This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
CAPA: Parque do Ibirupucra rOTO: Edison Pacheco de Aquino LAY-OUT:
Fernando Frank Cabral
PREFEITUR A DO M UN I Cf p lO DE SA o PAULO
SECRETARIAMUNICIPAL DE CULTURA
DEPA RT AM ENT O DO PATR IMONIO H1ST ORI CO
DIVISA:O DO ARQUIVO IIISTORICO
I
11111111111I11111 1111111 111 111111111111111111
DOS BAIRROS DE S,\O PAULO, PROMO
VIDO PEL:'" DlVISAO DO ARQUIVO lIIST ORICO DA SECRETARIA
MUNICIPAL.
DE CULTURA VA PREFE ITURA DO ~lUN I
C11'10 DE SAO PAULO.
Nasceu em Piracicaba , Estado de Sao Paulo.
Professora primar ia comissionada junto aFaculdade de Filosofia e t
etras, fez 0 curso de gcografia e Hist6r ia da U.S.P. em
1937.
Dcpois de licenclada continuou a prestar services junto aFacul
dade de Filosofia , Cls nclas e Letras , a principio como 3.0
assis tente de Psicologia Educacional, depols junto a cadeira de
Hist6ria Moderna e Conteporanea e ainda como 1.0 assistente de
Hist6ria Economlca da Faculdade de Ciencias Economicas da
U.S.P.
Realizou vartas pesquisas htstorfcas, entre as quais; "Urn Iavrador
paulista do tempo do Imperio", " 0 Jardim da Luz.., "0 Bairro do
BUs" , "0 Bairro de Santana " , " Um Vereador Paulista do Seculo
XVI" , " 0 Presidente Antonio Costa Pinto" , "Parties pa9ao de Sao
Paulo nos primeiros anos de Guerra do Paraguai" e "Aspectos da
Bvojucao da Propriedade Rural em Piracicaba no tempo do Imperio",
esta ult ima recebendo "Menyao honrosa " do "Pen Club" .
A memoria de Mam:Ie c Papal , os queridos Leona e Octavto, que,
amando plantas e crtancas. semearam muito amor pur onde
passaram.
A Octavto Augusto, esta pesquisa, feita com 0 mesmo amor com que
Iez o tracado do Ibirapuera.
A Nelson e Man1ia, us mats quer idos abandonados durante minhas
buscas pelos Arquivos.
APR ES ENTA C;AO
A Histone dos Bairros de Sao Paulo nao e urna obra individual, mas
representa 0 esforco de grande numero de estudlosos, interessados
tant o em conhecer, como em divulgar a Historia e as tradicdes da
capital paulista.
Por nso ser obra de urn nntco historiador, mas de colaboracro,
apre· senta, nas monograflas publicadas, pontes de vista diversos,
ou, pclo rncnos, uma certa divcrsidadc na cscolha des tcptcos
essencials sobre os quais cada urn constr6i 0 seu trabalho.
Escrevendo essencialmente uma Hist6ria de bairro paulistano , cada
autor orienta sua pesquisa procurando-lhe os caractcnsticos, a
origem, a funr;ao por ele prcenchida, a sua Importance, enfim, no
dla a dia paulistano.
Ao colaborar nesta obra, cujo objetivo e, justamente 0 invcntario
hist6rico da cidade, com destaq ue aos scus bairros e sua
importancia no complexo urbano paullstano" , 0 autor sentiu 0
rncsmo problema ja salientado nas monograflas publicadas, na
dificuldade em sc definir °"batrro''.
Ibirapuera foi escolhido para tema desta pesquisa, exatamente por
sua indiscutfvcl importancia no complcxo urbano da capital
paulista. E, esco Ihendo Ibirapuera, parccia, a princfpio , que,
tratando-sc de nome tradicional , signiflcando . a urn tempo, 0
passado c 0 presente, e, em certo scntido , tambem 0 futu ro da
Cidade, nso seria dificil aprcscnta-lo, desde logo, como bairro da
cidade de Sao Paulo, identificado sempre pcla denom inacdo de
Ibirapuera.
Entretanto, logo se verificou que, sc ha urn sub-distnto de
Ibirapuera, ncste ja nao existe, bern definido, urn "ba irro" com
este nome.
As constderacces tecidas a prop6sito do Distrito Sui da Se tiveram
em mira, principalmente , situar , na capital paulista, 0 Caminho
de Ibirapuera, e a rcglso que se estendendo ao sui da Cidade,
abrangia grande parte de terras inclufdas na annga dcnonunacro de
Ibirapuera.
(*J Leo nardo Arroyo - "Aprcscntacdo", in 0 Bairro do Bras de Maria
C.T.
vtcndcs Torres, vol. I de lIi stor ia dos Bairrcs de S. Paulo
.
o desenvolvimento da zona Sui da capita l paulista esteve
condicionado. em grande parte. a San tos e ao Iito ral,
desempenhandc 0 Caminho do \ Iar. Impo rtante papel na expansso da
Cidade para esse lado.
Os bairros que sc localizam estntar nente na dtrecao sui tern 0 seu
de seuvolvtmcnto ligado nac arenas ao Carninho do Mar, mas a aut
igos caminhos colonia is. pcrcorridos per tropas e carros de bois.
data ndo alguns de les ainda
• do seculo XVI. Caminho do Mar e Caminho do Carro, serso. pois, as
balizas a marcar
a expansro urbana de sao Paulo no sentido do Sui, caminhos que
datam do seculo XVI, mas cujo desenvolviment c sera marcante no
seculo XX, com sua rransformacro em amp las avenidas asfaltadas,
com rnodemos tunets e viadutos, servindo a ba irros com mulripla s
funcoes, de diferent es aspectos, residenciais alguns. industria is
out ros. mas na sua maioria com grande diver sidade
funcional.
Excluidos os Ires primeiros scculos em que a Hist6r ia dos ba irros
do sui e sudoeste da capit al se individualiza, de fato, quunto a
Pinheiros e a Santo Amaro , e , na segunda metade do secuto XIX que
se pede procurar as ratzes de novos bairros, na desimegracao das
antigas propriedades, nos lo teamentos e na abertura de mas nas
chacara s dos herdeiros dos ant igos povoador es de sao Paulo do
Campo .
E, ao contranc de bairros mais anngos , mio sera em torno de uma
capela que iraQ todos se desenvclver ,
Santo Amaro, Pinheiros, Penha, Bras, Santa na, Sao Miguel - para
citar apc nas alguns bairros tradtciona is, ja estudados em
monograflas - cresceram ao redor da igreja. 0 largo da igreja e
especie de marco inicial no seu desen volvimcnto c , em torno da
igreja , pur muito tempo. giraram 05 mats decisivos interesse e
problemas.
. Niio seria facil de limita r a area compreend ida pelo ant igo
Virapoeira, hoje tao divid ido em centc nas de vilas, ba irros e
jard ins, de aspec to tao moderno que nada mais faz lembrar 0
passado.
Em rnonografa s da Colecso " Bairros de Sao Paulo" ja foram
apresen tados alguns bairros do antigo Ibirapuera.
o que apresentamos hoje e. prcvavebnente, um dos menores quanto a
area , mas e a mais moderno e funcional, e, em cen o sentido, 0
mats lmpor tante quando se tern em vista a versatilidade de suas
funcoes.
Nao se trata do sub-dtstnto de Ibirapuera, desmembrado de Santo
Amaro , mas do novo bair ro de lhira puera que sc formou tendo por
centro a Parque de Ibirapuera.
o antigo Ibirapuera, constiturdc pelas terras do cacique Caiub i,
foi estu dado aqui como ponto de partida - especie de pont e de
apoio que podena servir ac estudo de ou tros bairros da zona sui -
de modo que, em det ermi
ado memento, se pudesse ter....:J. hist6ria comple te do antigo
Virapoeira de 'ubi e de Anchieta .
Algumas part icularidades que poderiam fazer parte desta
mcnografia. ennq uecendo-a, foram omit idas por ja terem side
salientadas em outras obras da CoIe¢o. e, sao. pcrtanto , do
conheciment o geral.
E, se em cenos cap itulos alguns fatos foram repctidos, 0 foram
apenas pelas conungsncas surgidas aqui e ali, em que 0 objet ivc
foi dar maior solidez .i pcsquisa, apoiada, assirn, em maior base
documental.
Dessa maneira, foram apresentados certos detalhes que oonstituem
uma especie de tmroducro .i IJist6ria do novo bairro de
Ibirapuera.
Detalhes a respetto de bairros ao longo do caminho de Ibirapuera.
Ao longo de uma estrada, nao em torno de uma capela, embora ela
tambem face parte do oonjunto.
Estradas do Carro para Sant o Amaro e Estrada do Vergueiro para
0
Mar - ets os marcos que, em certo sentidc, servirao de limites a
novas bairros ou novas unidades administrativas criadas em fins do
seculo XIX e primeira metade do XX, no munici pio de Sao
Paulo.
Foram, pais apresentados alguns aspectos referentes .i epoca de
Anchieta , des primeiros jesurta s em Sao Paulo, e dos pn metros
povoadores de sao Paulo de Piratininga, acidade de Geribativa e aos
prim6rdios de Santo Amaro .
Foi feita apenas referencia ao atual sub-distnto de Ibirapue ra,
que nao ~ propriamente urn bairro, mas urn conjunto de povoados.
Vilas, bairros e jardins, que poderao oonstit uir outros temas para
moncgrafias.
As referencias, pois, a Ibirapuera, que possam pareeer amargem
desta Hist6ria, tiveram em mira, algumas vezes, salientar, pot em
evidencia, apenas, Ulna pergunda ainda per responder :
. ' 0 que i hoje 0 Ibirapuen?
NO CAMINHO DO IBIRAPUERA 'It
A lIist6 ria des Batrros da zona sui da capital paulista esta
ligada i Histcra do Ibuapuera. Pertence, pois, ao mats remoto
passado de sao Paulo, cujo povoamento a partir da colina hist6rica
sera fcito na direcro dos caminhos da Penha, Ptnhetros.J piranga.
Guare. lbirapucra e out ros.
Ibirapuera - termo escrito de vanes maneiras, e cilado nos livros
de Atas da Camara Municipal de sao Paulo. desde 0 seculo XVI, e. ao
longo do -cenunho de Virapoeira" , ou na sua direcao, muitas sersc
as datas de terras concedidas aos primeiros moradores do planalto
paulista, algumas ainda nas ruas mars pr6ximas do centro urbane
.
Convem lcmbrar, ent retanto, que, de modo geral, a palavra
Ibirapuera (au v irapocira, como era mais comum), nso c muito
frequente em certos documentos basicos para 0 estudo dos primeiros
tempos do Co jeglo de Sao Paulo de Piratin inga.
Entre estes, as Cartas dos Primeiros Jesurtas consutuem a docu men
ta'?o por excejencia, particularmente as des jesui tas estabekcidos
no planalto paulista que se referem com certa frequencla, i aldeia
de Geribat iba (ou Jaraibatiba) , a part ir do proprio ano da
fundacso do Colegto.
Situadas na zona sui, Geribatiba (palavra tambern grafada de vanes
manetras)e Ibirapuera, seriam a regi:i"o percomda pela mesma genie
que, pelo caminho novo aberto em 1560 , quando Mem de sa Il\ilflda
fechar a antiga trilha dos tupiniquins. se dirigia do Planalto a
Baixa da Santista! .
A carta do padre Jose de Ancheta" dirigida ao Pe. Inacio de Loyola.
datada de 1554 refere-sc a jesuftas que estana m entre os indios,
em sues aldeias! as qua is N6brega ira tarnbem se referir" em
meados desse ano. Dois anos depots. 0 Pe. Luis da Gra, que Iicara
no lugar de Nobrega, em carta ao Pe. Inacio de Loyola", cita os
nomes dos padres da Companhia de Jesus esta -.. be1ecidos na
Capitania de sao Vicente, nas tres casas que scriam sao
Paulo.
(..) Sobre a palavra Ibirapuera vcr Anexo 1
16 NO CAMINHO DE IBIRAPUERA
Geribatiba e Sao Vicente, explicando-Ihe como sc mantinham entre as
in dios.
" Los que estan em Geribatiba, de anzuejos e cuchillos que traze el
Hermano se mantienem, dandolos su comer."
E mais adiante (p. 202):
"Lo que maier difficuldad nos haze es la mudanca continua desta
genre. que no atura em un lugar sino mui poco, porque como las
casas de tierra que usarn 0 de palma no duran sino hasta tres 0
quat ro anos, vanse a hazer otras en ot ro lugar; y es tamblen la
causa que acabada una novedad de mantimientos en una parte, buscan
otra en otra parte, derrocando siempre para el mato, como 10 hazen
los blancos; y 10 que es peior, que no si mudanjuntos, sino
espargidos .. ...
