de técnicas agro-pecuárias sustentáveis, que permitam um aumento da
produtividade, conciliado a um melhor manejo dos recursos naturais. São váriosos exemplos já existentes, como o terraceamento, adubação verde, agricultura
orgânica, rotação de culturas, construção de barraginhas, plantio direto, dentre
várias outras técnicas.
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No que diz respeito ao uso da água na agricultura, principal problema
enfrentado pelos agricultores do Noroeste de Minas, pode-se adotar técnicas de
irrigação mais eficientes, além de pesquisar novas variedades de cultivares com
maior produtividade por litro de água consumida. Também é possível
implementar técnicas que contribuam para uma maior infiltração da água no
solo, como a construção de barraginhas de contenção de enxurradas, o
terraceamento e o plantio direto. Além de aumentarem a quantidade de água
disponível nos aqüíferos subterrâneos e lençóis freáticos, o agricultor ainda ébeneficiado por evitar a erosão do solo, haja vista a diminuição que essas
técnicas acarretam no escoamento superficial (Silva, 2002).
Outra condição indispensável para uma relação harmônica entre a
atividade agropecuária e o meio ambiente é o cumprimento das normas
estabelecidas pela legislação ambiental. As áreas estabelecidas como de
preservação permanente possuem função essencial na preservação dos sistemas
hídricos e na prevenção da erosão do solo. A reserva legal, por sua vez, tem
como objetivo preponderante a conservação da biodiversidade e dos recursosnaturais da propriedade rural. Ressaltem-se ainda os atos de Licenciamento
Ambiental, de Outorga de Direito de Uso da Água e de Autorização de
Exploração Florestal, por meio dos quais o poder público pode analisar os
impactos ambientais dos empreendimentos em seu contexto regional e, assim,
procurar gerir de maneira mais sustentável o desenvolvimento territorial.
As alternativas para uma agricultura mais sustentável contribuem para a
redução dos impactos ambientais e econômicos. Todo direcionamento e
investimento voltado para boas práticas agrícolas, gestão ambiental e de recursosnaturais, torna-se um instrumento a mais para minorar os impactos econômico-
ambientais advindos do estabelecimento e expansão da agricultura moderna.
Para viabilizar tais mudanças no sistema produtivo, é essencial que os
produtores rurais tomem consciência dos diversos benefícios que provêm de
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uma convivência mais harmônica com a natureza. Tal consciência se dá ao
compreender os diversos serviços ambientais que os ecossistemas prestam às
atividades produtivas.
A partir da argumentação até aqui exposta, é fácil perceber que há um
amplo espaço para ações em busca do desenvolvimento sustentável na
agropecuária. Para tanto, será necessária atuação de todos. Ao governo, compete
gerir o território e promover a articulação dos setores produtivos e sociais,
estimulando e coordenando ações em prol dos objetivos propostos. À sociedade,cabe uma postura ativa, demandando seu direito a um ambiente saudável, para si
e para as gerações futuras. Enfim, aos produtores rurais se apresenta a
responsabilidade de, em seu setor econômico, atuarem como protagonistas dessa
nova maneira de aliar o desenvolvimento produtivo ao respeito pelo meio
ambiente, através do planejamento territorial e do manejo integrado dos recursos
naturais.
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