No mesmo ano Anchieta assimse refere aaldeia de Oenbanba" :
"Em Jaraibatiba, de que fiz mencro na anterior, e que fica a sets
milhas daqu l, procede-sc em boa ordem, na doutrina crista e tambem
13: h3 mulheres e alguns homers vern a Igreja duas vezes; entre
estes nrc falta quem, andando a cultivar os campos, conte muito 0
nemero dos dias, e chegando 0 s:ibado, deixe 0
trabalho e venha a Aldeia para assistir no dia segumte asoleni
dade da missa ; e mats ainda, nos dias em que e proibido comer
carne, tambem dela sc abstem fora da Aldeia, de rnanetra que,
quando estso longc des Irmsos no tempo da Quaresma, comendo os
outros carne, d es, dando por mot ivos os costumes crtstsos, que
adotaram, abst iveram-se das comidas proibidas. Os Irmios que tern
cuidado de os doutrinar, passaram aqui alguns dias para celebrarem
a festa da Pascoa; uma velha, sentindo a demora, chamou duas vezes
0 povo a lgreja, e, fazendo urn de Professor c os outros de
discipulos, repenram par ordem a doutrina crista; e quando as
lrmaos voltaram quelxaram-se, urn de as deixarem a sos nas grandee
festas, outro de lhes faltar quem lhes indicasse os dias de
preceito, e, por 0 nao saber, estando a trabalhar no mato urn dia
festivo, 0 tinha obrigado a fugir para casa. todo mordido dos
mosquitos. Encontra-sc agora entre eles 0 Padre Luiz empenhando-se
com do a cuidado em ensinar a doutrina, e nao 56 af mas
tambem
NOCAMINHO DE IBIRAPL'ERA 17
nourra Aldeia, distante duas m tlhas. lancando os fundame ntos da
ft , visitando esta Aldeia freqnente mente . mas vivendc em
Jaraibaub a, onde alguns ja bastante instruid os na ft ccnuairam
legitimo matrimOnio. Batiza-se muitos inocent es, des quais alguns
rio para 0 Senhor. Tem-se ta mbem especial cuidadc em ensinar os
mentnos."
Em dezernbro do rnesmo ano , 0 padre Anchieta, escrevendo ao
Provin cial de Por tugal' , ncvamente refere-se aaldeia de
Jaraibatiba:
"T ambem 0 lrmso Gregorio Serrao teve humas agudas febres, mas como
quer que falta a mezinha corporal e terrena, superabunda a celest
ial com a qual sc curio as enfermidades, ainda que pcrigosa, si que
em breve convalcscco, e sc foy para suas ovelhas que estao em
Jaraibatiba, 2 legoas daqui, com outro irmdo interptete, e cada
sabado vay daqui hum de s sacer dotes a lhes dizcr a rnissa
."
• As Cartas dos Jesuftas sao ricas em lnformacoes sobre a vida no
Campo
de Piratininga e pcrmit em que se fa~a uma ideia do que seriam os
arredores da Iutura Vila de sao Paulo de Pirat ininga.
E, abril de 1557, em carta ao Pe. Imid o de Loyola , 0 Pe. Luis da
Gri novamente ira se refen r a Aldeia de Jaraibatiba' , a respeito
dos costumes dos indigenas: •
" 2. EI Padre N6bregua quando de aqui se fut dex6 esta Aldeia em
que esta esta Casa de Piratininga poblada de los indios, en los
quales avia muchcs christia nos y muchos cathecdmenos. 3. pero
ellos son tan costumbrados a se mudar como suas casas
son viejas que cada Ires 0 qua tro afios que elias duram se mudam,
y 10 que es pcor no van juntos, y por esta causa sc perde em mui
poco tiempo quant o com ellos se trabaja em muchos aftos, como nos
ha acaecido en otos lugares dcste Brasil. Assi fue en este pueblo ,
que solo una casa quedo en que avra cinquo 0 scis hombres casados:
mudarsc an como su casa calerc, por 10 qual no se puede cojer
fructo alguno. 4. Otro lugar que esta cercano dos lcguas y media
tambidn es
quase dividido , que aunque queramos segutr la maior parte no hai
commodidad ."
De acordo com 0 porno de vista de s jesuftas, aos quais pereca
mars
18 a BA IR RO DO IBIRAPUERA
importante a catequese dos memnos, a cristtanizacdo dos tndrgenas
prosseguia corn relative sucesso, nao obstante as grandcs
dificuldades salientadas por eles em suas cartas. Em abril de 1557.
escrevendo de Piratlninga aos Padres e Irmaos de Portugal" -
vimm"os padres distribu idos em Sao Vicente , Sao Paulo e
Geribatiba - Anchieta , depois de se referir a "uma veridica au
melhor dtzer diab6lica facanha" , da not fcia da obra crista
realizada em Jaraibat jba10 , citando, com detalhes ,
"huma causa que fez hum destes bautlzados" . . . "des que se
enstnro em Jaraibat iba, e vendc huma imagen muy fermosa de Nossa
Senhora em rnaos des ladrocs arrernetec com elles pondo-se em
perlgo de vida e tomou-Ihe das mros e guardou-a; e of somente em
isso se mostrou sua fee mas em outras cousas, sendo desonrado e
injuriado dos seus que Ihe chamao escravo dos Portugueses""!
.
Por essa epoca, segundo carta do Pe. Manuel da N6brega ao Pe.
Miguel de Torr es, em Llsboa, as coisas nso iam bern na Capitanla
de Sao Vicente
"que se yay pouco a poueo despovoando pelo poco cuydado e
diligencia que nisso El-Rey e Martim Affonso de Sousa tern, e se
vao passando ao Paraguay pouco a pouco. " Ha Capitania de Sam
Vicente como digo val pejora ndo e cada vez as rendas d'El-Rey
valem rnenos e por isso me parece que nem ha que falar nisso nada,
somente se podia pedir a Martim Affonso de Sousa sete ou otto
leguas de terra para 0 Colegio de Piratininga. E as rnais
convenientes que me parecia eram correcando no porto que agora
chamam Piratininga, :i mao esjunto de uma lagoa, pelo rio grande
abaixo , :i mao esquerda sete ou oito legoas de comprido e outras
tantas de largo. E nam lui grande dada porque he no scrtso , onde
nam esta dado a ninguem e servtra isto quando em algum tempo se
povoar, 0 que espera se ha terra melhorar porque hea milhor cousa
que lui no Campo ;
"Tambem me parece que se devia dizer a Marum Affonso e a Sua Alteza
que, se quer que haquela Capitania se nam despovoe de todo, que dem
liberdade aos homeins pera que os do Campo se ajuntem todos juntos
no Rio de Piratininga, omde elles esco Iherem, e os do mar se
ajuntem tambem todos juntos omde rrulhor for, par estarem mats
fortes, porque a causa de despo voarem he fazerem-nos viver na
Vila de Santo Andre :i Borda do
NO C AMIN HO DE I BI RAP UE RA 19
Campo, omde nam tern mais que farinha e nam se podem ajudar do
peixe do rio porque esta tres legoas dahi, rem vivemem parte
conveneme pera suas cria¢is, e se os dexassem achegar ao rio tiriam
tudo e asosegara m.v' ?
Em 1560, 0 Governador Geral Mem de sa visita a Capitania de sao
Vicente, e, atendendo ao "requerido por 0 povo de Sio Vicente,
Santos e Padres da Companhia" , pe r razzes de seguranca cont ra os
indios, deu ordem para se t ransferir os moradores de Santo Andre
da Borda do Campo" para junto da Casa de Sam Paulo, que he des
Padres de Jhesu13. A partir desse ano a pequena povoacro de Sao
Paulo tornou-se Vila de 530 Paulo de Pirati ninga.
Na mesma epoca'" , 0 Pe. Luis da Gra, Provincial da Companhia de
Jesus, obtem, para os jesuitas de Sao Paulo de Piratininga, duas
leguas de terras de scsmaria, indo de Pirat ininga na dire~o do mar
por urn "ca minho novo" que ora sc abrio, passando 0 Campo por
donde se suya a ir ho caminho da borda do Campo para Geraubatiba ,
quoais dus leguoas comecarso lIoguo pasado 0 Campo , emt rando 0
mato, caminho do Rio, que se chama Geraibatiba IS • •• "a qual
terra estara de Pirat ininga perto de duas lleguoas pouco mais ou
menos.' A Carta de samaria tern a data de 26 de maio de 1560,
registrada no Livre de Tombo cia Capttana de Sao Vicente a
22·1·1561.
o termo de posse da sesmaria de Geribatiba no Campo de Piratininga
pelo Irmsc Gregorio Serrso., ministro do Mosteiro de Sio Paulo de
Pirati ninga, a mandado do Pe. Manuel da Nobrega, data de 12 de
agosto de 1560" tendo sido estabejecidos os seguintes
Iimites:
" E lIugo, por my tabebro, foy dado pose da dyta terra e mato, que
parte de hurna banda por huns pynheiros perto de Bartolo meu
Carasco, parte com ha outra parte vyndo pelo Camynho hac longo do
mato , camynho da Borda do Campo.. vyla que foy de Santo .Andre,
ate Intestar com 0 pao de canoa que esta no dito, dyguo, no meio do
dyto camynho velho, easy Yay para a Borda do Campo" .
As cartes referern-se aos indios encontrados no Campo e seus
costumes e problemas, e as dificuldades encontradas para a
catequese, principalmente, como ja vimos, pe la dtspersro dos
indios, afastados de Pirat ininga para poderem viver mais
Iivremente, frisando que muitos flcaram, principalmente os que
pertenciam a gera~o de Caiubi17
, de quem teremos ccaslso de falar mais tarde.
Entretanto, silenciam sobre a palavra Ibirapuera .
20 o BAI RRO DO I BI R AP UE RA
Nonnalmente encontramos referencias a Ibirapuera em obras sobre a
a~o dos jesuttas em sao Paulo dos primeiros tempos. Na verdade, sio
mais au menos as rnesrnas infonnaiWOes. mesmo quando se trata de
autores tradi cionalmen te ligados a estudos sobre a Hist6ria da
Cidade de SEa Paulo. Tern side tais cbras fontes precosas para as
mais variadas pesquisas a respeito do velho sao Paulo.
Ao se iniciar a vida municipal de 530 Paulo de Piratininga, em 1560
. as Indios irao abandonar a vila "venda que iao concorrendo
portuguezjs e ocupando as suas terras?" dando origem aos bairros de
Pinheiros e sao Miguel. Sera, pois, a Aldeia de Pinheiros urn dos
marcos citados por Nob rega, em agosto de 1562. qua ndo pedla ao
capttso Colaco , para seu Colegio. "uma lcua de terra partindo da
aldeia que se chama Pinheiros pelo rio Jeribatiba abaixo' '.
Bste, pols, na bacia do Pinheiros, a sesmaria de "Gerlbatiba"
cbtlda pelos jesuuas em 1560. Onde tambdm cstava a gente de
Caiubi.
Assim, nas Cartas dos primeiros jesuftas do Brasil ha muitas
referencias a Geribatiba, aos indios da aldeia de Ceribatiba, da t
ribo de Caiubi e aos indios de Piratininga, da tribo de Tibinea .
Nada, porem, espectflcameme, sobre Ibirapuera, mas outras
referencias a Ibirapuera tomam evidente sua loca liza~o dent ro da
mesma area de Ceribatiba.
No fndice alfabetico e remissivo de Cartas dos primeiros jesuitas
do Brasil19 nso encontramos a palavra Ibirapuera. Encontramos
referencias a aldeia de Ceribatiba ou Jaraibatiba) no volume II
(pg. 123, 150, 287, 291, 309 , 310, 316, 361 , 369, 370) e no
volume III (pg. 104, 197.201,270-271, 70.372.375.377).
Geribatiba, Geraibatiba ou Gerebaitiba aparece. a principio como
Aldeia, e depois como sesmaria do Colego de sao Paulo. Como aldeia
de indios e: mencionada ao lado de sao Paulo e Mantcobe, em meados
de 155420
, a respeno des "Irmros postos entre os indios, tam longe huns dos
outros" .
Tambem em carte do Pe. Cra ao Pe. lnacto de Loyola datada de
Piratininga, 8 de jun ho de 155621 :
"Aqui, em esta Capitania, somos repartidos em tres Casas. yo y los
Padres Manuel de Paiva, Vicente Rodriguez, Afonso Bras, com tes
Hermanos Joseph, Gregorio Serran, Goncalo d'Ohvera, Gaspar
Lourenco, Manuel Chaves, Diogo Jacome, Matheus Nogueira, Sim6n
Goncalves".
Segundo Serafim LeiteH , os "nucjeos jesuiticos criados no
Campo•
. 'durante a estada de Nobrega na Capitania de Sio Vicente, foram,
pot sua
NO CAMINHO DE IBlRAP UERA 21
crdem: Piratininga (agosto de 1553), Mani~ba (sete mbro),
Geribatiba (junho de 1554) , Ibirapoera, pouco depots" , afirmando
que "os padres e irmaos de ManilfOba distribuirarn-se por sao Paulo
e Gerebat iba e dai a pouco pe r Ibirapoera, onde ja existia m
alguns Pdes. e Irmaos em 1556". E mais adiante :
' 'Gereba tiba tinba seu assentc a duas leguas de Piratininga , a
carninho do mar, e ali possuia terras 0 cacique Joao Caiubi . .
."
Nas pegtnas seguintes h3 muito da Hist6ria de 'Urarai e de
Pinheiros (Carapicuiba) , mas nada especificamente sobre
Ibirapuera.
A prop6sito des chefes Indigenes das aldeias h3 sempre alusoes a
Tibir iya (pi ratininga) e Caiubi (Gerebatiba).
No Dialcgo sobre a conversto do Gentio do Pe. Manuel da Nobrega" ,
eis 0 que diz Matheus Nogueira , trmso ferreirc - que em 1556 vivia
nos arredores em Gerebauba, de cuja case era 0 umcc sustento, de
acordo com 0 pe. Luis da Gra (8-6-15 56) - respondendo a Goncalo
Alvarez :
' 'Que direi da fee do grso velho Cayo bi que deixou sua aldeia e
suas r~s e se veo morrer de fome em Piratininga por arnor de n6s,
cuja vida e custume e obedientia amostra bern a fee do coracr
o".
E Serafun Leite, em nota ao Di3J.ogo, repete as palavras de
Anchieta , em meados de 156 1:
. "sendo morado r nou tro lugar duas II!'guas de Piratininga,
dizen do-lhe os Padres que viesse para Piratininga para aprender
as ccisas de Deus, logo deixou quanta tinha e fol 0 primeiro que
come yOU a povoa-la indo de certos em certos dias buscar de comer
com a sua genre ao outro lugar que pot amor de Deus tinha deixado ,
onde tinha as royss e fazendas".
(Carta de Anchieta , de 12 de junho de 1.561 )
E, sem seguida :
"Como em junho de 1553 , N6brega tratava de fundar a Aldeia de
Piratininga e se procedia a reuniio doutras Aldeias nesse lugar (p.
342) a ida de Caiubi coloca-se nesse petfodo, antes de 29 de agosto
Pe 1553, pois foi 0 primeiro, segundo 0 teste- munho citado," J ,
.
22 o BAIRR O DO IB IR AP UE R ,\
A partir de 1556 , as Canas passam a tratar apenas de "tres hab
italjOes" (530 Vicente, sao Paulo e Jereibatiba) e de 1560 em
diante , quando se fala de Jaraibat iba, ja nao ~ propriamente a
aldeia indigena, mas a sesmaria dos jesuitas.
Batista Pereira' " refere-se a "C afubt, maioral de Ibirapuera"
que, quase centenano . transfere sua res tdenca de Ibirapuera para
a vila" , e. citando as problemas de defesa da vila de Sao Paulo de
Pirat ininga:
"A cidade contin uava lnexpugnavel atraz de seu ctnto de aldea
mentos, cuja localiza~o era, repito, perfeita sob 0 ponto de vista
militar .. ." "a primeira linha de defesa era a co rda Embuacava
Pinheiros - Ibirapuera, apoiada sobre 0 rio Jurubatuba ou Pi
nheiros."
E mais adia nte :
"Depots de Itapecerica, Ibirapuera, dentro da tribu de Caiubi, que
irradiava pelos arredores na dire¢ o de Santo Andr6 e do Caminho do
Mar."
Em seu Quadro Hislbrico cia Prevfncia de sao Paulo, Machado de
Oliveira diz que Caiubi era chefe dos indios guaianazes que
babftavam as serras de Geribatiba , entre a serra de Paranapiacaba
e a lite ral. Antonio Rodrigues, companheiro de Jere Ramalho, vivia
com uma filha de Caiubi.
Referindo-se a Cefubt, fret Gaspar da Madre de Deusu afirma
que
" para rnais commodamen te poderem instruir os neophytos,
aconselharao M. Affonso Tebyriy;( e a Cayuby, senhor de Geribatiba,
jll: muito velho (tomou 0 nome de Jose no bausmo) que transferlssem
suas residencias para ju nto do Collegio futuro . Conformarao-se
ambos com a vontade do padre. Tebyrlca veto levantar suas casas
onde hoje esta 0 Mostetro de Sao Bento ; per elle aqui rnorar
chamavso os antigos Rua de Martim Affonso a que agora sc denomina
de Sao Bento".
E mais adiante :
... _ 0 Tarnbem se havia mudado com sua gente Cauiby ou Cayobig,
senhcr de larabatiba e outros .. 0"
Apoiados nas Cartas alguns histor iadores, quando se referent a
Caiubi 0 identir:~m como "senhor de Gerebatiba" , mas, segundo
Rocha Pombo' ""
NO CAMINHO DE IBIR AP UE RA 23
Martim Afonso de Sousa encont rou. nos campos de Piratininga, "Braz
" Goncalves, genre do cacique Caiubi, principal de v
lrapoetra".
Sera m, pois, alem de Joro Ramalho, pelo menos mais dois portu
gueses - Antonio Rodrigue s e Braz Goncalves - ligados, pelo
casamento , as trlbos indfgenas, an tes da fundacro de Sao Paulo .
0 que leva Alfredo Gomes27 lembrar que "na verdade foram padres que
prepararam a funda~o
(Leonardo Nunes) e a concretizaram (N6b rega) mas havia 0 alicerce
humano (l oao Ramalho ,Tibir~, Bart ira e Ca iubi)" .
Aos dois chefes de tribos, Serafim Leite iri se referir ao tratar
da Casa da Vila, citando c::artas de N6b rega2a:
"Perigo maier foi em 1558. Os tupis, acossados pelos castelhanos e
carij6s, puzeram-se em grande alvoroto" . "vinharn ji com de
termtnacro de matar os crtstros de Geribatiba e la houveram de ir
tambe m os meus trmsos de Piraininga se Nosso Senhor nio
socorresse; e foi que meteu na vontade a dois principa is do Campo,
os quais detiveram a muita gente que ja caminhava com aquele mau
prop6sito e flzeram-nos tornar."
Na documentacro basica e essential para 0 est udc de qualquer
angulo da Hist6ria de Sio Paulo nos primeiros anos cabe urn luger
importante tambt!m, alem das Cartas dos primeiros jesuftas , as
Atas da Camara MWlicipal de Sao PauloH . Infelizmente 0 Livre de
Atas que, nas publicacoes da Divisso do Arquivo Hist6rico t! numero
I , 56 contem as atas a part ir de janeiro de 1562 , correspondendo
aos sete prlmeiros volumes das etas manuscrita s da Camara
Municipal de Sio Paulo. Alt!m dtsso. faltam todas as ata s dos anos
de 1565 a 157 1, as de 1574, alem de muita s outras de urn ou outro
ano .
€. possrwl que houvesse ju stamente nas Atas de 1560 e 1561
referencias exphcitas as aldeias Indigenes e as andancas dos
jesuitas por elas. E refersn etas mais claras a Ibirapuera e
Caiubi.
As Alas fazem uma primeira referencia a Ibintpuera em 30 de marco
de 1575, quan do se decide mandar fazer
.. . . . 0 caminho do conselho que vat daqui para Virapoeira e que
toda a pessoa que uvesse terras e testadas que viessem a dar no .
dlto caminho as mandassem fazer e limpar dentro em otto dias sob
pena de cern reisl o .
Uma outra referencia data de 3 de julho de 15l:SI, quando sao
cn.rdos
24 o BA IR RQ DO IBIRAP UER A
nominalmente as moradores de Virapoeira para fazerem 0 caminho que
liga este bairro 3 0 Consellio sem que haja nessa data referend a a
moradores de out ros batrros. Na reunlso de 9·7· 158 1 insiste-se
novamente na necessidade de se cuidar do caminho de
Ibirapuera.
Os nomes dos moradores de cada bairro serao citados quando, em 23
de maio de 1584 , a reque rimento do procurador, decide-se mandar
limpar os caminhos dos bairros de "Uipiramgua (caminho do mar),
Ponte Grande, Virapoeira , Pinheiros", frisando-se que os moradores
residentes "fora desses caminhos serso obrigados a Iimpar os
caminhos das pontes",
Aos moradores de Ibirapuera iremos nos refenr mats tarde. Na
analise dos da is documenta l basicos - cartes dos jesuftas e
Alas
da Camara de Sao Paulo - enco ntramos pots: nos primeiros,
predomlnanca de Geriba tiba ; nos segundos, Ibirapuera com maior
insisten cia e apenas uma vez referencia a Geribati ba , no seculo
XVI, mais precisamente, na ata de 27·3· 1593 (I , p. 459), quando "
0 procurador do Conse lho requereu que se flzessem os caminhos e
assinassem urn homem de cada part e para aplicar os mais vizinhos a
que se fizessem e assentaram que Jeronimo Rodrigues tivesse cuidado
de aplicar e chamar a genre de Ubirapoeira! e Jerebatiba! e Gaspar
Fernandes os de Abuasava! e da part e de Piranga a Pedro Nunes! e
cia part e de Pequeri Gaspar Cc laco'' .
Entre os historiad ores de $30 Paulo no seculo XVI ejem dos que
temos citado ao nos referirm os as cartas, devemos, ~ 6bvio ,
incluir Afonso de Tau nay e Alfredo EUis Ir. cuja obra sab re a
Historia de $30 Paulo consti tui fonte de tnformacso
imprescindfvel.
Nada ha especificamente sab re 0 lbirapuera no seculc XVI em out
ros •. trabalhos sabre Sao Paulo , publicados em livros, jornais e
revistas" . Uma
rapida referend a "a aldela. fundada por Anchieta " , ou "I
birapuera , no mesmo sitio em que esta Sant o Amaro" . sao mais ou
menos as mesmas referencas, geralmente baseadas na documentacso por
nos citada. Nem mesmo as cartes dos primeiros jesuftae no Brasil
contem uma eflrrnacro positiva sabre a funda¢ o de
Ibirapuera.
Mas ita muitas referencias a Geribatiba, algumas incluindo 0 nome
de Caiubi, como chefe indigena de grande prestigio.
E, na Hist6 ria da Companhia de Jesus no Brasil, de Seraflm Leite ,
jli no segundo volume nada consta sabre Ibirapuera.
Alvaro AmaralJ 1 , citando info nna-;6es de Ancheta, diz:
•.
NO CAMINHO DE IBIR APUE RA 25
picuiba, Bailed ou Baruen, Sao Miguel ou Urarai, NossaSenhora da
Escada, Concetcso de Guarulhos, Sao Jose de Peroibe, Nossa Senhora
da Ajuda de Itaquaquecetuba, EmM ou Mboi, atual Embu e Concetcao de
Itanhaen. AJem dessas citadas, as sao Xavier, Santo lnacio e
Bncamacsc "que por esseepcca provavel mente existiam nas margens
do rio Paranapanema." " 0 autor dessa nota, Antonio Alcantara
Machado, menciona ainda que, entre as primitivas povoacoes de Si o
Vicente figuram as de : Piratininga, Geribatiba ou Jeraibativia
(Aldeia de Caiubi), Mat ranhaia ou Marranhais. Jabiuba ou J ubiuba
(Salomio de Vascon cellos, L.o I, Cronica, n.c 130) e Mar ucoba.
Cita ainda Ebirapuera ou Prapuera, atua l Santo Amaro."
Nao obstante a falta de outros dados sobre Ibirapuera como aldeia
de indios, e considerando-se que tanto Ibirapuera como Geribatiba
estao na mesma dtrecro sui, caminho do mar, pode-se aflrmar que
ambas se confundem, ou que lbirapuera corjesponde a uma parte de
toda urna regiao denominada Genbauba: e que, mesmo que a aldeia de
Anchieta logo se dis perse, t certo que Geribatiba como necleo
indigena t anterior a fundat;io do Colt gio de Sao Paulo de
Piratininga. Dentro deste nucleo estaria Ibirapuera, situada,
segundo Serafim Leite, a duas leguas de Piratininga, cantinho do
mar, e ali possuia terns 0 cacique Joi o Caiubi13•
Em seu livro, " Anchieta, 0 Ap6stolo do Brasil, 0 padre Viott i, no
capit ulo sobre ,Sao Paulo de Piratininga (p.SS), embora se refira
a Caiubi, nao cita Ibirapuera, mas, no capitulo seguinte, sobre 0
Caminho do Padre Jose, citando Femao Cardim, refere-se ac
"Jerebanba-ecu" ou Geribatiba, ou Rio Grande dos Pinheiros; podemos
super" . E mais adiante :
"A tarde desse dia 23, desembarcavarn na ptacaba junto a lugar a
tres leguas de Sio Paulo, lugar identificado hoje provavelmente com
Santo Amaro, ao tempo denominado lbtrapuera".
(p.76)
A paglna 79, urna referencia a urna taba "visitada pelo Abarebebe,
devia estar localizada nesse ponto de convergencia, que foi que
antigo vau do Rio Jurubatuba ou dos Pinheiros" . . _"A essaaldela
se deve ter acolhido Ulrico Sclunidel, em 1553, apos sua aventurosa
travessta do sertso, vindc do Paraguai, e, poucc antes de atingir a
Vila de Santo Andre. Localidade grande t como classifica a
Yerubatlba 0 aventureiro alemio. Ai descansou tres das". Cita em
seguida uma Carta de Luis da Gra (7-IV-1557) na qual se fax uma
refersncia aos indios de Jaraibatiba:M
26 o BAIRRO DOIBIRAPUERA
Segundo Azevedo Marques3S • e
"Gerybatyba (Geribatiba) - rio que tern origem nas prox imidades
<fa Serra de Cubatao e. correndo no municipio de Santo Amaro,
desagua no rio de s Pinbeiros. eomesmo que na estrada de Sio Paulo
a Santos tern 0 nome de Rio Grande, para distingui-lo do chama do
Pequeno . Carre na dire~o mais geral de Oeste para Leste".
De fato , nos mapas executa dos pela Comissao Geograflca e
GeoI6gica do Estado de Sao Paulo (Polhas de Sao Paulo e de Sao Roqu
e, 191 2) encon tramos 0 Rio Grande ou Jurubatuba, alem das
localidades de Jurubatuba e Rio Grande. Tambem no mapa do municipio
de Sao Paulo, organizado pelo Institute Geograftco e Geol6gico em
observancia ao decreta -lei nacional n.c 311 de 2 de' mar~o de
1938, encont ra-se 0 R io Grande a u Jurubatuba, afluente do rio
Pinheiros, at ravessandc urn bairrc denominado Ibirapuera, e, corre
ndo em seguida, a esquerda de Santo Amaro. A sua direita estsc
ainda, Ibirapuera, at 03I sub-dlsm to, e 0 parque (scm deno mmacsc
no mapa), atravessado pelo c6rrego do Sapateiro, afluente, como 0
ribeiri o da Tra~o,
da margem direita do Rio Grande ou Jurubat uba. As indica~s dos
mapas confi rrnam as tnformacees de Azevedo Mar
ques - Rio Grand e ou Juruba tuba , afluente do rio Pinheiros.
Sobre a localtaacrc das tabas, 0 Pe. Hello Abranches Viatt i)6 que
tern
escruo int ensamente sobre Ancheta e a Cidade de sao Paulo , assim
se exprime em 1954 :
"Discute-sc a respetto da tocauzacso pmnitrva das tabas pira
titininganas. A margem do Geribatiba , mais pr6xima de Santo Andre
da Borda do Campo e da serra de Paranaplacaba, estava 0 velho
Caiubi. No Guare . jun to a confl uencia do Taman duatei com 0
Tjete , a de Tibirjea. Ou nos Campos Eliseos, querem outros. Ou no
Emboacava, junto a confluencia do Jeri batiba com 0 mesmo Tiele.
Outras aldeias se espalhariam as margens do Tiete , do Pinheiros e
seus diversos afluentes. Sobre esse pon te , sobre 0 qual tant os e
tao acatados pesquisadores da Historia de Sao Paulo, Theodoro
Sampaio entre as pnmelros, tern emitido suas opinides,
dificilmente, dada a escassez de do cumentos, podere mos passar de
conjeturas, mais ou menos bern fundadas" (p. 123) " 29 de agosto de
1553 vinha ter M. de Nobrega a uma aldeia nova que se chamou de
Piratininga e que . haviam fonna do representente dessas tabas
tndrgenas.' "Pa r emor '
NO CA MIN HO DE IBIR AP UE RA 27
de n6s - diz Nob rega - "veio pra nossa aldeia 0 velho Caiubi". E
Anchieta , sobre 0 rnesmo Caiubi, afirma que veto por assim lhe
terem dito os Padres"
(p. 124). "Pela carta de Luis da Gra, de 1-1 1-1556 , sabemos que
Nobrega escolheu pessoalmente 0 srtio em que os indios a levantaram
. No alto de uma escarpa da colina de Inhapumbucu, e entre a habi
talfio de Tibiricra , localizada no atua l Largo de sao Bento, e a
taba de Caiub i, na altu ra da Tabat inguera , distancia que se
per corre em mcnos de meia hora, elegeu N6brega e apon tou ao
chefe indigena , 0 sitio escolhido , " 0 melhor luga r que se
poderia esco lher''; o atua l Pateo do Colegio".
(p. 126)
Ora , e evidente que, rodeada pelos adeamentos indigenas, onde ja
se encontravam, ante s mesmo da fundacro de Sao Vicente , alguns
brancos e seus descendentes mamelucos, a vila de Sao Paulo de
Piratininga tinha, force samente, de se torn ar um importante
nucleo de mesncos de brancos e ind ios, fundindo-se os costu mes,
forjando-se urn novo povo, com uma nova linguagem enriquecida por
vocabulos de origem tupi sobre 0 lastro portugu gues.
Quanto a origem dos primitivos habitantes de sao Paulo, ha varie s
est udos baseados , em geral, nas mformacoes dos jesuitas e relates
de viagens nos seculos XVI e XVIIl
'7 em que se procura esclarecer se seriam os guaianas de
Piratininga de uma outra origem que nso a tupi.
Muitas fon tes referem-se a goiamis como primitivos habitantes dos
campos de Piratininga, e. segundo Egon Schaden "0 exame e 0
confronto da dcc umentacro leva a admitir com bastante seguranca
que 0 nome de Goiandou Guaianazes se aplicava aos pr6prios
Tupimquins."
Segundo Capistrano de Abreu , citado por Theodoro Sampaio (as
Guaiands na Capital de Sao Vicente), os guaianas Ilio eram ali
morado res e nem tinham dominio nesses campos, e s6 em guerra
penetra vam nos campos de Piratlninga. Indios catequizados pelos
jesuitas eram, em Piratirunga, Tupiniqu ins. Caiubi e Tib irilfa e
sequela desses dois chefes serlam tupini quin a".
Ope . Anchieta refere-se a Caiubi :
"Em Piratininga, da Capitania de Sao Vicente, Caiuby , velho de
muit os annes, deixou uma mulher de sua nacre tambem multo velha,
da qual tin ha urn filho homem, muitc principal , e muitas filhas
casadas segundo seu modo , com indios principals de toda a
28 o BA IRRQ DO IB IR AP UE RA
aldeia de Jeribatiba, com muitos netos e sem embargo disso,
casou-se com outre, uma gayana das do mato, sua escrava tomada em
guerra e a tinha por mulher . .."
As palavras de Anchieta tern side analisada s por vanesautores -
haveria guaia nas do mato e do campo?
Segundo Ego n Schaden "0 no me de goianas ou guaianazes se aplicava
aos pr6 prios tu piniquins."
A verdade que nos interesse no momento , ~ que as mamelucos sao an
tenores a fundar;io nao s6 do Colegic de Sao Paulo de Piratininga
como ade Santo Andre da Borda do Campo e Sao Vicente, 0 seu numero
aumentand o ii med ida que avan~va a colcruzacro europeia -
portuguesa e espanhola - no campo e no senro. E que a massa da
populecrc da Vila de sao Paulo de Pirat ininga era constitu ida de
"rnamelucos".
Ibirapuera, cent ro de populacro bastante miscigenada, terta sido
per corrida mutu s vezes por Anchieta e outrosjesuitas.
No tim do sc!culo XVI (1593-1 594) , depo ts de ter passado varios
anos na capitania do Espirito Santo, 0 padre Jose de Anchieta, como
visitador das casas do Sui, espece de vice-provincial, percorre OS
chaos que ele tanto amara, nos Campos de Piratininga. Revs amigos e
discfpulos, espalhando preces e benlf8os.
A vtsita e relembrada no Processo Remissional de 1627-1628, em Sio
Paulo, relative a canoniza~o de Anchieta38 pelas testemunhas int
ima das a prestar depoimento .
Uma delas e Clemente Alvares, mineiro prance e sertanista, urn dos
Interessados no Engenho Nossa Senhora de Agost03'l ."Chamado a
depor
. aflrma que :
" chegando 0 dito padre a sua casa (em Ibirapuera) , notaram flc
rescera uma pouca de horteli com que enramou casa para 0 receber,
e, laneando-lhe a bencso, the dissera que fizesse outra casa e se
tirasse daquela antes de sets meses. No tim deles quei mou-se a
casa com perda de alguma sua fazenda".
Sobre 0 eptsodlo, no depoimento de Anton io Raposo e Mateus Luis
Grou , este diz:
"ao chegar Ancheta a Ibirapuera, em Sao Paulo. em sua vinda a Sao
Paulo , fora testemunha com os mocos da Escola e que viu com meus
olhos que a horte13 estava naquele sftio (a saber, a casa de
Clemente Alvares), onde foi recebido, nao tendo flor
NO CAM INII O DE IBIR AP UE R A 29
nenhuma , floresceram com sua vinda . E nao sendo tempo de flgos
nem de uvas, indo a buscar alguma fruta, acharam uvas e
flgos".
as moradores de Ibirapuera
Em 15844 0 a vila de Sao Pau lo " passava de cern moradores" ,
tendo "cinco ou sets caminhos e uma ponte" que devem ser feitos
pelos moradores da vila distribuindo-sc os traba lhos de modo
que
"os de Virapoeira , Jorge Moreira, Silvestre Teixeira, Goncalo
Ferna ndes, Baltazar Rodrigues, Diogo Teixeira, Marcos Fernandes,
Baltazar Goncalves. Jeronimo Rod rigues, Jose da Cunha, Manuel
Ribeiro, Andre de Burgos, Bastiao Leme, Manuel Fernandes, Luis
Gomes, Pero Alves, Antonio Saavedra se juntarao um certo dia que os
lui de chamar Manuel Ribeiro que venham ao dito caminho 0 dia que 0
dito Manuel Ribeiro assentar e 0 que nrc vier que ele ordenar
pagara cinco tostoes para as obras do conselho ..."
Este documento refere-sc ainda aos caminhos de "Ipiranga, da Ponte
Grande e de Pinheiros". Sedam citados provavelmente , os principals
mora dores des bairros, que dcviam tcr tcrras ao longo des
caminhos que deviam se manter em condtcocs de transite para a
ligacao cotidiana entre elas e 0
centro da Vila. Uma analise atraves das Atas da Camara de Sao Paulo
revela 0 nome , se
nao de tod os, pelo menos dos mais importa ntes moradores quc, ou
exerciam cargos no govemc da vila ou tomavam parte em ajuntamentos
quando para tal eram convocados . Alguns moradores sao cuados, as
vexes, em virtude de sua proflssro.
A Ata de urn "ajuntamento para leitura de uma provtsro do snr.
capttso em que entregam as aldeias dos indios aos padres" da
"Companhia de Jesus" , datada de zu.de setembro de 1592 t raz as
assinaturas de setenta e oito homens, algurrs-eeles residentes em
Ibirapuera, mas como muitos sao scrta nistas, provavelmente alguns
estarao no sertao , em expedicoes de apresa mento de Indios.
Em Anexo II anotamos alguns deta lhes sabre os moradores de lbira
puera , citados para a limpeza do caminho.
Americo de Moura" refere-se a outros moradores do Ibirapuera no
inicio do seculo XVII: Francisco Farel, casado com Beatr iz Camacho
(passe
30 o BAIRRO DO IBIRAPUE RA
escntura de terras de sesmaria em 160 1; em Urubiapira) ; Cn stovso
Mendes, bandeirante que faz parte da expedtcro de Nicolau Barreto,
morador no lbirapuera em 1607, inventar iado em 161 2."
Alguns sao de o rigem espanhota, vindcs do sui para 0 planalto
paulista, ou vindos diretamente da Espanha , movimento emigrat6 rio
facilitado pela uniio das coroas espanhola e portuguese
(1580-1640), mas M tambem os que vern de outras captrana s para Sao
Pau lo como se depreende da pettcro feita por Do mingos Pimentel
aCamara Municipal de Sao Pau lo, em 17 de ma io de l S~ : .
•• . . . q ue , poTthe pareeer be rn esta vila q uer ia ser mor
ador e fazer ncla casas e fazenda para manda r sua familia cia
Bahia e porq ue e informado que entre 0 caminho que vai para
Birapoeira e 0 que vai para Pinheiros esta alguma quantidade de
chro por dar ... pcdia Ihe dessem os sc bejos que estao por entre
os do ts caminhos de Birapoe ira e de Pinheiros e 0 n bet rso onde
eles vao dar . ..42
Nso se trata apenas de grandes areas de terras, mas tam bem de
peque nos terrenos, geralmente de vinte braces. como 0 de Bras Go
ncalves e Belchior Carneiro - moradores na vila de Sao Paulo,
casados, com muitos fllhos, f ilhas e sobrinhos - ou de Manucl
Fernandes, Pcdrc Nunes e Fe rrule Marques, mhos de antigos morado
res, "que t inham mulheres, filhos e sempre com suas pesscas
ajudaram a sustentar a terra asua custa", estes com vinte e cinco
braces para quintal e vinte de testada'" .
De vinte braces em quadra sao as datas de terras concedidas a Andre
Escudeiro e Jaques Feliz que tinham pedido "S O braces craveiras em
quadra, os quais chaos serso indo desta vila para Burapucra,
partindo com uns chaos de Nuno Vaz Pinto, ao longo do dito caminho
da banda de baixo, para 0
ribeiro que passa por baixo da casa de Maria Rodrigues ate a dito
nbetro?" Americo de Moura refere-se a Gaspar Candia, membro da
Confraria
de Santo Amaro de Ibirapuera, no com~o do seculo XVII4S •
•
Jose Paes era casado com a HUla de Martim Rodrigues Tenor io de
Aguilar, que linha 0 mesmo nome de sua mae, Susana Rodrigues,
residente em lbirapuera. Foi sertanista, acompanhandc 0 sogro numa
entrada Tiete
NO CAMI NHO DE JBI RAP UE R A 31
abaixo, em demanda dos bilreiros em 1608- ' . A autora de Santo
Amaro. quando faz alussc a Sebastiana Rodrigues,
refere-se a Mart im Fernandes Tenorio de Aguilar, falecido em 1603,
nas margens do rio Parana.
Estendendo-se em outras mformacoes sobre Martim Tenorio, que em
1589 se casara com Susana Rodrigues, Amenco de Moura afirma que,
embora tenha feito testamento no sertso , em mar90 de 1603 entrou
na Irmandade da Miseric6rdia. Em 1607 esteva em Ibirapuera. Em 1608
foi arremata nte e per algum tempo fiador no inventatio de
Francisco Barreto. Foi vereador de barrete em abriJ; em 26 de
agosto estava no porto de Anhembi capitaneando bandeira que ia aos
bilreiros. Em 1612, tido como morto, com seus companhetros , foi
lnventariadc em Sao Paulo (lbtrapuera)'?" .
o que foi citado acima entre em contradicro com Azevedo Marques' "
que afirrna que
"Santo Amaro comecou por aldeamento de indios guaianazes com 0 nome
de Ibirapuera, dirigida pclo veneravel padre Jose de Anchieta,
pclos enos 1560 e scguintes. Por este tempo, Jose Paes e sua mulher
Susana Rodrigues, natu rais de Port ugal, que vieram para Sao
Vicente com 0 donatario Mart im Afonso de Sousa, erigiram ai,
segundo aruma Pedro Taques, uma capela de tnvocacro de Santo Amaro,
ccmecando desde entre a aOuirem moradores".
A presenca de Jose Paes na expedicro do sogro em 1608 faz dele urn
sertanista bastante idose, se aceitarmos como exata a mformacrc de
Azevedo Marques, segundo 0 qual 0 casal teria vindo para 0 Brasil
com Martim Afonso de Sousa. Problema que deixamos para os
linhagistas resolverem.
De qualquer maneira, a part ida de Jose Pees para 0 sertso em 1608
sugere a possibtlidade de uma doacro, nesse momento, de uma imagem
a capela de Ibirapuera, que poderia mesmo ter side erigida no tempo
de Anchieta, nao pelo casal doador da unagem, mas pelos jesuit as.
E a nova denominacac 56 apareceria nos documcntos a partir dos
primciros anos do seculo XVII.
Aqui e ali, nas Atas do seculo XVII aparecem as duas denomina ¢es
- Santo Amaro e Ibirapuera. E nenhuma vez uma referenda a Geriba t
iba.
A~m das cartes e das alas , uma outra fonte muito importante e 0
con junto de pubbcacees do Departamento do Arquivo do Estado de
sao Paulo,
32 o BAIRR O DO IBIRAPUERA
principalmente sesmariase inventarios e testamentos. Deve-se mclun
ainda a eotecso de Cartes de Terras publicada pela
Prefeitu ra Municipal de Sao Paulo, alem da Revista do Arqubc
Municipal que. com excelente ccabc racso, publica em muitos
nameros. documentos de grande tmportenca para 0 estuda de Sao
Paulo.
Atraves dessa importante documentacro pode-se avaliar como se
estendcu 0 povoamento de Sao Paulo a parti r do Patio do Ccjeg
io.
Entre as moradores de lbirapuera no seculo XVI citad os por Amertco
de Moura, esta Braz Goncalves, ao qual tarnbdm se refere Rocha
Pombo. Os irmaos Braz e Baltazar Goncalves tinham terras em
lbirapuera, tendo Braz se casado com a filha do cacique, Margarida
Fernandes. Seu filho, conhe cidc per Braz, 0 moco, casado com
Catarina de Burgos, part iu para 0 sertr o na Bandeira de Nicolau
Barreto , falecendo "no arra ial do dcscobrimento de minas de ouro
e prata e mais metals". No seu Inventan o. feito em 1604, em Sao
Paulo, ao qual foi anexado scu testament o feito no sense , consta
que'"
" no termo desta vila, aonde chamam Gerebat iba, nas casas e
fazenda de Braz Goncalves, 0 m~o defunto ..."
Como consta que tais faml1ias residiam em Ibirapuera, os termos do
doc umento permi tem que se admita como certo que Ibirapuera e
Geribatiba se confundem, constituindo uma untca regiao.
Novas moradores irao povoa ndo 0 caminhc de lbirapuera!". Em 1609
Gaspar Colaco ob tern uma data de ter ra de vinte braces "nas
cabece iras dadas a Goncalo Fernandes da banda direita do caminho
indo para Birapoeira, partindo com Bras Mendes".
Vinte braces em quadra serso concedidas "no arraba lde desta vila
indo pelo caminho que vai para Ibirapuera saindo desta vila em uma
travessa que esta demarcada pelo cuero de Jose de Oliveira partind
o co m ele dito Joro de Oliveira para a banda do ribeirao chamado
Anhangaba6 . . ,'. a Pascoal Delgado e Manu el Costa .
"Na paragem dencrninada Anhanguonaby indo para 0 Virapoeira, do
carmnho para baixo , com querente braces de testada" , sera a data
conccdida a Joro Paes em 1639 .
"Na rua aberta comccando de Santo Anto nio para 0 Ibirapuera" ,
0
ca pnro Francisco da Costa Valadares ob tcm doze braces em quadra ,
em mar~o de 1640 , no mesmo dia em que Inocencio de Camargo obtem
"sets bracas de chao" e a Jero nimo de Camargo, " filho e neto de
povoadores, que esta para se o rdena r em Angola de clerigo", sao
conced idas trinta braces em quadra nos campos que estao da banda
do caminho de Virapoeira, da banda do ribeirdo de Anhanguobahy" .
Ainda no rnesmc ana de 1640 obtem
N O CA MIN H Q DE IB IR APU ERA 33
datas de terras no caminho do lbirapuera , Balta zar de Godoy
Moreira, Mariana de Lara, Francisco Goncalves, Manuel Fernandes
Velho, Pedro da Silva, Gaspar Sardinha e Manuel da Cunha.
Os Iivros de Atas da Camara Municipal serviam de Registro ate fins
de 1583, como vern declarado na Carta de Data de Mart im Afonso
(Atas, I, p. 202). S6 a parti r de enteo passou a haver Livros de
Registro, seperados dos Livros de ve reacaes. Nesses Livros de
Registros sao lancadas as concessces de terras.
Algumas dates citad as, concedidas ao longo do caminho do
Ibirapuera estso situadas no pr6prio rossio da Vila. ..llgumas
estso "no arrabalde da vila", sao "chaos devolutos da banda do
caminho de Santo Amaro."
"Para 0 lado de Santo Amaro" , ainda em 1640 sao registradas as
cartas concedidas ao padre Alvaro Neto e a Custodio Nunes - "chaos
devolutos entre os dots caminhos que saem desta vila para Santo
Amaro, partindo com Jodo Pees", a Amaro Alves e Antonio Paes Alves,
"parti ndo com Simao Coelho , que parte com Joro Paes" ; a Belchior
de Barros e Manoel Rodrigues, defronte des chaos de Francisco Velho
de Moraes?"
Sao, em geral, terrenos relat ivamente pequenos, mas nso se excluem
as concessces de terras para cultur as, como a sesmarta concedida
em 1653 a Calixto da Mota "nas cabeceiras das terras que foram de
Jose de Oliveira e de seu trmao Diogo de Oliveira, que estavam no
termo da vila de Sao Paulo, onde chama m de Burapuera, uma legua de
comp rido de testada e pelo mato a dentro ou tra ICgua ."S4 E ainda
mantem-se os ant igos sruo s, a exemplo do que cons ta do inventano
de Maria Rodrigues, datado de 1648, "s(tio e casa e fazenda na
paragem denorninada Ibirapuera' v" .
Em meadcs do seculo XVII fala-se em "bairro de Santo Amaro" e
"lbtrapuera", aparentemente referindo-se ao rnesmo batno. E os do
ts ca minhos a que se referem os documentos sao caminhos percorr
tdcs por car ros de bois, tropas. tropei ros e cavaleiros,
convergmdo para 0 centro da vila, servindo a toda a zona sul.
Com 0 aumenro de populacao, os moradores do bairro de Santo Amaro
pcdcm a nomeacro de urn capuro de ordena ncas a quem acompanhasscm
e obedcccssem " para ocastces que se oferecessem do inimigo e
rebates que houvcssem.' De acordo com a provtsro de 16·2-1657 e
"eleito e norneado por capitao de todos os rnoradores do Bair ro de
Birapuera e desde a Borda do Campo ate Ygapuam e Nossa Senhora de
Pinheiros" 0 capitao Amaro AlvesTencrto' ".
Esta nomeacao precede , em Sao Paulo, a organizacso das Companhias
de Ordenancas , 0 que se dara em 1698, pelo Governado r Art ur de
Sa e Menezes!".
A nomeacso do capttao Amaro Alves Ten6 rio e feita quand o
Salvador
34 o BAIR RO DO IBIRAP UER A
Correia de Sa e Benevides, com 0 5 oficia is da Camara de Sao Paulo
, mandara "Iazer urn bando e quartet acerca do carrunhc das
fazendas, entradas e saidas desta vila", nomeando 0 capilEo "com a
sua companhia e bairro, para 0 carrunhc de Santo Amaro" , no rnesmo
ano em que se nomeia Femeo Dias Paes capitao do bairrc de
Pinheirost",
A 14 de janeiro de 1680 , segundo Azevedo Marques (ou 1686, segundo
Eugenio Egas, que se baseia em auto lancado no 1.0 livre de Tornbo,
a 30 -1-1747 ), a capela de Santo Ama ro ~ elevada a Par6quia, po r
prcvtsso do bispo D. Jose de Barros e Ajarcsc, tendo side nomeado
seu primeiro palaeo o padre Joao de Pontes, trmso do veneravel
padre Belchior de Pontes! ".
Uma provisro do governador geral, datada da Bahia (6-10-1677)
nomeara para 0 cargo de capttac de ordenanca do "bairro de Santo
Amaro de Virapoeira, da vila de Sao Paulo, que servia Francisco
Furtad o, a pessoa de valor, de pratica de disciplina militar e
experiencia de guerra, a Manoel Rodrigues de Arzso" .
Manoel Rodrigues de ArzEo pertence a uma familia de antigos povoa
dores da capitania de Sio Vicente. Seu pal, Cornelio Arzao, natural
de Flandres, viera a capitania de Sao Vicente com 0 governador das
minas D. Francisco de Souza, para "constructe dos engenhos das
minas da vila de Sio Paulo, e, de sociedade com 0 mesmo e com
Francisco Lopes Pinto , fundou 0 primeiro engenho de fabricar ferro
que houve no Brasil" , segundo aruma Sim6es Magro60 .
. Este engenho, ao qual se refere Eschewege, em Pluto
Brasiliensis(vol. II, p. 336), na realidade 1130 foi 0 primeiro,
mas sim 0 segundo, como proYa 0 prof. Sergio Buarque de Hollanda,
salientando sua importa ncia na epoca colonal" .
A sua locabzacro e explicada, em parte, pela facilidade de
ccmbusnsel, representada pela abundancia de matas nas margens dos
rios vizinhos, ou ainda, provavelrnente pelo fato de se poder
acionar com facilidade uma roda d'agua, pois estava situado amargem
de ribeirio tributaric do rio Pinhei ros. Como nos tnventanos da
epoca hi varias referencias a ferro em barra, servindo como forma
de pagamento, pode-se admitir fossem elas prove nientes das forjas
de Santo Amaro, pois 0 pr6prio Francisco Lopes Pinto, de acordo com
0 processo do tnventarto de Jose Gomes, pagava aluguel de casa com
0 produto de sua forja.51
Tambem a ele refere-se Pandia Calogeras'" , acrescentando, aos
fatores assinalados, que teriam contribuido para sua instala~o em
Santo Amaro, as facilidades oferecidas pelo rio ou pela estrada de
Anchieta , buscando tanto 0 Mercado de Santos como 0 das vilas
acima da serra de Cubatsc.
Cornelio Arzio, trcncc de familia bandeirant e, casara-se com
Elvira Rodrigues Ten6rio de Aguilar, urn dos antigos moradores de
Ibirapuera,
NO CAMINHO DE IBI RAPUE RA 35
ta mbem minelro e fundidor, segundo Carvalho Francd" , interessadc
no engenho de ferro construido em Ibirapuera e inaugurado a 16 de
agosto de 1607 com 0 nome de Nossa Senhora de Agosto . Este
engenho, par heranca, passou a pertencer a Luiz Fernandes
Folgado.
A prop6sito de Cornelio Arzso , lembra mos ainda que ele possuia um
moinho de trigo no Anhangabau.
Quando D. Manuel Lobo chegou ao Rio de Janeiro , com a misslo de
fundar , nas rnargens do Rio da Prata, uma povoacro, procurou
imediatamente en trar em contacto com os paulistas, fazendo-os
interessar-se pela missao. Assim, a maier parte da gente que
constituia a expedtcro de D. Manuel Lobo foi recrutada em Sao
Paulo, sendo 0 destacamento paulista comandado por Braz Rodrigues
Arzso, filho de Corne lio Arzso, e Jorge de Macedo. A Colonia do
Sacramento foi fundada em 1680, por D. Manuel Lobo."
Veremos, posteriormente , que as terras do atual Parque de
Ibirapuera eram vizinhas as terras dos herdeiros de Braz Arzao,
Garcia Velho e Pemso Dias Paes.
No comeco do seculo XVII (1607) , a Camara toma medidas no sentido
de evitar que a vila de Sao Paulo ficasse de todo despovoada, em
virtude das continuas expedlczes para 0 sertao. Ordena a Belchior
Rodrigues, casado com uma bisneta de Jose Ramalho, com forja de
ferreiro em Ibirapuera, que nao abandone a vila como pretendia ,
sem licenca. Nesse mesmo ano , como nao se consegutsse manter
tnstalada a forca na Tabatin guera, a Camara decidiu instala-la
"naquele alto que esta entre 0 caminho que val para Birapoeira e 0
des Ptnhefros, por cima donde morou Domingos Agostinho'" .
A concessro de datas "no caminho de Ibirapuera" ou na estra da de
Santo Amaro, revela a expansro da vila de Sao Paulo de Piratininga
no sentido Sul, o mesmo se verificando em rela~ilo ao "Caminho do
Mar" .
Nao se trata, E! claro, de verdadeira urbamzacro, mas de om povoa
mento de forma esporadica no sentido da zona rural, com seus sftios
e rocas, suas casas de taipa , seus campos de pastagens.
Nao obstante confundt rem-se, em certos momentos, os dais cami
nhos - de Santo Amaro e de Ibirapuera - Affonso de Tau nay afirma
que , em fins do seculo XVI ja se discriminava como bairros de sao
Paulo:
"Hipiramgua, Ponte Grande de Tabatinguera, Birapoeira , Santo Amaro
e Pinheiros, alem dos bairros de menor Importance, Piqueri ,
Samambativa e Embuecava'?".
Afirmativa que merece urn comentario :
36 o BA I R RO DO I BI R AI' LT RA
As Atas do seculo XVI nro fazem alusro a bairro de Santo Amaro.
Desde q uando, pois, haveria urn bai rro com essa deno
mmacso?
Antes mesmo da elevacro de Santo Amaro a categorta de freguesla,
havcria uma pequena dtsttncro entre Ibirapuera e Santo Amaro,
possivel ment e no senud o de se individualizar urn pequeno nncteo
formando urn novo bairro, em torno da capela erigida em terras de
Susana Rodrigues (Santo Amaro) dcntro de uma area maior que seria 0
Ibirapuera, antigo vlrapoeira. Assim, as terras que cont inuam a
ser conhe cidas com a denominacro de Ibirapuera nso serso apenas as
que integrarso 0 fut uro municipio de Santo Amaro, nas terras de
onde sera desmembrado este e que permanecerao Iigados aFrcgucsia da
51! ate 0 11m do seculo XIX, formando parte do Distrito SuI.
Trata-se de uma enorme area rural ou semi-rural ao sui da capital
de Sao Paulo, servida po r caminhos citados nas Alas em 1583. Os
outros caminhos da Vila seriam os da Tabatinguera, na dtrecro do
Tama ndua tef, o de Pinheiros, para 0 Oeste, 0 do Guare, para 0
Norte e ainda, tambe m para o Sui, como 0 de lbirapuera, 0 caminho
do Ipiranga, come~o do Caminho do Mar.
Nos termos das concesszes de terras, particularmente das. sesmana
s, predominam, como ponto de referencia 0 rio Geribatiba e 0 bairrb
de Santo Amaro.
Terrenos menores sao concedidos a mo radores 'no "ca minho de
lbirapuera" , cuja localfzacro mostra tratar-se de terrenos no
penrnetro urbano, e nrc na zona rural. Mas a qualificacfo do novo
propnete no de terras da a entendcr que, alem da "data" havera urn
sitio provavelmente no Ibirapuera, como e 0 caso de Bartolomeu
Goncalves que, sendo cr iador de gado, "obtem chaos para casa atras
de Santo Antonio , entre os caminhos de Birapueira e Pinheiros" ,
em 16076 8 •
Sao Paulo, no fun do seculo XVI seria, segundo Nuto Santana'" "urn
emaranhado de longas e curtas ruas, que cram caminhos de penetracro
que levavam ao Sui, ou a Golas ou ao Mar, e vicinais, como os de
Embuacava, Carapicuiba, lbirapuera, Nossa Senhora da Concetcro de
Guarulhos. Aldea mentos notavets cram os de Ururai e Bougy, que
deram Sao Miguel e Mogi das Cruzcs. Scguia-sc Ibirapuera, a margem
do Jeribatiba, de que saiu Santo Amaro."
o Repert6rio lias Sesmarias, concedidas pelos Capitaes Gerais da
Capt tania de Sao Paulo, desde 1721 ate 182 1, organizado pela
Seccao hist6rica do Departamento do Arquivo do Estado de sao Paulo,
refere-se a duas sesrnartas "ao longo do rio Ia rabatlba", a Bento
Rodrigues Barboza e herdei. ros de Manuel Fernandes de Oliveira,
uma concedida a Manuel Soares Borba e seus filhos e genros, ju nto
acachoeira grande do Ribenao Sao Lourenco,
NO CAMIN li O DE IBIRAPUERA 37
e ainda uma outra a Thorne Alves Furtado, na paragem do Moinho
Velho , todas no bai rro de Santo Amaro .
a Caminho de lblrapuera sera, posteriormente, conhecido pelo nome
de Caminho do Carro para San to Amaro, saindo do cent ro da Cidade,
se. guindo ruas conhecldas hoje pelcs nomes de Liberd ade e
Vergueiro, e, em seguida, pclo caminho percorrido pelos bondes de
Santo Amar o?" . Urn outro caminho para San to Amaro teria sido in
iciado em 1640 , segundo Zenon Fleury Monteiro" .
Tao importante teria sido 0 Caminho do Carro para San to Amaro que,
no seu trajeto ou nas suas imediacoes seriam cdific adas , nos
seculos XVI, XVII e XVIII , as igrejas de Miseric6 rdia e de Sao
Francisco , 0 Pace do Scnado da Camara , as igrejas de Sao Goncalo
e dos Remedios, a Casa da Pclvora 72 .
Tra ta-sc, todavia, de construczes ainda nos arredores do nuclco
central, pois, a maior distanci a estariam as chacaras formadas ao
longo de s caminhos, rodeadas de matas e capoeiras, cercadas de pau
a pique, nu ma area bern irrigada pclos nbeiroes das bacias do
Pinheiros e do l piranga.
Como se dcduz das Atas da Camara de Sao Paulo , sccu los XVI e
XVII, a reglro que hoje e conhecida pelo nome de Ibirapuera era
coberta de ruato . chela de alagadtcos , mal frequen tada e sem
policiamento - varzca de Santo Amaro , mata de Caguacu. Tao
perigosa que, em 1620 , a Cama ra teria q ue tomar a decisao de
formar "quadrilheiros para prender os dclinquentes". Em 1624 teria
servido de esconde rijo a " urn negro que anda fugido". acusa do de
roubo , mor tes e assaltos, quadro que persistira pclo seculo
scgulu tc, sem grandcs difere ncas 75 .
Como as pontes nem sempre podiam ser consertadas pclos morado rcs,
em pleno seculo do bandeirismo, quando os paulistas viviam prattca
mcntc em funcro do sertao, deixa ndo a vila de Sao Paulo quase
descrta , as com unl caczes ent re 0 cent ro e Santo Amaro
mantinham-sc precanas, mal cuidadas e perlgosas. "lnda a gente nrc
era tod a chegada". diz iam os camanstas an explicar que "as pont
es entre a Vila e Santo Amaro csta vam muito dani fl cadas
...
Mantem-se, po ts, du rant e todo 0 seculo XVIII 0 aspccto rural da
regclc ,
fornecedora de gado e leite, percorrida pelos len tos carro s de
bois q ue fazcm o t ransporte de lenha .
NOT AS
I . &lrista Putinl - A Ck1ade de Andlieta. in RA M., XXlII,
1936 , p.34. Dr. Luiz PUa - Idmtifiao~o de Santo Andre, in RJ.GJI.
de Sao Paulo, XJII, p.208 , refe nndo-se a este cam inho diZ: "0
novo, aproveitando em parte 0 do Pique ri, econ sidcrado reccnte
em 1560 . Peito pelo Oerebatiba, para semr 11 lntcresscs de Bras
Cubes". Theodora SDmptlio - Sio Paulo de Pin.t ininga no lim do
seculoXVI, in R.I.l I.G. de Sao Paulo, vol. IV, 189 8-99. p.260: "
00 pate o lb. Matri z, encami enanee-se para 0 alia da collin-. .
w a rna de !ttl.nuel Pu s. que levan ao campo da (orca e mais aJem
ale a bela mala do Caagua~u abundante em madeiras rem. Ao lado
dessa rna e paralle lamen te a ella, na lom bada para allm de Anh
angababu , seguia 0 enlao caminho novo para 0 mar. cruza ndo no
alIa a malta do Caaguassu e descambando para as varzeas do rio
Geribatiba procurava a aIdcia de Ibirapuera fu ndada pol Anchieta a
tre s kguu distante. Ao lon go desse cam inho ficaram demarcadas as
duas leguas d.1 scsnu.ria do pe. Luis da Gri, toda em campo e em
varzea."
2. As Cartas dos Jesuftas tern side pub licadas em edil<Oes e
colel<OcSdiversas, e uma rela~io das Edi~ das primrira s eartas
do Brasil e encc ntrada na Cole~io publl cada pela Com issao do IV
Ctntenario da Cid.1de de Sao Paulo, Sero{1m Leite, S.J . - Cartas
dos primriros jes.ulw do Brasil, I, (1538-1553), p.69 e seg.
3. Sertlfim Leite , S.I. - Cartas dol primeiros je suitas do
Bl1Isil, bol. lI (1553-1558" Comissao do IV Centcnaric da Cidade de
Sao Paulo, 1954, p.120. A nota 13 referc-se as aldeias de Manlcoba
c de Gercbatiba.
4. Serafim Leite, S.1. - NObrega e I fu~ de Sio Paulo , p.71, 87,
88.
5. Idem - Cartas. II, p.287 e 291. a ta. 0 Irmio ferreito MateU$
Nogueira (nOla 14, que estaria em Geraibatiba .
6. Serofim Leit e. SJ . - Carras, I - Carta trim estra l de maio a
agostc de 1556. pelo inn ao Jose de Anchieta.. Sao Paulo de
Piralininga, egcsto de 1556, p.309. Idem - Hisln da Companhia de
Jesus no Bl1Isil, I, p.54)·544; BKYe Itineririo . p.167. A Aldria
de "Gerebatiba ou Jaraibatiba", Senfim Leite Iaz referencia em Os
jnuitas na vila de Sao Paulo. in R.A.M., XXI, p.40 : " Ilorescente
em 1556, asstm como "I birapucra", que ncste ano se estabelcceu, e
fieava, na opiniio de Azevedo Marques, "na modem a vila de Santo
Amaro ". Mas estc autor admile
o BAIRR O DO 1BIRAPUERA
como 1560 a sua Cunda~o (Azntdo .lfllrqUts, Apontllmtntol, II
,.
7. Strtljim Leit e, S. I . - in Cartu, II . p.316.
8. Cartes, 11 - Carta 55 , p.360. Em nota a esta Carta,St rojim
Leite identifica como Jaraibatib a a aldeia cueda no paragrafc 4 .
Segundo Vam hagen, in lIi sl6ria Geral do Brasil, em abril de 1557
Sio Paulo reccbe Coral de vija.
9. Cu w . II - Carta do Pe. l ose de Anchicta aos Padres e Irmi os
de Portugal. Sao Paulo de Piratininga, tim de abri 1de 1557, p.365
. 369 .
10 . Uma carla escrita par te em 1554 , par te em 1555 , po r
Anchieta ao Pe. lnacio de Loyola, in Cartas dos pr imeiros
[esuftas, II, p.194, 195, 209, retcre-se Ii destruil(ao pclos ind
ios da aldcia de Manil(oba, de onde Cora m expulso s os padres que
ali deutrinararn quase um ano, Francisco Pires, Vicen te Rod rigues
e ou tr os.
11. CarUS, II, p.370. Carta do IllTIio lose de Anchieta aos Padres
e Irmaos de Portugal. Sao Paulo de Ptratininga, fun de Ibril de
1557.
12. Cana s, II . Bahia , 2 de sctembro dc 1557, p- 412, 41 4, 4
15.
13. Carta da Ci mara de SJ"0 Paulo de Pirat ininga a D. Catarina.
rainha de Portu gal, Si o Paulo de Piratininga , 20 de maio de 1561
. in CarUS. III , p.34 . Aw da Cirnata Municipal de Sao h ula , I.
p.42.
14. Scs rnarta de Oerebanba, no Campo de Piratininga, San tos , 26
de maio de 1560, in Carras, III, p.191 (ver Anexo Hl j,
IS. Alt~edo Marques _ Apontam entos IIist6ricos. I, p.299 : " Rio
que tern or igem nas proximidades da serra de CUbalio. e correndc
no muni cipio de Santo Amaro, desagua no rio dOIS Pinheiros. E 0
mes.mo qu e na eSlrada de sao h ulo, e San tos tern 0 nome de Rio
Gran de. para distingui-lo do Rio Pequeno"
16. Posse da Sesmaria de Ge ribatiba no Campo de Pira tininga, 12
de agosto dc 1560, in Carras, III , p.270.
11. Serafim LtiU _ Cartas, III. p.316, Sao Paulo de Piratininga,
fim de abril de 1551.
18. Madre de Deus _ MemOrias para I Histor ia dl Capi tania de Sio
v iceere, hoje chamada de Sio Paulo c NOliaas des ann os em que se
descobrio 0 Brazil, p.200".
19. Serajim Leite - Carras dos primeiros jesu itas do Brasil, vel.
II e III .
20. Cartas , II , p. 150 . Carta 27, do Pe. Ambrosio Pires 10 Pe.
Diego Miron ; no ta 14 - " Em Sio Vicente. Sio Paulo de Pira lL
nir.~ c \Ia ni~oba , e a noticia Icvada a Port o Segura sc referia
a mcados de 1554 , ant e• .k se dcsfaze r ~hnil(Oba".
21. Carras, II , p.287. Em nota 4, Seraflm I.eite aflrrna scrcm
trei ~ ~,", S:io Paulo, Gereba tiba e Sao Vicen te.
NO CAMINHO DE IBIRAPUER A 41
22. Serefim Leite, S.I. - Os jes uitas na vi.Ia de Sio Paulo,
R.A.M., XXV, p.25 e 13. lli stom da Companhia de JeNI~ I <seculo
XVl - 0 Estabekcimento), p.24 7.
23. Cartas , II , p.3 ; p.34 1·34 2, lb.hia , 1556· 155 7.
24. A Ctdade de Anch ieta , in R.A.M. vol. XXIII , p.7 1, SO.
Armondo Oliuby - 0 Padre Manuel da Nobrega e a Unidade Nacio nal,
in ~N6brcp", p. ll l , rerere-se a "Caiubi, cacique poderoso do
sereso, com aldeia em Jeribatiba" ... Caiubi e sua tri be dcixam a
aldcia de Jeri batiba , tomam co nta do sui do plato, levantan do
as choupanas da Taba tinguera, dO$ dcspenhadei ros do sui e entrada
de r ate quara (1 14) ; "Caiubi arrazcu a velha e pode rosa taba
de Jeribatiba ao mesmo tempo em qu e Tib iri~, rei de s reis , des
truiu a aldel a de Piratinsnga" (p . 125).
25. Madre de Deus - ob . cit., p.2 21.
26. Rocha Pombo - lI isloria do Brasil, III , p.60 .
27. A lfredo Gomes - Nobrega em Piratininga, in Nobrega,
p.298.
28. Sera/im Leite - Os jesu itas na vila de Sio Paulo , R.A.M. XXI,
p.24.
29. Atas da Ciman Municipal de Sio Paulo , 1562 -1592 , vol. I,
siculo XVI. Publica ~o do Arquivo Histor ico ; Divisio do Arqu wo
Hutcnco e do Departamento de Cultura , 2.a ed., 1967. A La edi~o
data de 19 14.
30 . Atu , I, p.71.
31. Citando apenas algu ns doli hisloriad ores que trata ram do
assuntc, alem da obra de Alfredo Ellis J r. e Afonso de Taunay, na
parte que mais dtte tamente intere ssa a esta pesqu isa : I) EKo"
Schade" - Os Primithos lIablu ntes do Territ orio Paumta, in
RL'l,jG de Sio Paulo, V, 18; 2} Jaw Jotlquim ItIQcluldo de O/wei
ro - ~tida raciofgda sabre as aldrias de indios da Provincia de Sio
Paulo desd e o corn~ ate a at ualidade , RIII G Brasiieiro, VIII ,
2.a edi~o ; 3) Theodoro Stlmptlio - Os G uayanis na ca pitania de
Sio Vicente , in RIII G de Sao Paulo, VlII , 1903 ; 4) Th«Jdoro
Sampaio - Sio Paulo de Piratini nga no lim do secu 10 XVI, in
RIIIG de Sio Paulo, 1898-99 ; 5 JJ. C. Gomes Ribeiro - Os Ind
igenas primitivos de Sao Paulo _ Guaianazes ou Tupis'!, in RII IG
de Sao Paulo, XIII , 1911 ; 6) Aflo llSo de FreitQs - Os Guayamis
de Pirat ininga, in R,IIIG de Sio Pau lo, XVl II , 1911 ; 7) A
lvaro A I11Qraf - Pe. Manuel da N6brega, 0 precursor do bandeirismo
pautlsr a. in Nobrega, p.2S.
32. AlvQro A /TIaral _ Padre Manuel da Nobrega, 0 precursor do
8andeirismo paulista, p.2S.
33. Seraftm Leite - Os jesuitas na vila de Sio Paulo , in
RAM.
34. Pe. Nelia Abro"cheJ Viotti, S.J. _ Anc hieu, 0 ApOstoio do
Brasil.
3S. Ob. cit ., - I, p.299 .
42 0 BAIRRO DO IBIRAP UERA
36. Pe. Helio Abronches Viotti - A Funda~io de Sio Paulo pelos
Jesuftas, in RH, 17, p.123 . Outros trabalhos do mesmo autor :
Cr(tiea Historica acerca dos fundadore s de Sio Paulo ; Aspectos da
Fundalji"o de Sio Paulo atraves dos escrirc res nobre guenses, in
RH, n.o 30 ; Para uma biografia de Nobrega, in RH, n.c 28; Alguns
docu men tos ineditos sobre 0 Pe. Anchieta, in RH, n.c 30; 0 vere
rsvet padre J, Ancheta, in RIHG de Santos, vet. II , p.9.
37. Egan Schaden - Os primitivos habitantes do territ6rio paulista,
in RH, 18, 1954 ; Theodora Sampaio - Os guaianazes na capitania de
S. Vicente, RIHG de Sao Paulo, VIII ; Gomes Ribeiro - Os indigenas
primitivos de Sio Paulo (Guayanues, Tapuias a u Tup is?), RIHG de
S. Paulo, XIII ; Madre de Deus - A prcposito dos guaianazes da
Capitania de S. Vicent e, RlH G, Sao Paulo, XIII ; Affonso de Fret
tas - Os guaiand s de Piratininga, RIHG de S. Paulo, XVIII.
38. Trabalho aprcscntado pelo Pe. Helio Abranches vtotn S.J. ao
Congrcssc de His te ria comemorativa do IV Centemi rio da Fundat;i
o de S. Paulo, RAM, CLiX.
39. A merica de Moura - Os moradorcs do Campo de Pira tinin ga ;
Carvalho Fran co - Diciondrio dos Bandcirantcs Pauta tas.
40 . Atas, I, p.446 .
41. A mt rico de Moura - ob. cit., p.20 .
42 . Registro Geral da Cam~a Municipal de Sio Paulo, VII, p.88.
Traslado da Carta (19-5 ·1598). CTD, I, p.l04 .
43 . Rcgtstro Geral da Camara Municipal de Sio Paulo, VII, p.104
(12-1 2-15981; p. I IO (29 -2-1598). COT - I, p.I I 0.
44 . R.G., VII , p.n (Traslado a 30·12-\598)
45 . Db . cit., cf. lnventarios , II , p.62.
46. A zevedo Marques - Apontamento s, II , p.226; Maria Heleno
Petrillo Berardi San to Amaro, in Histc ria dos Bairros de S.
Paulo, IV. Carvalho Franco - Dieio naria dos Bandeirantes,
p.2S0.
47 . Sobre as expedicfes, consultar as c bras scbrc 0 Bandclrismo
indicadas na Biblio grnfia (lcral.
48 . Db. cit. p.454. Carvalho Franco, Dicion:irio dos Bandeirantes
Paulistas, p.15.
49 . Ob. cit ., II , p.226 .
SO . Orville A., Derby - As Bandeiras Paulistas de 1601 a 1604 , in
RlUG de Sao Paulo, VIII, p.405 .
NO CAMINHO DE IBIRAPUERA
43
52. RG, vol. II , secure XVII _ registro de uma carta de chao de
rorc Pees 0 0-9-1639" p.B7. Em 1640, sO nos primeiros rnescs ;
Jeronimo de Camargo (p.12 2J; tnectc de Camargo (p.123 ,; Francisco
Valadarcs (p.t 27J; Francisco Ooncalvcs (p.135,; Baltazar de Godoy
Moreira, Bd chior dc Godoy. Mariana de Lara (p.140, ; Manuel F.
Velho (p.153); Pedro da Silva c Gaspar Sardinha (p.t 52).
53 . Amaro Alvrcs c Antonio Alvres (1640) , (p.14 2J; a Francisco
Vclho c out ros (p. t 52); a Belchior de Barros e Manuel Rodrigues
(p.163J.
54. Sesmarias, vol. 3 bis, p. l l .
55. Inventirios e Testamentos, vol. XXXVII, p. 139. Invcntano de
Maria Rodrigues (1648)
56. Registro Geral, II, pA 76.
57. Sim6es Magro - A Legiio de Sao Paulo, in Rcvista do Arquivc
Municipal, vor. XXIV, o. n .
58. Registro Geral, Ill , p.53 .
59. A zevedQ Marques - Apontam entos lIistoricos da Provincia de
Sao Paulo, II, p.226.
60. Sim6esMagro - ob . cit ., p.9 nota t o.
61. Sergio Buarque de Hollanda _ A Fabrica de Ferro de Santo Amaro,
in Digesto Econ6m ico, janeiro-feverctro dc 1948.
62. Heitor Ferreira ume ; Form ecro Industrial do Brasil (perfodo
colonial), p.123.
63. Pandid Cal6geras _ As Minas do Brasil, p.25 e 26.
64. Carvalho Franco - Os Companheiros de D. Francisco de
Souza.
65 . Sim6esMagro - ob. cit .
67. Teunay - Sio Paulo nos Primeiros Anos, p.182-183.
68. A merica de Moura _ Os Primeiros Povcadores do Campo de
Piratininga, in RIIIG de Sao Paulo, XLVII, p.379; Registm Geral, I,
p.139.
69. Nuro Santana _ 0 Beeo do Colegio, in Revista do Arquivo
Municipal, XXVI, p.B.
44 0 BAIRRO DO IBIRAPUERA
10: Afonso de Freitas - A Cidade de Sio Paulo no ana de 1822, in
Revista do I.H.G. de Sio Paulo, XXIII, p.l3!.
11. Zenon Fleury Monteiro - Reconstitu~io do Caminho de Carro pan
Santo Amaro , p.134;Nuto Santana - Sio Paulo Hist6rico, II.
72. Nuto Santana - Sio Paulo I:Iistorieo, vel. I.
13. Alas, II, p.436 ; Atas, 111 , p.129 ; Atas, IV, p.84.
o DISTRITO SUL DA S£
No imcio do seculo XIX ainda serso concedidas novas sesmartas que,
com as antigas, constitulrao 0 patnmenio tradicional des herdeiros
dos pri metros povoadorcs de Sao Paulo do Campo . Nos subnrbtos da
Capital, ao longo da antlga "Estrada do Carro" sao concedldas terra
s com a flnalidade de nelas se estabelecerem "chacrinhas", como
consta de alguns documentos. Uma destas, por exemplo, teria side co
ncedida, "visto a sua inutilidade, cavi l de latrocmios e de negros
fugidos", a Mariano de Almeida Lima".
Em 1807, em offcio de Franca e Horta ao capnso das ordenancas das
freguesias da Penha , 530 Bernardo, Sant' Ana, Nessa Sen hora do 6,
Cotta e Santo Amaro, ordenava-se que "se acabassem os insultos,
desordens e roubos pra ticado s pelo s negros fugidos e
aquilombados" naqueles lugares2 •
Situayao que ha de perdurar por muito tempo, pois ir a Santo Amaro
em meadcs do seculo , mesmo entre os estudantes da Academia de
Direito, que induiam entre seus passeios pre fertdos andar a pe
pelos arredcres de 530 Paulo, sera algo assim como uma aventura. A
ponto de Vieira Bueno afirmar, em sua Autobiografia' , ao se
referir as longas caminhadas que, "de uma feita , fomos a San to
Amaro e voltamos no mesmo dia."
Segundo 0 Tombamento de 18 17, recenseamento dos lavrado res da
Capitania de 530 Paulo, feito por orde m do Principe Regente D.
Joao, nso hoi urn bairro com 0 nome de Ibirapuera na freguesia de
Santo Amaro" .
o service de levantamento de Santo Amaro estevc a cargo do capltao
Jose Francisco Motta Salles e alferes Ignacio Jose de Souza
Carvalho.
De acordo com esse Tombamento, que no Departamento do Arquivo do
Estado de Sao Paulo esta rotulado sob 0 t itu lo de Bens nisticos,
em Santo Amaro e ltapecirica havia 446 lavradores, locahzados nos
bairros de :
"Primeira Companhia - 97 ; Bouguassli - 25 ; Boimirim - 48 ;
Boturussu - 2 ;"Capelinha - 37; ltapecirica - 44 ; Pirajussa ra -
75; Potuvera - 89 ; Tuparoquera - 29."
46 o BAIRRO DO IBIRAPU£R A
Ejevada a categorla de vila a 10 de j ulho de 1832. mats comunidade
rural do que urbana, San to Amaro e Iigada acapital pelo Caminho do
Carro. antigo Caminho de Virapoeira. Segundo Nuto Santana , "0 seu
pnmeiro trecho podia ter side 0 correspondente a futura rua da Cruz
Prete [mais tarde do Principe, depois Quintina Bocaiuva)" . Dai
continuava, segundo Afonso de Freitas, pelc local que seria mais
tarde 0 Campo de sao Gc ncalo e 0 tracad o correspondente as ruas
agora denominadas Rodrigo Silva, Liber dade, Vergueiro, Domingos
de Moraes. e 0 it inerano de bonde de Santo Amaro. Urn caminho novo
para Santo Amaro teria sido feito em 1640 , " partindo da baixada
do Vergueiro ou do Curral (rnais tarde do Bexiga ou do Riachuelo) ,
seguindo as atuais ruas de Santo Amaro e Brigadeiro Luis Antonio,
lambada do Caguacc e bacia do Pinheiros, ate encont rar com 0
carninho do Carro, an tes de chegar a Santo Amaro! . De fate , a
rua Santo Amaro foi conhecida pelo nome de "Novo Cami
nho de Carro que vai para Sant o Amaro" e nela ira desemb oca r a
avenida Brigadeiro Luiz Antonio, inaugurada a 16 de maio de 1894.
Esta avenida, ap6s 0 cruzamento com a Avenida Paulista , sera
conhecida pelo nome de Estrada do Caguacu com uma variante que
conduzia a Pinheiros - a Estrada das Baiadas. 0 ate n.c 226 de 30
de abril de 190 5 dara 0 nome de Caguacc ao prolongamento da
Avenida Brigadeiro Luiz Antonio, a part ir da Avenida
Paulista.
Havia urn caminho que 56servia a pedestres, caminho denominado "de
baixo". Levando em conta a importincia de melhoramentos para as
comuni ca~6es entre a Cidade e a Vila, alguns moradores de Sant o
Amaro fazem uma representacso pedindo que "0 Caminho que he de a pe
para a Cidade tao seja de carro de ora em dante" (16·2-1841).
A Comissao Permanente da Camara Municipal de Santo Amaro, encarre
gada de examinar a represemecro "em a qual pedem que 0 caminho que
segue desta Vila :l. Cidade de Si o Paulo, denominado debaixo, per
onde transitam pessoas a pee e a cavalo, flque iguabnente servido
de transite para carro, sendo para este tim adatad o e coneertado
de mao comum pelos carrei ros e mais pessoas do povo, abandonando
a estrada de cima plr ser situado em mao terrene , e dependendo ~e
muitas pontes" , da pareeer favoravel, propondo, todavia, 0
presidente , que as pontes sejam feitas" somente pelos suplicantes
e mais carre tros pela primeira vez, e que os aterrados de mao
comum pelos interessados".
Luta m as Carnaras com falta de recursos para os mais elementares
ser vices urbanos. Procurando melhorar tal sttuacro, 0 Oovemo
Provincial n.o 2 de S de mar~ desse ano, pela qual, a partir de
1.7.1848, "passam a pertencer as Camaras os impas tos de I S600 rs.
sobre as rezes, 320 15. de subsidio literano e 0 das aguas ardentes
nacionais e estrangetras, e 0 novo imposto
o DISTRITO SUL DAS£ 47
de 6 5400 rs. sobre armazens, tavernas e botequins". Com os novos
recursos, a Camara de Santo Amaro ped e melhorar 0
especto das ruas, inclusive ca l~r 0 cent ro das ruas das
Processes, mas nao h3 dinheiro suficiente para uma porc;io de
outras obras importantes, inclusive asestradas.
Ao rnesmo tempo , a Camara Municipal de sao Paulo continua a ceder
terrenos na Estrada de Santo Amaro, pois ent re a Vila de Santo
Amaro e Imperial Cidade de sao Paulo h3 grande extensro de matos e
capoeiras.
Desde 1833 0 distrito da SI! esta dividido em distrito do Sui e
dis trito do Norte. De acordo com a lei de outubro de 1828, a
Camara Muni cipal de Sao Paulo, pelo ato de 14 de mar~o de 1833,
estabe lece que, dividido 0 distrito da S~ em Norte e Sui, aquele
compreenderia " toda a povoacso que fica para 0 lado de Sao Bento,
"sendo as divisas do distnto Sui as segutntes" :
"Desde a Ponte de 7 de Abril, subindc pela ladeira que the fica
fronteiea, daf pela rua Direita, seguindo por esta desce as casas
n.c 6 e . .. a t~ 0 largo da S~ , deste pela rua da Fundi,?"o ate
encont rar a rna do Carmo, e por esta rua, desde a casa de 0 ,
Angela, n.c I , ate a ponte do Carmo, de sorte que 0 1.0
Distr itc ou Sui da se seja fonna do por toda a povoacrc que fica
para 0 Iado de Sao Goncalo , inclusive as ruas per onde e feita a
demarC3,?"o de urn e outro lado" .
Por ate da Pres tdencia, datado de 4-0-1863, serio marcadas as
divisas do distrito Sui da se da seguinte maneira :
" Desde a Ponte do Piques, intitulada 7 de Abril, pela ladeira do
Doutor Falcao, que vern dar na rna Direita , pela mesma rua Direita
ate 0 largo da Se e daf pelarua antiga da Fundiclo ate o beco que
separa a casa da Marquess de Santos e da do falecido Dr. Moura,
servindo a dita ladeira e as mencionadas ruas de divisa dos
referidos Oistr itos, de maneira que as casas do lado superior
dessas ruas e ladeiras pertencem ao Distrito Sui e as do inferior
ao do Norte ."
Esta linha sera alterada por ato do Governo datado de 6-9-1872, que
declara pertencerem ao Oistr ito Sui os predios entre as travessas
do Cclegic e a rua da FWldi,?"o.
Assim; pee, a linha divis6ria 56 ~ demarcada para separar os dois
distritos da antiga Freguesia da se. Na realidade, ni o se cogita
de estabelecer
48 o BAIRRQ DO IBIRAP UERA
urn limite especial para 0 distrit o Sui, visto que, para esse
ledo. ja estariam estabelecidas as dlvisas com 0 novo municipio de
Santo Amaro, criado em 1832.
Pertenceriam a jurisdi\<io do Distnto Sui da ~ (futuro distrito
da Liberdade , po r ato de l?OS) toda s terras que iriam format,
futurarnente, os bairros da zona Sui , isla t!, Liberdade, Camb
uei, Vila Mariana, Vila Clemen tino , Jabaquara , Indian6 polis e
outros.
Para a dtstnb utcro de callas de datas em toda esta zona , desdc os
primeiros anos do seculo XIX, determinados locais, certas
denorrunacees populates e pitorescas, oonstituem os pontes
principais de referincia - Ca rninho do Carro , Caminho do Mar ,
Casa da P61vora , Perea, Quebra-Bunda primeiro, Tek grafo,
Matadouro, Estrada do v ergnetro, depois.
Os U vros de Dates referem-se a dezenas de concessoes " no caminho
do Carro, defronte da Casa da Polvora"" . A maior ia dos terrenos
tern frente para a rna Conego Lese (future rua da Llberdadc] mas
neles nso se constrot imed iatamente, po ls a cond ieao ~ "n rc se
fazer fogo de qualqu er qualidade", e nso seconst ruir casade
morada .
Assim alguns pro prletanos chegam a requerer i Camara que " se
marque outro tugar para a Case da P6lvora afim de pode r edifica r
em terrenos conce didos perto da Casa da P6lvora atual" . Pedidos
que nao serso atend idos.
A Casa da P61vora tinha ficado pronta no comeco do ano de 1813.
tendo a Camara Municipal mandado pub licar urn edital o rdena ndo
que tod os os que negociassem p6lvora deviant a cia recolher 0 que
excedcssc 0 peso de quatro libras, de acordo com 0 regiment c cntso
cstabelectdo" . Nessa epoca , sua localizacao serta razoavehnente
distante do centro urbane , e. a medida que a Cidadc se expa nde
para 0 Sui. a Casa da P61vora const itu ira urn impe CiUlO maier
qua nto i auto rfzacro de novas construcses.
Na mesma direi?o Sui. no alto do morro , situa-se 0 Tee grafo ,
rodeado , ainda em meados do seculo. de terrenos devolu tos . que
serso concedidos. aos poucos, como dates. Tais conccssscs sereo em
maie r mlmero qua ndo 0
Te kgrafo for transferido para outro local" . A alguns pcdidos 0
fiscal Fra ncisco Antonio Borba da 0 seguinte parecer :
-E xarnmando os te rrenos para 0 lado esquerdo do ant igo Te k
grafo encontret terrenos devolu tos no alto do morro onde esteve
colocado outrora 0 Tejegra fo , urn grande assento de campos. que,
consta-mc ester reservado para a nova Casa da Po jvc ra, seguindo a
est rada no mcsmo scnudo. terrenos com pouco
o D1STRITO SOL DAsf: 49
Demetrio da Costa Nascimento, assim como urn grande te rrene
devoluto que chama Mato Grosso, com campos e matos na con tinua~o
da estrada mais distante da cidade e que serve de logra douro
publico para animais, para a pobreza fazer lenha e outros
misteres."
Entre as chacaras do bairrc da Liberdade, haYia urna denominada do
"Quebra-Bunda" , situada ent re as atuais ruas des Apeninos, Pires
da Mota, Nilo e Paraiso, onde se situou 0 Hospital OfU:lmico. Ai os
escravos que ni o serviam aos senhores recebiam grandes surras " a
ponto de ficarem os infeh zes descadeirados, provindo daC 0 nome
de " Quebra-Bunda" dado amesma chacara, a qual confmava com as
terras pertencentes ao tenente Joaqutm Rodrigues Cardim e Padre
Jeronimo Maximo Rodrigues Cardim e Lourenco Jeronimo Maximo
Rodrigues Cardim e mais irmios, e atualmente (19 10) pertence, em
parte , ao propretano do Jardim da Adima~o e aos herdei res de
Francisco Justino da Silva, falecido a II de agosto de 1901 haven
do , ajern dew tradiciona l ehacara, outras em diversos lugares da
cidade, e tambem afastados do centro, em que se disciplinavam os
escravos, aplican do-se-lhes surras, gratuitamente, e por amizade
aos respectivos senhores, ou, entao, mediante pagamento de qualquer
quantiaaos proprietaries de tais cMcaras" \O
Esta chacara pertencera a Jer e Nepomuceno, que a vendera a Jose de
Oliveira Veloso. Demetrio Nascimento arremata ra-a em pra~ publica,
apes a morte de v eloso.
Entre a chacara e 0 terrene de Antonio Jose de Moraes esta
localizado urn terrene doado per Demetr io Nascimento para
logradouro p6bltco, no tempo em que era presidente da Provincia 0
bario de lguape. Entre tanto, em 1862, a Camara pretendeu cede-lo
como data, diante do que, a 28 de agosto do mesmo ano, Costa
Nascimento apresentou urn protesto, impedindo a concess!oll.
Os melhoramentos urbanos exigidos pela expansso da Cidade concorre
rao para 0 desaparectrnentc paulatino das chacaras. Da chacara de
Demetr io do Nascimento sera desanexada uma area para a abertura da
estrada do Vergueiro.
Embora negue algumas datas de te rras situadas no lado direito do
morro do Telegrafc , no ana de 1860 a Camara Municipal concedera
varias nas suas imediay6es12 , mas ao estudar a distribuicao do
rossio, iri venflcar que hli. insuficiencia de terrenos para
logradouros pnbbcos, deliberando "reservar para logradouro publico
deste municipio, att a extensro maxima de urn quarto de lc!gua
quadrada, ou meia Itgua em pen'metro de campos e varzeas, pela
estradas de Cotia, Jundiai, Braganea, Conceicro de Guarulhos, Penha
,
50 o BAIRRO DO IBIRAPUERA
Mecca, San tos, 0 , e Santo Amaro." Pela est rada de Santo Amaro
sio reser vades terrenos na varzea e no campo do mesmo nome&#